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Universidade Federal do Pará (UFPA)

Instituto de Tecnologia (ITEC-UFPA)


Faculdade de Engenharia Química (FEQ/ITEC-UFPA)

LABORATÓRIO DE ENGENHARIA
QUÍMICA III

BOMBEAMENTO
INSTALAÇÕES DE RECALQUE
(BOMBEAMENTO)

• Um sistema de recalque ou elevatório é o conjunto de


tubulações, acessórios, bombas e motores necessário
para transportar uma certa vazão de água ou qualquer
outro líquido de um reservatório (ou ponto) inferior
para outro reservatório (ou ponto) superior.

• Nos casos mais comuns de sistema de abastecimento


de água, ambos os reservatórios estão abertos para a
atmosfera e com níveis constantes, o que permite
tratar o escoamento como permanente.
• Um sistema de recalque é composto, em geral, por três
partes:

Tubulação de Sucção: Que é constituída pela canalização que


liga o reservatório inferior à bomba, incluindo os acessórios
necessários, como válvula de pé com crivo, registro, curvas, redução
excêntrica etc.

Conjunto Elevatório: Que é constituído por uma ou mais


bombas e respectivos motores elétricos ou a combustão interna.

Tubulação de Recalque: Que é constituída pela canalização


que liga a bomba ao reservatório superior, incluindo registros, válvula
de retenção, manômetros, curvas e, eventualmente, equipamentos
para o controle dos efeitos do golpe de aríete.
DIMENSIONAMENTO DAS ESTAÇÕES DE
BOMBEAMENTO
• Principais Tipos de Bombas
• As normas estabelecem quatro classes de bombas:
1) Centrifugas - cinética;
2) Rotativas - deslocamento positivo;
3) De êmbolo (ou de pistão) - deslocamento positivo;
4) Poço profundo (tipo turbina) - cinética.
• As instaladas para água e esgoto geralmente são
equipadas com bombas centrifugas acionadas por
motores elétricos.
EXEMPLO DE BOMBA CENTRÍFUGA
EXEMPLO DE BOMBA CENTRÍFUGA
RADIAL, HORIZONTAL, EM CORTE
PARCIAL.
EXEMPLOS DE BOMBAS ROTATIVAS
EXEMPLOS DE BOMBAS DE ÊMBOLO (OU
DE PISTÃO).
EXEMPLOS DE BOMBAS DE POÇO
PROFUNDO (TIPO TURBINA).
BOMBAS CENTRIFUGAS
• Para atender ao seu grande campo de aplicação,
as bombas centrifugas são fabricadas nos mais
variados modelos, podendo a sua classificação
ser feitas segundo vários critérios.

1) Movimento do líquido
a) sucção simples (rotor simples);
b) dupla sucção (rotor de dupla admissão).
2) Admissão do liquido
a) radial (tipos voluta e turbina);
b) diagonal (tipo Francis);
c) helicoidal.

3) Número de rotores (ou de estágios)


a) um estágio (um rotor);
b) estágios múltiplos (dois ou mais rotores).
4) Tipo de rotor
a) rotor fechado;
b) rotor semifechado;
c) rotor aberto;
d) rotor a prova de entupimento.

Aberto Semifechado Fechado


5) Posição do eixo
a) eixo vertical;
b) eixo horizontal;
c) eixo inclinado.

6) Pressão
a) baixa pressão (Hman ≤ 15 m);
b) média pressão (Hman de 15 a 50 m);
c) alta pressão (Hman ≥ 50 m).
ESTAÇÃO ELEVATÓRIA DE ÁGUA

POTÊNCIA DOS CONJUNTOS ELEVATÓRIOS

• O conjunto elevatório (bomba-motor) deverá vencer a diferença de


nível entre os dois pontos mais as perdas de carga em todo o
percurso.
• HG = a altura geométrica, isto é, a diferença de nível;

• HS = a altura de sucção, isto é, a altura do eixo da bomba sobre o


nível inferior;

• HR = a altura de recalque, ou seja, a altura do nível superior em


relação ao eixo da bomba;

• HG = HS+ HR;

• Hman = altura manométrica;

• HP = Perda de carga total (correspondente a parte de sucção mais a


de recalque)

• Hman = HS + HR + HP1,2
ALTURAS ESTÁTICAS
EXEMPLO: ALTURAS ESTÁTICAS DE
SUCÇÃO E DE RECALQUE.

• Sucção negativa
• Sucção positiva
POTÊNCIA DA BOMBA
• A potência recebida pela bomba, potência esta fornecida pelo
motor que aciona a bomba, é dada pela expressão:

1 CV = 735,5 W
1CV = 75 Kgf.m/s
• P = potência do motor, (1CV = 0,986 HP);
• γ = peso específico do liquido a ser elevado (H2O = 1000 kgf/m³);
• Q = vazão ou descarga, em m³/s;
• Hman = HM = altura manométrica, em m,
• ηb = é o coeficiente de rendimento global da bomba, que depende
basicamente do porte e características do equipamento.
RENDIMENTO DE BOMBAS CENTRÍFUGAS

Fonte: Azevedo Netto (1998).


POTÊNCIA DO MOTOR ELÉTRICO

• A potência elétrica fornecida pelo motor que


aciona a bomba, sendo (ηb*ηm) o rendimento
global, é dada por:

1 CV = 735,5 W
1CV = 75 Kgf.m/s

• onde: ηm é o rendimento de motores elétricos.


RENDIMENTO DE MOTORES
ELÉTRICOS

Fonte: Azevedo Netto (1998).


POTÊNCIA INSTALADA

Para o cálculo do rendimento do conjunto, acrescenta-se à


potência encontrada uma certa folga para o motor elétrico.

• 50 % para bombas de até 2 HP


• 30 % para bombas de 2 a 5 HP
• 20 % para bombas de 5 a 10 HP
• 15 % para bombas de 10 a 20 HP
• 10 % para bombas de 20 HP
• Os motores elétricos brasileiros são normalmente
fabricados com as seguintes potências: HP ¼, 1/3, ½,
¾, 1, 11/2, 2, 3, 5, 6, 71/2, 10, 12, 15, 20, 25, 30, 35, 40,
45, 50, 60, 80, 100, 125, 150 ,200 e 250.

• Para potências maiores os motores são fabricados sob


encomenda.
EXEMPLO 01:
Na instalação da figura deseja-se conhecer a altura manométrica da
bomba, a perda de carga total e altura geométrica entre os dois
reservatórios de água. Dados: Potência do motor elétrico P = 0,75
KW; ηm = 72 %; ηb = 66 %; LS = 2,5 m; LR = 17 m; DS = 100 mm;
DR = 75 mm; Q = 10 L/s; f = 0,02; ρágua = 1 g/cm3 ; g = 9,8 m/s2.
DIMENSÃO DOS POÇOS DE SUCÇÃO

• As bombas de eixo vertical do tipo axial, por serem


mais sensíveis às condições de tomada de água nos
poços de sucção, exigem um estudo mais cuidadoso.

• A área mínima de um poço de sucção individual


(isolado) deve ser 12,5 vezes a área da seção de entrada
na tubulação.

• A área da seção de escoamento na parte inicial do poço


deve ser pelo menos 10 vezes a área da seção de
entrada na tubulação de sucção.
• A altura mínima de água acima da boca de sucção, para
a formação de vórtices, deve ser maior ou igual a uma
vez e meio o diâmetro (h ≥ 1,5 D).
DIAMETRO DE RECALQUE

• Para determinar o diâmetro de recalque tem que definir


anteriormente o tipo de operação do sistema moto-bomba, isto é, se
o mesmo é continuo ou não.

A) SISTEMA OPERADO CONTINUAMENTE

O diâmetro de recalque é calculado pela Equação de Bresse a seguir


apresentada, onde:

D é o diâmetro, dado em metros;


Q é a vazão, em m³/s;
K é uma constante que depende da velocidade do recalque.
VALORES DE “K” DA EQUAÇÃO DE BRESSE
EM FUNÇÃO DA VELOCIDADE DE
ESCOAMENTO
B ) SISTEMA NÃO OPERADO CONTINUAMENTE
(MENOS QUE 24 HORAS AO DIA)

Para o dimensionamento das linhas de recalque de bombas


que funcionam apenas algumas horas por dia, Forchheimer
propôs a seguinte Equação:

X = a relação entre o número de horas de funcionamento


diário do conjunto elevatório e 24 horas.
Q = a vazão em m³/s.
DIÂMETRO DE SUCÇÃO
• A canalização de sucção é executada com um diâmetro
imediatamente superior ao do recalque.

• A canalização de sucção deve ser a mais curta possível,


evitando-se ao máximo as peças especiais.

• A altura máxima de sucção acrescida das perdas de cargas


deve satisfazer as especificações estabelecidas pelo
fabricante das bombas. Na prática, é muito raro atingir
7,0 m.

• Para a maioria das bombas centrifugas, a sucção deve ser


inferior a 5,0 m.
ALTURA MÁXIMA DE SUCÇÃO
VELOCIDADE MÁXIMA NAS TUBULAÇÕES
• A velocidade da água na boca de entrada das bombas,
geralmente, está compreendida entre 1,5 a 5 m/s., podendo-
se tomar 3 m/s como um termo médio representativo.

• Na seção de saída das bombas, as velocidades são mais


elevadas, podendo atingir o dobro destes valores.

ASSENTAMENTO

• O assentamento deverá ser feito sobre uma fundação de


preferência de concreto ou alvenaria isenta de vibrações.
CURVA CARACTERÍSTICA DE UMA BOMBA

• É a representação gráfica das funções que relacionam os


diversos parâmetros envolvidos em funcionamento de
uma bomba.

• Esta curva é obtida através de ensaios.

• Nos catálogos fornecidos pelos fabricantes de bombas,


são apresentados, em geral, três parâmetros em função da
vazão: altura manométrica, potência necessária e
rendimento.
EXEMPLO DE CURVA CARACTERÍSTICA
DE UMA BOMBA
CURVA CARACTERÍSTICA DE UMA
INSTALAÇÃO
• A figura abaixo representa uma instalação elevatória
típica, onde o reservatório superior é elevado e, portanto,
a altura geométrica é positiva.
CAVITAÇÃO EM BOMBAS
• Quando a altura de sucção ultrapassando certos limites
(Tabela), podem apresentar problemas para a bomba
hidráulica, com aparecimento do fenômeno da cavitação.

• Quando a pressão absoluta em um determinado ponto se


reduz a valores abaixo de um certo limite, alcançando o
ponto de ebulição da água (para esta pressão) esse liquido
começa a ferver e os condutos ou peças (de bombas,
turbinas ou tubulações) passam a apresentar, em parte,
bolsas de vapor dentro da própria corrente.

• O fenômeno de formação e destruição dessas bolsas de


vapor é chamado de cavitação.
EXEMPLO: CAVITAÇÃO EM UM ROTOR DE
UMA BOMBA.
ALTURA MÁXIMA DE SUCÇÃO PARA NÃO
HAVER CAVITAÇÃO EM BOMBAS
• Os fabricantes fornecem as curvas características das
bombas.

• Estas curvas fornecem o gráfico da vazão em função da


altura manométrica (diferença de pressão) e a altura
máxima de sucção sem cavitação.

• A altura máxima da sucção para bombas não afogadas


será dada por:
• hmax é a altura máxima de sucção para não haver cavitação;

• Patm é a pressão atmosférica local;

• Pvapor é a pressão de vapor, depende da temperatura da água (Quadro 1.15 Azevedo Netto);

• γH2O é o peso especifico da água (1000kgf/m³ ou 0,1kgf/cm³);

• hps é a soma das perdas de carga na sucção;

• A pressão de vapor d'água para t = 25,5 °C, Pvapor = 0,035 kgf/cm² (Quadro 1.15- Azevedo
Netto).

• A pressão atmosférica ao nível do mar é igual a 1,0 kgf/cm² (Patm = 1,0 kgf/cm²).

• NPSH (Net Pressure Suction Head) é obtido das tabelas do fabricante.


NPSH: Energia Disponível no Líquido na
Entrada da Bomba

• A sigla NPSH (Net Pressure Suction Head) é adotada


universalmente para designer energia disponivel na
sucção, ou seja, a carga positiva e efetiva na sucção. Há
dois valores a considerar:

1) NPSH requerido, que é uma característica hidráulica da


bomba, fornecida pelo fabricante.

2) NPSH disponível, que é uma característica das


instalações de sucção.
• NPSH disponível, que é uma característica das
instalações de sucção, pode ser calculado pela equação a
seguir:

-H altura de aspiração;
+H carga ou altura de água na sucção (entrada afogada);

• Os outros termos já foram definidos no item anterior.

Para que a bomba funcione


bem, é preciso que:
ESCOLHA DO CONJUNTO MOTOR-BOMBA
• Em geral a escolha é feita utilizando-se os catálogos dos
fabricantes.
ASSOCIAÇÃO DE BOMBAS

• As bombas podem ser associadas em paralelo ou em


série.

• Duas ou mais bombas em paralelo tem suas vazões


somadas, para uma mesma altura manométrica.

• Duas ou mais bombas em séries tem as suas alturas


manométricas somadas para a mesma vazão.

EXEMPLO: Associações em paralelo são comuns quando


se pretende ampliar estações elevatórias ao longo do tempo
e associações em série são utilizadas quando a altura
manométrica apresenta um valor elevado.
EXEMPLO 02:
Bombeiam-se 0,15 m3/s de água através de uma tubulação de 250
mm de diâmetro de um reservatório aberto cujo nível d’água
mantido constante está na cota de 567 m. A tubulação passa por um
ponto alto na cota 587 m. Calcule a potência (em CV) necessária a
bomba com rendimento de 75 %, para manter no ponto alto da
tubulação uma pressão disponível de 147 KN/m2 sabendo que entre
o reservatório e o ponto alto a perda de carga é igual a 7,5 m.
Dados: ρágua = 1 g/cm3 ; g = 9,8 m/s2.
EXEMPLO 03:
Entre os dois reservatórios mantidos em níveis constantes encontra-
se uma máquina hidráulica instalada em uma tubulação circular
com área igual 0,01 m2. Para uma vazão de 20 L/s entre os
reservatórios, um manômetro colocado na seção B indica uma
pressão de 68,8 KN/m2 e a perda de carga entre as seções C e D é
igual a 7,5 m. Determine o sentido do escoamento, a perda de carga
entre as seções A e B, as cotas piezométricas em B e C, o tipo de
máquina (Bomba ou Turbina) e a potência da máquina (em CV) se
o rendimento é 80 %. Dados: ρágua = 1 g/cm3 ; g = 9,8 m/s2.
REFERÊNCIAS

AZEVEDO NETTO. Manual de Hidráulica. 8 ed. São


Paulo: Edgard Blücher LTDA, 1998.

BAPTISTA, M., LARA, M. Fundamentos da Engenharia


Hidraúlica. 3 ed. Belo Horizonte: UFMG, 2010.

BRUNETTI, F. Mecânica dos fluidos . 2 ed. São Paulo:


Person Prentice Hall, 2011.

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