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Dificuldades de fazer um jornalzinho

Talvez quem leia esse jornal, não imagina a dificuldade que é fazer cada nova edição.
Fazer um jornalzinho como esse, de qualidade de conteúdo e com periodicidade é umas das tarefas
mais difíceis que compõe a lista de tarefas semanais da LO. Para o leitor ter uma ideia dos
Legião Organizada
problemas que se tem para resolver, eu vou narrar como é que é o processo de confecção de cada 12ª edição | 04/04/11 | 18 cópias | R$ 0,15
edição do jornal.
Tudo começa com o convite para que as pessoas venham a colocar sua opinião numa Leia, reproduza e passe adiante!
matéria para o jornalzinho. E o pior de tudo é que nada segue os princípios do comprometimento,
infellizmente. É algo muito liberal. O convite é feito a várias pessoas, pois eu acho que o
desenvolvimento da faculdade de se comunicar pela escrita além de ser um ótimo canal de Participe dos nossos grupos de debates!
comunicação ajuda a melhorarmos nossas ideias uma vez que temos tempo para organizá-la e
buscar argumentos, mas o retorno é pequeno. Em média, 5 pessoas são convidadas a escrever para Quartas-feiras às 16:45 no segundo andar do Caudelas, 6xxB (IF-SUL)
o jornalzinho, e em média uma escreve. Domingos às 14h00 no Altar da Pátria (Pq. Dom Antônio Zátera)
Às vezes, ocorre de ninguém escrever. Dai, eu tenho que escrever todas as matérias. Mas, 30/03 e 3/04 - Saúde Social; 06/04 e 10/04 - Liderança e Organização; 13/04 e 17/04 - Educação e
o grande problema de escrever grande parte das matérias é o mesmo que um jogador de futebol que
é fome por bola. Além de não desenvolver um bom trabalho em equipe, não dá oportunidade para Qualidade do Ensino; 20/04 e 24/04 - Projeto: como poderiam ser as aulas
os outros também aprender a jogar, e infelizmente, não dá para jogar futebol sozinho.
E às vezes ocorre que não completam-se matérias suficientes para montar a edição. Dai, Contato
eu tenho que buscar algo mais, na noite de domingo, para terminar a edição. Tem gente que me diz e-mail: joao.felipe.c.b@gmail.com | blog: legiaoorganizada.blogspot.com | telefone: (53) 91117926
"espera para semana que vem." Mas, eu acho que eu tenho um compromisso quando digo que o
jornal é semanal. Se o jornal é semanal, ele deve sair toda a semana. E começar atrasar o
jornalzinho, não adiantaria muito, pois cada vez mais o pessoal pediria prazos maiores. E isso foi O Grito
uma das coisas que a experiência me ensinou: se você ficou sozinho, faça do mesmo jeito. É melhor Dona Simone
do que não fazer nada, até porque se não se faz, as pessoas se acomodam. Vivemos numa sociedade hipócrita e ridícula que se alimenta de aparências e futilidades.
Ocorre também várias discussões. Já disseram que eu chego a coagir as pessoas para Quando se chega em uma certa idade física (pois a mental nós controlamos) e nos
escreverem para o jornal, meio que as obrigo. Na verdade, eu sou chato mesmo nesse aspecto: eu
cobro o que eu acho que tenho que cobrar. E acho que é super importante as pessoas desenvolverem deparamos com um mercado de trabalho que visa somente lucros sem se importar com a qualidade
não só a habilidade pela escrita, mas ter o gosto por escrever e saber usufruir de todos os seus dos servições prestados, se procura mão de obra barata mesmo que sem qualidade. Hoje o
benefícios. profissional com currículo é dispensado dando oportunidade ao iniciante que julga-se inexperiente,
Por outro lado, há varias recompensas. Quando alguém acaba se puxando porque eu peço sendo assim, aceita as condições que lhe são impostas. Mais hoje eu sei que isso é o que as Escolas,
e sai uma matéria para o jornal, tem gente que até se admira e duvidaria que poderia escrever tal
texto se não soubesse que tinha sido ela mesma que tinha escrito. Outrora, o jornalzinho vai parar Universidades e etc colocam em nossas mentes, pois ninguém que avançou todos os estágios do
na mão de mães e pais de colegas meus que espontaneamente escrevem um texto para o ensino é totalmente inexperiente. O jovem precisa aprender a se posicionar e fazer valer seus
jornalzinho, como foi o caso do texto de capa dessa edição da Dona Simone, que apesar de eu não direitos.
conhecer-la pessoalmente, está de parabéns pela matéria que contribuiu. E o mercado de trabalho deveria saber abrir portas para jovens e os nem tão jovens
Eu acho que os principais fatores de poucas pessoas escreverem para o jornal, ou melhor fazendo disso uma engrenagem forte e segura acabando com a falsa teoria que o jovem é
dizendo, as pessoas escreverem pouco para o jornal são que: a) as pessoas tem vergonha e medo de
expressar o que pensam, com medo que não fique bom ou que venham a ser criticadas; b) inexperiente e não o não tão jovem, ultrapassado.
dificuldade em organizar o pensamento e argumentar, por falta de experiência em escrever; c) Mas também devemos reconhecer que vivemos numa cidade provineiana onde mudar
preguiça e indisposição de doar uma parte do seu tempo. Os dois primeiros só podem ser vencidos hábitos e costumes não é uma atividade fácil de realizar. Mas, cabe a nós moradores, nacionalizados
conforme se pratica, e o terceiro depende da boa vontade das pessoas. ou não de Pelotas dar um basta na decadência e marasmo que tomou conta da cidade, nos rebelando
Depois do processo de arrecadação de matérias, vem o processo de diagramação. Esse
processo é trabalhaso. Para quem não sabe, diagramar é saber colocar as matérias de tal forma que contra concursos fantasmas, os QIs (quem indique), usarmos mais a casa dos conselhos que alguns
elas fiquem bem apresantadas e organizadas. Erros comuns são colocar o começo da matéria numa nem sabem da existência para fazer valer nossos direitos. Se somos obrigados a cumprir todos os
página e terminar na outra, quando se podia evitar isso e às vezes falta um pouco de espaço ou nossos deveres temos o direto de gritar por nossos direitos.
sobra um pouco de espaço, e dai tem que mexer em propriedades da fonte de texto, porém, sem Gritem, clamem, mas façam alguma coisa!
deixar ilegível.
Deveria haver o processo de revisão, pois é verdade que as edições tem saído com
bastante erros de português, que poderiam ser corrigidos com uma revisão. Mas, nem sempre é Maldita Preguiça Eles são os donos da comunicação
possível fazer-la por causa do tempo. Tem ainda as atividades de impressão e distribuição. Com um
investimento de R$ 2,00/semana, o jornalzinho tem que ser bem divulgado e chegar ao máximo de (Garotos Podres) Manipulam as mentes da nação
mãos diferentes. Eles são os donos da política
Mas, apesar de ser algo que dá trabalho, eu acho que é uma atividade muito boa. Além de Eles são os terroristas Dividem e alienam o povo
produzirmos um jornalzinho de qualidade, que não perde para nenhum jornal comercial, eu aprendi Com a sua
a escrever muito fazendo essas edições. Por mim, essa atividade nunca vai parar, e muito pelo
contrário, nosso objetivo agora é fazer que mais pessoas se responsabilizem com esse jornalzinho, Maldita preguiça 2x Porém a única arma
no caso o grupo beta da LO, e mais pessoas venham a fazer sua contribuição com uma matéria, É o medo
pois, todos que estão acompanhando o jornalzinho estão convidados a escrever. Querem imprimir Por isso não devemos teme-los
Por fim, somam-se elgogios de várias pessoas pelo produto final: colegas, professores, Medo na população Para sempre combate-los.
funcionários, pais e mães e até o pessoal de fora da Instituição. Para explorar a nação
O que é saber ensinar? podem ser trazidas para a sala de aula. Vou pegar um tema como exemplo: funções – conteúdo de
João Felipe Chiarelli Bourscheid Matemática do 1º ano.
Na edição passada, eu falei sobre de quem era a culpa da baixa qualidade de ensino, e 1.Trazer a história do que será tratado. Por exemplo: falar que os matemáticos tinham a
cheguei a conclusão de que a culpa era principalmente do Estado pois além de ele ter interesse necessidade(cinemática, por exemplo) de calcular as acumulações(integral ou somatórios, por
numa baixa qualidade de edução, ele não faz políticas públicas que poderiam ajudar a melhorar exemplo) e as variações(derivada ou determinantes, por exemplo) de uma determinada grandeza
muito esse problema. Mas, também disse que não podemos fazer do Estado bode expiatório: se não quando ela variava em função de outra(geralmente o tempo).
nos esforçarmos para melhorar a qualidade, também seremos cúmplices. 2.Trazer, ao invés de milhões de exercícios, alguns problemas e/ou experiências interessantes. Por
Um dos professores que leu-o, além de fazer muitos elogios sobre o jornalzinho, exemplo: tentar ver junto com a turma, pegando problemas interessantes, quando é que poderíamos
perguntou para mim: o que eu queria dizer com saber ensinar? E sobre isso que eu quero dissertar calcular as acumulações ou as variações.
um pouco hoje, vamos lá. 3.Tentar formar uma definição precisa, mas junto com os estudantes. Por exemplo: chegar a
Para começar, minha opinião é contrária da maioria das pessoas que acham que saber conclusão de que para todo valor do conjunto domínio, só pode haver um único correspondente na
ensinar é ser claro e dar toda a matéria do cronograma no tempo previsto. Esses dias, eu estava imagem.
ajudando um colega de curso meu sobre questões de MRU de Física. A questão envolvia a 4.Fazer o desenvolvimento do problema. Por exemplo: fazer um experimento e coletar dados, por
transformação de km/h em m/s e vice-versa. Ele tinha toda uma fórmula: “multiplicar por o que tu exemplo de um carro acelerando, e tentar ver o que significa calcular essas acumulações
queria e dividir pelo o que tu tinha, quanto a distância, e multiplicar pelo o que tu tinha e dividir (velocidades parciais). Deve-se dar o desafio para os estudantes buscarem tentar fazer as
pelo o que tu queria, quanto o tempo. Algo bem confuso, e fácil de se trocar na hora da prova. Com acumulações sozinhos, a primeiro momento, sem auxílio nenhum e, a segundo momento, com
certeza, é um método mecânico e bem prático de fazer, mas possibilita o entendimento? A dúvida auxílio de uma bibliografia.
desse meu colega se originava exatamente ai: ele não lembrava direito a ordem de se colocar os 5.Forçar os estudantes a tentar andar sozinhos no conteúdo incentivando-os a resolverem problemas
valores. Eu expliquei então uma outra forma, que dizia que tinha-se que colocar as igualdades de que eles enfrentam no dia-a-dia. Bem como incentivar a fazer projetos. Por exemplo: pedir para
quantos metros valia um quilômetro e de quantos segundos valia uma hora. Depois substituir no fazer uma pesquisa para mostrar que o lucro é a derivada da riqueza e pedir para que cheguem a
próprio valor. É um método um pouco mais lento, mas sempre quando ele quiser fazer uma uma conclusão do tipo que sem lucro não tem como tu aumentar um negócio, mostrando ai a
conversão, ele não se esquecerá. diferença entre lucro e o salário que tu ganha, mesmo quando tu é dono do negócio.
Mas, agora, refletindo melhor, eu acho que também não soube ensinar tão bem. Pois Eu espero não ter ferido nenhum professor e nem ter pousado de melhor que qualquer
apesar de ele ter entendido de onde viam os valores, eu não coloquei um porquê eles serviam. professor. Mas, eu acho que, qualquer professor que se tente se superar, conseguirá fazer com que
“Ora, é meio óbvio que sirvam para fazer as conversões de unidades de velocidade.” Beleza, mas seus alunos se interessem mais. Claro, não é só dar uma aula diferente que tudo mudará, não é tão
qual é a importância de saber fazer isso? Eu poderia ter comentado que muitas vezes queremos fácil compensar vários anos seguindo o método que “o importante é passar na prova.” E, de
saber coisas como: qual é a energia que tem um carro em determinada velocidade. E para qualquer forma, é necessário ter paciência para que uma semente cresça, ainda mais quando tem-se
trabalharmos com unidades como Joules, precisamos transformar “km/h” em “m/s”. que cuidar de várias sementes em vários terrenos (vários alunos em várias turmas), portanto, seja
Tal felicidade eu acho que tive quando eu dei uma rápida introdução a questão de persistente. Para próxima edição, vou tentar colocar o que deveríamos fazer nós alunos para que
movimento e repouso. Nós geralmente aprendemos que só podemos dizer que algo está em aulas fossem melhores.
movimento ou em repouso se tivermos um referencial. Por exemplo, uma pessoa pode estar parada
dentro de um ônibus, mas em relação a Terra, ela estará se movimentando se o ônibus também
estiver. Mas, como nas férias eu tive o imenso prazer de ter ganhado o livro I do Principia
(Newton) e pude ler uma boa parte introdutória, pude abordar essa questão de uma maneira
surpreendente, assim como foi quando fiz a leitura dessa parte introdutória. No livro, o Newton
descreve a seguinte experiência: pegue um balde e encha de água. Amarre esse balde, por meio de
uma corda, ao teto. Se girarmos o balde fazendo torcer a corda e depois soltarmos, notaremos que
o balde começará a girar e, por inércia e atrito, a água também começará. Se fôssemos pequenos o
suficiente para ficarmos na borda do balde, ou se tivéssemos observando o experimento em
repouso em relação ao teto, poderíamos saber, de qualquer uma das formas, que o balde está em
movimento pois a água faz uma curvatura convexa em sua superfície porque a água foge às bordas.
“Bah! Mas se for falar isso para uma adolescente, daí sim que ele não entenderá nada.”
Pois parece que cada vez mais os professores tentam deixar as coisas mais fáceis para o estudante e
parece que isso não tem ajudado muito. Na verdade, os estudantes vão atrás de coisas mais
complicadas que isso e conseguem aprender. Então, o grande problema não está em ser fácil ou
difícil, está na verdade em fazer com que os estudantes se interessem.
“E como pode-se fazer-os se interessar pelo estudo?” Certamente, simplesmente passar
todo o conteúdo programático não faz sentido. Há muitos livros e certamente o estudante poderá
consultar eles, desde que se interesse por aquilo. Na minha humilde opinião, há algumas coisas que

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