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Livro Implantacao Cafezais
Livro Implantacao Cafezais
Implantação de cafezais
(Coffea arábica L.)
MANUAL DO CAFÉ
IMPLANTAÇÃO DE CAFEZAIS
BELO HORIZONTE
EMATER-MG
ABRIL DE 2016
FICHA TÉCNICA
Autores: Fotos e desenhos:
Engenheiro Agrônomo Arquivo da Emater–MG
Carlos Magno de Mesquita
Revisão
Engenheiro Agrônomo Lizete Dias
Edmundo Modesto de Melo Ruth Navarro
Engenheiro Agrônomo
Projeto Gráfico e Diagramação
João Eudes de Rezende
Cezar Hemetrio
Engenheiro Agrônomo
Tiragem:
Julian Silva Carvalho
10.000
Engenheiro Agrônomo
Marcos Antônio Fabri Júnior Emater–MG
Av. Raja Gabaglia, 1626. Gutierrez -
Engenheiro Agrônomo
Belo Horizonte, MG.
Niwton Castro Moraes
www.emater.mg.gov.br
Técnico Agrícola
Pedro Tavares Dias
Engenheiro Agrônomo
Romulo Mathozinho de Carvalho
Engenheiro Agrônomo
Willem Guilherme de Araújo
CDU 633.73(021)
APRESENTAÇÃO
O café é o principal produto da adotadas, é fundamental ter padrões e
pauta de exportações do agronegócio informações tecnológicas que se adap-
de Minas Gerais. É um importante gera- tem às várias condições, testados e
dor de emprego, renda e, principalmen- aprovados em campo e resguardados
te, um meio de vida para milhares de pela pesquisa.
agricultores mineiros. A série de Manuais do Café, escrita
A cafeicultura tem papel estraté- por extensionistas da Emater–MG com
gico para a Emater–MG. Os extensio- larga experiência em assistência técnica
nistas da Empresa, presentes em todas e extensão rural na cafeicultura, propor-
as regiões do Estado, são responsáveis ciona aos produtores e técnicos o aces-
por disseminar informações técnicas, so a práticas agronômicas, que buscam
que colaboram para que a atividade melhorar a eficiência na condução das la-
cafeeira seja conduzida de maneira lu- vouras. O uso de tecnologias adequadas
crativa e sustentável. torna a atividade competitiva e sustentá-
Em um território com sistemas de vel, além de garantir a oferta de produtos
produção diversificados, regiões com de qualidade aos consumidores e, como
relevos distintos, tamanho variado de consequência, a geração de melhores
propriedades e diferentes tecnologias condições de vida para agricultores.
Amarildo Kalil
Presidente da Emater–MG
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO....................................7 ALARGAMENTO DO SULCO.......28
PLANEJAMENTO DA IMPLANTAÇÃO ENCHIMENTO DA COVA.............29
DE LAVOURA CAFEEIRA.....................8 PLANTIO...........................................30
ESCOLHA DA ÁREA............................9 QUALIDADE DAS MUDAS...........30
TEMPERATURA..............................9 ÉPOCA DE PLANTIO....................30
PRECIPITAÇÃO...............................9 PREPARO DAS MUDAS E
VENTOS..........................................9 PLANTIO......................................31
UMIDADE RELATIVA......................9 OUTROS CUIDADOS...................33
ALTITUDE.....................................10 REPLANTIO..................................34
TOPOGRAFIA...............................10 ALGUMAS CAUSAS DE INSUCESSOS
SOLO............................................10 NA FORMAÇÃO DE CAFEZAIS:........34
LINHA DE GEADA.........................12 ADUBAÇÃO DE PÓS-PLANTIO........35
PLANTIO EM ÁREAS DE CONDUÇÃO DA LAVOURA
CAFEZAIS ERRADICADOS............13 NO 1º E 2º ANO PÓS-PLANTIO........36
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL............13 AMOSTRAGEM DE SOLO EM
ESPAÇAMENTOS PARA LAVOURAS IMPLANTADAS.........36
O CAFEEIRO.....................................13 ADUBAÇÃO DE 1º E 2O ANO
TOPOGRAFIA...............................13 PÓS-PLANTIO..............................36
INSOLAÇÃO.................................13 TRATOS CULTURAIS........................38
INCIDÊNCIA DE PRAGAS DESBROTAS..................................38
E DOENÇAS .................................14 MANEJO DO MATO....................39
ESCOLHA DE CULTIVARES...............14 PRAGAS........................................41
PREPARO DA ÁREA E DOENÇAS.....................................42
CORREÇÃO DO SOLO.....................18 MANEJO INTEGRADO DE
LIMPEZA DO TERRENO................18 PRAGAS E DOENÇAS...................42
AMOSTRAGEM DE SOLOS PARA A MANEJO ADEQUADO
IMPLANTAÇÃO DE CAFEZAIS......18 DO MATO....................................43
CALAGEM ...................................19 EQUILÍBRIO NUTRICIONAL.........43
GESSAGEM...................................20 EQUILÍBRIO AMBIENTAL.............44
LOCAÇÃO DO CAFEZAL..............20 CONTROLE QUÍMICO.................44
CORREÇÃO E ADUBAÇÃO QUEBRA-VENTOS........................44
DE PLANTIO ....................................27 CULTURA INTERCALAR....................45
FECHAMENTO E ARBORIZAÇÃO DE CAFEZAIS...........48
INTRODUÇÃO
A implantação da lavoura cafeeira do-se todo o parque cafeeiro, para ve-
é um dos pilares da sustentabilidade da rificar se há algum talhão que necessita
cafeicultura, pois, sendo uma cultura de renovação ou erradicação. É reco-
permanente, uma vez estabelecido, no mendável buscar informações e apoio
cafezal dificilmente será possível se fa- técnico, para auxiliar na tomada de de-
zerem correções. cisões sobre o sistema de produção a ser
O plantio de café envolve uma sé- adotado: se mecanizado ou não, se or-
rie de aspectos, no qual pequenos de- gânico ou convencional, disponibilidade
talhes assumem importância decisiva. Na de mão de obra, dentre outros.
maioria dos casos, as falhas cometidas Enfim, valendo-nos da contribuição
refletirão por toda a vida útil da cultura, de colegas extensionistas, de trabalhos
influenciando a sua longevidade, a quali- de pesquisadores e de experiências de
dade do produto, a produtividade da la- cafeicultores de todo o Estado, aos quais
voura, os custos de produção e, por con- rendemos nossas homenagens e agra-
sequência, a rentabilidade da atividade. decimentos, pretende-se, neste Manual,
Antes de tudo, deve-se fazer um abordar o tema Implantação da Lavoura
bom planejamento das ações, avalian- Cafeeira, de forma prática e objetiva.
MANUAL DO CAFÉ
IMPLANTAÇÃO DE CAFEZAIS
Coffea Arábica L.
PLANEJAMENTO DA pontos fracos e fortes da propriedade,
como: aptidão das terras, existência de
IMPLANTAÇÃO DE LAVOURA
infraestrutura adequada, existência de
CAFEEIRA fornecedores de insumos e serviços, dis-
ponibilidade e qualificação da mão de
O planejamento faz parte da ad- obra, possibilidade de diversificação e ou
ministração de um empreendimento e adoção de atividades complementares,
consiste em tomar decisões e progra- de acordo com o potencial da proprie-
mar ações sobre: que, por que, quando, dade. Devem-se, ainda, avaliar aspectos
quanto, como e onde fazer. A comer- legais para uso do solo, da água e de ou-
cialização da produção é outro aspecto tros recursos naturais, bem como zonea-
fundamental a ser considerado, pois, mento agroclimático para a cafeicultura.
para produzir, é conveniente saber, an- Uma vez tomada a decisão pela
tecipadamente, para quem e onde ven- implantação, dependendo do porte
der o produto final. do empreendimento, deve-se adotar
A resposta a todas essas questões um plano de ação para antecipar al-
envolve, também, a busca de informa- gumas providências como a definição
ções sobre a conjuntura cafeeira, iden- de quais cultivares a serem plantadas,
tificando ameaças e oportunidades do assegurando o suprimento de mudas
ambiente econômico, bem como os em tempo e em quantidade.
3
1
4
2
4 5
LCJ 2
Bourbon LCJ 9 Alto - Susceptível Susceptível Precoce Amarela Médio Médio
LCJ 10
IAC - 376 - 4
Média a
Mundo Novo IAC - 379 - 19 Alto - Susceptível Susceptível Vermelha Médio Alto
precoce
AC - 388 - 17
Média Vermelha
MG-2945
Resistente à Média a
Icatu MG-2944 Alto - Susceptível Amarela Médio Alto
Ferrugem tardia
MG-3282
Precoce Amarela
Acaiá Cerrado MG - 1474 Alto - Susceptível Susceptível Média Vermelha Graúdo Alto
Resistente à
Canário P 500 Alto - Susceptível Precoce Amarela Médio Bom
ferrugem
Resistente à
Susceptível Média Amarela
Phoma
2 SL Susceptível susceptível precoce vermelha
Catucaí 20/15 cova 476 Baixo Tolerante médio Bom
785 / 15
15
16
Tolerância Pragas/Ne- Cor do Tamanho
Cultivares Linhagens Porte Doenças Maturação Vigor
à seca matóides fruto do fruto
Resistente à
Oeiras MG - 6851 Baixo - Susceptível Precoce Vermelha Graúdo Médio
ferrugem
Resistente à
Paraíso MG H 419 - 1 Baixo - Susceptível Tardia Amarela Graúdo Médio
ferrugem
Resistente à
IAC RN 1669-13 Resistente à M. exigua
Tupi Baixo - Precoce Vermelha Graúdo Baixo
IAC 1669-33 ferrugem
Susceptível
Vermelha
Palma I Resistente à
IBC Palma Baixo Tolerante Susceptível Média Vermelha Médio Bom
Palma II ferrugem
Resistente à
Eparrey Eparrey Alto - Susceptível Vermelha Graúdo Alto
ferrugem
Tolerante à
Katipó Katipó Baixo - Susceptível Precoce Vermelha Graúdo Médio
ferrugem
Tolerância Pragas/Ne- Cor do Tamanho
Cultivares Linhagens Porte Doenças Maturação Vigor
à seca matóides fruto do fruto
Tolerante à Vermelha
Bem te vi Bem te vi Baixo - Susceptível Tardia Médio Alto
ferrugem e Amarela
Vermelho e Ama-
- Susceptível
relo
Rubi MG-1192 Baixo - Susceptível Susceptível Média Vermelha Médio Bom
Resistente à
Araponga MG 1 Baixo - Susceptível Média Vermelha Médio Alto
ferrugem
Susceptíve
MG 1 Resistente a
Resistente à
Catiguá MG 2 Baixo - M. exigua Média Vermelha Médio Bom
ferrugem
MG 3 (Catiguá
MG3)
Resistente à
Sacramento MG 1 Baixo - Susceptível Média Vermelha Médio Bom
ferrugem
Resistente à
Pau Brasil MG 1 Baixo - Susceptível Média Vermelha Médio Médio
ferrugem
Resistente à
IPR 98 IPR 98 Baixo - Susceptível Média Vermelha Médio Bom
ferrugem
Travessia MGS Travessia Baixo - Susceptível Susceptível Média Amarela Médio Bom
17
PREPARO DA ÁREA E A erradicação deve ser feita com
CORREÇÃO DO SOLO todo critério, independentemente da
declividade, para minimizar o impacto
Após a escolha da área, inicia-se o da água das chuvas.
preparo do terreno para a implantação
do cafezal. Amostragem de solos para a implanta-
Todos os procedimentos nesta eta- ção de cafezais
pa têm importância fundamental no As características predominantes
estabelecimento de uma lavoura de fá- do solo no local de implantação da la-
cil manejo, produtiva e com adequada voura são de grande importância para
conservação do solo. o sucesso do empreendimento. O solo
é um ambiente extremamente dinâmi-
Limpeza do terreno co, sendo que suas propriedades físicas,
A limpeza compreende a retirada químicas e biológicas influem significati-
da vegetação rasteira e das raízes que vamente na eficiência da absorção dos
dificultam o trabalho de demarcação, nutrientes.
abertura de sulcos ou covas. Na erra- A análise de solos é uma ferra-
dicação de lavouras para novo plantio, menta indispensável no planejamento,
devem ser feitos o arranquio, a retirada na implantação e durante toda a vida
ou leiramento de tocos e raízes rema- produtiva do cafezal, pois está ligada à
nescentes, o que pode ser realizado ma- produtividade, aos custos, à longevida-
nual ou mecanicamente. de da lavoura, à conservação do solo,
enfim, é parte integrante de um sistema
de produção sustentável. Além de ser
necessária como uma prática rotineira
na atividade cafeeira, a amostragem
de solo exige critérios na sua obtenção,
para melhor refletir suas características.
Divisão da área
Para que a amostra do solo seja
representativa, a área a ser amostrada
deve ser o mais homogênea possível,
levando-se em conta o histórico de uso
e manejo (vegetação, cultura anterior,
etc.), a posição topográfica, a exposição
do terreno (faces soalheira ou noruega)
Subsolador de 3 hastes
5.1. Sulcamento
Após a marcação das niveladas bá-
sicas e dos carreadores em nível, é feito
o sulcamento do terreno. Normalmente
são necessárias duas passadas do sulca- Sulcador
dor, a primeira mais rasa e a segunda
aprofundando o sulco. Nesse caso, o
bambu usado como medida da largura
das ruas deve ficar posicionado apenas
de um lado do trator. A largura e a pro-
fundidade do sulco devem ser de, no
mínimo, 40 centímetros, podendo ser
aumentadas, dependendo dos equipa-
mentos e das máquinas disponíveis.
Solo raso
• Terem de 3 a 6 pares de
folhas definitivas, apresentado
desenvolvimento normal.
• Apresentarem, no máximo, 5% de
“pião torto”.
Época de plantio
PLANTIO A época ideal para o plantio não
irrigado, para a maioria das regiões ca-
Quando adequadamente implanta-
do, o cafezal responde melhor aos tratos feeiras, compreende o período de outu-
culturais, reage melhor às adversidades bro a dezembro, desde que o solo tenha
climáticas e à demanda produtiva. Nes- umidade suficiente.
03
Outros cuidados
Pequenos cuidados são importan-
tes e podem fazer a diferença, tanto no
bom “pegamento” das mudas, quanto
nas fases subsequentes.
04
01
01 - “Acabamento” no sulco.
02 - Banquetas.
03 - Afogamento.
04 - Queimadura provocada pleo contato
com restos de sacola
01B 02
03
CLASSES DE FERTILIDADE
30 20 10 0
CLASSES DE FERTILIDADE
30 20 10 0
Cobertura no 1º e 2º ano
Café x Feijão
Ec - Dc - 0,5
QLi =
Ei
Sendo que:
Ressalta-se, por fim, que a cultura intercalar pode criar limitações de ordem
operacional, que dificultam ou impedem, temporariamente, a execução dos
tratos culturais.
MATIELLO, J.B. O café do cultivo ao consumo. São Paulo: Globo, 1991. P. 56-72.