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OFICINA DE DOCÊNCIA DE
FUTSAL
UMA TEMATIZAÇÃO DO
ESPORTE DA ESCOLA
Edson Castardeli
Vitória
2012
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
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realizada com amparo legal do regime geral de direito de autor no Brasil.
Futsal • 3
4 • Edson Castardeli
sumário
Apresentação....................................................................... 06
1 • Bases Teóricas.............................................................. 07
Caráter Pedagógico e Formação da Personalidade
Faixa Etária Apropriada
Vivências dos Esportes na Escola
2 • O Esporte Futsal.......................................................... 18
História
Desporto Futsal
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apresentação
Primeiramente responda: por que você incluiria ou caráter reprodutor e, por isso, propõe a qualificação
inclui os esportes, como conteúdo, em suas aulas de para a percepção crítica dos dados da realidade e a
Educação Física Escolar? Em qual ciclo escolar os es- consequente atuação em favor de sua transformação.
portes seriam aproveitados melhor pelo educando? E, O mesmo deverá ocorrer com as demais disciplinas
principalmente, como você vivenciaria os esportes na oferecidas no currículo nacional, a saber, Português,
escola? É evidente que as respostas as essas perguntas Matemática, Ciência, Geografia etc.
poderiam ser bem variadas. Porém, inicialmente, vou Para reforçar a necessidade da importância do
me ater a apenas dois eixos temáticos para responder. caráter educacional dos esportes na instituição esco-
O primeiro eixo é o educar e o segundo é a person- lar, poderíamos destacar, entre as várias contribuições
alidade, entendendo que, para as discussões didáticas, ao educando, os fatores intrínsecos da personalidade
é possível visualizá-los separadamente, porém essas humana. Evidentemente, muitos teóricos têm tentado
duas dimensões fazem parte do mesmo processo de conceituar personalidade (WEINBERG; GOULD, 2001),
intervenção. e eles concordam com uma descrição: singularidade.
Para tanto, a proposta de fascículo é ressaltar a Basicamente, personalidade refere-se às características
importância do caráter educacional dos esportes na – ou à combinação de características – que tornam
instituição escolar. A Educação Física, como com- uma pessoa única.
ponente curricular obrigatório, atende aos mesmos Com a utilização dos esportes nas aulas de Educa-
preceitos de educação que, segundo alguns autores, ção Física Escolar, temos a oportunidade de trabalhar
colocam-na como fenômeno social pelo qual uma so- com vários fatores de formação do educando, inclusive
ciedade transmite o seu patrimônio cultural e suas ex- os fatores intrínsecos1 e extrínsecos2 da personalidade.
periências de uma geração mais velha para uma mais
nova, garantindo assim sua continuidade histórica 1) Fatores intrínsecos da personalidade são aspectos
(GHIRALDELLI JÚNIOR, 1996 p. 10). internos do indivíduo, que lhe são próprios, interiores,
No entanto, educação vai além da simples trans- íntimos, por exemplo, autoconfiança, autoestima e/ou
ferência de conhecimentos previamente adquiridos. qualquer outro fator de agente interno do indivíduo.
Segundo Freire (1996, p. 47), ensinar não é trans-
ferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a 2) Fatores extrínsecos da personalidade são fatores
sua apropriação, a sua produção ou a sua construção. externos ao indivíduo, como influência dos amigos ou
Complementando, Ventorim (1999) afirma que a edu- do professor e/ou qualquer outro fator de agente ex-
cação problematizadora, definida por Freire, nega o terno não pertencente à essência de uma pessoa.
Caráter Pedagógico e
1
TEÓRICAS
BASES
Formação da Personalidade
Por que você incluiria ou inclui os esportes, como conteúdo, em suas aulas
de Educação Física Escolar? Poderíamos responder a essa pergunta levando
em conta o aspecto motor, dizendo que os esportes conferem qualidades
físicas básicas, como coordenação, equilíbrio, agilidade e ritmo. Poderíamos,
ainda, responder sob a perspectiva do aspecto afetivo, considerando o es-
porte como o momento em que o educando tem a oportunidade extravasar
suas alegrias ou suas frustrações. A resposta também poderia ser sob os
aspectos cognitivos e sociais, quando poderíamos ressaltar o desenvolvim-
ento do raciocínio ou a integração social do educandos. Enfim, as respostas
a essa pergunta poderiam contemplar diversos eixos temáticos diferentes.
Entendemos que existem ainda outros eixos cabíveis para a elaboração des-
sas respostas.
Porém, sem a pretensão de esgotar o tema das vivências dos esportes nas
aulas de Educação Física Escolar, responderemos em parte a essa pergunta,
levando em consideração o eixo educacional, pois o eixo da educação vai
além e transcende a possibilidade do desenvolvimento apenas dos aspectos:
motor, afetivo, cognitivo e social. Talvez você esteja se perguntando: como a
educação transcende? A educação transcende a partir do momento que nós
entendermos que essa disciplina atende aos mesmos objetivos educacionais
que as demais disciplinas oferecidas no currículo nacional, a saber: Portu-
guês, Matemática, Ciência, História, Geografia, Artes e Língua Estrangeira.
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1) Inserção do educando no sentido Sugestão de Leitura
de arraigar-se, entranhar-se em sua
comunidade. CAPARROZ. Entre a educação física na escola e a educação física da
escola. Campinas, SP: Autores Associados, 1997.
2) Os PCNs se encontram disponíveis
no site do Ministério da Educação:
http://portal.mec.gov.br/index.
php?option=com_content&view Assim, os esportes vivenciados na instituição escolar atendem aos objetivos
=article&id=12657%3Aparametr integradores dos quatro aspectos citados acima (afetivo, motor, cognitivo
os-curriculares-nacionais-5o-a-8o-
series&catid=195%3Aseb-educacao- e social), de maneira a contribuir com a formação global do educando, es-
basica&Itemid=859. perando que essa formação venha servir para promover a possibilidade de
inserção1 do educando na comunidade em que ele vive, de modo que ele
possa exercer sua cidadania da forma mais plena possível. Recuperando
uma das afirmações de Listello (1979, p. 4), em relação ao papel educacional
da Educação Física, é possível dizer: “A Educação Física deve ser considerada
fundamental num quadro da educação geral, razão por que estamos em-
penhados em ressaltar este assunto”.
Blocos de conteúdo
Os conteúdos estão organizados em três blocos, que deverão ser
desenvolvidos ao longo de todo o ensino fundamental, embora no
presente documento sejam especificados apenas os conteúdos dos
dois primeiros ciclos.
Essa organização tem a função de evidenciar quais são os objetos
de ensino e aprendizagem que estão sendo priorizados, servindo
como subsídio ao trabalho do professor, que deverá distribuir os
conteúdos a serem trabalhados de maneira equilibrada e adequada.
Assim, não se trata de uma estrutura estática ou inflexível, mas sim
de uma forma de organizar o conjunto de conhecimentos aborda-
do, segundo os diferentes enfoques que podem ser dados (BRASIL,
1998, p. 67).
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entre si, tendo vários conteúdos em comum, entretanto, detêm suas espe- 3) Ressaltamos que os conteúdos
norteadores sugeridos para serem
cificidades intrínsecas.
abordados no Ensino Médio, pe-
los PCNs, é o aprofundamento dos
conhecimentos já trabalhados, no
Esportes, jogos, lutas Atividades rítmicas Ensino Fundamental (BRASIL, 2000 p.
e ginásticas e expressivas 33), por exemplo, os já citados neste
fascículo. Os PCNs para o Ensino Médio
Conhecimentos sobre o corpo se encontram disponíveis no site do
Ministério da Educação: http://portal.
Fonte: BRASIL, 1998, p. 68. mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/blegais.pdf
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II - direito de ser respeitado por seus educadores;
III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às
instâncias escolares superiores;
IV - direito de organização e participação em entidades estudantis;
V - acesso à escola pública e gratuita próxima de sua residência.
âm
Ext
ico
Com. relac. ao
desempenho de papéis
Respostas típicas
Con
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ern
nte
Int
Núcleio psicológico
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Sugestão de Leitura
CHARLOT Bernard. Educar: da relação com o saber: elementos para
uma teoria. Porto Alegre: Ed. Artmed, 2000.
Esses ajustes feitos pelo indivíduo ao meio em que vive, ou seja, as res-
postas típicas podem ser aperfeiçoadas, pois são menos estáveis, quando
comparados com o núcleo psicológico.
Futsal • 11
Os três níveis de personalidade abrangem um continuum de com-
portamento internamente induzidos a externamente induzidos. Para
simplificar, compare seus níveis de personalidade a um bombom de
cereja coberto de chocolate. Todos vêem o invólucro (comporta-
mento relacionado ao desempenho de papéis), aqueles que se dão
ao trabalho de retirar o invólucro vêem a camada de chocolate (res-
postas típicas) e apenas as pessoas interessadas ou suficientemente
motivadas a morder o bombom vêem a cereja do centro (núcleo
psicológico) (WEINBERG; GOULD, 2001, p. 51).
12 • Edson Castardeli
Portanto, para que o esporte tenha essa abrangência, será necessário vê-lo
como uma “Ferramenta de Ensino”, entendendo que o esporte atentará à
educação global dos educandos, assim como as demais disciplinas do cur-
rículo escolar nacional. Porém, é evidente que difere das outras disciplinas
curriculares pelas metodologias e conteúdos pertinentes às nossas com-
petências e habilidades de formação em Licenciatura em Educação Física,
como ressalta Betti (2002, p. 77):
Sugestão de Leitura
Educação física escolar: uma proposta de diretrizes pedagógicas.
Disponível em: <http://www3.mackenzie.br/editora/index.php/remef/
article/viewFile/1364/1067>.
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4) Referência disponível em: <http://
www.ldi.kit.net/Legislacao/categorias. Os exemplos citados a seguir se referem ao esporte de alto rendimento,
pdf>. praticado fora da escola e que, portanto, somente nos aponta as faixas
etárias de sua prática. Por exemplo, no futebol, que é uma das modalidades
esportivas mais requisitadas pelos educandos nas escolas, encontramos
categorias distribuídas por faixa etária, conforme estabelece abaixo a legis-
lação pertinente (rdi/cbf nº 09/91, 10/91 e 03/93) da Confederação Brasileira
de Futebol4.
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Principal 20 anos em diante
Veterano 35 em diante
Cabe ressaltar que temos diferentes saberes com os quais as crianças se de-
param ao longo da vida e necessitam aprender, pois eles já estão presentes
no mundo em que vive:
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atentos para fazer as devidas alterações no esporte, para que o maior
número de participantes possível possa praticá-lo.
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transferência e generalização não mais para as quadras e campos,
mas para a vida.
Sugestão de Leitura
Discussões acadêmicas sobre esportes na instituição educacional, entre
diferentes autores (Adroaldo Gaya, Alexandre Fernandez Vaz, Celi Nelza
Zülke Taffarel, Eleonor Kunz, Hugo Lovisolo, Marco Paulo Stigger, e
Valter Bracht,) – Livro Esporte de rendimento e esporte na escola.
Campinas, SP: Autores Associados, 2009.
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2 História
Futsal
O Esporte
Como o futebol teve como berço a Inglaterra, logo era de se esperar que o
futebol fosse difundido onde os ingleses foram se estabelecendo.
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Contando com a rede ferroviária, logo o futebol vai espraiar-se para
além da capital, atingindo La Plata (1887), Quilmes (1897) e Rosário
(1889) (CERUTTI,1990:13). Neste sentido, na virada do século XIX
para século XX o futebol começa a deixar de ser privilégio de ing-
leses e da elite local (ALABARCES e RODRIGUES, 1996:24; FRYDEN-
BERG, 1996a). Em 1899 é criada uma ‘segunda divisão’ no interior
da liga para abrigar o volume crescente de novos clubes de futebol
(JESUS, 2000, p. 3).
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No Brasil, jovens da Associação Cristã de Moços de São Paulo começaram
a praticar, de forma improvisada, "peladas" nas quadras de outras modali-
dades desportivas, por volta de 1940, como apresenta Souza (2009 p. 11):
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Desporto Futsal
O futsal tradicional é jogado com cinco jogadores por equipe, quatro joga-
dores na linha e um no gol (Esquema 1). A duração do jogo é de dois tempos
iguais.
ESQUEMA 1
Futsal • 21
Para a categoria Adulto, Sub 20 e Sub 17, bem como no masculino Sub
15, a bola, em sua circunferência, terá, no mínimo, 62cm e, no máximo,
64cm. Seu peso terá, no mínimo, 400g e, no máximo, 440g (CONFEDERA-
ÇÃO BRASILEIRA DE FUTSAL, 2009).
Sugestão de Leitura
Regras do futsal (Disponível em: <http://www.futsaldobrasil.com.
br/2009/cbfs/regras.php>.
22 • Edson Castardeli
Desafio do Gênero
O futsal é uma derivação do futebol. Sua prática nas escolas é bem difun-
dida e também muito solicitada pelos educandos, porém existem alguns
3
educacional
Futsal: uma VISÃO
desafios a serem vencidos.
O primeiro desafio é que trabalhamos nas escolas com turmas mistas, com
meninos e meninas juntos, realizando as mesmas atividades em quadra.
Os meninos, culturalmente, possuem uma vivência maior com o futebol,
quando comparados com as meninas. Têm, assim, uma visão global de jogo
mais apurada, um repertório motor mais diversificado para a prática des-
sa modalidade esportiva. Podemos dizer, também, que, em determinadas
faixas etárias, os meninos desenvolvem cerca de dez vezes mais força do
que as meninas. Dessa forma, teremos um desequilíbrio de forças entre os
participantes do futsal na escola.
Futsal • 23
Outro exemplo, ainda, é, se a bola estiver ameaçando entrar em seu gol,
devido a um bate-rebate da bola em sua área, o menino (X) não irá hesitar
em dar um chutão na bola para afastar o perigo, não importando quem está
na sua frente. Se, à sua frente, estiver outro menino (Y), esse menino (Y) irá
perceber a situação assim que a bola sobrar com chance real de afastamen-
to do perigo pelo menino (X). Sendo assim, o menino (Y) se protegerá ou
sairá da frente da trajetória da bola, evitando uma bolada. Por outro lado,
se, na mesma situação, à sua frente, estiver uma menina, ela não irá ter uma
leitura rápida da situação e o menino (X), com toda certeza, irá acertá-la
com uma bolada e podemos afirmar que será uma bolada dolorida!
24 • Edson Castardeli
Vivência do Desafio de Gênero
4
viáveis no futsal
alterações
Um das formas para contornarmos a problemática do desequilíbrio de for-
ças entre os gêneros, masculino e feminino na prática do futsal poderia
ser compor equipes mistas. Porém, de que maneira? Poderíamos elaborar
algumas propostas diferentes para a problemática em questão, entretanto
a sugestão que apresentaremos será montar as equipes com seis partici-
pantes de cada lado na linha, compostas com três meninos e três meninas,
mais dois goleiros (um menino e uma menina) por equipe, perfazendo um
total de oito participantes em cada equipe. O diferencial dessa proposta é
a distribuição dos integrantes da equipe em quadra: as meninas ficarão de
um lado da quadra e os meninos do outro lado. Com essa distribuição, as
meninas não passam para o lado da quadra onde estão os meninos e vice-
versa. Entretanto, a bola passa de um lado para o outro constantemente
(Esquema 2).
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No segundo tempo, invertem-se os trios. Os que estavam atacando defen-
dem e os trios que estavam defendendo passam a atacar e, concomitante-
mente, substituem-se os goleiros.
ESQUEMA 2
Trabalho em grupo
Que proposta você elaboraria para a problemática em questão apresen-
tada nesse item 4.1? Trabalho em grupo (grupos com quatro integran-
tes): após a leitura dos itens 4.1 a 4.6, elabore apenas uma proposta de
alteração no futsal que atenda a uma das problemática apresentada
nos itens 4.1 a 4.6 e entregue ao tutor impresso em papel tamanho A4.
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Vivência do Desafio Numérico
Para lidarmos com a problemática numérica, pois, geralmente trabalhamos
com classes numerosas, precisamos tentar colocar o maior número pos-
sível de educandos em quadra. Embora pudéssemos elaborar algumas pro-
postas diferentes, no Esquema 3, encontraremos uma colaboração interes-
sante para essa questão numérica, em que cada equipe terá 14 integrantes,
com sete meninos e sete meninas. Na parte interna da quadra, teremos um
goleiro (menino) e seis na linha composto de três meninos e três meninas.
Na parte externa, teremos a outra metade do time, com três integrantes de
cada lado, mais um na linha de fundo (goleiro, que ficará na baliza oposta).
A outra equipe ocupará a mesma disposição, porém em posição invertida
em relação à primeira equipe.
ESQUEMA 3
Futsal • 27
Quando uma equipe marcar gol, invertem-se os jogadores da equipe mar-
cadora. Quem estiver jogando dentro da quadra sai, passando a ocupar os
lugares dos alunos que estavam jogando fora e quem estava jogando fora
da quadra entra para jogar dentro da quadra. Nesse momento, a equipe que
sofreu o gol não muda suas posições, somente muda suas posições quando
marcar gol. Porém, quando a equipe adversária marcar dois gols seguidos,
mudam-se as posições das duas equipes.
ESQUEMA 4
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Priorizar o Dinamismo
Certas faixas etárias, por exemplo, os 4º ou 5º anos do Ensino Fundamental,
apresentam-se com um dinamismo extra, ou seja, os educandos são muito
ativos. As vivências oferecidas têm que ter ritmo mais acelerado do que as
habituais. Poderíamos trabalhar algumas alternativas. Uma delas é o futsal
com quatro gols em vez de dois, como é tradicionalmente.
ESQUEMA 5
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Minipartida
O futsal poderá ser desenvolvido, também, em espaços menores ou otim-
izar o espaço disponível para sua prática. Uma das propostas poderia ser
trabalhar com gols menores, feitos com cones, e utilizar as duas metades
da quadra na transversal (Esquema 6). Assim, colocaríamos duas equipes
jogando ao mesmo tempo, no entanto, partidas diferentes.
ESQUEMA 6
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ESQUEMA 7
Reformulações de Regras
Pode-se, ainda, manter-se o formato original do jogo, como mostra o Es-
quema 1, porém alterando as regras de acordo com a proposta e o objetivo
da aula. Por exemplo, utilizar equipes mistas com dois meninos e duas me-
ninas na linha por equipe, em que as equipes têm que alternar os ataques
à equipe adversária. Se o primeiro ataque (chute ao gol) for feito pelos
meninos, o segundo chute ao gol adversário terá que ser, necessariamente,
pelas meninas.
Por fim, tendo como preceito a práxis pedagógica (prática e teoria em ação),
é que podemos visualizar o pleno exercício da cidadania pelo educando,
quando ele é capaz de significar suas aprendizagens pela participação,
conseguindo elaborar, executar, conduzir e, se necessário, reformular as
Futsal • 31
vivências nas aulas, compreendendo as diferenças na sociedade em que
vive e com capacidade de fazer uma leitura crítica do fenômeno esportivo
nas mídias contemporâneas.
Concepção de Método
Há um dito popular alemão diz que “Muitos caminhos conduzem a Roma”.
Isso significa que se pode atingir um objetivo determinado de várias formas.
Os professores de Educação Física podem seguir diferentes caminhos para
alcançar os seus objetivos de ensino/aprendizado.
32 • Edson Castardeli
Portanto, é imprescindível que o professor conheça diferentes métodos de
ensino para o futsal, para que possa ampliar o aprendizado de seus educan-
dos. Entretanto, a ênfase dada às propostas deste fascículo está pautada na
teoria dos jogos, tendo como base o método global.
Concepção de Técnica
Como fazer a operacionalização do método? Para a transmissão do conhe-
cimento técnico do futsal, dispomos de diferentes técnicas de ensino.
2) Por meio de filmes: com filmes, o professor pode dar explicações mais
claras e precisas. O filme apresenta diversas vantagens em relação à
imagem estática, como fotos, pois mostra muito melhor todas as se-
quências dos movimentos.
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considerações finais
As propostas de vivências com o futsal aqui explicita- educando terá a oportunidade de agregar valores con-
das, neste fascículo, não têm por objetivo a simples sistentes ao um núcleo psicológico (ex.: respeito, soli-
apresentação de receituário para aplicação, sem as dariedade, justiça), aprenderá a ajustar-se melhor ao
devidas transposições pedagógicas, pois encontramos, ambiente social em que vive, com suas respostas típi-
em literatura especializada na área da Educação Física, cas, e poderá experimentar diferentes comportamentos
ao longo décadas, a utilização dos esportes na Educa- relacionados com os desempenhos de papeis.
ção Física escolar (SCHNEIDER, 2010). Entretanto, sem Pelo exposto, podemos concluir que os educandos
as devidas transposições pedagógicas, os objetivos da terão uma maior probabilidade de evolução de sua au-
Educação Física escolar passaram por questões nacio- tonomia, na relação da construção do exercício de sua
nalistas, eugênicas, pré-militares, revelação de atletas cidadania, quando têm a oportunidade de vivências
etc. Normalmente são instituídos de fora da escola práticas esportivas pedagogizadas.
para dentro, sem dar atenção às ações pedagógicas ne-
agradecimento
cessárias (BETTI, 2002).
Com as execuções das vivências com o futsal, espera-se
que o educando desenvolva seu censo crítico, compor-
tamentos atitudinais de respeito, solidariedade, justiça Agradecemos ao Instituto de Pesquisa em Educação e
e diálogo na construção do exercício de sua cidadania Educação Física (Proteoria/Ufes) pelos préstimos e aces-
(BRASIL, 1998). Podemos afirmar que teremos contri- sibilidade facilitados em seu acervo bibliográfico, o que
buições, também, na formação da personalidade, pois o foi de grande valia para a elaboração deste fascículo.
referências
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pdf>. Acesso em: 19 fev. 2010. psicologia do esporte e do exercício. 2. ed. Porto
Alegre: Artmed Editora, 2001.
Encerramos convidando você a
comparecer às oficinas no Centro de
Educação Física do Campus Ufes-
Vitória, onde apresentaremos essas
vivências citadas (Esquemas 1 a 7)
entre outras alterações existentes no
futsal, em que são viáveis o seu uso
nas instituições educacionais.
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