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Características e princípios

do Direito Empresarial
Características do Direito Empresarial
Informalismo ou Cosmopolitismo ou da
Simplicidade das Formas Onerosidade Internacionalismo

acompanha a
dinâmica das Não existe almoço
relações grátis;
comerciais; Não tem fronteiras;
Lucro;
boa-fé das remuneração; Tratados e acordos
transações internacionais
comerciais; Trabalho;
simplificação dos capital
procedimentos.
Características do Direito Empresarial

Manutenção da
Proteção ao Crédito Fragmentarismo atividade econômica

Proteção ao
Microssistemas emprego;
normativos:
Boa-fé; Perpetuação da
Direito Societário; cadeia produtiva;
Confiança; Direito Cambiário; Falência e
Direito Falimentar Recuperação de
empresa
Objeto do Direito Empresarial

•Os bens e serviços de que todos precisamos para viver são produzidos em
organizações econômicas especializadas e negociadas no mercado. Quem estrutura
essas organizações são pessoas vocacionadas a combinar determinados
componentes. São os empresários.

•A atividade dos empresários pode ser vista como a de articular os fatores de


produção, o capital, a mão-de-obra, o insumo e a tecnologia.

•O objeto do Direito empresarial é a empresa.


Empresa: o que é?

• Qual o significado da palavra empresa? Olha só estas frases:


• A empresa faliu.
• A empresa apresenta grande produtividade.
• A empresa pegou fogo.
• A empresa foi aberta em julho.

Embora a palavra seja a mesma nas quatro frases, os significados são


bem diferentes.
Aspecto
Empresa objetivo :
complexo de
bens.

ATIVIDADE
Produção e circulação de
bens e serviços Aspecto Aspecto
FINS LUCRATIVOS corporativo: a EMPRESA subjetivo: o
organização. empresário

Exploração Aspecto
econômica de material:
produção ou atividade
circulação de bens econômica.
ou serviços
Objeto do Direito Empresarial

Empresa • É a própria atividade A atividade empresarial consiste:

Na combinação de recursos, pelo


empreendedor, no âmbito de uma
organização, para produzir bens e
serviços e fazê-los chegar ao seu
Organização da destinatário.
Empresário • Sujeito de direito
atividade

• Universalidade de fato
Estabeleciment
instrumental do exercício da
o Empresarial
empresa
Princípios: o que e para que?

• Segundo Miguel Reale:

• “Princípios são, pois verdades ou juízos fundamentais, que servem de


alicerce ou de garantia de certeza a um conjunto de juízos, ordenados em um
sistema de conceitos relativos à dada porção da realidade. Às vezes também se
denominam princípios certas proposições, que apesar de não serem evidentes
ou resultantes de evidências, são assumidas como fundantes da validez de um
sistema particular de conhecimentos, como seus pressupostos necessários”.

(REALE, Miguel. Filosofia do Direito. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 1986. p 60).
Princípios: o que e para que?

• Para Luís Roberto Barroso:

• "são o conjunto de normas que espelham a ideologia da


Constituição, seus postulados básicos e seus fins. Dito de forma
sumária, os princípios constitucionais são as normas eleitas pelo
constituinte como fundamentos ou qualificações essenciais da
ordem jurídica que institui."
(BARROSO, Luís Roberto. Interpretação e aplicação da Constituição: fundamentos de uma dogmática
constitucional transformadora. São Paulo: Saraiva, 1999, p. 147).
Princípios: o que e para que?

• Constata-se que os princípios carregam consigo alto grau de


imperatividade, o que denota o seu caráter normativo,
cogente, impositivo de observância obrigatória cuja violação
maculará de ilegalidade e/ou inconstitucionalidade o ato.
Princípios na atividade econômica
• Esculpidos no artigo 170 da CF/88
• VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento
diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e
• Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho
serviços e de seus processos de elaboração e prestação;
humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos
• VII - redução das desigualdades regionais e sociais;
existência digna, conforme os ditames da justiça social,
• VIII - busca do pleno emprego;
observados os seguintes princípios:
• IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno
porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua
• I - soberania nacional;
sede e administração no País.
• II - propriedade privada;
• III - função social da propriedade;
• Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de
• IV - livre concorrência;
qualquer atividade econômica, independentemente de
• V - defesa do consumidor;
autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos
em lei.
Ordem econômica

• Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho


humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos
existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados
os seguintes princípios: [...]

• Fundamento: valorização do trabalho humano e a livre iniciativa


• Finalidade: assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da
justiça social
Ordem econômica

• I - soberania nacional: independência do Estado, autogoverno, possuir sua autonomia;


• II - propriedade privada: iniciativa privada na produção, assegura a iniciativa privada em
prol dos meios de produção (consonância com a livre iniciativa);
• III - função social da propriedade: interesse social frente ao interesse privado
• IV - livre concorrência: concorrência saudável, evitando dominação de mercado, lucros
arbitrários, concentração de renda
• V - defesa do consumidor: consumidor é a parte vulnerável na relação de consumo
Ordem econômica

• VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme


o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e
prestação: por ser o meio ambiente um direito de todos e deve, então, ser uma
preocupação de todos os integrantes da sociedade
• VII - redução das desigualdades regionais e sociais: um dos objetivos do artigo 3º da
CF/88
• VIII - busca do pleno emprego: fundado no trabalho humano;
• IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as
leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País: busca pela
concretização do princípio da igualdade.
Os princípios do Direito Empresarial

• O direito empresarial, é o direito da empresa, isto é, o regime jurídico especial de direito privado que
disciplina o exercício de atividade econômica organizada.

• É no direito empresarial que iremos encontrar as regras jurídicas especiais para a disciplina do
mercado, e para tanto é fundamental que essas regras, em função de sua especialidade, estejam
assentadas em uma principiologia própria, que destaque a imprescindibilidade da empresa como
instrumento para o desenvolvimento econômico e social das sociedades contemporâneas, nas
quais as bases do capitalismo – livre-iniciativa, propriedade privada, autonomia da vontade e
valorização do trabalho humano – já estão enraizadas e solidificadas como valores inegociáveis
para a construção e manutenção de uma sociedade livre.
Os princípios do Direito Empresarial

Fonte: CHAGAS, 2020, p. 64


Princípio da livre iniciativa

• A livre-iniciativa é o princípio fundamental do direito empresarial.


• Em nosso ordenamento jurídico, constitui princípio constitucional
da ordem econômica, conforme previsão expressa do art. 170 da
CF/1988:
• “A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na
livre-iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme
os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios”.
Princípio da livre iniciativa

• É um princípio fundamental do direito empresarial;


• A liberdade de iniciativa envolve o livre exercício de qualquer atividade econômica, a
liberdade de trabalho, ofício ou profissão e a liberdade de contrato;
• Princípio constitucional, esculpido no artigo 170;
• Base do sistema capitalista (não é a toa que está no caput do artigo 170 no título “Da
ordem econômica e financeira”;
• Que permite que aqueles que desejam, possam empreender em alguma atividade econômica;

• Se não houvesse essa liberdade com força constitucional, o sistema de produção e/ou
circulação de bens não existiria;
• Permite a participação na relação comercial sem que o Estado precise, necessariamente,
autorizar.
Princípio da livre iniciativa

• Para Fábio Ulhoa Coelho, o princípio da livre-iniciativa se desdobra em


quatro condições fundamentais para o funcionamento eficiente do
modo de produção capitalista:
• (i) imprescindibilidade da empresa privada para que a sociedade tenha acesso
aos bens e serviços de que necessita para sobreviver;
• (ii) busca do lucro como principal motivação dos empresários;
• (iii) necessidade jurídica de proteção do investimento privado;
• (iv) reconhecimento da empresa privada como polo gerador de empregos e de
riquezas para a sociedade.
Princípio da livre iniciativa

• Base constitucional:

• Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos


Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático
de Direito e tem como fundamentos:
• IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

• Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:


• I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
Princípio da livre iniciativa

• Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

• XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão,


atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer;
Princípio da livre iniciativa

• Ordem econômica e financeira

• Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do


trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a
todos existência digna, conforme os ditames da justiça social,
observados os seguintes princípios:
Princípio da livre concorrência

• Outro princípio basilar do direito empresarial é a livre


concorrência, também prevista expressamente na CF/1988
como princípio constitucional da ordem econômica:
• “Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho
humano e na livre-iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência
digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes
princípios:
• (...) IV – livre concorrência; (...)”.
Princípio da livre concorrência
• Infelizmente este também é um princípio que não vem sendo respeitado no
Brasil.
• E quem mais desrespeita a livre concorrência é justamente aquele ente que,
em tese, deveria protegê-la: o Estado.
• Se, por um lado, o Estado finge defender a livre concorrência, criando
órgãos com tal missão institucional, tais como o CADE (Conselho
Administrativo de Defesa Econômica), por outro lado é o próprio Estado que
ataca a sagrada liberdade de competição, intervindo cada vez mais na
economia, restringindo cada vez mais o exercício de atividade econômica e
criando cada vez mais obstáculos ao empreendedorismo.
Princípio da livre concorrência
Princípio da livre concorrência
Coibir práticas de concorrência desleal
Sanções previstas nos arts. 183 e seguintes da Lei 9.279/1996 (Lei
propriedade industrial) - o objeto da punição estatal são condutas que atingem
um concorrente in concreto (por exemplo: contrafação de marca, venda de
produto “pirata”, divulgação de informação falsa sobre concorrente etc.).
Princípio da livre concorrência

Atos que configurem infração contra a ordem econômica.


Aqui as sanções estão previstas na Lei 12.529/2011(Sistema Brasileiro de Defesa da
Concorrência), e o objeto da punição estatal são condutas que atingem a concorrência in
abstrato, isto é, o próprio ambiente concorrencial (por exemplo: cartéis).
Princípio da livre concorrência
• É preciso destacar uma manifestação importante do princípio da livre concorrência,
bem lembrada pelo professor Fábio Ulhoa Coelho: a regra de ouro da competição é a
seguinte: quem acerta, ganha (obtém lucros); quem erra, perde (sofre prejuízos).

• O Estado não pode interferir nessa equação, sob pena de desvirtuar toda a lógica do
mercado.

• Uma área em que essa manifestação do princípio da livre concorrência aparece com
muita clareza são os contratos empresariais, os quais, como veremos oportunamente,
não devem sofrer intervenção estatal nem prévia (dirigismo contratual) nem posterior
(revisão judicial).
Princípio da preservação da empresa
• Um dos princípios do direito empresarial mais alardeados pela doutrina
especializada nos dias atuais é o princípio da preservação da empresa, o qual
vem sendo amplamente difundido, inspirando alterações legislativas recentes,
como a Lei 11.101/2005 (Lei de Falência e Recuperação de Empresas), e
fundamentando inúmeras decisões judiciais.
• O princípio da preservação da empresa protege o núcleo da atividade
econômica e, portanto, da fonte produtora de serviços ou mercadorias, da
sociedade empresária, refletindo diretamente em seu objeto social e
direcionando-a, sempre, na busca do lucro.
Princípio da preservação da empresa
• O princípio da preservação da empresa também tem sido muito
usado pelos tribunais pátrios para fundamentar decisões em
matéria de dissolução de sociedades, falência, recuperação judicial
etc.
• Nesses últimos casos, porém, é preciso ter muito cuidado para que
a aplicação excessiva e sem critério do princípio não provoque a
sua banalização.
• Muitas vezes atividades empresariais devem mesmo ser
encerradas, e nesses casos impedir a falência do empresário ou da
sociedade empresária contraria a ordem espontânea do mercado,
sobretudo quando a manutenção de tais atividades é conseguida
com os famigerados “pacotes de socorro” baixados pelo governo.
Princípio da função social da empresa

• É do conceito de função social da propriedade que decorre um dos mais alardeados


princípios do direito empresarial: a função social da empresa.
• O estudo desse princípio, no Brasil, remonta ao conhecido ensaio “função social de
propriedade dos bens de produção”, de autoria de Fábio Konder Comparato.

• Empresa é uma atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou


de serviços. Empresário é a pessoa, física (empresário individual) ou jurídica (sociedade
empresária ou EIRELI), que exerce profissionalmente uma empresa (art. 966 do CC). E
estabelecimento empresarial é o conjunto organizado de bens, materiais ou imateriais,
usados no exercício de uma empresa (art. 1.142 do CC).
Princípio da função social da empresa

• Assim, quando se fala em função social da empresa faz-se referência à atividade


empresarial em si, que decorre do uso dos chamados bens de produção pelos
empresários.
• Como a propriedade (ou o poder de controle) desses bens está sujeita ao cumprimento de
uma função social, nos termos do art. 5.º, inciso XXIII, da CF/1988, o exercício da empresa
(atividade econômica organizada) também deve cumprir uma função social específica, a
qual, segundo Fábio Ulhoa Coelho, estará satisfeita quando houver criação de empregos,
pagamento de tributos, geração de riqueza, contribuição para o desenvolvimento
econômico, social e cultural do entorno, adoção de práticas sustentáveis e respeito aos
direitos dos consumidores.
Princípio da função social da empresa
Princípio da função social da empresa
• A empresa não deve, segundo os defensores desse princípio, apenas atender os interesses
individuais do empresário individual, do titular da EIRELI ou dos sócios da sociedade
empresária, mas também os interesses difusos e coletivos de todos aqueles que são afetados
pelo exercício dela (trabalhadores, contribuintes, vizinhos, concorrentes, consumidores etc.).

• Exemplo de regra legal que consagra o princípio da função social da empresa é o art. 116,
parágrafo único, da Lei 6.404/1976 (Lei das Sociedades por Ações):

• “o acionista controlador deve usar o poder com o fim de fazer a companhia realizar o seu objeto
e cumprir sua função social, e tem deveres e responsabilidades para com os demais acionistas
da empresa, os que nela trabalham e para com a comunidade em que atua, cujos direitos e
interesses deve lealmente respeitar e atender”.
Leitura...

• Livro: Direito Empresarial esquematizado

• Autor: Edilson Enedino das Chagas

• 1.4. PRINCÍPIOS DO DIREITO EMPRESARIAL

• p. 56 e seguintes
Vídeo introdutório para próxima aula

• https://www.youtube.com/watch?v=8MzgJIBfO_s

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