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CURSO DE DIREITO

TESTAMENTO VITAL
Jeanne Das Neves Falcão Real

Cacoal/RO - 2022
CURSO DE DIREITO

TESTAMENTO VITAL

Jeanne Das Neves Falcão Real

Projeto submetido à Universidade de


Ciências Biomédicas de Cacoal –
UNIFACIMED/UNINASSAU, como
requisito parcial à obtenção de notas
para a Materia de Biodireito, da turma
do setímo período do Curso em
Bacharelem Direito.

Orientadora: Me. Léticia Sesquim

Cacoal/RO - 2022
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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO..............................................................................................................4

1. A RESOLUÇÃO Nº 1.955/2012 DO CFM................................................................4

2. DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS E O TESTAMENTO VITAL..............................5

3. DO TESTAMENTO VITAL E O CODIGO CIVIL.......................................................6

4. DO PROCURADOR DE SAÚDE ..............................................................................6

5. DO CARTÓRIO..........................................................................................................7

CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................................................7

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................................8
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INTRODUÇÃO
O testamento tem como objetivo determinar, ainda em vida, o que deverá ser feito
com os bens materiais após o falecimento de uma pessoa. É um documento que garante
que os desejos sejam cumpridos quando não se tiver mais condições para isso. Contudo,
os testamentos convencionais restringem-se aos bens materiais, não havendo qualquer re-
ferência ao que deve ser feito com o corpo físico de um indivíduo, quando, este, não estiver
em condições de tomar decisões relacionadas a tratamentos médicos. Nessa situação
existe o Testamento Vital.
O Testamento Vital, também é conhecido como Diretivas Antecipadas de Vontade, é
um documento no qual a pessoa determina quais os procedimentos médicos aos quais de-
seja ou não ser submetida no caso de ser acometida de doença grave e/ou terminal, numa
situação em que esteja incapacitada de tomar suas próprias decisões, como por exemplo,
se estiver com alteração em seu nível de consciência. Um documento como esse pode
garantir que as equipes médicas não realizem procedimentos que a pessoa considere into-
leráveis ou humilhantes em sua fase final da vida, permitindo que ela possa terminar seus
dias de forma digna e compatível com suas crenças: sobre identidade; sobre capacidade e
sobre merecimento. Além disso, suas doutrinas devem ser respeitadas, sejam religiosas,
filosóficas, jurídicas, militar ou pedagógica.
Ao contrário do que possa parecer, o testamento vital não tem nada de complicado
ou tétrico. Ele é uma ferramenta que proporciona alívio e segurança para a pessoa doente,
para seus familiares e para a equipe de saúde, evitando que decisões importantes numa
fase tão delicada sejam tomadas de forma equivocada, intempestiva e/ou incompatível com
os desejos daquela pessoa.

RESOLUÇÃO Nº 1.955/2012 DO CFM


Em 2012, o Conselho Federal de Medicina (CFM) publicou a Resolução nº 1.995, em
que “dispõe sobre as diretivas antecipadas de vontade dos pacientes”. Através do
documento, ainda que de maneira sucinta, buscou-se disciplinar a matéria em termos ético-
profissionais, isto é, como os profissionais médicos devem lidar com situações
potencialmente graves e fatais, mas nas quais o doente esteja “incapacitado de expressar,
livre e autonomamente, sua vontade”, conforme o art. 1º: “ Definir diretivas antecipadas de
vontade como o conjunto de desejos, prévia e expressamente manifestados pelo paciente,
sobre cuidados e tratamentos que quer, ou não, receber no momento em que estiver
incapacitado de expressar, livre e autonomamente, sua vontade”.
Dentre os motivos expostos na Resolução, dois pontos, além da própria necessidade
de regulamentação, merecem ser destacados:
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1. A relevância que a autonomia do paciente tem adquirido nas últimas décadas,


com substituição progressiva de um sistema – relação médico-paciente –
alicerçado essencialmente no paternalismo;

2. A possibilidade, decorrente dos avanços tecnológicos, do prolongamento da


vida de maneira não benéfica.

Nota-se que a Resolução nº 1.995 adota uma postura de cunho mais liberal na
condução dos desejos dos pacientes, com a busca pelo respeito e obediência às suas
determinações enquanto os principais interessados em sua própria saúde e na continuidade
ou não de suas vidas.

DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS E O TESTAMENTO VITAL


O Direito a vida, a Dignidade e o direito à liberdade são dois direitos fundamentais
que se encontram presentes no texto constitucional de 1988, no art. 5º, que inicia o Capítulo
I - Dos direitos e deveres individuais e coletivos - do Título II - Dos direitos e garantias
fundamentais, vemos que em seu caput, que estes são invioláveis, assim como os direitos
à igualdade, à segurança e à propriedade, e não são passíveis de serem abolidos, por cons-
tituírem cláusula pétrea – art. 60, parágrafo 4º, IV, CF. Assim, esses direitos precisam ser
respeitados.
Esses direitos fundamentais representam o núcleo básico para todos os seres huma-
nos perante a Constituição Federal, possuindo um caráter subjetivo: enquanto garantias e
proteções do indivíduo. Não pode-se, esquecer que, também, possui sua dimensão obje-
tiva: pelo seu caráter diretivo e vinculante em relação aos direitos fundamentais, em espe-
cial, aos entes estatais.
O direito fundamental aborda a uma vida digna e o testamento vital trata-se do direito
da morte com dignidade, respeitando a autonomia de vontade de uma pessoa que vai
determinar a qual tratamento deseja ou não receber quando estiver incapaz de declarar a
sua vontade, evitando assim, um procedimento médico. A a dignidade da pessoa pode
superar a própria vida, sendo aplicada inclusive à morte.
De acordo com o artigo 5º da Constituição Federal de 1988, o direito à vida é um
direito assegurado e está ligado às garantias fundamentais, conforme presciência do artigo
5º, Caput, da Constituição Federal do Brasil de 1988, onde assegura a inviolabilidade, a
integridade e como consequência um bem jurídico tutelado desde a concepção.
O princípio da dignidade da pessoa humana está expresso na Constituição Federal
do Brasil de 1988 em seu artigo 1º, inciso III, sendo um princípio fundamental e supremo
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que vai influenciar orientar quanto à interpretação e a aplicação da norma para a existência
do direito e os valores da pessoa humana, titular de interesses existenciais e um símbolo
do compromisso assumido pela constituição com os valores mais estimados do homem.

DO TESTAMENTO VITAL E O CODIGO CIVIL


O Código Civil considera testamento o ato personalíssimo e revogável pelo qual
alguém dispõe da totalidade dos seus bens, ou de parte deles, para depois de sua morte
(artigos 1857 e 1858).
Além das formas ordinárias, o Código Civil dispõe também formas especiais de
testamento, que não são livremente escolhidas por qualquer pessoa, mas determinadas
por circunstâncias e situações excepcionais em que se encontra aquele pretende
manifestar a sua última vontade e que justifiquem a diminuição de formalidades e
exigências legais.
Os testamento especiais são: o marítimo, o aeronáutico e o militar. Porém, há
também a previsão do Testamento Vital que na verdade é uma manifestação de vontade
na hipótese da pessoa se encontrar doente, assim pode manifestar o seu desejo de ser
submetida a determinado tratamento.
Atualmente, no Código Civil/2015, o principal marco normativo do qual se pode extrair
a fundamentação do testamento vital esta no art.15: “Ninguém pode ser constrangido a
submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou intervenção cirúrgica”, o qual
está intricicamente ligado ao artigo 1º. Da Resolução nº 1.995/2012 do CFM.
O Enunciado 528 da V Jornada de Direito Civil, realizada pelo Conselho da Justiça
Federal, determinou o seguinte: “É válida a declaração de vontade, expressa em docu-
mento autêntico, também chamado ‘testamento vital’, em que a pessoa estabelece dispo-
sições sobre o tipo de tratamento de saúde, ou não tratamento, que deseja no caso de se
encontrar sem condições de manifestar a sua vontade”.
Dessa forma, uma pessoa não pode ser obrigada a fazer um tratamento médico
contra a sua vontade.

DO PROCURADOR DE SAÚDE
O ponto mais importante do Testamento Vital é a determinação de um procurador de
saúde, que é alguém da confiança eleito pela pessoa para tomar as decisões por ela no
caso de incapacidade e para garantir que o testamento vital seja cumprido. É importante
que essa pessoa concorde em exercer esse papel e, principalmente, que concorde com as
decisões descritas no documento.
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No testamento Vital, é muito importante, mais não obrigatório, se conversar com o


médico de confiança da pessoa para determinar as possíveis complicações que possam
acontecer e seus possíveis tratamentos, para que fiquem claros os procedimentos que po-
derão ou não ser adotados para cada situação. Cada item dessa conversa deve ser escrito
de forma objetiva no Testamento Vital.
Assim, após os acertos corretos, basta que o documento seja assinado pela pessoa,
pelo procurador de saúde e, preferencialmente, também pelo médico. O auxílio de um ad-
vogado não é essencial, mas é desejável para que não sejam incluídos no documento de-
terminações que sejam ilegais no país, como a eutanásia, por exemplo.
É de suma importância que cópias do Testamento Vital sejam mantidas no prontuário
médico do paciente, com o procurador de saúde, e com outras pessoas que possam estar
envolvidas no processo, sejam: membros da família, orientadores religiosos, médicos ou
outros que o possuidor do testamento Vital considere necessário.

DO CARTÓRIO
O registro em cartório não é necessário, mas pode ser feito para aumentar o valor
jurídico do documento. Ressalta-se que os termos do testamento vital podem ser modifica-
dos a qualquer momento por vontade expressa da pessoa, podendo-se inclusive anular
completamente o documento. Também é importante esclarecer que o documento somente
é válido em caso de doença irreversível, progressiva e em situação de incapacidade da
pessoa. Assim, as determinações contidas nele não são válidas para uma situação de emer-
gência que possa ser revertida, como um acidente de carro, por exemplo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Testamento Vital é um procedimento simples que pode evitar uma enorme gama
de sofrimentos desnecessários no final da vida de um indivíduo. É algo que está ao alcance
das mãos de todos nós, e diz respeito aos nossos sentimentos mais íntimos relacionados
ao significado da nossa existência. Converse com seu médico. As últimas páginas de nos-
sas vidas podem e devem, ser escritas com nossa própria vontade, expressa de forma clara
e acima de tudo respeitada.
Entender que o direito à vida é o mais fundamental de todos os direitos para que se
possa exercer e existir os demais direitos o princípio da vida humana da mesma forma é o
mais importante existente na Constituição Federal de 1988, imprescindível ao cidadão e
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está penhorado ao princípio da dignidade da pessoa humana, importante ressaltar que não
há vida sem dignidade.
Assim, conclui-se que a autonomia da vontade do paciente que desiste da vida,
preferindo morrer a se submeter a um procedimento médico, foi reconhecida na Resolução
nº 1.995/2015, do Conselho Federal de Medicina. Entende-se que não é justificável
prolongar um sofrimento que não é necessário em detrimento da qualidade de vida do ser
humano, quando isso acontece, fere-se o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana.

REFERÊNCIAS
LENZA, Pedro, "Direito Constitucional Esquematizado", 6ª edição

NERY JUNIOR, Nelson, "Direito de Liberdade e a Recusa de Tratamento por Motivo


Religioso", Revista de Direito Privado, nº 41, Editora Revista dos Tribunais.

Testamento Vital (jusbrasil.com.br).

Artigo - Testamento vital e as diretivas antecipadas de vontade – por Aurilene Barbosa -


Anoreg-PR (anoregpr.org.br)

https://ribeiroisa.jusbrasil.com.br/artigos/307254287/direito-das-sucessoes-testamento-vital

https://www.migalhas.com.br/depeso/330778/testamento-vital-e-o-necessario-respeito-a-
dignidade-da-pessoa-humana

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