Na data de 10 de outubro de 2020, às 09h30, deu-se início à primeira
reunião do Grupo de Estudos Coram Deo, com a presença de Brennise Rodrigues, Ênio Cidrão, Marcelo Arrais, Sara Vieira e Mirles Lino, que foi a multiplicadora, isto é, a responsável por trazer um panorama do texto lido anteriormente. Mirles deu princípio abordando o conceito de cristianismo tolo, o qual consistiria no entusiasmo sem conhecimento. Muitos buscam só o mover da graça de Deus, negligenciando o conhecimento (2 Pedro 3:18). Nesse contexto, Mirles fez indicações, como o livro “Como viveremos?”, de Francis Schaeffer. Os puritanos, por exemplo, tiveram grandes desafios para combater o anti-intelectualismo. John Stott destaca o ativismo dos jovens, no entanto, sem refletirem acerca da origem e do sentido das causas defendidas. Quando a igreja cai nessa onda de ignorância, esta se volta para o ritualismo morto. Em Romanos 12:1, Paulo aborda a necessidade da prestação de um culto racional com a própria vida. Nesse ínterim, Stott destaca o objetivo distorcido de ativistas ecumênicos de se voltar apenas para causas sociais. Há também destaque para o neopentecostalismo, nesses grupos mais envolvidos no espírito de anti- intelectualismo. Brennise interviu destacando a importância de se engajar em grupos que se voltam para o propósito do desenvolvimento da racionalidade cristã. Citou a Associação Nacional de Juristas Evangélicos e a Associação Bíblia Universitária. Se alguém diz que tem uma fé, esta deve compor a nossa identidade, se, de fato, é verdadeira. Até as experiências devem ser julgadas à luz das Escrituras. Mirles retornou à fala ressaltando o papel das ideologias para as transformações sociais. Alertou para o perigo das redes sociais para alienar as massas sociais, as quais não estabelecem um filtro para a cognição nesses espaços. Há muitas ideologias contrárias à Palavra de Deus, no entanto, temos armas espirituais para destruir fortalezas do engano (1 Coríntios 10:4-5). Diferentemente dos animais, temos a capacidade de “entendimento”, por isso, Deus não subvaloriza a nossa capacidade de pensar. Por isso, temos a necessidade de racionalizar as nossas ações. Em Salmo 32, tem-se a comparação do homem com os animais para estimular a diferenciação pelo entendimento. Ademais, Deus se revela e isso aduz que podemos (e devemos) nos atentar para essa demonstração do caráter e do poder de Deus por meio da natureza e, especialmente, do Evangelho. Além disso, tem-se o juízo iminente de Deus, o qual também aponta para uma capacidade de discernimento entre certo e errado. Ênio mencionou, a título de demonstração da pertinência do debate, que o movimento Black Lives Matters possui, em documento que define as suas finalidades, o objetivo de desfazer o modelo ocidental de família com raízes judaico- cristãs. Além disso, Stott fundamenta a necessidade de “pensar” nas doutrinas fundamentais cristãs: criação, revelação, redenção e juízo divino, o que justifica a distinção do cristianismo. Brennise acrescenta que a Igreja deve refletir para dar resposta a questões sociais que estão pulsando no mundo. Ênio, por sua vez, frisa o trecho em que se aborda que a adoração dos salmos é um louvor com inteligência, fazendo-se menção do caráter e dos feitos de Deus. Brennise ainda reflete que os músicos e os universitários cristãos também são grupos que necessitam repensar acerca da entrega integral de suas vidas perante Deus, glorificando-o em todas as suas ações. Sara também contribui afirmando que, de fato, não se pode viver uma vida cristã apartada das demais atividades cotidianas. Marcelo Arrais desenvolveu que, assim como Paulo disse na Carta aos Romanos, não podemos nos apegar ao zelo sem uma devoção precedente. Stott advertiu que não se pode louvar a Deus sem o conhecermos, por isso, não podemos nos apegar a um culto mecânico, com louvores automatizados. Marcelo ainda criticou o espírito de pragmatismo (em detrimento da busca pelo essencial e transcendente) que é perceptível tanto nas investigações acadêmicas, em especial, as jurídicas, e nas congregações cristãs, as quais buscam, na pretensão de atrair membros mais jovens, alterar a sua liturgia e, até mesmo, questões doutrinárias. Com isso, deu-se por encerrada a reunião deste dia, relatada por Ênio Cidrão.