Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
LAGRO
GUIA PRÁTICO SOBRE RESÍDUOS DE
AMÁLGAMA ODONTOLÓGICO
Marca Ag Sn Cu In Zn Pt Pd
Pratic NG2 44,50 30,00 25,00
Pratic 68,00 27,00 5,00
Dispersalloy 70,00 17,50 12,00
Permite C 56,00 27,90 15,40 0,50 0,20
Velvalloy 70,00 26,00 3,00
Tytin 44,50 32,50 23,00
Logic + 60,10 28,05 11,80 0,05
Valiant PhD 52,50 29,50 17,50 0,50
Luxalloy 70,00 12,00 18,00
Duralloy S 45,00 24,00 21,00
Standlloy F 71,00 3,30 25,70
Standlloy SF 70,00 3,30 25,70 1
O mercúrio é o único metal que se encontra na forma líquida na natureza. Ele é extremamente volátil
liberando vapor metálico inodoro e incolor à temperatura acima de 12oC.
A utilização do mercúrio é grande, pois é utilizado em válvulas, baterias, interruptores, lâmpadas,
agrotóxicos, barômetros, cosméticos, tintas, catalisadores e em muitos outros produtos usados no dia a
dia.
O mercúrio causa prejuízo ao meio ambiente e nos seres vivos. O processo de contaminação do meio
ambiente ocorre por descuido na utilização deste metal e seu descarte inadvertido nos lixos, terra,
água e ar. Este metal é volátil à baixa temperatura e promove a contaminação das nuvens. As nuvens
contaminadas promovem, à longa distância, chuvas tóxicas. Assim, as águas contaminadas
depositam-se no solo, nos rios, lagos e oceanos.
Em muitas cidades brasileiras, as águas dos rios servem como fonte de abastecimento e, assim, a
população pode se intoxicar com mercúrio, caso o rio esteja contaminado.
Nos seres vivos, contaminação por mercúrio pode ocorrer pela ingestão, pelas vias respiratórias e por
contato cutâneo.
Muitas doenças têm como causa a contaminação por mercúrio (WINDHOLZ et al 1994; SAQUY et
al., 1997). O efeito do mercúrio na cavidade bucal pode provocar o sangramento gengival, a perda do
osso alveolar, a perda dos dentes, o excesso de salivação, o mau hálito, gosto metálico, leucoplasias,
estomatites e pigmentação nos tecidos.
Os efeitos sistêmicos causados pela contaminação do mercúrio podem ser assim resumidos: cardíacos,
respiratórios, neurológicos, imunológicos, adenopatias linfáticas, anorexia, perda de peso e dores
articulares.
Sabe-se que, durante o preparo do amálgama para realizar uma restauração, a sobra é de cerca de 30%
do que é amalgamado. Esta sobra é resultante do excesso manipulado bem como das raspas
produzidas pela escultura do amalgama. Em média, preparam-se 2 gramas de amálgama para realizar
uma restauração e a sobra corresponde, em, média a 30%, ou seja, 0,6 gramas.
Supondo que um dentista clínico realize 30 restaurações de amalgama por mês, ele produzirá 18
gramas/resíduo/mês e 216 gramas/resíduo/ano. Isto significa 108 gramas de mercúrio descartado no
meio ambiente.
Assim, para cada cidade que possui 1000 dentistas clinicando, os cálculos de contaminação do meio
ambiente são alarmantes, 216 gramas de resíduos x 1000 = 216000 gramas ano (216Kg), ou seja,
108000 gramas de mercúrio (108Kg). Se a projeção for realizada para 10 anos, a contaminação será
na ordem de 1080Kg de mercúrio jogado no meio ambiente. Esta projeção é para o futuro, porém, se
considerarmos que em nossa cidade a odontologia floresceu no século XIX, e durante todo o século
XX esse produto tóxico foi jogado no meio ambiente, a situação é grave.
Muito embora não podemos resolver o problema passado, pois não sabemos onde estão estes
resíduos, podemos, isto sim, cuidar deles de agora em diante. O passado pode ser justificado com
base na ignorância, mas o futuro não.
Em nossa Faculdade, somente nos primeiros meses de 2003, a clínica II produziu 781 gramas de
resíduo de amálgama. Nos anos de 2002/2003 o Laboratório de Gerenciamento de Resíduos
Odontológicos da FORP-USP reciclou 3366 gramas de resíduo, retirando, assim 1683 gramas de
mercúrio que seriam desprezadas no meio ambiente.
Em 1826, TAVEU, defendia o uso da “Pasta de Prata” para as restaurações dentais. Essa pasta era
constituída por uma simples combinação de prata e mercúrio. Para realizar o preparo da “pasta de
prata”, TAVEU empregava, como matéria prima, a moeda de prata. Essas moedas, na verdade, eram
preparadas com uma liga de prata e cobre. Assim, a composição química da limalha de amálgama
nasceu das ligas empregada por TAVEU, ou seja, as moedas.
A grande descoberta de TAVEU foi excelente para a sua época, mas os químicos do século XIX já
chamavam atenção para o efeito tóxico do mercúrio.
No século XX, vários autores chamaram atenção para o fato de que a permanência em ambiente
contaminado com vapores de mercúrio é prejudicial para o cirurgião-dentista, para o profissional e
para o pessoal auxiliar (RUPP & PAFFENBARGER, 1971; BAUER & FIRST, 1982; NILNER et al.
1985; ANDERSON, 1988).
ZIFF (1987) afirmou que ocorre, no paciente, a ingestão de mercúrio após a realização de uma
restauração de amálgama.
VIMY & LORSCHEIDER (1985) detectaram que a quantidade de mercúrio liberada de uma
restauração de amálgama variava de 2 a 20 mg por dia.
VIMY et al. (1990) observaram que as restaurações de amálgama realizadas em mulheres grávidas
promoviam a contaminação dos fetos em poucas horas, pois a placenta humana não impede a
passagem de mercúrio. Esses autores também observaram que o leite materno era contaminado com
mercúrio, logo após a realização de uma restauração com amálgama.
Os estudos realizados sobre o amálgama odontológico têm-se direcionado para uma melhor forma de
evitar a contaminação do consultório e a melhor maneira de manipular o trabalho com mercúrio.
SAQUY & PECORA (1996) ressaltam que alguns cuidados devem ser tomados, tais como: a) evitar
derrame de mercúrio no piso e nos móveis do consultório; b) manipulação com mão enluvada, uso de
máscara e de óculos; c) consultório dotado de alta exaustão; d) reduzir a relação mercúrio/limalha; e)
não utilizar amalgamadores com fuga de mercúrio; f) não utilizar condensadores automáticos; g)
evitar falha no sistema de alta sucção do consultório. h) uso de alta sucção durante a remoção de uma
restauração e utilizar brocas novas e água gelada para este procedimento
Porém, cabe aqui ressaltar que o mercúrio é um material altamente tóxico, logo, todos os cuidados
devem ser tomados, uma vez que, infelizmente, ele é utilizado como material restaurador.
Cuidados importantes:
3- Uso de isolamento absoluto para evitar queda de amálgama na cavidade bucal. Nota: a mucosa do
assoalho da cavidade bucal é altamente permeável
2- Uso de brocas novas para cortar mais rápido e gerar menor aquecimento;
3- Uso de água gelada no reservatório do alta rotação, pois se a temperatura for abaixada, menos
mercúrio é emanado da restauração;
4- Uso de máscara, tanto para o profissional, pessoal auxiliar, como para o paciente;
5- Uso de sucção de alta potência durante o processo de remoção da restauração para que o mercúrio
emanado não entre em contato com as pessoas e permaneça no consultório.
Cápsulas de Amálgama:
PÉCORA et al. (2002) demonstraram, com base em análise química qualitativa, que as cápsulas de
amálgama não podem ser descartadas no meio ambiente, pois elas estão contaminadas com mercúrio.
As cápsulas devem ser estocadas e encaminhadas para um laboratório de recuperação de resíduos
químicos.
Amalgamadores mecânicos:
Os amalgamadores mecânicos foram desenvolvidos para auxiliar o profissional nas atividades
clínicas. Há diferentes tipos de amalgamadores mecânicos, porém o melhor é o que não permita o
vazamento de vapores de mercúrio e ou mercúrio metálico. Assim, observe, com atenção, se o seu
amalgamador apresenta vazamento. Caso isto ocorra, tome as seguintes precauções:
2- Remova o mercúrio que vazou e que possa estar sobre os móveis e ou piso. Os métodos de
remoção do mercúrio estão explicados neste manual.
Nota: Não coloque, em seu consultório, piso de carpete, pois este tipo de piso pode reter o mercúrio e
dificultar, sobremaneira, sua remoção.
Objetivos específicos:
1- Remoção do mercúrio e da prata contidos nos resíduos de amálgama odontológico;
5- Minimizar os riscos à saúde dos seres vivos expostos ao mercúrio contido nos resíduos de
amálgama odontológicos;
7- Buscar parcerias com outras instituições Odontológicas e Serviços Municipais de Saúde, visando a
recuperação do mercúrio e da prata dos resíduos odontológicos;
10- Estabelecer, com a Diretoria da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto, os custos dos
processos de reciclagem.
2 - O resíduo de amálgama, para ser armazenado, deve estar isento de algodões, gazes, palitos,
lâminas de matriz de aço e quaisquer outros tipos de contaminante. Os profissionais e alunos devem
ser orientados para armazenar os resíduos de amálgama de tal forma, que sua recuperação seja menos
dispendiosa e mais rápidos possível.
3 - Os vidros que contém o mercúrio, bem como a tampa e o batoque, devem ser enviados para o
Laboratório de reciclagem a fim de ser tratados e eliminar possíveis contaminações com mercúrio;
4- A borracha, do isolamento absoluto, deve ser descartada como material cirúrgico e deve evitar sua
contaminação com mercúrio.
Caso o mercúrio caia no piso, removê-los com uma folha de papel bem fina ou com uma seringa Luer
e depositá-los em recipiente apropriado e, em seguida, enviar o recipiente ao LAGRO. Use luva para
a operação.
Caso fique, ainda, mercúrio no piso, recobri-lo com pó de enxofre ou óxido de zinco, e depois coletá-
lo e providenciar o envio do material para o LAGRO.
3 - Lavar o piso com água e sabão e em seguida encerá-lo. A cera impede a retenção do mercúrio no
piso.
NOTA: O mercúrio do piso pode aderir à sola do sapato e, assim, pode ser transportado para outros
locais e expor outras pessoas aos efeitos tóxicos deste produto.
“Todo funcionário responsável tem o dever de conhecer e compreender o risco que pode estar
envolvido nas operações que realiza”
Grupo B – (Químicos) – resíduos contendo substâncias químicas que aresentam risco à saúde
pública ou ao meio ambiente, independente de suas características de inflamabilidade, corrosividade,
reatividade e toxicidade.
Manejo:
B1) Medicamentos – de acordo com a Vigilância Sanitária Municipal
Grupo D – são todos os resíduos gerados nos serviços de saúde que não estão explicitados nos
grupos anteriores.
Exemplo: gesso; luvas; esparadrapos; algodão; gazes; compressas; embalagens em geral e, ainda,
quaisquer materiais passíveis de reciclagem.
Manejo: de acordo com a Vigilância sanitária e ou serviço de limpeza municipal. Para sua
armazenagem e coleta colocar esses produtos em recipiente com cores estabelecidas:
Grupo E – Perfurocortantes – são todos os objetos e instrumentos contendo cantos, bordas, pontos
ou protuberâncias rígidas e agudas capazes de cortar ou perfurar.
Exemplo: Lâminas de bisturi; lâminas de barbear; agulhas; ampolas de vidro; lâminas e lamínulas de
microscópio, etc.
Nosso planeta é pequeno e quaisquer danos em uma de suas partes, acarretará danos em todo o
sistema, pois tudo é interligado e de forma holística. Tudo é uma teia de eventos interligados. Você
não é exceção e nem é sozinho no universo. Ajudando a manter o planeta livre de contaminação você
estará contribuindo para o futuro das espécies e de seus descendentes.
O endereço do Lagro é:
Telefone 16 6024145
e-mail pecora@forp.usp.br
Referências bibliográficas
ANDERSON, M.H. Mercury leakage during amalgam trituration. Oper. Oper. Dent. 1988 autumn; 13
(4); 185-190.
BAUER, J.G.; FIRST, H.A. The toxicity of mercury in dental amalgam. J. Calif. Dent. Assoc. 1982
jun,; 10 (6) : 47-61
ELIZAUR BENITEZ, A.B.C.; FULLER, J.B.; SALGADO, P.E.; GABRIELLI, F.; DINELLI, W.;
GABRIELLI, A.P.R. Amalgama dental: estudo “ in vitro ”da liberação de mercúrio, através de
espectrofotometria de absorção atômica, em função do tipo de ligas, polimento e tempo. Ver. Odontol.
Univ. São Paulo 1995 jan./mar.; 9 (1): 39-43.
NILNER, K.; AKERMAN, S.; KLINGE, B. Effect of dental amalgam restoration on the mercury
content of nerve tissues. Acta Odontol. Scand. 1985 Oct.; 43(5): 303-307.
PECORA, J.D.; SILVA, R.G.S.; SOUZA, R.ª; GUIMARÃES, L.F.L.; SHUHAMA, T.: Reciclaje de
los resíduos de amalgama dental mediante la recuperatión de mercúrio y plata. Ver. FOLA 4(14):234-
237, dec. 1998.
PÉCORA, J.D.; GUIMARÃES, L.F.L.; SPANO, J.C.E.; BARBIN, E.L.; SILVA, R.S.da Análise
qualitativa da presença de mercúrio em cápsulas de amálgama utilizadas. Robrac, vol.11, p.27-29,
2002.
RUPP, N.W.; PAFFENBARGER, G.C. Significance to health of mercury used in dental pratice: a
review. –J. Am. Dent. Assoc. 1971 jun.; 82(6): 1401-1407.
SAQUY, P.C.; PÉCORA, J.D. Orientação profissionaç em Odontología. São Paulo: Santos, 1996.
67p.
TAVEU, M. History of dental and oral science in America, prepared under direction of the American
Academy of Dental Science. Philadelphia, 1826.
WINDHOLZ, M.; BUDAVARI, S.; BLUMETTI, R.F.; OTTERBEIN, E.S. Merck index . 10. ed.
New Jersey: Merck & Co., 1983: 842.
Ziff, S. Silver dental fillings : the toxic time bomb. São Paulo: Veja Luz, 1987.
WebMasters
Atualizada em 15/08/2003
RETORNA AO LAGRO