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PREFEITURA MUNICIPAL DE NOVO HORIZONTE DO SUL-MS

SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO


ESCOLA MUNICIPAL EDUARDO PEREIRA CALADO

PROFESSOR: Davi Nilo de Jesus


DISCIPLINA: Língua Portuguesa
COORDENADORA: Andrea Araújo
ESTUDANTE:
ANO: 9º ANO TURMA: B TURNO: VESPERTINO PERÍODO: 3º BIMESTRE
DEVOLUTIVA DAS ATIVIDADES: 30/07/2021
OLIMPÍADA DE LINGUA PORTUGUESA

Querido(a) estudante, estamos participando da Olimpíada da Língua


Portuguesa e o tema para o 9º Ano é “Crônica Literária”.

Todo o material abaixo você já viu em nossa ultima atividade do 2º Bimestre, agora você vai
produzir sua crônica.

Leia com atenção, novamente, o que é crônica e a crônica de Tiago Germano e mãos-a-obra.
Qualquer dúvida estarei à disposição, vamos construir juntos.

Abraço, Bom Trabalho.


Prof. Davi

OLIMPÍADA DE LINGUA PORTUGUESA

CRÔNICA
Será que você sabe o que é crônica mesmo ou confunde o gênero com outros tipos de texto?
Neste artigo, você vai tirar a prova.
Acompanhe até o final e descubra tudo sobre o assunto!

O que é crônica?
A crônica é um gênero textual muito presente em jornais, revistas, portais de internet e blogs.
Esse tipo de texto se destaca por abordar aspectos do cotidiano.
Ou seja, questões comuns do nosso dia a dia.

Quais as características da crônica?


A crônica se situa entre o jornalismo e a literatura.
Além da narração de situações banais, ela é caracterizada por:
- Textos curtos e de fácil compreensão
- Linguagem simples e descontraída
- Poucos (ou nenhum) personagens nas histórias
- Análise crítica sobre contextos e circunstâncias
- Humor crítico, irônico e sarcástico
- Linha cronológica estabelecida.

Para que serve uma crônica?


Embora as crônicas retratem acontecimentos do dia a dia, elas não têm a finalidade exclusiva de
informar. O objetivo da narrativa é, na verdade, provocar uma reflexão sobre o assunto
abordado. Os cronistas costumam identificar aspectos que, muitas vezes, passam despercebidos
pelo restante da sociedade, mas que merecem observação e análise.
Quais são os tipos de crônicas?
A crônica é um gênero textual que pode ser dividido em diferentes tipos.
Conheça as características de cada um deles:

Crônica descritiva
A crônica descritiva é tipificada pela descrição dos elementos na narrativa.
Ou seja, é um texto que expõe os detalhes de objetos, lugares, personagens e demais partes.

Crônica narrativa
Esse tipo de crônica é marcado pela narração em primeira ou terceira pessoa do singular.
Ele costuma conter humor, ação e crítica.

Crônica dissertativa
A crônica dissertativa pode ser escrita em primeira ou terceira pessoa do plural.
Ela traz à tona o ponto de vista do autor sobre o assunto em foco.

Crônica humorística
Humor, ironia e sarcasmo são os componentes da crônica humorística.
Diferentes abordagens e estratégias podem ser adotadas nesse tipo de texto para tratar dos temas
que impactam a sociedade de forma cômica.

Crônica lírica
No gênero lírico, a expressão de emoções é predominante. A crônica lírica, portanto, evidencia o
sentimentalismo.

Crônica poética
A crônica poética utiliza versos poéticos em sua composição.
Dessa forma, além de traços de poesia, também contém sentimentos e emoções.

Crônica narrativo-descritiva
Esse tipo de crônica combina a narrativa e a descritiva.

Crônica jornalística
A crônica jornalística tem um viés do texto jornalístico no que diz respeito à veiculação de
notícias e fatos. Dessa forma, busca abordar acontecimentos atuais, do mesmo dia ou semana,
por exemplo.

Crônica histórica
Ao contrário da crônica jornalística, que destaca eventos recentes, a crônica histórica relembra
episódios passados.

Crônica-ensaio
Diferente das demais crônicas, esta é difícil de prever pelo nome.
A crônica-ensaio tece críticas ao que acontece nas relações sociais e de poder.

Crônica filosófica
Por fim, a crônica filosófica que carrega uma reflexão sobre determinado assunto.

Fonte: <<https://ead.pucpr.br/blog/o-que-e-cronica>>

Leia a crônica

O papa vai ao banheiro?


Tiago Germano

No terceiro mês do catecismo, o padre nos deu a chance esperada: depois de doze
semanas de aulas e de leituras bíblicas, tão pouco frequentadas quanto pouco entendidas,
podíamos perguntar o que quiséssemos.
Fui o primeiro a erguer o braço. O padre, encanecido, pediu que eu me levantasse. Com a
coragem que hoje, nos eventos de que participo, procuro, mas não acho, arranquei do fundo da
alma a dúvida atordoante: “Padre, o Papa vai ao banheiro?”
A morte de João Paulo II, em meio à comoção mundial gerada pelo seu funeral, em
2005, me trouxe de volta essa lembrança distante. Junto com ela, o medo que eu sentia na
infância daquele homem, do quadro que minha avó conservava pendurado ao lado da imagem de
Jesus.
Eu não sabia a diferença entre Jesus e Deus. Minha avó tentou me explicar que Jesus não
era Deus, mas que também podia ser. Que foi humano por 33 anos, mas que depois que morreu
virou uma pomba. Nesse dia, descobri que o Papa tinha um papamóvel (o que fazia dele quase
um herói de história em quadrinho) e que, se o Papa comia, ele também tinha que ir
obrigatoriamente ao banheiro. A minha avó só não conseguiu me esclarecer por que João Paulo
II lia os discursos tão devagar, como se não tivesse passado da alfabetização, ele que, segundo
ela, era um dos homens mais inteligentes do mundo, sabia todas as línguas faladas por todos os
povos. Na verdade, continuei com um medo brutal do Papa. Todos choravam quando se
aproximavam dele.
Nunca imaginei, por exemplo, o Papa jovem, até que vi uma foto dele um pouco mais
novo do que eu era naquela época. Careca, como sempre. Branco, como sempre. Mas humano,
sem a aura de santidade que tanto me assombrava. Décadas depois, quando o vi ali, morto,
estendido aos olhos da multidão, compreendi que a humanidade do Papa estava muito além das
minhas cogitações infantis.
Ainda hoje me pego imaginando o Papa no banheiro, as vestes santas despidas do corpo
enorme, e rio o riso proibido do catecismo. A última imagem que guardarei do Papa João Paulo
II, o único e verdadeiro Papa da minha geração, é a de sua dor, que o igualou a cada ser humano
neste planeta. Uma dor como a de Jesus, que era humano mas que também era Deus. E que
talvez também fosse ao banheiro, mas só de vez em quando.

Demônios domésticos. [S. l.]: Le Chien, 2017

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