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Kaṭha-upaniṣad, VI: 15
As maiores nāḍīs
Fora as milhares de nāḍīs que constituem a estrutura prânica, que incluem todos
os maiores e menores fluxos, setenta e duas são consideradas importantes. Fora
estas setenta e duas, dez são consideradas mais importantes. Entre estes dez
maiores fluxos prânicos, três são os principais: iḍā, piṅgalā e suṣumṇā. Estas
três nāḍīs principais se situam ao longo da coluna vertebral e perpassam cada
um dos cakras. Iḍā-nāḍī é o canal da energia mental, piṅgalā-nāḍī é o canal da
energia vital e suṣumṇā-nāḍī é o canal da energia espiritual. Estes são os três
principais canais para distribuição da energia por toda estrutura prânica. A carga
máxima de prāṇa flui através delas e seu impacto no organismo é imediato. Elas
são os fios de alta voltagem que conduzem a energia das subestações (cakras)
situadas ao longo da coluna vertebral para todas as outras nāḍīs.
Após o mūlādhāra, existem cinco cakras através dos quais as nāḍīs perpassam.
O primeiro é o swādhisṭhāna, que está localizado na terminação da coluna
vertebral ou plexo coccídeo, onde piṅgalā cruza para esquerda. O segundo é
o maṇipūra, que reside atrás do abdômen (umbigo), na parede interior da coluna
espinhal. Aqui, no plexo solar, piṅgalā cruza para direita. O terceiro é o anāhata,
localizado na parede interior da coluna espinhal, exatamente atrás do coração.
Aqui, no plexo cardíaco, piṅgalā cruza para esquerda. O quarto cakra é
o viśuddhi, localizado atrás da cavidade da garganta, no plexo cervical,
onde piṅgalā cruza para direita. O quinto é o ājñā-cakra, localizado na medula
oblonga, no mesencéfalo, onde piṅgalā termina. Iḍā segue um caminho similar,
mas do lado oposto. Na medida em que iḍā e piṅgalā se cruzam em cada cakra,
a corrente de energia gerada é distribuída por toda estrutura de nāḍīs e demais
órgãos e partes do corpo. Neste caminho, as nāḍīs carregam estas duas forças
opostas para cada célula, órgão e demais partes do corpo.
Iḍā governa o lado esquerdo do corpo e piṅgalā o direito. Isso pode ser explicado
fazendo uma analogia ao ímã. Se um ímã for partido ao meio, ambas as partes
assumem polaridades opostas. Similarmente, o corpo é polarizado, na medida
em que iḍā governa o lado esquerdo e piṅgalā o lado direito. O eixo central
de iḍā e piṅgalā é suṣumṇā. Esta nāḍī é o caminho místico do Yoga que flui
entre iḍā e piṅgalā. Suṣumṇā ascende para o alto por dentro da coluna, se
encontrando com iḍā e piṅgalā nos pontos onde elas se cruzam nos cakras e
finalmente se unindo a elas no ājñā-cakra.
Iḍā e piṅgalā estão conectadas com o fluxo de ar que passa através das narinas.
Se você checar o fluxo de ar pelas narinas, notará que uma está mais aberta do
que a outra. Quando o fluxo de ar é mais forte pela narina esquerda, isso indica
que iḍā está predominante; quando o fluxo é mais forte pela narina direita, isso
indica que piṅgalā está predominante. Quando se está dormindo ou em um
estado de sonolência, a narina esquerda está fluindo com mais intensidade.
Quando se está fisicamente ativo, a narina direita flui com mais intensidade.
Observando este fenômeno, os yogīs projetaram técnicas respiratórias para
regular o fluxo de iḍā e piṅgalā (e conseqüentemente suṣumṇā) a fim de
intensificarem a experiência do corpo prânico.
Em cada nodo de iḍā e piṅgalā existe uma concentração de energia que forma
padões vibratórios que pulsam em um plano horizontal. Estes nodos são
os cakras, campos de força que se expandem e contraem, dependendo da
atividade física e mental. Quando existe uma intensidade energética
entre iḍā e piṅgalā, os cakras se manifestam na forma de luz e som. Esta
manifestação ocorre em menor proporção na respiração normal, mas em
grandes proporções durante as práticas de prāṇāyāma tais como nāḍī-
śodhana e durante a meditação. Enquanto iḍā e piṅgalā conduzem energia
mental e física, suṣumṇā conduz uma forma superior de energia cósmica. As
energias prânica e mental são finitas, a energia proporcionada por suṣumṇā é
infinita.
O propósito do yoga
O despertar do prāṇa
Após os prāṇas terem sido despertos, o praticante está preparado para executar
as práticas de prāṇa-vidyā. Ele deve ser capaz de dirigir o prāṇa quando
necessário, não apenas dentro do seu próprio corpo, mas também o poder
onipresente manifesto a partir do qual todas as energias se originam. O
adepto yogī pode retrair o prāṇa de qualquer área do corpo para que ela suporte
o calor, frio ou qualquer outra sensação. Da mesma maneira, ele pode enviar
o prāṇa para qualquer área do corpo e torná-la supersensível. Ele pode
enviar prāṇa aos olhos e ver distantes objetos, ao nariz e experienciar aromas
divinos, ou a língua e saborear paladares imaculados. O yogī utiliza a energia
cósmica, disponível a todos, para criar mudanças nos padrões do corpo, mente
e consciência. O despertar desta energia prânica indica a evolução
do prāṇamaya-kośa, por meio do qual ele é capaz de ir profundamente e se
estabelecer nos estados meditativos superiores.