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AMBIENTES E

COMUNIDADES VIRTUAIS
DE APRENDIZAGEM

Autoria:Ranieri Alves dos Santos

UNIASSELVI-PÓS
Programa de Pós-Graduação EAD
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090

Reitor: Prof. Hermínio Kloch

Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol

Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD:


Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Jóice Gadotti Consatti
Norberto Siegel
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Marcelo Bucci

Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais

Diagramação e Capa:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Copyright © UNIASSELVI 2019


Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
UNIASSELVI – Indaial.

SA237a

Santos, Ranieri Alves dos

Ambientes e comunidades virtuais de aprendizagem. / Ranieri


Alves dos Santos. – Indaial: UNIASSELVI, 2019.

130 p.; il.

ISBN 978-85-7141-317-7
1. Comunidades virtuais - Aprendizagem. - Brasil. II. Centro Univer-
sitário Leonardo Da Vinci.

CDD 371.334

Impresso por:
Sumário

APRESENTAÇÃO...........................................................................05

CAPÍTULO 1
Ambientes Virtuais de Aprendizagem.........................................07

CAPÍTULO 2
Comunidades Virtuais de Aprendizagem...................................51

CAPÍTULO 3
Plataformas Abertas de Aprendizagem.....................................87
APRESENTAÇÃO
As Tecnologias da Informação e Comunicação - TIC - evoluíram junto ao
meio educacional. Atualmente, mesmo as mais simples instituições já conseguem
utilizar tecnologias na sala de aula para potencializar os processos de ensino e
aprendizagem na era digital. As novas gerações de alunos, os “nativos digitais”,
já nasceram conectados, com acesso à internet, redes sociais e cercados por
dispositivos computacionais móveis. A educação a distância (EAD) vem atender
esta e outras demandas, unindo alunos e professores separados pelo espaço
e pelo tempo em ambientes tecnológicos multimídia, conectados pelas novas
tecnologias de telecomunicação de forma on-line em salas de aula virtuais.

No entanto, a EAD não busca apenas atender cursos on-line e instituições


a distância. As tecnologias de EAD podem também suprir as necessidades e
ampliar os horizontes em outros modelos educacionais. Neste livro, vamos discutir
sobre as aplicabilidades dos ambientes e comunidades virtuais de aprendizagem
no âmbito de curso presenciais, a distância e híbridos.

No Capítulo 1, vamos conhecer a EAD, seus fundamentos e aplicações.


Discutiremos um pouco sobre casos de uso da EAD ao redor do Brasil e do mundo
para então conhecermos mais sobre os ambientes virtuais de aprendizagem, os
AVAs, das instituições de ensino. Vamos estudar sobre as principais ferramentas
de um AVA e sobre como aplicá-las em sala de aula. Conheceremos neste capítulo
também, os principais modelos de AVA disponíveis no mercado, com um exemplo
prático de como criar sua própria sala de aula virtual.

No Capítulo 2 discutiremos sobre o conceito de comunidades virtuais de


aprendizagem, para isso, vamos estudar sobre o termo comunidade, sua aplicação
na sociedade em geral e ao final, sua aplicação como comunidade de aprendizagem.
Vamos discutir sobre aprendizagem colaborativa, inteligência coletiva e também
sobre como as comunidades virtuais de aprendizagem se relacionam com os
AVAs. Ao final do capítulo vamos trabalhar sobre como as comunidades virtuais de
aprendizagem podem colaborar no ensino híbrido e na sala de aula invertida.

Já no último capítulo, vamos estudar sobre a educação aberta, os processos


abertos, livres e flexíveis de ensino e aprendizagem. Para isso, vamos conhecer
as aplicabilidades atuais do uso das redes sociais na educação, com exemplos
de diversas redes aplicadas no meio escolar e sua correlação com a educação
aberta. Após isso, vamos conhecer os recursos educacionais abertos, discutindo
sobre o quê são, como encontrá-los, como criá-los e como compartilhá-los.

Bons estudos!
C APÍTULO 1
Ambientes Virtuais de Aprendizagem

A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes


objetivos de aprendizagem:

� Compreender as potencialidades da educação a distância para a sociedade


atual.

� Identificar as características dos diferentes tipos de ambientes de aprendizagem.

� Utilizar as ferramentas disponíveis nos ambientes de aprendizagem.

� Criar estratégias utilizando ambientes virtuais para o apoio didático.


Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem

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Capítulo 1 Ambientes Virtuais de Aprendizagem

1 Contextualização
Mais do que um simples sistema na internet com conteúdos educacionais,
os ambientes virtuais de aprendizagem são plataformas completas para a
operacionalização de cursos no âmbito do ensino a distância. E o que seria o
ensino a distância? Estando em um sistema educacional, tratamos não apenas
de ensino, mas, sim, de ensino com aprendizagem, sendo assim, caracterizamos
os processos de ensino e aprendizagem a distância como Educação a Distância.

Ao longo do último século, a educação a distância evoluiu, geração a


geração, tanto no Brasil, quanto nos outros países. A educação a distância como
conhecemos hoje é o fruto de décadas de trabalho utilizando as diferentes mídias
para prover a educação a distância, que não necessariamente esta ligada apenas
a cursos on-line, mas, sim, a todo o meio educacional.

Grandes instituições investem consideráveis recursos na modernização e


operação de ambientes virtuais de aprendizagem, porém, com a evolução das
tecnologias da informação e comunicação, é possível hoje, criar ambientes de
aprendizagem com poucos recursos. É papel do educador não apenas projetar o
ambiente de EAD, mas também mantê-lo, monitorá-lo e moderá-lo.

Neste capítulo, conheceremos um pouco sobre a caracterização dos


ambientes virtuais de ensino e aprendizagem, bem como seus diferentes tipos.
Vamos nos aprofundar sobre as potencialidades da educação a distância e
suas gerações frente aos desafios da sociedade atual. Conheceremos, ainda,
as abordagens metodológicas, recursos e ferramentas dos ambientes virtuais
aplicados a EAD e aprenderemos sobre como utilizar estas ferramentas e como
criar o nosso próprio ambiente virtual de aprendizagem para o apoio didático.

2 Educação a Distância
A educação a distância (EAD) é um paradigma educacional baseado na
transposição das barreiras geográficas e temporais, ou seja, a EAD se propõe
a fornecer a educação onde, por exemplo, estejam distantes do campus de uma
universidade, ou longe de uma instituição que ministre aulas da sua área de
conhecimento desejada, poderão também estudar via EAD, eliminando assim a
barreira geográfica (VIANEY, 2003; PALLOFF; PRATT, 2002; MORAN, 2005).

Quanto ao termo EAD, quando tratamos de iniciativas de educação,


envolvemos não apenas o conceito de aprendizagem, mas também de ensino.
Por isso, o uso da terminologia “educação a distância” serve para abrigar todos

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Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem

os processos, visto que “educação” é a junção de “ensino e aprendizagem”. Desta


forma, a EAD não é acidental, nem baseada em simples atividades informais
pela internet, ou utilizando as mídias. O ensino e aprendizagem a distância é
necessariamente intencional, baseado em pressupostos e planejado, assim como
na educação presencial (MOORE; KEARSLEY, 2011).

Educação a Educação a distância é o aprendizado planejado que ocorre


distância é o normalmente em um lugar diferente do local do ensino, exigindo técnicas
aprendizado especiais de criação do curso e de instrução, comunicação por meio
planejado que de várias tecnologias e disposições organizacionais e administrativas
ocorre normalmente
especiais (MOORE; KEARSLEY, 2011).
em um lugar
diferente do local
do ensino, exigindo Ainda, indivíduos que possuem agendas de trabalho complexas,
técnicas especiais que trabalham em várias cidades e que empreendem constantes
de criação do curso viagens, enfrentariam grandes dificuldades participando de aulas que
e de instrução, não sejam a distância. Assim, a EAD é solução também para estes
comunicação por
casos, eliminando a barreira tempo, fornecendo uma formação flexível.
meio de várias
tecnologias e
disposições Atualmente, é comum associar a EAD ao uso da internet, dos vídeos
organizacionais on-line e das ferramentas da tecnologia da informação. No entanto,
e administrativas a EAD é mais antiga do que isso, este paradigma é anterior ao uso da
especiais (MOORE; informática (LITWIN, 2001). Na realidade, qualquer modalidade de ensino
KEARSLEY, 2011).
que flexibilize a relação geográfica e temporal entre o aluno e a instituição
pode ser considerada como EAD, como exemplo, a educação por correspondência.

No Brasil, a educação por correspondência já existia há mais de 100 anos.


Algumas instituições de ensino, por volta de 1904, forneciam cursos básicos de
algumas áreas profissionalizantes por correspondência. Na sequência, surgiram ainda
instituições como o Instituto Monitor e o Instituto Universal Brasileiro, atuando desde a
década de 1940 até hoje com modelos de EAD baseados em correspondência.

Já na década de 1960, como consequência da educação postal, o próximo


passo da EAD foi utilizar o rádio. Iniciativas como o projeto Minerva, ligadas ao
governo brasileiro trouxeram o uso da radiodifusão como mídia para propagar a
educação no país.

Seguindo a natural convergência das mídias, as iniciativas de EAD


transferiram seus esforços para a televisão. Na década de 1970, entidades
governamentais, instituições de ensino e outras esferas da sociedade organizaram
cursos supletivos a distância, utilizando a televisão como meio de difusão. Estas
iniciativas geraram o que hoje conhecemos como Telecurso, seguidas por diversas
outras, que utilizam canais públicos, emissoras educativas, canais privados e
transmissões via satélite para aproximar o aluno e a instituição de ensino.

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Capítulo 1 Ambientes Virtuais de Aprendizagem

Após tratarmos destas gerações, podemos expor o uso das tecnologias da


informação e da internet na EAD. Com o uso da internet, dos streamings de vídeo
e dos sistemas de navegação entre páginas, a EAD encontrou uma nova geração,
tanto para a produção de conteúdo, como para distribuição e compartilhamento,
graças aos avanços nas telecomunicações no país com o início da popularização
do acesso a redes de computadores, por volta de 1995.

A atual geração, iniciada nos anos 2000, a do e-learning, se utiliza de todas


as outras conquistas das gerações anteriores, integrando o acesso à internet,
à comunicação bidirecional, aos streamings de vídeo, às videoconferências e,
até mesmo, ao envio de material didático por correio convencional ou eletrônico
para desenvolver abordagens digitais baseadas nos ambientes virtuais de
aprendizagem (AVA). Essa geração, por exemplo, permite que instituições de
ensino compartilhem conhecimento com todo o mundo a partir de ambientes de
ensino próprios, unindo as mídias atuais e os dispositivos de acesso no meio
educacional.

Streaming é uma tecnologia de multimídia pela internet, na qual é Streaming é uma


possível visualizar arquivos de mídia em alta qualidade enquanto estes tecnologia de
são baixados para o computador, não necessitando o download prévio. multimídia pela
Isso é possível pois as tecnologias de streaming dividem os grandes internet, na qual é
possível visualizar
arquivos de mídia em pequenos pacotes que são baixados em paralelo
arquivos de mídia
com a exibição. Aplicativos como o Spotify e o Deezer são sistemas em alta qualidade
de streaming de áudio, já aplicativos como o YouTube e o Vimemo são enquanto estes
sistemas de streaming de vídeo. são baixados para
o computador, não
Se enquadram na quarta e atual geração de EAD no Brasil as necessitando o
download prévio.
iniciativas baseadas em sistemas de ensino pela web, aplicativos
Isso é possível pois
móveis de aprendizagem, ambientes multimídia imersivos, como a as tecnologias de
realidade virtual, entre outras mídias. A própria forma com que você streaming dividem
está estudando no momento demonstra as potencialidades da geração os grandes arquivos
de educação por ambientes interativos, visto que este material está de mídia em
disponível em forma impressa e digital, em um ambiente de ensino e pequenos pacotes
que são baixados
aprendizagem virtual a distância.
em paralelo
com a exibição.
Agora, retornaremos ao conceito de EAD, que seria de prover Aplicativos como o
o ensino onde o aluno e a instituição consigam interagir mesmo Spotify e o Deezer
separados no espaço ou no tempo. Neste sentido, um aluno por são sistemas
correspondência poderia estudar mesmo não estando na mesma de streaming de
áudio, já aplicativos
cidade da instituição, no seu próprio tempo.
como o YouTube
e o Vimemo são
sistemas de
streaming de vídeo.

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Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem

O termo E-learning corresponde a “ensino eletrônico” no


âmbito da EAD, mas já há outras vertentes do termo, que buscam
caracterizar as novas formas de ensino:

M-learning (mobile learning): ensino móvel - caracteriza o uso de


dispositivos móveis na educação, como tablets e celulares.
T-learning (television learning): ensino via TV - utiliza a plataforma
de televisão digital e interativa para aplicações educacionais.
B-learning (blended learning): ensino misturado - envolve o uso de
aspectos a distância no ensino presencial ou aspectos presenciais
no ensino a distância, misturando ambos os paradigmas.
U-learning (ubiquitous learning): ensino ubíquo - é o ensino
onipresente, em que se utiliza todos os dispositivos disponíveis no
dia a dia do indivíduo para potencializar a aprendizagem.

FONTE: <http://blog.elore.com.br/entendendo-os-
learnings-da-vida>. Acesso em: 2 dez. 2018.

Entretanto, um aluno de educação por rádio ou por televisão até consegue


estudar estando separado geograficamente da instituição, porém, ele deve estar
disponível para assistir no momento da transmissão, não permitindo assim a
flexibilização do tempo do aluno.

Na educação por internet e por ambientes interativos, dependendo da


modalidade, se for um streaming que não ficará gravado posteriormente, por
exemplo, o aluno também precisará dispor de um tempo rígido para participar da
atividade. Assim, ao tratar da transposição do tempo entre alunos e instituições,
deve ser levada em conta a interação entre estes, que pode ser síncrona ou
assíncrona (MILL; RIBEIRO; OLIVEIRA 2010).

Na interação síncrona, os pares estão dispostos no mesmo espaço


temporal. A interação ocorre unicamente em um momento, sendo assim,
todos os envolvidos, para participarem da atividade devem estar disponíveis
simultaneamente. As iniciativas de educação por transmissão via satélite ao
vivo, por exemplo, são síncronas, pois a instituição transmite a aula e o aluno
deve estar disponível para participar da referida aula naquele momento. Mesmo
havendo uma reprise futura da aula, ainda assim há a necessidade do aluno
participar da atividade em uma data e hora específica, exigindo uma sincronia
entre ambas as partes.

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Capítulo 1 Ambientes Virtuais de Aprendizagem

Na interação assíncrona, as ferramentas permitem que os envolvidos não


participem da atividade no mesmo momento. Assim, há uma flexibilização do
tempo, onde a instituição distribui os materiais por um determinado canal, seja via
postal ou via internet e os alunos participam das atividades no momento em que
acharem oportuno, sem uma efetiva sincronia temporal.

Para facilitar a compreensão, podemos organizar a EAD no Brasil por


gerações, de acordo com o Quadro 1.

QUADRO 1 - GERAÇÕES DO EAD NO BRASIL

Época Geração Descrição Interação


Instituto Monitor, Instituto
Educação por Universal Brasileiro,
1900 Assíncrona
Correspondência Formações Básicas de
Instituições de Ensino
Projeto Saci, Projeto Minerva
Educação por
1960 Telecurso 2000, Canais Síncrona
Rádio e TV
Educativos
Sistemas de Streaming,
Educação por Assíncrona/
1995 Correio Eletrônico, Sistemas
Internet Síncrona
Multimídia
Educação por Ambientes Virtuais de
Assíncrona/
2000 Ambientes Aprendizagem, Instituições
Síncrona
Interativos Virtuais, Realidade Virtual

FONTE: O autor.

Esta última geração, baseada na internet, tornou massiva a presença da


EAD na sociedade. Na atualidade, modelos de EAD podem ser vivenciados
em diversos setores, não apenas no puramente educacional. Treinamentos
corporativos, manuais de equipamentos, comunidades de estudos independentes
e diversas outras iniciativas costumam utilizar modelos de EAD para prover suas
atividades instrucionais.

Atualmente, grandes universidades ao redor do mundo adotam modelos de


EAD em seus cursos regulares, seja em programas exclusivamente a distância
ou utilizando o EAD como apoio aos modelos presenciais. Diversas destas
instituições disponibilizam, ainda, suas aulas em ambientes de ensino a distância
para que a sociedade em geral assista as aulas, faça atividades e, em alguns
casos, até emita o seu certificado.

Um exemplo é a “The Open University”, uma universidade pública do Reino


Unido, fundada em 1969, que atua unicamente com cursos a distância em nível de

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Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem

graduação, MBA e mestrado. A instituição possui espaço físico comum para os alunos
participarem de pesquisas e reuniões, mas as aulas são todas no modelo EAD.

FIGURA 1 - CAMPUS DA THE OPEN UNIVERSITY

FONTE: <http://www.openuniversity.edu/>. Acesso em: 2 dez. 2018.


Dado o ano de fundação da The Open University, em 1969, é visível que o


conceito de Universidade Aberta (Open University) não é novo. Na realidade,
Moore e Kearsley (2011) quando dividem as gerações do ensino a distância em
nível mundial, expõem que após o uso do rádio e da TV na EAD, as instituições de
ensino superior se organizaram a exemplo da The Open University e produziram
modelos de cursos a distância, visando à popularização do conhecimento. Neste
sentido, surge o conceito de Universidade Aberta.

Apesar de extremamente ligado à EAD, o conceito de


Universidade Aberta está mais ligado à flexibilidade e à abertura
que estas instituições têm para o ingresso de alunos. Fatalmente, o
ensino a distância tem se utilizado como a ferramenta ideal para esta
democratização, porém, é possível encontrar universidades abertas
ao redor do mundo que também combinam atividades presenciais e
a distância.

Estas universidades abertas, se valendo as mídias até então utilizadas,


desenvolveram iniciativas educacionais baseadas em livros impressos enviados
por correspondência, kits didáticos, mídias em áudio e vídeo, transmissões via
telefone, rádio e televisão, entre outras abordagens para alcançar um público que
não conseguiria participar destes cursos por meios, até então, formais.

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Capítulo 1 Ambientes Virtuais de Aprendizagem

Como evolução, outros países, incluindo o Brasil, foram desenvolvendo em


suas instituições de ensino, abordagens a distância, culminando na regulamentação
de cursos integralmente a distância no país, possibilitando a criação de cursos de
graduação e de pós-graduação, como este em que você é aluno.

Vamos comparar agora como são expostas as gerações de EAD no mundo,


seguindo a visão de Moore e Kearsley (2011) com as gerações em que a EAD é
dividida no Brasil (Quadro 2).

QUADRO 2 - GERAÇÕES DE EAD NO MUNDO

Época Geração Descrição Interação


Movimento Chautauqua e
Educação por
1850 Colliery Engineer School of Assíncrona
Correspondência
Mines
Educação por Rádio e State University of Iowa,
1920 Síncrona
TV Universidade de Salt Lake City
The Open University e
Assíncrona/
1970 Universidades Abertas instituições de ensino com
Síncrona
aprendizagem flexível
Uso de tecnologias
Educação por Assíncrona/
1980 de comunicação via
Teleconferência Síncrona
teleconferência
Sistemas de Streaming,
Correio Eletrônico, Sistemas
Educação por Assíncrona/
1990 Multimídia, Ambientes Virtuais
Ambientes Interativos Síncrona
de Aprendizagem, Instituições
Virtuais, Realidade Virtual

FONTE: O autor.

A primeira geração mundial de EAD equivale também à nossa primeira


geração brasileira. Trata-se da geração de educação por correspondência,
iniciada por volta de 1880 nos Estados Unidos, utilizando a expansão dos correios
e das linhas férreas para fornecer cursos via correspondência de instituições
como Movimento Chautauqua e Colliery Engineer School of Mines.

A segunda geração também coincide nos âmbitos brasileiro e mundial. A


geração de EAD por TV e rádio teve seu início nos Estados Unidos, por volta de
1921, quando surgiram as primeiras disciplinas de universidades ministradas por
rádio, como na State University of Iowa, e com a autorização governamental para
a criação da primeira estação de rádio educativa, a Rádio Latter Day Saints da
Universidade de Salt Lake City.

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Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem

Diferentemente das gerações da EAD no Brasil, no âmbito mundial, a terceira


geração é tratada como sendo a geração das Universidades Abertas, iniciada em
torno de 1969, no Reino Unido, com a criação da já citada The Open University,
seguida da implantação de diversas outras instituições e consórcios de outras
instituições.

A educação, em especial a educação a distância, também


pode ser aplicada ao meio empresarial, você sabia? Leia o artigo da
EADBOX sobre o conceito de Educação Corporativa e como ela pode
ser desenvolvida utilizando a EAD. Disponível em: <https://eadbox.
com/o-que-e-educacao-corporativa/>. Acesso em: 3 dez. 2018.

Na visão mundial, a quarta geração é baseada na educação por


teleconferência, em que por volta de 1980 surgiram classes que se utilizavam
das transmissões audiovisuais, até então já disponíveis desde a segunda
geração, mas agora com a possibilidade de interagir entre ambos os pontos da
transmissão. Nos Estados Unidos, a Universidade de Wisconsin, em 1965, já
havia implementado um moderno sistema de capacitação médica baseado em
teleconferências. Como no Brasil, as tecnologias de teleconferências não tiveram
abrangência de grande escala, já estando obsoletas com a chegada da internet,
esta geração não obteve expressividade nacional.

A quinta e última geração de EAD, dividida mundialmente, equivale às


terceiras e às quartas gerações brasileiras (educação por internet e educação
por ambientes interativos, respectivamente) e é voltada para a educação por
ambientes interativos baseados no computador e na internet. A interconexão
computacional que culminou com o surgimento da internet já era na verdade uma
iniciativa de universidades e instituições militares. A própria web, o sistema de
navegação entre páginas que conhecemos, surgiu em 1993 no meio acadêmico,
onde era possível compartilhar materiais entre estudantes e universidades
(MOORE; KEARSLEY, 2011).

1 Com base nas gerações da educação a distância no Brasil, com


relação aos meios educacionais e as suas devidas gerações,
associe os itens utilizando o código a seguir:

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Capítulo 1 Ambientes Virtuais de Aprendizagem

I- Educação por correspondência.


II- Educação por rádio e TV.
III- Educação por internet.
IV- Educação por meios interativos

( ) Webconferência.
( ) Óculos 3D.
( ) Ambiente Virtual de Aprendizagem.
( ) Difusora educativa.
( ) Emissora educativa.
( ) Aplicativo de simulação de eletrônica.
( ) Envio de material Impresso.
( ) Envio de material por e-mail.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) III - IV - IV - II - II - IV - I - III.
b) ( ) IV - III - II - III - II - I - II - III.
c) ( ) II - III - III - I - II - I - II - II.
d) ( ) IV - I - II - IV - I - III - III - IV.

3 Níveis de Educação a Distância


A EAD é uma ferramenta com aplicabilidades distintas nas mais variadas
instituições. Mesmo no Brasil, é possível encontrar as mais variadas iniciativas
de ensino a distância, desde o treinamento corporativo, em empresas, até
grandes universidades, passando por cursos livres e professores particulares e
independentes que adotam abordagens a distância para prover suas situações de
aprendizagem.

Neste sentido, há uma certa distinção entre os níveis de EAD aplicados nestes
variados modelos de EAD, conheceremos agora estas distinções propostas por
Moore e Kearsley (2011).

3.1 Instituições com Finalidade


Dupla
No nível de instituições com finalidade dupla, a EAD é tratada como um dos
focos da organização. Em geral, este nível de EAD é desenvolvido por instituições

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Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem

que já atuam no meio educacional, com cursos regulares em nível básico ou


superior, como foco prévio na educação formal, no ensino presencial, mas que
também desenvolve atividades a distância.

Estas instituições podem oferecer disciplinas a distância para seus cursos


presenciais, ou ainda, oferecer atividades a distância dentro das próprias
disciplinas presenciais. No entanto, fazem parte deste tipo de instituição a oferta
de cursos exclusivamente a distância dentro do seu portfólio de formações.

É comum neste modelo, que os programas a distância compartilhem o corpo


docente com os programas presenciais da instituição, mas nada impede que estes
tenham seus próprios docentes. Acontece que, em geral, como estas instituições
já existiam previamente como ofertantes de cursos presenciais, é comum que
esses mesmos docentes sejam aproveitados nos programas a distância.

A própria instituição em que você estuda, a Uniasselvi, opera neste nível de


instituição com finalidade dupla (Figura 2), pois possui cursos tanto no modelo
presencial nas unidades presenciais, quanto cursos a distância, com alunos por
todo o país.

FIGURA 2 - PORTAL DE CURSOS DA UNIASSELVI

FONTE: <http://www.uniasselvi.com.br>. Acesso em: 3 dez. 2018.

No Brasil, este nível de organização de EAD pode compor seus cursos de


graduação com disciplinas parcialmente ou integralmente a distância, respeitando
um limite de 20% da carga-horária total da formação (BRASIL, 2016). Assim,
a flexibilidade e a premissa da transposição das barreiras de espaço e tempo
podem beneficiar também os alunos de cursos presenciais.

18
Capítulo 1 Ambientes Virtuais de Aprendizagem

É possível ainda, que instituições com finalidade dupla organizem suas


operações presenciais e a distância com campus distintos, mesmo que um destes
seja virtual e destinado a atividades a distância. Um exemplo é a Penn State -
Pennsylvania State University -, que possui um campus especial, destinado
exclusivamente para as atividades a distância, o Penn State World Campus, que
atende militares e a comunidade em geral com 189 programas educacionais,
incluindo graduação, MBA, mestrado e doutorado, exclusivamente a distância
(MOORE; KEARSLEY, 2011).

3.2 Instituições com Finalidade Única



Há também o nível em que as instituições possuem finalidade única, ou
seja, atuam apenas com o modelo de EAD, sem ofertar cursos majoritariamente
presenciais. Neste nível, a instituição toda e preparada para atuar de forma virtual,
com professores e demais funcionários destinados unicamente ao atendimento a
distância.

Um exemplo deste nível de operação é o da Athabasca University no Canadá


(Figura 3), que possui apenas programas a distância. Esta é a principal instituição
exclusivamente EAD do país e a primeira a adotar este modelo. Foi iniciada em
1970, quando o governo da província de Alberta resolveu investir no conceito de
universidade aberta.

FIGURA 3 - AULA ON-LINE DA ATHABASCA UNIVERSITY

FONTE: <https://www.youtube.com/watch?v=Npg1B0xSpPY>. Acesso em: 3 dez. 2018.

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Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem

As iniciativas puramente voltadas ao ensino a distância podem ser também fruto


da união entre outras instituições com este objetivo em comum, criando organizações
com finalidade única em EAD baseadas em consórcios interinstitucionais. Ao redor
do mundo, várias iniciativas deste tipo foram desenvolvidas, como a e-ArmyU
(Army University Access Online), um consórcio resultante da junção de mais de 20
instituições de ensino voltado à formação de militares nos Estados Unidos. Ainda
nos Estados Unidos, a WGU (Western Governors University), uma universidade
interinstitucional foi desenvolvida em 1997 como um consórcio baseado em
universidades de diversos estados (MOORE; KEARSLEY, 2011).

No decreto Nº 9.057, de 25 de maio de 2017, foi alterada a


legislação de EAD no Brasil. Nele, foi permitida a operação de
instituições com finalidade única:

§ 2º É permitido o credenciamento de instituição de ensino


superior exclusivamente para oferta de cursos de graduação e de
pós-graduação lato sensu na modalidade a distância.

Além disso, foi flexibilizada a operação de cursos a distância para


a educação básica, ficando a cargo dos sistemas locais autorizar:

Art. 8º Compete às autoridades dos sistemas de ensino


estaduais, municipais e distrital, no âmbito da unidade federativa,
autorizar os cursos e o funcionamento de instituições de educação
na modalidade a distância nos seguintes níveis e modalidades:

I- ensino fundamental, nos termos do § 4º do art. 32 da Lei nº 9.394,


de 20 de dezembro de 1996;

II- ensino médio, nos termos do § 11 do art. 36 da Lei nº 9.394, de


1996;

III- educação profissional técnica de nível médio;

IV- educação de jovens e adultos; e

V- educação especial.

FONTE: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-
2018/2017/Decreto/D9057.htm>. Acesso em: 3 dez. 2018.

20
Capítulo 1 Ambientes Virtuais de Aprendizagem

No Brasil, existe a Universidade Aberta do Brasil - UAB -, um consórcio


de instituições que ofertam cursos a distância em diversos pontos do país. No
entanto, a possibilidade da operação de cursos regulares de graduação e pós-
graduação no Brasil por instituições exclusivamente a distância é algo novo, em
um decreto de 2017 que esta opção foi permitida no país.

3.3 Cursos Individuais



Os cursos individuais são compostos por formações específicas de
determinadas áreas do conhecimento que não demandam diplomação formal.
São os cursos não regulados, não vinculados ao ensino superior, educação
básica ou cursos técnicos, são cursos livres. Estes cursos podem ser operados
por instituições de ensino com finalidade dupla, instituições de finalidade única,
bem como por outras organizações que não estejam diretamente ligadas ao ramo
educacional (MOORE; KEARSLEY, 2011).

Na legislação brasileira os cursos individuais são de caráter


complementar, tratados como cursos livres. O Ministério da
Educação e as Secretarias de Educação dos estados regulamentam
apenas os cursos de educação formal, ou seja, os de educação
básica e superior (educação infantil, ensino médio, graduação, pós-
graduação etc.). De acordo com a Lei nº 9.394 - Diretrizes e Bases
da Educação Nacional -, os cursos livres são descritos como de
educação não formal, com duração variável, podendo estes serem
de natureza presencial ou a distância.

Assim, não há uma regulamentação específica para autorizar


organizações para o exercício de cursos livres, não necessitando
autorização prévia para seu funcionamento ou reconhecimento
de outros órgãos, permitindo, então, que qualquer organização ou
indivíduo forneça cursos desta modalidade.

FONTE: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
L9394.htm>. Acesso em: 3 dez. 2018.

21
Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem

Na realidade, não só instituições, empresas ou organizações costumam


oferecer cursos individuais, professores individuais também desenvolvem de
forma livre seus cursos. Com a evolução da última geração de EAD, as tecnologias
digitais e os ambientes de aprendizagem, permitem que de forma simples o
próprio professor crie seu ambiente de ensino a distância com aulas para seu
público. Um exemplo de curso com professor individual é o do Mairo Vergara,
um professor de língua inglesa que oferta seus cursos a distância, via ambiente
virtual de aprendizagem na internet (Figura 4).

FIGURA 4 - SITE DO AMBIENTE DE ENSINO DO PROFESSOR MAIRO VERGARA

FONTE: <http://mairovergara.com>. Acesso em: 3 dez. 2018.

1 Com relação à legislação brasileira no âmbito do ensino a


distância, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para
as falsas:

( ) Professores individuais podem criar seus próprios cursos livres


de pós-graduação sem vínculo com outras instituições.
( ) Instituições de ensino não precisam ter previamente cursos
presenciais para poder ofertar cursos de graduação a distância.
( ) Instituições de ensino precisam de regulamentação do Ministério
da Educação para ofertar cursos de graduação a distância.
( ) A operacionalização de cursos de Ensino Fundamental e Médio
a distância é permitida apenas em casos excepcionais.

22
Capítulo 1 Ambientes Virtuais de Aprendizagem

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) F - V - V - F.
b) ( ) V - V - F - V.
c) ( ) F - V - F - F.
d) ( ) V - F - V - V.

4 Ferramentas e Ambientes de
Aprendizagem
As últimas gerações de ensino a distância, tanto a última geração no Brasil,
quanto a última geração em nível mundial são baseadas no uso da internet
para prover os processos educacionais. A plataforma que permite as interações
e o acesso às mídias do meio educativo é denominada de Ambiente Virtual de
Aprendizagem (AVA). Estes ambientes são baseados na web, o conjunto de
páginas interligadas que tem sua interação com o usuário baseada no navegador
de internet (Chrome, Firefox, Opera etc.).

O termo “web” que vem de World Wide Web (WWW) e tem O termo “web” que
seu sentido ligado à “teia que se espalha pelo mundo”. A tecnologia vem de World Wide
foi criada por Tim Berners-Lee está ligada ao sistema de navegação Web (WWW) e tem
proporcionada pelos hiperlinks, interligando os documentos web, que seu sentido ligado à
“teia que se espalha
são as páginas da internet, agrupados por sítios (sites). O uso do
pelo mundo”.
“www” o início do endereço dos sites está ligado ao termo web. A tecnologia foi
criada por Tim
Os AVA, baseados na web, se utilizam do conceito de hipermídia, Berners-Lee está
conceito este ligado ao compartilhamento de diversas mídias por meio ligada ao sistema
de hiperlinks. Desta forma, a navegação e a estruturação dos ambientes de navegação
proporcionada
on-line são estruturados pela navegação entre os conteúdos, como
pelos hiperlinks,
páginas, arquivos e vídeos por meio dos hiperlinks (links). interligando os
documentos
A terminologia técnica para os ambientes virtuais de aprendizagem web, que são as
é Learning Management System (LMS) ou sistema de gestão da páginas da internet,
aprendizagem. Estes sistemas abrangem todos os processos de agrupados por sítios
(sites). O uso do
ensino do meio educacional on-line, permitindo o intercâmbio de mídias
“www” o início do
e materiais didáticos, comunicação entre todos os atores envolvidos, endereço dos sites
controle de acesso e permissões, entre outras funcionalidades. está ligado ao termo
web.

23
Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem

Para conhecer mais sobre as estratégias brasileiras para a


transformação do país por meio da inovação tecnológica baixe
gratuitamente o livro “Estratégia Brasileira para a Transformação
Digital”. Neste e-book, são demostradas as iniciativas ligadas à
pesquisa, ao desenvolvimento e à inovação nas áreas de tecnologias
da informação e comunicação voltadas à educação, capacitação,
infraestrutura e novos modelos de negócio. Disponível em: <https://
www.governodigital.gov.br/documentos-e-arquivos/estrategiadigital.
pdf/view>. Acesso em: 3 dez. 2018.

Estes ambientes trazem para o âmbito on-line e virtual os conceitos de uma


escola tradicional, eles são os sistemas que organizam e gerenciam os processos
do dia a dia de uma instituição de ensino. De forma análoga, estes ambientes
são capazes de criar as “salas de aula” e registrar o acesso e a “presença” do
estudante nas aulas.

O artigo científico dos professores portugueses Moreira, Barros


e Monteiro (2015) avalia a fundo a aplicação prática de um ambiente
virtual de aprendizagem, apontando aspectos desde o planejamento,
design e operacionalização.

MOREIRA, J. António; BARROS, Rita; MONTEIRO, Angélica.


Avaliação do Impacto de Ambientes Virtuais na Percepção de
Competências de Aprendizagem no Ensino das Ciências e das
Expressões Físico-Motoras. In: Revista de Ensino de Ciências e
Engenharia,, v. 6, n. 1, p. 14-30, 2015.

Disponível em: <https://estudogeral.sib.uc.pt/handle/10316/46335>.


Acesso em: 3 dez. 2018.

Os ambientes LMS podem ser livres ou proprietários. Os ambientes livres


são baseados no conceito de software livre, ou seja, são sistemas de software
gratuitos, livres de direitos de uso, que podem ser implementados por qualquer
instituição. Geralmente, estes softwares são mantidos por alguma fundação sem

24
Capítulo 1 Ambientes Virtuais de Aprendizagem

fins lucrativos. Os ambientes proprietários são softwares possuem um proprietário


ou são desenvolvidos em consórcio com várias instituições.

As instituições de ensino podem desenvolver seu próprio ambiente de ensino,


adquirir um software de terceiros, ou ainda, utilizar um destes ambientes livres e
gratuitos. Dentre os softwares livres de LMS, temos o Moodle, o Teleduc, o ATutor,
o Claroline e o Chamilo, por exemplo.

FIGURA 5 - SALA DE AULA ON-LINE DO MOODLE

FONTE: O autor.

O Moodle (Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment),


traduzido como Ambiente de Aprendizagem Dinâmico, Modular e Orientado a
Objetos é o mais conhecido dentre os gratuitos (Figura 5). Ele é um sistema web
que necessita da instalação em um servidor web que o disponibilize para acesso
à internet. Cada instituição que deseja utilizar o Moodle deve instalar e hospedar
em seu servidor e disponibilizá-lo para acesso por um endereço web. O Moodle
está disponível em 75 idiomas e é amplamente utilizado pelo mundo, seja em
instituições de ensino ou em iniciativas independentes.

25
Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem

Para a instalação, hospedagem, manutenção e disponibilização


do Moodle na internet existem custos. O software livre é gratuito,
mas a sua infraestrutura não é. No entanto, existem serviços on-line
que permitem a criação de salas no Moodle gratuitamente, como o
Ensine Online.

Acesse em: <http://www.ensineonline.com.br>.

Existe ainda o Google Classroom, ou Google Sala de Aula, um serviço de


LMS da Google que integra as funcionalidades do Google Agenda, Gmail, Google
Drive, Google Forms e Google Docs em um ambiente de ensino, baseado em
“Salas de Aula”. O Google Classroom não é um software livre, é proprietário.
Ele está ligado às contas coorporativas do Google, disponível para o meio
empresarial. No entanto, várias instituições de ensino já possuem acesso à
parceria corporativa, além disso, nas contas pessoais do Google você também
tem acesso ao Google Classroom, permitindo assim a criação gratuita de classes,
deste que estas classes não estejam ligadas a uma instituição formal.

FIGURA 6 - SALA DE AULA ON-LINE DO GOOGLE CLASSROOM

FONTE: O autor.

26
Capítulo 1 Ambientes Virtuais de Aprendizagem

Os AVA são compostos por ferramentas que auxiliam nos processos de


ensino e aprendizagem on-line. Estas ferramentas são responsáveis por prover
os recursos de interação e instrução no ambiente digital, fazendo com que estes
possuam funcionalidades equivalentes a uma sala de aula comum, porém, de
forma on-line. Vamos conhecer agora algumas destas ferramentas:

Fórum: ferramenta de discussão, na qual alunos e professores podem propor


tópicos de assuntos distintos, visando captar opiniões dos participantes. Os fóruns
podem ser separados por assuntos e alguns LMS permitem a moderação prévia
dos comentários dos alunos, solicitando ou não a aprovação prévia das opiniões
dos participantes. Estas ferramentas podem ser utilizadas como instrumentos de
avaliação, visando mensurar a participação efetiva do aluno no ambiente virtual,
solicitando sua participação, interação ou opinião, por exemplo.

FIGURA 7 - FÓRUM DE DISCUSSÃO DOS ALUNOS EM


UMA SALA DO GOOGLE CLASSROOM

FONTE: O autor.

Mídia: ambientes virtuais de aprendizagem são vocacionalmente ligados


às mídias digitais. Os ambientes permitem a postagem e o compartilhamento de
arquivos com suas classes. Estes arquivos podem ser de áudio, como podcasts,
aulas gravadas e músicas, podem ser também de vídeo, vinculando arquivos do
Vimeo, YouTube ou vídeos próprios com palestras e aulas gravadas. As mídias
disponíveis permitem também a postagem de livros, apostilas e demais arquivos
de texto em formato digital, além dos mais variados formatos de arquivo. As
mídias criam as “bibliotecas” de conteúdos dentro dos AVA.

27
Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem

FIGURA 8 - BIBLIOTECA DE MÍDIAS EM VÍDEO DO


AMBIENTE DE ENSINO A DISTÂNCIA DA ALURA

FONTE: O autor.

Mensagens: assim como em uma rede social, a interação é algo essencial


em um ambiente virtual de aprendizagem. Como em uma sala de aula presencial,
a comunicação entre os alunos e professores é fator crucial, mesmo que de forma
assíncrona. Assim, os ambientes virtuais, em geral, possuem ferramentas de
mensagens, onde é possível enviar mensagens para o professor, para um aluno
específico, para toda a turma, para todo o curso e assim por diante.

FIGURA 9 - FERRAMENTA DE ENVIO DE MENSAGENS


PARA TODA TURMA NO MOODLE

FONTE: O autor.

28
Capítulo 1 Ambientes Virtuais de Aprendizagem

Chat: mesmo já existindo as ferramentas de mensagens, por vezes, se faz


necessária uma comunicação síncrona, onde os estudantes entre si, ou com os
professores, possam se comunicar no mesmo momento. Para tanto, existem as
funcionalidades de chat, onde é possível a criação de “salas de bate-papo” para
os participantes.

Webconferência: com a evolução das tecnologias da informação e


comunicação e, com a convergência das mídias, hoje em dia é trivial fazer uma
reunião on-line, por áudio e vídeo. Sendo assim, é cada vez mais comum encontrar
AVAs que possuem ferramentas de webconferência, onde alunos e professores
participam de aulas ao vivo, utilizando o próprio AVA ou então ferramentas como
Google Hangouts, Facebook Live etc.

Teleconferência na Educação Médica

Embora a teleconferência tenha sido empregada em todas as


disciplinas e todos os domínios do conhecimento, foi particularmente
difundida no campo da saúde e como um meio para prover educação
medica continuada. Quase todos os profissionais de saúde precisam
assistir a cursos regularmente para se manterem atualizados com os
avanços na medicina, e o pessoal médico atua em diversos locais de
qualquer estado, de modo que fica difícil organizar aulas presenciais
para a maioria dos profissionais. Além disso, a especialização em
determinadas doenças ou certos tratamentos é muito escassa; a
teleconferência pode ser usada para disseminar tal especialização
para um grande público oportunamente. O uso de videoconferência
é especialmente valioso por permitir que sejam demonstrados novos
procedimentos e equipamentos médicos.

FONTE: MOORE, Michael G.; KEARSLEY, Greg. Distance Education:


A systems view of online learning. Cengage Learning, 2011.

Avaliações e Atividades: como parte do processo educacional, a avaliação


é algo necessário, mesmo no âmbito da EAD. Assim, os AVAs também são
capazes de fornecer subsídios para que os docentes componham instrumentos
de avaliação nas própria plataforma on-line. Desta forma o aluno é capaz de
responder a questões objetivas e discursivas, enviar arquivos e realizar avaliações
a partir do próprio ambiente on-line.

29
Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem

FIGURA 10 - FERRAMENTA DE AVALIAÇÕES DO GOOGLE CLASSROOM

FONTE: O autor.

Objetos de Aprendizagem: além das mídias e dos materiais disponibilizado,


os ambientes permitem também o compartilhamento de elementos multimídia
interativos baseados nas tecnologias web e de hiperlinks, amparados, por
exemplo, no padrão SCORM, onde o aluno pode ter uma experiência mais
imersiva sobre o tema apresentado. Estes elementos interativos, denominados de
objetos de aprendizagem, podem ser simuladores de componentes eletrônicos,
simuladores de fenômenos físicos, pequenos games sobre o tema, entre outros.

30
Capítulo 1 Ambientes Virtuais de Aprendizagem

FIGURA 11 - OBJETO SIMULADOR DE CIRCUITOS ELÉTRICOS


DA UNIVERSIDADE DE TWENTE (HOLANDA)

FONTE: Disponível em: <https://www.golabz.eu/lab/


electrical-circuit-lab>. Acesso em: 3 dez. 2018.

Para o compartilhamento de objetos de aprendizagem foi Para o


compartilhamento
desenvolvido o SCORM (Shareable Content Object Reference
de objetos de
Model), o Modelo de Referência para Objetos de Conteúdo aprendizagem foi
Compartilháveis, um padrão mundial de interoperabilidade entre desenvolvido o SCORM
objetos de conteúdo. Diversos LMS’s são compatíveis com SCORM, (Shareable Content
Object Reference
ou seja, permite que objetos de aprendizagem desenvolvidos sob o Model), o Modelo
padrão SCORM sejam inseridos no ambiente com compatibilidade de Referência para
garantida (CARDOSO, 2007). Objetos de Conteúdo
Compartilháveis, um
padrão mundial de
Agenda: como em uma sala de aula normal, as salas de aula a interoperabilidade entre
distância possuem também seus prazos, obrigações e cronogramas. objetos de conteúdo.
Assim, os ambientes virtuais costumam apresentar ferramentas como Diversos LMS’s são
compatíveis com
agendas e calendários com os compromissos do curso.
SCORM, ou seja,
permite que objetos
de aprendizagem
desenvolvidos sob o
padrão SCORM sejam
inseridos no ambiente
com compatibilidade
garantida (CARDOSO,
2007).

31
Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem

FIGURA 12 - AGENDA DO GOOGLE CLASSROOM


INTEGRADA COM O GOOGLE CALENDAR

FONTE: O autor.
Na internet, o conceito
de feed está ligado ao
fluxo de informações Mural e Notícias: em geral, as salas de aula dos AVAs, possuem
contínuas dispostas
algumas telas baseadas no conceito de feed, em que as interações,
em um canal. São
registros cronológicos materiais e avisos são dispostos de forma cronológica descendente,
comumente utilizados dos mais recentes aos mais antigos.
nas redes sociais,
onde todas as Na internet, o conceito de feed está ligado ao fluxo de informações
informações são contínuas dispostas em um canal. São registros cronológicos
linearmente exibidas
comumente utilizados nas redes sociais, onde todas as informações
para os usuários.
são linearmente exibidas para os usuários.
FONTE: <https://www.
tecmundo.com.br/
rss/252-o-que-sao- FONTE: <https://www.tecmundo.com.br/rss/252-o-que-
feeds-.htm>. Acesso sao-feeds-.htm>. Acesso em: 3 dez. 2018.
em: 3 dez. 2018.

1 Com base no estudo de caso a seguir, realize a produção


solicitada:

Uma instituição de finalidade dupla deseja fornecer a distância


a disciplina de Metodologia Científica nas suas graduações
presenciais. Para tanto, o ambiente virtual de ensino e
aprendizagem da referida disciplina precisa ser projetada. Esta
disciplina estará disponível para todos os cursos da instituição,

32
Capítulo 1 Ambientes Virtuais de Aprendizagem

que envolvem graduações na área da saúde (nutrição, medicina


e enfermagem), tecnologia (engenharias e computação) e
educação (pedagogia, letras, matemática e história).

Ementa da Disciplina: conhecimento científico, formas de


conhecimento, teoria do conhecimento, ciência e pesquisa,
metodologia do trabalho científico, métodos de pesquisa e
trabalhos acadêmicos.

Você é o responsável pela implantação desta disciplina no


ambiente de ensino a distância da instituição. Elabore as
estratégias interativas baseadas em mensagens, avisos e
notícias, como devem ser as mídias adicionadas no ambiente,
qual deve ser o tema do fórum de abertura e discussão da
disciplina e como deve ser ao menos um dos objetos de
aprendizagem a serem produzidos para o ambiente.
R.:____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

5 Abordagens Metodológicas

Os AVAs são utilizados no âmbito da EAD, seja ela puramente a distância ou
parcialmente a distância, ou apenas complementar ao ensino presencial. Como
já tratamos na Seção 2 deste capítulo, a EAD é intencional, sendo denominada
como educação a distância e não como ensino a distância, justamente por
abranger tanto os processos de ensino como de aprendizagem. Por essas razões,
a EAD é sistemática e baseada na junção das teorias educacionais com as novas
mídias. Desta forma, vamos conhecer agora algumas abordagens metodológicas
que envolvem a operacionalização da EAD.

33
Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem

Sendo algo intencional, sistemático e planejado, um projeto de


EAD também deve possuir um plano de aulas. Conheça no artigo
“Plano de aula: guia completo para cursos online” da Edools algumas
ideias de como elaborar um plano de aula para EAD. Disponível em:
<https://www.edools.com/plano-de-aula/>. Acesso em: 3 dez. 2018.

5.1 Autonomia

Como conceito de educação flexível, amparada na necessidade de transpor
barreiras especiais e temporais, a EAD parte do princípio de que deve prover
a autonomia do aluno. Sendo assim, é um desafio dos sistemas educacionais
fornecer estruturas interativas que sejam capazes de prover a avaliar o aprendizado
do aluno a distância. A autonomia do aluno pressupõe ritmos, capacidades e
tempos dedicados ao aprendizado totalmente distintos. O aluno tem a autonomia
de ditar o seu ritmo de estudos, os tutores, instrutores, professores, ou demais
atores de apoio ao processo devem estruturar os programas visando a adequação
à realidade de cada indivíduo. Este aluno, como indivíduo, possui sua própria
história pregressa e suas capacidades de assimilação de conceitos, perfazendo
assim, a capacidade construtivista que a aprendizagem autônoma expõe. Além do
construtivismo, a autonomia do aluno também exerce o que Vigotsky trata como
transferência (MOORE; KEARSLEY, 2011):

Por meio da troca de significados e do desenvolvimento de uma


compreensão compartilhada no âmbito daquilo que Vygotsky
denomina zona de desenvolvimento próximo, os alunos
gradualmente assumem controle do processo de aprendizado.
Eles entram em uma comunidade de ideias partilhadas na
condição de principiantes e, apoiados por um professor (ou
outra pessoa mais competente), principalmente mediante
sua capacitação cada vez maior no uso da ferramenta da
linguagem, assumem progressivamente a responsabilidade por
seu próprio aprendizado. Nessa perspectiva do aprendizado
baseada na teoria de Vygotsky, um diálogo entre professor (o
mais competente) e o aluno é acompanhado por uma mudança
de controle do processo de aprendizado, que passa do
professor para o aluno (MOORE; KEARSLEY, 2008, p. 242).

Como no EAD se busca a facilitação dos processos de desenvolvimento


do aprendizado do aluno, o professor se demonstra como um dos recursos
educacionais no meio a distância. O processo é centrado no aluno, baseado na

34
Capítulo 1 Ambientes Virtuais de Aprendizagem

sua disposição em aprender, na sua capacidade de administrar os conhecimentos


adquiridos e no seu papel de indivíduo identificado pelo sistema como um ser
autônomo (ZUIN, 2006).

A autonomia é um dos principais atributos do meio educacional a distância,


uma das principais características do aluno e a abordagem metodológica central.
A autonomia é uma construção contínua do individuo, baseado na comunicação e
na colaboração com o ambiente (CARVALHO, 2009).

O Construtivismo é uma teoria educacional do biólogo e


psicólogo suíço Jean Piaget. Esta escola avalia o conhecimento
como o fruto de uma junção de experiências ativas que envolvem
a elaboração de significados deste conhecimento de forma
subjetiva, onde o próprio sujeito é o ator principal da construção do
conhecimento (PIAGET, 2013).

5.2 Cooperação
Da mesma forma que ocorre em uma sala de aula comum, nas sala dos
ambientes de EAD, a cooperação é algo essencial. Segundo Campos et al.
(2003), experiências de ensino e aprendizagem a distância, quando os indivíduos
se envolvem como um todo, suprimindo experiências individuais, quando estes
cooperam entre si, desenvolvendo sinergia com os envolvidos, este trabalho
tende a produzir resultados superiores aos obtidos em experiências solitárias.

O aluno EAD deve se colocar como parte de um todo, como integrante


de uma turma. Os ambientes de ensino a distância buscam fornecer subsídios
para que a comunicação e a colaboração seja relevante na sala de aula virtual,
sendo possível tornar a sala de aula on-line tão interativa e colaborativa quando
uma sala de aula formal. A experiência de estudar a distância em um primeiro
momento pode se demonstrar demasiadamente solitária, em que o “eu”, define
quando e onde irá estudar. No entanto, justamente pelas características do EAD,
a experiência educacional baseada em ambientes virtuais pode se tornar cada
vez mais rica, visto que nestas iniciativas é possível conviver e interagir com
professores e colegas espalhados geograficamente por diversas partes do país e
do mundo.

35
Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem

Assista ao vídeo do Professor Mário Sérgio Cortella sobre a


importância da cooperação em face à competitividade. Acesse em:
<https://www.youtube.com/watch?v=Q2mfIDPuXNc>.

Em muitos programas, os educadores consideram também


desejável que os alunos interajam. Com a tecnologia de
teleconferência, os criadores podem formar grupos de alunos
em cooperação e os instrutores podem facilitar o apoio entre
os colegas e a obtenção de conhecimento pelos alunos.
Com o advento da tecnologia da internet, isso pode ser feito
de um modo assíncrono, e os alunos podem participar de
grupos virtuais sem precisarem estar fisicamente presentes
em um local de recepção, conforme ocorre na áudio ou na
videoteleconferência (MOORE; KEARSLEY, 2011, p. 17).

A aprendizagem cooperativa busca a potencialização das habilidades


interpessoais, as habilidades litadas à análise de grupos, à resolução de
problemas, à independência positiva e à responsabilidade individual amplificada
pelo esforço coletivo. A motivação do estudo a distância emerge
Além da
da autonomia do aluno, potencializada pelo senso de coletividade,
cooperação, é
necessário que visando desenvolver a capacidade de estruturar mentalmente novas
os envolvidos no capacidades de assimilação de conteúdos, preferencialmente em grupo
processo, sejam (CAMPOS et al., 2003).
eles alunos ou
professores, Algumas instituições costumam organizar atividades presenciais
também atuem
de estudo, em centros especializados locais. Nestes eventos, os alunos
com o senso de
colaboração. participam de atividades face a face e são realizados em locais com
Quando os atores equipamentos de instrução ou em bibliotecas. Estas reuniões podem ser
estão se auxiliando em pequenos ou grandes grupos, visando à interação e à colaboração.
mutuamente Estes polos costumam ser gerenciados por administradores treinados
para alcançar um para o apoio a distância, sendo preparados para estas atividades
objetivo, estes
presenciais de cooperação no âmbito do EAD (MOORE; KEARSLEY,
estão cooperando
uns com os outros. 2011).
Agora, quando
estão trabalhando Além da cooperação, é necessário que os envolvidos no processo,
em conjunto para sejam eles alunos ou professores, também atuem com o senso de
desenvolver algo colaboração. Quando os atores estão se auxiliando mutuamente para
coletivamente, estes
alcançar um objetivo, estes estão cooperando uns com os outros.
estão colaborando
uns com os outros. Agora, quando estão trabalhando em conjunto para desenvolver algo
coletivamente, estes estão colaborando uns com os outros.

36
Capítulo 1 Ambientes Virtuais de Aprendizagem

5.3 Midiatização

A midiatização é um conceito oriundo das evoluções urbanas e das novas
tecnologias da informação e comunicação, vetorizadas pelo mercado. É a
realidade do cotidiano atual, baseada no demasiado uso das mídias no cotidiano,
onde os indivíduos abrem mão da corporeidade para interagir com os dispositivos
tecnológicos (SODRÉ et al., 2006). Midiatização, como fenômeno antropológico
cria o habitat para as novas gerações, os tidos nativos digitais, que já nasceram
com acesso à internet, aos dispositivos móveis e aos canais de streaming com
banda larga (PRENSKY, 2010).

Que tal criar suas próprias mídias digitais para os cursos on-
line? Acesse o artigo da Elore sobre ferramentas gratuitas para
produzir conteúdos para cursos EAD e conheça como desenvolver
estas mídias para as suas aulas. Disponível em: <http://blog.elore.
com.br/12-ferramentas-gratuitas-conteudo-online/>. Acesso em: 3
dez. 2018.

Neste sentido, a midiatização é algo essencial em ambientes de ensino a


distância. Esta, além de voltada à variedade de mídias disponíveis para consulta,
como vídeos, objetos de aprendizagem interativos, também deve ser voltada à
capacidade de acesso por outros dispositivos além do computador comum, como
por celulares, tablets, televisão e até por relógios, culminando no u-learning, onde
o aluno está imerso por acessos ao conteúdo.

As tecnologias são fatores cruciais para a produção e distribuição das mídias, porém,
não é necessariamente papel dos docentes se preocuparem com a sua produção.

Em virtude de a comunicação ser tão importante para a


educação a distância, todo aluno e usuário precisa conhecer
um pouco a respeito de cada tecnologia e também da mídia
que a veicula. Definitivamente, não é necessário ter um
conhecimento especializado a respeito de como as tecnologias
operam nem ser capaz de remediá-las caso apresentem
problemas. Como educadores a distância, dependemos
de programadores especializados, operadores de câmera,
engenheiros e produtores, a fim de assegurar que as
tecnologias que transmitirão o ensino operem do modo que
devem. Precisamos conhecer o suficiente a respeito delas

37
Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem

para sermos capazes de formular perguntas inteligentes,


fazer sugestões, saber quando algo não está operando como
deveria e, acima de tudo, conhecer os limites e o potencial de
cada uma das tecnologias (MOORE; KEARSLEY, 2011, p. 77).

É papel docente identificar, desenhar e garantir o uso de novas mídias nos


ambientes virtuais de aprendizagem, uma destas opções, por exemplo, pode ser
o uso de podcasts. Estes, são arquivos de áudio pré-gravados, são mídias que
podem ser utilizadas no meio educacional. Com uma dinâmica semelhante a do
rádio, programas de podcasts possuem fácil produção, podendo ser gravados e
editados com um simples celular, por exemplo (PISA, 2012).

Conheça o podcast “Papo de Educador”, um podcast voltado


para professores, reunindo episódios acerca do fazer docente
apresentando conteúdos sobre experiências, práticas, atualidades e
teorias educacionais. Disponível em: <https://papodeeducador.com.
br>. Acesso em: 3 dez. 2018.

Das mídias, com a convergência tecnológica dos equipamentos, surge o


uso da multimídia, a combinação de diferentes mídias em um mesmo contexto.
Arquivos de vídeo, por exemplo, combinam quadros de imagem (vídeo) e uma
trilha de som (áudio), esta junção torna a mídia vídeo em um contexto “multi”
mídias, por combinar duas formas de arquivos. Neste sentido, um ambiente virtual
de aprendizagem na internet, acessado por navegadores web, por exemplo,
combina textos e imagens em uma mesma mídia, assim como livros que possuem
imagens textos e links, entre outros materiais que utilizam duas ou mais mídias
distintas.

Sobre o uso das multimídias na educação Moran (1995, s.p.) já salientava


que:

A comunicação torna-se mais e mais sensorial, mais e mais


multidimensional, mais e mais não linear. As técnicas de
apresentação são mais fáceis hoje e mais atraentes do que
anos atrás, o que aumentará o padrão de exigência para
mostrar qualquer trabalho através de sistemas multimídia.
O som não será um acessório, mas uma parte integral da
narrativa. O texto na tela aumentará de importância, pela
sua maleabilidade, facilidade de correção, de cópia, de
deslocamento e de transmissão.

38
Capítulo 1 Ambientes Virtuais de Aprendizagem

1 Os arquivos multimídia são baseados na junção de outras mídias


e permitem experiências mais imersivas ou interativas para os
indivíduos. Sobre a mídia que não corresponde às características
de uma mídia do tipo multimídia, assinale a alternativa
INCORRETA:

a) ( ) Podcast.
b) ( ) Livro didático.
c) ( ) Página Web.
d) ( ) Videoaula.

5.4 Mediação
As tecnologias da informação e comunicação, quando aplicadas na
educação, devem ser consideradas apenas como ferramentas nas mãos do
professor. Por mais que a gênese dos AVAs seja tecnológica, o professor ainda
é o orquestrador do processo educacional. A cadeia de valor do EAD é composta
por vários atores, como tutores, conteudistas, monitores e demais profissionais.
No entanto, todos estes são necessariamente profissionais da educação,
mentores e mediadores do processo educacional. As ferramentas tecnológicas do
EAD proveem aspectos interativos baseados na mediação, é papel do mediador
motivar a turma com mensagens, vídeos e notícias. Faz parte dos seus afazeres
moderar as respostas e os comentários dos alunos nos fóruns, avaliar os arquivos
enviados, as atividades e as avaliações (VIANEY, 2003).

O livro Sala de Aula Interativa (Editora Quartet), do professor


Marco Silva, trata da importância da interação entre professores e
alunos no âmbito da sala de aula, seja ela a distância, presencial
ou híbrida. A obra trata do papel do professor como maestro dos
processos de ensino mediados ou não pela tecnologia.

39
Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem

Segundo Moore e Kearsley (2011), os alunos a distância precisam se sentir


parte de uma turma, precisam se sentir como membros de uma instituição de
ensino, para isso é necessário que eles sejam capazes de se comunicar com ela
e, não apenas receber materiais que a mesma distribui. Para tanto, é necessária
a real mediação dos instrutores nos ambiente virtuais. Os materiais são em
geral desenvolvidos para um grande público, para atender uma parcela genérica
do público-alvo, por isso a necessidade do acompanhamento efetivo de um
profissional na mediação da turma, realizando um atendimento mais relevante sob
o ponto de vista pessoal do aluno. De modo análogo às tecnologias em áudio e
vídeo, é um desafio fazer que os alunos on-line participem de discussões de valor
pedagógico e relevância para o conteúdo do curso, exigindo que os instrutores
desenvolvam boas aptidões de mediação (MOORE; KEARSLEY, 2011).

O grau de interação entre alunos e profissionais de mediação varia
entre cada instituição. Os criadores dos cursos e a filosofia da organização, a
capacidade soa alunos, as tecnologias envolvidas, a área de conhecimento dos
conteúdos abordados e grau do curso são alguns dos pontos que definem como
são definidos os limites desta mediação. Os criadores do curso definem o grau
de interação na concepção do curso e são baseadas nas atividades e conteúdos
previamente definidos.

A semelhança na grafia entre mediação e midiatização já era


uma preocupação de Sodré et al. (2006). Segundo os autores,
mediação tem o sentido de fazer a ponte ou permitir a comunicação
entre duas partes, enquanto isso, a midiatização é a “tecnomediação”,
uma mediação midiática, baseada nas tecnologias, alavancada pelos
fenômenos mercadológicos da informação e comunicação.

FONTE: SODRÉ et al. (2006).

Algumas instituições costumam programar atividades face a face, quando


é necessária uma mediação específica baseada em atividades de laboratório,
por exemplo, principalmente quando não é possível o uso de equipamentos de
comunicação tecnológicos ou simuladores virtuais (MOORE; KEARSLEY, 2011).

40
Capítulo 1 Ambientes Virtuais de Aprendizagem

Atividade Prática

Vamos agora criar o nosso próprio ambiente virtual de


aprendizagem no Google Classroom. Verifique com a sua instituição
se ela possui a parceria corporativa com o Google do G Suite for
Education e utilize sua conta empresarial para isso. Caso sua
instituição não possua este acesso, não há problema, pois utilizando
a sua própria Conta Google pessoal você pode criar salas de aula
virtuais no Google Classroom.

Para isso, a operação é bem simples, acesse sua conta Google


em qualquer uma das ferramentas, uma das ferramentas mais
conhecidas é o Gmail, por exemplo. Assim, com o Gmail aberto,
clique no ícone superior direito de “Aplicativos”, ou “Google Apps”,
e rolando para o final da lista você encontrará o ícone do Google
Classroom, ou Google Sala de Aula, conforme a Figura 13.

FIGURA 13 - ACESSO AO GOOGLE CLASSROOM PELA CONTA GOOGLE

FONTE: O autor.

Agora, já dentro da ferramenta Google Sala de Aula,


você poderá clicar no botão de “mais”, no canto superior direito e
selecionar a opção “Criar turma” (Figura 14).

41
Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem

FIGURA 14 - CRIAR TURMA NO GOOGLE CLASSROOM

FONTE: O autor.

Na próxima tela (Figura 15), há um detalhe importante, caso


você não esteja acessando ao Google Clasroom a partir de uma
instituição credenciada pelo Google, ou seja, esteja acessando pela
sua conta pessoal do Google, a sala de aula criada não deve ser
equivalente a uma turma de uma escola. Para isso, existe esta tela
de confirmação dos termos de uso.

FIGURA 15 - TERMOS DE USO DO GOOGLE CLASSROOM

FONTE: O autor.

42
Capítulo 1 Ambientes Virtuais de Aprendizagem

Com os termos aprovados, você já pode criar a sua turma. Basta clicar
no botão de “mais”, no canto superior direito e selecionando a opção “Criar
turma”. Na tela seguinte (Figura 16), você deve colocar os detalhes da
turma, como nome, assunto etc. Após isso, sua sala de aula já será criada.

FIGURA 16 - CRIAÇÃO DE TURMA NO GOOGLE CLASSROOM

FONTE: O autor.

Na Figura 17, a turma é apresentada. Você pode personalizar o estilo da


turma, a imagem do topo, os conteúdos etc. Esta é a tela inicial, onde ficará o
feed com as mensagens, interações, materiais e atividades da turma.

FIGURA 17 - TELA INICIAL DA TURMA DO GOOGLE CLASSROOM

FONTE: O autor.

43
Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem

O próximo passo é criar as atividades, para tanto, nos links


superiores centrais, clique em “Atividades” e então em “Criar”. Aqui
você pode adicionar as atividades da sala de aula, ela pode ser
uma tarefa, em que você propõe uma atividade avaliativa, na qual
os alunos enviarão arquivos para sua posterior correção e avaliação.
Pode ser criada uma pergunta, em que por meio de um fórum os
alunos poderão responder a sua pergunta, ou interagir uns com as
respostas dos outros e é possível também adicionar um material
didático ou uma mídia para estudos, por exemplo.

Vamos iniciar criando um material. Assim, após selecionar


“Atividades” e “Criar”, clique na opção “Material” (Figura 18).

FIGURA 18 - ADIÇÃO DE ATIVIDADES NO GOOGLE CLASSROOM

FONTE: O autor.

Na tela de cadastro do material (Figura 19), você pode inserir os


detalhes do material disponibilizado e incluir as mídias, que podem
ser via upload de arquivos, via Google Drive, via YouTube ou via link.

44
Capítulo 1 Ambientes Virtuais de Aprendizagem

FIGURA 19 - TELA PARA INSERIR UM MATERIAL


NA SALA DO GOOGLE CLASSROOM

FONTE: O autor.

Como citado anteriormente, uma das atividades disponíveis


para cadastro no Google Classroom é a “Tarefa”. Nela, podem ser
feitas atividades avaliativas, onde o professor estipula o enunciado
e os objetivos da atividade, define o prazo de entrega, pontuação e
instruções (Figura 20). A partir disso, o aluno pode enviar seus arquivos
de resposta para posterior correção e avaliação por parte do professor.

FIGURA 20 - TELA PARA INSERIR UMA


TAREFA NO GOOGLE CLASSROOM

FONTE: O autor.

45
Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem

Para a sala de aula virtual do Google Classroom estar pronta falta


apenas os alunos. Para isso, nos links superiores, clique em “Pessoas”
e então em “Convidar”, na lista de alunos (Figura 21). Nesta opção, você
pode convidar seus alunos pelos seus e-mails, assim, eles receberão
seus convites e acessos à sala de aula do Google Classroom.

FIGURA 21 - TELA PARA CONVIDAR ALUNOS


NO GOOGLE CLASSROOM

FONTE: O autor.

6 Algumas Considerações
Após conhecer os princípios da EAD e da sua distinção do ensino a distância,
é importante identificar que os ambientes virtuais tratam de processos de ensino
e também de aprendizagem. Estes ambientes são baseados na evolução das
tecnologias da comunicação e comunicação, acelerada pela convergência das
mídias, perfazendo, assim, as gerações do ensino a distância, que envolvem
desde as iniciativas de educação por correspondência, até os modernos
ambientes digitais baseados na internet.

A operação dos cursos a distância é dividida em níveis, sendo que em


cada país existe uma regulamentação para cada nível. O que não impede que
professores, de forma independente, criem seus próprios ambientes virtuais
de apoio ao ensino. Existem instituições que combinam ensino presencial e a
distância, mas existem também instituições que operam apenas no modelo on-
line, tratadas também como Universidades Abertas.
46
Capítulo 1 Ambientes Virtuais de Aprendizagem

Os ambientes virtuais de ensino e aprendizagem são repletos de ferramentas,


porém, estas não se limitam apenas às ferramentas listadas neste capítulo. Por
serem baseadas em tecnologias da informação e comunicação, é constante a
evolução destas ferramentas, assim, é provável que no ambiente virtual que
você irá utilizar, novas ferramentas sejam implementadas, ou você mesmo pode
as propor e desenvolver em sua instituição, visto que dentre as abordagens
metodológicas utilizadas pelo educador a distância, uma delas é a mediação.

Autonomia, cooperação, midiatização e mediação são características


importantes da EAD, os aparatos tecnológicos e as abordagens modernas de
comunicação via streaming potencialização a capacidade de ensino e aprendizagem
do meio educacional, porém, ainda assim, a EAD é necessariamente intencional.
Pequenas pesquisas informais, simples visualizações no YouTube ou navegadas
nas páginas na internet não constituem necessariamente processos de ensino e
aprendizagem. A educação a distância é sistemática, baseada em pressupostos,
planejada e fruto da junção de uma equipe multidisciplinar na produção dos materiais,
no desenvolvimento do ambiente virtual de aprendizagem e, principalmente, no
acompanhamento e monitoração dos resultados, dúvidas e avaliações dos alunos.

A EAD é baseada no aprendizado planejado, no ensino midiatizado, mediado


pela tecnologia visando atingir educandos que estejam separados no tempo e no
espaço da instituição. As últimas gerações de EAD são as baseadas no uso da
internet e dos navegadores web, que possibilitaram o uso dos ambientes virtuais
de aprendizagem, porém, é importante ressaltar que a midiatização não se limita
aos recursos, mas também aos dispositivos. Assim, AVAs podem também estar
disponíveis em dispositivos móveis (m-learning), na televisão (t-learning) ou até
em outros dispositivos ligados ao dia a dia (u-learning).

A escolha do ambiente virtual de aprendizagem depende de cada projeto e de


cada instituição. A realidade local deve ser levada em conta. Existem instituições
que possuem equipes internas de tecnologia, existem instituições que possuem
orçamento para a terceirização destes serviços, existem ainda os softwares livres
de LMS, porém, estes demandam ainda algum investimento. Para cursos livres,
grupos de estudo e para professores independentes existem ainda plataformas
que permitem o uso gratuito do Moodle, por exemplo, e também há iniciativas
como o Google Clasroom, que podem suprir estas necessidades.

No entanto, a sistematização e a intencionalidade do EAD não limitam a


aquisição do conhecimento. No âmbito dos ambientes virtuais de aprendizagem,
a colaboração em ambientes de aprendizagem digitais não formais, acrescidos
pela evolução dos dispositivos e redes sociais culminam no uso das ferramentas
colaborativas abertas, as comunidades virtuais de aprendizagem, tema do nosso
próximo capítulo.

47
Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem

Referências
BRASIL. Ministério da Educação. Gabinete do Ministro. Portaria nº 1.134, de 10
de outubro de 2016. Revoga a Portaria MEC nº 4.059, de 10 de dezembro de
2004, e estabelece nova redação para o tema. Diário Oficial da União, Brasília,
DF, 11 out. 2016.

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DP&A, 2003.

CARDOSO, Fernando. Gestores de e-learning: saiba planejar, monitorar e


implantar o e-learning para treinamento corporativo. São Paulo: Saraiva, 2007.

CARRARA, Rosangela Martins. Formação de Professores na EAD: Reflexões


Iniciais sobre a Docência no Brasil. Curitiba: Appris, 2016.

CARVALHO, Ana Beatriz Gomes. A Educação a Distância e a formação de


professores na
perspectiva dos estudos culturais (Tese de Doutrado). João Pessoa:
Universidade Federal da
Paraíba, 2009.

LITWIN, Edith. Educação à Distância: temas para o debate de uma nova


agenda educativa. Porto Alegre: Artmed Editora, 2001.

MILL, Daniel Ribeiro Silva; RIBEIRO, Luis Roberto de Camargo; OLIVEIRA de,
Marcia Rozenfeld Gomes. Polidocência na educação a distância: múltiplos
enfoques. SciELO-EdUFSCar, 2010.

MOORE, Michael G.; KEARSLEY, Greg. Educação a distância: uma visão


integrada. São Paulo: Gengage Learning, 2008.

MOORE, Michael G.; KEARSLEY, Greg. Distance Education: A systems view of


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MORAN, José Manuel. Novas tecnologias e o reencantamento do mundo. In:


Tecnologia educacional, v. 23, n. 126, p. 24-26, 1995.

­MOORE, Michael G.; KEARSLEY, Greg. Novos caminhos do ensino a distância.


In: Informe CEAD: Centro de Educação a Distância. Rio de Janeiro, n. 5, p. 1-3,
out./dez. 2005.

48
Capítulo 1 Ambientes Virtuais de Aprendizagem

PALLOFF, Rena M.; PRATT, Keith. Quando o ensinar e o aprender deixam a sala
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Porto Alegre: Artmed, p. 25-43, 2002.

PIAGET, Jean. A Psicologia da Inteligência. Editora Vozes Limitada, 2013.

PISA, Lícia Frezza. O Uso do Podcast no Ensino. In: Educação a Distância, v.


2, n. 1, p. 71-87, 2012.

PRENSKY, Marc. Não me atrapalhe, mãe - Eu estou aprendendo. São Paulo:


Phorte, 2010.

SODRÉ, Muniz et al. Eticidade, campo comunicacional e midiatização. In:


Sociedade Midiatizada. Rio de Janeiro: Mauad, p. 19-31, 2006.

VIANEY, João. A universidade virtual no Brasil: o ensino superior a distância


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ZUIN, Antonio A. S. Educação a Distância ou educação distante? O Programa


Universidade Aberta do Brasil, o tutor e o professor virtual. In: Educação e
Sociedade, Campinas, v. 27, n. 96 - Especial, pp. 935-954, out. 2006.

49
Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem

50
C APÍTULO 2
Comunidades Virtuais
de Aprendizagem

A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes


objetivos de aprendizagem:

� Discernir acerca do uso de comunidades nos processos de ensino e


aprendizagem.

� Conhecer os conceitos de aprendizagem colaborativa e inteligência coletiva no


âmbito educacional.

� Compreender as distinções e intersecções entre as comunidades virtuais de


aprendizagem e os ambientes virtuais de aprendizagem.

� Identificar ferramentas e técnicas aplicáveis às comunidades virtuais de


aprendizagem para o uso no ambiente educacional presencial, a distância ou
híbrido.
Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem

52
Capítulo 2 Comunidades Virtuais

1 Contextualização
A nova geração de alunos, tida como “nativos digitais”, por já nascerem envoltos
por dispositivos computacionais e conectados à internet possui uma aptidão natural
ao uso das mídias digitais. No seu dia a dia, o uso da tecnologia para seu lazer
é constante. Naturalmente, estes nativos digitais costumam recorrer à tecnologia
para estudar. No entanto, por vezes, se deparam com uma escola antiquada para
os seus padrões. Assim, é necessário desenvolver abordagens digitais das aulas,
somando as potencialidades dos meios educacionais presencial e a distância.

Tal e qual na sala de aula formal, os ambientes virtuais de aprendizagem,


que servem como “salas de aula digitais” precisam desenvolver aspectos
coletivos para potencializar o aprendizado dos alunos. Se em uma sala de aula
comum os colegas podem colaborar com a construção do conhecimento uns dos
outros, nas salas de aula on-line é necessário desenvolver este mesmo senso de
pertencimento, é necessário criar grupos, turmas colaborativas, comunidades de
aprendizagem virtuais.

Neste capítulo, responderemos algumas perguntas, como: Qual a


diferença entre um ambiente virtual de aprendizagem e uma comunidade
virtual de aprendizagem? Qual a possibilidade de um professor ser substituído
por computadores? E se é possível desenvolver experiências concretas para a
construção do conhecimento em iniciativas educacionais on-line.

Primeiro, vamos conhecer o conceito de aprendizagem colaborativa e


inteligência coletiva e como isso pode ser aplicado no setor educacional, seja este
presencial ou a distância. Depois vamos discutir sobre o conceito de comunidade,
permeando as comunidades físicas, ou tidas como “reais” e as virtuais, digitais, a
distância. Em seguida, vamos conhecer as comunidades de aprendizagem, como
desenvolvê-las e quais ferramentas podem auxiliar na criação de comunidades
virtuais de aprendizagem. Ao final, vamos conversar um pouco sobre as
potencialidades do ensino híbrido e da sala de aula invertida como plataforma
para a dinamização dos cursos, misturando aspectos presenciais e a distância.

2 Aprendizagem Colaborativa
As tecnologias que originaram a geração atual da educação a distância e
que possibilitam o desenvolvimento dos modernos ambientes virtuais de ensino e
aprendizagem permitem a operacionalização digital de contextos em que grupos
de pessoas tem o mesmo objetivo em comum, o de construir o aprendizado.
Esta característica é denominada de aprendizagem colaborativa. Para que os

53
Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem

alunos adquiram importantes competências sociais e de colaboração, que irão


utilizar durante toda a sua vida, é fundamental que se estabeleça o ambiente de
aprendizagem cooperativa ou colaborativa, um conceito antigo no paradigma
educacional, construído desde o período da “educação tibal”, onde os indivíduos
nas tribos antigas aprendiam e ensinavam por imitação e oralmente, em conjunto
(TEIXEIRA; REIS, 2012; DILLENBOURG, 1999; MONTES, 2016).

Segundo Santos e Alves (2006), a distância geográfica dos cursos a


distância que envolve os professores e alunos costuma transformar a experiência
de aprendizagem extremamente solitária para o aluno. Dadas as funcionalidades
de comunicação e colaboração dos ambientes de aprendizagem, é possível
transformar o ato de aprender a distância em um ato comunitário, mudando
completamente a prática educacional. Desta forma, o aluno além de conseguir
trilhar seu caminho sentido-se acompanhado, sentindo a presença dos colegas,
ele pode também usufruir de uma experiência educacional de qualidade.

Neste vídeo do TEDxFortaleza disponível no YouTube, o


palestrante e comediante Murilo Gun fala sobre a nova educação e
como a educação tradicional pode não ser a mais eficaz. Acesse em:
<https://www.youtube.com/watch?v=WauIURFTpEc>.

Para Silva (2001), o aluno é um espectador na sala de aula, então, sendo


ela virtual ou presencial, o aluno precisa participar de forma interativa. Esta
interatividade é baseada na comunicação, caso a comunicação dentro do
ambiente de aprendizagem seja unidirecional, o aluno será um mero espectador,
um assimilador de papel passivo, quando envolvido em uma experiência interativa,
o aluno passa a ser entendido como o “usuário” que manipula a mensagem
comunicada como um cocriador dela.

Quando imerso em um ambiente de aprendizagem colaborativa, o aluno


é o protagonista do seu processo de aprendizagem e dos demais envolvidos.
Envolvendo discussões e troca de informações, os envolvidos costumam alcançar
resultados mais significativos do que quando estão estudando sozinhos. Há um
tempo disponível para as aulas no ensino tradicional, este, delineado pelo professor,
que coordena o caminho que os alunos, agrupados em turmas percorrem. Na
aprendizagem colaborativa o protagonismo do aluno é valorizado para a resolução
de problemas em grupo, caso haja proficiência do mesmo, é viável que este busque
a sua progressão no sistema educacional (SANTOS; SILVA, 2006).

54
Capítulo 2 Comunidades Virtuais

Na aprendizagem colaborativa há uma construção social do conhecimento,


sendo ele potencializado pelo envolvimento social dos atores em ambientes
favoráveis à interação entre eles, possibilitando a colaboração e a avaliação,
tendo a participação ativa dos docentes e aprendizes em todos estes processos
(KENSKI, 2003). Para a existência de uma aprendizagem colaborativa, é
necessário um ambiente educacional distinto, que difere dos ambientes tradicionais
no que se refere aos papéis e interações entre alunos e professores. O professor
deve ser o maestro das propostas pedagógicas, visando promover a construção
do conhecimento dos alunos. O professor não é mais o centro da turma, o foco
são os alunos, o aluno não é tratado como o detentor do conhecimento, mas o
orquestrador dos processos de ensino (PIMENTEL; FUKS, 2012).

Palestra do TEDxPraçaSantosAndradeED com o educador


português José Pacheco, sobre a importância do aprendizado
em comunidade. Disponível em <https://www.youtube.com/
watch?v=a5Ua7Xq9I6Y>.

Existem algumas diferenças entre o ensino tradicional frente à aprendizagem


colaborativa (Quadro 1), expostas por Santos e Silva (2006). O foco do ensino
tradicional busca um foco no professor, sendo ele uma autoridade e o aluno um
recipiente, já a aprendizagem colaborativa busca dar foco no aprendiz, sendo o
professor um orientador e o aprendiz um agente que transforma a informação
em conhecimento por meio das interações entre os indivíduos da comunidade
educacional. Enquanto no ensino tradicional os estudos costumam ser isolados e
baseados na memorização, na aprendizagem colaborativa os indivíduos estudam
em grupos que discutem e constroem o conhecimento.

QUADRO 1 - COMPARAÇÃO ENTRE EDUCAÇÃO


TRADICIONAL E APRENDIZAGEM COLABORATIVA

Ensino Tradicional Aprendizagem Colaborativa


Estudo isolado Estudo em grupo
Professor – autoridade Professor – orientador
Aluno – agente que transforma informação
Aluno – recipiente a ser preenchido com in-
em conhecimento através da interação so-
formações do professor
cial
Aprendizagem reativa, passiva Aprendizagem ativa, investigativa
Memorização de informações Discussão e construção do conhecimento

55
Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem

Formação de grupos em função da com-


Seriação no tempo
petência
Centrada no professor Centrada no aluno
Ênfase no produto Ênfase no processo
Sala de aula Ambiente de aprendizagem

FONTE: SANTOS; SILVA, 2006.


Em um ambiente educacional onde a tônica seja a aprendizagem colaborativa,


parte-se do princípio de que todos os indivíduos envolvidos no processo sejam capazes
de estar dispostos a contribuir de alguma forma com os seus conhecimentos para a
construção do conhecimento por meio da resolução dos problemas propostos. Estes
processos são sempre baseados no conceito de sociedade e sempre multilaterais,
excluindo o papel central do professor, repassando a responsabilidade para todos os
envolvidos (MONTES, 2016). Sobre as aplicabilidades da aprendizagem colaborativa
nos dias atuais, Torres e Irala (2014, p. 30) expõem que:

Os métodos de aprendizagem colaborativa apresentam-se,


nos dias atuais, oportunos para a constituição de uma educação
inovadora e em sintonia com as novas exigências da sociedade
do conhecimento. Esse estilo de aprendizagem é mais do que
uma série de técnicas aplicadas pelo professor para que ele tenha
menos trabalho e coloque maior responsabilização nos alunos,
tornando o trabalho discente mais árduo. Ela é uma filosofia
de ensino. Uma filosofia que acredita que o trabalhar, o criar, o
aprender em grupo faz parte de um novo conjunto de habilidades
que os alunos precisam aprender para que eles e o mundo
onde vivem possam continuar existindo em longo prazo.

Para Pimentel e Fucks (2012), o professor deve gerenciar as atividades,


adaptando-as de acordo com os assuntos a serem estudados e com os
requisitos curriculares, às necessidades e realidades dos alunos e também às
circunstâncias do ambiente. Neste sentido, é importante que todos os envolvidos,
sejam eles alunos ou professores, tenham bem definidos os objetivos do grupo,
isso garante que todos propiciem um ambiente educacional de apoio mútuo. Além
disso, é necessário que todos possuam um senso de comprometimento, em que
os membros do grupo estejam nivelados quanto aos conceitos e técnicas para
a execução das atividades, culminando na oportunidade igual de sucesso, onde
todos os alunos, mesmo diferindo em suas habilidades, serão reconhecidos pelos
seus esforços empregados no sucesso da atividade.

No âmbito da educação a distância, em que temos os ambientes e comunidades


virtuais de ensino e aprendizagem, os orientadores do processo, que seriam os
professores, instrutores, ou tutores, devem ser capacitados para serem eficientes

56
Capítulo 2 Comunidades Virtuais

no ofício de “produzir pontes” entre os alunos do curso em questão. Estes devem


ser capazes de “aprender a aprender” de forma coletiva, para que, assim, consigam
desenvolver relações sociais entre o grupo, mesmo este estando separado pelo
tempo e pelo espaço. Quando estando a distância, estes orientadores devem prover
meios para a formação de grupos de trabalho com os integrantes, conhecendo a
estrutura do currículo, planejando a aprendizagem ativa dos alunos e provendo
meios para motivar os alunos no uso coletivo das ferramentas (MERCADO, 2006).

Conheça o projeto Escolas Inovadoras do Canal Futura, que


visita algumas das mais inovadoras escolas ao redor do mundo,
que substituíram paradigmas tradicionais por abordagens criativas
centradas no aprendizado colaborativo. As escolas trocaram
os modelos antigos por projetos de educação profissional,
empreendedorismo em ambientes informais, por exemplo. Disponível
em: <http://futura.org.br/escolasinovadoras>.

Neste contexto, a aprendizagem colaborativa pode ser facilmente


desenvolvida utilizando ferramentas digitais baseadas no uso da internet e dos
ambientes de ensino e aprendizagem virtuais. No entanto, tal e qual em uma sala
de aula comum, nos ambientes de aprendizagem a distância, mais do que o foco
nas ferramentas, é necessário o foco nas teorias educacionais que servirão como
base para as abordagens colaborativas.

Aprendizagem colaborativa pode ser construída e alcançada


num ambiente de aprendizagem que tem como suporte o
auxílio do computador. Entretanto, isso em si não basta, pois os
resultados de aprendizagem dependem muito mais das teorias
nas quais nos apoiamos do que dos recursos tecnológicos que
utilizamos (MARQUES, 2006, p. 38).

Para conhecer um pouco mais sobre as teorias educacionais


leia o artigo da professora Patricia Teles, publicado na revista
científica Inferfaces: Educação e Sociedade, com o título “Teorias
Educacionais Contemporâneas: Sociedades Complexas e o Papel
da Educação”. Disponível em: <http://local.cnecsan.edu.br/revistas/
index.php/pedagogia/article/view/558>. Acesso em: 4 dez. 2018.

57
Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem

Na educação tradicional é possível encontrar professores não costumam


ser colaborativos uns com os outros. Sendo assim, quando necessária a imersão
em um ambiente colaborativo, é necessário que estes professores rompam
com estas barreiras da sua ocupação tradicional, adotando, assim, formas mais
colaborativas entre seus colegas docentes (SANTOS; ALVES, 2006).

Quando a aprendizagem é centrada no aluno, minimiza-se


a importância do contexto social, bem como o papel decisivo
da conversação e da colaboração como partes determinantes
dos processos de aprendizagem. Não se levam em conta as
múltiplas aprendizagens que ocorrem de maneira clara ou sutil
por influência dos colegas, das dinâmicas ensejadas por meio
dos trabalhos de grupo dos alunos, nem de suas motivações, ao
interpretar os significados de elementos sugestivos nas situações
vividas, por meio de intercâmbio de experiências e das relações
afetivas que as perpassam. Deixa-se de reconhecer os efeitos de
reflexões ensejadas no nível intelectual que busca significados
nas inter-relações das variáveis implicadas pelas atividades que
demandam criatividade e pensamento reflexivo, propiciando
insights sobre fatos e verdades até então desconhecidos.
Falta conexão do que está sendo vivido com as experiências
passadas, portanto, com a bagagem de conhecimento que cada
estudante traz para a atividade em desenvolvimento que é, sem
dúvida, portadora da cultura em que estão imersos (MARQUES,
2006, p. 39).

Educação na Finlândia: os métodos inovadores


do país referência mundial no Ensino

O país começou a chamar atenção por seus resultados elevados


no PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes),
considerado o maior teste de qualidade de ensino que compara,
hoje, o nível de aprendizado entre jovens de todo o mundo.

As avaliações acontecem a cada 3 anos e abordam 3 áreas


do conhecimento: Leitura, Matemática e Ciências, contando com
a participação de alunos que estão na média de 15 anos de idade.
Desde 2000, quando o PISA foi inaugurado, a Finlândia se mantém
entre os países de destaque, geralmente ocupando pelo menos um
lugar entre os 5 primeiros países de cada área.

Na última edição em 2015 por exemplo, a Finlândia esteve em 5º


lugar em Ciências e 4º em Leitura, entre os 73 países participantes.
Já o Brasil ficou entre os 8 piores países do ranking de Ciências.
58
Capítulo 2 Comunidades Virtuais

Vale lembrar que a avaliação considera não só conhecimentos


curriculares, mas também outros fatores como equidade social,
desempenho de estudantes imigrantes em comparação aos nativos,
bem-estar dos alunos e a capacidade de solucionar problemas
de maneira colaborativa, ou seja, habilidades que envolvem
desenvolvimento a níveis sociais e emocionais.

FONTE: Disponível em: <https://educador360.com/gestao/educacao-


finlandia-referencia-mundial-ensino>. Acesso em: 4 dez. 2018.

A midiatização, já estudada no capítulo anterior, aplicada no contexto da


interatividade é essencial para a aprendizagem colaborativa, segundo Mercado (2006),
a interação entre tutores e colegas permite que o aluno sinta-se seguro e motivado.
Para tanto, são necessárias as ferramentas de comunicação, tornando essencial a
midiatização por parte dos professores e tutores de EAD, mas para tal, é necessário
que os docentes compreendam as melhores formas de garantir a comunicação,
desenvolvendo uma linguagem apropriada para as turmas, determinando métodos e
técnicas que facilitem a aprendizagem autônoma dos alunos.

Um indivíduo que aprende e pratica em conjunto desenvolve também as


habilidades interpessoais, pratica o trabalho em equipe e atua em comunidade.
O aprendizado em grupo, colaborativo e suportado por um professor tende a
apresentar resultados mais significativos, costuma gerar o senso de pertencimento
ao aluno e trás ao processo educacional um ambiente capaz de prover processos
mais voltados à construção do conhecimento. Indivíduos que estudam sozinhos,
mesmo que quando autônomos, enfrentam a dificuldade do senso de solidão,
esbarram nos obstáculos da motivação e do tempo. Quando há um grupo, uma
turma, um tutor presente e um sistema voltado à colaboração, o aluno se sente
parte de um todo, seja ele um sistema educacional presencial ou a distância.

Você já conhece a Teoria da Aprendizagem Significativa?


Pesquise mais sobre este tema e repense sobre como esta
abordagem pode auxiliar nas comunidades virtuais de aprendizagem
e no ensino a distância como um todo.

59
Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem

Em um ambiente educacional colaborativo os alunos também possuem


responsabilidades pela sua aprendizagem. Os alunos que devem assumir
papéis mais ativos naa sala de aula, desenvolvendo habilidades, dirigindo o seu
aprendizado e monitorando seu desempenho. Dos envolvidos nas atividades,
é constante que cada um visualize o problema de uma forma distinta, com
perspectivas diferentes. Assim, os envolvidos estão habilitados coletivamente
para negociar soluções e significados aos problemas em conjunto, compartilhando
resoluções, pois se esta atividade foi interativa, os indivíduos trazem consigo
suas próprias abordagens cognitivas, implantando suas próprias perspectivas e
opiniões na atividades (TORRES; IRALA, 2014).

As professoras portuguesas Madalena T. Teixeira e Maria F.


Reis (2012) elaboraram um estudo sobre como a organização física
da sala de aula pode contribuir com a aprendizagem colaborativa
(Figura 1).

FIGURA 1 - ESPAÇO FÍSICO EM SALA DE AULA COLABORATIVA

FONTE: TEIXEIRA; REIS, 2012.

Disponível em: <http://revistas.cesgranrio.org.br/index.php/


metaavaliacao/article/view/138>. Acesso em: 4 dez. 2018.

Para Vigotsky, a ação dos indivíduos é a base para o desenvolvimento


cognitivo do indivíduo, tendo ainda as interações sociais entre os indivíduos como
o fundamento para o processo de aprendizagem. Nesta ideia, o contexto histórico
e social do aluno deve ser levado em conta e é um dos fatores determinantes para
a aprendizagem do indivíduo (MONTES, 2016).

60
Capítulo 2 Comunidades Virtuais

Lev Vygotsky foi um psicólogo precursor da teoria educacional Lev Vygotsky


do sociointeracionismo, que argumenta sobre a construção do foi um psicólogo
conhecimento ser baseada na bagagem histórica e cultural do indivíduo precursor da teoria
educacional do
para o seu desenvolvimento, sendo este, baseado nas relações sociais
sociointeracionismo,
do indivíduo. que argumenta
sobre a construção
A Escola Riverpoint Academy), de Spokane, Washington, nos do conhecimento
Estados Unidos, por exemplo, permite que seus alunos tenham a ser baseada na
autonomia de desenvolver seus projetos de acordo com seus interesses. bagagem histórica
e cultural do
Em ambientes de aprendizagem voltados à colaboração, os alunos criam
indivíduo para o seu
soluções para problemas da vida real em projetos integrando alunos, desenvolvimento,
professores e diferentes disciplinas. Estes projetos são desenvolvidos sendo este, baseado
em uma disciplina chamada de “inventioneering”, que pode ser nas relações sociais
traduzida ao português como “engenharia de invenções”, por exemplo. do indivíduo.
Esta disciplina é composta por conteúdos de ciência, tecnologia, engenharia e
matemática, combinando ciência da computação e humanas (CERVINO, 2015).

Saiba mais sobre as atividades inovadoras da Riverpoint


Academy no blog da ferramenta colaborativa Trello. Disponível em:
<https://blog.trello.com/br/aprendizagem-colaborativa-sala-de-aula>.
Acesso em: 4 dez. 2018.

A força que as colaborações entre os envolvidos no processo educacional


exercem no meio educacional é determinante para a eficaz construção do
conhecimento. As ações colaborativas envolvem fatores cognitivos mais
elaborados que os comuns, quando envolvem ações individuais (PIMENTEL;
FUCKS, 2012).

A aprendizagem colaborativa também não nega completamente


a importância da aula expositiva controlada pelo professor,
reconhecendo que ela tem sua importância na prática
pedagógica. Contudo, essa forma de aprendizagem quer ir além
do modelo tradicional, pois se acredita que o conhecimento
é socialmente construído (VYGOTSKY) por meio de uma
mobilização conjunta para construir e reconstruir significados.
Nessa visão, o esforço conjunto de alunos na resolução de
tarefas propostas pelo professor, a troca de conhecimentos
e de experiências realça a aprendizagem e pode levar a um
conhecimento mais duradouro do que aquele obtido por meio
da aula tradicional, que pode ser facilmente esquecido depois
da tradicional avaliação escrita (TORRES, IRALA, 2014, p. 30).
61
Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem

Mais do que atuar em grupo, experiências colaborativas visam promover


a construção coletiva do conhecimento, utilizando as ferramentas do ambiente
para potencializar a comunicação entre os envolvidos, visando à interação entre
os alunos e professores. O conhecimento construído em comunidade remonta
experiências distintas dada a bagagem cultural e a história pregressa dos colegas.
Diferentemente do estudo individual, na aprendizagem coletiva, o indivíduo não
decora conceitos, mas, sim, constrói experiências coletivamente.

As propostas de aprendizagem colaborativa não aceitam o método de


reprodução do conhecimento, em que o aluno é um elemento unicamente
passivo nos processos de ensino e aprendizagem. Na aprendizagem colaborativa
o conhecimento é fruto de uma construção social, baseado na interação entre
os indivíduos, valorizando o conhecimento prévio do aluno, sua experiência
anterior e o seu entendimento atual sobre o mundo. Neste sentido, é papel do
professor desenvolver abordagens e ambientes voltados ao desenvolvimento das
habilidades sociais e cognitivas dos alunos, levando em conta seu modo criativo e
a sua interação (TORRES; IRALA, 2014).

1 Em sua história como aluno e aprendiz você provavelmente


conviveu com professores de formações e estilos diferentes.
Algumas das suas experiências foram mais tradicionais, já outras,
com certeza envolveram atividades voltadas à aprendizagem
colaborativa. Neste sentido, disserte sobre as duas abordagens
utilizadas por seus professores, fazendo uma comparação entre
as duas: tradicional e colaborativa.
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62
Capítulo 2 Comunidades Virtuais

3 Inteligência Coletiva
Ainda no sentido da colaboração, quando os indivíduos trabalham em torno
do reconhecimento mútuo e também em torno do enriquecimento mútuo em um
ambiente onde a inteligência está distribuída por toda a parte, para Lévy (2007),
estes estão envolvidos no conceito de inteligência coletiva. Esta inteligência é
baseada no conhecimento coordenado em tempo real, de alto valor e distribuído
em todos os locais. Partindo do princípio de que ninguém é dono de todo o
conhecimento e de que todos detém ao menos uma parte do conhecimento, todo
o saber está disponível na humanidade.

Pierre Lévy é um filósofo e sociólogo francês estudioso das áreas


de cibercultura e inteligência coletiva. É professor da Universidade
de Paris, no departamento de Hipermídia e tem estudado o impacto
da tecnologia na sociedade atual.

Para conhecer um pouco mais sobre as contribuições de Pierre


Lévy, leia o artigo científico “Inteligência Coletiva: um olhar sobre a
produção de Pierre Lévy”, um estudo publicado na revista científica
Perspectivas em Ciência da Informação, identificando os preceitos
sobre inteligência coletiva, suas ambiências e implicações.

Disponível em: <http://portaldeperiodicos.eci.ufmg.br/index.


php/pci/article/view/1639>. Acesso em: 4 dez. 2018.

A inteligência deve ser tratada como um bem. Assim como há preocupações


com o desperdício de dinheiro e de recursos ecológicos, é necessário também, se
preocupar com o conhecimento não utilizado, não desenvolvido, ou não empregado
em algo. A inteligência não deve ser ignorada, humilhada ou desprezada, mas,
sim, valorizada. Para isso, as tecnologias devem prover meios para compartilhar
e comunicar esta inteligência. Na inteligência coletiva, comunidades são criadas
digitalmente para oferecer formas de gerenciar as interações dos indivíduos
em um mesmo universo digital de inteligência e conhecimento. Para tanto, o
ciberespaço é o ambiente para interagir conhecimentos e seus conhecedores em
iniciativas coletivas (LÉVY, 2007).

Em meio a todo esse alvoroço no ciberespaço, um termo tão


consolidado como o de "comunidade" vem sendo discutido

63
Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem

e mesmo questionado por alguns teóricos. Alguns reclamam


sua falência, com um certo tom nostálgico, lamentando
seu desgaste e perda de sentido no mundo atual. Outros
apontam para os focos de resistência que comprovariam sua
pertinência, mesmo em meio a nossa sociedade capitalista
individualizante, mas há os que acreditam, simplesmente, que
o conceito mudou de sentido (COSTA, 2005, p. 236).

Um dos desafios atuais é definir arquitetonicamente como construir ou


organizar um espaço interativo no ciberespaço, capaz de prover a inteligência
coletiva. Neste sentido, Lévy (2007) expõe que faz parte da inteligência coletiva
haver uma curadoria, uma filtragem dos conteúdos nos ambientes digitais,
garantindo que estes ambientes sejam compostos apenas por fluxos de
informações coerentes e necessárias para que os alunos “naveguem no saber” e
pensem juntos, de forma coletiva.

Para Pierre Lévy (2007) quando acreditamos que uma pessoa


é ignorante, é necessário buscar em qual contexto o conhecimento
desta pessoa é valioso.

Os indivíduos constroem o conhecimento de forma mais efetiva se expostos a


experiências onde estes vivenciam, sentem, se relacionam, estabelecem vínculos
e se integrando em novos contextos. Assim, novos sentidos e significados são
empreendidos no contexto cognitivo (MORAN, 2000). Segundo Teixeira e Reis
(2012), no contexto da aprendizagem, quando esta é feita de modo coletivo, ou
cooperativo, mais do que ajudar alunos com conteúdos e competências, esta
abordagem atinge também objetivos e metas sociais e de relações humanas.

A convergência das mídias, das telecomunicações, das tecnologias da


informação e da comunicação, da imprensa, dos games e da multimídia em geral
criaram novas relações de tempo e espaço, sendo assim, um ciberespaço não
possui mensuração definida quanto a sua forma ou conteúdo (LÉVY, 2007). As
redes digitais transformaram as formas de se comunicar, as comunidades digitais,
presentes na web, os blogs, wikis e as conhecidas redes digitais demonstram
o quanto o ciberespaço contribui no crescimento do capital social e cultural dos
indivíduos (COSTA, 2005). Para Machado e Tijiboy (2005), iniciativas como estas
garantem a interação nas comunidades, garantindo, assim, a construção social
dos indivíduos nestas redes. O envolvimento das pessoas, a motivação e o tempo
envolvido nestas comunidades é fundamental para que haja esta construção.

64
Capítulo 2 Comunidades Virtuais

Um dos aspectos essenciais para a consolidação de


comunidades pessoais ou redes sociais é, sem dúvida, o
sentimento de confiança mútua que precisa existir em maior ou
menor escala entre as pessoas. A construção dessa confiança
está diretamente relacionada com a capacidade que cada um
teria de entrar em relação com os outros, de perceber o outro
e incluí-lo em seu universo de referência. Esse tipo de inclusão
ou integração diz respeito à atitude tão simples e por vezes
tão esquecida que é justamente a de reconhecer, no outro,
suas habilidades, competências, conhecimentos, hábitos...
Quanto mais um indivíduo interage com outros, mais ele está
apto a reconhecer comportamentos, intenções e valores que
compõem seu meio. Inversamente, quanto menos alguém
interage (ou interage apenas num meio restrito), menos tenderá
a desenvolver plenamente esta habilidade fundamental que
é a percepção do outro. Em outras palavras, reconhecer é a
aptidão que um indivíduo desenvolve para perceber, detectar,
localizar numa outra pessoa uma característica que não havia
sido percebida antes e que, por isso mesmo, simplesmente não
tinha existência no campo de sua percepção, mas reconhecer
é também, e ao mesmo tempo, dar valor a alguém, aceitá-lo
em seu meio, integrá-lo como colega ou parceiro (COSTA,
2005, p. 242).

Assista a entrevista de Pierre Lévy no programa brasileiro Roda


Viva, da TV Cultura, tratando sobre cibercultura e inteligência coletiva.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=DzfKr2nUj8k>.
Acesso em: 4 dez. 2018.

Uma forma colaborativa de compor ambientes de inteligência coletiva é o uso


de wikis, ambientes on-line, baseados na web, onde pelo navegador é possível
acessar um conjunto de páginas hiperlincadas entre si contendo conteúdos para
consulta. A diferença deste tipo de ambiente para outros portais ou sistemas de
ensino a distância é que com as wikis é possível que o próprio usuário altere as
informações, desenvolvendo, assim, colaborativamente os próprios conteúdos. A
Wikipedia é um exemplo disso, ela é uma enciclopédia livre e aberta, qualquer
um (com cadastro prévio) pode criar e alterar conteúdos, corrigir informações,
revisar páginas e manter o ambiente ativo, colaborativamente. LMS (Learning
Management System) costumam ter suas próprias ferramentas de wiki. No
Moodle, por exemplo (Figura 2) é possível criar como um dos recursos, um
ambiente wiki, editável de forma coletiva.

65
Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem

FIGURA 2 - WIKI COLABORATIVA NO MOODLE

FONTE: O autor.

O próprio software da Wikipedia é um software livre. Os softwares livres


são gratuitos, no caso, o software da Wikipedia é o MediaWiki, um sistema web
baseado em PHP. Basta instalá-lo e disponibilizá-lo na internet para que você
tenha a sua própria comunidade colaborativa.

Para mais detalhes sobre como instalar o MediaWiki para


ter a sua “própria Wikipedia” acesse ao site oficial da ferramenta
mediawiki.org. Disponível em: <https://www.mediawiki.org/wiki/
Manual:Installation_guide/pt-br>. Acesso em: 4 dez. 2018.

No contexto proposto por Lévy (2007), podemos incluir as redes sociais


como ferramentas colaborativas capazes de compartilhar e difundir informações.
É comum encontrar comunidades ligadas a diversos aspectos do conhecimento
nas mais variadas redes sociais. Ferramentas colaborativas on-line como o
Google Docs, Dropbox, Trello, entre outras, podem contribuir com a execução

66
Capítulo 2 Comunidades Virtuais

de atividades coletivas, difundindo, assim, os conteúdos tratados, desenvolvidos


ou discutidos. Sistemas de Wiki como o MediaWiki, sistemas de blog como
o Wordpres ou o Blogger podem facilitar a construção de comunidades de
aprendizagem colaborativas, onde professores e alunos podem coletivamente
construir materiais e elaborar discussões em ambiente de internet, em que todo o
mundo poderá acessar.

1 Com base nos conceitos de inteligência tratados aqui, disserte


sobre como você visualiza a aplicação dos ambientes e
comunidades virtuais de aprendizagem como ferramentas de
inteligência coletiva.
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4 Comunidades Físicas e Digitais


Após discutirmos sobre a colaboração e a coletividade, vamos agora discutir
sobre o conceito de comunidade, tanto no âmbito físico quanto no digital. Segundo
o dicionário Michaelis (2018), uma comunidade é um grupo de pessoas com
características comuns, inseridas numa sociedade maior que não compartilha de
suas características básicas. Remontando à antiguidade, o conceito de comunidade
é baseado na junção de pessoas, agrupadas por alguma característica, sendo
esta distinta das demais em uma sociedade. As comunidades podem agrupar por
afinidades musicais, esportivas, religiosas ou geográficas. Uma comunidade no
que diz respeito à perspectiva prática, pressupõe o conceito de vínculo, onde há
uma inserção social do indivíduo e dos seus valores. Este vínculo é meramente
simbólico, tanto na sua origem quanto no seu destino, compartilhando na verdade
um “ser em comum” uns com os outros (PAIVA, 2007).

Para representar o conjunto de pessoas com atributos comuns, o antropólogo


inglês Victor Turner cunhou o termo derivado do latim communitas, fruto de suas
pesquisas nas tribos Ndembu da África. Segundo Turner, nas communitas não há
uma distinção espacial ou territoriais, a noção de pertencimento está baseado nas

67
Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem

relações sociais entre os indivíduos. Neste sentido, a pessoa não é naturalmente


parte fixa de uma comunidade, mas sim, está envolvido em determinados
momentos com um grupo de indivíduos com quem compartilham determinados
rituais e atividades (NOLETO; ALVES, 2015).

Alguns autores expõem que as comunidades virtuais, apesar


de eliminar barreiras territoriais, estão criando também isolamentos
sociais, colapsando o convívio físico familiar, visto que cada vez mais
os indivíduos buscam experiências comunitárias virtuais em face às
presenciais (CASTELLS, 2003).

Desta forma, os indivíduos quando envolvidos em uma communita encontram


um local comum para o convívio e o compartilhamento de experiências. No
mundo atual, estes conceitos podem ser aplicados às comunidades também ao
meio digital, pois estas não possuem barreiras geográficas. Comunidades virtuais
costumam ser classificadas como o resultado de uma série de acontecimentos
históricos que desvincularam a localidade e a sociabilidade ao formar grupos.
Assim, novas formas de interações sociais foram desenvolvidas, criando
comunidades que superam as formas de interação até então geograficamente
limitadas (CASTELLS, 2003).

Nestes últimos tempos, o computador tornou-se algo mais


do que um misto de ferramenta e espelho: temos agora a
possibilidade de passar para o outro lado do espelho. Estamos
a aprender a viver em mundos virtuais. Por vezes, é sozinhos
que navegamos em oceanos virtuais, desvendamos mistérios
virtuais e projetamos arranha-céus virtuais. Porém, cada vez
mais, quando atravessamos o espelho, deparam-se-nos outras
pessoas (TURKLE, 1997, p.11-12).

Mais do que uma “rede mundial de computadores”, a internet é uma rede
que interconecta pessoas. Desde o início dos estudos acerca da internet, com
a criação da ARPANET, da web e das demais tecnologias da informação e da
comunicação, o foco das inovações eram transmitir informações digitais. Sendo
assim, as novas ferramentas constituem formas de construção do conhecimento
de forma coletiva, criando comunidades capazes de interagir entre si (ALVES,
2007).

68
Capítulo 2 Comunidades Virtuais

Nos primórdios da internet, a criação de páginas e demais aplicações em


ambiente web, capazes de serem acessadas por navegador eram restritas
às pessoas que possuíam conhecimentos de linguagens de programação e
desenvolvimento em banco de dados, o que chamamos de Web 1.0.

Com o passar do tempo e com a evolução das tecnologias de programação,


foi possível desenvolver abordagens interativas onde o próprio usuário conseguiria
criar e compartilhar suas informações na rede. Esta forma de comunicação,
denominada de Web 2.0, possibilitou o desenvolvimento de aplicações como
blogs, onde o próprio usuário pode criar suas páginas e escrever seus conteúdos,
o YouTube, onde é possível disponibilizar vídeos próprios e tantas outras
tecnologias que revolucionaram a forma como a comunicação se desenvolveu na
atualidade.

Além da Web 1.0 e da Web 2.0, há um conceito emergente


de “Web Semântica”, que compõe o que chamamos de Web 3.0.
Pesquise sobre a Web 3.0 e conheça sobre como ela pode nos
auxiliar na educação e nas pesquisas acadêmicas.

Neste sentido, surge a natural forma coletiva de compartilhamento de


informações, onde comunidades virtuais, em face às comunidades presenciais
ou físicas, reúnem pessoas com atributos em comum, para a discussão e
compartilhamento de informações.

Os fóruns são exemplos de comunidades virtuais. Indivíduos com alguma


relação, especialmente não geográfica, encontram nos fóruns de discussão,
ambientes digitais para a execução de negócios, compartilhamento de
oportunidades, estudos e aprendizado. No Brasil, o Fórum CifraClub (Figura 3),
por exemplo, é uma comunidade digital de músicos profissionais e amadores que
compartilham dúvidas e respostas, equipamentos para venda, serviços, entre
outras informações uns com os outros.

69
Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem

FIGURA 3 - FÓRUM CIFRACLUB

FONTE: Disponível em: <https://forum.cifraclub.com.br>. Acesso em: 11 dez. 2018.


As ferramentas de redes sociais proporcionam grande caráter comunitário,


visto que primariamente costumam conectar pessoas. No Facebook é possível
criar Grupos, nestes, os indivíduos se encontram para discutir temas em comum,
agrupados por ocupação profissional, gostos musicais, interesses de compra e
venda, dentre outros. O mesmo ocorre no meio educacional. É possível encontrar
ambientes de aprendizagem não formais em forma de comunidade virtual em
grupos do Facebook. Existem, por exemplo, grupos de estudos para o ENEM e o
Vestibular, nos quais professores e alunos de todo o país, independentemente da
instituição a qual estão vinculados, compartilham dicas acerca dos conteúdos dos
referidos exames.

Para Alves (2007, p. 14), as comunidades virtuais “configuram-se como


ambientes de aprendizagem e socialização, que, por sua vez, exigem leituras
críticas por parte dos usuários, que podem ser construídas através da mediação
da família, dos próprios pares, da escola e da sociedade”. Mais do que unir
pessoas de forma virtual, as comunidades digitais quando organizadas para tal
forma, também podem operar como ferramentas auxiliando nos processos de
ensino e aprendizagem.

70
Capítulo 2 Comunidades Virtuais

1 Com base nos estudos desta sessão, classifique V para as


sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) As comunidades agrupam os indivíduos unicamente por forma


geográfica.
( ) As communitas agrupam os indivíduos unicamente por forma
geográfica.
( ) A Web 3.0 proporcionou a criação de comunidades virtuais.
( ) As comunidades agrupam indivíduos com todas as
características iguais.
( ) As comunidades dão noção de pertencimento aos envolvidos.

a) ( ) V - F - F - V - F.
b) ( ) F - V - V - V - V.
c) ( ) F - F - F - F - V.
d) ( ) V - F - V - F - V.

5 Comunidades de Aprendizagem
Quando indivíduos se reúnem, seja de forma virtual ou presencial, ou ainda,
de ambas as formas, para construir conhecimento com objetivos comuns, estes
estão em uma comunidade de aprendizagem. Quando esta construção é baseada
em interações, troca de informações, discussões, entre outros, estando em uma
escola, ou não, isso é uma comunidade de aprendizagem. No âmbito escolar,
esta comunidade de aprendizagem seria quando os alunos e professores,
juntamente a outros envolvidos, como pais e demais funcionários da instituição
estão interessados no mesmo assunto, pesquisando e trabalhando com o mesmo
objetivo.

A comunicação virtual é uma das principais formas de construção de


comunidades. Obviamente, o objetivo de uma comunicação em uma comunidade
virtual não é naturalmente trocar de forma ingênua a comunicação presencial pela
digital, mas, sim, potencializar as capacidades e as abrangências de comunicação
daquela comunidade. Em uma comunidade virtual, a comunicação pode ser
assíncrona, por exemplo.

71
Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem

Para compreender um pouco mais sobre como as comunidades


de aprendizagem podem contribuir para a educação na sociedade
atual, leia o artigo científico “Comunidades de Aprendizagem:
Buscando Relações Mais Dialógicas e Aprendizagens Mais Efetivas
entre Todas/os”, que traz uma reflexão acerca das melhorias das
interações e consequentes aprendizagens entre os envolvidos
no processo educacional por meio do projeto Comunidades de
Aprendizagem. Disponível em: <http://periodicos.uem.br/ojs/index.
php/TeorPratEduc/article/view/13877>. Acesso em: 4 dez. 2018.

Desta forma, o indivíduo poderá participar da atividade em um outro


momento, que não seja o que a atividade ocorreu, flexibilizando sua participação,
potencializando, assim, a capacidade de abrangência daquela mensagem
comunicada (FARIA, 2006).

Vamos tomar como exemplo o vídeo do professor Paulo Jubilut, no YouTube,


sobre o sistema digestório, disponível no link: <https://www.youtube.com/
watch?v=HuX4YySqRmg>. Até o momento da edição deste livro, a sua aula
foi vista 1,2 milhões de vezes. É complexo imaginar quantas vezes mais este
professor atinge em sua comunidade de aprendizagem virtual no YouTube (Canal
Biologia Total com Prof. Jubilut) do que em uma sala de aula comum. De forma
assíncrona, o professor Jubilut atinge mais de um milhão de estudantes, que
dentro da sua comunidade conseguem interagir uns com os outros.

Os ambientes virtuais em si, não carregam as características de ensino e


aprendizagem. Estes ambientes, por si só, são apenas softwares, são sistemas
capazes de armazenar informações. As interações e os indivíduos que o
“frequentam”, que definem suas capacidades colaborativas. Sendo assim, os
ambientes virtuais dependem da criação de comunidades virtuais, para que estes
sejam capazes de contribuir significativamente para o aprendizado dos alunos.
Ao desenvolver pesquisas colaborativas, neste modo, os envolvidos não apenas
observam e acompanham, mas sim contribuem com o processo para que este
seja construído de forma cooperativa (CORTELAZZO, 2009).

72
Capítulo 2 Comunidades Virtuais

Em sua tese de doutorado na Universidade Aberta, de Lisboa,


intitulada “Comunidades de Aprendizagem: a importância dos
processos colaborativos de liderança” a professora portuguesa
Hermengarda Mafalda de Sousa Prego Catela discute os fatores de
desenvolvimento e sustentabilidade de comunidades de aprendizagem
e de processos de colaboração, cooperação e liderança. Acesse em:
<https://repositorioaberto.uab.pt/handle/10400.2/3304>.

Os ambientes virtuais de aprendizagem, quando utilizados de forma efetiva


e planejada são capazes de construir comunidades de aprendizagem. Das
ferramentas citadas no capítulo anterior, quando os envolvidos desenvolvem
atividades baseadas no fórum, no chat, utilizam webconferências e demais
atividades colaborativas, é possível desenvolver aspectos positivos de uma
comunidade de aprendizagem virtual.

Conforme a seção anterior, as redes sociais podem compor atividades


colaborativas pertencentes a comunidades de aprendizagem. Quando os
indivíduos estão virtualmente ligados a atividades colaborativas, onde é possível
consumir, compartilhar, produzir e distribuir conteúdo, há ali, mesmo que de
forma não intencional, uma comunidade de aprendizagem. Isso pode se aplicar
aos canais no YouTube, aos grupos no Facebook, a um perfil educacional no
Instagram, dentre outros exemplos.

As ferramentas de inteligência coletiva, quando realmente utilizadas de forma


colaborativa, como as Wikis, Blogs, ou editores interativos de páginas e sites,
podem potencializar a colaboração em comunidades de aprendizagem, sejam
estas virtuais ou presenciais.

Ao iniciar uma iniciativa de aprendizagem em comunidade, é necessário


envolver toda equipe no sentido de sensibilizá-la por completo quanto aos
objetivos do projeto. Isso envolve não apenas os alunos, mas também todos
os professores e administradores envolvidos na caminhada. Se os envolvidos
não tiverem a correta noção de que estão envolvidos em uma comunidade e de
como isso poderá potencializar suas capacidades, tudo poderá ser confundido.
É necessário motivar e orientar toda a comunidade, garantindo que todos estão
comprometidos com a atividade e não apenas envolvidos (CORTELAZZO, 2009).

73
Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem

Para entender um pouco mais sobre a diferença entre estar


envolvido ou comprometido, assista este vídeo com a história
do quanto estão envolvidos o porco e a galinha no projeto de
produzir ovos e bacon. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=Cw6hJVYXYlA>. Acesso em: 4 dez. 2018.

Uma das formas de integrar equipes em atividades colaborativas é com o uso


de softwares do tipo Groupwares. Estes softwares são compostos por ferramentas
naturalmente colaborativas, que buscam de forma coletiva desenvolver atividades.
Os programas compartilham documentos, e-mails, arquivos e mensagens. Por
exemplo, o Trello é uma ferramenta colaborativa para o controle de atividades.

Com base no conceito comunitário e colaborativo de educação,


surgiu na Espanha com o professor Flecha, o movimento de
Comunidades de Aprendizagem, mas aplicado à educação
presencial. Para esta linha de pensamento, uma comunidade de
aprendizagem é baseada na escola como o centro da sociedade.
Neste modelo, a comunidade no entorno escolar participa ativamente
nas interações entre as atividades educacionais (MELLO; BRAGA;
GABASSA, 2012).

Em 1978, as ideias do pedagogo brasileiro Paulo Freire foram


a inspiração do sociólogo espanhol Ramón Flecha para conduzir
a escola de educação para adultos La Verneda-Sant Martí, em
Barcelona. O sucesso na aprendizagem e envolvimento da
comunidade tornou a instituição referência internacional prestigiada
por publicações como a Harvard Educational Review. Depois de
mais de três décadas de desenvolvimento, o projeto nascido ali faz
agora o caminho inverso e traz para o Brasil as Comunidades de
Aprendizagem.

A partir de 1995, escolas regulares da Espanha começaram


a adotar o modelo. Nos últimos sete anos, as ações educativas
foram confirmadas como exitosas em qualquer contexto social por
estudo da Comissão Europeia com mais de 100 pesquisadores em
14 países, o Includ-Ed (Estratégias para Inclusão e Coesão Social
na Europa pela Educação, em inglês). Atualmente há cerca de 150
Comunidades de Aprendizagem.
74
Capítulo 2 Comunidades Virtuais

A base teórica é a aprendizagem dialógica, que busca superar


a desigualdade social por meio do diálogo igualitário, e a execução
se dá com a participação real das famílias em todos os setores e
decisões da escola. O conceito é estudado permanentemente pelo
Centro Especial de Investigação em Teorias e Práticas Superadoras
da Desigualdade da Universidade de Barcelona (Crea), que chegou
a uma fórmula detalhada de como transformar uma escola em
Comunidade de Aprendizagem e de quais “atuações educativas de
êxito” melhoram a aprendizagem e o convívio.

FONTE: <https://www.comunidadedeaprendizagem.com/
uploads/materials/64/c1f48c43372c9886aeb13169fe27cbd5.
pdf>. Acesso em: 4 dez. 2018.

Dentre as ferramentas de groupware, há ainda o E-groupware, um software


livre, gratuito, que pode ser instalado no servidor da instituição e comporta uma
série de funcionalidades colaborativas. Geralmente, com estas ferramentas
groupware, as instituições organizam portais corporativos e intranets, onde
pode ser criada uma comunidade virtual entre os usuários e os funcionários da
instituição, por exemplo.

1 Com base nos conteúdos estudados nesta seção, disserte sobre


o conceito de comunidades de aprendizagem como ambientes
colaborativos e as comunidades de aprendizagem presencial.

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75
Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem

6 Ensino Híbrido

Como já estudamos no capítulo anterior, a última geração de ensino a
distância, telematizada e baseada nas TIC, denominada de e-learning, cunhou
outros termos semelhantes, como o b-learning ou blended learning, que une as
características a distância e presenciais criando um ensino misturado ou um
ensino híbrido. Para Christensen et al. (2012, p. 55) o ensino híbrido é:

Um programa de educação formal no qual um aluno aprende,


pelo menos em parte, por meio do ensino on-line, com algum
elemento de controle do estudante sobre o tempo, lugar, modo
e/ou ritmo do estudo, e pelo menos em parte em uma localidade
física supervisionada, fora de sua residência.

Neste sentido, Christensen et al. (2012) apontam os diferentes modelos em
que o ensino híbrido pode ser aplicado, dividindo-se entre modelo de rotação,
modelo flex, a lacarte e modelo virtual enriquecido (Figura 4).

FIGURA 4 - ZONA HÍBRIDA DO ENSINO

ESCOLAS TRADICIONAIS ENSINO ONLINE

ZONA HÍBRIDA

ENSINO HÍBRIDO

1 2
Modelo de Modelo
Rotação Flex

Rotação por
estações
3
Modelo
Laboratório A La Carte
Rotacional

Sala de Aula
Invertida 4
Modelo
Rotação Virtual
Individual Enriquecido

FONTE: CHRISTENSEN et al., 2012.

76
Capítulo 2 Comunidades Virtuais

• Modelo de Rotação: nesta forma de curso híbrido, em uma disciplina


comum da grade, o professor organiza atividade que alternam entre as
modalidades presenciais e a distância. Há ainda alguma subdivisões do
modelo de rotação:
o Rotação por Estações: onde os alunos rotacionam na própria sala
de aula, fazendo um circuito de atividades, sendo que, ao menos em
alguma, deve haver algum meio digital envolvido.
o Laboratório Rotacional: nesta forma os alunos revezam suas
atividades entre a sala de aula comum e um laboratório capaz de
acessar a internet para realizar atividades on-line.
o Sala de Aula Invertida: modelo com destaque em vermelho na
Figura 4, em que há a rotação entre as atividades práticas em sala de
aula e o estudo on-line realizado fora do ambiente escolar, de forma
autônoma pelo aluno.
o Rotação Individual: forma em que cada aluno tem seu próprio
circuito, no qual ele não irá necessariamente passar por todas as
rotações disponíveis.
• Modelo Flex: neste modelo em que a sua nomenclatura já pressupõe
flexibilidade, os conteúdos de estudo estão dispostos on-line, mas de
alguma forma há uma mediação presencial, onde profissionais auxiliam
no direcionamento e supervisão do aluno.
• Modelo A La Carte: nesta forma os alunos estão em um curso on-line,
com acompanhamento on-line, mas continuam estudando em instituições
presenciais, participando tanto das atividades a distância quanto das
atividades presenciais.
• Modelo Virtual Enriquecido: neste modelo em uma instituição
presencial, em cada disciplina há um tempo destinado a atividades
presenciais e outras a distância. Há uma ênfase no conteúdo
on-line, mas parte das atividades e experiências são realizadas
presencialmente.

Para a utilização do ensino híbrido no meio educacional, é necessário utilizar


tecnologias que permitam a produção e o compartilhamento de conteúdos. Os
LMS e ambientes virtuais de aprendizagem das instituições de ensino a distância
contêm estas ferramentas, tornando trivial o trabalho híbrido. No entanto,
instituições de ensino presencial que desejam realizar atividades híbridas
necessitam de ferramentas tecnológicas que possibilitem a expansão da sala de
aula tradicional.

A incorporação das tecnologias digitais nas salas de


aulas precisa ser inovadora, estar alinhada aos propósitos
educacionais e institucionais, acompanhando a evolução do
mercado e da sociedade. A proposta da SAI contribui para que
as TIC sejam inseridas de forma contextualizadas, conectadas

77
Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem

aos objetivos de ensino e aprendizagem. O professor precisa


estar atento às mudanças e preparado para quebras de
paradigmas (MAZON, 2017, p. 109).

Para tanto, algumas ferramentas disponíveis na internet, de forma


gratuita, podem auxiliar neste processo. Além dos exemplos de LMS´s, existem
ainda ferramentas mais simples para uso, possibilitando que mesmo professores
sem grandes habilidades tecnológicas consigam inserir fatores híbridos no seu
ambiente escolar. Vamos conhecer agora algumas destas ferramentas.

• Google Docs: suíte de aplicativos integrável ao Google Classroom
(citado no capítulo anterior), gratuita, disponível para qualquer
indivíduo que possua uma conta Google. Esta plataforma permite
a criação e compartilhamento de documentos de texto, planilhas e
apresentações, assim como nos softwares Microsoft Word, Excel e
PowerPoint, respectivamente. No entanto, é possível desenvolver estes
arquivos de forma on-line, no próprio navegador e disponibilizá-los
aos interessados. No contexto do ensino híbrido, Mazon et al. (2016,
p. 7) propõem a seguinte atividade utilizando os recursos do Google
Docs (Figura 5) de composição e compartilhamento de documentos e
apresentações:

Como estratégia de uso pedagógico, o professor pode dividir a


sala em equipes e pedir que o representante de cada equipe crie
um documento ou apresentação e compartilhe com os demais
integrantes. O mesmo arquivo pode ser compartilhado com o
professor, que poderá acompanhar a produção do material em
tempo real, através de seu smartphone ou notebook, fazendo
orientações, comentários, correções, interagindo com a
produção do conteúdo e realizando feedbacks. No final da aula
ou até mesmo depois, em casa ou no trabalho, o arquivo pode
ser exportado em PDF e publicado no AVA para que as outras
equipes também tenham acesso ao conhecimento produzido
colaborativamente por todos.

78
Capítulo 2 Comunidades Virtuais

FIGURA 5 - INTERFACE DE COMPARTILHAMENTO


DE MATERIAIS DO GOOGLE DOCS

FONTE: O autor.

• Evernote: um sistema de compartilhamento de notas. Nele é possível fazer


anotações, anexar imagens e documentos a partir do computador ou de
um dispositivo móvel. Estas notas podem ser compartilhadas com outros
usuários e acessadas tanto de forma on-line quanto off-line (Figura 6).

Alunos ou professores podem criar “cadernos” ou conteúdos


estudados para organizar as anotações. O caderno pode ser
um projeto, uma atividade ou uma simples aglomeração de
ideias sobre um determinado tema. Quando compartilhado,
outros usuários poderão colaborar no mesmo caderno fazendo
anotações de texto, imagens, fotos, áudios e vídeos capturados
com o próprio celular ou tablet, além de anexar arquivos do
Google Docs ou Dropbox (MAZON et al. 2016, p. 8).

79
Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem

FIGURA 6 - INTERFACE DE CRIAÇÃO DE NOTAS NO EVERNOTE

FONTE: O autor.

• Trello: ambiente de gestão de tarefas, como um “quadro on-line”, onde


os projetos e atividades são exibidos de forma compartilhada entre todos
os envolvidos na equipe. Uma escola, por exemplo, pode desenvolver
suas atividades de forma presencial e os professores com seus alunos
podem controlar e gerenciar o andamento das atividades a partir do
ambiente Trello, compartilhando imagens e documentos (Figura 7).

FIGURA 7 - INTERFACE DO TRELLO COM ATIVIDADES

FONTE: O autor.
80
Capítulo 2 Comunidades Virtuais

• Dropbox: um “pendrive virtual”, uma unidade de armazenamento de


dados em nuvem, onde é possível guardar arquivos de forma sincronizada
entre diversos dispositivos próprios, como computador (Figura 8), pelo
navegador, ou pelo celular (Figura 9), por exemplo. No Dropbox é possível
ainda compartilhar os documentos com outros usuários do serviço ou com
qualquer indivíduo, por meio de um link especial.

FIGURA 8 - PASTA COM MATERIAIS DE AULA SINCRONIZADA


NO DROPBOX NO COMPUTADOR

FONTE: O autor.

Como exemplo, o professor pode desenvolver seus materiais e compartilhar


com seu grupo de alunos, sendo que alguns destes documentos podem ser
compartilhados em modo público, permitindo o acesso a toda comunidade.

81
Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem

FIGURA 9 - PASTA COM MATERIAIS DE AULA


SINCRONIZADA NO DROPBOX NO CELULAR

FONTE: O autor.

• GoConqr: com o GoConqr é possível desenvolver comunidades de


aprendizagem de forma gratuita, compartilhando aulas, documentos e
materiais com uma turma de alunos, no meio educacional, corporativo
ou independente. Há ferramentas para a criação de mapas mentais,
flashcards, quizzes, slides e notas (Figura 10).

FIGURA 10 - INTERFACE DE CRIAÇÃO DE CURSOS DO GOCONQR

FONTE: O autor.
82
Capítulo 2 Comunidades Virtuais

• ARTIA: o ARTIA é um groupware com funcionalidades de rede social.


Com foco corporativo, neste serviço on-line é possível fazer a gerência
de atividades e tarefas de projetos, criar contextos colaborativos de
trabalhos e potencializar a comunicação entre si dos usuários. Sobre a
aplicação do ARTIA no ensino híbrido, Mazon et al. (2016, p. 8) propõem:

Apesar de ser uma ferramenta projetada para o ambiente


corporativo, o professor pode explorar seus recursos no
âmbito acadêmico. Com a proposta da sala de aula invertida,
por exemplo, o professor pode criar uma comunidade como
sendo sua disciplina e dentro dela elaborar projetos como uma
abordagem de aprendizagem ativa. Dentro desses projetos,
o professor pode criar atividades distribuídas de forma
sequencial e cronológica e alocar equipes para trabalharem
de forma colaborativa, podendo acompanhar o progresso por
meio de gráficos de Gantt e de desempenho.

No contexto do ensino híbrido, uma das abordagens mais utilizadas


atualmente é a da sala de aula invertida. Nesta metodologia ativa, o repasse de
informações teóricas, o momento de nivelamento de conteúdos, aquele espaço
inicial e preliminar é desenvolvido de forma on-line. Sendo assim, em uma escola
presencial, o professor disponibiliza previamente o conteúdo da aula em um
ambiente para que os alunos se adequem ao tema. Em casa, os alunos de forma
assíncrona participam dos estudos no seu tempo e espaço, após isso, na sala de
aula presencial, toda a turma já estará inteirada sobre o assunto, permitindo assim
que as atividades em sala de aula sejam mais produtivas, utilizando todo o tempo
do momento presencial para a execução dos projetos, sem precisar dedicar muito
tempo às explicações teóricas.

Disponibilizar o conteúdo que seria exposto na sala de aula


antecipadamente e motivar os alunos a se envolverem com
seu aprendizado, proporcionará mais tempo e condições
para que os momentos presenciais sejam mais participativos
e interativos, incluindo debates e aplicações práticas dos
conceitos aprendidos (MAZON, 2017, p. 29).

83
Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem

FIGURA 11 - DIMENSÕES HÍBRIDAS DA SALA DE AULA INVERTIDA


ON-LINE PRESENCIAL

Aprendizagem
Videoaulas Ativa baseada em:
MOOCs – Problemas
AVA – Projetos
Quiz Redes Sociais – Simulações
– Gamificações
Leituras Ferramentas Salas modificadas,
colaborativas labooratórios e
Hiperlinks bibliotecas
Mídias digitais
Webquest Dispositivos
Trabalhos
individualizados
Wikis tecnológicos e em grupos
Internet Mediação e
Blogs Orientação
Fóruns Avaliação e
Feedback

TIC
FONTE: MAZON, 2017.

A Figura 11 exemplifica as relações entre as tecnologias e abordagens


utilizadas na sala de aula presencial e nas salas de aula a distância, demonstrando
a intersecção entre ambos os conjuntos, criando a junção voltada para os AVAs,
redes sociais, ferramentas colaborativas, mídias digitais, dispositivos tecnológicos
e a internet (MAZON, 2017).

Há diversas formas de se “inverter uma sala de aula”, para que essa seja
capaz de enquadrar-se como uma “sala de aula invertida”, porém, estas estão
mais caracterizadas com o grupo de alunos, alvo do processo do que com
ferramentas digitais. A sala de aula invertida não é uma tentativa de substituir
professores por computadores, o professor tem papel central neste processo, ele
é um ator que não é passível de substituição na sala de aula invertida, afinal, a
dedicação extraclasse do docente ao organizar os materiais aplicados de forma
on-line é muito maior neste caso (MUNHOZ, 2015).

No capítulo anterior e no atual nós já discutimos um pouco


sobre as diferentes formas de ensino a distância, seja e-learning,
m-learning, b-learning etc. No entanto, há ainda o modelo emergente
de u-learning, o ubiquitous learning, baseado na computação ubíqua,
onde a tecnologia está em todos os lugares.

84
Capítulo 2 Comunidades Virtuais

Pesquise um pouco mais sobre “u-learning” e reflita sobre suas


potencialidades para a educação do futuro e/ou do presente.

Com relação ao uso das ferramentas digitais e colaborativas como apoio às


atividades de ensino híbrido dentro de abordagens de sala de aula invertida e
b-learning, Mazon et al. (2016, p. 10) concluem que:

as abordagens encontradas em cada uma das ferramentas,


permite o seu uso tanto durante o horário de aulas presenciais,
visando à colaboração assíncrona entre alunos e professores,
quanto no apoio às aulas presenciais, promovendo
interatividade no horário extraclasse, como em aulas a
distância, fornecendo abordagens colaborativas como apoio
aos ambientes de ensino a distância tradicionais.

Desta forma, independente do dia a dia do aluno, o ensino híbrido permite


uma flexibilização de determinadas ações, em que o professor pode compor e
disponibilizar materiais para que o aluno dedique seu tempo necessário para a
ambientação e nivelamento de conhecimentos acerca do tema abordado nas aulas.

1 O ensino híbrido é capaz de combinar aspectos presenciais e a


distância no mesmo programa educacional. Neste sentido, faça
uma pesquisa sobre uma iniciativa de ensino híbrido realizada
no Brasil e uma realizada fora do país. Utilize sites de notícias,
portais educacionais e o Google Acadêmico para realizar a
sua pesquisa. Após estudar os dois exemplos, descreva as
abordagens utilizadas mais adequadas a sua realidade e de que
forma você, como docente, poderá organizar estas atividades no
seu fazer como professor.

R.:____________________________________________________
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85
Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem

Algumas Considerações
As tecnologias da informação e comunicação facilitam os professos de
comunicação e de composição, compartilhamento e disseminação de materiais
didáticos. Com a evolução das telecomunicações e do uso massivo da internet,
alavancado pelas tecnologias web, onde é possível utilizar o navegador para consultar
páginas e sistemas on-line, é possível o desenvolvimento de ambientes colaborativos,
capazes de servir como base para comunidades e ambientes de aprendizagem virtual.

No entanto, apesar de toda a evolução tecnológica, o papel do professor


ainda é fundamental. Mesmo em abordagens como o ensino híbrido, a educação
totalmente a distância e na sala de aula invertida, o professor é o gestor do
processo, que deverá compor os ambientes de aprendizagem com os materiais
e orquestrar a execução das atividades, tanto nas atividades presenciais, quanto
nas atividades a distância.

Por meio da aprendizagem colaborativa os indivíduos cooperam mutuamente,


criando experiências interativas e imersivas, fazendo com que a experiência
educacional não seja meramente um repasse de informações, mas, sim, um
processo coletivo de construção do conhecimento por meio de experiências em
grupo, seja este a distância ou presencial.

Ambientes de aprendizagem que não possuem o foco nas interações, na execução


das atividades em grupo ou no compartilhamento de informações, são meramente
repositórios de conteúdos. Quando os envolvidos, sejam professores ou alunos estão
realmente motivados e comprometidos com os processos de ensino e aprendizagem,
quando assumem papéis ativos nas atividades e criam um ambiente colaborativo na
sala de aula virtual, ali se desenvolve uma comunidade de aprendizagem.

Para o desenvolvimento de uma comunidade virtual de aprendizagem não é


necessária a contratação de sistemas caros, ou depender que a instituição implante
ambientes LMS ou faça parcerias com grandes empresas de tecnologia. Existem
diversas ferramentas gratuitas que possibilitam a criação, compartilhamento e
curadoria de conteúdos de forma on-line, onde todos poderão acessar via internet
ou, se necessário, apenas um grupo (turma) de usuários.

Entretanto, os ambientes e comunidades de aprendizagem, apesar da


intencionalidade do aprendizado, não necessariamente partem de iniciativas
de determinadas organizações ou instituições. Redes sociais, organizações,
comunidades, causas, projetos sociais, coletivos criativos e demais interessados
podem criar suas próprias iniciativas educacionais, baseadas no conceito de
educação aberta. Conceito que estudaremos no próximo capítulo.

86
C APÍTULO 3
Plataformas Abertas de
Aprendizagem

A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes


objetivos de aprendizagem:

� Conhecer as funcionalidades disponíveis para o uso das redes sociais na


educação.

� Identificar as diferentes aplicabilidades das bibliotecas digitais como apoio


didático.

� Compreender as potencialidades do uso de cursos abertos e massivos como


ferramentas didáticas.

� Identificar redes sociais, bibliotecas digitais e cursos abertos para uso em


ambiente educacional.
Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem

88
Capítulo 3 Plataformas Abertas de Aprendizagem

1 Contextualização
Titulando o conceito de educação aberta, as abordagens tecnológicas promovem
aspectos produtivos no âmbito educacional para prover uma ruptura nos processos
regulatórios da educação. Por mais que o ensino a distância e os seus ambientes e
comunidades virtuais de aprendizagem sejam modernos e contextualizados, há ainda
a necessidade por uma educação mais flexível, por vezes até assistemática, que
promova o acesso, o uso e o compartilhamento do conhecimento de uma forma aberta.

Esta é a ideia geral da educação aberta, promover a democratização do


conhecimento a partir de abordagens tecnológicas que culminem na flexibilização
dos processos de ingresso e estudos. Para tanto, adentraremos neste capítulo
no conceito de redes sociais aplicadas na educação aberta, utilizando também os
recursos educacionais abertos, as bibliotecas digitais e os cursos abertos e massivos.

Mais uma vez, é importante ressaltar que é papel do professor organizar, criar e
gerir estas abordagens, visto que ele ainda é o mentor dos processos de ensino, que
cada vez mais deve se portar como um facilitador dos processos de aprendizagem,
visando à construção conjunta do conhecimento a partir do contexto do educando.

Para isso, ferramentas, plataformas, técnicas e sistemas computacionais


podem ser empregados na implantação de recursos abertos, de simples produção,
acesso e compartilhamento, para que então seja possível construir uma sociedade
mais igualitária do ponto de vista educacional.

2 Redes Sociais na Educação


O novo aluno, o aluno “nativo digital”, já tratado nos capítulos anteriores, está
cada vez mais envolvido com os meios tecnológicos, tornando-se uma geração
que desenvolve naturalmente relações com o conhecimento, propondo assim cada
vez mais transformações no meio educacional. A criatividade e a criticidade ao
desenvolver abordagens tecnológicas é necessária no âmbito escolar (BACICH;
NETO; TREVISANI, 2015). Neste sentido, é interessante imaginar sobre como será o
aluno da próxima década, seja ele um aluno de curso presencial ou a distância. Este
aluno futuro, sendo um nativo digital, com fluência e vivência diária com a tecnologia,
conseguirá identificar abordagens tecnológicas apropriadas para servirem de
ferramentas para o seu dia a dia como estudante (COLL; MONEREO, 2010).

A consolidação do conceito e da ferramenta “Ambiente Virtual de


Aprendizagem” tem relação direta com a facilidade de uso e as suas capacidades
de unir de modo hipertextual diversas formas de mídia e ferramentas de
comunicação (SILVA, 2015). No entanto, conforme já discutimos nos capítulos
89
Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem

anteriores, os AVAs possuem sistemas separados, que mesmo quando gratuitos,


demandam ainda cadastros pessoais distintos. Neste sentido, surgem as redes
sociais, alternativas simples, gratuitas e de larga escala para o compartilhamento,
comunicação em grande escala e com facilidade de uso.

Em determinadas situações, as redes sociais podem superar o uso de AVAs.
Uma rede com milhões de usuários tende a ser conhecida, utilizada, de fácil uso e
democratizada com a sociedade. Sendo assim, a facilidade de acesso, de lidar com as
informações e de trafegar entre seus recursos é grande, visto que o responsável, seja
um professor, um monitor ou um líder da turma não precisará customizar recursos,
configurar, ou desenvolver funcionalidades. A forma dinâmica das postagens nas
redes superam constantemente as dificuldades que algumas plataformas de EAD
podem apresentar, pois os indivíduos não necessitam de grande capacitação para
operar de forma proficiente uma rede social (TORRES, 2017).

A internet é uma esfera tecnosocial, pelo que a socialização e


a sociabilização neste universo se reporta ao princípio de que
um mundo de informação (conteúdos, valores, objectivos) se
apresenta num mesmo espaço e tem livre acesso, envolvendo
os seus utilizadores e possibilitando que o explorem,
desenvolvendo-o através da partilha e mantendo relações com
outros elementos da rede (AMARAL, 2016, p. 71).

As redes sociais na educação podem ser consideradas como espaços


em potencial para o uso em contextos de aprendizagem, não apenas como
instrumentos, mas como ambientes onde o fazer pedagógico ocorre de forma
colaborativa e orientada. Nos encontramos hoje também de forma virtual pelas
redes sociais, tempos atrás nos encontrávamos em espaços físicos, hoje, também
interagimos pelo ciberespaço, que cada vez mais serve como um local virtual para
a socialização (TORRES, 2017).

Para conhecer mais sobre os bastidores da criação do Facebook,


assista ao filme “A Rede Social” (2010) que mostra a trajetória de
Mark Zuckerberg e seus colegas na faculdade nos primeiros passos
do desenvolvimento da rede social.

É comum que a adoção das redes sociais seja acelerada. Sendo assim, estas
ferramentas podem funcionar não apenas como plataformas de comunicação, mas
também, como novas formas de estudo e trabalho, desenvolvendo ambientes de
discussão sobre problemáticas, compartilhamento de materiais entre outros. Tendo
como base as evoluções atuais das mídias sociais, é notável o apontamento para
uma realidade futura com tecnologias extremamente avançadas (TORRES, 2017).
90
Capítulo 3 Plataformas Abertas de Aprendizagem

O acompanhamento das notícias ao redor do mundo, por exemplo, tomaram


novas proporções com as redes e mídias sociais, demonstrando assim a grande
influência das redes sociais na sociedade e a escola, como sendo um dos
segmentos desta sociedade também está sendo atingida de forma acentuada
neste sentido (TORRES, 2017).

Das características das relações baseadas em redes sociais, uma das mais
relevantes sob o ponto de vista de audiência e abrangência é a popularidade dos
atores envolvidos. Sobre esta característica Recuero (2009, p. 111) já afirmava:

A popularidade é um valor relacionado à audiência, que é também


facilitada nas redes sociais na internet. Como a audiência é mais
facilmente medida na rede, é possível visualizar as conexões e
as referências a um indivíduo, a popularidade é mais facilmente
percebida. Trata-se de um valor relativo à posição de um ator
dentro de sua rede social. Um nó mais centralizado na rede é
mais popular, porque há mais pessoas conectadas a ele e, por
conseguinte, esse nó poderá ter uma capacidade de influência
mais forte que outros nós na mesma rede.

Naturalmente, as redes sociais, em geral, não foram desenvolvidas para fins
educacionais. No entanto, é possível encontrar várias experiências ao redor do
mundo que as utilizam com êxito para no processo de aprendizagem informal ou
em conjunto com iniciativas de educação formal, seja integrando à ambientes de
cursos on-line, ou em instituições de ensino com educação a distância, presencial
e híbrida. As capacidades de interação e socialização entre os alunos que as
redes sociais são capazes de desenvolver costumam se demonstrar como sendo
sustentáveis o suficiente para serem consideradas plenamente como estratégias
didáticas coerentes com os processos de ensino e aprendizagem (TORRES, 2017).

Dentre as redes sociais que podem ser aplicadas de forma aberta aos meios
educacionais, uma delas é o Instagram, uma rede que inicialmente serve para o
compartilhamento de fotos. Com o crescimento desta rede, a infinidade de perfis
e utilidades atendeu diversos setores da sociedade, dentre eles o da educação.
É cada vez mais comum que estudantes criem os “Studygram´s”, que são na
verdade perfis no Instagram voltados aos estudos.

Como medir o valor, a popularidade, ou como efetuar trocas


dentro de uma rede social? Alguns pesquisadores cunharam o
termo “whuffie” para isso. O Whuffie seria como uma moeda dentro
do ciberespaço, onde os usuários desta nova economia trocariam
pontuações baseadas na sua reputação.

91
Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem

Pesquise mais sobre o Whuffie e analise sobre como este


conceito pode auxiliar nos processos de educação e avaliação nas
próximas gerações.

Como a forma natural do Instagram é para o compartilhamento de fotos


em geral, o feed – linha do tempo, do usuário pode ficar poluído com fotos dos
assuntos mais variados de quem o usuário segue. Para isso, é comum que
os usuários criem perfis específicos para seguir conteúdos educacionais, os
Studygram´s.

Uma das principais funcionalidades do Instagram é o uso das “hashtags”, que


são palavras precedidas pelo caractere sustenido (#) e que simbolizam etiquetas
para representar o tema da imagem postada na rede social. Na ferramenta de
busca, é possível pesquisar por essas hashtags, fazendo com que apareçam as
fotos que utilizaram o termo buscado (Figura 1). Os usuários do Instagram podem
seguir perfis de outros usuários e também seguir hashtags, desta forma, no feed
da rede social, além das fotos dos amigos que você segue, aparecerão também
as imagens das hashtags que você segue.

FIGURA 1 - RESULTADO DA BUSCA PELA HASHTAG #BIOLOGIAENEM


NO INSTAGRAM COM A OPÇÃO PARA SEGUIR

FONTE: O autor.

92
Capítulo 3 Plataformas Abertas de Aprendizagem

Os perfis de Studygram geralmente compartilham fotos, desenhos, gráficos,


resumos, mapas mentais e esquemas de estudos. Na figura 1, o segundo
resultado da busca pela hashtag #biologia_enem é uma foto de um caderno
contendo uma explicação gráfica sobre o tecido epitelial. Esta imagem (Figura 2),
que foi compartilhada no perfil “medicilando_”, além da hashtag #biologiaenem,
a postagem está também com a hashtag #studygram, para identificá-la como
parte da iniciativa coletiva de postagens “studygram”. Além destas, a postagem
apresenta ainda outras hashtags para facilitar sua busca, envolvendo medicina,
enem, biologia, dicas etc.

FIGURA 2 - FOTO DO STUDYGRAM MEDICILANDO COM AS HASHTAGS

FONTE: Disponível em <https://www.instagram.com/p/


BW0cpd5AaiZ>. Acesso em 26 nov. 2018.

A iniciativa Studygram no Instagram é mundial, sendo assim, as postagens


utilizando a hashtag #studygram são realizadas nos mais variados idiomas. Para
localizar no Brasil, postagens em português, a comunidade utiliza a hashtag
#studygrambr (Figura 3).

93
Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem

Para conhecer mais sobre as abordagens didáticas do uso do


Instagram em sala de aula, conheça o artigo científico da professora
Raquel M. M. Fernandes publicado no XXIX Simpósio Brasileiro de
Informática na Educação. Neste trabalho a autora explora o fenômeno do
Studygram e sua relação com a Neurociência e a Psicologia Cognitiva.

Disponível em: <http://br-ie.org/pub/index.php/sbie/article/view/8200>.

FIGURA 3 - BUSCA NO INSTAGRAM PELA HASHTAG #STUDYGRAMBR

FONTE: O autor.

A sua área de estudos possui conteúdos baseados na iniciativa


Studygram? Que tal tentar descobrir?

É necessário ter uma conta na plataforma e fazer a busca pelos


termos nas Hashtags. Para encontrar estes conteúdos procure buscar pelas
variações dos termos pesquisados. Por exemplo, se a sua área é matemática,
procure por #matematica, #math, #algebra, #matematicabasica.

94
Capítulo 3 Plataformas Abertas de Aprendizagem

Nos últimos anos vários professores e pesquisadores utilizaram o


espaço inovador das redes sociais para compartilhar seu conteúdo, graças às
possibilidades baseadas na inserção de vídeos e fotos. Além disso, a comunicação
entre os envolvidos em uma rede social não se limita aos meios tradicionais,
podendo também possibilitar a interação de instrumentos baseados em dados,
voz, recursos multimídia, dentre outros (TORRES, 2017).

Conforme discutimos no capítulo anterior, a rede social Facebook pode ser


utilizada para a criação de comunidades de aprendizagem a partir dos grupos.
Entretanto, dada a abrangência, a facilidade de uso e as funcionalidades da
plataforma, o Facebook pode ser utilizado para diversas outras aplicações
educacionais. É comum que os professores criem páginas, as “fã pages”, onde
compartilham de forma aberta seus conteúdos sejam eles textos, imagens
ou vídeos. Diferentemente do Instagram, o Facebook aceita vídeos com longa
duração, estes sempre ficam dispostos no feed dos seguidores, juntamente com
as imagens e outras postagens.

Redes sociais de comunicação como o Whatsapp e o Discord também


podem potencializar as discussões no ambiente escolar. Estes aplicativos
sociais naturalmente colaboram para o desenvolvimento do que tratamos
como u-learning nos capítulos anteriores. Estando no bolso dos estudantes,
estas ferramentas são capazes de imergi-los em discussões acerca dos
conteúdos em que sua comunidade está estudando onde quer que os mesmos
estejam. Estes comunicadores, além das conversas por mensagens de texto
individuais e em grupo, permitem o envio de arquivos como fotos, áudios e
vídeos, além de possibilitar a comunicação em tempo real por áudio e vídeo
entre os envolvidos.

O Whatsapp é uma ferramenta mais conhecida, com maior abrangência


e uso. Sua utilização é baseada em um aplicativo de celular, mas que pode
ser estendida ao navegador web para uso em computadores. No meio
educacional, a funcionalidade de grupos do Whatsapp pode ser muito bem
explorada.

95
Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem

FIGURA 4 - GRUPO DE WHATSAPP SOBRE LÓGICA DE PROGRAMAÇÃO

FONTE: O autor.

Nos grupos, o professor, ou os próprios alunos podem adicionar seus


colegas. No Whatsapp há a opção de compartilhar arquivos e links, sendo assim,
os grupos podem se tornar como pequenos ambientes de aprendizagem, onde os
envolvidos podem trocar materiais como vídeos, textos, imagens e áudios. Além
do compartilhamento, a funcionalidade mais natural para esta ferramenta com
certeza é a comunicação, onde de onde estiver os alunos podem conversar e
discutir sobre os temas de aula. É possível também realizar chamadas de áudio e
vídeo, fazendo com que as pessoas interajam e se vejam ao mesmo tempo.

Já o Discord é uma rede social um pouco mais específica, é focada no


público gamer, que costuma consumir os jogos eletrônicos, dada a integração que
a rede tem com os jogos. No entanto, é muito utilizada pelas novas gerações. O
Discord roda em computadores e em dispositivos móveis a partir do aplicativo.
Nele, os “grupos” são tratados como servidores, onde alunos e professores

96
Capítulo 3 Plataformas Abertas de Aprendizagem

podem criar livremente para temas específicos (Figura 5). Há também a opção de
compartilhamento de arquivos, além da opção do “canal de voz”, onde é possível
iniciar uma conversa pública por áudio para todos do grupo.

FIGURA 5 - SERVIDOR DO DISCORD COM UM GRUPO DE


ALUNOS TRATANDO SOBRE MATEMÁTICA

FONTE: O autor.

O LinkedIn, rede social com foco corporativo, que reúne estudantes e


profissionais de diversas áreas, que se conectam a partir de perfis baseados
em seus currículos costuma servir de plataforma também para postagens e
discussões com foco educacional. Além das ofertas de emprego, das buscas
por vagas e candidatos, o LinkedIn também proporciona a capacidade de
compartilhamento de conteúdo educacional.

Seguindo esta linha, a rede social investiu em uma plataforma


educacional própria, o LinkedIn Learning (Figura 6), uma iniciativa baseada no
compartilhamento de cursos, com foco na profissionalização em diversos temas
relacionados com o mundo corporativo.

97
Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem

FIGURA 6 - PLATAFORMA DE EDUCAÇÃO LINKEDIN LEARNING

FONTE: O autor.

Além das redes sociais para uso genérico, existem também redes
específicas para assuntos educacionais, uma delas é o Brainly (Figura 7). Esta
rede é baseada na ajuda mutua e compartilhamento entre estudantes. Separado
por disciplinas, o Brainly apresenta dúvidas dos usuários relacionadas ao tema,
enquanto isso, os temais colegas da disciplina também tem acesso à dúvida
postada e tem a opção de colaborar com as respostas.

FIGURA 7 - INTERFACE DA REDE SOCIAL BRAINLY

FONTE: O autor.
98
Capítulo 3 Plataformas Abertas de Aprendizagem

1 No Capítulo 2, deste livro, na seção 4, onde discutimos sobre


comunidades físicas e digitais, estudamos sobre a evolução da
internet e as eras que a dividem a World Wide Web (WWW), o
sistema de navegação entre páginas. Dentre as evoluções temos
a Web 1.0, Web 2.0 e a Web 3.0.

Relacionando este conteúdo com o nosso capítulo atual, no


âmbito das redes sociais responda a seguinte pergunta:

Qual das gerações possibilitou a existência das redes sociais, a


Web 1.0, 2.0 e 3.0? Justifique a sua resposta.

R.:____________________________________________________
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___________________________________________________
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____________________________________________________

Para conhecer um pouco mais sobre a aplicação das redes


sociais na educação, leia o artigo das professoras Giselle Martins
dos Santos Ferreira e Estrella D’Alva Benaion Bohadan, publicado no
livro Facebook e Educação, com o título: “Facebook: usos no ensino
superior e na formação continuada de professores”.

Disponível em: <http://books.scielo.org/id/c3h5q/pdf/porto-9788578792831-15.


pdf>. Acesso em: 19 dez. 2018.

3 Educação Aberta e Recursos


Educacionais Abertos
As abordagens de comunicação e organização baseadas em estruturas
hierárquicas de uma sociedade até então “não conectada” e os paradigmas
educacionais mais tradicionais estão cada vez mais obsoletos. A adoção das

99
Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem

novas tecnologias pela sociedade no seu dia a dia por meio dos mais variados
dispositivos móveis e pelas redes sociais torna necessário abordar novos
ambientes e abordagens para a promoção da aprendizagem, utilizando técnicas
distintas e inovadoras.

Com a evolução das TIC acelerada pelas necessidades do mercado e


também pelas necessidades individuais, os paradigmas da sociedade estão tempo
a tempo sendo alterados. Um destes paradigmas é o educacional. É comum
nos depararmos de forma constante com modelos educacionais emergentes
que fornecem prioridades para a aprendizagem mediada de forma digital. Nos
capítulos anteriores já discutimos sobre diversos destes modelos.

Entretanto, uma das formas com que a educação tem sido alterada é com
relação ao acesso à mesma. As formas de distribuição de conteúdos educacionais
de forma aberta, colaborativa e compartilhada transpõem as barreiras de
acesso outrora aplicadas aos meios educacionais, permitindo a construção do
conhecimento de modo cooperativa e colaborativo. Estas premissas aplicamos ao
que é chamado no momento de educação aberta (TORRES, 2017).

O livro gratuito Como Implementar uma Política de Educação


Aberta (2017) do Instituto Educadigital em parceria com o Comitê Gestor
da Internet (CGI.br) busca trazer um guia para gestores desenvolverem
iniciativas livres, de educação aberta em suas instituições.

Disponível em: <https://issuu.com/educadigital/docs/guia_rea_online__


para_issuu_>.

Segundo as A educação aberta acaba beneficiando de forma significativa os


professoras Lucena indivíduos que até o momento não tiveram condições de iniciar seus
e Lucini (2017) a estudos formais, visto que estas iniciativas de educação possuem foco
Educação Aberta não nas necessidades específicas e pontuais de cada mercado, buscando
é unicamente uma meios necessários para atender estes mercados. Desta forma, deve
forma de educação,
haver um compromisso maior por parte do aluno, para que este atinja
uma modalidade, um
momento ou uma significativamente o seu papel para construir seu próprio conhecimento
moda, é na verdade (SEGENREICH, BUSTAMANTE, 2013).
uma ação educacional
que visa abrir os Segundo as professoras Lucena e Lucini (2017) a Educação
meios educacionais Aberta não é unicamente uma forma de educação, uma modalidade,
em vários sentidos.

100
Capítulo 3 Plataformas Abertas de Aprendizagem

um momento ou uma moda, é na verdade uma ação educacional que visa abrir os
meios educacionais em vários sentidos.

Visando resgatar o lugar de ação real do aluno, a educação aberta encontra


seus objetivos na ação de transformar o aluno no sujeito que se relaciona, que se
comunica, que age e que participa. A abertura é proposta em seu sentido mais
amplo possível, onde este meio deve estar apto a desenvolver novas ideias,
novas propostas inovadoras e criativas. Compreende o conceito de “aberta”
também aos formatos múltiplos, às diversas concepções de métodos e materiais,
às modalidades articuladoras e às diferentes tecnologias envolvidas.

No conceito de educação aberta, esta, primariamente busca desenvolver


seus processos inclusivos, seja na acessibilidade, na conectividade e na
mobilidade. Esta abertura proposta, é ligada com as atitudes dos envolvidos,
sejam eles os gestores do programa, os professores, ou os alunos, que devem
alterar suas formas de interagir com a sociedade, fazendo com que esta
mudança altere também suas interações e relações com o outro (LUCENA;
LUCINI, 2017).

A educação aberta remete à remoção dos obstáculos para que os indivíduos


tenham acesso à educação, sendo que um destes obstáculos seria a própria
admissão ao curso. Na educação aberta, o acesso ao material é livre de amarras
curriculares ou pré-requisitos. O conceito de educação aberta está diretamente
ligado com a educação a distância, visto que as ferramentas tecnológicas da
EAD se demonstram as melhores alternativas para prover uma educação aberta
ao grande público, dada as suas capacidades de compartilhamento de salas
e arquivos em ambientes digitais baseados na internet (MOORE; KEARSLEY,
2011).

É comum que as pessoas almejem a liberdade de estudar e trabalhar


onde quer que estejam e quando queiram, estes comportamentos estão sendo
contemplados pela ascendência constante da disponibilidade de acesso à internet
com alta velocidade, alterando, assim, as formas com que os indivíduos aprendem
e pesquisam. Sendo assim, o próprio papel dos professores e estudantes acaba
sendo repensado, dada a pluralidade com que os recursos estão disponíveis na
internet. Neste sentido, iniciativas híbridas, que combinam métodos assistidos
por tecnologias devem ser o foco dos gestores educacionais, visto que o foco
da aprendizagem, hoje, deve estar no indivíduo, dada a expansão da cultura de
formação digital (DURALL et al., 2012).

101
Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem

A nomenclatura “Educação Aberta” também é aplicada para


denominar iniciativas necessariamente de educação superior a
distância em países onde o acesso aos cursos de graduação
era extremamente fechado e elitista, sendo denominando assim
de acordo com a liberdade de acesso que a EAD traria (MOORE;
KEARSLEY, 2011).

Os processos de acesso em uma iniciativa de educação aberta tendem a


ser mínimos, envolvendo o menor nível de constrangimento possível. Em geral,
espera-se que nestes projetos não haja rígidos processos de seleção. Se a ideia é
de uma educação aberta, este atributo também é aplicável ao ingresso neste tipo
de programa.

A base da execução de uma educação aberta é a existência de recursos


educacionais que obviamente, devem ser abertos. Neste sentido, a UNESCO
(Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura)
no Fórum sobre o Impacto do Open Courseware para a Educação Superior
em Países em Desenvolvimento, realizado em 2002, propôs o termo Open
Educational Resources, para denominar iniciativas de criação e compartilhamento
de materiais educacionais, em português traduzido para Recursos Educacionais
Abertos (REA). Estes recursos devem ter visão de aprendizagem aberta, focada
na abertura do próprio material para o reuso, permitindo alterações, redistribuições
e remix do seu conteúdo (LUCENA; LUCINI, 2017).

Para conhecer um pouco mais sobre os Recursos Educacionais


Abertos, assista ao vídeo do projeto REA Brasil explicando sobre a iniciativa.

Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=MTrUZfTwy_c>.

Os REA podem ser classificados como materiais de ensino, aprendizagem


e pesquisa, baseados em mídias que possuam licença baseada em domínio
público, ou de outra maneira aberta, livre dos direitos autorais e que permitam
o uso e adaptação. Eles devem utilizar formatos de arquivos abertos, softwares
livres e permitir a edição de forma aberta, facilitando a reutilização dos recursos
e o seu acesso, publicado de forma digital. A granularidade dos REA pode ser

102
Capítulo 3 Plataformas Abertas de Aprendizagem

mínima, compreendendo apenas pequenos vídeos e testes, ou podem Os Recursos


abranger módulos ou cursos completos, livros didáticos digitais, ou Educacionais
qualquer outro material digital que sirva como apoio ao processo de Abertos - REA -
construção do conhecimento (ROSSINI; GONZALEZ, 2012). não devem ser
confundidos com
os Objetos de
Os Recursos Educacionais Abertos - REA - não devem ser Aprendizagem
confundidos com os Objetos de Aprendizagem tratados no Capítulo tratados no Capítulo
1. Enquanto os objetos de aprendizagem são materiais desenvolvidos 1. Enquanto
para o uso educacional livre ou restrito, os REA, em sua gênese os objetos de
permitem a distribuição e redistribuição livre, possibilitando adaptações aprendizagem
são materiais
e alterações de forma aberta. Sendo assim, a principal distinção entre
desenvolvidos para
ambos é que os REA são necessariamente de formato aberto. o uso educacional
livre ou restrito,
Segundo Alves (2011), podemos organizar os recursos os REA, em sua
educacionais abertos em quatro naturezas distintas, voltadas ao gênese permitem
formato e distribuição: a distribuição e
redistribuição livre,
possibilitando
1- Conteúdo de Aprendizado: cursos completos ou materiais adaptações e
parciais de cursos, tópicos relacionados a um determinado alterações de
conteúdo, temas de aprendizagem, coleções, periódicos etc. forma aberta.
2- Softwares: programas e aplicativos de autoria e publicação Sendo assim, a
de conteúdos de forma aberta e livre, softwares livres voltados principal distinção
entre ambos é
à gestão de conteúdo e aprendizagem.
que os REA são
3- Websites e Portais: sistemas de busca on-line, necessariamente de
indexadores de conteúdos educacionais, ambientes virtuais formato aberto.
de aprendizagem abertos, ferramentas de trabalho e
aprendizagem colaborativa.
4- Licenças: regras, padrões, orientações, processos e demais resoluções
disponibilizadas de forma aberta para a criação de novos recursos
educacionais abertos.

Os REA são baseados nas novas formas de compreender os indivíduos e


na nova ação de educar. O aluno, como um todo, não deve ser compreendido
como um ser passivo, mas sim, como um indivíduo ativo, capaz de participar e
de possuir responsabilidades suficientes pela sua própria formação (LUCENA;
LUCINI, 2017).

103
Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem

No Brasil, a Portaria nº 451 de 16 de Maio de 2018 do Ministério


da Educação define os critérios e procedimentos para a produção,
recepção, avaliação e distribuição de recursos educacionais abertos
ou gratuitos voltados para a educação básica em programas e
plataformas oficiais do Ministério da Educação.

Acompanhe a seguir o artigo 2º da portaria que define a


nomenclatura dos recursos disponíveis:

I- recurso educacional: recurso digital ou não digital, que pode ser


utilizado e reutilizado ou referenciado durante um processo de
suporte tecnológico ao ensino e aprendizagem;

II- recursos educacionais digitais: os materiais de ensino,


aprendizagem, investigação, gestão pedagógica ou escolar em
suporte digital, inclusive e-books, apostilas, guias, aplicativos,
softwares, plataformas, jogos eletrônicos e conteúdos digitais;

III- recursos educacionais abertos: aqueles que se situem no domínio


público ou tenham sido registrados sob licença aberta que permita
acesso, uso, adaptação e distribuição gratuitos por terceiros.
Sempre que tecnicamente viável, os recursos educacionais
abertos deverão ser desenvolvidos e disponibilizados em formatos
baseados em padrões abertos; e

IV- recursos educacionais gratuitos: aqueles que, não obstante


disponibilizados nas modalidades fechadas de propriedade
intelectual, permitam acesso sem restrições técnicas e sem
custos, por tempo ilimitado.

Parágrafo único. Os recursos educacionais de que trata esta


Portaria devem ser voltados para estudantes, professores, gestores
escolares, conselheiros escolares, escolas, sistemas de ensino,
instituições de educação superior e outros atores que tenham papel
destacado na educação básica.

Disponível em: <http://portal.imprensanacional.gov.br/materia/-/asset_


publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/14729210/do1-2018-05-17-portaria-
n-451-de-16-de-maio-de-2018-14729206>. Acesso em:18 nov. 2018.

104
Capítulo 3 Plataformas Abertas de Aprendizagem

Sobre a portaria do MEC, note que há uma clara distinção entre Sobre a portaria do
os recursos educacionais gratuitos e os abertos. Os recursos abertos MEC, note que há
permitem a clara viabilidade técnica para o reuso, alteração, adaptação uma clara distinção
e distribuição, enquanto os recursos gratuitos são os que não possuem entre os recursos
custos ou demais restrições para o seu uso no meio educacional. educacionais
gratuitos e os
abertos. Os recursos
Faz parte do papel do educador participar ativamente das abertos permitem
iniciativas de REA. Não apenas os professores, como também os a clara viabilidade
alunos e demais envolvidos no meio educacional podem contribuir com técnica para o reuso,
a construção dos REA. A participação da comunidade é essencial na alteração, adaptação
criação e na sustentabilidade destes recursos, pois em um ambiente e distribuição,
enquanto os recursos
de criação, propício a novas ideias tende a ser um espaço de
gratuitos são os que
construção coletiva do conhecimento, onde as experiências baseadas não possuem custos
na pluralidade dos indivíduos, de outras escolas, de outras regiões, ou ou demais restrições
com outras formações contribuem para o aperfeiçoamento continuo do para o seu uso no
saber (TORRES, 2017). meio educacional.

Para conhecer um pouco mais sobre a produção de um REA,


leia o artigo científico dos professores Alan Ricardo Costa e Vilson
José Leffa publicado na Revista Científica em Educação a Distância
tratando da Produção Colaborativa de REA para o Ensino de Línguas.

Disponível em: <http://eademfoco.cecierj.edu.br/index.php/Revista/


article/view/550>. Acesso em 18 nov. 2018.

Existem basicamente três estratégias que podem ser aplicadas para a


potencialização do impacto e do alcance das REA de acordo com a Declaração da
Cidade do Cabo para Educação Aberta (2007):

a) Motivar professores e alunos para a criação, utilização e adaptação de


recursos educacionais abertos, onde coletivamente seria possível que
todos fizessem parte desta construção.
b) Fazer com que os recursos desenvolvidos por instituições, editoras, ou
demais autores estejam disponíveis e licenciados em formatos abertos
para alunos e professores.
c) Tratar a educação aberta como prioridade, com recursos públicos
destinados à produção e compartilhamento de recursos educacionais
abertos.

105
Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem

Conheça um pouco mais sobre a implantação prática de


Recursos Educacionais Abertos a partir desta entrevista com as
professoras Valdenice Minatel e Verônica Cannata do tradicional
Colégio Dante Alighieri, em São Paulo.

Disponível em: <http://aberta.org.br/livrorea/artigos/a-experiencia-rea-


em-um-colegio-tradicional-da-cidade-de-sao-paulo>. Acesso em: 21
nov. 2018.

Agora que já sabemos do que se tratam os REA, vamos conhecer como


utilizá-los, lembrando que em se tratando de recursos abertos, não tratamos da
simples utilização, mas também da sua criação e compartilhamento. De qualquer
forma, o primeiro passo, obviamente seria o de encontrar um REA.

Antes de surfar pela internet procurando pelas inúmeras fontes


de recursos educacionais abertos, dê uma olhada nos planos
de aula, lições, vídeos (entre outros) desenvolvidos ao longo
dos anos na sua casa e na escola, e que estão guardados em
gavetas, pastas e nos computadores. [...] Esses recursos têm a
vantagem de já terem sido criados para o seu contexto de uso,
e em muitos casos foram práticas de sucesso em sala de aula.
O recurso encontrado pode atender as suas necessidades
ou ser um bom começo para um REA. Você pode começar
compartilhando esse material ou fazendo uso de material
criado por outros. Um bom plano de aula, uma atividade para
explicar um conceito complexo, ou qualquer outro conteúdo que
você criou pode beneficiar outros professores (EDUCAÇÃO
ABERTA, 2013).

Conforme exposto no Caderno REA (2013), é possível que no seu fazer


docente, você já tenha desenvolvido ou se envolvido no desenvolvimento de
recursos educacionais próprios, que possibilitam o seu uso já no seu próprio
contexto educacional. Mas, não havendo esta possibilidade, é possível buscar
entre os REA disponíveis na internet. O caminho mais simples, sem dúvida, seria
utilizar buscadores de páginas internet, como o Google. Entretanto, é importante
ter em mente que para ser um REA, este deve permitir o uso, a alteração e a
distribuição. Sendo assim, nas configurações de busca, é necessário definir os
“direitos de uso”, como filtro da sua busca (EDUCAÇÃO ABERTA, 2013).

106
Capítulo 3 Plataformas Abertas de Aprendizagem

Para conhecer sobre os processos de busca, produção,


alteração e distribuição de recursos educacionais abertos, conheça a
iniciativa Caderno REA.

Disponível em: <http://educacaoaberta.org/cadernorea>. Acesso em:


19 nov. 2018.

Se na sua busca, você procura por imagens ou fotos relacionadas com o seu
tema de aula, é possível efetuar a busca em sites especializados em imagens
como o “pixabay.com”, o “flickr.com” ou até mesmo o próprio Google Imagens. No
entanto, o mesmo cuidado é necessário, você precisa buscar por recursos que
estejam disponíveis para uso e reutilização, garantindo, assim, que você não terá
problemas com direitos de uso.

FIGURA 8 - BUSCA NO FLICKR PELO TERMO “TEOREMA DE PITÁGORAS”

FONTE: Disponível em: <https://www.flickr.com/search/?l=commderiv&q=teorema%20


de%20pit%C3%A1goras>. Acesso em: 19 nov. 2018.

Para garantir os direitos de uso, existem ferramentas como o Creative


Commons Search (<http://search.creativecommons.org>), um agregador de
diversas outras ferramentas de busca de mídia que aceitam o licenciamento
Creative Commons (Figura 9). Desta forma, buscando em apenas uma ferramenta,

107
Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem

Creative Commons você pode encontrar mídias em diversas outras fontes, sendo que
é uma iniciativa sempre com o licenciamento para uso correto.
que visa difundir o
licenciamento livre
de recursos ao Creative Commons é uma iniciativa que visa difundir o
redor do mundo, por licenciamento livre de recursos ao redor do mundo, por meio da internet.
meio da internet. O O projeto contempla a atribuição de autoria e possui várias formas
projeto contempla a
de licenciamento diferentes. É comum encontrar este licenciamento
atribuição de autoria e
possui várias formas quando há um ícone com “CC” no material.
de licenciamento
diferentes. É comum No âmbito do Creative Commons, há ainda o portal Wikimedia
encontrar este
licenciamento quando Commons (<http://commons.wikimedia.org>), uma iniciativa baseada
há um ícone com em wiki, que agrega diversos formatos de mídia disponíveis para busca
“CC” no material. e utilização.

FIGURA 9 - BUSCA NO PORTAL SEARCH CREATIVE COMMONS

FONTE: Disponível em: <https://search.creativecommons.org>. Acesso em: 21 nov. 2018.

Estes exemplos citados são para buscar recursos livres na internet, porém,
há ainda a opção de buscar por recursos que já foram desenvolvidos com o
propósito de servirem como REA, uma destas opções é utilizando o portal REA
Brasil (<http://www.rea.net.br>). Neste site você pode buscar por apresentações,
áudios, cursos on-line, imagens, softwares, textos e vídeos em repositórios
brasileiros e internacionais com recursos abertos (Figura 10).

108
Capítulo 3 Plataformas Abertas de Aprendizagem

Para conhecer na prática ferramentas para pesquisas avançadas


na busca por recursos educacionais, assista ao vídeo passo a passo
da professora Viviane Vladimirschi, no Youtube. Este próprio vídeo
foi desenvolvido pela professora como sendo um REA, visto que foi
desenvolvido sob a licença Creative Commons.

Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=LuH8G9svdOE>.


Acesso em: 17 nov. 2018.

FIGURA 10 - BUSCA DE REA NO PORTAL REA BRASIL

FONTE: Disponível em: <http://www.rea.net.br>. Acesso em: 19 nov. 2018.

109
Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem

A partir do Portal REA Brasil é possível acessar recursos abertos dos vários
projetos educacionais que criam e compartilham REA no pais, como os repositórios
de universidades, projetos socioeducacionais, iniciativas governamentais e
instituições internacionais como o OpenCourseWare, BBC, MIT edX, FGV etc.

Há ainda o Banco Internacional de Objetos Educacionais (Figura 11), uma


iniciativa brasileira do Ministério da Educação em parceria com o Ministério da
Ciência e Tecnologia que conta com milhares de recursos educacionais para a
Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio, Educação Profissional e
Superior, desenvolvidos por instituições brasileiras e internacionais. Nem todos os
recursos disponíveis no banco podem ser classificados primariamente como REA,
sendo assim é importante filtrar na pesquisa de acordo com a abertura de uso de
cada material.

FIGURA 11 - BUSCA POR RECURSOS EDUCACIONAIS


DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL

FONTE: Disponível em: <http://objetoseducacionais2.


mec.gov.br>. Acesso em: 23 nov. 2018.

Em nível mundial, existe o OER World Map (Figura 12) ou o “Mapa Global
de REA”, uma iniciativa mundial que mapeia os recursos do padrão REA (OER)
disponíveis no mundo, permitindo diversos tipos de buscas.

110
Capítulo 3 Plataformas Abertas de Aprendizagem

FIGURA 12 - BUSCA DE REA PELO MUNDO NO OER WORLD MAP

FONTE: Disponível em: <http://oerworldmap.org>. Acesso em: 28 nov. 2018.

O Mapa Global de REA destina-se a fornecer informações


necessárias para o apoio à auto-organização dos processos do
movimento REA. Além de mapeamento de serviços, projetos,
pessoas e organizações relevantes, a plataforma fornece uma
rede social, permite a identificação de coleções de REA e oferece
suporte a tomada de decisão. Tomado em conjunto, o Mapa Global
REA pode ser visto como uma espécie de “sala de operações” para
a comunidade de educação aberta (OER WORLD MAP, 2018).

Agora discutiremos um pouco sobre a criação de REA. Como já estudamos,


desde a sua concepção, a ideia é que este recurso seja livre e aberto. Sendo assim,
é importante que ele seja baseado em conteúdos já livres de direitos e que utilize
ferramentas abertas e simples, permitindo assim sua futura alteração e redistribuição.

Caso o seu REA seja baseado em texto, como um livro didático, apostila,
manual ou artigo, é importante utilizar formatos editáveis, como os criados com
editores de texto livres, tal qual o Google Docs, ou BR Office, uma ferramenta
parecida com o Microsoft Office, porém, gratuita. Caso o seu recurso seja uma
imagem, é possível editá-la ou desenvolvê-la utilizando ferramentas gratuitas,
como o Picasa, um editor de imagens do Google, gratuito, ou como o Canva

111
Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem

(Figura 13), um aplicativo disponível para celulares e também para navegadores


de simples operação, onde há templates de artes disponíveis para fácil edição.

FIGURA 13 - TEMPLATES DO APLICATIVO CANVA

FONTE: Disponível em: <http://www.canva.com>. Acesso em: 30 nov. 2018.

Se o seu recurso for um vídeo, é possível utilizar editores simples de vídeo


como o Windows Movie Maker, disponível para usuários do sistema operacional
Windows ou também ferramentas mais leves, como o VideoLan Movie Creator
(<https://www.videolan.org>). Há ainda, uma opção mais simples, baseada no
navegador de internet que é o uso da própria ferramenta interna do YouTube
para criar vídeos. Agora, se o seu recurso educacional for baseado em áudio,
como uma música, uma entrevista, um podcast, ou algo do gênero, há o software
gratuito Audacity (<https://www.audacityteam.org>), um editor de áudio completo,
de fácil operação, que permite a exportação do arquivo como MP3.

Para conhecer mais sobre como criar o seu próprio REA


em vídeo utilizando a ferramenta gratuita de edição de vídeos do
YouTube, acesse ao vídeo da professora Viviane Vladimirschi, que
compartilha um passo a passo para o uso da ferramenta.

Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=cGrPIgwg5Wg>.


Acesso em: 24 nov. 2018.

112
Capítulo 3 Plataformas Abertas de Aprendizagem

Agora que já estudamos sobre a busca e criação de REA, chegou o momento


de discutirmos sobre a necessidade de se alterar e remixar estes recursos. Em
determinados momentos o professor pode se deparar com um material ideal
para o seu conteúdo, mas ao planejar sua aula o mesmo pode se deparar com
obstáculos linguísticos, gráficos ou outras necessidades não atingidas pelo
material em questão. Neste caso, há a necessidade de se utilizar materiais
abertos que possibilitem edições e futuros compartilhamentos.

Atualmente, um dos maiores debates na sociedade é sobre


o sistema educacional brasileiro. Nesse sentido, buscam-
se novas alternativas que possibilitem o acesso igualitário,
democrático e gratuito ao ensino e à aprendizagem de
qualidade, respeitando-se, assim, o direito à educação. É
dentro deste contexto que emerge o desejo de se transformar
um livro digital "fechado" em um livro digital "aberto", buscando,
portanto, contribuir para um bem cultural que pode não ser
somente acessado, mas também remixado, modificado e,
consequentemente, transformado. É por meio deste movimento
de (re) construção que este projeto propõe-se a contribuir para
uma prática de ensino e aprendizagem crítica e consciente,
dentro de uma sociedade fortemente mediada por recursos
digitais (EDUCAÇÃO ABERTA, 2013).

Estas adaptações propostas para os REA são na verdade pequenas ou


grandes inserções ou remoções de elementos no conteúdo, alterações e distinções
entre termos, sequencias ou mídias, combinando o recurso com o estilo do
professor, da turma ou das demais necessidades. É importante adaptar aos estilos
da necessidade atual pois os grupos de alunos são muito distintos, com interesses
distintos, podendo ter sua aprendizagem potencializada por meio destas alterações.
Pode haver ainda a necessidade de adaptação para um outro curso ou para outro
tópico de interesse que difere do original proposto pelo produtor do material. Podem
haver ainda necessidades educacionais específicas, ficando a cargo do professor
completar e adaptar o material para a realidade em questão, sendo que esta pode
ser ainda uma mudança de currículo de grade escolar, ou de proposta curricular,
onde o material original não se adequaria (WIKIEDUCATOR, 2018).

Existem algumas regras que devem ser observadas para a


adaptação e produção de um REA. Para tanto, o artigo Recursos
Educacionais Abertos para o Ensino de Língua Materna no
Ensino Médio (p. 132) trabalha esta temática. Acesse em:
<https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/revistateias/article/
viewFile/26695/20957>.

113
Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem

Por fim, a última etapa no ciclo de vida de um REA seria o seu


compartilhamento, para que este seja futuramente utilizado, alterado e
posteriormente compartilhado novamente. Neste sentido, existem os “5 Rs” que
representam a abertura dos REAs (WILEY, 2014):

• Reter: o ato de possuir os recursos para possível uso;
• Reutilizar: o direito de utilizar o conteúdo de diversas maneiras;
• Revisar: o direito de adaptar, ajustar e alterar o material;
• Remixar: o direito de combinar os materiais originais ou revisados,
desenvolvendo um novo,
• Redistribuir: o direito de compartilhar novas cópias dos recursos
livremente;

Na internet há diversas formas independentes de se compartilhar o seu


REA. Caso seja um vídeo, há a opção de hospedá-lo no YouTube. Sendo um
áudio, podcast ou música, é possível também gratuitamente compartilhá-lo no
SoundCloud. Há ainda as plataformas específicas, como o Flickr e o Instagram
para imagens e caso sejam outros materiais, podem ser compartilhados via
Dropbox ou Google Drive, em links públicos, ou ainda, podem ser dispostos em
wikis e blogs desenvolvidos pelo professor. Em todas as situações, visando a
caracterização como um REA, é importante que seja observada a licença Creative
Commons na disponibilização destes conteúdos nas plataformas.

1 Sobre os REA, classifique V para as sentenças verdadeiras e F


para as falsas:

( ) Os REA são como objetos de aprendizagem, que podem ser


abertos ou não.
( ) Os REA devem necessariamente ser de domínio público ou de
licença aberta.
( ) Alguns softwares podem ser considerados como REA.
( ) A educação aberta remete à facilidade com que os indivíduos
tenham acesso à educação.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) F - V - V - V.
b) ( ) V - F - V - F.
c) ( ) V - V - F - V.
d) ( ) F - F - F - V.

114
Capítulo 3 Plataformas Abertas de Aprendizagem

4 Bibliotecas Digitais
A evolução das TIC impactou também a forma com que pesquisamos e
buscamos conhecimento. Desde a biblioteca de Alexandria (Figura 14) até
as bibliotecas digitais, a forma com que os conteúdos são dispostos em livros,
sejam eles físicos ou digitais, mudaram constantemente. Hoje, é possível efetuar
buscas não apenas pelo título da obra, ou pelas palavras-chave de um artigo,
mas sim por todo o contexto do texto, graças às tecnologias que desenvolveram
o que conhecemos hoje como bibliotecas digitais, bibliotecas virtuais, bibliotecas
eletrônicas ou e-bibliotecas (CORREIA; MESQUITA, 2014).

FIGURA 14 - INTERIOR DA BIBLIOTECA DE ALEXANDRIA

FONTE: <https://www.wikimedia.org/>. Acesso em: 19 nov. 2018.


115
Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem

As bibliotecas digitais são na verdade, coleções de materiais compartilhados


em formato digital em um mesmo ambiente, que podem ser consultadas de
modo computacional, diferindo assim do que seriam as bibliotecas “tradicionais”,
onde o seu foco está nas publicações físicas, impressas normalmente. Porém,
uma biblioteca digital não se restringe apenas à digitalização do material fim em
sim, mas também na forma com que estes recursos são organizados. Assim, a
indexação e a busca pelos materiais é potencializada, facilitando a busca gratuita,
ou não, dos recursos, permitindo um acesso mais assertivo aos conteúdos,
recursos e fontes de informação para as suas atividades (CORREIA; MESQUITA,
2014).

As formas digitais de armazenamento trazem não apenas as opções


de gerenciamento de conteúdo textual, mas também de representação,
armazenamento e recuperação de arquivos sonoros, iconográficos e de vídeo.
Hoje, bibliotecas virtuais indexam os mais variados tipos de documentos, fazendo
com que novas discussões sejam levantadas acerca do termo “biblioteca digital”,
seja no aspecto técnico, com relação às tecnologias, quanto na sua função como
fonte de informação (LIMA, 2011).

As barreiras de acesso à informação foram totalmente alteradas com o


surgimento das bibliotecas digitais, desta forma, o consultante não precisa mais
deslocar-se até a sede física da biblioteca tradicional. Estas unidades virtuais
podem armazenar fontes de informações gigantescas, se comparadas às fontes
físicas de informação a partir de volumes de livros. Utilizando apenas uma
interface de consulta, sistematizada, sem ser susceptível a erros humanos, o
pesquisador pode consultar todo um acervo, sendo que em muitos casos, há a
opção de consultar em bibliotecas digitais parceiras, que estejam integradas ao
sistema de buscas e indexação de livros (CORREIA; MESQUITA, 2014).

Para Lima (2011), as bibliotecas digitais, para serem caracterizadas como


tal, reúnem no seu acervo alguns dos elementos dispostos no Quadro 1:

QUADRO 1 - ELEMENTOS DE UMA BIBLIOTECA DIGITAL


- Bases de dados com links para - Fotografias.
documentos em meio digital ou impresso. - Conjuntos de dados numéricos.
- Ferramentas de indexação e localização. - Revistas eletrônicas.
- Coleções de informações com - Livros eletrônicos.
apontamentos para recursos da internet. - Vídeos.
- Diretórios. - Músicas.
- Fontes primárias nos vários formatos - Verbetes de assuntos temáticos.
digitais.

FONTE: LIMA (2011)

116
Capítulo 3 Plataformas Abertas de Aprendizagem

É possível encontrar bibliotecas virtuais totalmente gratuitas, onde desde


a busca até o acesso à obra é livre de qualquer pagamento. Existem ainda
bibliotecas em que a busca é totalmente livre, porém o acesso ao material é
restrito a algumas obras, ou a algumas páginas dos livros. Há ainda bibliotecas
que disponibilizam apenas a busca de obras, onde os utilizadores podem no
máximo acessar os resumos (abstracts) dos textos completos. E por fim, existem
as bibliotecas digitais totalmente fechadas, onde é necessário um acesso pago
para desde a simples consulta ao acervo, quanto ao acesso aos livros (CORREIA;
MESQUITA, 2014).

Pode ser considerado um exemplo, a biblioteca digital da ACM


(Association for Computing Machinery), um acervo com as publicações
digitais da associação ligada à computação. É disponível apenas para
associados da ACM, ou para indivíduos de instituições que possuam parceria
com a associação. O Institute of Electrical and Electronics Engineers (IEEE),
instituição ligada ao ensino de engenharia possui a IEEE Xplore (Figura 15),
uma biblioteca digital disponível para associados ou membros de instituições
parceiras, com suas publicações.

FIGURA 15 - BIBLIOTECA DIGITAL IEEE XPLORE

FONTE: <https://ieeexplore.ieee.org/Xplore/home.jsp>. Acesso em: 1 dez. 2018.


117
Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem

No Brasil, existe a Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD),


desenvolvida pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia, que
reúne os trabalhos de conclusão de mestrado e doutorado no país (Figura 16).

FIGURA 16 - BIBLIOTECA DIGITAL DE TESES E DISSERTAÇÕES

FONTE: <http://bdtd.ibict.br>. Acesso em: 30 nov. 2018.

A Biblioteca Nacional (BN), mais importante instituição de acesso à


informação do país também possui sua biblioteca digital, a BNDigital (Figura 17),
onde podem ser acessados mais de um milhão de documentos do acervo oficial
da BN.

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Capítulo 3 Plataformas Abertas de Aprendizagem

FIGURA 17 - BNDIGITAL

FONTE: <https://bndigital.bn.gov.br>. Acesso em: 1 dez. 2018.

Existe ainda, no âmbito público brasileiro, a Biblioteca Digital do Senado


Federal, que reúne um acervo oficial com documentos do legislativo brasileiro
(<http://www2.senado.leg.br/bdsf>), na área da saúde, no Brasil existe a
Biblioteca Digital do Instituto Butantã (<https://bibliotecadigital.butantan.gov.br>) e
a Biblioteca Virtual em Saúde (<http://brasil.bvs.br>).

Há ainda os agregadores, que reúnem o acesso à diversas bibliotecas
públicas e privadas, como o SciELO (Scientific Electronic Library Online), Web of
Science e Scopus. Dentre estes, um dos mais conhecidos é o Google Acadêmico
(https://scholar.google.com.br), um sistema de indexação do Google específico
para documentos com relevância científica (Figura 18).

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Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem

FIGURA 18 - INTERFACE DO GOOGLE ACADÊMICO

FONTE: <http://scholar.google.com>. Acesso em: 1 dez. 2018.

Como biblioteca virtual de livros comuns, o Google possui o Google Books


(<http://books.google.com>). Um serviço de pesquisas gratuito que indexa o
conteúdo de boa parte dos livros disponíveis no mercado, onde é possível,
gratuitamente ler algumas páginas de cada obra. Havendo a necessidade, o
utilizador poderá adquirir a versão digital do livro ou a versão física, em alguma
loja parceira do Google.

Algumas instituições de ensino, institutos de pesquisa e demais organizações


costumam construir suas próprias bibliotecas digitais, em parceria com outros
sistemas de indexação e agregação de obras, ou em parceria com outras
bibliotecas e base de dados virtuais. A Uniasselvi, por exemplo, possui sua própria
biblioteca virtual (Figura 19), disponível para os alunos, em parceria com outras
bibliotecas como Pearson, IEEE, EBSCO Host e Presse Reader.

Para conhecer mais sobre a realidade das bibliotecas digitais em


nível nacional, leia o artigo científico “Biblioteca Digital: Linguagem
Midiática na Construção do Conhecimento”, publicado na Revista
de Ensino, Educação e Ciências Humanas. O artigo trata de uma
análise do estado da arte das bibliotecas digitais no Brasil e a sua
realidade na integração do processo de ensino aprendizagem

Disponível em: <http://pgsskroton.com.br/seer/index.php/ensino/article/


viewFile/1010/973>. Acesso em: 19 dez. 2018.

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Capítulo 3 Plataformas Abertas de Aprendizagem

Já na tese de doutorado da Universidade de Evora, em Portugal,


intitulada “Bibliotecas digitais para as Humanidades: novos desafios
e oportunidades”, desenvolvida pela professora Dália Maria Godinho
Guerreiro, expõe o uso de coleções de volumes literários voltados às
ciências humanas em um ambiente digital de bibliotecas.

Disponível em: <http://dspace.uevora.pt/rdpc/handle/10174/23282>.


Acesso em: 19 dez. 2018

FIGURA 19 - BIBLIOTECA VIRTUAL DA UNIASSELVI

FONTE: <https://portal.uniasselvi.com.br/graduacao/alunos/
bibliotecas/biblioteca-virtual>. Acesso em: 2 dez. 2018.

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Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem

1 Uma biblioteca digital deve possuir algumas características


específicas, com relação ao seu acesso, busca e acervo, por
exemplo. Descreva quatro destas características.

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5 Cursos Abertos e Massivos



Os cursos abertos e massivos, tradução do conceito de Massive Open Online
Course (MOOC) são programas educacionais dispostos em rede, baseados em
tecnologias digitais de educação via internet, amparados por um ambiente virtual
de aprendizagem aberto que visa atender de forma aberta aos que se interessem
pelo tema. A ideia é que eles sejam abertos e massivos, sendo assim, não há
limites ou pré-requisitos para que estes sejam acessados, a inscrição nestes
cursos é livre de custos, burocracias e é totalmente aberta. Os cursos massivos
podem ser integrados por redes sociais e recursos on-line de simples acesso,
suportados por uma equipe especializada na área do conhecimento envolvida no
curso (LUCENA; LUCINI, 2017).

Uma das primeiras iniciativas de cursos abertos e massivos no ensino


superior foi do Massachusetts Institute of Technology (MIT), que desde 2003
mantém um portal de educação aberta, disponibilizando suas aulas gravadas
presencialmente de forma gratuita ao público. Hoje denominado como MIT Open
Courseware, a iniciativa contempla cursos de diversas áreas do conhecimento
que podem complementar estudos ligados ao ensino médio, ensino superior ou
pós-graduação (Figura 20).

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Capítulo 3 Plataformas Abertas de Aprendizagem

FIGURA 20 - MOOCS MAIS VISITADOS DO MIT

FONTE: <https://ocw.mit.edu>. Acesso em: 20 nov. 2018.

Se uma iniciativa aberta e massiva realmente for se enquadrar nos padrões


propostos por um MOOC, esta deve desenvolver possibilidades para que se
criem ambientes formativos flexíveis, para que além da natural pluralidade de
recursos, estes consigam se libertar das tradicionais amarras educacionais, como
o controle, a centralização e a diretividade (LUCENA, LUCINI, 2017).

1 Segundo Lucena e Lucini (2017), diversos MOOCs utilizam


convenções de um curso regular, como cronograma predefinido e
tópicos semanais de estudo. Neste sentido, faça uma busca sobre
dois cursos on-line gratuitos da sua área de conhecimento e disserte
sobre os cursos encontrados, apresentando se estes realmente
podem ser considerados como cursos abertos e massivos.

FONTE: LUCENA, Simone; LUCINI, Marizete. Educação,


comunicação e diversidade: pesquisas e conexões. Rio de
Janeiro: Autografia, 2017.

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Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem

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Os MOOCs se distinguem das tradicionais plataformas de ambientes virtuais


de aprendizagem, comumente utilizadas no EAD comum. Os AVAs, em geral,
remetem ao conceito de sala de aula, transpondo algumas técnicas e abordagens
presenciais para o meio a distância. Este não é um dos objetivos dos MOOCs,
estes são abertos, geralmente nem solicitam cadastro prévio e se fazem valer de
recursos abertos já disponíveis na internet, como blogs, fóruns e redes
Assim como são
classificados os sociais. Não existe necessariamente uma sala, ou uma turma, ou um
MOOCs, existem grupo de alunos, de forma análoga ao ensino presencial. Existe apenas
ainda os cursos uma rede de indivíduos, onde todos possuem o acesso aos materiais,
denominados como podendo aprender e ensinar de forma ativa (LUCENA, LUCINI, 2017).
SOOCs (Small Open
Online Courses).
Assim como são classificados os MOOCs, existem ainda os cursos
Como o próprio nome
sugere, os SOOCs denominados como SOOCs (Small Open Online Courses). Como o
são pequenos (small) próprio nome sugere, os SOOCs são pequenos (small) do ponto de vista
do ponto de vista da abrangência de participantes, ao contrário dos massivos. Em geral,
da abrangência trata-se como SOOCs, cursos com menos do que 150 participantes.
de participantes,
ao contrário dos
Além do MIT Open Courseware, existem diversas outras iniciativas
massivos. Em
geral, trata-se como de MOOCs, uma delas é o edX (Figura 21), um conjunto mundial
SOOCs, cursos com de cursos de grandes universidades como o próprio MIT, Harvard,
menos do que 150 Berkeley, entre outras. O edX possui cursos em diversas áreas do
participantes. conhecimento, em vários idiomas, inclusive em português.

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Capítulo 3 Plataformas Abertas de Aprendizagem

FIGURA 21 - INTERFACE DE BUSCA DE CURSOS DO EDX

FONTE: <https://www.edx.org>. Acesso em: 1 dez. 2018.

Uma das iniciativas de cursos abertos e massivos mais conhecidas é o


Coursera (Figura 22). Um agregador de MOOCs de instituições como Stanford,
University of Arizona, Georgia Tech, Berklee, Fundação Lemann, entre outros.
Também possui cursos completamente em português e cursos com legendas em
português, bem como, obviamente, em outros idiomas também.

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Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem

FIGURA 22 -UNIVERSIDADES E INSTITUIÇÕES PARCEIRAS DO COURSERA

FONTE: O autor.

Na área de STEM (Science, Technology, Engineering, and Mathematics),


que compreende as ciências, tecnologia, engenharia e matemática, o mais
proeminente agregador de MOOCs é a Khan Academy (Figura 23), uma iniciativa
internacional que possui cursos abertos de matemática, física, biologia, química,
engenharia elétrica, economia, finanças e computação. A Khan Academy está
disponível em vários idiomas, tendo grande parte do seu conteúdo gravado em
português, por professores especialistas brasileiros.

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Capítulo 3 Plataformas Abertas de Aprendizagem

FIGURA 23 - AULA DE ÁTOMOS, COMPOSTOS E ÍONS NA KHAN ACADEMY

FONTE: O autor.

Para conhecer um pouco mais sobre a aplicabilidade dos MOOCs no


ensino superior, leia o artigo “Panorama da Aplicação de Massive Open
Online Course(MOOC) no Ensino Superior: Desafios e Possibilidades“,
de Marcos Vinícius Mendonça Andrade e Ismar Frango Silveira.

Disponível em: <http://eademfoco.cecierj.edu.br/index.php/Revista/


article/viewFile/392/220>.

Para conhecer um panorama do uso de MOOCs ao redor do


mundo leia o artigo “Os MOOCs no Mundo: Um Levantamento de
Cursos Online Abertos Massivos”, de Josiane Pozzatti Dal Forno e
Graziela Frainer Knol.

Disponível em: <http://reaparana.com.br/portal/wp-content/uploads/2014/10/


Os-MOOCs-no-mundo-2013.pdf>.

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Ambientes e Comunidades Virtuais de Aprendizagem

Algumas Considerações
Quando tratamos de educação aberta, lidamos com um conceito educacional
distinto, onde os processos de ingresso, instrução, colaboração e estudo são
simples e flexíveis. Independente do uso que será dado à educação aberta, ela
vem de encontro com a necessidade atual da sociedade, potencializando o acesso
ao conhecimento, à criatividade e à liberdade autoral, permitindo o incentivo à
colaboração, à criação e ao compartilhamento do conhecimento.

Hoje, um grupo do Facebook pode conter discussões interessantes sobre


o seu tema de aula, um feed Studygram pode preparar um estudante para uma
avaliação, uma conversa no Whatsapp, quando contextualizada pode sanar
dúvidas de uma turma e assim por diante. A educação pode estar na palma da
mão (m-learning) ou até mesmo em todos os lugares (u-learning).

A rigidez de programas educacionais presenciais ou a distância não


coadunam com a realidade da educação aberta. É necessário que os ambientes
virtuais de aprendizagem e as tecnologias utilizadas sejam simples e flexíveis,
permitindo uma dinâmica diferente, onde o único objetivo seja aprender, de forma
aberta. Neste sentido, as redes sociais podem colaborar com estes processos,
fornecendo ambientes dinâmicos e democráticos, onde seu uso e colaboração
seja extremamente simples.

Pensando em uma educação aberta, os recursos educacionais abertos são


ferramentas excelentes para o professor, pela sua simplicidade e variedade.
Com as tecnologias atuais, o professor pode desenvolver seus próprios recursos
e compartilhá-los de forma simples e flexível. O mesmo ocorre com os cursos
abertos e massivos, que composto de recursos educacionais abertos, pode
fornecer à sociedade um conceito de educação aberta sistematizada, visto que
hoje já é operada também por grandes instituições.

Lembre-se, ambientes e comunidades virtuais de aprendizagem podem ser


aplicados em diversos setores da sociedade, em instituições de ensino presencial,
a distância, por professores independentes, no âmbito da educação corporativa,
no ramo industrial, entre outros. É papel do professor tratar estes ambientes e
comunidades como ferramentas, sendo o professor o grande maestro dos
processos, que hoje, podem muito bem serem potencializados de forma simples
com ferramentas tecnológicas gratuitas.

128
Capítulo 3 Plataformas Abertas de Aprendizagem

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