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Classificação da execução:
Quanto aos créditos:
a) Execução comum
b) Execução especial
Quanto ao tipo de titulo
a) Fundada em titulo judicial – 475 I / 475 R CPC- aquele resultante de uma atividade
jurisdicional. Exceção: sentença arbitral – título judicial não resultante de uma
atividade jurisdicional. A execução por título judicial é, em regra, imediata e
prescinde de processo autônomo, desenvolvendo-se como fase de cumprimento da
sentença, excepcionalmente será feita de forma tradicional.
Princípios da execução
1) Principio da efetividade - parte do pressuposto de que o processo deve dar, a quem
tenha o direito, na medida do possível, exatamente aquilo que o indivíduo tenha o
direito de conseguir.
2) Principio da tipicidade - expressa a idéia de que os meios de execução devem
estar previstos na lei e, assim, que a execução não pode ocorrer através de formas
executivas não tipificadas.
3) Principio da boa Fe processual - tendo em vista que a execução é solo fértil para
a prática de comportamentos que contrariam o princípio da boa-fé, o legislador
pátrio previu um rigoroso sistema de combate à fraude na execução.
4) Principio da responsabilidade patrimonial ou de que toda execução é real – No
direito brasileiro, toda execução forçada é real, pois recai exclusivamente sobre o
patrimônio do devedor e não sobre sua pessoa. "Art. 591- O devedor responde, para
o cumprimento de suas obrigações, com todos os seus bens presentes e futuros,
salvo restrições estabelecidas em lei". – incide sobre o patrimônio do devedor ou do
terceiro responsável e não sobre a pessoa. Obs: a CF e o CPC admitem a prisão
civil do devedor inadimplente de prestação alimentícia. Essa hipótese, contudo, não
configura exceção ao princípio da patrimonialidade, pois a prisão civil constitui
medida de execução indireta (coerção), para induzir o adimplemento do devedor.
5) Principio da primazia da tutela especifica ou principio da maior coincidência
possível ou principio do resultado – A execução deve ser específica, devendo
proporcionar ao credor, na medida do possível, precisamente aquilo que obteria se
não houvesse o inadimplemento do devedor.
Não é dado nem ao credor exigir, nem ao devedor cumprir, prestação diversa
daquela constante do título executivo. A substituição da prestação específica pelo
equivalente em dinheiro, na impossibilidade de seu cumprimento, ou de sua recusa,
deve ser tida como medida com caráter de excepcionalidade.
6) Principio do contraditório – na execução não se pode negar a existência do
contraditório. Todavia é preciso esclarecer que nesta fase é eventual e mitigado
7) Principio da menor onerosidade da execução - toda execução deve ser
econômica, isto é, deve realizar integralmente o crédito do exeqüente, mas da forma
menos prejudicial possível ao devedor. O CPC, no seu art. 620, estabelece que,
havendo mais de uma possibilidade de se efetivar a execução, será ela feita do
modo menos oneroso para o devedor.
8) Principio da cooperação - trata da participação efetiva dos envolventes na
execução, quer seja, sujeitos - passivo e ativo - , e poder jurisdicional. A
participação se dá com relação ao executado quando ele indica bens a penhora,
podendo também, impugnar o valor da execução.O juiz age quando busca advertir o
executando quanto a prática de determinados atos que venha lesar o poder
jurisdicional, (Art. 599, II, CPC).
9) Principio da proporcionalidade - tem a finalidade de criar uma execução
equilibrada, ou seja, sem que cause atos injustos, demasiados ou onerosos. Também
se privilegia o a dignidade da pessoa humana, a partir do momento que não permite
o sacrifício exagerado do devedor. O juiz tem autonomia na prática do princípio da
proporcionalidade.
10) Principio da adequação - se revela importante na execução a partir do momento
que se busca o meio mais propicio na efetivação obrigação. O artigo 461, §5º, CPC,
orienta, por meio de cláusulas gerais, as melhores formas de agir ante o caso
concreto. O juiz ele não está limitado ao disposto no artigo citado, tendo poder de
ampliação na prática da efetividade. Na prisão civil por exemplo usa-se a coação
coerciva para efetivação de uma obrigação que entende-se ser imprescindível, e não
passível de demora, que é a de alimentos. A forma de coação é proporcional ao
valor do bem tutelado pelo direito. Enfim, princípio adequado é aquele cuja sua
análise se faz mediante dois elementos na busca de uma finalidade, ou seja, no
exemplo citado, temos a sanção imposta, ante o pagamento, cuja finalidade é
cumprimento de certa obrigação.
Mérito na execução
Obs: Não há julgamento de mérito mas resposta de mérito -
Extinção normal de execução ( somente esta faz coisa julgada material) art. 794 cpc –
somente nas hipóteses deste artigo, podendo ser objeto de ação rescisória
Extinção anormal ou anômala – 267 cpc
DA COMPETÊNCIA NO PROCESSO DE EXECUÇÃO
Como regra geral, as três hipóteses descritas nesse inciso tratam-se de competência
relativa e territorial, regidas pelas regras comuns da ação de conhecimento, reguladas
nos art. 94 a 100, do CPC.
A sentença penal condenatória torna certo o dever de reparar civilmente o dano
provocado pelo delito. Desta forma, a vítima ou seus dependentes podem utilizar a
sentença penal diretamente como título executivo, não havendo necessidade de propor
ação civil indenizatória contra o réu condenado na esfera penal.
Como o juízo penal não é competente para a execução civil, esta será fixada entre os
juízos cíveis, dentro das regras comuns de competência do processo de conhecimento.
Será competente para a execução, o juízo que seria competente para a ação
condenatória, caso tivesse que ser ajuizada. Desta forma temos a competência geral do
foro do domicílio do réu, além da regra do forum delicti commissi, ou seja, o do lugar
do ato ou fato, por força do disposto no art. 100, V, a, do CPC. Ainda no caso de
acidente de trânsito, temos a faculdade do parágrafo único do art. 100, ou seja, será
competente o foro do domicílio do autor ou do local do fato, à escolha do ofendido.
Quanto a sentença arbitral, também trata-se de competência territorial e relativa,
igualmente regida pelos art. 94 a 100 do CPC. A sentença arbitral não está mais, como
antigamente, sujeita à homologação pela jurisdição. A execução, no entanto, caberá ao
juízo cível que teria competência para julgar a causa, se originariamente tivesse sido
submetida à apreciação pelo Poder Judiciário. No entanto, nada impede que, no
compromisso arbitral, as partes elejam o foro para a execução da sentença dos árbitros,
o que de fato, na prática, é extremamente comum.
Por fim, a sentença estrangeira, homologada pelo Superior Tribunal de Justiça, será
executada perante a justiça federal de primeira instância, na forma do art. 109,X, da CF.
Para a definição do foro competente, aplicar-se-ão as regras gerais de competência (art.
94 a 100).
Interesse de agir
Legitimidade ad causam
DAS PARTES
Nomenclatura
Legitimação Ativa
Dispõe os art. 566 e 567 do CPC:
Espólio, herdeiros e sucessores: o art. 567, I, atribui legitimidade ativa às pessoas que
não participaram da formação do título executivo, mas tornaram-se sucessoras do
credor por ato causa mortis. Por herdeiro deve-se entender quem sucede ao autor da
herança, a título universal, ou seja, recebendo toda a massa patrimonial do de cujos, ou
uma quota ideal dela, de modo a compreender todas as relações econômicas deixadas,
tanto ativas como passivas. E por sucessor simplesmente, tem-se o legatário, que sucede
o de cujos a título singular, sendo contemplado, no testamento, com um ou alguns bens
especificados e individuados. Desta forma, ocorrendo a sucessão por morte, a
legitimidade passará ao espólio, enquanto não ultimado o inventário com a partilha de
bens, ou aos herdeiros do credor, após a efetivação da partilha. O espólio será
representado pelo inventariante nomeado pelo juiz, exceto se o inventariante for dativo,
caso em que a representação será feita por todos os herdeiros (art. 12, §1º, CPC).
Sub-rogado: pela sub-rogação, o terceiro que paga a dívida ao credor assume o direito
de cobrá-la junto ao devedor, ou seja, por sub-rogado entende-se aquele que satisfaz
obrigação alheia e, com isso, assume a posição jurídica do antigo credor. Os arts. 346 e
347 do Código Civil enumeram, respectivamente, as hipóteses de sub-rogação
convencional ou legal. Haverá sub-rogação legal do credor que paga dívida do devedor
comum, do fiador (art. 595, parágrafo único, CPC) e do avalista que pagam a dívida do
devedor principal e, haverá sub-rogação convencional quando um terceiro quita a
obrigação e o credor expressamente lhe transfere todos os seus direitos, ou ainda
quando terceira pessoa empresta ao devedor a quantia precisa para solver a dívida, sob a
condição expressa de ficar o mutuante sub-rogado nos direitos do credor satisfeito.
Legitimação Passiva
Legitimidade passiva ordinária derivada: regulada no art. 568, II, do CPC, consiste
na legitimidade passiva superveniente/derivada do espólio, dos herdeiros ou do
sucessor do devedor. A morte é o fim natural da pessoa humana e com ela se extingue
também a personalidade e a capacidade jurídica, transmitindo-se direitos e obrigações
do de cujos aos sucessores legais. Enquanto não efetuada a partilha, o espólio figurará
como legitimado passivo, representado pelo inventariante. Efetivada a partilha,
desaparece a figura do espólio e cada herdeiro individualmente responderá pelas dívidas
do de cujos, “na proporção da parte que na herança lhe coube” (art. 597). Se a execução
já estiver em curso quando ocorrer o óbito do devedor, sua substituição pelo espólio ou
pelos sucessores, dar-se-á através de habilitação incidente, com observância dos arts. 43
e 1.055 a 1.062, do CPC, suspendendo-se o processo pelo prazo necessário à citação
dos interessados. Ocorrendo a morte antes do início da execução, esta será ajuizada
diretamente contra o espólio, representado pelo inventariante, se ainda não houver
partilha. Se já houver partilha ou o inventariante for dativo, a execução será ajuizada
contra os herdeiros. Por fim, temos a legitimidade passiva das pessoas jurídicas nos
casos de sucessão de empresas, em situações como as de incorporação, fusão e cisão, as
quais provocam a transferência universal de direitos e obrigações. Desta forma, as
empresas sucessoras podem ser executadas pelas dívidas constantes de títulos
executivos das empresas extintas ou sucedidas, observando-se o limite do patrimônio
absorvido pela empresa sucessora.
Intervenção de terceiros
Considerada a natureza da ação de execução, que se caracteriza por buscar solução para crise de
cumprimento da norma concreta e não para a sua identificação, não se mostram com ela
compatíveis os institutos da intervenção de terceiros, como a oposição, a nomeação à autoria, a
denunciação da lide e o chamamento ao processo. Tais institutos são típicos do processo de
conhecimento, já que intimamente relacionados com a atividade jurisdicional destinada a obter,
por sentença, a solução para as crises de identificação do preceito normativo concretizado. Por
outro lado, a figura do assistente é conciliável com o processo de execução, mas sendo raros os
casos em que se configura o interesse jurídico ensejador da intervenção assistencial. Configura
hipótese de assistência a que decorre do art. 834 do Código Civil: a intervenção do fiador ou do
abonador, para promover o andamento do processo, retardado, sem causa, pelo credor.
a) Requisitos do título executivo - Não basta a presença do título. Dispõe o art. 586, do CPC:
“A execução para cobrança de crédito fundar-se-á sempre em título de obrigação certa, líquida e
exigível.” Ainda o art. 618, I, do CPC, comina de nulidade a execução, sempre que não
preencher esse requisito (Art. 618: “É nula a execução: I – se o título executivo extrajudicial não
corresponder a obrigação certa, líquida e exigível”). Não se trata, propriamente, de nulidade,
mas de verdadeira carência de execução. A ausência dos requisitos do título executivo constitui
matéria de ordem pública, argüível a qualquer tempo, podendo ser conhecida de oficio pelo juiz.
a.1) Certeza: quando a lei impõe, como condição para executar, que o título traga a
representação de obrigação certa, não está exigindo certeza quanto à existência do direito; a
certeza da obrigação refere-se à exata definição de seus elementos. Ou seja, o título executivo
retratará obrigação certa, quando nele estiver estampada a natureza da obrigação (obrigação de
entregar, fazer ou não fazer), o seu objeto (entregar o quê; fazer o quê; não fazer o quê) e os
seus sujeitos (credores e devedores). O fato de a obrigação ser alternativa (aquela onde há
escolha da prestação entre duas ou mais, pelo credor ou devedor - art. 571, CPC), ou para
entrega de coisa incerta (art. 629, CPC), não afeta o requisito em comento, pois o conteúdo da
obrigação é identificável.
a.2) Liquidez: a liquidez refere-se ao quantum debeatur, isto é, à quantidade de bens que são
objeto da obrigação a ser cumprida pelo devedor. É líquida a obrigação contida no título
quando, de sua leitura, ou pela simples realização de cálculos aritméticos, possa apurar-se a
quantidade de bens devidos.
1
WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso Avançado de Processo Civil V. 2. 10ª ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2008. p. 61.
a.3) Exigibilidade: estará satisfeito o requisito da exigibilidade se houver a precisa indicação de
que a obrigação já deve ser cumprida, seja porque ela não se submete a nenhuma condição ou
termo, seja porque estes inequivocamente já ocorreram ou estão demonstrados.
b) Títulos executivos judiciais - Dispõe o art. 475-N, do CPC: “São títulos executivos judiciais:
I – a sentença proferida no processo civil que reconheça a existência de obrigação de fazer, não
fazer, entregar coisa ou pagar quantia;
IV – a sentença arbitral; A sentença arbitral é título executivo por força de lei. Está regulada
nos arts. 23 e seguintes da Lei n. 9.307/96, não há necessidade de ser homologada pelo
Judiciário e será executada em processo autônomo, com a citação inicial do executado.
Estabelece o art. 31 da Lei da Arbitragem: “A sentença arbitral produz, entre as partes e seus
sucessores, os mesmos efeitos da sentença proferida pelos órgãos do Poder Judiciário e, sendo
condenatória, constitui título executivo.”
III – os contratos garantidos por hipoteca, penhor, anticrese e caução, bem como os de
seguro de vida;Hipoteca, penhor e anticrese são direitos reais de garantia, tratados pelo Código
Civil. Pressupõe uma obrigação principal, cujo cumprimento é por eles garantido. A hipoteca
recai sobre bens imóveis, o penhor sobre bens móveis e a anticrese recai sobre os frutos e
rendimentos de um imóvel. A palavra caução é de significado amplo e no seu sentido lato,
significa garantia que o devedor oferece ao credor. E como tal, abrange as garantias reais e a
pessoal. Diz-se, portanto que a garantia pode ser real (hipoteca, penhor e antricrese) ou
fidejussória (fiança). Como as garantias reais vêm especificadas no inciso, ao constar da redação
a palavra caução, o dispositivo abrangeu também o contrato de fiança. Por fim, é também título
executivo o seguro de vida. Registre-se que a lei 11.382/2006 alterou este dispositivo, uma vez
que anteriormente também era previsto como título extrajudicial o seguro de acidentes pessoais
de que resultasse morte ou incapacidade. Com a reforma, a força executiva ficou limitada ao
contrato de seguro de vida.
VII – a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito
Federal, dos Territórios e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma
da lei; Certidão de dívida ativa é o título que deve embasar a execução fiscal, regulada pela Lei
6.830/80.
VIII – todos os demais títulos a que, por disposição expressa, a lei atribuir força
executiva.Um número significativo de diplomas legais atribui força executiva a títulos
extrajudiciais. Dentre outros podemos citar: cédula de crédito industrial e rural, de crédito
comercial, contrato de alienação fiduciária em garantia, além dos honorários advocatícios, que
veremos a seguir.
Estabelece o art. 24 da Lei n. 8.906/94 que o contrato escrito que estipular honorários
advocatícios é título executivo extrajudicial. Não se pode confundi-lo com aqueles honorários
nos quais o sucumbente é condenado no processo. Os honorários de sucumbência serão fixados
na sentença e podem ser executados nos mesmos autos, constituindo título executivo judicial.
Não é necessário que o contrato de honorário venha firmado por duas testemunhas, nem que
tenha qualquer outra formalidade, mas é preciso que seja líquido. Para a execução do contrato, é
preciso que o advogado o faça acompanhar das provas de que o serviço foi efetivamente
prestado.
→ DO INADIMPLEMENTO DO DEVEDOR
No entanto, existem obrigações que não possuem termo certo de vencimento, nestes casos é
preciso que o devedor seja notificado, para então se constituir em mora. É o que estabelece o
art. 397, parágrafo único, do CC: “Não havendo termo, a mora se constitui mediante
interpelação judicial ou extrajudicial”. Nas obrigações de não fazer, o devedor estará
inadimplente desde o dia em que praticar o ato, de que deveria se abster (art. 391, CC). Nas
obrigações por ato ilícito, o devedor está em mora desde o dia do fato, conforme art. 398 do CC:
“Nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se o devedor em mora, desde que o
praticou” (Ver súmula 54 do STJ).
A lei material distingue termo de condição. Termo é o evento futuro e certo, enquanto
condição é um evento futuro e incerto. Neste raciocínio, obrigações a termo são aquelas cuja
exigibilidade está subordinada a evento futuro e certo, enquanto as condicionais são aquelas
cuja exigibilidade está condicionada a evento futuro e incerto.
Dispõe o art. 572 do CPC, que: “Quando o juiz decidir relação jurídica sujeita a
condição ou termo, o credor não poderá executar a sentença sem provar que se realizou a
condição ou que ocorreu o termo”. Sem um ou outro, a obrigação ainda não será exigível.
Há negócios jurídicos em que após seu aperfeiçoamento apenas uma das partes tem
obrigações, como no empréstimo, por exemplo. Em outros, ambas as partes assumem deveres e
direitos recíprocos (compra e venda, parceria agrícola, etc.). Diz-se que o contrato é unilateral
no primeiro caso e bilateral no segundo.
RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL2
No direito moderno, o objeto da execução forçada são os bens e direitos que integram o
patrimônio do devedor. Isto decorre de um dos princípios informativos do processo de
execução, ou seja, o de que toda a execução é real (e não pessoal). Para Humberto Theodoro Jr.
(p. 198) “o crédito compreende um dever para o devedor e uma responsabilidade para o seu
patrimônio. É da responsabilidade que cuida a execução forçada, ao fazer atuar contra o
inadimplente a sanção legal. Sendo, dessa maneira, patrimonial a responsabilidade, não há
execução sobre a pessoa do devedor, mas apenas sobre seus bens”.
2
Baseado a obra de Humberto Theodoro Jr., Curso de Direito Processual Civil (referência bibliográfica
complete no plano de ensino).
3
Luiz Rodrigues Wambier, Curso Avançado de Processo Civil, v. 2. (referência bibliográfica completa no
plano de ensino). p. 128
responsabilidade quase sempre andam juntas. Mas há casos em que haverá uma sem a outra, e
outros em que a responsabilidade estende-se para além do próprio devedor.
A responsabilidade patrimonial tem sua diretriz geral insculpida no art. 591: “O devedor
responde, para o cumprimento de suas obrigações, com todos os seus bens presentes e futuros,
salvo as restrições estabelecidas em lei”. Essa fórmula fundamental desdobra-se em duas
proposições: todos os bens do devedor respondem por suas obrigações (inclusive os que
ingressarem em seu patrimônio depois de contraída a dívida ou iniciada a execução); somente
os bens do devedor respondem por suas obrigações. Porém, o próprio preceito citado deixa claro
haver exceções. Daí que: (I) há bens do devedor que não respondem por suas obrigações; (II) há
bens de terceiros que por elas respondem”4. Façamos a análise dessas hipóteses.
4
Wambier, p. 130.
Nos termos do art. 42, caput, do CPC, a alienação da coisa ou do direito litigioso não altera a
legitimidade das partes. O § 3º deste mesmo artigo estabelece que a sentença proferida entre as
partes originárias estende os seus efeitos ao adquirente ou cessionário. A alienação da coisa ou
do direito litigioso é ineficaz perante o credor, que poderá buscá-la em mãos do adquirente.
Para Luiz Guilherme Marinoni5, a hipótese retratada neste inciso “decorre do direito de seqüela,
que caracteriza os direitos reais e as obrigações reipersecutórias”. O direito de seqüela permite
ao titular do direito alcançar o bem onde quer que ele esteja. Desta forma, poderá o credor
submeter o bem litigioso alienado à execução e o terceiro adquirente terá de defender seus
direitos mediante embargos de terceiro.
II – do sócio, nos termos da lei; A regra básica é de que a sociedade, como tem personalidade
jurídica, responda por suas obrigações, somente respondendo os bens particulares dos sócios
nos casos expressos em lei (art. 596). Enquanto a empresa for solvente, os bens particulares dos
sócios não poderão ser atingidos, e mesmo em caso de insolvência a responsabilidade do sócio,
quando existir, será subsidiária, isto é, depende de se terem esgotados os bens da pessoa
jurídica. Em virtude da separação do patrimônio da empresa e dos sócios com freqüência as
pessoas jurídicas têm sido usadas de forma fraudulenta, para prejudicar credores. A finalidade
delas é desvirtuada, uma vez que os sócios utilizam-se da autonomia da empresa para obterem
lucros ou vantagens pessoais. No intuito de evitar esse tipo de fraude, a doutrina criou a teoria
da desconsideração da personalidade jurídica, que foi consolidada no Código Civil de 2002,
regulada no art. 50. Feita pelo credor a prova de que a empresa foi utilizada de forma
fraudulenta, o juiz desconsiderará a pessoa jurídica e estenderá a responsabilidade patrimonial
aos sócios, permitindo que a penhora recaia sobre os bens pessoais. Não há extinção da empresa
ou dissolução. Ela continuará existindo e sendo devedora. Mas os bens dos sócios passam a
responder pelo pagamento da dívida.
Por fim, o art. 596 estabelece ainda que o sócio demandado pela dívida da sociedade tem
direito de exigir que sejam primeiro excutidos os bens da sociedade, cabendo a ele indicar
bens da sociedade livres e desembargados suficientes para quitar o débito, é o chamado
benefício de ordem. Ademais, se o sócio pagar a dívida da sociedade, poderá executar a
mesma nos próprios autos do processo de execução (art. 596, §§ 1º e 2º).
III - do devedor, quando em poder de terceiros; Neste inciso não se trata de responsabilidade
do terceiro, mas do próprio devedor, uma vez que o bem pertence ao devedor, mas se encontra
em poder de terceiro. Os bens do devedor respondem pelas suas dívidas sendo irrelevante com
quem estejam. Naturalmente se o terceiro desfrutar de uma posse contratual legítima sobre bem,
como no caso do contrato de locação com eficácia perante o adquirente, o bem poderá ser
penhorado, mas a execução contra o locador/proprietário não excluirá a continuidade dos
direitos do locatário até o final do contrato. O arrematante, adquirindo a propriedade do bem,
ficará sub-rogado na posição do devedor, isto é, de locador, devendo respeitar o contrato de
locação.
IV – do cônjuge, nos casos em que os seus bens próprios, reservados ou de sua meação
respondem pela dívida;
5
Luiz Guilherme Marinoni, Execução. p. 260. (referência bibliográfica completa no plano de ensino)
Quando a dívida é contraída por ambos os cônjuges, a responsabilidade
patrimonial, não há dúvida, será dos dois. Marido e mulher serão devedores e o
patrimônio de um e outro responderá pela dívida. Há casos, porém, em que a dívida é
contraída somente por um. A responsabilidade de um cônjuge pelo pagamento de dívida
contraída pelo outro dependerá de esta dívida ter sido revertida em proveito do casal ou
da família. Se sim, o credor poderá sujeitar o patrimônio de ambos, ainda que a dívida
seja de apenas um deles. Se não, só aquele que a contraiu responderá, não se podendo
atingir os bens do outro. Presume-se, até prova em contrário, que a dívida contraída por
um beneficia o outro, ou a família. O ônus da prova é do que pretende livrar sua meação,
já que a presunção é do benefício comum.
O adquirente do bem em fraude à execução não responde pela dívida, mas o bem que
lhe foi transmitido está sujeito à constrição, uma vez que a alienação é ineficaz perante o credor,
que pode requerer a penhora sobre ele como se a alienação não tivesse ocorrido. Só o bem
adquirido em fraude à execução responde pelo pagamento da dívida. Outros bens do adquirente
não. Não é o patrimônio todo do adquirente, mas o objeto da fraude, que poderá ser atingido.
► Art. 593 – Fraude de execução - São duas as formas comuns de fraude: a contra credores e à
execução. São grandes as distinções entre elas: a primeira é de direito material e constitui uma
das modalidades de defeito dos negócios jurídicos. Vem disciplinada no Código Civil, a partir
do art. 158. A segunda é instituto de direito processual, considerada ato atentatório à dignidade
da Justiça. Somente nesta há ofensa ao Poder Judiciário, porque existe um processo em curso.
Ambas têm em comum o fato de o devedor desfazer-se de um bem, ou de parte de seu
patrimônio, em detrimento do credor. Mas na fraude contra credores ainda não há uma ação em
curso.
Haverá fraude contra credores quando houver qualquer ato capaz de diminuir ou onerar o
patrimônio do devedor, desfalcando-o ou eliminando a garantia do pagamento das dívidas,
praticado por devedor insolvente ou que, pelo ato, reduziu-se à insolvência. São dois os
elementos que caracterizam a fraude contra credores: um objetivo (o evento danoso) e outro
subjetivo (o consilium fraudis). O primeiro é o prejuízo ao credor, que decorre da insolvência do
devedor. O segundo é a necessidade da má-fé do adquirente, que depende de prova do credor.
Se o terceiro estava de boa-fé, não se reconhecerá a ineficácia do negócio. O art. 159 do CC
presume a má-fé do adquirente “quando a insolvência (do alienante) for notória, ou houver
motivo para ser conhecida do outro contratante”. A ação competente para atacar a fraude
contra credores é a ação pauliana, fundada no duplo pressuposto do eventus damni e do
consulim fraudis.
O art. 593 estabelece duas hipóteses de fraude à execução, que serão examinadas
separadamente.
A primeira hipótese é a da alienação de bem sobre qual penda ação fundada em direito
real. O direito real grava a coisa e a segue com quem esteja. Nesse tipo de fraude há verdadeira
alienação de coisa litigiosa. Pende um litígio sobre determinado bem e o devedor, depois de
citado, o aliena. “O primeiro inciso refere-se a hipótese análoga à do art. 592, I. Ambos tutelam
o direito de seqüela que integra todos os direitos reais. A diferença é que o art. 592, I, cuida da
ineficácia da alienação ocorrida durante a execução, seja ela apoiada em título judicial ou
extrajudicial, ao passo que o art. 593, I, antecipa a proteção à seqüela, fazendo a ineficácia
atingir mesmo as alienações verificadas antes do julgamento definitivo da causa no processo de
conhecimento”6.
Desta forma, tratando-se de fraude à execução onde houver vinculação do bem alienado
ou onerado ao processo fraudado (penhora, direito real, arresto, seqüestro), como na hipótese do
inc. I, a caracterização da fraude à execução independe de qualquer outra prova, uma vez que o
gravame acompanha o bem, perseguindo-o no poder de quem quer o detenha, mesmo que o
alienante seja solvente, ou seja, nesta hipótese não há que se falar em prova da insolvência do
executado.
No entanto, não havendo prévia sujeição do bem à execução, para configurar-se a fraude na
hipótese do inciso II, deverá o credor demonstrar o eventus damni, isto é, a insolvência do
devedor decorrente da alienação ou oneração de bens. O evento danoso decorrerá normalmente
da inexistência de outros bens passíveis de constrição ou da insuficiência dos encontrados para
solver a dívida.
Assim sendo, se terceiro adquiriu bem judicialmente constrito ou sobre qual pendia ação
de direito real, devidamente registrados no registro público, o ato aquisitivo é ineficaz perante o
credor, sendo desnecessário demonstrar a insolvência do executado. Mas, quando a constrição
judicial ainda não se consumou e não for hipótese de direito real, a fraude dependerá da prova
do evento danoso, que é a insolvência do executado. O consilium fraudis, regra geral, é
presumido, devendo o adquirente provar a sua boa-fé (ler as jurisprudências encaminhadas).
O adquirente do bem alienado em fraude à execução, uma vez que não é parte na
execução, se pretender negar a fraude ou eximir-se de suas conseqüências, terá de valer-se dos
embargos de terceiros.
6
Humberto Theodoro Júnior
Por fim, a lei n. 11.382/2006 introduziu importante novidade em nosso ordenamento
jurídico. O art. 615-A do CPC permite ao exeqüente, no ato de distribuição do processo, obter
certidão comprobatória do ajuizamento da execução, com identificação das partes e valores da
causa, para fins de averbação no registro de imóveis, registro de veículos ou registro de outros
bens sujeitos à penhora ou arresto. A finalidade dessa averbação é tornar pública a existência da
execução para que eventuais adquirentes dos bens do devedor não possam beneficiar-se da
alegação de boa-fé, uma vez que dispõe o §3º deste mesmo artigo, que presume-se em fraude à
execução a alienação ou oneração de bens efetuada após a averbação.
► Art. 594 – Bens sujeitos ao direito de retenção - O credor, que estiver, por direito de
retenção, na posse de coisa pertencente ao devedor, não poderá promover a execução sobre
outros bens senão depois de excutida a coisa que se achar em seu poder. Há casos, no direito
substancial, em que o credor retém legalmente bens do devedor para garantir a satisfação da
obrigação, como ocorre, por exemplo, com o credor pignoratício, com o depositário, com o
locatário, etc. Nessas circunstâncias, o devedor, que já está privado da posse de determinados
bens, poderá suscitar o benefício de excussão, de modo que se tenha de executar, primeiro, a
coisa que o credor retém ou possui. Só depois de excutidos os bens retidos e havendo saldo
remanescente do débito, é que será lícito ao credor penhorar outros bens do devedor. Assim, não
é permitido ao credor somar duas garantias, a da retenção e a da penhora sobre outro bem do
devedor. Se já exerce o direito de retenção, é sobre os bens retidos que deverá incidir a penhora,
sob pena de praticar-se excesso de execução.
► Art. 595 – Bens do Fiador - O fiador, quando executado, poderá nomear à penhora bens
livres e desembargados do devedor. Os bens do fiador ficarão, porém, sujeitos à execução, se os
do devedor forem insuficientes à satisfação do direito do credor. Parágrafo único. O fiador, que
pagar a dívida, poderá executar o afiançado nos autos do mesmo processo. Nas obrigações
garantidas por fiança ocorre a dissociação entre dívida e responsabilidade: quem deve é o
obrigado principal, mas responde tanto ele como o fiador pelo não adimplemento da obrigação.
No entanto, é garantido ao fiador o benefício de ordem, podendo nomear à penhora bens livres e
desembargados do devedor, que deverão ser excutidos primeiro. A nomeação deverá ser feita no
prazo de três dias da citação (art. 652, caput). O benefício de ordem é renunciável expressa e
tacitamente. Haverá renúncia expressa quando constar do próprio contrato de fiança e tácita
quando, iniciada a execução o fiador não invocar a exceção no prazo que antecede a penhora.
Por fim, como deixa claro o parágrafo único do artigo, ao fiador compelido a saldar a dívida, é
facultado executar, regressivamente, o devedor nos próprios autos em que se efetuou o
pagamento. Ocorre uma sub-rogação de pleno direito do fiador nos direitos do credor.
► Art. 597 – Bens do Espólio - O espólio responde pelas dívidas do falecido; mas, feita a
partilha, cada herdeiro responde por elas na proporção da parte que na herança lhe couber.
Ocorrendo o falecimento do devedor originário, o seu espólio continua respondendo pelas
dívidas. O que deve ser observado é que as dívidas da herança executam-se nos bens da
herança, e não podem alcançar outros bens dos herdeiros (art. 1.821, CC). Feita a partilha entre
os herdeiros e sucessores, cada um responde pelas obrigações do de cujos, mas apenas na
proporção da parte que na herança lhe coube.
= Bens Absolutamente ImpenhoráveisO rol do art. 649 do CPC apresenta amplo elenco de
bens que não se sujeitam à execução, porque impenhoráveis. Essa exclusão absoluta da
execução é que dá a idéia de impenhorabilidade absoluta. Ainda que não haja outros bens do
devedor passíveis de serem arrecadados pela execução, os bens apontados na regra estão a salvo
da responsabilidade patrimonial do devedor. Vejamos cada um dos incisos:
I – os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução;Os bens
públicos são sempre impenhoráveis, dada a sua intrínseca inalienabilidade (art. 100 do CC).
Não há penhora na execução contra a fazenda pública, que segue rito próprio (ver art. 730,
CPC). Os bens particulares podem se tornar inalienáveis, em atos de vontade unilaterais ou
bilaterais, como nas doações, testamentos, instituição do bem de família, etc.
III – os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de elevado
valor;
IV – os vencimentos, subsídios, soldos, salários, remunerações, proventos de
aposentadoria, pensões, pecúlios e montepios; as quantias recebidas por liberalidade de
terceiro e destinadas ao sustento do devedor e sua família, os ganhos de trabalhador
autônomo e os honorários de profissional liberal, observado o disposto no §3º deste artigo;
A impenhorabilidade abordada neste inciso decorre do reconhecimento de que a remuneração
do trabalho pessoal, de maneira geral, destina-se ao sustento do indivíduo e de sua família,
tratando-se, pois, de verba de natureza alimentar. Em relação a todas as verbas deste inciso, há
uma ressalva legal que abre possibilidade para a penhora, qual seja: se o débito em execução
consistir em prestação de alimentos, torna-se cabível a penhora sobre salários, remunerações e
outras verbas equivalentes auferidas por aquele que responda pela pensão alimentícia (§2º, art.
649). Constava, ainda, do §3º, em texto aprovado pelo Congresso, a previsão de um limite para
a impenhorabilidade das verbas alimentares, de sorte que acima do valor correspondente a 20
salários mínimos, 40% da remuneração tornar-se-iam penhoráveis. Essa limitação, todavia, não
se converteu em lei, uma vez que foi atingida por veto do Presidente da República (mensagem
de veto anexa).
*Montepio = associação em que cada membro, mediante uma quota mensal, adquire o
direito de deixar, por sua morte, um subsídio à família, ou de ser subsidiado, em caso de
invalidez;
VII – os materiais necessários para obras em andamento, salvo se estas forem penhoradas;
Os materiais são, por antecipação, parte integrante da obra. Como tal só podem ser penhorados
se a obra toda também for.
VIII – a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela
família; Compete à legislação agrária definir o que se entende por pequena propriedade rural.
“Art. 650. Podem ser penhorados, à falta de outros bens, os frutos e rendimentos dos
bens inalienáveis, salvo se destinados à satisfação de prestação alimentícia”.
Os frutos e rendimentos dos bens inalienáveis seguem, em princípio, o destino destes e
são impenhoráveis. Os credores comuns do titular do bem inalienável, por isso, não
podem penhorar seus frutos e rendimentos. A imunidade, contudo, não é total.
Prevalece enquanto seja possível recair a penhora sobre outros bens livres do executado.
Não existindo bens livres do executado, cessará a impenhorabilidade, e os frutos e
rendimentos terão de submeter-se à penhora. Por isso falar-se, na espécie, de
impenhorabilidade relativa.
A situação é outra quando o crédito exeqüendo for decorrente de prestação alimentícia.
Neste caso, a penhorabilidade deixa de ser relativa e torna-se plena. O credor pode,
desde logo, fazer a penhora recair sobre os frutos e rendimentos do bem inalienável,
sem ter de demonstrar a inexistência de outros bens livres que possam assegurar a
execução.
Da mesma forma ocorre com os salários e vencimentos disciplinados no art. 649, IV.
Estes são, de regra, impenhoráveis. Porém, se a execução for relativa a débito alimentar,
a impenhorabilidade deixa de existir (art. 649, §2º). É exatamente o que se passa com os
frutos e rendimentos da coisa inalienável: não são livremente penhoráveis pelos
credores em geral, mas se o credor é de prestação alimentícia, pode fazer com que a
penhora incida sobre eles.
Ademais, o título executivo deve ser certo (sabe-se o que se deve), líquido (sabe-se quanto se
deve) e exigível (obrigação vencida).