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PESSOAS
Introdução
Em um mundo cada vez mais dinâmico, competitivo e interconectado,
as organizações precisam saber reconhecer, estimular e valorizar o ca-
pital intelectual e, por consequência, criar ativos intangíveis que tragam
vantagens competitivas que efetivamente irão diferenciá-las de seus
concorrentes e fidelizar seus parceiros e clientes. Entretanto, nada disso é
possível se a organização não levar em consideração as pessoas que estão
envolvidas em todos os seus processos, assim como seus conhecimentos
e os conhecimentos gerados a partir das relações estabelecidas dentro
e fora da empresa.
Você deve conhecer, por exemplo, empresas altamente reconhecidas,
confiáveis e valorizadas no mercado que oferecem seus produtos e servi-
ços com estruturas físicas enxutas, ou seja, com poucos ativos tangíveis,
que são elementos objetivos, como imóveis, máquinas físicas, estoque,
entre outros. São empresas como Nubank, Airbnb, Uber, Alibaba, que
focam em inovação para se diferenciar no mercado e, assim, possuem
ativos intangíveis de grande valor, mas difíceis de medir. Por outro lado,
também existem empresas com estrutura física considerável, como a
Coca-Cola, mas que possuem seus ativos intangíveis na marca, que vale
muito mais que seus produtos.
2 Ativos intangíveis e capital intelectual
Uma vez que, como você verá em seguida, o principal elemento a ser
trabalhado atualmente nas organizações, para que sejam efetivamente
competitivas e diferenciadas, é o conhecimento, especialmente se esse
for atrelado a bons relacionamentos, neste capítulo, você vai aprender a
diferenciar ativos intangíveis e capital intelectual para, então, reconhecer
a importância de ambos na otimização dos processos organizacionais e,
com isso, ser capaz de relacionar o planejamento de recursos humanos
da empresa com o estoque de conhecimento.
Ativos intangíveis são elementos difíceis de mensurar, pois são subjetivos. Entretanto,
é possível identificar sua existência quando o valor de mercado de uma determinada
empresa é maior que seu valor contábil — considerando que o valor contábil é calculado
a partir de ativos tangíveis. Vale lembrar que, para conseguir obter e manter esses
valiosos ativos intangíveis, a empresa precisa criar estratégias e ações para desenvolver
o seu capital intelectual.
Os três elementos que formam o capital intelectual não podem ser compre-
endidos ou tratados isoladamente. O capital humano, o relacional e o estrutural
são interdependentes; assim, de nada adianta para uma organização ter cola-
boradores com alto nível de conhecimento e habilidades se eles trabalham de
forma isolada, se a empresa não proporciona estrutura organizacional para
estabelecer bons relacionamentos e trocas. É necessário compartilhar e trans-
mitir o conhecimento pertencente a cada um (ou a cada grupo) para que, assim,
possa transformar-se em um ativo intangível para a empresa. Nesse processo
de compartilhamento e transmissão, entram em ação o capital relacional e
o estrutural (BERTOLA et al., 2015; COSER; MORALES; SELIG, 2013).
Ao estimular e valorizar o capital intelectual, a organização estará promo-
vendo o surgimento de ativos intangíveis, que irão favorecer a obtenção de
vantagens competitivas, fundamentais para a sustentabilidade das empresas
nos dias atuais, uma vez que o mercado está cada vez mais competitivo e os
consumidores estão cada vez mais exigentes e informados. Nesse sentido, as
organizações precisam buscar maneiras de desenvolver uma relação a longo
prazo com seus clientes, parceiros e fornecedores, tornando-os fiéis, propor-
cionando a eles uma boa oferta de produtos, serviços e relações de negócio
(BERTOLA et al., 2015). A vantagem competitiva é aquilo que destaca a
empresa no mercado dentre as demais e é, geralmente, onde mais aparece
a importância do capital intelectual e dos ativos intangíveis. Por exemplo,
empresas que são reconhecidas por seu estreito relacionamento com o cliente
evidenciam a importância do capital humano e relacional diretamente em seus
processos de atendimento e solução de problemas.
Os processos organizacionais são sequências organizadas de atividades
que transformam as entradas, vindas dos fornecedores, em saídas, que serão
entregues aos clientes em forma de produtos ou serviços, mas com um valor
agregado gerado em cada unidade da organização a partir de cada processo
organizacional. Cada organização possui uma cadeia de processos interligados
para gerar o seu resultado final e atingir seus objetivos (OLIVEIRA, 2013).
Entretanto, simplesmente produzir de maneira eficiente, sem desperdícios e a
baixo custo, não garante mais a sobrevivência por muito tempo, principalmente
em mercados dinâmicos e exigentes, como os de atualmente. Para otimizar
seus processos e ser bem-sucedida, uma empresa precisa ser criativa e inovar
(BITENCOURT, AZEVEDO; FROEHLICH, 2013).
No cenário da sociedade do conhecimento, a inovação e a criatividade
passam a ser processos importantes nas organizações, pois resultam, por
exemplo, em know-how e reconhecimento, elementos difíceis de serem
imitados pela concorrência. Entretanto, as empresas precisam estar dispo-
6 Ativos intangíveis e capital intelectual
níveis e abertas para que esses processos ocorram, e não apenas focar em
resolver problemas do dia a dia. Em parte, o processo de inovação depende
de que os colaboradores estejam dispostos a criar coisas novas, produtos
novos, a ter novas ideias, ser criativos. Para isso, eles precisam colocar em
ação seus conhecimentos, mas também articular seus relacionamentos e ter
o devido suporte da empresa para tal. Ou seja, o capital intelectual precisa
ser estimulado e valorizado pela organização. Assim, a importância do
capital intelectual nos processos organizacionais está, de maneira geral, em
qualificar tanto a entrada quanto as atividades que transformam as entradas
em saídas, possibilitando que essas saídas contenham ativos intangíveis
para a organização.
Por fim, apesar de ser um tema relativamente novo, é importante que as
empresas estejam dispostas a investir em capital intelectual, não somente
pelas vantagens relacionadas à competitividade, mas também para a busca
de aperfeiçoamento de seus produtos e serviços e desenvolvimento de seus
colaboradores (BERTOLA et al., 2015). Com isso, a empresa tende a formar
ativos intangíveis atrelados a criatividade e a inovação, que, embora sejam
difíceis de mensurar, podem ser reconhecidas nos resultados dos processos
organizacionais que entregam ao cliente, aos parceiros, à sociedade, e também
a seus próprios colaboradores, produtos, serviços valorizados por todos e
um ambiente de trabalho positivamente reconhecido, do qual todos querem
fazer parte.
Acesse o link a seguir e leia artigo da Harvard Business Review Brasil que mostra como
pode ser desenvolvida uma metodologia prática que busca medir e apresentar, aos
colaboradores de uma empresa, o valor do conhecimento.
https://qrgo.page.link/XZVdu
Leituras recomendadas
CODA, R. Competências comportamentais: como mapear e desenvolver competências
pessoais no trabalho. São Paulo: Atlas, 2016.
DINO. Ativos intangíveis representam mais de 80% do valor das empresas.
Exame, 15 dez. 2017. Disponível em: https://exame.abril.com.br/negocios/dino/
ativos-intangiveis-representam-mais-de-80-do-valor-das-empresas/
TURRA, S. et al. Efeitos do capital intelectual sobre o desempenho financeiro em
empresas brasileiras e chilenas. Revista Contemporânea de Economia e Gestão, v. 13, n.
2, maio/ago. 2015.
VAZ, C. R. et al. Capital intelectual: classificação, formas de mensuração e questiona-
mento sobre usos futuros. Revista de Gestão e Tecnologia – NAVUS, Florianópolis, v. 5,
n. 2, p. 73–92, abr./jun. 2015.
WERLANG, N. B.; SOUZA JÚNIOR, A. V.; FIATES, G. S. Capital intelectual: estudo biblio-
métrico e mapeamento nacional. RACEF – Revista de Administração, Contabilidade e
Economia da Fundace, v. 10, n. 1, p. 16-30, 2019.