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Artigo Wiliam
Artigo Wiliam
SÃO PAULO
2021
Identificação:
Odivellas, Wiliam de; Centro Universitário Belas Artes, w1999c@outlook.com
Resumo: Este artigo tem como finalidade analisar e compreender o processo de elaboração
e concepção do Jardim do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, projeto de Roberto
Burle Marx, serão abordados tópicos como linguagem e técnicas utilizadas, além de um
levantamento completo a respeito dos materiais e das espécies empregadas pelo artista na
composição da obra, conta também um pouco de sua história e da sua importância para o
paisagismo modernista no Brasil.
Introdução
A partir da analise de informações e dados extraídos de livros, sites e
dissertações, será retratada a biografia e obra de Roberto Burle Marx, em
especial, seu projeto paisagístico para o MAM (Museu de Arte Moderna do Rio
de Janeiro). Após o breve relato sobre sua vida e história, destacaremos a
plena integração entre sua obra e a natureza, como também as limitações
espaciais diretamente ligadas ao edifício projetado por Affonso Reidy.
Posteriormente o artigo visa diagnosticar suas combinações geométricas, bem
como sua linguagem compositiva, marcada pelo uso de espelhos d’água,
canteiros regulares, texturas e cores, ao final, uma sucinta conclusão a
despeito do conteúdo abordado, seguido das respectivas referencias que
possibilitaram a elaboração do estudo
Fonte: https://mam.rio/artistas/roberto-burle-marx/
Aos 19 anos, foi acometido de um grave problema ocular, que quase lhe custou a
visão, condição que o levou junto de sua família a decisão de mudar-se para
Alemanha, em busca de tratamento especializado, lá moraram por 2 anos, onde
depois de curado, teve a oportunidade de estudar desenho no ateliê de Elise Degner
Klemn, grande pintora da época.
De volta ao Brasil em 1930, aconselhado por Lucio Costa, inscreveu-se para o curso
de pintura, na Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, instituição onde
Costa exercia o cargo de diretor, período onde Burle Marx passou a conviver com
futuros grandes nomes da arquitetura brasileira, como Oscar Niemeyer, Jorge
Machado Moreira, Hélio Uchôa e Milton Roberto, ao longo do seu tempo de estudo,
Burle Marx muito influenciado pelo tempo que passou na Alemanha, passou a criar
artes com plantas nativas de diferentes partes do brasil além do emprego de texturas
e cores em suas obras, momento em que seu trabalho começa a chamar atenção.
Em 1932, a convite de Costa, realiza o primeiro projeto de paisagismo de sua carreira,
um jardim para a casa da família Schwartz, um projeto arquitetônico do próprio Lucio
e de Gregori Warchavchik onde lançavam a primeira residência carioca no estilo
modernista, hoje demolida.
2 anos depois, no ano de 1934 é convidado para exercer o cargo de diretor dos jardins
e parques de Recife, capital do estado de Pernambuco, onde reside por alguns anos
e realiza alguns de seus primeiros grandes trabalhos, como a praça Arthur Oscar,
Praça da República, Praça de Casa Forte, Praça Ministro Salgado Filho entre outras,
que são hoje consideradas patrimônio cultural do Brasil pelo Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). naquela época Burle Marx retornava
periodicamente ao Rio de Janeiro para frequentar aulas de pintura com Cândido
Portinari e de escrita com Mário de Andrade, forma que o mesmo encontrou de manter
os estudos, já que havia abandonado o curso de pintura devido as demandas de seu
cargo em Recife.
Motivado por interesses de cunho politico e social, Burle Marx deixa Recife no ano de
1937, e retorna ao Rio de Janeiro, ocasião onde é convidado por Portinari e equipe
(incluindo Oscar Niemeyer e Le Corbusier) para a produção dos jardins do prédio do
Ministério da Educação e Saúde, a obra rende a Burle Marx grandiosa aclamação
nacional e internacional, sendo vista até hoje como um dos maiores exemplos de
arquitetura no estilo moderno do Brasil. Em 1949, Burle Marx junto de seu irmão,
adquiriu um sítio de 365 mil m², na Barra de Guaratiba, Zona Oeste do Rio, onde
cultivava grande variedade de espécies de plantas, apesar de muito apegado a
propriedade, em 1985, motivado por problemas fiscais e de impostos, doou a
propriedade e o acervo ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
(IPHAN). que constitue hoje, um museu em sua homenagem.
Burle Marx sempre se destacou por fugir dos jardins de cunho europeu, muito seguido
entre nós, seu estilo se consistia principalmente no uso de espécies tropicais e formas
sinuosas, além de texturas e cores contrastantes, esse estilo permaneceu com
Roberto por toda a sua vida. Seu trabalho foi muito importante para definir a
arquitetura moderna brasileira, e seu legado segue vivo até hoje em suas mais de
3.000 mil obras espalhadas pelo brasil e pelo mundo, entre elas, Parque do Flamengo
- Rio de Janeiro, Parque do Ibirapuera - São Paulo , Parque da Pampulha - Belo
Horizonte, Jardins do Palácio do Itamarati – Brasília , Jardim das Nações – Áustria
entre muitas outras.
Além disso recebeu diversas honrarias, em principal o título como maior paisagista
do mundo cedido pela Faculdade de Artes de Londres, na Inglaterra.
Sobre o MAM
O MAM Rio (Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro) (Figura 2) foi
inaugurado no ano de 1948, e é considerado muito mais do que um museu, o
complexo dotado de cinemateca, auditório, oficinas de arte, bar e restaurante,
foi a casa de grande parte dos movimentos artísticos brasileiros, o acervo do
museu atualmente é composto por mais de 6.000 obras de arte modernas e
contemporâneas, produzidas por artistas nacionais e internacionais.
Fonte: https://mam.rio/artistas/roberto-burle-marx/
O Jardim tombado a nível nacional pelo seu valor estético e paisagístico faz parte do
Parque do Aterro do Flamengo, e abrange uma área de aproximadamente 40 mil
metros quadrados, nele, Burle Marx emprega o uso de linhas geométricas e
curvilíneas, canteiros de pedras e espelhos d’água, além de incorporar uma ampla
variedade de espécies nativas e exóticas. Seu desenho parece ser inspirado na
própria natureza e observa-se o empenho do paisagista em tentar capturar as
qualidades da mata atlântica em conjunto com a floresta amazônica, que resultam,
em um aglomerado de palmeiras, além de diversificadas espécies arbustivas, que
conversam em meio a curvas e variações de cores na paisagem. (Figura 3)
Fonte: https://uffpaisagismo.files.wordpress.com/2016/02/sem-tc3adtulo-2.jpg
A linguagem utilizada no jardim
Fonte: https://uffpaisagismo.files.wordpress.com/2016/02/sem-tc3adtulo-11.jpg
A palmeira real muito usada por Burle Marx no projeto, serve como uma espécie de
elemento ordenador, já que a mesma, delimita os espaços e concede um contraponto
visual ao longo da paisagem. Na obra o artista também procurou, relacionar as
superfícies de cor com os pequenos, médios e grandes volumes das arvores e dos
arbustos, promovendo assim uma harmonização entre as texturas e cores
apresentadas.
Como já se sabia previamente que o jardim ao qual estava imputado de criar, passaria
por um intenso pisoteio, em razão das incessantes visitas do museu. O autor, que
gozava de um amplo espaço para trabalhar, propôs a criação de terraços, pátios,
fontes e espelhos d’água, (Figura 5) além de grandes áreas sombreadas próprias
para exposições e apresentações, desta forma, concedeu a obra, não só ambientes
voltados para contemplação, mas também para uso e recreação.
Fonte: https://mam.rio/artistas/roberto-burle-marx/
Burle Marx teve que contornar os efeitos do vento e outras intemperes para que seu
projeto saísse do papel, para isso, adotou uma serie de técnicas e soluções, entre
elas, o emprego de espécies que fossem capazes de resistir a ventos fortes e solo de
alta salinidade, além de materiais de alta durabilidade, imunes à corrosão e de baixa
manutenção, já que se tratava de uma obra pertencente ao poder publico.
Conclusão
O legado deixado Burle Marx, será sempre marcado pela sinceridade, emoção e
naturalidade com que tratava e projetava seus jardins, desenhando-os sempre de
maneira inclusiva e convidativa ao publico, disposto sempre a incluir mais uma planta,
mais uma textura, mais uma curva. O artista será para sempre lembrado por promover
descontextualização, por sempre fugir do velho e por sempre buscar o novo, nas
calçadas, nos planaltos, nos parques, será incansavelmente exaltado por sua maneira
tão natural de lidar com a natureza, pelo seu talento ao misturar cores e formas, e
pela inteligência que o concedeu o titulo de percursor do jardim modernista no Brasil.
Referências