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Flavio Trojan
(UTFPR) trojan@utfpr.edu.br
Resumo: Na indústria moderna todos os indicadores de performance são medidos de tal forma a poder identificar as perdas
naturais do processo produtivo como um todo e, assim constituir times de melhoria capazes de atacar em sua causa raiz, elimi-
nando-as. Este trabalho apresenta os tipos de falhas existentes dentro de um processo produtivo e suas prováveis causas tendo o
ciclo CAPDo e o Diagrama de “Ishikawa” como plataformas de análise. O mesmo foi realizado em uma indústria de bebidas da
região, especificamente em uma linha de envase e, que forneceu informações necessárias para montagem de gráficos de pareto e
fluxograma, ilustrando os percentuais de perda e o tratamento das falhas ocorridas no equipamento que obteve maiores índices
de paradas na produção no período analisado. Contudo, o alicerce da melhoria contínua é a TPM (Total Productive Maintenan-
ce) que além de aprimorar e nivelar o conhecimento, as habilidades e as atitudes das pessoas, consegue transformar a estrutura
da empresa em termos materiais, ou seja, revitalizar máquinas, equipamentos e ferramentas ao mesmo tempo que reduz perdas
de matéria prima e produto.
Abstract: In modern industry all performance indicators are measured in such a way as to identify the natural loss of the
production process as a whole and thus constitute improvement teams capable of striking at its root cause, eliminate them.
This paper presents the types of failures within a production process and its probable causes and taking CAPDo cycle diagram
“Ishikawa” as analytical platforms . The same was done in a beverage industry in the region, specifically in a filling line and who
provided information necessary for assembly of Pareto charts and flow chart illustrating the percentage of loss and treatment of
failures in equipment that had higher rates of stops production in the period analyzed. However , the foundation of continuous
improvement is the TPM (Total Productive Maintenance ) which in addition to and even enhance the knowledge, skills
and attitudes of people , can transform the structure of the company in material terms , ie , revitalize machinery, equipment
and tools at the same time reducing loss of raw material and product.
grau, apresenta uma natureza potencial que pode ser obser- operar o equipamento fora de seus limites, não obedecendo
vada e tratada evitando a falha em si ou minimizando seus aos parâmetros definidos no seu projeto ou em seu manual
efeitos. Por esta razão a existência nas empresas de uma de operação.
cultura voltada para aplicação de metodologia e ferramen- d) Falha de projeto: Significa que o equipamento
tas de estudo de falhas, bem como o esforço de análises apresenta deficiências de concepção ou de fabricação.
e tratamento de falhas em qualquer organização é tão im-
e) Falta de capacitação: Os responsáveis pelo manu-
portante (CAMPOS, 2011; MARTINS; LAUGENI, 2005;
seio dos equipamentos não estão totalmente capacitados
SLACK et al., 2002, ALVAREZ, 2002; KEPNER; TRE-
para desempenhar suas funções dentro do processo de pro-
GOE, 1980).
dução ou manutenção, gerando assim
as necessidades de treinamento.
Causas Gerenciais
Causas Básicas
APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DO
São os eventos que causaram e ou contribuíram para a ESTUDO DE CASO
ocorrência da causa imediata. Está ligada a pelo menos um
dos cinco fatores definidos abaixo: A condução dos trabalhos para determinação e trata-
a) Condições básicas não atendidas: Refere-se à lim- mento das falhas bem como qualquer desvio de produção
peza, à ordem na área de trabalho e nos equipamentos, ne- devem ser seguidas conforme o ciclo da melhoria, o CA-
las estão inclusas a falta de lubrificação, falta de reaperto PDo (figura 3).
e as condições padrões de funcionamento do equipamento C (Check) – Verifica a situação atual;
(planos de manutenção estabelecidos). A (Analysis) – Analisa a situação e identifica as causas
b) Falta de reparo da deterioração: Refere-se a planos do problema ou dificuldade;
de manutenção (inspeção, preventiva, lubrificação, limpeza P (Plan) – Planeja as ações a serem implementadas;
focada, preditiva, etc.). Do (Do) – Implementa as ações planejadas para elimi-
c) Não cumprimento das condições de uso: Quer dizer nar o problema ou buscar a melhoria.
Planejamento das
4
Análise das
3
causas Ações
A P
Levantamento da
situação e detalhamento
2
C Do
5 Implementação
das ações
176
do problema
Verificações dos
resultados
Identificação do Problema Padronização / Reflexões
Na indústria em estudo, um dos principais enfoques rificação de aperto; inspeção de rotina; monitoramento
está ligado à manutenção da rotina, ou seja, realizar as ins- com base na visão, audição, olfato e tato; limpeza e por
peções pré estabelecidas pela operação nos equipamentos a último, execução de regulagens simples.
que fazem parte da linha de engarrafamento. Assim, sem-
Conforme definido no ciclo de melhoria, primeiro
pre ao encerrar a produção, os próprios operadores se trans-
será verificado a situação atual, ou seja, o acompanhamen-
formam em manutentores de suas máquinas.
to da produção com informações coletadas de planilhas
De acordo com Takahashi e Osada (2010): preenchidas pelos próprios operadores, afim de utilizar
Manutenção de rotina também pode ser chamado de ma- estas informações para gerar gráficos representativos de
nutenção por iniciativa própria, sendo que a sua execu- acompanhamento da produção (percentuais de rendimento
ção auxiliará na eliminação de três tipos principais de e motivo de paradas no maquinário). Abaixo na figura 4
problemas: excesso de sujeira, falta de lubrificação, va- encontra-se o layout da linha de envase de garrafas (600
zamento de óleo e folga de peças. Algumas atividades ml) onde está instalada a máquina objeto de estudo, ou seja,
incluídas neste tipo de manutenção são: lubrificação; ve- uma encaixotadora de garrafas.
No gráfico 1, a seguir, são evidenciados os percentuais devido às paradas por falhas nos equipamentos, em que a
de rendimento das linhas de produção no mês de janeiro de meta não pôde ser atingida, necessitando de verificação e
2014, sendo que a meta estipulada de produtividade é de identificação da máquina crítica.
70%. Fica claro a perda de produção na linha de 600 ml,
A seguir, seguem dois gráficos de pareto: o primeiro maior perda (no caso a encaixotadora (gráfico 3)) no mês
representando o percentual de perda por máquina na linha de janeiro 2014.
de engarrafamento (gráfico 2) e o segundo, desdobrando a
Neste desdobramento das maiores perdas (falhas em rada e as ações necessárias para que a mesma não voltasse
(min)) da encaixotadora, a principal (386 min) veio a se a ocorrer, pois impactou negativamente na produtividade
tornar objeto de análise por uma equipe de brainstorming do mês de janeiro como mostrado anteriormente, ou seja,
para realização de estudo sobre as possíveis causas da pa- atingindo apenas 59,50% ficando 10,50% longe da meta.
RESOLUÇÃO DAS FALHAS NO PROCESSO cada defeito e a busca persistente de suas causas mais
básicas, aprimorar o processo para que ele não produza
mais falhas. Aderir à meta de zero defeito é assumir o
Realizado o desdobramento para se chegar à principal aprimoramento contínuo em todos os aspectos da em-
causa da perda excessiva no processo, inicia-se as discus- presa, desde o projeto dos produtos até o desempenho
sões em volta do Diagrama de Ishikawa. operacional do processo (CORRÊA, 2009).
Os erros e defeitos têm importância fundamental como Abaixo na figura 5 encontra-se a análise de falha pro-
fonte de informações para o aprimoramento contínuo, priamente dita, realizada pela equipe de estudo e acompa-
através da análise dos erros pode-se descobrir por que o nhada dos 5 porquês e as ações imediatas como mostrado
processo ainda apresenta falhas e com a investigação de na tabela 1.
Causas
1º PQ? 2º PQ? 3º PQ? 4º PQ? 5º PQ?
Evidenciadas
ENCONTRAVA-SE FOI LAVADO A - - -
1 - ROLAMENTO
COM EXCESSO MÁQUINA COM
DO ENCODER
DE UMIDADE MANGUEIRA E JATO
DANIFICADO
D'ÁGUA
2 - TEMPO FOI FEITO FOI IDENTIFICADO - -
PRIMEIRAMENTE
ELEVADO PARA ACOMPANHAMENTO NO PROGRAMA A
FOI RESETADO O
SANAR A FALHA PELO PROGRAMA FALHA DE SINAL
PLC
DO ENCODER
3 - LIMPEZA LAVADO A PESSOAS SEM PESSOAS DE - -
INADEQUADA MÁQUINA COM CONHECIMENTO E OUTRAS ÁREAS
LAVA JATO E OU / TREINAMENTO REALIZANDO
MANGUEIRA SEM LIMPEZA NO
PROTEGER O EQUIPAMENTO
ENCODER
C C
Nº AÇÃO CORRETIVA CG Responsável Executor Prazo Status
I B
(MELHORIA) - ELABORAR UMA
Funcionário Funcionário
1 PROTEÇÃO EM ACRÍLICO EM X JAN/ 14 REALIZADO
"A" "X"
VOLTA DO ENCODER.
CRIAR UMA LPP PARA TESTAR A
MÁQUINA EM MANUAL Funcionário Funcionário
2 X JAN/ 14 REALIZADO
(UTILIZANDO O JOYSTICK) ANTES "A" "X"
DE INICIAR A PRODUÇÃO.
(MELHORIA) - INCLUIR NO
PROGRAMA DA MÁQUINA ALGUNS
ALARMES MAIS PRECISOS, QUE Funcionário Funcionário
2.1 X JAN/ 14 REALIZADO
LEVEM RAPIDAMENTE À CAUSA "B" "Y"
RAIZ DO MODO DE FALHA (EX:
FALHA DE ENCODER).
INCLUIR NOS CARTÕES DE ROTINA
QUE SE REFEREM À LIMPEZA, PARA Funcionário Funcionário
3 X JAN/ 14 REALIZADO
QUE ISOLEM TODA PARTE "B" "Y"
ELÉTRICA DA MÁQUINA.
CRIAR LPP PARA PROCEDIMENTO
Funcionário Funcionário
3.1 CORRETO DE LIMPEZA COM ÁGUA X JAN/ 14 REALIZADO
"A" "Z"
NA MÁQUINA (OPERACIONAL).
RESULTADOS ALCANÇADOS lado de 2014 (74,91%) já está maior que o geral de 2013
(71,85%). Até porque a concentração das pessoas que ope-
Foram criados cartões de rotinas com os principais ram o equipamento em relação à execução das atividades
aspectos a serem atentados pelos operadores, criado lições estabelecidas no brainstorming ficou mais acentuada, fator
ponto a ponto (LPP’s) para execução das atividades, im- este, determinante para não reincidência da falha.
plantado duas sugestões de melhoria para inserção de um Isso tudo revela que é possível utilizar a riqueza do
novo modo de falha no painel da máquina e por último a conhecimento das pessoas na execução de melhorias no
criação de um protetor para o encoder do equipamento. processo, para isso basta apenas incentivá-las e apoiá-las
Assim verificou-se que após os trabalhos da equipe na com ferramentas adequadas de gestão. Diferencial: Não
análise da causa raiz do problema ocasionado no equipa- foram gastos nem R$ 0,01 centavo nas ações de correção,
mento, o mesmo não voltou a ocorrer (acompanhamento pois foi utilizado mão de obra interna para treinamentos e
após o mês de janeiro – (gráfico 4)), inclusive o acumu- melhorias (tabela 2).
Nº AÇÕES CUSTO
1 ELABORAÇÃO DE LIÇÕES PONTO A PONTO (LPP)
2 ELABORAÇÃO DE CARTÕES DE ROTINA
3 CRIAÇÃO DE MELHORIA EM PAINEL DE COMANDO
R$ 0,00
4 CRIAÇÃO DE PROTETOR PARA O ENCODER
Fonte: Autores (2014)
TABELA 2 – ANÁLISE DOS CUSTOS DAS AÇÕES
REFERÊNCIAS