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Abstract Algebra
Abstract Algebra
ÁLGEBRA ABSTRATA
(Versão 1.0)
FORMOSA
GOIÁS - BRASIL
2010
Sumário
1 Relações e Aplicações 1
1.1 Produto Cartesiano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Relações entre Conjuntos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2.1 Representação Gráfica de uma relação de A em B . . . . . . 3
1.3 Aplicações ou Funções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.3.1 Tipos de aplicações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.4 Relações de um conjunto A em si próprio (ou relações sobre A) . . . 5
1.5 Relação de Equivalência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.6 Relações de Ordem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.6.1 Composição de Relações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
3 Números Inteiros 35
3.1 Congruências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
3.1.1 Propriedades das Congruências . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
4 Grupos 53
4.1 Estruturas Algébricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
4.2 Conjunto Gerador de um Grupo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
4.2.1 Exemplos de Grupos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
4.2.2 Grupo de permutações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
2
4.2.3 Grupo Diedral 2n : D2n . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
4.2.4 Subgrupos Normais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
4.2.5 Homomorfismo de Grupos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
3
Capı́tulo 1
Relações e Aplicações
A × B = {(a, 1), (a, 2), (a, 3), (b, 1), (b, 2), (b, 3)}
A × B = [0, 1] × [−1, 1]
A1 × A2 × · · · × Ak := {(a1 , a2 , · · · , ak ) | a1 ∈ A1 , · · · , ak ∈ Ak }
1
Exemplo 3. Seja A = {−1, 1} e B = {a, b, c}, então
A × B = {(−1, 1), (−1, b), (−1, c), (1, a), (1, b), (1, c)}.
Assim,
R1 = {(−1, a)}
são relações de A em B.
Existem 26 relações de A em B, onde 6 é a quantidade de elementos do conjunto
A × B.
Assim,
(ii) se R2 = {(a, 0), (b, 1), (a, 1)}, então DomR2 = {a, b};
Exemplo 6. Se A = {1, 2, 3}, B = {3, 4} e R = {(0, 3), (1, 3)}, então DomR = {0, 1}
e ImR = {3}.
2
1.2.1 Representação Gráfica de uma relação de A em B
Exemplo 7. Se A = {−1, 0, 1}, B = {2, 4, 6, 8} e R = {(0, 2), (1, 4), (0, 6)}, então
R−1 = {(2, 0), (4, 1), (6, 0)}.
Exemplo 8. Se A = {1, 2, 3} e B = {a, b, c, d}, então R = {(2, a), (2, b), (3, b)} é
representado pelo seguinte diagrama de Venn:
3
Observação 4. Se f é uma aplicação de A em B, então a relação inversa f −1 nem
sempre será uma aplicação. Por exemplo, se A = {1, 2, 3} e B = {a, b}, então
f = {(1, a), (1, b), (2, a), (2, b), (3, a), (3, b)}
f −1 = {(a, 1), (a, 2), (a, 3), (b, 1), (b, 2), (b, 3)}
ou seja,
(∀x, y ∈ A) (x 6= y ⇒ f (x) 6= f (y)) ,
Logo f é injetora.
4
a c
bX
Figura 1.1: Figura do Exemplo 12
(∀a ∈ A) ((a, a) ∈ R)
ou
(∀a ∈ A) (aRa) .
Exemplo 12. Se A = {a, b, c}, então R = {(a, a), (b, b), (c, c), (a, b)} é uma relação
reflexiva.
ou seja,
(∀x, y ∈ A) (xRy ⇒ yRx)
Exemplo 13. Se A = {1, 2, 3, 4}, então R = {(1, 1), (1, 2), (2, 1), (3, 3), (3, 1), (1, 3)}
é uma relação simétrica. Graficamente,
ou seja,
(∀x, y, z ∈ A) (xRy e yRz ⇒ xRz)
5
1O o / 2
3 4
Figura 1.2: Figura do Exemplo 13
t 9 12
J (
T eJJ
t J
t tt ((( JJJ
t t JJ
t tt
t
((( JJ
JJ
tt ( JJ
t ( JJ
ttt ( JJ
t t ( JJ
ttt (( JJ
((
4 _>> nn7? 6
>> ((
nn nnn
>> (( nn
>>
(( nnnnn
>> nn( n
>>
>> n n nnn ((
>> nnnnn ((
nnn
F2 F3
i.e.,
(∀x, y ∈ A) (xRy e yRx ⇒ x = y)
Exemplo 16. Se A = {a, b, c} e R = {(a, a), (a, b), (b, c), (b, b)} é uma relação anti-
simétrica.
Observação 6. Graficamente:
• Uma relação R sobre A é simétrica se não existem setas simples ligando ele-
mentos de A;
6
• Uma relação R sobre A é transitiva se para todo caminho ligando dois pontos a
e b de A, existe uma seta ligando a e b;
Definição 15. Seja R uma relação de equivalência sobre um conjunto A. Para cada
elemento a ∈ A podemos definir um conjunto
a := {x ∈ A | xRa}
(i) Se b ∈ a, então a ∈ b.
(ii) Se a ∩ b 6= ∅, então a = b.
S
(iii) A = a∈A a.
Demonstração.
(i) Se b ∈ a, então bRa. Como R é uma relação simétrica e bRc, então aRb. Como
aRb então a ∈ b.
Outra forma:
7
∃x ∈ a ∩ b (∀y ∈ a) (yRa, xRa, xRb)
Ré simétrica ⇒ ∃x ∈ a ∩ b (∀y ∈ a) (yRa, aRx, xRb)
R é transitiva ⇒ (∀y ∈ a) (yRa, aRb)
R é transitiva ⇒ (∀y ∈ a) y ∈ b
⇒ a⊂b
Definição 16. Seja A um conjunto e (Bλ )λ∈I uma coleção de subconjuntos não vazios
de A para algum conjunto de ı́ndices I. Dizemos que (Bλ )λ∈I é uma partição de A
se:
Exercı́cio 1. Seja (Bλ )λ∈I uma partição de um conjunto A. Definindo uma relação
sobre A como
(∀a, b ∈ A) (aRb ⇔ (∃λ ∈ I) ({a, b} ⊂ Bλ ))
(i) R é reflexiva:
(∀x ∈ A) (xRx)
(ii) R é transitiva:
(∀x, y, z ∈ A) (xRy e yRz ⇒ xRz)
8
(iii) R é anti-simétrica:
Definição 19. Seja R uma relação de ordem parcial sobre A. Dizemos que dois
elementos a, b ∈ A são comparáveis segundo a relação R se
aRb ou bRa.
Definição 20. Seja R uma relação de ordem parcial sobre A tal que quaisquer dois
elementos de A são comparáveis então dizemos que R é uma relação de ordem
total sobre A.
Se for possı́vel estabelecer uma relação de ordem total sobre A, então dizemos que
A é um conjunto totalmente ordenado.
Exemplo 17. Sejam A = {2, 4, 6, 8, 10, 12} e R = {(a, b) ∈ A×A | b é múltiplo de a},
então R é uma relação de ordem parcial sobre A.
De fato,
(ii) Sejam a, b, c ∈ A tais que (a, b), (b, c) ∈ R. Assim b é múltiplo de a e c é múltiplo
de b. Logo existem r, s ∈ Z tais que b = ra e c = sb. Portanto c = rb = s(ra) =
(sr)a, onde sr ∈ Z, ou seja, c é múltiplo de a. Consequentemente, (a, c) ∈ R.
Logo (∀a, b, c ∈ A) (((a, b), (b, c) ∈ R) ⇒ ((a, c) ∈ R)) .
9
Portanto, R é transitiva. Simbolicamente, se a, b, c ∈ A,
((a, b) ∈ R e (b, c) ∈ R)
⇒ (b é múltiplo de a e c é múltiplo de b)
⇒ (∃r, s ∈ Z) (b = ra e c = sb)
⇒ (∃r, s ∈ Z) (c = sb = s(ra) = (sr)a)
t=sr
⇒ (∃t ∈ Z) (c = ta)
⇒ (c é múltiplo de a)
⇒ ((a, c) ∈ R)
Logo R é transitiva.
(iii) Sejam a, b ∈ A tais que aRb e bRa, então existem r, s ∈ Z tais que b = ra e
a = rb.
Logo, por (i), (ii) e (iii), R é uma relação de ordem parcial sobre A.
Graficamente,
O grafo simplificado desta relação de ordem parcial é
(∀a ∈ A) (a ≤ m)
(∀a ∈ A) (L ≤ a)
(∀a ∈ A) (a ≤ m) ,
(∀a ∈ A) (L ≤ a) ,
10
{a, b, c}
: O dJJ
tt JJ
ttt JJ
tt JJ
tt J
{a, b} {a, c} {b, c}
O dJJ : dJJ : O
JJ ttt JJ ttt
JtJt JtJt
tt JJJ t J
ttt J tt JJJ
tt
{a} eK {b} 9 {c}
KKK O ss
s
KKK ss
KKK sss
K ss s
∅
(∀a ∈ A) (m ≤ a ⇒ a = m)
(∀a ∈ A) (a ≤ L ⇒ a = L)
Exemplo 18. Sejam D = {a, b, c}, E = P(D) = {∅, {a}, {b}, {c}, {a, b}, {a, c}, {b, c}, {a, b, c}},
{{a}, {b, c}} e R a relação de ordem sobre E definida por R = {(x, y) ∈ E × E | x ⊆
y}.
O gráfico simplificado da relação de ordem R(A) é
(c) Máximo de A : @.
(d) Mı́nimo de A : @
(f ) Ínfimo de A : ∅.
11
(g) Elementos maximais de A : {a}, {b, c}.
(d) Mı́nimo de B : @
(f ) Ínfimo de B : ∅.
12
Exercı́cio 3. Se f é uma aplicação e A em B e g é uma aplicação de C em D com
Domg = Imf, então g ◦ f é uma aplicação composta de f por g.
13
Capı́tulo 2
(∀a, b ∈ A) (a ∗ b = b ∗ a)
14
Definição 26. Um elemento e ∈ A é dito ser um elemento neutro de A à es-
querda em relação a uma operação ∗ sobre A se
(∀a ∈ A) (e ∗ a = a)
1 0 1 1
Exemplo 22. Se A = , , com a operação usual de multi-
0 0 0 0
plicação ·, então
1 0 1 1 1 1
· =
0 0 0 0 0 0
1 1 1 0 1 0
· =
0 0 0 0 0 0
1 0 1 0 1 0
· =
0 0 0 0 0 0
1 1 1 1 1 1
· =
0 0 0 0 0 0
1 0 1 1
Logo, e são elementos neutros à esquerda de A.
0 0 0 0
1 0 1 1 0 0
Exemplo 23. Se A = , , com a operação usual de
0 0 0 0 0 0
1 0
multiplicação ·, então é o único elemento neutro à esquerda para a operação
0 0
·.
(∀a ∈ A) (a ∗ e = a) .
0 0 0 1 0 0 0 1
Exemplo 24. Se A = , , , então e são
0 1 0 1 0 1 0 1
elementos neutros à direita de A com relação a operação de usual de multiplicação de
matrizes.
0 1 0 1 0 0 0 1
Exemplo 25. Se A = , , , então é o único
0 0 0 1 0 0 0 1
elemento neutro à direita de A com respeito a operação usual de multiplicação de
matrizes.
15
Definição 28. Dizemos que e ∈ A é o elemento neutro de A com relação a uma
operação ∗ se
(∀a ∈ A) (a ∗ e = e ∗ a = a) ,
Definição 29. Seja ∗ uma operação sobre um conjunto A com elemento neutro e ∈
A. Dizemos que x0 é um elemento simétrico à esquerda de x (ou inverso à
esquerda ) se x0 ∗ x = e. Neste caso dizemos que x é inversı́vel (ou simetrizável
) à esquerda.
Definição 30. Seja ∗ uma operação sobre um conjunto A com elemento neutro e ∈ A.
Dizemos que x0 ∈ A é um elemento simétrico à direita de x (ou inverso à
direita) se x ∗ x0 = e. Neste caso dizermos que x é inversı́vel (ou simetrizável) à
direita.
16
Corolário 2. Seja ∗ uma operação associativa com elemento neutro e sobre um con-
junto A. Se a é inversı́vel à direita e a é inversı́vel à esquerda, então a é inversı́vel e
o seu inverso é único.
Demonstração. Como
e∗a0 =a0
(a ∗ b) ∗ (b0 ∗ a0 ) = a ∗ (b ∗ (b0 ∗ a0 )) = a ∗ ((b ∗ b0 ) ∗ a0 ) = a ∗ (e ∗ a0 ) = a ∗ a0 = e
então b0 ∗ a0 é o inverso de a ∗ b.
(∀x, y ∈ A) (a ∗ x = a ∗ y ⇒ x = y) .
(∀x, y ∈ A) (x ∗ b = y ∗ b ⇒ x = y) .
17
Definição 36. Sejam ∗ e ? duas operações sobre um conjunto A tais que
(∀a, b, c ∈ A) (a ? (b ∗ c) = (a ? b) ∗ (a ? c)) ,
e 1
1 1
(1 ∗ 2) ∗ 2 = ∗2= 2 = .
2 2 4
1
1∗2= 6= 2 = 2 ∗ 1.
2
(c) A não tem elemento neutro para a operação ∗, pois para existir elemento neutro
a e 2 e e
e, devemos ter e
= a
= a, ∀e ∈ A. Para a = 2, temos que e
= 2
e 2
= 2, o que
implica em e = ±2 e e = 4, o que é impossı́vel.
18
Exemplo 28. Seja A = R∗ munido da operação ∗ do exemplo anterior e com a
operação de adição de números reais, +. Então ∗ é distributiva à direita mas não é
distributiva à esquerda com relação à operação +.
De fato,
a+b a b
(∀a, b, c ∈ A) (a + b) ∗ c = = + = (a ∗ c) + (b ∗ c) .
c c c
Mas,
1 1
1 ∗ (2 + 1) = = .
2+1 3
e
1 3
(1 ∗ 2) + (1 ∗ 1) =
+1= .
2 2
1 0 0 0 0 0
Exemplo 29. Se A = , , para a operação de multi-
0 0 1 0 0 0
plicação de matrizes, então R∗ (A) = ∅.
Seja A um conjunto munido de uma operação ∗ e seja (ai )i∈I uma lista dos elementos
de A, onde I = {1, 2, · · · , n} se A é finito e possui n elementos ou I = {1, 2, · · · } se
A é infinito, com ai 6= aj , se i 6= j e ∪i∈I {ai } = A.
Uma tábua para a operação ∗ sobre A com relação a lista (ai )i∈I é uma tabela ou
matriz B cujas entradas Bij é o elemento ai ∗ aj , ou seja, Bij = ai ∗ aj .
∗ 1 i −1 −i
1 1 i −1 −i
i i −1 −i 1
−1 −1 −i 1 i
−i −i 1 i −1
19
2.0.4 Propriedades da operação a partir da tábua de operações
(b) Se a ∈ R∗ (A), então na linha e na coluna rotulada por ”a”temos como entradas
todos os elementos de A.
2) A é um conjunto com 5 elementos e R = {(0, 1); (1, 2); (2, 3); (3, 4)} é uma
relação sobre A. Pede-se obter:
I) os elementos de A;
20
(1) o domı́nio de R;
(2) a imagem de R;
(3) R−1 .
Achar:
(a) R1 = {(a, a), (a, b), (b, c), (c, b), (c, c), (d, d)};
(b) R2 = {(a, a), (b, b), (c, c), (d, d), (b, c), (c, b), (a, d), (d, a)}.
21
11) Seja A = {1, 2, 3}. Considerem-se as seguintes relações sobre A :
R1 = {(1, 2); (1, 1); (2, 2); (2, 1); (3, 3)}
R2 = {(1, 1); (2, 2); (3, 3); (1, 2); (2, 3)}
R3 = {(1, 1); (2, 2); (1, 2); (2, 3); (3, 1)}
R4 = A × A
R5 = ∅
14) Seja R uma relação em R (conjunto dos números reais) e seja Gr seu gráfico
cartesiano. Qual é a particularidade apresentada por Gr quando:
a) R é reflexiva ? b) R é simétrica ?
R1 = {(x, y) ∈ R2 | x2 + y 2 = 1}
R2 = {(x, y) ∈ R2 | x + y ≤ 2}
R3 = {(x, y) ∈ R2 | y 2 = x}
R4 = {(x, y) ∈ R2 | x2 + y 2 ≤ 4}
R5 = {(x, y) ∈ R2 | x2 + x = y 2 + y}
R7 = {(x, y) ∈ R2 | x2 − 4y 2 ≥ 9}
R8 = {(x, y) ∈ R2 | x2 + y 2 ≥ 16}
R9 = {(x, y) ∈ R2 | x2 − 4y 2 < 9}
R10 = {(x, y) ∈ R2 | y = x2 }
R11 = {(x, y) ∈ R2 | y ≤ x2 }
22
R12 = {(x, y) ∈ R2 | y < 3 − x}
R14 = {(x, y) ∈ R2 | y ≥ x3 }
17) Provar que se uma relação R é transitiva, então R−1 também o é.
Mostre que
23
(d) Se R e S são relações simétricas sobre um conjunto E, então
S ◦ R é simétrica ⇔ S ◦ R = R ◦ S.
20) Sejam A = {a, b, c}, B = {1, 2, 3, 4, 5}, R = {(a, 1), (a, 2), (b, 3), (c, 4)} e
S = {(1, b), (2, b), (3, c), (4, a), (5, a), (5, b)}.
21) Quais das relações abaixo são relações de equivalência sobre E = {a, b, c} ?
R1 = {(a, a), (a, b), (b, a), (b, b), (c, c)}
R2 = {(a, a), (a, b), (b, a), (b, b), (b, c)}
R3 = {(a, a), (b, b), (b, c), (c, b), (a, c), (c, a)}
R4 = E × E
R5 = ∅
22) Quais das seguintes sentenças abertas definem uma relação de equivalência em
N ( conjunto dos números naturais) ?
a) xRy ⇔ ∃k ∈ Z | x − y = 3k b) x | y
c) x ≤ y d) mdc(x, y) = 1
e) x + y = 10.
23) Seja A o conjunto dos triângulos do espaço euclidiano. Seja R uma relação em
A definida por
xRy ⇔ x é semelhante a y.
24) Seja A o conjunto das retas de um plano α e seja P um ponto fixo de α. Quais
das relações abaixo definidas são relações de equivalência em A ?
(a) xRy ⇔ x k y
(b) xRy ⇔ x ⊥ y
24
(c) xRy ⇔ P ∈ x ∩ y
26) Mostrar que a relação S sobre Z × Z∗ tal que (a, b)S(c, d) ⇔ ad = bc é uma
relação de equivalência.
27) Seja E um conjunto não vazio. Dados X, Y ∈ P(E) (conjunto das partes de E)
mostre que as relações R e S são de equivalência em P(E) :
(a) X R Y ⇔ X ∩ A = Y ∩ A
(b) X S Y ⇔ X ∪ A = Y ∪ A
33) Mostrar que a relação S sobre C (conjunto dos números complexos) definida
pela lei:
(x + yi)S(z + ti) ⇔ x2 + y 2 = z 2 + t2
34) Mostre que é uma relação de equivalência em C : R = {(a + bi, c + di) | b = d}.
Descrever o conjunto quociente C/R.
25
35) Sejam P = (x1 , y1 ) e Q = (x2 , y2 ) pontos genéricos de um plano cartesiano π.
Mostre que as relações a seguir são relações de equivalência sobre π e interprete
geometricamente as classes de equivalência e o conjunto-quociente, em cada
caso.
(a) P S Q ⇔ x1 y1 = x2 y2
(b) P S Q ⇔ y2 − y1 = x2 − x1
36) Qual é a relação de equivalência associada a cada uma das seguintes partições
?
39) Quantas são as relações de equivalência que podem ser estabelecidas sobre E =
{a, b, c, d} ?
40) Seja R uma relação reflexiva sobre um conjunto E. Mostre que R é uma relação
de equivalência se, e somente se, R ◦ R−1 = R.
41) Seja R uma relação reflexiva sobre um conjunto E com as seguintes proprieda-
des:
1) Dom(R) = E;
26
43) Dizer se cada um dos seguintes subconjuntos de N é ou não totalmente ordenado
para a relação de divisibilidade:
xRy ⇔ a ≤ c e b ≤ d
E = {{a}, {b}, {a, b, c}, {a, b, d}, {a, b, c, d}, {a, b, c, d, e}}
{(f, h), (h, i), (g, i), (g, j), (d, f ), (e, f ), (e, g), (a, d), (b, d), (b, e), (c, e)}.
Pede-se:
(a) Mostrar que essa relação (≤) é uma relação de ordem parcial em N × N.
27
(b) Sendo A = {(2, 1); (1, 2)}, ache os limites superiores, limites inferiores,
ı́nfimo, supremo, máximo e mı́nimo de A.
50) Provar que se R é uma relação de ordem sobre E, então R−1 também é.
52) Sendo E = {a, b, c, d} e F = {1, 2, 3}, decida quais das relações abaixo são
aplicações de E em F.
R3 = {(a, 1), (a, 2), (b, 1) < (c, 2), (d, 3)}
55) Uma aplicação sobre E tal que (a, a) ∈ E para todo a ∈ E é chamada de
aplicação idêntica de E e é muitas vezes denotada por iE .
28
(a) se g ◦ f é injetora, então f é injetora;
x+y
(a) E = R e x ∗ y = 2
(b) E = R e x ∗ y = x
p
(c) E = R+ e x ∗ y = x2 + y 2
p
(d) E = R e x ∗ y = 3 x3 + y 3
(e) E = R∗ e x ∗ y = x
y
x+y
(f) E = R+ e x ∗ y = 1+xy
(g) E = Z e x ∗ y = x + y + x · y
(h) E = Z e x ∗ y = xy + 2x
(i) E = Q e x ∗ y = x + xy
(j) E = Z e x ∗ y = x + xy
(k) E = R e x ∗ y = x2 + y 2 + 2xy
(l) E = R e x ∗ y = x + y − 2x2 y 2
(m) E = N e x ∗ y = min(x, y)
(n) E = R e x ∗ y = max(x, y)
(o) E = Z e x ∗ y = mdc(x, y)
(p) E = N e x ∗ y = mdc(x, y)
(q) E = Z e x ∗ y = mmc(x, y)
(r) E = N e x ∗ y = mmc(x, y)
29
60) Determine R∗ (E) para cada operação definida no exercı́cio anterior.
61) Em cada caso abaixo, está definida uma operação sobre Z × Z. Verifique se é
associativa, se é comutativa, se existe elemento neutro e determine os elementos
simetrizáveis.
63) Sejndo ∗ a operação sobre Z3 dada pela lei (a, b, c) ∗ (d, e, f ) = (ad, be, cf ).
Provar que ∗ é associativa e tem neutro. Determinar U∗ (Z3 ).
67) Mostrar que nenhum elemento de R é regular para a operação 4 assim definida:
x4y = x2 + y 2 + xy.
68) Verifique se a lei dada por (a, b)4(c, d) = (ac, ad + bc) é distributiva em relação
à lei (a, b) + (c, d) = (a + c, b + d), tudo em Z × Z.
69) Ache m ∈ R de modo que a lei definida por x4y = x + my (sobre R) seja
distributiva em relação a x ∗ y = x + y + xy (sobre R ).
30
70) Dizer quais dos subconjuntos de Z são fechados para a operação de adição.
a) Z− c) I = {x ∈ Z | x é ı́mpar }
b) P = {x ∈ Z | x é par } d) mZ = {x ∈ Z | m divide x} (m fixo).
71) Dizer quais dos seguintes subconjuntos de Z são fechados para a operaçõa de
multiplicação.
a) Z− b) P c) I d) mZ
74) Em cada caso abaixo, está definida uma operação ∗ sobre E. Pede-se: fazer
a tábua da operação, verificar se é comutativa e se existe neutro, determinar
U∗ (E) e R∗ (E).
31
76) Seja E E o conjunto das aplicações de E em E. A composição de aplicações é
uma operação sobre E E . Construir a tábua desta operação para E = {0, 1}
e determinar os elementos simetrizáveis, os elementos regulares e o elemento
neutro de E E .
(c) U∗ (E) = E;
(d) R∗ (E) = E
(e) b ∗ c = a
(c) x ∗ a = a, ∀a
81) Dar um exemplo de operaç ao sobre E em que existe neutro e todos os elementos
de E, com exceção do neutro têm dois simétricos.
32
83) Dar um exemplo de uma operação não associativa nem comutativa mas que tem
neutro.
85) Seja ∗ a operaç ao sobre E = {1, 2, 3, 4, 6, 12} definida por x ∗ y = mmc(x, y).
Determinar os subconjuntos de E que têm três elementos e são fechados em
relação a ∗.
87) Mostrar que o número de operaç ões sobre um conjunto finito com n elementos
2
é nn .
88) Seja E um conjunto sobre o qual está definida uma operação ∗ que é associativa.
Provar que:
(a) a ∈ E é regular à esquerda se, e somente se, f : A → A tal que f (x) = a∗x
é injetora;
89) Seja E um conjunto munido de uma operação ∗ que admite elemento neutro e.
Mostrar que esta operação é associativa e comutativa se, e somente se, a∗(b∗c) =
(a ∗ c) ∗ b, quaisquer que sejam a, b, c ∈ E.
91) Seja ∗ uma operação sobre E que é associativa e tem neutro. Sendo A um
subconjunto não vazio de E, indiquemos por C(A) o conjunto dos elementos
x ∈ E tais que a ∗ x = x ∗ a para todo a ∈ A. Provar que
33
(a) C(A) é fechado em relação a operação ∗;
34
Capı́tulo 3
Números Inteiros
Princı́pio da Boa Ordem: Todo subconjunto não vazio do conjunto dos números
inteiros constituı́do de elementos não negativos possui um mı́nimo.
a = bq + r, 0 ≤ r < |b|.
a = bq1 + r, 0 ≤ r1 < b
35
e
a = bq2 + r2 , 0 ≤ r2 < b.
Assim,
bq1 + r1 = bq2 + r2
⇒ b(q1 − q2 ) = r2 − r1
⇒ |b||q1 − q2 | = |r2 − r1 | < |b|
⇒ |q1 − q2 | < 1
⇒ |q1 − q2 | = 0
⇒ q1 = q2
q =q
1 2
⇒
r − r = b(q − q ) = 0
2 1 1 2
q =q
1 2
⇒
r =r
1 2
⇒ (q1 , r1 ) = (q2 , r2 )
R = {(a, b) ∈ A × A | a | b}
Demonstração.
36
(ii) Se a | b e b | c, então existem z1 , z2 ∈ Z tais que b = z1 a e c = z2 b, o que implica
em c = z2 (z1 a) = (z2 z1 )a. Logo a | c.
(a | b e b | a)
⇒ (∃z1 , z2 ∈ Z) (b = z1 a e a = z2 b)
⇒ (∃z1 , z2 ∈ Z) (b = z1 a e a = z2 (z1 a))
⇒ (∃z1 , z2 ∈ Z) (b = z1 a e a = (z2 z1 )a)
⇒ (∃z1 , z2 ∈ Z) (b = z1 a e 1 = z2 z1 )
a,b∈Z∗+
⇒ (∃z1 , z2 ∈ Z) (b = z1 a e z1 = z2 = 1)
⇒ (a = b)
(i) d | a e d | b;
Exemplo 32. Vamos calcular agora o máximo divisor comum entre 45 e 12. Para
fazermos isto, observe primeiramente que
37
Demonstração. Se d | a e d | b, então existem z1 , z2 ∈ Z tais que a = z1 d e b = z2 d.
Assim,
αa + βb = α(z1 d) + β(z2 d) = (αz1 + βz2 )d,
(a = m0 q + r, 0 ≤ r < m0 )
⇒ (a = (α0 a + β0 q + r, 0 ≤ r1 < m0 )
⇒ (a = (α0 q)a + (β0 q)b + r, 0 ≤ r1 < m0 )
⇒ ((1 − α0 q)a + (β0 q)b, 0 ≤ r < m0 )
(i) m0 | a e m0 | b;
Corolário 3. mdc(n, n + 1) = 1, ∀n ∈ Z.
38
Demonstração. Basta observar que se α = 2n + 1 e β = −8, então
n(n + 1) n(n + 1)
α(2n + 1) + β = (2n + 1)(2n + 1) + (−8) = 1.
2 2
ab = zp (3.1)
e
αp + βa = 1 (3.2)
Portanto,
1 = αp + βa
⇒ b · 1 = b(αp + βa)
⇒ b = (bα)p + β(ab)
(3.1)
⇒ b = (bα)p + β(zp)
⇒ b = (bα + βz)p
⇒ p|b
Logo p | a ou p | b.
39
Proposição 10. Seja m um número inteiro positivo maior ou igual a 2, então o
menor elemento do conjunto (o mı́nimo) S = {x ∈ Z | x > 1 e x | m} é um
número primo.
Proposição 11 (Primeiro Princı́pio de Indução). Seja P (n) uma afirmação que de-
pende de n ∈ N = {0, 1, 2, · · · } que pode ser julgada como verdadeira ou falsa para
cada n.
Se
Proposição 12 (Segundo Princı́pio de Indução). Seja P (n) uma afirmação que pode
ser julgada verdadeira ou falsa para cada n ∈ N satisfazendo as seguintes condições:
(ii) Se P (k) é verdadeira para todo k ∈ N tal que n0 ≤ k < n, então P (n) verdadeira.
Demonstração. Exercı́cio.
40
Exemplo 33. Mostraremos que
n(n + 1)
1 + 2 + 3 + ··· + n = , ∀n ∈ N∗ .
2
n(n + 1)
P (n) : 1 + 2 + · · · + n = .
2
1(1 + 1)
Como 1 = , então P (1) é verdadeira.
2
Se P (n) é verdadeira, então
n(n + 1)
1 + 2 + ··· + . (3.3)
2
Assim, somando n + 1 em ambos os lados da equação (3.3), obtemos
1 + 2 + · · · + n + (n + 1)
n(n+1)
= + (n + 1)
2
= (n + 1) n2 + 1
(n+1)((n+1)+1)
= (n + 1) n+2
2
= 2
.
Portanto P (n + 1) é verdadeira.
Logo, por indução,
n(n + 1)
1 + 2 + ··· + n = , ∀n ∈ N∗ .
2
Assim,
41
• P (2) é verdadeira, pois p | (a1 a2 ) ⇒ (p | a1 ou p | a2 ) .
• Supondo que P (m) seja verdadeira para todo m ∈ N tal que 1 ≤ m < n, temos
que
p | (a1 · · · an )
⇒ p | ((a1 · · · an−1 )an )
P (2) é verdadeira
⇒ (p | (a1 · · · an−1 ) ou p | an )
P (n − 1) é verdadeira
⇒ ( p | a1 ou p | a2 ou · · · ou p | an−1 ou p | an )
(i) d | a1 , · · · , d | an ;
42
Sejam p1 , · · · , pk , q1 , · · · , qm primos positivos tais que n = p1 · · · pk = q1 · · · qm .
Assim, p1 é um primo com p1 | n, ou seja,
p1 | (q1 · · · qm ) ⇒ ( p1 | q1 ou p1 | q2 ou · · · ou p1 | qm . )
Proposição 14. Sejam n > 1 e d > 1 um divisor de n. Se p1 < · · · < pk são números
primos positivos e α1 , · · · , αk ∈ N∗ são tais que n = pα1 1 · · · pαk k então d = pβ1 1 · · · pβkk ,
para alguns β1 , · · · , βk ∈ N com 0 ≤ β1 ≤ α1 , · · · , 0 ≤ βk ≤ αk .
Corolário 7. Seja n = pα1 1 · · · pαk k , onde p1 , · · · , pk são primos positivos com p1 <
p2 < · · · < pk e α1 , · · · , αk ∈ N∗ , então o número de divisores de n é
43
Demonstração. Pela proposição anterior, se d é um divisor de n, então d é escrito na
forma d = pβ1 1 · · · pβkk , onde 0 ≤ β1 ≤ α1 , · · · , 0 ≤ βk ≤ αk .
Assim, temos
···
Proposição 15. Sejam a = pα1 1 · · · pαk k e b = pβ1 1 · · · pβkk , onde p1 , · · · , pk são primos
positivos e α1 , · · · , αk , β1 , · · · , βk ∈ N. Então,
é um divisor de a e de b, ou seja, d | a e d | b.
Pela proposição anterior, se d0 | a e d0 | b, então existem γ1 , · · · , γk ∈ N tais que
d0 = pγ11 · · · pγkk
com
• γ1 ≤ α1 , · · · , γk ≤ αk , pois d0 | a e
• γ1 ≤ β1 , · · · , γk ≤ βk , pois d0 | b.
44
Demonstração. Sejam d1 = mdc(a, b) e d2 = mdc(b, r). Como d1 | a e d1 | b, então
d1 | (a − bq). Logo d1 | b e d1 | r ⇒ d1 | d2 , pela definição de d2 = mdc(b, r). Como
d2 | b e d2 | r, então d2 | (bq +r) e d2 | b, ou seja, d2 | a e d2 | b. Portanto, pela definição
de d1 = mdc(a, b), temos que d2 | d1 . Logo, como d1 | d2 e d2 | d1 e d1 , d2 > 0, então
d1 = d2 , ou seja mdc(a, b) = mdc(b, r).
r0 = b
a = bq + r1 , 0 ≤ r1 < b
b = r1 q2 + r2 , 0 ≤ r2 < r1
r1 = r2 q3 + r3 , 0 ≤ r3 < r2
..
.
rn = rn+1 qn+2 + rn+2 , 0 ≤ rn+2 < rn+1
Então, existe um menor inteiro positivo n0 tal que rn0 = 0 e rn0 −1 = mdc(a, b).
45 = 36 · 1 + 9
45
36 = 9 · 4 + 0.
354 = 12 · 29 + 6
12 = 6 · 2 + 0.
q1 q2 q3 · · · qn+1
a b r1 r2 · · · rn
r1 r2 r3 · · · rn+1
Desta forma, se n é o menor inteiro não negativo tal que rn+1 = 0, então rn =
mdc(a, b).
29 2
354 12 6
6 0
345 = 9 · 38 + 3,
9 = 3 · 3 + 0,
46
então
3 = 345 · 1 − 38(354 − 1 · 345) = 39 · 345 − 38 · 354.
ax + by = c (3.4)
tem solução inteira (nos inteiros) se, e só se, mdc(a, b) | c. Além disso, se (x0 , y0 )
tb ta
é uma solução de (3.4), então, para qualquer t ∈ Z, (x1 , y1 ) = x0 + (a,b) , y0 − (a,b)
também é solução de (3.4).
a(x0 − x1 ) + b(y0 − y1 ) = 0
47
⇒ a(x0 − x1 ) = −b(y0 − y1 ) = z,
para algum z ∈ Z.
a a ab
Assim, temos que (a,b)
| z e b | z e como (a,b)
,b = 1, temos que (a,b)
| z. Portanto,
ab
existe t ∈ Z tal que z = −t (a,b) .
ab b
Logo z = −t (a,b) = a(x0 − x1 ) = −b(y0 − y1 ), o que implica em x1 = x0 + t (a,b) e
a
y1 = y0 − t (a,b) .
Observação 14. Dois números inteiros a, b tais que mdc(a, b) = 1 são chamados de
coprimos ou primos entre si.
3.1 Congruências
Definição 43. Sejam a, b e n inteiros. Dizemos que a é congruente a b módulo n
se n | (a − b), ou seja, se a − b é um múltiplo de n.
2) (∀a, b ∈ Z) (a ≡ b mod 1)
Exemplo 40.
2) 13 ≡ 8 mod 5, pois 13 − 8 = 5 e 5 | 5.
48
Demonstração. Pelo Algorı́tmo de Euclides, existem q, r ∈ Z tais que
a = qn + r, 0 ≤ r < n.
Portanto a − r = qn ⇒ n | (a − r).
Logo a ≡ r mod n com 0 ≤ r < n.
a = qb + r, 0 ≤ r < |b|.
49
Demonstração. Se (c, n) = 1, então existem α, β ∈ Z tais que
αc + βn = 1
⇒ b(αc + βn) = b
⇒ (bα)c + (bβ)n = b
⇒ (bα)c ≡ b mod n
Logo, subtraindo as equações acima, obtemos cx1 ≡ cx2 mod n e, como (c, n) = 1,
segue que x1 ≡ x2 mod n.
a = {x ∈ Z | x ≡ a mod n}.
50
que pode também ser simbolizada por Z/nZ ou por Zn .
É possı́vel definirmos operações de adição e multiplicação em Zn da seguinte
forma:
a · b := a · b
a + b := a + b
n(n + 1)
(a) 1 + 2 + 3 + · · · + n = , ∀n ∈ N, n ≥ 1.
2
n(n+1)(2n+1)
(b) 12 + 22 + 32 + · · · + n2 = 6
, ∀n ∈ N, n ≥ 1.
6) Use o resultado do exercı́cio anterior para provar que 6 | n(2n + 7)(7n + 1), ∀n ∈
Z.
51
n(n + 1)
7) Mostre que, para todo inteiro n, o máximo divisor comum entre 2n+1 e
2
é 1.
52
Capı́tulo 4
Grupos
Definição 45. Um conjunto não vazio munido de uma operação ∗ associativa é cha-
mado de semigrupo .
Definição 46. Um conjunto não vazio munido de uma operação ∗ associativa e com
elemento neutro é chamado de monóide.
Definição 47. Dizemos que um conjunto não vazio G munido de uma operação ∗ é
um grupo com respeito a esta operação ∗ se:
(i) ∗ é associativa:
(∀x, y, z ∈ G) ((x ∗ y) ∗ z = x ∗ (y ∗ z))
(∃e ∈ G) (∀a ∈ G) (a ∗ e = e ∗ a = a)
(∀g ∈ G) (∃g 0 ∈ G) (g ∗ g 0 = g 0 ∗ g = e)
53
Exemplo 41.
(iii) Se p é primo, então Z∗p o conjunto das classes de equivalência módulo p dife-
rentes de 0 é um grupo em relação a operação de multiplicação definida por
(∀x, y ∈ Z) (x · y = x · y)
(∀x, y ∈ H) (x ∗ y ∈ H)
H1 = {0}
H2 = {1}
H3 = {0, 1}
H4 = {0, 2}
H5 = {1, 3}
H6 = {0, 1, 2}
H7 = {0, 1, 3}
H8 = {0, 1, 2, 3}
54
Exemplo 43. (i) (Q∗ , ·) é um subgrupo de (R∗ , ·); (Z, +) é um subgrupo de (Q, +); (R, +)
é um subgrupo de (C, +).
(i) H 6= ∅.
(ii) (∀x, y ∈ H) (x ∗ y −1 ∈ H) ,
Demonstração. Por (i), existe x ∈ H. Daı́, por (i), x ∗ x−1 = e ∈ H. Logo H tem
elemento neutro e. Como e, x ∈ H, então, por (ii), x−1 = e ∗ x−1 ∈ H. Logo todo
elemento de H tem seu inverso também em H. Como H é um subconjunto de G então
a associatividade de H com relação a operação ∗ é herdada pela associatividade de
G com relação a esta operação ∗. Para finalizar, basta mostrarmos que H é um
subconjunto de G fechado para a operação ∗. De fato, se x, y ∈ H, então x, y −1 ∈ H.
Daı́, por (ii), temos que x ∗ (y −1 )−1 = x ∗ y ∈ H.
55
Demonstração. Z(G) 6= ∅, pois e ∈ Z(G), já que eg = ge = g, ∀g ∈ G. Além disso,
se x, y ∈ Z(G), temos que
⇒ (h−1 −1
1 h1 )a = (h1 h2 )b
⇒ ea = (h−1
1 h2 )b
⇒ a = (h−1
1 h2 )b
⇒ ab−1 = ((h−1
1 h2 )b)b
−1
⇒ ab−1 = (h−1 −1
1 h2 )(bb )
⇒ ab−1 = (h−1
1 h2 )e
⇒ ab−1 = h−1
1 h2
56
Portanto, como h1 , h2 ∈ H e H ≤ G, temos que h−1
1 h2 ∈ H, o que implica em
ab−1 = h−1
1 h2 ∈ H.
h1 a = (h1 (h−1 h))a = ((h1 h−1 )h)a) = (h1 h−1 )(ha) = (h1 h−1 )b = h2 b,
(i) R é reflexiva:
(∀a ∈ G)(aa−1 = e ∈ H)
⇒ (∀a ∈ G) ((a, a) ∈ R)
(ii) R é simétrica:
(∀a, b ∈ G)
(a, b) ∈ R
⇒ ab−1 ∈ H
⇒ ba−1 = (ab−1 )−1 ∈ H
⇒ (b, a) ∈ R
57
(iii) R é transitiva:
(∀a, b, c ∈ H)
((a, b) ∈ R e (b, c) ∈ R)
⇒ (ab−1 ∈ H e bc−1 ∈ H)
⇒ (ac−1 = ab−1 bc−1 ∈ H)
⇒ ((a, c) ∈ R)
Logo, para todo a ∈ G, temos que a = Ha, ou seja, o conjunto das classes de
equivalência de G módulo R coincide com o conjunto das classes laterais à direita
[·
de G módulo H. Portanto, G = Ha, onde T é o conjunto dos representantes das
a∈T
diferentes classes de equivalência de A módulo R.
58
Definição 52. Seja G um grupo. Dizemos que g ∈ G tem ordem n se n é o
menor inteiro positivo tal que g n = e. No caso em que não existe tal n inteiro positivo
satisfazendo esta condição, dizemos que g tem ordem infinita. Utilizamos o (g)
significando a ordem de um elemento g ∈ G. Assim, o(g) = n se g tem ordem n e
o (g) = ∞ se g tem ordem infinita.
Assim,
am = ao (a)q+r
q
⇒ am = ao (a) · ar
⇒ e = eq · ar
⇒ e = e · ar
⇒ ar = e
para 0 ≤ r < o (a).
Como o (a) = min S, então não podemos ter 0 < r < o (a) com ar = e. Assim
r = 0.
Logo m = o (a)q, ou seja, o (a) | m.
Proposição 29. Se G é um grupo finito, então todo elemento de G tem ordem finita.
59
4.2 Conjunto Gerador de um Grupo
Definição 53. Seja X um subconjunto de um grupo G. Dizemos que X é um sub-
conjunto gerador de G se G é o menor subgrupo de G que contém X.
Exemplo 45. Seja Z9 o conjunto das classes de equivalência módulo 9, então U (Z9 ) =
{1, 2, 4, 5, 7, 8} com a operação de multiplicação definida por ab = a · b é um grupo
com elemento neutro 1.
Além disso,
−1
2 = 5, pois 2 · 5 = 10 = 1.
−1
4 = 7, pois 4 · 7 = 28 = 1.
−1
5 = 2.
−1
7 = 4.
60
−1
8 = 8.
Os subgrupos de (U (Z9 ), ·) são
H1 = {1}.
H2 = {1, 4, 7}. (4 · 4 = 1 = 7, 4 · 7 = 28 = 1, 7 · 7 = 49 = 4 )
H3 = {1, 8}
H4 = {1, 2, 4, 5, 7, 8} = U (Z9 )
As classes laterais à direita de U (Z9 ) módulo H2 são:
H2 · 1 = {1, 4, 7} · 1 = {1 · 1, 4 · 1, 7 · 1} = {1, 4, 7}
H2 · 2 = {1, 4, 7} · 2 = {1 · 2, 4 · 2, 7 · 2} = {2, 8, 14} = {2, 8, 5}.
H2 · 4 = {1, 4, 7} · 4 = {1 · 4, 4 · 4, 7 · 4} = {4, 16, 28} = {4, 7, 1}
H2 · 5 = {1, 4, 7} · 5 = {1 · 5, 4 · 5, 7 · 5} = {5, 20, 35} = {5, 2, 7}.
H2 · 7 = {1, 4, 7} · 7 = {1 · 7, 4 · 7, 7 · 7} = {7, 28, 49} = {7, 1, 4}.
H2 · 8 = {1, 4, 7} · 8 = {1 · 8, 4 · 8, 7 · 8} = {8, 32, 56} = {8, 5, 2}.
Assim,
H2 = H2 · 1 = H2 · 4 = H2 · 7 = {1, 7, 4}.
H2 · 2 = H2 · 5 = H2 · 8 = {2, 5, 8}.
Logo, o conjunto das classes laterais à direita de U (Z9 ) módulo H2 é
U (Z9 )/H2 = {H2 , H2 · 2} = {1, 4, 7}, {2, 5, 8} .
6
iU (Z9 ) (H2 ) = o (U (Z9 ))/oo(H2 ) = = 2.
3
H = 3Z = {3z | z ∈ Z},
H = H + 0 = {3z + 0 | z ∈ Z} = 0 ∈ Z3 .
61
H + 1 = {3z + 1 | z ∈ Z} = 1 ∈ Z3 .
H + 2 = {3z + 2 | z ∈ Z} = 2 ∈ Z3 .
Logo
Z/H = Z/3Z = Z3 .
Observação 19. Como toda permutação sobre um conjunto finito A com n elementos
é equivalente a uma permutação sobre o conjunto {1, 2, · · · , n}, então, a partir de
agora trabalharemos com permutações sobre o conjunto {1, 2, · · · , n}. O grupo das
permutações sobre o conjunto {1, 2, · · · , n} é chamado de grupo das simetrias de
{1, 2, · · · , n} ou grupo simétrico n. Utilizaremos os sı́mbolos S({1, 2, · · · , n}) ou
S(n) ou Sn ou Sym(n) ou Sim(n) ou P er(n) ou P ermut(n) para representar o grupo
simétrico n.
62
Exemplo 47. Seja S3 o grupo das permutações do conjunto {1, 2, 3}, então os ele-
mentos de S3 são
1 2 3
f1 = =I
1 2 3
1 2 3
f2 =
1 3 2
1 2 3
f3 =
3 2 1
1 2 3
f4 =
2 1 3
1 2 3
f5 =
2 3 1
1 2 3
f6 =
3 1 2
Como
1 2 3 1 2 3 1 2 3
f22 = f2 ◦ f2 = ◦ = = f1 ;
1 3 2 1 3 2 1 2 3
1 2 3 1 2 3 1 2 3
f32 = f3 ◦ f3 = ◦ = = f1 ;
3 2 1 3 2 1 1 2 3
1 2 3 1 2 3 1 2 3
f42 = f4 ◦ f4 = ◦ = = f1 ;
2 1 3 2 1 3 1 2 3
1 2 3 1 2 3 1 2 3
f52 = f5 ◦ f5 = ◦ = = f6 ;
2 3 1 2 3 1 3 1 2
1 2 3 1 2 3 1 2 3
f53 = f52 ◦ f5 = ◦ = = f1 .
3 1 2 2 3 1 1 2 3
Logo o (f2 ) = o (f3 ) = o (f4 ) = 2 e o (f5 ) = o (f5−1 ) = o (f6 ) = 3.
63
Exercı́cio 10. Mostre que se G é um grupo finito, então o (x) = o (x−1 ) para todo
x ∈ G.
e
1 2 3 1 2 3 1 2 3
ρτ = · =
2 3 1 1 3 2 2 1 3
e
1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3
τ ρ2 = · · = .
1 3 2 2 3 1 2 3 1 2 1 3
Portanto, ρτ = τ ρ2 ,i.e, τ −1 ρτ = ρ2 .
O conjunto das transformações de P3 em P3 é chamado de grupo diedral D6 . O
grupo diedral D6 é gerado pelo conjunto {ρ, τ }, onde os elementos ρ e τ satisfazem
64
as seguintes relações:
ρ3 = I
τ2 = I ,
τ −1 ρτ = ρ−1
D6 = ρ, τ | ρ3 = I, τ 2 = I, τ −1 ρτ = ρ−1 .
D2n = ρ, τ | ρn = I, τ 2 = I, τ −1 ρτ = ρ−1 .
ou
(∀g ∈ G) (∀n ∈ N ) g −1 ng ∈ N
ou
(∀g ∈ G) g −1 N g ⊂ N .
65
Proposição 31. Sejam N1 , N2 C G, então N1 ∩ N2 C G.
• g −1 ng ∈ N1 , pois n ∈ N1 e N1 C G;
• g −1 ng ∈ N2 , pois n ∈ N2 e N2 C G.
Logo g −1 ng ∈ N.
é chamada de Homomorfismo de G1 em G2 .
66
Proposição 32 (Propriedades dos Homomorfismos). Sejam (G1 , ∗) e (G2 , ?) grupos
e f : G1 → G2 um homomorfismo de G1 em G2 , então,
onde eG1 é o elemento neutro de (G1 , ∗) e eG2 é o elemento neutro de (G2 , ?).
Demonstração.
(i) Como eG2 ? f (eG1 ) = f (eG1 ∗ eG1 ) = f (eG1 ) ? f (eG1 ) e todo elemento de (G2 , ?)
é regular, então, f (eG1 ) = eG2 .
67
Proposição 33. Sejam (G1 , ∗) e (G2 , ?) grupos e f : G1 → G2 um homomorfismo
de G1 em G2 , então, N uc(f ) C G1 .
Logo g −1 ∗ n ∗ g ∈ N uc(f ).
Exemplo 49. Seja (G, ·) o grupo das matrizes inversı́veis n × n e seja (R∗ , ·) o grupo
dos números reais diferentes de zero, então a aplicação f : G → R∗ definida por
é um homomorfismo de G em R∗ .
(∀x ∈ G) (∀g1 , g2 ∈ G)
((δg1 δg2 )(x) = δg1 (δg2 (x)) = δg1 (g2 x) = g1 (g2 x) = (g1 g2 )x = δg1 g2 (x))
δg1 · δg−1
2
= δg1 · δg2−1 ∈ H.
Logo H ≤ S(G).
Considere agora a aplicação ϕ : G → H definida por ϕ(g) = δg .
Assim,
68
(i) ϕ é um homomorfismo de G em H, pois
(∀x ∈ G) (∀g1 , g2 ∈ G)
(ϕ(g1 g2 )(x) = δg1 g2 (x) = g1 g2 (x) = δg1 (g2 x) = δg1 · δg2 (x))
o implica em
ϕ(g1 g2 ) = ϕ(g1 ) · ϕ(g2 ).
Portanto ϕ é um homomorfismo de G em H.
(∀g1 , g2 ∈ G)
(ϕ(g1 ) = ϕ(g2 ))
⇒ (∀x ∈ G) (ϕ(g1 )(x) = ϕ(g2 )(x))
⇒ (δg1 (x) = δg2 (x))
⇒ (g1 x = g2 x)
⇒ g1 = g2 .
Exemplo 50. Para G = {1, −1, i, −i}, utilizaremos o seguinte procedimento para
representar G no grupo simétrico 4 :
Fazendo a identificação 1 ↔ a1 , −1 ↔ a2 ; i ↔ a3 ; −i ↔ a4
a1 7→ δa1
a1 · a1 = 1 · 1 = 1 = a1
a1 · a2 = 1 · (−1) = −1 = a2
a1 · a3 = 1 · i = i = a3
a1 · a4
= 1 · (−i) = −i =a4
a1 a2 a3 a4 1 2 3 4
a1 ↔ ↔
a1 a2 a3 a4 1 2 3 4
a2 7→ δa2
a2 · a1 = (−1) · 1 = −1 = a2
a2 · a2 = (−1) · (−1) = 1 = a1
a2 · a3 = (−1) · i = −i = a4
a2 · a4 = (−1) · (−i) = i = a3
69
a1 a2 a3 a4 1 2 3 4
a2 ↔ ↔
a2 a1 a4 a3 2 1 4 3
a3 7→ δa3
a3 · a1 = i · 1 = i = a3
a3 · a2 = i · (−1) = −i = a4
a3 · a3 = i · i = −1 = a2
a3 · a4
= i · (−i) = 1 = a
1
a1 a2 a3 a4 1 2 3 4
a3 ↔ ↔
a3 a4 a2 a1 3 4 2 1
a4 7→ δa4
a4 · a1 = (−i) · 1 = −i = a4
a4 · a2 = (−i) · (−1) = i = a3
a4 · a3 = (−i) · i = 1 = a1
a4 · a4
= (−i) · (−i) = −1
= a2
a1 a2 a3 a4 1 2 3 4
a4 ↔ ↔
a4 a3 a1 a2 4 3 1 2
Portanto, {1, −1, i, −i} é isomorfo ao subgrupo
1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4
, , ,
1 2 3 4 2 1 4 3 3 4 2 1 3 4 2 1
do grupo Sym(4).
70
(∀a ∈ G) (HaH = Ha)
⇒ (∀a ∈ G) (HaHa−1 = H)
⇒ (∀a ∈ G) ({e}aHa−1 = aHa−1 ⊆ H)
⇒ (∀g ∈ G) (g −1 Hg ⊆ H)
⇒ H C G.
(∀a ∈ G) (N · N a = N a = N ae = N a · N e = N aN )
(∀a, b ∈ G)
71
(ii) ϕ é sobrejetora, pois se x ∈ Im(f ), existe a ∈ G1 tal que f (a) = x. Assim
N a ∈ G1 /N satisfaz ϕ(N a) = f (a) = x.
ϕ(N a) = ϕ(N b)
⇒ f (a) = f (b)
⇒ f (a) · f (b)−1 = f (b) · f (b)−1
⇒ f (a) · f (b−1 ) = eG2
⇒ f (ab−1 ) = eG2
⇒ ab−1 ∈ N
⇒ Na = Nb
{hk | h ∈ H e k ∈ K}
é um subgrupo de G.
72
7) Mostre que todo subgrupo de um grupo cı́clico é cı́clico.
11) Mostre que um grupo G tem ordem prima se, e somente se, os únicos subgrupos
de G são {e} e G.
(a) Dê exemplo de um grupo abeliano G de forma que a função definida acima
seja um isomorfismo.
(b) Dê exemplo de um grupo abeliano G de forma que a função definida acima
não seja um isomorfismo e encontre o núcleo deste homomorfismo.
16) Mostre que se todo elemento de um grupo G é seu próprio inverso, então G é
abeliano.
Sugestão: Mostre primeiro que, neste caso, todo elemento tem ordem 2.
73
17) Sejam G um grupo e g ∈ G. Mostre que a aplicação ϕ : G → G definida por
ϕ(x) = g −1 xg para todo x ∈ G é um automorfismo de G.
21) Seja G um grupo finito de ordem par. Mostre que o número de elementos de G
de ordem 2 é ı́mpar.
22) Mostre que todo grupo cı́clico infinito tem dois e somente dois geradores.
23) Mostre que todo subgrupo H 6= {e} de um grupo cı́clico infinito é também
infinito.
25) Mostre que h é um automorfismo do grupo aditivo dos racionais se, e somente
se, existe c ∈ Q∗ de forma que h(x) = cx, ∀x ∈ Q∗
28) Mostre que o grupo (Q, +) não é gerado por um conjunto finito.
74
Capı́tulo 5
Definição 59. Dizemos que um conjunto não vazio A munido de duas operações,
adição + e multiplicação · é um anel se
(∀a, b ∈ A) (a + b = b + a)
(∀a, b, c ∈ A) (a · (b + c) = a · b + a · c e (a + b)· = a · c + b · c)
75
Notação 9. Utilizaremos (A, ∗, ?) para indicar que A é um conjunto munido de duas
operações: ∗ e ?. Quando dizemos que (A, ∗, ?) é um anel, queremos dizer que (A, ∗)
é um grupo abeliano, ? é uma operação associativa e que valem as leis distributivas
da operação ? em relação a operação ∗.
Definição 61. Dizemos que (A, +, ·) é um anel com unidade (ou anel com iden-
tidade) se existe um elemento neutro multiplicativo 1 em A, ou seja, se
(∀a ∈ A) (a · 1 = 1 · a = a)
Exemplo 51. 1) (Z, +, ·), (Q, +, ·), (R, +, ·) e (C, +, ·) são anéis comutativos com
unidade.
2) (Mn (R)+, ·), o conjunto das matrizes n por n com entradas reais e com operações
de adição + e multiplicação · usuais é um anel com unidade.
(i) S 6= ∅;
(ii) (∀a, b ∈ S) (a + b ∈ S) ;
(iii) (∀a, b ∈ S) (a · b ∈ S) .
Exemplo 52.
76
• (Q, +, ·) é um subanel de (R, +, ·);
Exemplo 53. Se (A, +, ·) é um anel e (4n (A), +, ·) é o conjunto das matrizes dia-
gonais n × n com entradas em A, então (4n (A), +, ·) é um subanel de (Mn (A), +, ·).
Exemplo 54. Sejam (A1 , +, ·), · · · , (An , ⊕, ) anéis, então (A1 × · · · × An , ?, ∗) com
operações ? e ∗ são definidas por
é um anel.
(i) S 6= ∅;
(ii) (∀a, b ∈ S) (a − b ∈ S) ;
(iii) (∀a, b ∈ S) (a · b ∈ S) .
Demonstração. Exercı́cios.
(i) (∀a ∈ A) (a · 0 = 0 · a = 0) ;
Demonstração.
Logo a · 0 = 0 · a = 0.
77
(ii) Seja a ∈ A.
(iii) Por (i) e pelas Leis distributivas temos (ab) = [−(ab)] = [a + (−a)]b = ab +
(−a)b = [a + (−a)]b = 0, (ab) + (−a)b = [a + (−a)]b = 0b = 0 e (ab(+a(−b) =
a[b + (−b)] = a · 0 = 0.
Logo (ab) + [−(ab)] = (ab) + (−a)b = (ab) + a(−b) e, como todo elemento de
(A, +) é regular, obtemos que [−(ab)] = (−a)b = a(−b).
I) (A, +) é um grupo;
(a + b) · (1 + 1) = (a + b) · 1 + (a + b) · 1 = a · 1 + b · 1 + ·1 + b · 1 = a + b + a + b
(a + b) · (1 + 1) = a · (1 + 1) + b · (1 + 1) = a · 1 + a · 1 + b · 1 + b · 1 = a + a + b + b.
78
Exemplo 55. Em (Z8 , +, ·), 2, 4 e 6 são divisores próprios do zero, pois 2 · 4 = 8 = 0
e 4 · 6 = 24 = 0.
Definição 64. Seja (A, +, ·) um anel comutativo com unidade. Dizemos que (A, +, ·)
é um anel de integridade se
(∀a, b ∈ A) (a · b = 0 ⇒ (a = 0 ou b = 0)) ,
Exemplo 56. 1) (C, +, ·), (Q, +, ·), (R, +, ·) são anéis de integridade.
2) (Mn (R), +, ·) não é um anel de integridade, pois (Mn (R, +, ·) não é um anel
comutativo.
Proposição 40. Se (A, +, ·) é um anel tal que todo elemento diferente de zero de A
é regular, então A não possui divisores próprios do zero, ou seja, se
(∀a ∈ A) (a 6= 0 ⇒ a ∈ R· (A)) ,
então
(∀a, b ∈ A) (a · b = 0 ⇒ (a = 0 ou b = 0)) .
• se a 6= 0, temos que a · b = a · 0 ⇒ b = 0;
• se b 6= 0, temos que a · b = 0 · b ⇒ a = 0.
Corolário 8. Se (A, +, ·) é um anel comutativo com unidade tal que todo elemento
diferente de zero de A é regular, então (A, +, ·) é um anel de integridade.
Proposição 41. Seja (A, +, ·) um anel tal que A não possui divisores próprios do
zero, então todo elemento diferente de zero de A é regular.
79
Demonstração. Seja a ∈ A∗ e sejam b, c ∈ A tais que ab = ac. Então
Portanto, como a não é divisor próprio do zero e a[b + (−c)] = 0, então b + (−c) = 0,
o que implica em b = c. Logo a ∈ R· (A), ou seja, A é elemento regular de A para a
operação de multiplicação.
80
αm + βa = 1
⇒ αm + βa = 1
⇒ αm + βa = 1
⇒ 0 + βa = 1
⇒ βa = 1
⇒ βa = 1
⇒ a ∈ U· (A).
Portanto todo elemento diferente de zero de Zm é inversı́vel para a operação de
multiplicação.
Logo, como (Zm , +, ·) é um anel de integridade com todos os elementos diferentes
de zero simetrizáveis, então (Zm , +, ·) é um corpo.
Definição 66. Sejam (A1 , +, ·) e (A2 , ?, ∗) anéis. Dizemos que uma aplicação f :
A1 → A2 é um homomorfismo (de anéis) de A1 em A2 se
81
onde 0A2 é o elemento zero ou o elemento neutro aditivo do anel A2 .
Exemplo 58. Seja (Mn (R, +, ·) o anel das matrizes com operação de adição + e
multiplicação · usuais. Se A ∈ U· (Mn (R)), então a aplicação fA : Mn (R) → Mn (R)
definida por fA (X) = A−1 XA é um automorfismo de Mn (R).
De fato,
fA (X) = fA (Y )
⇒ A−1 XA = A−1 Y A
⇒ A(A−1 XA)A−1 = A(A−1 Y A)A−1
⇒ (AA−1 )X(AA−1 ) = (AA−1 )Y (AA−1 )
⇒ IXI = IY I
⇒ X=Y
(i) Nuc(f ) ≤ A1 ;
(ii) Im(f ) ≤ A2 .
Demonstração. Exercı́cio
82
5.1.1 Ideais em Anéis Comutativos
(i) I 6= ∅;
(ii) (∀a, b ∈ I) (a − b ∈ I) ;
Demonstração. Como
(i) 0 ∈ I, então I 6= ∅;
Assim,
nX
1 +n2
(a − b) n1 +n2
= an1 +n2 −k bk (−1)k =
k=0
n2
X nX
1 +n2
n1 +n2 −k k
a b (−1) + k
an1 +n2 −k bk (−1)k = 0.
k=0 k=n2 +1
Logo a − b ∈ I.
83
(iii) Sejam a ∈ A e b ∈ I, então existe n ∈ N∗ tal que bn = 0.
Notação 11. Seja (A, +, ·) um anel comutativo, então utilizaremos I C A para di-
zermos que I é um ideal do anel A.
Definição 70. Sejam (A, +, ·) um anel comutativo. Um ideal I é dito ser n- gerado
ou gerado por n elementos se existem n elementos distintos a1 , · · · , an ∈ A tais
que I = ha1 , · · · , an i .
Um ideal I é dito ser um ideal principal de A se existe a ∈ A tal que I = hai ,
ou seja, I é um ideal principal de A se I for gerado por um único elemento de A.
a = qd + r, 0 ≤ r < d.
84
Assim, r = a − qd ∈ I.
Portanto, pela minimalidade de d, temos que r = 0 e, consequentemente, a = qd.
Logo, como todo elemento de I é um múltiplo de d, obtemos que I = hdi .
(∀a, b ∈ A) ((a + I) + (b + I) = (a + b) + I e (a + I) · (b + I) = a · b + I)
é um anel.
Demonstração. Exercı́cio
(i) Nuc(f ) C A1 ;
(ii) A1 /Nuc(f ) ∼
= Im(f ), ou seja, A1 /Nuc(f ) é isomorfo a Im(f ).
Demonstração.
Nuc(f ) = {x ∈ A1 | f (x) = 0A2 }.
Assim,
85
(b) Seja x ∈ A1 e y ∈ Nuc(f ), então f (y) = 0A2 , o que implica em f (xy) =
f (x) f (y) = f (x) 0A2 = 0A2 .
Logo xy ∈ Nuc(f ).
Então,
(a) ϕ é sobrejetora:
(x ∈ Im(f ))
⇒ (∃a ∈ A1 ) (f (a) = x)
⇒ (∃a ∈ A1 ) (ϕ(a + I) = f (a) = x)
(b) ϕ é injetora:
ϕ(a + I) = ϕ(b + I)
⇒ f (a) = f (b)
⇒ f (a) f (b) = f (b) f (b) = 0A2
⇒ f (a − b) = 0A2
⇒ a − b ∈ Nuc(f ) = I
⇒ a+I =b+I
(∀a, b ∈ A)
86
Definição 72. Sejam (A, +, ·) um anel comutativo e I um ideal de A. Dizemos que
I é um ideal primo do anel A se
(∀x, y ∈ A) (xy ∈ I ⇒ x ∈ I ou y ∈ I)
Proposição 50. Seja (Z, +, ·) o anel dos inteiros, então mZ é um ideal maximal de
Z se, e somente se, m é primo.
87
Como mZ ( I, então existe a ∈ I tal que a 6= mZ.
Desta forma, como a 6∈ mZ e m é primo, então mdc(a, m) = 1. Logo existem
α, β ∈ Z tais que αa + βm = 1.
Assim, como a ∈ I e m ∈ I, então 1 = αa + βm ∈ I.
Portanto, como I é um ideal de Z e 1 ∈ I, então
(∀z ∈ Z) (z · 1 = z ∈ I) ,
ou seja, I = Z.
Logo mZ é um ideal maximal de Z.
Exemplo 61. Os anéis (Z, +, ·), (Q, +, ·), (R, +, ·) e (C, +, ·) têm caracterı́stica zero.
Proposição 51. Seja (A, +, ·) um anel com unidade 1A e m o menor inteiro positivo
tal que m1A = 0, então m é a caracterı́stica de A.
88
(∀a ∈ K) (ma = m1 m2 a = (m1 1k ) · (m2 a) = 0)
⇒ (∀a ∈ K) (m1 1K = 0 ou m2 a = 0) ,
o que é um absurdo, pela definição de caracterı́stica e pela Proposição 51.
Logo m é primo ou m é zero.
xy
x ∗ y = x + y − 3 e x4y = x + y − .
3
(a) O conjunto Z dotado das leis adição usual e a multiplicação assim definida
ab = 0; ∀a, b ∈ Z.
(b) O conjunto Q com as leis definidas por x⊕y = x+y −1 e xy = x+y −xy.
5) Verifique se existe um anel A = {a, b, c, d} tal que (A, +) é isomorfo como grupo
ao Z4 e x2 = x, ∀x ∈ A.
6) Seja A um anel cujas leis de composição são iguais, isto é, a + b = ab, ∀a, b ∈ A.
Mostre que A = {0}.
89
9) Sendo a e b elementos de um anel comutativo A, mostre que
n n n n−1 n
(a + b) = a + a b + ··· + abn−1 + bn , ∀n ≥ 0, n ∈ Z.
1 1
a
c) B = {x ∈ Q | x 6∈ Z} d) D = { ∈ Q | a ∈ Z e n ∈ Z}
2n
√
13) Verifique se L = {a + b 2 | a, b ∈ Q} é subanel do anel R.
14) Determine o conjunto dos elementos regulares e o conjunto dos elementos in-
versı́veis de cada um dos seguintes anéis:
a) Z b) Z4
c) Q d) Z14
e) Z × Z f) M2 (R)
g) Z3 h) Z2 × Z3
90
18) Dê exemplo de um anel com unidade onde só a unidade é inversı́vel.
22) Mostrar que o conjunto dos elementos nilpotentes de uma anel comutativo A é
um subanel de A.
√
26) Sejam p primo e A = {a + b p | a, b ∈ Q}.
91
(b) Em quais desses casos f é um automorfismo ?
Z/ 3 e (Z2 × Z3 )/ 1, 0 .
35) Mostre que a + I ∈ A/I é inversı́vel (supondo A com unidade( se, e somente se,
∃r ∈ A de modo que a · r − 1 ∈ I.
36) Seja I o ideal constituı́do pelos elementos nilpotentes de um anel A, mostre que
I é o único elemento nilpotente de A/I.
92
41) Prove que todo ideal maximal de um domı́nio de integridade é primo.
42) Prove que se um anel quociente A/C é um corpo, então C é um ideal maximal.
46) Prove que todo ideal do anel Z pode ser representado unicamente como um
produto de ideais primos.
49) Se (K, +, ·) é um anel comutativo com unidade, mostre que K é um corpo se,
e somente se, {0} é um ideal maximal de K.
54) Sejam I = hxi e J = hyi dois ideais de Z. Mostrar que I + J = hmdc(x, y)i e
que I ∩ J = hmmc(x, y)i; em seguida determinar h12i + h21i e h12i ∩ h21i .
93
55) Seja A um anel cuja caracterı́stica é um número natural n > 0 não primo.
Mostre que A possui divisores próprios do zero.
57) Seja A um anel e L um subanel de A. Mostre que c(L) ≤ c(A). Dê um exemplo
de um anel A e um subanel L de A para os quais c(L) < c(A).
a0 + a1 x + a2 x 2 + · · · + an x n + · · ·
(a0 + a1 x + · · · + an xn + · · · ) + (b0 + b1 x + · · · + bn xn + · · · )
= (a0 + b0 ) + (a1 + b1 )x + · · · + (an + bn )xn + · · ·
94
e
(a0 + a1 x + · · · + an xn + · · · ) · (b0 + b1 x + · · · + bn xn + · · · ) = c0 + c1 x + · · · + cn xn + · · · ,
onde
c 0 = a0 b 0
c1 = a0 b1 + a1 b0
c 2 = a0 b 2 + a1 b 1 + a2 b 0
..
.
cn = a0 bn + a1 bn−1 + · · · + ak bn−k + · · · + an b0
..
.
onde a0 = 1, a1 = 2, a2 = 0, a3 = 1 e an = 0, ∀n ≥ 4 e b0 = 3, b1 = 0, b2 = 4 e
bm = 0, ∀m ≥ 3.
Assim,
f +g
= (1 + 2x + 0x2 + 1x3 + 0x4 + · · · + 0xn + · · · )
+ (3 + 0x + 4x2 + 0x3 + · · · + 0xm + · · · )
= (1 + 3) + (2 + 0)x + (0 + 4)x2 + (1 + 0)x3 + (0 + 0)x4 + · · · + (0 + 0)xn + · · ·
= 4 + 2x + 4x2 + x3
e
f ·g
= (1 + 2x + 0x2 + 1x3 + · · · + 0xn + · · · ) · (3 + 0x + 4x2 + 0x3 + · · · + 0xm + · · · )
= c0 + c1 x + · · · + c2 x 2 + · · · + cn x n + · · ·
com
95
c 0 = a0 b 0
=1·3=3
c 1 = a0 b 1 + a1 b 0
=1·0+2·3=6
c 2 = a0 b 2 + a1 b 1 + a2 b 0
=1·4+2·0+0·3=4
c 3 = a0 b 3 + a1 b 2 + a2 b 1 + a3 b 0
= 1 · 0 + 2 · 4 + 0 · 3 + 1 · 3 = 8 + 3 = 11
c 4 = a0 b 4 + a1 b 3 + a2 b 2 + a3 b 1 + a4 b 0
= 1 · 0 + 20̇ + 0 · 4 + 1 · 0 + 0 · 3 = 0
c 5 = a0 b 5 + a1 b 4 + a2 b 3 + a3 b 2 + a4 b 1 + a5 b 0
=1·0+2·0+0·0+1·4+0·3+0·3=4
e, para n ≥ 5,
n
X 3
X n
X
cn = ak bn−k = ak bn−k + ak bn−k = 0
k=0 k=0 k=n−3
Logo
Demonstração. Exercı́cio
Proposição 55. Sejam K um corpo e f (x), g1 (x), · · · , gt (x) ∈ K[x] tais que
96
então
f (x) | (h1 (x)g1 (x) + · · · + ht (x)gt (x)) , ∀h1 (x), · · · , ht (x) ∈ K[x].
Demonstração. Como f (x) | gi (x), ∀i ∈ {1, 2, · · · , t}, então existem s1 (x), · · · , st (x) ∈
K[x] tais que
gi (x) = si (x)f (x), ∀i ∈ {1, 2, · · · , t}.
Logo f (x) | (h1 (x)g1 (x) + · · · + ht (x)gt (x)) , ∀h1 (x), · · · , ht (x) ∈ K[x].
(i)
(∀f ∈ K[x]) (f = 1 · f )
⇒ (∀f ∈ K[x]) (f ∼ f )
⇒ (∀f ∈ K[x]) ((f, f ) ∈ R)
⇒ R é reflexiva.
97
(ii) (∀f, g ∈ K[x])
((f, g) ∈ R)
⇒ f ∼g
⇒ (∃u ∈ K ∗ ) (f = ug)
⇒ (∃u ∈ K ∗ ) (u−1 f = g)
u0 =u−1
⇒ (∃u0 ∈ K ∗ ) (g = u0 f )
⇒ (g ∼ f )
⇒ ((g, f ) ∈ R)
Logo R é simétrica.
((f, g) ∈ R e (g, h) ∈ R)
⇒ (f ∼ g e g ∼ h)
⇒ (∃u1 , u2 ∈ K ∗ ) (f = u1 g e g = u2 h)
⇒ (∃u1 , u2 ∈ K ∗ ) (f = u1 u2 h)
u=u1 u2
⇒ (∃u ∈ K ∗ ) (f = uh)
⇒ (f ∼ g)
⇒ (f, h) ∈ R.
Logo R é transitiva.
Demonstração. Como
98
(ii) S é anti-simétrica, pois ∀a, b ∈ K[x]/R ,
(a, b) ∈ S e (b, a) ∈ S
⇒ (∀a1 ∈ a) ∀b1 ∈ b (a1 | b1 e b1 | a1 )
⇒ (∀a1 ∈ a) ∀b1 ∈ b (a1 ∼ b1 )
⇒ a=b
(iii) S é transitiva, pois ∀a, b, c ∈ K[x]/R ,
(a, b) ∈ S e (b, c) ∈ S
⇒ (∀a1 ∈ a) ∀b1 ∈ b (∀c1 ∈ c) (a1 | b1 e b1 | c1 )
⇒ (∀a1 ∈ a) ∀b1 ∈ b (∀c1 ∈ c) (∃q1 , q2 ∈ K[x]) (b1 = q1 a1 e c1 = q2 b1 )
⇒ (∀a1 ∈ a) (∀c1 ∈ c) (∃q1 , q2 ∈ K[x]) (c1 = q2 q1 a1 )
q=q2 q1
⇒ (∀a1 ∈ a) (∀c1 ∈ c) (∃q ∈ K[x]) (c1 = qa1 )
⇒ (∀a1 ∈ a) (∀c1 ∈ c) (a1 | c1 )
⇒ ((a, c) ∈ S)
Demonstração. Exercı́cio.
99
Proposição 58 (Algorı́tmo de Euclides). Seja K um corpo e sejam f (x), g(x) ∈ K[x]
com g(x) 6= 0, então existe um único par (q(x), r(x)) ∈ K[x] × K[x] tal que
Demonstração. Existência:
Se f (x) = 0, então q(x) = 0 e r(x) = 0 satisfazem as condições desejadas, já que
f (x) = 0 = 0g(x) + 0 = q(x)g(x) + r(x) com r(x) = 0.
Se ∂f (x) < ∂g(x), então q(x) = 0 e r(x) = f (x) satisfazem
Unicidade:
Sejam (q1 (x), r1 (x)), (q2 (x), r2 (x)) ∈ K[x] × K[x] tais que
e
f (x) = q2 (x)g(x) + r2 (x), onde r2 (x) = 0 ou 0 ≤ ∂r2 (x) < ∂g(x).
Assim,
q1 (x)g(x) + r1 (x) = q2 (x)g(x) + r2 (x)
⇒ (q1 (x) − q2 (x))g(x) = r2 (x) − r1 (x)
Assim, ∂ ((q1 (x) − q2 (x))g(x)) = ∂(r2 (x) − r1 (x)).
Se r2 (x)−r1 (x) 6= 0, então ∂ ((q1 (x) − q2 (x))g(x)) = ∂(r2 (x)−r1 (x)) ≤ max{∂r2 (x)∂r1 (x)} <
∂g(x), o que implica em ∂(q1 (x) − q2 (x)) + ∂g(x) < ∂g(x), o que é um absurdo.
100
Logo
r (x) − r1 (x) = 0
2
r (x) = r (x)
1 2
⇒
(q (x) − q (x))g(x) = 0
1 2
r (x) = r (x)
g(x)6=0 1 2
⇒
q (x) − q (x) = 0
1 2
r (x) = r (x)
1 2
⇒
q (x) = q (x)
1 2
Proposição 59. Seja K um corpo, então todo ideal I de K[x] é principal, ou seja,
existe f (x) ∈ K[x] tal que I = hf (x)i .
o que implica em
então I = hf (x)i .
Definição 79. Seja K um corpo e sejam f, g ∈ K[x]. Dizemos que d(x) ∈ K[x] é o
máximo divisor comum entre f e g, simbolizado por mdc(f (x), g(x)), se
101
(i) d(x) | f (x) e d(x) | g(x);
(ii) Se d0 (x) ∈ K[x] satisfaz d0 (x) | f (x) e d0 (x) | g(x), então d0 (x) | d(x).
Em geral, se f1 (x), · · · , fk (x) ∈ K[x], então dizemos que d(x) ∈ K[x] é o máximo
divisor comum de f1 (x), · · · , fk (x) se
onde
f (x) = mdc(g1 (x), · · · , gt (x)).
Demonstração. De fato,
(i) Pela Proposição anterior, existe f (x) ∈ I tal que I = hg1 (x), · · · , gt (x)i =
hf (x)i . Assim, para cada i ∈ {1, 2, · · · , t},
gi (x) = 0g1 (x) + · · · + 1g1 (x) + 0gi+1 (x) + · · · + 0gt (x) = hi (x)f (x)
(ii) Como f (x) ∈ I, então existem h1 (x), · · · ht (x) ∈ K[x] tais que
Se f˜(x) ∈ I satisfaz f˜(x) | gi (x), ∀i ∈ {1, 2, · · · , t}, então pela Proposição xxx,
Logo, por (i) e (ii), I = hf (x)i , onde f (x) = mdc(g1 (x), · · · , gt (x)).
102
Proposição 61 (Algoritmo para Cálculo do máximo divisor comum). Seja K um
corpo e sejam f, g ∈ K[x] com g(x) 6= 0. Definindo uma sequência (rk (x))k∈N tal que
r0 (x) = g(x)
f (x) = q1 (x)g(x) + r1 (x), onde r1 (x) = 0 ou 0 ≤ ∂r1 (x) < ∂r0 (x) = ∂g(x)
r0 (x) = g(x) = q2 (x)r1 (x) + r2 (x), onde r2 (x) = 0 ou 0 ≤ ∂r2 (x) < ∂r1 (x)
..
.
rk (x) = qk+2 (x)rk+1 (x) + rk+2 , onde rk+2 (x) = 0 ou 0 ≤ ∂rk+2 (x) < ∂rk+1 (x)
..
.
Então existe um menor inteiro positivo n tal que rn+1 = 0 e rn = mdc(f (x), g(x)).
Demonstração. Exercı́cio.
Definição 80. Seja K um corpo. Dizemos que f (x) ∈ K[x] é irredutı́vel sobre K
se
(i) ∂f (x) ≥ 1;
(ii) Se g(x) ∈ K[x] satisfaz ∂g(x) ≥ 1 e g(x) | f (x), então f (x) | g(x), ou seja,
f (x) e g(x) são associados.
f (α) = a0 + a1 α + · · · + an αn = 0.
(x − α) | f (x).
103
Demonstração. Pelo Algoritmo de Euclides, existe (q(x), r(x)) ∈ K[x] × K[x] tal que
f (α) = q(α)(α − α) + r = 0 ⇒ r = 0.
2
Exemplo 65. O polinômio f (x) = x2 +2 não é irredutı́vel em Z3 , pois f (1) = 1 +2 =
1 + 2 = 3 = 0. Logo 1 é raiz de f (x) em Z3 . Assim, (x − 1) | f (x) com x − 1 x2 + 2.
Logo x2 + 2 não é irredutı́vel em Z3 .
x2 + 2 = (x − 1) · (x − 2) = x2 − 3x + 2 = x2 + 2.
Observação 22. Se K é um corpo e f (x) ∈ K[x] com ∂f (x) ≥ 2. Dizemos que f (x)
é redutı́vel se f (x) não for irredutı́vel.
104
(i) (∀g1 (x), g2 (x) ∈ K[x])
(g1 (x) + I) + ((g2 (x) + I) + (g3 (x) + I)) = (g1 (x) + I) + ((g2 (x) + g3 (x)) + I)
= g1 (x) + (g2 (x) + g3 (x)) + I
= (g1 (x) + g2 (x)) + g3 (x) + I
= ((g1 (x) + g2 (x)) + I) + (g3 (x) + I)
= ((g1 (x) + I) + (g2 (x) + I)) + (g3 (x) + I)
(g1 (x) + I) · ((g2 (x) + I) · (g3 (x) + I)) = (g1 (x) + I) · (g2 (x) · g3 (x) + I)
= g1 (x) · (g2 (x) · g3 (x)) + I
= (g1 (x) · g2 (x)) · g3 (x) + I
= (g1 (x) · g2 (x) + I) · (g3 (x) + I)
= ((g1 (x) + I) · (g2 (x) + I)) · (g3 (x) + I)
105
(vii) (∀g(x) ∈ K[x]) ((1 + I) · (g(x) + I) = 1 · g(x) + I = g(x) + I)
Da mesma forma,
Exemplo 66. Encontre um corpo com 112 elementos. Seja K = Z11 e f (x) = x2 + 1.
Como
2
f (0) = 0 + 1 = 0 + 1 = 1,
2
f (1) = 1 + 1 = 1 + 1 = 2,
2
f (2) = 2 + 1 = 4 + 1 = 5,
2
f (3) = 3 + 1 = 9 + 1 = 10,
2
f (5) = 4 + 1 = 16 + 1 = 17 = 6,
2
f (6) = 6 + 1 = 36 + 1 = 37 = 4,
2
f (7) = 7 + 1 = 49 + 1 = 50 = 6,
2
f (8) = 8 + 1 = 64 + 1 = 65 = 10,
106
2
f (9) = 9 + 1 = 81 + 1 = 82 = 5,
2
f (10) = 10 + 1 = 100 + 1 = 101 = 2,
e
((a0 + a1 x) + I) · ((b0 + b1 x) + I) = ((a0 + a1 x) · (b0 + b1 x) + I
= (a0 b0 + (a1 b0 + a0 b1 )x + a1 b1 x2 ) + I
x2 =−1
= [a0 b0 + (a1 b0 + a0 b1 )x + a1 b1 (−1)] + I
ϕ(a0 + a1 α + · · · + an αn ) = a0 + a1 x + · · · an xn + I,
onde I = hf (x)i .
Exemplo 67. Encontre um corpo com 112 elementos. Como f (x) = x2 + 1 é irre-
dutı́vel em Z11 , então, se ξ é uma raiz de f (x), temos que ξ 2 + 1 = 0 ⇒ ξ 2 = −1.
Assim, H = {a0 + a1 ξ | a0 , a1 ∈ Z11 } com operações de adição e multiplicação
definidas por
(a0 + a1 ξ) + (b0 + b1 ξ) = ((a0 + b0 ) + (a1 + b1 )ξ)
107
e
(a0 + a1 ξ) · (b0 + b1 ξ) = (a0 b0 − a1 b1 ) + (a1 b0 + a0 b1 )ξ
(i) p - an ;
(i) p - an ;
(ii) p | ai , i = 0, · · · , n − 1;
(iii) p2 - a0 ;
1 1
Exemplo 69. Como 4x2 − 1 = 4 x − 2
x+ 2
é redutı́vel em Q[x], então 4x2 − 1
é redutı́vel em Z[x] e 4x2 − 1 = (2x − 1)(2x + 1).
(i) p - a2 , pois 2 - 1;
(ii) p | a0 e p | a1 , pois 2 | 2 e 2 | 0;
108
(iii) p2 - a0 , já que 4 - 2.
2
f (0) = 0 + 1 = 0 + 1 = 1
2
f (1) = 1 + 1 = 1 + 1 = 2
2
f (2) = 2 + 1 = 4 + 1 = 5 = 2
é irredutı́vel em Q[x].
De fato, escolhendo p = 5,
(i) p - a4 , pois 5 - 1;
(iii) p2 - a0 , pois 25 - 5.
109
(a) f (x) = x3 + x − 1, g(x) = x2 + 1.
2) Seja K um corpo. Prove que α ∈ K é uma raı́z de f (x) ∈ K[x] se, e somente
se, existe q(x) ∈ K[x] tal que f (x) = (x − α)q(x).
f (x) = c · (x − α1 ) · (x − α2 ) · · · (x − αn )
(a) Prove que K[α] = {f (α) | f (x) ∈ K[x]} é um domı́nio de integridade tal
que
K ≤ K[α] ≤ L.
(b) Prove que ψ : K[x] → K[α] tal que f (x) 7→ f (α) é um homomorfismo
sobrejetivo.
110
(d) K[x]/J ' K[α] ≤ L.
√ √ √
9) Prove que Q[ 2] = {f ( 2) | f (x) ∈ Q[x]} é igual a {a + b 2 | a, b ∈ Q}.
√
Prove que o ideal J = {f (x) ∈ Q[x] | f ( 2) = 0} é um ideal maximal de Q[x]
√
e conclua pelo exercı́cio anterior que Q[ 2] é um corpo.
10) Calcule f (x) · g(x), f (x), g(x) ∈ K[x] nos seguintes casos:
11) Calcular uma outra função polinomial f sobre o corpo K = Z5 que coincida
com a função polinomial x2 + x + 1 sobre Z5 .
12) Mostre que a equação x2 = 1 possui 4 soluções no anel Z15 . Por quê ?
13) Se K é um corpo e a ∈ K, a 6= 0,
(a) Prove que ψ : K[x] → K[x] definida por p(x) 7→ p(a · x) = ψ(p(x)) é um
automorfismo de K[x].
(b) Prove que ϕ : K[x] → K[x] definida por p(x) 7→ p(a + x) = ϕ(p(x)) é um
automorfismo de K[x].
14) Seja K um corpo f (x) ∈ K[x] e a ∈ K. Prove que o resto da divisão de f (x)
por g(x) = x − a é f (a).
15) Calcule o M DCC[x] {f (x), g(x)} para os seguintes pares de polinômios em C[x] :
16) Calcule o mdc(f (x), g(x)) para os seguintes pares de polinômios em Q[x] :
17) Calcular q(x), r(x) tais que f (x) = q(x) · g(x) + r(x), onde ou r(x) = 0 ou
∂r(x) < ∂g(x).
111
(a) f (x) = x5 − x3 + 3x − 5; g(x) = x2 + 7 ∈ Q[x].
18) Quais dos conjuntos J ⊂ Q[x] são ideais de Q[x]. Em caso afirmativo, calcule
p(x) mônico tal que J = hp(x)i . Quais J são ideais maximais de Q[x] ?
19) Seja K um corpo e f (x) ∈ K[x] − {0}. Prove que, se f (x) é um polinômio de
grau ≥ 2 e possui uma raiz a ∈ K então f (x) é redutı́vel sobre K.
20) Mostre que todo polinômio f (x) ∈ R[x] de grau ı́mpar ≥ 3 é redutı́vel sobre R.
24) Prove que J = hx2 + 1i é um ideal maximal de R[x] e identifique o corpo R[x]/J.
27) Seja K um corpo e f (x) ∈ K[x] um polinômio tal que 1 ≤ ∂f (x) ≤ 3. Prove que
ou f (x) é irredutı́vel sobre K ou f (x) possui uma raiz em K. E se ∂f (x) = 4 ?
28) Seja f (x) ∈ R[x] tal que ∂f (x) = 2. Prove que f (x) é irredutı́vel sobre R ⇔ f (x)
pode ser escrito na forma f (x) = (x − a)2 + b2 onde a, b ∈ R e b 6= 0.
112
(a) K = Q.
√
(b) K = Q[ 2].
(c) K = R.
32) Seja p(x) um polinômio irredutı́vel de grau n sobre o corpo Zp , p primo, e seja
J = hp(x)i . Prove que Zp [x]/J é um corpo contendo exatamente pn elementos.
34) Prove que os seguintes polinômios sobre Z[x] são irredutı́veis sobre Q.
(b) f (x) = x7 − 31
(c) f (x) = x6 + 15
113
(f) f (x) = x4 + 10x3 + 20x2 + 30x + 22
37) Prove que f (x) = ax2 + bx + c ∈ R[x] é irredutı́vel sobre R ⇔ b2 − 4ac < 0.
38) Determine quais dos seguintes polinômios sobre os seguintes corpos K são irre-
dutı́veis:
(b) x3 − 7x2 + 3x + 3, K = Q.
(c) x4 − 5, K = Z17 .
(d) x3 − 5, K = Z11 .
(e) x4 + 7, K = Z17 .
114
Referências Bibliográficas
[2] Birkhoff, Garret & Mac Lane, Saunders, A Survey of Modern Algebra, AKP
Classics, Fourth Edition, A K Peters, Massachusetts, 1997.
[3] Domingues, Hygino H. & Iezzi, Gelson, Álgebra Moderna, 2. ed., Editora
Atual: São Paulo, 1982.
[4] Fraleigh, John B., A first course in Abstract Algebra, 5th ed., Addison-
Wesley, 1967.
115