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Universidade Federal Fluminense

Instituto de Ciências Exatas


Departamento de Matemática

Estruturas Algébricas II

Alunos
Professor
Cibele Carolina de Souza Sá
Carlos Nascimento
Gustavo de Souza Silva

Resolução da
Primeira lista de exercícios

Volta Redonda - Rio de Janeiro


16 de março de 2021
Universidade Federal Fluminense
Instituto de Ciências Exatas
Departamento de Matemática
Professor: Carlos Nascimento
Lista 1 de Estruturas Algébricas II - 2020/2
1. Seja Z[i] = {a + bi | a, b ∈ Z}, onde i2 = −1 e a + bi = c + di se, e somente se, a = c, b = d.
Definimos + e . em Z[i] do seguinte modo:
(a + bi) + (c + di) = (a + c) + (b + d)i,
(a + bi).(c + di) = (ac − bd) + (ad + bc)i.
Mostre que Z[i] é um subanel do anel C dos números complexos (De fato, Z[i] é um domínio).
2. Sejam A um anel e a ∈ A. Mostre que B = {x ∈ A | xa = ax} é um subanel de A.
3. Seja A um anel. Prove que Z(A) = {x ∈ A | xy = yx, ∀y ∈ A} é um subanel comutativo de A
(Z(A) é chamado centro de A).
4. Sejam A um anel e a ∈ A. Mostre que B = {x ∈ A | xa = 0} é um subanel de A.
5. Sejam A um anel e I um ideal de A. Mostre que se I contém um elemento invertível de A, então
I = A.
6. Mostre que a interseção de ideais de um anel A é também um ideal de A.
7. A união de ideais é um ideal? Justifique.
8. Seja {Jn }n∈N uma sequência de ideais de um anel A. Mostre que, se J0 ⊂ J1 ⊂ · · · Jn ⊂ · · · ,
[
então J = Jn é um ideal de A.
n∈N

9. Sejam A um anel e a ∈ A. Prove que I = {x ∈ A | xa = 0} é um ideal à esquerda de A.


10. Sejam I, J ideais de um anel A. Prove que I + J = {x + y | x ∈ I, y ∈ J} é um ideal de A.
11. Sejam A um anel comutativo com unidade 1 ∈ A e P um ideal de A. Dizemos que P é um ideal
primo de A se P =
6 A e, ∀x, y ∈ A, se xy ∈ P , então x ∈ P ou y ∈ P . Mostre que:

(a) P é um ideal primo de A se e somente se o anel quociente A/P é um domínio.


(b) Os únicos ideais primos de Z são {0} e os ideais principais pZ, onde p é um número primo.
(c) Se P é um ideal maximal de A, então P é um ideal primo de A.

12. Seja A um anel. Mostre que A é um corpo se, e somente se, os seus únicos ideais são {0} e A.
13. A característica de um anel A é o menor inteiro positivo n tal que nx = 0, para todo x ∈ A.
Se tal elemento n não existe, dizemos que A tem característica 0. Prove que a característica de
um domínio ou é 0 ou é um número primo.
14. Prove que, se f : A → B é um homomorfismo sobrejetor e I é ideal de A, então f (I) é ideal de
B. Retire a hipótese de que f é sobrejetor e dê um contra-exemplo para o resultado que acabou
de provar.
15. Sejam A, B anéis com unidade e f : A → B um homomorfismo sobrejetor. Mostre que f (1A ) =
1B .
16. Sejam Z o anel dos números inteiros e f : Z → Z um homomorfismo. Mostre que ou f = IdZ é
a função identidade de Z ou f = 0 é a função constante zero. (Dica: Calcule f (1).)
17. Mostre que os anéis 2Z e 3Z não são isomorfos.
18. Sejam f : A → B um homomorfismo e J / B. Prove que f −1 (J) = {a ∈ A | f (a) ∈ J} é um ideal
de A.
Estruturas Algébricas II Lista de Exercícios 2020.2

Questão 1

Seja Z[i] = {a + bi; a, b ∈ Z} onde i2 = −1 e a + bi = c + di se, e somente se, a = c e b = d.


Queremos mostrar que Z[i] é um subanel do anel C.

Tome w = a + bi e v = c + di elementos de Z[i], logo

• Z[i] 6= ∅ pois 0 + 0i ∈ Z[i];


Se v ∈ Z[i] e como 0 = 0 + 0i ∈ Z[i] então (0 + 0i) − (c + di) = −(c + di) ∈ Z[i]

• w − v = (a + bi) − (c + di) = (a + bi) + (−c − di) = (a − c) + (b − d)i ∈ Z[i] uma vez que (a − c) ∈ Z
e (b − d) ∈ Z;

• w · v = (a + bi) · (c + di) = ac + adi + bci + bdi2 = (ac − bd) + (ad + bc)i ∈ Z[i] uma vez que
(ac − bd) ∈ Z e (ad + bc) ∈ Z.

Logo, como Z[i] 6= ∅ e, para todo w, v ∈ Z[i] temos que w − v e w · v pertencem a Z[i] então Z[i] é
subanel de C.

Questão 2

Inicialmente, verifiquemos que o conjunto B é não vazio, pois dado x = 0, temos que 0x = x0 =
0 ∈ B. Sendo assim, aplicando o critério de subanel, segue a demonstração.

(i) Tome x, y ∈ B, então xa = ax e ya = ay. Dessa forma, usando o axioma da distributividade de


anéis e as suposições anteriores, temos que

a(x − y) = ax − ay = xa − ya = (x − y)a.

Logo, x − y ∈ B.

(ii) De modo análogo, usando a associatividade de anéis e as suposições anteriores, temos que

a(xy) = (ax)y = (xa)y = x(ay) = x(ya) = (xy)a

Logo, xy ∈ B.
Por conseguinte, como o critério de subanel é satisfeito, concluímos que B é subanel de A.

Questão 3

Seja A um anel. Queremos mostrar que Z(A) = {x ∈ A; xy = yx, ∀y ∈ A} é um subanel comuta-


tivo de A.

• Temos que Z(A) 6= ∅ pois, 0 ∈ Z(A), ou seja, 0y = y0 = 0, ∀y ∈ A.

• Sejam a, b ∈ Z(A) e y ∈ A, devemos ter que Z(A) é fechado para o produto,

(ab).y = a.(by) = a.(yb) = (ay).b = (ya).b = y.(ab)

Logo, a · b ∈ Z(A).

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Estruturas Algébricas II Lista de Exercícios 2020.2

• Sejam a, b ∈ Z(A) e y ∈ A, devemos ter que Z(A) é fechado para a diferença,

(a − b)y = ay + (−b)y = ay − (by) = ya − yb = ya + y(−b) = y(a − b)

Logo, a − b ∈ Z(A).

Portanto, concluímos que Z(A) é um subanel de A, claramente comutativo.

Questão 4

Inicialmente, verifiquemos que o conjunto B é não vazio, pois dado x = 0, temos que 0x = 0 ∈ B.
Sendo assim, aplicando o critério de subanel, segue a demonstração.
(i) Tome x, y ∈ B, então, xa = 0 e ya = 0, pela definição do conjunto B. Dessa forma, usando o
axioma da distributividade de anéis e as suposições anteriores, temos que

(x − y)a = xa − ya = 0 − 0 = 0

Logo, x − y ∈ B.

(ii) De modo análogo, usando a associatividade de anéis e as suposições anteriores, tem-se que

a(xy) = (ax)y = 0y = 0.

Logo, xy ∈ B.
Por conseguinte, como o critério de subanel é satisfeito, concluímos que B é subanel de A.

Questão 5

Sejam A um anel e I um ideal de A, Queremos mostrar que se I contém um elemento invertível de


A, então I = A.

Seja a ∈ I invertível em A, ou seja, a−1 ∈ A. Logo,

a · a−1 = 1 ∈ I
uma vez que I é um ideal de A. Então, para todo a ∈ A temos que

a=a·1∈I
Portanto, podemos concluir que A = I.

Questão 6

Sejam I e J ideais em A. Inicialmente, verifiquemos que o conjunto I ∩ J é não vazio. De fato,


como 0 ∈ I e 0 ∈ J, então 0 ∈ I ∩ J. Mostremos em seguida a validade da definição de ideal, segue a
demonstração.
(i) Se x, y ∈ I ∩ J, então x, y ∈ I e x, y ∈ J. Segue daí que (x + y) ∈ I e (x + y) ∈ J e, portanto,
(x + y) ∈ I ∩ J.

(ii) Se x, y ∈ I ∩ J e a ∈ A. Então, x ∈ I, x ∈ J e, portanto, ax ∈ I e ax ∈ J. Daí, concluímos que


ax ∈ I ∩ J.
Por conseguinte, como a definição de ideal é satisfeita, concluímos que I ∩ J é um ideal.

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Estruturas Algébricas II Lista de Exercícios 2020.2

Questão 7

A união de ideais não necessariamente é um ideal.

Tomemos o anel (R2 , +, ·) como exemplo com as oprações definidas a seguir:

(a, b) + (c, d) = (a + c, b + d)
(a, b) · (c, d) = (ac, bd)
Logo,

I = {(x, 0)|x ∈ R}

J = {(0, y)|y ∈ R}
são ideais de R2 . Porém, temos que dado (1, 0) ∈ I e (0, 1) ∈ J temos que (1, 0)+(0, 1) = (1, 1) ∈
/ I ∪J.

Concluimos, portanto, que I ∪ J não é um ideal.

Questão 8
[
Considere definido J := Jn . Seja b ∈ Ji e c ∈ Jj . Daí, podemos considerar os casos i ≤ j ou
n∈N
j ≤ i. Suponha, sem perda de generalidade, que i ≥ j, então temos que Jj ⊂ Ji . Dessa forma, podemos
afirmar também que b, c ∈ Ji . Logo, Ji é um ideal, com b + c ∈ Ji ⊂ J.
De forma similar, tomemos r ∈ A e b ∈ J, de modo que b ∈ Ji , para algum i. Então, rb ∈ Ji ⊂ J,
br ∈ Ji ⊂ J.
Portanto, J é um ideal em A e o resultado segue.

Questão 9

Sejam A um anel e a ∈ A. Queremos mostrar que I = {x ∈ A|xa = 0} é um ideal à esquerda de A.

Pelo exercício 4, sabemos que I ⊂ A é um subanel de A, então, com isso, temos todas as hipóteses
necessárias para iniciar a prova. Inicialmente, segue que I 6= ∅, pois 0 ∈ I, ou seja, 0 · a = 0.

A definição de ideal à esquerda de A nos diz que para todo a ∈ I e dado r ∈ A temos que r · a ∈ I.
Logo,

Seja x ∈ I, então xa = 0 em que a ∈ A. Tome r ∈ A

(rx)a = r(xa) = r · 0 = 0
Portanto, rx ∈ I e I é um ideal à esquerda de A.

Questão 10

Sejam I e J ideais de um anel A. Mostremos que I + J também é um ideal de A, ou seja, a lei que
associa a cada par de ideais de um anel sua soma é uma operação no conjunto de todos os ideais desse
anel. Assim,

(i) Como 0 ∈ I e 0 ∈ J, então 0 = 0 + 0 ∈ I + J

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(ii) Sejam r, s ∈ I, J, então r = x1 + y1 e s = x2 + y2 para elementos convenientes tais que x1 , x2 ∈ I


e y1 , y2 ∈ J. Dessa forma, r + s = (x1 + x2 ) + (y1 + y2 ) ∈ I ∩ J, uma vez que (x1 + x2 ) ∈ I e
(y1 + y2 ) ∈ J.

(iii) Sejam t ∈ I + J e a ∈ A. Então t = x + y (x ∈ I, y ∈ J) e at = ax + ay. Como ax ∈ I e ay ∈ J,


então at ∈ I + J.

Portanto, I + J é um ideal de A e o resultado segue.

Questão 11

Sejam A um anel comutativo com unidade 1 ∈ A e P um ideal de A. Dizemos que P é um ideal primo
de A se P 6= A e, ∀x, y ∈ A, se xy ∈ P , então x ∈ P ou y ∈ P .

(a) suponha que P é um ideal primo de um anel comutativo A com unidade 1 ∈ A. Então P 6= A
implica que 1 + P 6= 0 + P . Logo, A/P é um anel comutativo A com unidade.
Suponha que (a + P )(b + P ) = 0 + P . Então ab + P = 0 + P e ab ∈ P . Pela definição de um ideal
primo P, obtemos a ∈ P ou b ∈ P . Ou seja, a+P = 0+P ou b+P = 0+P . Assim, A/P é um domínio.

Por outro lado, se A/P é um domínio, então 1 + P 6= 0 + P e A/P é um anel comutativo A que não
tem divisores do zero. Logo, P 6= A. Suponha ab ∈ P . Então ab + P = 0 + P e (a + P )(b + P ) = 0 + P .
Como A/P é um domínio, obtemos a + P = 0 + P ou b + P = 0 + P . Portanto, a ∈ P ou b ∈ P .
Portanto, P é um ideal primo.
(b) Em qualquer domínio de integridade, nesse caso com ênfase para os inteiros, o ideal 0, ou seja,
{0} é um ideal primo pois, Z 6= {0} e 0 · a ∈ P (em que 0, a ∈ Z), temos que 0 ∈ {0}.

A noção de um ideal primo é uma generalização de “primo” em Z. Suponha que n ∈ Z+ − {1} de


modo que n divide ab. Neste caso, é garantido que n divide a ou b exatamente quando n é primo.
Agora, seja nZ um ideal próprio em Z com n > 1 e suponha ab ∈ nZ para a, b ∈ Z. para nZ ser
um ideal primo, deve ser verdade que n divide a ou b. No entanto, este é apenas garantido de ser
verdadeiro para todo a, b ∈ Z quando n é primo. Ou seja, os ideais diferentes de zero de Z são da
forma pZ, onde p é primo.

(c) Queremos mostrar que se P é um ideal maximal de A, então P é um ideal primo de A.

Seja P um ideal maximal do anel comutativo A. Pela definição de ideal maximal temos diretamente
que P 6= A. Basta provar que se a, b são elementos de A tais que ab ∈ P então a ∈ P ou b ∈ P .

Suponha que a ∈
/ P . e consideremos o ideal I =< a > +P . Desse modo, temos que I ⊃ P .

Como, porém, a ∈ I pois a = 1 · a + 0 e 0 ∈ P e, estamos supondo que a ∈ / P , então I contém


propriamente P e, portanto, I = A. Isso implica que, a unidade de A pode ser escrita da seguinte forma:

1 = ra + p
em que r e p são convenientes elementos de A e P respectivamente. Multiplicando-se os dois mem-
bros dessa igualdade por b, temos:

b = r(ab) + bp
igualdade que mostra que b ∈ P , uma vez que tanto ab como p são elementos de P .

Questão 12

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A prova do teorema será construída por casos.

(⇒) Seja I um ideal em A. Suponha que I 6= {0}. Com essa hipótese, resta-nos mostrar que
I = A. Para esse fim, tomemos a ∈ I, a 6= 0, que é inversível (1 = aa−1 ∈ I), pelo fato de A ser um
corpo. A igualdade desejada, I = A, é então uma consequência imediatada do exercício 5 demonstrado
anteriormente.
(⇐) Suponha que os únicos ideais de A são {0} e A. Então, para mostrar que A é um corpo, usando
novamente o exercício 5 demonstrado anteriormente, temos que provar apenas que todo elemento de
A, não nulo, é inversível. Para esse fim, seja a ∈ A, a 6= 0, e consideremos o ideal I = hai. Como
I 6= {0}, pois a ∈ A, então I = A e, portanto, 1 ∈ I. Dessa forma, segue que 1 = aβ, para algum β
conveniente de modo que β ∈ A. Daí, segue que a é inversível e A é um corpo.

Portanto, o resultado requerido segue.

Questão 13

Seja A um anel em que esse anel é um domínio de integridade. Queremos mostrar que a caracte-
rística de um domínio ou é 0 ou é um número primo.

Se c(A) = 0 (onde c(A) representa a característica de A), já está demonstrado.

Suponha que c(A) = h > 0. Se h não é um número primo, então h = rs para um par conveniente
de inteiros r e s em que 1 < r, s < h. Como c(A) = h, então r · 1A 6= 0 e s · 1A 6= 0. Porém,
0A = h · 1A = (rs) · 1A = (r · 1A )(s · 1A ).
Da igualdade (r · 1A )(s · 1A ) = 0A obtida segue que r · 1A e s · 1A são divisores próprios do zero em A,
o que é um absurdo pois, por hipótese, A é um anel de integridade. Portanto h é primo.

Questão 14

Seja f : A → B um homomorfismo sobrejetor, I um ideal de A e considere J = f (I). Para qualquer


a, b ∈ J e s ∈ B , devemos provar que

(i) a + b ∈ J;

(ii) sa ∈ J.

(i) Como a, b ∈ J = f (I), então existe a0 , b0 ∈ I tal que

f (a0 ) = a e f (b0 ) = b

Daí, temos que


a + b = f (a0 ) + f (b0 ) = f (a0 + b0 ).

pois f é um homomorfismo.
Assim, como I é um ideal, então a soma a0 + b0 ∈ I e, por consequência, a + b ∈ f (I) = J, o que
prova a primeira condição para que J = f (I) seja um ideal.

(ii) Como f : A → B é sobrejetiva, então existe r ∈ A tal que f (r) = s. Daí, segue que

sa = f (r)f (a0 ) = f (ra0 ),

pois f é um homomorfismo.
Pelo fato de I ser um ideal em A, então o produto ra0 ∈ I e, consequentemente, sa ∈ f (I) = J,
o que prova a segunda condição para que J = f (I) seja um ideal.

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Assim, o resultado segue. Se retirarmos a hipótese de que f é sobrejetora, a proposição demonstrada


é falha, ou seja, se f : A → B é um homomorfismo (não necessariamente sobrejetor) e I é ideal
de A, então não vale, em geral, que f (I) é ideal de B. Para comprovar essa afirmação, tome como
contraexemplo
f :Z→Q
x→x
e I = Z. Sendo assim, as hipóteses da nova afirmação estão devidamente satisfeitas, já que I é ideal
(trivial) de A e f é um homomorfismo, pois tomando-se x, y ∈ Z, tem-se que

f (x) + f (y) = x + y = f (x + y)
e
f (x)f (y) = xy = f (xy).
1
No entanto, f (Z) = Z não é ideal de Q, pois se tomarmos ∈ Q e 3 ∈ f (Z) = Z, tem-se que
2
1 3
3 = ∈ / Z. Logo, ao retirar a hipótese de que f é sobrejetora, não é possível garantir a verificação
2 2
da tese original.
Observação
1
Note que a f definida não é sobrejetora, pois se tomarmos ∈ Q, não há x ∈ Z de forma
2
1
que f (x) = , usando a f definida. Esse aspecto é de suma importância na elaboração do
2
contraexemplo.

Questão 15

Sejam A, B anéis com unidade e f : A → B um homomorfismo sobrejetor. Queremos mostrar que


f (1A ) = 1B .

Seja b ∈ B um elemento arbitrário. Como f é sobrejetora, então b = f (a) para algum a ∈ A.


Portanto,

b · f (1A ) = f (a) · f (1A ) = f (a · 1A ) = f (a) = b


Analogamente, temos que:

f (1A ) · b = f (1A ) · f (a) = f (1A · a) = f (a) = b


Logo, f (1A ) = 1B , ou seja, é a unidade de B.

Questão 16

Pela hipótese de f ser um homomorfismo, temos que f (a+b) = f (a)+f (b), para quaisquer a, b ∈ Z.
Daí, segue que

• Como f é um homomorfismo (isto é, satisfaz a propriedade explicitada anteriormente para f ),


então f (0) = f (0 + 0) = f (0) + f (0) = 0;

• Como f é um homomorfismo sobrejetor, então f (1Z ) = 1Z ;

• f (2) = f (1 + 1) = f (1) + f (1) = 2;

• f (3) = f (2 + 1) = f (2) + f (1) = 2 + 1 = 3;

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• f (4) = f (3 + 1) = f (3) + f (1) = 3 + 1 = 4;


..
.
• Supondo que f (k) = k, temos que f (k + 1) = f (k) + f (1) = k + 1. Logo, por indução, f (n) = n
para todo n ∈ N.
• Se m ∈ Z for tal que m < 0, então−m ∈ N e daí f (−m) = −m pelo que foi mostrado no item
anterior. Como f (−m) + f (m) = f ((−m) + m) = f (0) = 0, temos que f (−m) = −f (m) ⇒
−m = −f (m) ⇒ f (m) = m.
Portanto, concluímos então que f (x) = x, ∀x ∈ Z, ou seja, f é a função identidade de Z ou f = 0
é a função constante zero.
Questão 17
Suponha que sejam isomorfos. Logo, temos um homomorfismo de anéis:

f : 2Z → 3Z
Tomemos f (2) = 3a para algum inteiro a. Assim, podemos calcular f (4) de duas maneiras:

f (4) = f (2 + 2) = f (2) + f (2) = 3a + 3a = 6a


e

f (4) = f (2 · 2) = f (2) · f (2) = 3a · 3a = 9a2


Consequentemente, 6a = 9a2 . Isso só é válido se a = 0 porém, isso nos daria que f (0) = 0 = f (2)
o que contradiz f ser um isomorfismo pois deixa de ser injetiva.

Portando não existe tal isomorfismo f e os anéis 2Z e 3Z não são isomorfos.


Questão 18
Para mostrar que I = f −1 (J) é um ideal de A, devemos verificar se as seguintes condições são
satisfeitas
(i) Para qualquer a, b ∈ I, tem-se a + b ∈ I;

(ii) Para qualquer a ∈ I e r ∈ A, ra ∈ I.

(i) Tome a, b ∈ I. Assim, segue da definição de I, que f (a), f (b) ∈ J. Pelo fato de J ser um ideal
(e dái um grupo abeliano aditivo), temos que f (a) + f (b) ∈ J. Como f é um homomorfismo de
anéis, temos que
f (a + b) = f (a) + f (b) ∈ J.
Logo, temos que a + b ∈ I, o que prova a primeira condição para que I = f −1 (J) seja um ideal
(isso implica que I é um grupo abeliano aditivo de A).
(ii) Seja a ∈ I e r ∈ A. Como a ∈ I, temos que f (a) ∈ J. Como J é um ideal de B e f (r) ∈ J, temos
que f (r), f (a) ∈ J. Como f é um homomorfismo de anéis, segue que
f (ra) = f (r)f (a) ∈ J,
e então ra ∈ I, o que prova a segunda condição para que I = f −1 (J) seja um ideal.
Portanto, I é um ideal de A, como queríamos demonstrar.

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