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Introdução
Atualmente estas fontes fazem parte da história das comunidades às quais estão
inseridas, com uma carga cultural muito presente e apesar da cidade tem seu sistema de
abastecimento, elas ainda são utilizadas pela população mais vulnerável de Salvador. Logo
após a implementação do sistema de abastecimento, as fontes foram abandonadas e viraram
alvos de depredação, negligência por parte dos responsáveis a sua manutenção e cuidado.A
despoluição destes recursos é particularmente demorada e abordar este tema para Salvador
não é uma tarefa fácil, pois a cidade não tem conhecimento oficial e regular das condições
físico-químicas e microbiológicas de suas águas subterrâneas, pois o crescimento irregular da
população, a falta de estudos hídricos e o precário saneamento básico corroboram para a
poluição desses recursos naturais. Pode-se dizer que as fontes de água correspondem a
algumas nascentes remanescentes em Salvador.
O livro Caminho das Águas em Salvador mostra dados relevantes sobre os rios
soteropolitanos e seu estado de poluição e ressalta sobre as 41 fontes( minas d'água) presentes
em Salvador, e destas, apenas três possuem nível adequado para o consumo.
A importância histórica dessas fontes, frisa-se pelo fato de que nove destas 41 fontes
estão situadas em terreiros de candomblé. Isso reforça o contexto histórico em que as fontes
foram negligenciadas por serem utilizadas com frequência pela população preta de Salvador,
estas nascentes representam uma ligação ao seus ancestrais que se fundem a natureza,
devendo assim ser mais um motivo de preservação, além do contexto ambiental que se expõe
neste estudo.
Segundo o livro Caminho das Águas em Salvador, através dos meus estudos, todas as
fontes localizadas na cidade encontram-se inadequadas para o consumo humano, ou seja,
essas minas d'água sofreram com o processo desenfreado da urbanização descontrolado, sem
um prévio estudo de conservação das mesmas. O livro explica por tabela os níveis de
coliformes de nitratos presentes nas águas, constatando que somente, ainda, algumas delas são
adequadas para única e exclusivamente para o banho. Muitas dessas fontes se tornaram meios
para as pessoas marginalizadas, sem teto e hipossuficientes de garantir o mínimo de higiene e
matar sua sede.
A Carta Magna de 88, modificou amplamente o domínio das águas no país, no art 20º,
inciso lll, responde: ‘’ São bens da União: os lagos, rios e quaisquer correntes de água em
terrenos , ou que banham mais de um estado, sirvam de limites com outros países, ou se
estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as
praias fluviais. Mas o Brasil possui três esferas de administração: União, Estados e
Municípios; nesta razão que a mesma Constituição, em seu art 26º, l, estabelece que
‘’incluem-se entre os bens dos Estados as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes,
emergentes e em depósito”.
Existe a necessidade em mencionar a competência que cabe ao Município, de acordo
com o art. 30, inciso I da Constituição Federal, que dá a ele competência para legislar sobre o
assunto de interesse local, se faz necessário em deixar claro que a preocupação com a emissão
de efluentes domésticos e industriais, é assunto de grande interesse local, já que é dever do
município manter a água limpa, em condições de ser destinada ao abastecimento doméstico,
após o devido tratamento. Sendo assim, é entendido que à União atribui-se à criação, alteração
e extinção de direito sobre as águas, ao contrário da regulamentação de normas
administrativas relativas à utilização, preservação e recuperação, do bem ambiental, na
qualidade de bem público.
Desta maneira, cabe ao operador do direito localizar o dano, identificar o autor e fazer
a relação entre a ação do autor e o dano descoberto. Nesse momento se diferencia a
responsabilidade civil no direito tradicional e a responsabilidade civil no âmbito ambiental,
que é objetiva em tempo integral, ou seja, o empreendedor assume os riscos da sua atividade
sem excludentes.
Não se leva em conta, qualquer discussão a respeito do animus que envolve a conduta
do agente. Deixando de lado, portanto, a comprovação de dolo ou culpa, sendo exigida
apenas, em responsabilidade fundada no ato ilícito.
Se a atividade causadora do dano for considerada lícita, não pode ser admitida como
excludente da responsabilidade, pois vai contramão ao sistema de responsabilidade objetiva.
O art.14, §1º da Lei 6.938/81 cita, “Sem obstar a aplicação das penalidades previstas
neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou
reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade...”.
Portanto, o Estado deve arcar com a responsabilidade civil em âmbito ambiental a fim
de reparar os danos sucedidos pela má fiscalização de atividades de pessoas físicas do poder
privado em face da reparação das lesões ecológicas causadas pelo mau gerenciamento do
poder público, em caráter de pessoas jurídica pública (O ESTADO DA BAHIA). Vale frisar a
legislação estadual em sua lei de recursos hídricos LEI Nº 11.612 DE 08 DE OUTUBRO DE
2009:
Jurisprudência.
Como já foi conhecida pelo nome de ‘’cidade das mil fontes’’ pela sua riqueza hídrica,
hoje, se encontra em um cenário de desfasamentos das leis ambientais, da corrupção gerada
pela ganância política negligenciando um dos nossos bens mais preciosos e fartos, a água!
Junto com os recursos naturais se degradando se esvai nossa história, pois Salvador é
constituída, tanto pelas suas belezas naturais e pelas riquezas históricas também.
Para que criar leis se estas não vêm sendo aplicadas? Dando espaço para uma política
que inviabilize nosso crescimento como sociedade, como cultura, como um todo. A crítica se
versa sobre o magistrado brasileiro que também falha na sua execução, dando prioridade às
grandes empreiteiras e empresas imobiliárias.
Não é necessário impedir o progresso econômico do mundo para que haja proteção ao
meio ambiente, só é preciso que o ser-humano haja de forma sustentável e consciente, desta
maneira, nossos recursos naturais se manterão preservados e nossa qualidade de vida irá
aumentar.
Referências
http://www.meioambiente.ba.gov.br/arquivos/File/Publicacoes/Livros/caminhod
asaguas.pdf
https://www.abas.org/arquivos/legislacaoba.pdf
https://rigs.ufba.br/index.php/rigs/article/viewFile/17937/11590
https://brasil.un.org/pt-br
https://www.correio24horas.com.br/noticia/nid/antigas-fontes-da-capital-baiana-
sao-entregues-ao-descaso/
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
https://leismunicipais.com.br/a/ba/s/salvador/decreto/2018/2992/29921/decreto-
n-29921-2018-regulamenta-os-dispositivos-da-lei-municipal-n-8915-de-26-de-
setembro-de-2015-que-dispoe-sobre-a-politica-municipal-de-meio-ambiente-e-
desenvolvimento-sustentavel-e-institui-o-cadastro-municipal-de-atividades-
potencialmente-degradadoras-e-utilizadoras-de-recursos-naturais-cmapd-no-
municipio-de-salvador-e-da-outras-providencias