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A Circular Economy Portugal saúda este Plano de Ação para a Economia Circular. Os Estados
têm um papel fundamental a desempenhar na transição, pois dispõem de ferramentas
reguladoras, institucionais e financeiras que permitem orientar o mercado e as práticas
sociais. Este plano indica uma série de caminhos para a operacionalização dessas
ferramentas, tendo por isso a nossos olhos grande valor.
Precisamente por dispor dos meios para criar, dentro dos seus limites, um quadro favorável
ao florescimento da economia circular, o Estado tem, cremos, a responsabilidade de dar o
exemplo. Incentivamos o Estado a assumir compromissos de implementação de práticas
circulares no seu funcionamento e nas instituições que tutela. Tanto o valor de exemplo
como o impacto gerado podem ser muito altos: e se as escolas públicas passassem a usar
pelo menos 50% de papel reciclado, ou introduzissem medidas de reaproveitamento de
água? E se as instituições públicas lançassem projetos-piloto na área da servitização,
experimentando adquirir serviços em vez de produtos e impulsionando assim novos
modelos de negócio circulares?
A figura das compras públicas ecológicas, que neste plano merece toda uma agenda, é
certamente um importante eixo de ação (basta pensar nas obras públicas, dado o impacto
ambiental do sector da construção), mas existem outras estratégias para além da compra,
como por exemplo medidas voluntárias de redução do uso de certos recursos.
2) Operacionalização do plano
No âmbito da Ação #2, parece-nos pertinente sugerir a criação de um Fair Finance Guide
(guia da finança justa) para Portugal, à semelhança do que já existe noutros países,
Na Ação #5 “Nova Vida aos Resíduos” notámos a ausência de uma estratégia para os
resíduos orgânicos. A obrigatoriedade (progressiva) da recolha seletiva de orgânicos,
incluindo domésticos, deveria ser estabelecida, a par de uma aposta clara na compostagem
como destino. Em geral, incentivamos a elaboração de uma estratégia detalhada para a
promoção da bioeconomia, que vai de par com a economia circular.
Este plano detalha uma série de ações pertinentes a executar. No entanto, essas ações não
são acompanhadas de metas claras que indiquem para onde se quer caminhar e permitam
perceber a que ritmo se está a avançar. Essas metas devem incidir sobre os impactos das
ações e não sobre a dimensão das ações em si, ou dito de outro modo, a obrigação de
resultados deve substituir-se à obrigação de meios. Definir o número desejável de parcerias
com municípios ou os montantes a investir em projetos de economia circular não chega. É
importante escolher indicadores que permitam revelar os resultados reais dessas medidas,
e definir os resultados ambicionados. Na agenda setorial dedicada à construção, por
exemplo, seria desejável incluir indicadores como a percentagem de materiais reciclados na