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Anais
Organizadores:
ISSN 22367926
3 e 4 de agosto de 2011
São Paulo – SP
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X Congresso Brasileiro de Marketing Político
10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
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10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
REALIZAÇÃO
APOIO
Site: http://www.mackenzie.br/politicom10.html
e-mail : pesquisa.ccl@mackenzie.br
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COMISSÃO ORGANIZADORA
PRESIDENTE
Prof. Dr. Adolpho Queiroz
COORDENAÇÃO GERAL
Profa. Dra. Angela Schaun
COMISSÃO ORGANIZADORA
Prof. Dr. Adolpho Queiroz – Coordenador Geral do X POLITICOM
Prof. Dr. Alexandre Huady Torres Guimarães – Diretor do Centro de Comunicação e
Letras da Universidade Presbiteriana Mackenzie
Profa. Dra. Angela Schaun – Coordenadora de Pesquisa do Centro de Comunicação
e Letras da Universidade Presbiteriana Mackenzie
Prof. Ms. Osvaldo Takaoki Hattori – Coordenador do Curso de Jornalismo da
Universidade Presbiteriana Mackenzie
Prof. Dr. Perrotti Pietrangelo Pasquale - Coordenador do Curso de Publicidade,
Propaganda e Criação da Universidade Presbiteriana Mackenzie
Prof. Dr. Ronaldo de Oliveira Batista - Coordenador do Curso de Letras da
Universidade Presbiteriana Mackenzie
COMISSÃO CIENTÍFICA
Prof. Dr. Adolpho Queiroz – Coordenador Geral do X POLITICOM
Profa. Dra. Angela Schaun – Coordenadora de Pesquisa do Centro de Comunicação
e Letras da Universidade Presbiteriana Mackenzie – UPM
Profa. Dra. Letícia Costa – Universidade de Taubaté - UNITAU
Prof. Ms. Victor Kraide Corte real – PUC,Campinas/SP
Prof.Dr. Roberto Gondo – Universidade Presbiteriana Mackenzie – UPM
Prof.Dr.Perrotti Pietrangelo Pasquale– Universidade Presbiteriana Mackenzie - UPM
Profa. Ms. Lenize Villaça – Universidade Presbiteriana Mackenzie – UPM
Prof. Dra. Maria Cristina Gobbi – Universidade Estadual Paulista UNESP – Bauru
Profa. Dra. Rosana Schwartz – Universidade Presbiteriana Mackenzie – UPM
Profa.Dra. Luciana Panke-Universidade Federal do Paraná
Profa.Dra. Silvia Yasulaitis – Universidade Federal de São Carlos
Profa.Dra. Célia Reetz – Universidade Estadual de São Paulo, UNESP
Prof. Ms. Maurício Romanini – Universidade de Guaxupé/MG
Prof.Dr. Paulo Roberto Figueira – Universidade de Juiz de Fora/MG
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SECRETARIA EXECUTIVA
Odete Radaelli - UPM
APOIO TÉCNICO
Rosana Matos – Secretária – CCL/UPM
Karoline Ceconi - Secretária – CCL/UPM
Eliel Fonseca – Auxiliar Administrativo - CCL/UPM
Janaina Santiago – Auxiliar Administrativo – CCL/UPM
Vanessa Cristina Rodrigues de Oliveira – Estagiária - CCL/UPM
EDITORAÇÃO
Joana Célia Figueiredo Cunha – Editora Mackenzie
CERIMONIAL
Prof. Ms. Marcos Nepomuceno Duarte
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AGRADECIMENTOS
Aos professores Drª Esmeralda Rizzo, ex-Diretora, Prof. Dr. Alexandre Huady
Torres Guimarães, atual Diretor e Profa. Dra. Ângela Schaun, Coordenadora de
Pesquisa do Centro de Comunicação e Letras, pelo total apoio e confiança.
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Comissão Organizadora
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UNIVERSIDADES PARTICIPANTES
Portugal
Universidade Beira Interior
Estado de São Paulo
Universidade Presbiteriana Mackenzie
Universidade de São Paulo
Pontifícia Universidade Católica – São Paulo e Campinas
Universidade Metodista de São Bernanrdo
Faculdades Metropolitanas Unidas, FMU
Universidade Estadual Paulista, Unesp
Universidade Federal de São Carlos
Faculdades Anhanguera, Santa Bárbara d´Oeste
Faculdades Claretianas, Rio Claro,
Centro Universitário Salesiano,Americana,
ISCA,Limeira
FIB, Bauru,
Universidade de Marilia, Unimar
Universidade de Mogi das Cruzes
Universidade de Taubaté
Estado de Minas Gerais
Universidade Federal de Juiz de Fora
Universidade Federal de São João Del Rey
Centro Universitário de Guaxupé
Estado do Paraná
Universidade Federal do Paraná
Estado do Rio Grande do Norte
Universidade Potiguar
Estado do Piaui
Universidade Federal do Piaui
Universidade Estadual do Piaui
CEUT,Teresina
Estado do Tocantins
Universidade Federal do Tocantins
Estado da Bahia
Universidade Federal da Bahia
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04/08 9h às 12h Aud. Rev. Wilson Mesa-Redonda: 80 ANOS DO INTELECTUAL QUE VIROU
de Souza Lopes POLÍTICO - FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
11º andar
Moderador: Profa. Dra. Lenize Vilaça – UPM
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Bruno Antunes
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SUMÁRIO
Apresentação 7
Programação 10
Grupos de Trabalhos 25
GT 1 – RÁDIO 26
GT2 – TELEVISÃO 43
109
A TV COMO INSTRUMENTO DE ORIENTAÇÃO POLÍTICA
Alexandro KUROVSKI
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GT 3 – INTERNET 151
O USO DAS MÍDIAS SOCIAIS PELOS CANDIDATOS NAS ELEIÇÕES 2010 NO 152
BRASIL: BREVE ANÁLISE
Diego Cavalcante Pudo
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G RUPOS DE TRABALHO
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G T – 1 RÁDIO
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RESUMO
O presente artigo analisa os aspectos fundamentais para a construção de um jingle
eleitoral persuasivo e capaz de emocionar o eleitor alvo do processo estratégico de
marketing eleitoral. A partir de uma minuciosa análise de dois importantes jingles
eleitorais apresentados no ano de 2010, coloca em discussão a importância do emprego
dos recursos lingüísticos disponíveis para a criação de textos expressivos, construídos a
partir de um discurso e, ainda, se este discurso possui as particularidades cruciais para
poder emocionar e conquistar eleitores. Assim, este trabalho apresenta conceitos que,
esperamos, possam auxiliar os profissionais de marketing, escritores e redatores ao
criarem textos para jingles eleitorais.
PALAVRAS-CHAVE: rádio, jingle político, eleições.
1. INTRODUÇÃO
1
Faculdade Anhanguera de Santa Bárbara – docente do curso de Publicidade e
Propaganda – fernando.bosco@terra.com.br
2
Faculdade Anhanguera de Santa Bárbara – docente do curso de Publicidade e
Propaganda e Tecnologia em Marketing – crispeixoto@hotmail.com.br
3
Faculdade Anhanguera de Santa Bárbara – docente do curso de Publicidade e
Propaganda – marcelo@dumkt.com.br
4
Faculdade Anhanguera de Santa Bárbara – Coordenador do curso de Publicidade e
Propaganda e Tecnologia em Marketing– paulo.delboux@aedu.com
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música, por ser capaz de trazer à tona um discurso com poderes persuasivos, em forma
de jingle, este estudo busca identificar quais os recursos capazes de construí-lo com um
discurso persuasivo e capaz de conquistar o eleitor almejado no processo de marketing
eleitoral.
Martins (2003, p. 117) afirma que ―estudos médicos, mais especificamente os da
neurofisiologia, comprovam que nossa capacidade de memorizar sons e tudo a eles
relacionado (ritmo, compassos, etc.) é maior que a capacidade de retenção de imagens.
Dá-se a estas capacidades diferentes os nomes de retenção ecóica (para os sons; palavra
derivada de eco) e retenção icônica (para as imagens; palavra derivada de ícone)‖.
Se nossa capacidade ecóica é consideravelmente maior que nossa retenção
icônica, a música, constituída de sons, possui diferentes e importantes relações com os
impactos emocionais causados. Nettl (1983) afirma que a música pode ser elevada ao
status de ciência ao combinar sons de maneira lógica e expressiva; ligando música à
comunicação e à linguagem: música é discutida em termos de tons (os elementos
básicos de construção da música), beleza e inteligibilidade (música como arte e ciência)
e expressividade (música como comunicação).
Assim, se música é também uma forma de comunicação e, o rádio, o canal capaz
de transmiti-la, torna-se fundamental conceituá-lo:
2. O RÁDIO
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sonora, e descritiva, quando o movimento espacial que denota a música descreve uma
paisagem, a cena de ação de um relato. A música é imagem no rádio. (Meditsch, 2005,
332).
Segundo Exupério de La Compôte (1977, p. 230) ―não existe linguagem mais
antiga e mais espontânea do que a música‖. Se a música é um veículo de uma
mensagem, pode-se afirmar que o jingle, ―peças musicais cantadas compostas
especialmente para a marca anunciante‖ como afirma, categoricamente, Figueiredo
(2007, p.113) torna-se a peça publicitária capaz de concretizar a transmissão desta
mensagem.
3. O JINGLE
Deste modo, a música, além de um significado social pode construir uma relação
de sentidos singulares e coletivos com os receptores da mensagem, criando assim uma
consciência afetiva do eleitor com o candidato.
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E, ainda, Martins (1997, p. 49) conclui que ―as relações entre linguagem e
sentimentos constituem a característica primordial da expressividade; por isso, ela é
explorada pelos bons escritores e pelos bons redatores publicitários‖.
Cabe, agora, uma minuciosa análise do emprego destes recursos e da construção
textual em famosos jingles eleitorais para corroborar com o estudo realizado até o
momento.
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Martins (1997, p. 56) afirma que ―as aliterações estabelecem correspondência
agradável dos sons e efeitos fônicos com as idéias expressas na frase ou texto‖.
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O jingle eleitoral utilizado pelo candidato do PSDB à presidência, José Serra, foi
apresentado durante a convenção do PSDB realizada dia 12 de junho de 2010, que na
ocasião, lançou sua candidatura. O jingle ―Eu quero Serra‖ de autoria não encontrada é
apresentado a seguir:
Eu quero Serra
Agora é Serra
Pra cuidar dessa nação
Agora é Serra
Pra cuidar da gente
Eu quero Serra
Não tem comparação
Eu quero Serra
Nosso presidente
Serra porque é
O mais preparado
Serra porque tem
Um caminho pro futuro
Serra porque sempre
Teve do meu lado
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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS
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G
T2 - TELEVISÃO
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RESUMO
Em 2010, na quinta eleição presidencial consecutiva em que PT e PSDB polarizaram a
disputa, que estratégias discursivas Dilma Rousseff e José Serra utilizaram para se
associarem (ou não) às principais figuras públicas de seus partidos – respectivamente,
Lula e Fernando Henrique Cardoso? Com base na análise de conteúdo dos dez
primeiros programas televisivos do Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral (HGPE)
no período noturno, pretende-se avaliar essa questão à luz de contextualização do
cenário eleitoral e das discussões teóricas acerca do processo de personalização da
política contemporânea.
PALAVRAS-CHAVE
Comunicação política; HGPE; campanha de 2010
Introdução
Na contemporânea democracia brasileira, o Horário Gratuito de Propaganda
Eleitoral (HGPE) de rádio e televisão tem papel central nas campanhas políticas. Além
6
Trabalho apresentado ao GT 2 – Televisão – do X Congresso Brasileiro de Marketing
Político.
7
Doutor e mestre em Ciência Política (Iuperj). Professor do mestrado e da graduação na
Faculdade de Comunicação da UFJF; e-mail: pabeto.figueira@uol.com.br
8
Graduanda em Comunicação da UFJF. Bolsista voluntária do PET-Facom (UFJF); e-
mail: aliceemb@gmail.com
9
Graduanda em Comunicação da UFJF. Bolsista MEC-SESu do PET-Facom (UFJF); e-
mail: nalupitta@yahoo.com.br
10
Graduando em Comunicação da UFJF. Bolsista PIBIC (CNPq/UFJF); e-mail:
cleitonribmart@gmail.com
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Wattenberg observa que, no caso específico dos EUA, a habilidade dos partidos
em polarizar a opinião pública em dois campos rivais diminuiu ao longo das décadas,
incentivando a volatilidade. Com o declínio dos partidos e a baixa participação do
eleitorado, o vácuo foi ocupado pelos candidatos. A eleição de Reagan em 1980 foi o
marco da emergência dessa nova era.
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Popkin sustenta que, assim como preconizava Downs, os eleitores não têm
estímulos para buscar informações, pois esse processo apresenta custos. Na realidade,
não existiria o cidadão cívico, cônscio de suas responsabilidades frente ao bem comum,
para o qual ele contribui desinteressadamente. Como o eleitor não tem incentivos em
buscar informações políticas, os dados com os quais ele trabalha são subprodutos de
informações advindas de outras atividades – pessoais ou econômicas, por exemplo. As
informações que se usa para o cálculo político são indiretas e decorrem de impressões
geradas em outros campos da vida cotidiana.
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ainda mais cristalizados e que são líderes de seus respectivos partidos? É o que se
discute a seguir, com base em análise de conteúdo dos dez primeiros programas do
Os dez primeiros dias de Dilma Rousseff no HGPE: Dilma é Lula, Lula é Dilma
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crianças de seis meses a seis anos de idade. O candidato sustentou que o Bolsa-
Alimentação deu origem ao Bolsa-Família do governo Lula – um dos programas sociais
mais bem avaliados entre os mais pobres, e que teria continuidade e seria ampliado em
seu eventual futuro governo.
Outra menção ao governo Lula foi a promessa de extensão do ProUni (programa
do governo federal que tem como finalidade conceder bolsas integrais e parciais em
instituições de ensino superior privadas) para o ProTec (programa sugerido por Serra,
que pretenderia conceder bolsas e ajudas em dinheiro para alunos do ensino técnico).
Nesse quarto programa, a única crítica efetiva ao governo Lula foi a lembrança do
escândalo do Mensalão: José Dirceu e Palocci, ex-ministros de Lula, foram citados no
programa.
No quinto programa no HGPE tucano, numerosas referências ao governo Lula se
repetiram (e em tom apenas moderadamente crítico): Serra iniciou o horário eleitoral
deixando claro que não iria interromper ações feitas pelo governo anterior, o que
implicava legitimar as ações em curso. O candidato prometeu dar continuidade ao que
foi feito de maneira bem sucedida, corrigir o que deu errado e ―acelerar o que está
devagar‖, numa ironia ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Na
propaganda, Serra afirmava que, quando foi prefeito de São Paulo, deu continuidade a
todas as obras de sua antecessora, Marta Suplicy (PT), e insinuou que o governo Lula
não fez o mesmo.
Essa acusação ao governo Lula apareceu novamente no sexto dia de HGPE. A
relação feita entre o Bolsa-Alimentação e o Bolsa-Família também se repetiu, bem
como a promessa de manter o Bolsa-Família. Somente no sétimo dia de exibição o
tucano subiu o tom das críticas ao governo, quando finalmente se percebeu o uso dos
recursos de retórica tipicamente da oposição, definidos por Figueiredo et all (2000,
p.152) como a representação de ―um mundo atual que está ruim‖.
Nesse período, houve a violação dos dados relativos às declarações de imposto
de renda de pessoas ligadas a Serra (por exemplo, sua filha). A radicalização do
discurso oposicionista nos programas coincidiu com o agravamento da crise e o oitavo e
o nono programas foram quase inteiramente dedicados a esse fato. No décimo
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programa, Serra voltou a enfatizar sua trajetória como ministro – dessa vez, com foco
no período em que ocupou o Ministério do Planejamento e foi chamado, segundo o
programa, de ―ministro do Real‖.
Durante os dez programas analisados, Fernando Henrique Cardoso não apareceu
diretamente com depoimentos sobre o candidato do PSDB e as referências ao período
de seu governo, de 1995 a 2002, concentraram-se nas realizações do próprio José Serra
como ministro. Quanto às referências ao governo Lula, uma dicotomia: ao lado de
menções de que daria continuidade a seus principais programas e mesmo de uma
abordagem positiva do presidente (a de que, como Serra, ele teria história e
experiência), houve um tom mais oposicionista à medida que a disputa avançava, com
base na lembrança de escândalos políticos.
Considerações Finais
O HGPE figura entre as variáveis mais importantes das campanhas políticas. Por
contar com o apelo que o audiovisual oferece, com a proximidade que a televisão
guarda com o público, os candidatos passam a entrar na casa das pessoas, ficando mais
próximos dos eleitores, que utilizarão as informações veiculadas nos programas tanto
para refletirem quanto à sua escolha, caso estejam indecisos, como para embasar seus
argumentos nas conversas sobre política que vêm à tona nessa época, caso já tenham se
decidido por determinado candidato.
Apesar de não ser uma ferramenta que conta com uma distribuição igualitária, já
que os partidos políticos com pequena representação conseguem pouco tempo de
exibição, e tendem a continuar minoritários, o HGPE surgiu com a intenção de impedir
que a grande mídia favorecesse determinado candidato ou partido, que poderiam ter
mais destaque, mais oportunidade para apresentar suas ideias.
Mesmo sendo utilizado como forma de angariar informações sobre os
candidatos, e poder influenciar diretamente na opção dos que estavam indecisos antes
do início das exibições, o HGPE não tem o poder de conseguir, sozinho, conquistar uma
eleição. Assim, o horário eleitoral tende a reforçar aquilo que já estava posto de alguma
forma.
A análise dos dez primeiros programas televisivos de Dilma e de Serra em 2010
mostra justamente que os candidatos tentaram, de formas distintas, agregar suas
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imagens à do presidente Lula. A candidata, que não era muito conhecida pelo grande
público, esforçou-se em apresentar-se como sua sucessora natural – afinal, o governo
que se encerrava era o de ―Lula e de Dilma‖. Tal esforço foi percebido durante toda a
campanha, sendo empregado com maior força no primeiro dia de exibição, quando Lula
foi o personagem principal.
Já Serra, não podendo atacar diretamente o presidente Lula, que contava com
grande aprovação, optou por apresentar-se como o candidato mais indicado, por conta
de sua experiência, para dar continuidade ao governo petista. Logo, a popularidade de
Lula influenciou diretamente a campanha de Serra, que precisava ser visto como um
político que também era capaz de governar para os mais pobres, que também teve
origem simples, tal como o presidente petista.
Elementos como a música nordestina ou a presença de moradores de bairros
populares apareceram em numerosos programas de Serra, bem como a ênfase nas cores
verde e amarelo (o azul e amarelo, cores do PSDB, não apareceram nos programas
analisados), indicando que se tentou adotar um tom que fugisse à pecha de elitismo
associada aos tucanos pelo discurso do PT. No período estudado, Fernando Henrique
Cardoso foi o grande ausente da campanha tucana.
Ao longo dos dez primeiros dias, portanto, Dilma e Serra tentaram mostrar, cada
qual a seu modo, que seriam os melhores continuadores do governo Lula. Muito além
de apresentaram ideias novas ou exporem sistematicamente uma visão crítica do atual
governo (mesmo que isso tenha ocorrido na campanha de Serra, principalmente à
medida que o cenário se complicava eleitoralmente para ele), ambos optaram por
apresentar em seus programas que os avanços do governo Lula teriam continuidade caso
fossem eleitos.
Em resumo, nos programas de Dilma, Fernando Henrique não existiu como
figura pública relevante – menções a ele apareceram apenas para demonstrar que seu
governo foi um fracasso; já a proximidade da candidata com Lula foi o centro de sua
estratégia discursiva na campanha. Nos programas de Serra, FHC esteve completamente
ausente, exceto nas menções à gestão do candidato no Ministério da Saúde. O governo
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Lula, por sua vez, teria, segundo o tucano, seus programas continuados e o próprio Lula
foi poupado de críticas.
Essas estratégias evidenciam a difícil tarefa de Serra. Se, em 2002, ele foi o
candidato de situação de um governo então mal avaliado, em 2010 ele era candidato de
oposição a um governo bem avaliado: os dilemas a isso associados foram letais para o
posicionamento discursivo do candidato.
Referências bibliográficas
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Janeiro: Iuperj, 2001.
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RESUMO
Nas eleições presidenciais de 2010, temas tidos como tabus pela sociedade
brasileira foram trazidos ao primeiro plano das discussões. Os candidatos
Dilma Rousseff e José Serra posicionaram-se quanto a seus valores relativos
às concepções de “família” em seus programas. Por meio de uma análise de
conteúdo do Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral (HGPE) de televisão do
segundo turno, o artigo procura apontar qual foi o posicionamento discursivo
dos candidatos sobre a questão familiar e sobre debates relacionados a esta
temática, como a questão do aborto/defesa da vida.
PALAVRAS-CHAVE
INTRODUÇÃO
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Ronald Kuntz (1996, p. 63) conceitua esses como temas segregacionistas, pois
“ao
abordá-los, o candidato é obrigado a definir uma posição que vai,
inevitavelmente, dividir o
eleitorado”. O autor explicita que entre os assuntos que constituem temas
polêmicos,
“poderíamos citar aqueles ligados ao credo, à classe social ou econômica, às
questões raciais,
às rivalidades cotidianas (regionais, esportivas, etc), à ideologia, ao sexo, à
idade” (p. 63).
Segundo ele, “essas posições devem ser particularmente evitadas por quem
concorre às
eleições pelo sistema majoritário” (p. 63).
Nas eleições presidenciais brasileiras de 2010, contudo, uma dessas questões
(o
aborto) emergiu com papel destacado: ainda durante o primeiro turno das
eleições, uma
suposta mudança de posicionamento da candidata Dilma Rousseff (PT) no
tocante à
descriminalização do aborto foi destacada pela Revista Veja como oportunismo
eleitoral. A
candidata tentou se desvencilhar desta imagem de contraditória, pois contava
com o apoio de
religiosos à sua candidatura e o tema poderia gerar perdas em sua base aliada,
mas o tema foi
explorado pela candidatura de José Serra (PSDB). A discussão se estendeu
durante todo o
restante da campanha, no bojo de discursos relativos a quem seria mais apto a
apresentar-se
como “defensor da família brasileira” e “quem valoriza a vida”.
Qual é o discurso social a respeito do que é um núcleo familiar? Certamente,
como
fenômeno histórico, há processos de (re)significação das percepções públicas
do que seria a
família padrão. Aquilo que as forças políticas dizem sobre o tema constitui
variável relevante
para indicar quais são essas percepções (e as mudanças ali operadas), com
impacto em
debates como qual deve ser a função da família na educação dos filhos, quais
seriam os
parâmetros das relações conjugais e qual deve ser o papel da mulher dentro
desta família. O
silenciamento sobre as novas conformações do que pode ser chamado de
família também
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constitui indício sobre quais são os lugares de onde partem esses discursos e
quais as suas
intenções.
Através de uma análise de conteúdo qualitativa dos doze primeiros programas
dos
candidatos, veiculados entre 08/10 e 19/10, no segundo turno do pleito, busca-
se, no presente
artigo, verificar quais foram as concepções de família e de defesa da vida
presentes nos
programas de Dilma e de Serra, com base não somente naquilo que se disse,
mas também
nesses silenciamentos acima mencionados.
Família é um conceito que atravessa os anos passando por diversas
modificações e,
por carregar consigo um valor político considerável, “ela tem vindo a constituir
uma unidade
política constantemente sob a mira do poder, ansioso por lhe configurar a
forma „ideal‟, bem
como seus modelos de funcionamento”, segundo Isabel Dias (1994, p. 97).
A partir do engendramento dos discursos de uma família nascente da
sociedade sobre
si mesma com o discurso dessa sociedade sobre o que seja o modelo familiar
é que surge o
conceito central de família. Cynthia Sarti (2004, p. 13) lembra que o discurso
oficial sobre
família, “embora culturalmente instituído, comporta uma singularidade. Cada
família constrói
sua própria história, ou seu próprio mito, entendido como uma formulação
discursiva em que
se expressam o significado e a explicação da realidade vivida”
Pensar a família, então, como uma realidade que se constrói por meio do
discurso
sobre si mesma, internalizado pelos sujeitos, é uma forma de buscar uma
definição que não se
antecipe à realidade das famílias, mas que permita pensá-las como elas
constroem a noção de
si. Supõe-se que isso se faz em cultura, dentro, portanto, dos parâmetros
coletivos de tempo e
do espaço no qual vivemos e que ordenam as relações de parentesco (entre
irmãos, entre pais
e filhos e entre marido e mulher) - e os seres humanos se constituem em
cultura, portanto,
simbolicamente, diz Sarti (2004, p. 14).
A família, portanto, é arena de um jogo entre o mundo subjetivo e o mundo
exterior no
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construção de casas “Minha Casa, Minha Vida” foi apresentado a partir da ideia
de que
propiciaria a felicidade das famílias, com “amor, união, segurança”. Em uma
das falas, Dilma
dizia que “não é a casa. São as pessoas que estão na casa”.
Já Serra falava, no primeiro programa, da “defesa da vida”. A conciliação entre
os
termos “vida” e “família” pode ser observada em uma de suas primeiras
propostas, o projeto
“Mãe Brasileira”. O programa abordava a ideia de que a família só seria
possível com “o dom
da vida” dado à mulher. Desta forma, o candidato se protegia de uma narrativa
que poderia ser
construída contra ele pelo fato de sua adversária ser uma mulher. A escolha
estratégica da
apresentação dessa proposta, com imagens de grávidas e bebês, logo no
primeiro programa do
segundo turno, remetia indiretamente aos discursos de que Dilma seria a favor
do aborto. O
contraponto se construída com narrativas como “Serra sempre condenou o
aborto e defendeu
a vida” e “Serra defende os valores da família brasileira, o valor cristão, o valor
da vida”.
No segundo dia de programa eleitoral (09/10) Serra apresentou o mesmo
programa do
dia anterior. Dilma voltou a apresentar o programa “Minha Casa, Minha Vida”
como
realização dos sonhos da família brasileira: o programa trazia a imagem da
família Silva,
mostrada como feliz e realizada por ter participado do “Minha Casa, Minha
Vida”. A
realização do sonho era citada por um dos membros da família: “Eu já vejo um
Brasil com
condições de comportar os meus sonhos”, numa clara associação de que a
felicidade passava
pela construção de uma família.
Outra menção feita à família no segundo dia da campanha petista apareceu na
frase
“Governo Lula pra gente é um governo família. A favor da família, a favor da
vida”. Depois
da forte tentativa de Serra de associar Dilma à legalização aborto, enfatizar o
compromisso da
candidatura governista com o conceito de família e de defesa da vida foi a
estratégia utilizada.
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o narrador versava sobre Rousseff ser “mulher, mãe e avó”, além de ser uma
mulher que
“respeita a vida”. As fotografias mostravam Dilma com sua filha, com seu neto
recém-nascido
e com o Papa Bento XVI. As imagens, assim como o texto, serviam justamente
para que
fossem dissolvidas as ideias de que a candidata seria pró-aborto.
Ao falar sobre os programas que tiveram início no governo Lula, e que
contaram com
sua participação, Dilma afirmava que tal governo “pensou na família brasileira
em primeiro
lugar”. A seguir, na descrição dos programas, enfatizava-se a importância que
tiveram para as
famílias. Na descrição do programa “Minha Casa, Minha Vida”, Dilma aparece
entre uma
mulher, um homem e seus dois filhos, enquanto se dizia que tal projeto estava
realizando o
sonho da casa própria de diversas famílias. Mais uma vez, a expressão família
era utilizada
concomitantemente à exibição de imagens de famílias nucleares, como se tais
formações
fossem as únicas existentes, as naturais.
O programa mostrava, ainda, uma animação, em que apareciam ícones
representativos
de um homem, uma mulher com um carrinho de bebê e uma criança junto aos
dois. Enquanto
isso, era dito que Dilma iria fortalecer a família brasileira, novamente
representada pela
formação tradicional. Mais uma animação foi exibida, enquanto o narrador
afirmava que no
governo da candidata seriam construídas creches, para garantir tranquilidade
aos pais e mães e
aprendizagem adequada às crianças.
A animação mostrava uma professora que desenhava num quadro negro um
homem de
mãos dadas com uma mulher, segurando uma criança pela mão. Por fim,
afirmava-se mais
uma vez que, com ações integradas, Dilma fortaleceria a família brasileira
(ressalte-se: uma
família nuclear fortemente ditada por um conceito biológico). Enquanto isso, no
sexto dia do
horário político, Serra não apresentou um programa inédito, reprisando o último
exibido.
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SEGUNDO TURNO
No sétimo dia do HGPE (17/10), Dilma Rousseff disse que “as famílias
brasileiras
consolidaram várias conquistas”, lembrando os avanços econômicos durante o
governo Lula,
que teriam sido frutos também da intervenção da candidata através de
programas como o
“Minha casa, minha vida”. A ênfase na família brasileira evidenciou-se também
em textos
como “pra fortalecer a família brasileira, Dilma vai construir dois milhões de
casas.”
Ainda nesse programa, falava-se de mulheres que participaram da história
como
mulheres à frente do seu tempo: três personalidades era citadas - Anita
Garibaldi, Madre
Teresa de Calcutá e Joana D´Arc. Vale ressaltar que duas, das três mulheres,
foram religiosas
e defenderam valores familiares.
Serra, no sétimo programa, também se apresentava como o defensor da
família
brasileira e dizia dar um grande valor às mulheres brasileiras, muitas vezes
chefes de família,
“que seguram a barra nos momentos difíceis”. O candidato chegava a dizer que
o maior sonho
das mulheres seria ter uma casa própria para sua família. Todas as famílias
exemplificadas na
apresentação do programa habitacional do candidato tinham mulheres
mostrando seus
apartamentos (todas elas com filhos e um homem). Famílias com todos
andando de mãos
dadas, juntos, cobriam um texto que falava em “benefícios para famílias de
todo o país”. A
inserção de mulheres grávidas, dizendo que o dom da vida é o mais
importante, eram
sucedidas pelo slogan “A favor da vida, a favor do Brasil”.
A Propaganda Eleitoral veiculada no dia 14 de outubro começava com José
Serra
utilizando-se da moral religiosa, que apelava a esse sentido de família
tradicional. Dilma
mostrava um personagem popular, para exemplificar sucessos do governo. Em
ambos os
casos, essas personagens tinham a sua família nuclear tradicional
estabelecida. No dia
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O candidato José Serra, por sua vez, tentou repercutir de maneira direta ou
indireta, na
maior parte das exibições, a ideia de que sua adversária era defensora do
aborto, sendo contra
a vida. Ao colocar-se como o candidato “a favor da vida” e pela esperança do
Brasil, Serra
tentou imprimir à sua adversária uma imagem oposta à sua. Ainda que tenha
feito uso de
mensagens diretas para criticar Dilma, foi através de suas referências indiretas
à vida que
Serra buscou consolidar sua imagem como candidato contra o aborto e a favor
da família – o
que implicava, obviamente, um discurso naturalizador também sobre como
essa família
deveria ser estruturada.
É sintomático que os candidatos dos dois partidos que governaram o país nos
últimos
dezesseis anos, mantendo-se sempre em lados opostos, tenham defendido
posições similares
no que tange ao sentido social do que seja família e os debates a isso
relacionados: essas
narrativas sobre o tema reforçam como o temor de represália eleitoral, por
parte dos setores
mais conservadores da sociedade, constrangeu o debate público sobre o tema,
que deveria ter
sido potencializado num momento de escolhas cruciais para os destinos do
país.
REFERÊNCIAS
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Luciana PANKE12
Lucas GANDIN13
Taiana BUBNIAK14
Tiago César Galvão de ANDRADE15
Universidade Federal do Paraná - UFPR
RESUMO
11
Trabalho apresentado no GT 2 – Televisão, no X Politicom - Congresso Brasileiro de Marketing
Político. Universidade Mackenzie, 03 e 04 de agosto de 2011. Artigo traz recortes dos resultados da
pesquisa ―Gramática do Discurso Político e Eleitoral‖, desenvolvida pelos autores, sob a coordenação e
orientação da Profa. Dra. Luciana Panke, na Universidade Federal do Paraná.
12
Doutora em Ciências da Comunicação (USP); Professora da Universidade Federal do Paraná nos cursos
de graduação em Comunicação Social (Publicidade e Propaganda e Relações Públicas) e do Programa de
Pós-graduação em Comunicação, do qual é vice-coordenadora. Diretora Sul da Sociedade Brasileira de
Profissionais e Pesquisadores de Marketing Político (Politicom) e autora do livro ―Lula do sindicalismo à
reeleição: um caso de comunicação, política e discurso‖. São Paulo, Editora Horizonte: 2010. Contato
panke@ufpr.br
13
Jornalista, Relações Públicas e mestrando em Comunicação, na Universidade Federal
do Paraná. Integrante da pesquisa ―Gramática do Discurso Político e Eleitoral‖. Bolsista
Reuni. imeiodolucas@yahoo.com.br
14
Jornalista e mestranda em Comunicação, na Universidade Federal do Paraná.
Integrante da pesquisa ―Gramática do Discurso Político e Eleitoral‖. Bolsista Reuni.
taianabub@gmail.com
15
Estudante de graduação em Relações Públicas, na Universidade Federal do Paraná,
integrante da pesquisa ―Gramática do Discurso Político e Eleitoral‖, modalidade
Iniciação Científica. Bolsista CNPq. tiagoandrade.rp@gmail.com
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também, aquilo que é o objeto do desejo (FOUCAULT, 1996, p. 10). Assim, omitir e
excluir compõe uma das formas de lutar pelo espaço onde os discursos são visíveis. No
nosso caso, para garantir estar nas esferas onde as decisões são tomadas, onde a política
é feita, os candidatos nas democracias deliberativas para se fazer ouvir, muitas vezes
instigam o outro a se calar.
A primeira categoria relaciona-se com o que Perelman e Olbrecths-Tyteca
(1996) apresentam como o argumento ―pessoa e seus atos‖, no Tratado da
Argumentação. ―Tudo quanto pode ser considerado emanação da pessoa como ações,
modos de expressão, reações emotivas, cacoetes involuntários ou juízos, pode ser
considerado ato, cuja presença não apenas ajuda a solidificar a imagem como faz uma
ligação entre passado e futuro‖ (PANKE, 2010, p. 53). Isto significa que valores,
atitudes, realizações e conceitos de determinado auditório são evidenciados e visam
projetar determinada imagem. ―Essa própria pessoa é conhecida através de seus atos, de
suas manifestações, pois existe uma solidariedade profunda da ideia que se tem da
pessoa e o conhecimento que se tem do conjunto de seus atos‖ (Perelman, 1997 p.224).
Com isso, o discurso do oponente pode se fazer valer do que já é conhecido pelo
público e contrapor os dados, questionando a idoneidade do que já foi divulgado. O
mesmo conceito aplicado por Perelman no argumento da relação ato x pessoa é
defendido por Copi (1974) como sendo uma argumentação ad hominem que pode ser
analisada sob dois parâmetros: o ofensivo e o circunstancial. O ofensivo refere-se à
tradução literal de Argumentum ad Hominem: ―argumento dirigido contra o homem‖. É
aplicado quando ―em vez de tentar refutar a verdade do que se afirma, ataca o homem
que fez a afirmação‖ (Copi, 1974 p.75).
O caráter circunstancial da argumentação ad hominem vem da relação entre as
convicções do orador e do contexto a que se vincula. Neste ponto, relaciona-se com as
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16
Algumas vezes nem a imagem do partido, nem minha imagem está tão boa para fazer
uma campanha, o que mais convém é focar no outro, porque tem uma imagem péssima
e então decido que vou fazer uma campanha negativa contra o outro, porque minha
imagem não é conhecida, bem boa e a do meu partido não anda bem; ah, mas o outro
tem um passado negro sensacional que não podemos desperdiçar (...) que fazemos,
vamos trabalhar a favor da minha imagem ou da imagem do partido ou contra a imagem
do outro. Esta é outra estratégia. (Tradução livre)
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necessidade de combater não lhes deixando qualquer esperança de salvação, a não ser
na vitória. Esse é o meio mais poderoso e mais seguro de tornar os soldados
encarniçados no combate‖ (MAQUIAVEL, publicado em 2006, p. 121).
Para implantar tal sentimento não é necessário amparar-se em fatos, mas em
suposições e escolher a melhor maneira de apresentar o conflito. A Internet é um
veiculo muito utilizado para que isso ocorra, pois a viralização faz com que a mensagem
negativa chegue ao eleitor por meio de pessoas conhecidas. Já em relação às mensagens
de massa, a televisão favorece também a veiculação de apelos emocionais pelos códigos
de linguagem que facilitam a decodificação das mensagens. Melzner (2011) afirma que
―um vídeo contagia mais que qualquer texto. Evoque emoções, pois o conteúdo é
secundário‖.
2 ESTUDO DE CASO
17
As decupagens compreendem a transcrição de todas as falas dos programas,
acrescentadas do tempo e da descrição das imagens correspondentes. Inserimos,
também, um campo para adicionar o tema tratado e demais observações pertinentes ao
trecho relatado.
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e histórico vivido pela sociedade em questão. Da mesma forma, o enfoque dado pode
refletir tanto uma demanda, quanto o posicionamento do grupo político que se
apresenta.
Com isso, chegou-se à classificação dos seguintes temas: educação, saúde,
segurança, infraestrutura, candidato, economia, Brasil, temas político-sociais, meio-
ambiente e relações internacionais. Detectou-se também outros três destaques: Lula,
desqualificação dos oponentes e religião, assuntos específicos do pleito 2010. Portanto,
concluiu-se a presença de dez temáticas genéricas e três relacionadas especificamente
ao contexto daquele momento eleitoral18.
Com a definição dos temas, partimos para a coleta quantitativa: todos foram
analisados, os temas classificados, mensurados e convertidos em porcentagem para
identificar a proporção que cada candidato destinou aos assuntos. Como se pode
observar no quadro geral abaixo, os temas Brasil, Candidato, Temas Político-Sociais e
Desqualificação foram os mais abordados pelos principais candidatos19.
18
Para acessar a descrição completa dos temas, ver artigo publicado em
http://www.compolitica.org/home/wp-content/uploads/2011/03/Luciana-Panke.pdf
19
Os temas religião e relações internacionais não obtiveram porcentagens e foram
excluídos da tabela.
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Dos quatro candidatos20, Plinio Arruda foi quem mais se apropriou da temática
da desqualificação, seguido por José Serra, Marina Silva e Dilma Rousseff. Como já
sinalizado por Figueiredo et al (2000), o discurso de oposição se esforça para descrever
o mundo atual como ruim, o que pressupõe o uso de desqualificação. Ao contrário da
candidata situacionista, desqualificar não seria uma boa estratégia pois o maior enfoque,
naquele caso, seria se fazer conhecida para lidar com a popularidade consagrada do
então Presidente, Luiz Inácio Lula da Silva.
20
Em 2010, nove políticos se dispuseram a concorrer: Ivan Martins Pinheiro (PCB), Rui Costa Pimenta
(PCO), José Levy Fidelix da Cruz (PRB), José Serra (PSDB), José Maria Eymael (PSDC), Plínio Soares
de Arruda Sampaio (PSOL), José Maria de Almeida (PSTU), Dilma Vana Rousseff (PT) e Maria
Osmarina Marina da Silva Vaz de Lima (PV). No primeiro turno, a candidata que recebeu maior votação
foi a representante do então presidente Lula, Dilma Roussef com 47.651.434 votos. Ela foi eleita
posteriormente, no 2º turno. Em ordem decrescente, segue candidatos e suas respectivas votações: José
Serra (33.132.283), Marina Silva (19.636.359), Plínio de Arruda (886.81 6), Eymael (89.350), José Maria
(84.609), Levy Fidelix (57.960), Ivan Pinheiro (39.136) e Rui Pimenta (12.206) - Dados obtidos no site
do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) <http://www.tse.gov.br/internet/eleicoes/
estatistica2010/Est_resultados/resultado_eleicao.html> Acesso em 18 mar. 2011
21
Cabe lembrar que o tempo de duração do programa foi obtido de acordo com o contador de duração do
programa Windows Media Player. Os programas foram baixados do canal de Dilma Rousseff no site de
veiculação de vídeos YouTube. Para a análise a seguir foi excluído o tempo de veiculação da vinheta de
abertura dos programas, que tinha 10 segundos de duração. Enquanto anunciava o começo do programa,
uma voz masculina em off enunciava: ―começa agora o programa Dilma Presidente, para o Brasil seguir
mudando‖ (ROUSSEFF, 2010). A decisão de excluir este tempo de veiculação se baseou no fato de que
tal informação, apesar de ser configurada como reforço de marca, consistia mais em aviso de início de
programa ao telespectador do que uma mensagem com temática específica.
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(...). Você sabe que nossa candidata Dilma tem feito uma campanha elevada,
discutindo propostas e ideias, mostrando o que fizemos e o que ainda vamos
fazer pelo Brasil. Mas infelizmente, nosso adversário, candidato do contra,
que torce o nariz contra tudo o que o povo brasileiro conquistou nos últimos
anos resolveu partir para os ataques pessoais, para a baixaria. Lamento,
lamento muito. Mas estou seguro de que os brasileiros saberão repelir este
tipo de campanha. Pensam que o povo se deixa enganar por qualquer história.
Eles é que estão enganados, o povo brasileiro é maduro e saberá
perfeitamente separar o joio do trigo. O principal patrimônio de um país é o
seu povo, seus homens e suas mulheres e nós sabemos quanto tempo leva
para um país produzir homens e mulheres que se destaquem por seu trabalho
e por sua competência. Portanto, tentar atingir com mentiras e calúnias, uma
mulher da qualidade de Dilma Rousseff é praticar um crime contra o Brasil e
em especial contra a mulher brasileira. Por isso, peço equilíbrio e prudência a
esses que caluniam a Dilma, movidos pelo desespero, pelo preconceito contra
a mulher e também contra mim. Peço também a eles mais amor pelo Brasil.
A política tem que ser a arte de construir o futuro e o progresso de um povo.
É possível disputar uma eleição de forma honesta, democrática e civilizada. É
assim também que se constrói a independência de uma nação. (ROUSSEFF,
HGPE, 07/09/10).
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tudo que Lula vem fazendo e Dilma vai continuar e ampliar. (ROUSSEFF,
HGPE, 21/08/10).
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Aqui é curioso notar que grande parte dos programas do candidato José Serra iniciava
e terminava com uma vinheta: ―Serra Presidente‖. Nos casos em que foi dedicado esse
―tempo de desqualificação‖, ao final do programa, a vinheta do programa reaparecia,
dando uma impressão de fechamento do programa antes mesmo dele, de fato, terminar.
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origem desconhecida, que seria usado para comprar documentos falsos contra
José Serra. Até hoje, quatro anos depois, ninguém foi julgado, nem punido. O
caso da quebra do sigilo do caseiro Francenildo também não deu em nada.
Mensalão: ninguém foi preso. O escândalo derrubou José Dirceu, apontado
pelo procurador-geral da República como membro de quadrilha. Hoje, assim
como Collor, Zé Dirceu está com a Dilma‖. (SERRA, HGPE, 02/09/2010).
Nota-se aqui, como em toda campanha de Jose Serra, que não há críticas diretas
ao então presidente Lula da Silva. No caso citado, por exemplo, se desqualifica Collor,
põe-se Lula na posição de vítima de um escândalo de campanha, comparando-o a José
Serra, para então dizer que Collor está com Dilma.
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a população possa acompanhar para onde vai cada centavo (SILVA, HGPE,
07/09/2010).
Sempre que vai citar fatos negativos dos grupos políticos opostos, o discurso de
Marina está carregado de proposições de mudança e trechos que incitam a ações para
promover equilíbrio e justiça social, o que podemos classificar, portanto de
desqualificação ―partido‖.
A candidata não cita diretamente outros concorrentes, apenas faz menção aos
partidos políticos que seriam contrários às propostas do Partido Verde, que ela
representa. Na proposta abaixo, podemos observar a categoria ―mundo‖ que ao criticar a
situação atual, apresenta uma proposição substitutiva.
Marina: Há dez anos existe uma lei que obriga o Governo Federal e os
Estados a repassar o dinheiro da saúde para os municípios de forma regular e
permanente. É a Emenda 29, mas ela nunca foi regulamentada, nunca saiu do
papel. Nem o governo do PSDB nem do PT fez isso. Nós vamos fazer. E
também vamos aumentar o Programa Saúde da Família, cuidando melhor das
pessoas para evitar as doenças (SILVA, HGPE, 28/08/2010)
Mesmo quando comenta um fato da sua vida política, que foi o rompimento com
o governo Lula, a saída do ministério e do PT, Marina não cita nenhum personagem
diretamente, o que indica uma postura mais séria e que evita o conflito. A única citação
do caso aparece da seguinte forma:
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De forma indireta, Marina Silva rotula o governo Lula e, por conseqüência, a sua
sucessora, Dilma Rousseff, como governantes que não investem na sustentabilidade. No
entanto, nas demais situações onde os concorrentes são desqualificados, o discurso de
Marina sempre é contido e parece demonstrar uma postura mais favorável ao acordo do
que ao confronto direto.
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Plinio: Neste país de tucanos e petistas, há um muro que separa você dos seus
direito. Tucanos e petistas adoram fazer alianças com as pessoas que
construíram esses muros. Nós do PSol não. Nós só fazemos alianças com os
amigos do povo (ARRUDA, HGPE, 24/08/2010).
marcados quando são feitas as desqualificações aos concorrentes. Pela ironia e forma de
apresentação das propostas, a campanha do candidato do Psol foi a que mais se
caracteriza como uma campanha que se posiciona como amparada na desqualificação
do outro, conforme Arce (2007) apontou anteriormente.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS
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Resumo
A partir do acompanhamento diário dos programas televisivos veiculados pelos
candidatos à Presidência da República do Brasil em 2010, buscou-se identificar a
relação entre o plano de expressão e o plano de conteúdo das mensagens, com base na
semiótica de origem francesa, que busca extrair o sentido imanente dos discursos
sociais. A análise revela que o objeto de valor para todos os candidatos foi a
continuidade do governo anterior e que os recursos estéticos referendaram a mensagem
verbal. Mas, para além da centralidade dos meios de comunicação de massa, os
resultados nas urnas indicam um cenário em transformação, em que a participação
popular se coloca como um valor em ascensão.
2323
Jornalista pela PUC-SP, especialista em Comunicação e Marketing e mestre em
Comunicação e Mercado pela Faculdade Casper Líbero, é doutora em Ciências Sociais
(Política) pela PUC-SP. Foi professora de cursos de graduação e pós-graduação em
Comunicação e, atualmente, é docente do curso de Marketing Político e Propaganda
Eleitoral da Universidade de São Paulo. É diretora da Pluricom, empresa de
comunicação política e empresarial. Realizou varias campanhas eleitorais e
assessoramento de políticos, com foco no relacionamento com a imprensa, media
training e gestão de crises. E-mail: katiasaisi@pluricom.com.br
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Cenário político
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(PSDB), partido que governou o Brasil de 1995 a 2002, com Fernando Henrique
Cardoso.
Quando a campanha eleitoral começou, em junho de 2010, Lula estava
consagrado nas pesquisas de opinião como o presidente mais popular que o país já teve.
Contava com um dos maiores índices de aprovação em nível mundial24, o que
representava uma vantagem substancial para a candidata de seu partido. Entretanto, a
ex-ministra-chefe da Casa Civil do governo Lula jamais havia disputado uma eleição
direta, enquanto seu principal adversário já havia concorrido a inúmeros outros pleitos,
tendo chegado ao governo do Estado de São Paulo.
Antes da definição dos candidatos oficiais, muita movimentação aconteceu nos
partidos políticos brasileiros. Desde o ano anterior, já estavam definidos (mas não
oficializados) os dois principais candidatos que chegaram ao segundo turno. Dilma
concorreu pela coligação Para o Brasil seguir mudando, tendo o deputado Michel
Temer, do PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro) como candidato a
vice-presidente. A chapa contava ainda com o apoio do Partido Republicano Brasileiro
(PRB), Partido Democrático Trabalhista (PDT), Partido Comunista do Brasil (PCdoB),
Partido da República (PR), Partido Socialista Brasileiro (PSB), Partido Trabalhista
Cristão (PTC), Partido Trabalhista Nacional (PTN) e Partido Social Cristão (PSC).
O ex-governador de São Paulo, José Serra, concorreu pela coligação O Brasil
pode mais, com o deputado Indio da Costa (do Partido Democratas) como vice, e apoio
do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), Partido Popular Socialista (PPS), Partido da
Mobilização Nacional (PMN) e Partido Trabalhista do Brasil (PT do B).
Os dois principais candidatos contavam com o apoio de partidos com um amplo
espectro ideológico, de comunistas a conservadores.
24
Segundo pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria e Ibope, em junho de 2010, o
governo Lula permanecia com o com o mesmo percentual registrado em março (edição anterior), recorde
da série: 75% consideravam o governo ―ótimo‖ ou ―bom‖. A aprovação à forma como o presidente Lula
governava atingia nível recorde de 85%, dois pontos percentuais acima da rodada de março. A confiança
no presidente também era recorde: 81% confiam em Lula, quatro pontos acima da rodada anterior. Na
comparação entre o primeiro e o segundo mandatos, o quadro era de estabilidade: os mesmos 49%
consideram o mandato vigente melhor do que o anterior. A candidata do PT, Dilma Rousseff, assume pela
primeira vez a dianteira na corrida presidencial na pesquisa CNI/Ibope. Na lista que reúne o nome de
todos os prováveis candidatos a presidente, ela chega a 38%, seis pontos percentuais à frente do candidato
do PSDB, José Serra. Marina Silva, do PV, tem 7%.
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25
Artigo da Agência Reuters Internacional, de 11 de janeiro de 2019:
http://www.reuters.com/article/2010/01/11/brazil-election-issues-
idUSN3013312120100111?loomia_ow=t0:s0:a49:g43:r1:c0.500000:b29738878:z0
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O PSTU decide lançar a candidatura de seu presidente José Maria de Almeida e o PCB
também opta pela candidatura de seu secretário-geral, Ivan Pinheiro.
O PSB retira a pré-candidatura de Ciro Gomes em razão do seu baixo
desempenho nas pesquisas e da preferência dos diretórios regionais em apoiar a pré-
candidatura de Dilma Rousseff. Outro pré-candidato que sai da disputa é o ex-
governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), após a inclusão de Temer na chapa
de Dilma.
O PT do B também desiste da candidatura própria de Mario Oliveira para apoiar
o paulista José Serra. O PSC retira o apoio à candidatura de José Serra e adere à
campanha de Dilma. O PTC também decide retirar a candidatura de Ciro Moura para
apoiar a campanha da candidata do PT. O Partido Social Liberal (PSL) abre mão da
candidatura de Américo de Souza, bem como o Partido Humanista da Solidariedade
(PHS) declina da candidatura de Oscar Silva, mas não se integram a nenhuma
coalização. O Partido Progressista (PP) apóia informalmente a candidatura de Dilma
Rousseff.
O Partido Social Democrata Cristão (PSDC), o Partido Renovador Trabalhista
Brasileiro (PRTB) e o Partido da Causa Operária (PCO) lançam candidatos próprios:
José Maria Eymael, Levy Fidelix e Rui Pimenta, respectivamente. É nesse cenário
político que se inicia a campanha presidencial em 2010. Ao todo, nove candidatos
disputam o primeiro turno das eleições.
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12h25. Tanto no rádio como na televisão, havia também espaço para inserções ao longo
do dia, como se pode verificar no Quadro 1.
Cada um dos nove candidatos à Presidência da República do Brasil dispunha de
um determinado tempo diário no rádio e na televisão, definido pelo Tribunal Superior
Eleitoral, de acordo com o número de deputados federais eleitos pelo partido/coligação
no pleito anterior (2006).
A ordem de apresentação dos programas foi determinada por sorteio, para o
primeiro dia do HGPE. Nos dias seguintes, a sequência se dá por rodízio simples.
Ao longo dos 20 programas eleitorais exibidos na televisão durante o primeiro turno, os candidatos tentaram construir
uma imagem própria junto aos eleitores: o que pretendiam fazer se eleitos presidentes da República, bem como sua competência e
caráter para tanto. Mas não foram só as propostas e as biografias dos candidatos que os programas de televisão abordaram. Mais do
que assertivos quanto às suas próprias imagens, a propaganda eleitoral dos candidatos procurou, também, prejudicar a imagem de
seus adversários. E quando houve ataques que arranhavam a imagem objetivada, muito tempo foi usado para se defender.
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interdiscursivas com outros discursos sociais; enfim, para compreensão do seu impacto
no mundo atual. Afinal, a visão de mundo de uma sociedade é construída – e
permanentemente reconstruída – no discurso. A propaganda eleitoral televisiva,
portanto, foi examinada como um ―espetáculo semiótico sincrético‖, como Pais define
(1978).
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Terminado o primeiro turno, que definiu Dilma e Serra como candidatos que
disputariam o segundo turno, uma nova campanha começou. É como se os ponteiros
tivessem zerado e uma nova disputa fosse iniciada.
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Tradução para o termo Mass Self Communication.
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Há, portanto, uma ampliação da arena política. Hoje, não se tem apenas uma
democracia representativa, mas uma tendência para uma democracia participativa.
Sem dúvida que os meios tradicionais de propaganda e imprensa ainda ocupam espaço
privilegiado no campo da política. Mas a criação e o uso de canais alternativos se
configuram como um potencial instrumento para o exercício dessa nova política,
baseada num sentimento de participação. A campanha de 2010 no Brasil indica,
portanto, um novo movimento no cenário midiático e político.
Referências bibliográficas
BARROS, Diana Luz Pessoa de. Teoria semiótica do texto. 4ª ed., São Paulo: Ática,
2001.
LÉVY, Pierre. A inteligência coletiva: por uma antropologia do ciberespaço. São Paulo:
Loyola, 2010.
PAIS, Cidmar Teodoro. ―Estruturas de poder dos discursos: elementos para uma
abordagem sociossemiótica‖. In: Língua e Literatura, nº 7. São Paulo: FFLCH-USP,
1978.
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VEIGA, Luciana Fernandes. ―O eleitor diante do horário eleitoral‖. Artigo sem data de
publicação. Disponível em: http://doxa.iesp.uerj.br/artigos/memluciana.pdf
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10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
Alexandro Kurovski
Universidade Federal do Paraná – UFPR
sandroalki@gmail.com
RESUMO: O texto busca reunir argumentos teóricos que ajudam a compreender por
que a televisão desponta, na atualidade, como um dos principais instrumentos de
orientação política no Brasil. Nas últimas décadas, a televisão impôs-se como meio
predominante de comunicação de massa e, por conseqüência, constitui-se como
principal disseminador da informação política para o grande público. A intenção aqui é
justamente compreender esse fenômeno e identificar os elementos que possibilitam que
a TV ocupe essa posição, em detrimento a outros meios de comunicação de massa.
Introdução
A intrínseca relação entre eleições e mídia é um tema que desperta grande
interesse na atualidade quando se busca compreender de forma mais aprofundada as
novas configurações assumidas pela política contemporânea. Nas sociedades modernas,
a capacidade de disseminação de representações da realidade social está concentrada na
mídia (Miguel, 1999). Por isso o impacto político dos conteúdos que ela difunde não
pode ser ignorado. Ao mesmo tempo em que os meios de comunicação ajudam a
transformar os padrões do discurso político, também estabelecem uma relação entre
representantes e representados e constituem uma ponte de acesso do cidadão comum aos
campos de poder.
No período eleitoral, em especial, os meios de comunicação surgem como
instrumentos de grande importância, pois é através deles que uma grande parcela do
eleitorado irá coletar dados sobre o comportamento anterior dos políticos, sobre suas
plataformas ou mesmo sobre a agenda pública.
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Agendamento da política
A noção de agenda-setting proposta pelos pesquisadores americanos McCombs
e Shaw (1972), forma o núcleo conceitual de um novo modelo de pesquisa desenhado
para testar empiricamente os efeitos da comunicação de massa na preferência política e
eleitoral do público. Até então os estudos pós-teoria hipodérmica sugeriam que a mídia
tinha um papel menos importante na conversão política do que tinham atribuído as
primeiras teorias sobre os efeitos da comunicação. No entanto, os dados que apoiavam
esta perspectiva tinham sido produzidos antes da televisão se tornar o principal meio de
comunicação de massa e as campanhas eleitorais terem assumido uma forma
dominantemente midiática. A agenda-setting surge, portanto, da necessidade de se fazer
uma nova avaliação da questão dos efeitos da mídia na audiência e no eleitor, levando-
se em consideração a centralidade dos meios de comunicação e as novas formas de
comunicação política.
Na visão de Fernando A. Azevedo (2004), o conceito e o modelo investigativo
da agenda-setting ganha mais importância quando relacionado ao tema mais geral da
formação da opinião pública em sociedades midiatizadas ou democracias de público.
Nessas democracias — entre as quais se enquadra o Brasil —, a relação entre meios de
comunicação de massa e a opinião pública é crucial para se entender como são definidas
as agendas temáticas e as questões públicas relevantes.
Com o advento da mídia eletrônica, especialmente a televisão, houve um
deslocamento parcial do debate público dos partidos e do parlamento para os meios de
comunicação de massa e a presença, cada vez mais importante, de um eleitor sem
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o que ocorre, é que numa sociedade cada vez mais complexa e diferenciada socialmente
e em que a mídia de massa e o jornalismo em particular desempenham um papel
decisivo na estruturação do espaço público e do consenso social, os eleitores tendem a
definir suas preferências eleitorais, levando em conta as questões colocadas em jogo, de
modo eventual, a cada eleição. (AZEVEDO, 2004, p. 46).
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(trabalho apresentado ao GT Comunicação e Política do XVI Encontro da Compós,
na UTP, em Curitiba, PR, em junho de 2007)
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Essa corrente teórica chama atenção para o fato de que, ao tratar de temas
políticos, a mídia acaba incutindo valores e ideologias (principalmente dos próprios
jornalistas) e isso acaba interferindo no relato dos fatos. Dessa forma, o conteúdo da
mídia pode desempenhar um papel político e ideológico importante, não apenas quando
existe ou fala, mas também quando este conteúdo é produzido a partir de uma matriz
ideológica limitada (Porto, 2004).
Por se tratar de um enfoque relativamente novo, ainda não existe uma definição
consensual sobre o que sejam os enquadramentos da mídia. No texto ―Enquadramentos
da mídia e Política‖, publicado em 1994, Mauro Porto identifica alguns de seus
principais aspectos através de estudos já realizados, que fornecem uma idéia bastante
concreta a respeito desse conceito.
A primeira definição a que o autor se remete é a elaborada por Goffman, que diz
que: ―tendemos a perceber os eventos e as situações de acordo com enquadramentos que
nos permitem responder à pergunta: o que está ocorrendo aqui?‖ Enfoque que entende
os enquadramentos como marcos interpessoais mais gerais, construídos socialmente,
que permitem que as pessoas atribuam sentido aos eventos e às situações sociais.
Mas esse enfoque não surge apenas nos estudos sociológicos. Outra importante
fonte do conceito de enquadramento, segundo Porto, é o campo da Psicologia
Cognitiva.
Alguns estudos dessa área dão conta que mudanças na formulação de problemas
podem causar variações significativas nas preferências das pessoas. Um ótima ilustração
usada pelo autor é o experimento de Kahneman e Tversky (1984, p. 343; 1986, p. 124)
no qual pedem aos participantes para imaginar que os Estados Unidos estavam se
preparando para a eclosão de uma epidemia de uma doença estranha, que deveria matar
600 pessoas. Os autores pedem às pessoas para optar entre dois programas que teriam
sido propostos para combater a doença. Para um grupo de pessoas, o primeiro programa
é apresentado como o que salva 200 pessoas, enquanto que para o outro grupo o mesmo
programa é apresentado como provocando a morte de 400 pessoas. Apesar do fato das
alternativas serem idênticas (pois em um universo de 600 possíveis mortes, salvar 200
ou provocar a morte de 400 é a mesma coisa) os dados obtidos confirmaram que apesar
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―Os enquadramentos da mídia [...] organizam o mundo tanto para os jornalistas que
escrevem relatos sobre ele, como também em um grau importante, para nós que
recorremos às suas notícias. Enquadramentos da mídia são padrões persistentes de
cognição, interpretação e apresentação, de seleção, ênfase e exclusão, através dos quais
os manipuladores de símbolos organizam o discurso, seja verbal ou visual, de forma
rotineira‖ (GITLIN, 1980, p. 7) (citado e traduzido por PORTO, 2004, p. 80).
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10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
com sentidos distintos e designando objetos diferentes. Isso acontece porque o conceito
de enquadramento é bastante abrangente. Uma alternativa para os estudos é definir as de
forma mais clara os diferentes tipos de enquadramento. Usualmente, autores dividem
em dois tipos principais de enquadramento que visam distinguir os enquadramentos que
a mídia simplesmente ―relata‖ daqueles que ela ―impõe‖.
Porto os classifica como ―enquadramentos noticiosos‖ e ―enquadramentos
interpretativos‖. Sendo que o primeiro corresponde aos padrões de apresentação,
seleção e ênfase utilizados por jornalistas para organizar seus relatos. No jargão dos
jornalistas seria o ―ângulo‖ ou ―enfoque‖ da notícia, o ponto de vista adotado pelo texto
noticioso que destaca certos elementos de uma realidade em detrimento de outros. Uma
característica importante do enquadramento noticioso é o fato de que eles são resultados
das escolhas feitas por jornalistas na elaboração das matérias, escolhas que têm como
conseqüência a ênfase seletiva de uma realidade percebida.
Já o enquadramento interpretativo se refere aos padrões de interpretação que
promovem uma avaliação particular de temas e/ou eventos políticos, incluindo
definições de problemas, avaliações sobre causas e responsabilidades, recomendações
de tratamento, entre outras. Essas interpretações são relativamente independentes dos
jornalistas e são promovidas por atores sociais diversos. Trata-se aqui de interpretações
oriundas de um contexto mais amplo que podem ser incorporadas ou não pela mídia.
Dessa forma,
―O processo de enquadramento não é uma via de mão única através da qual as elites
manipulam o público. Enquadramentos não se referem apenas a processos de
manipulação, mas são parte de qualquer processo comunicativo, uma forma inevitável
através da qual atores fazem sentido de suas experiências‖ (PAN; KOSICKI, 2001,
p.60) (citado por PORTO, 2004).
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Por isso o papel dos apresentadores de telejornal e dos jornalistas passa a ser,
muitas vezes, o de fornecer a avaliação da notícia, conferindo-lhe positividade ou
negatividade, respondendo a demanda das opiniões prontas, explicações assimiláveis,
de preferência julgamentos, sem que seja necessário pesar todos os fatos.
Outro ponto interessante levantado por Aldé diz respeito ao grau de
personalização das notícas existente na televisão. A informação política, em particular,
envolve experiências complexas, que chegam indiretamente ao espectador, através de
um meio impessoal. Trata-se de temas muitas vezes abstratos, difíceis de traduzir em
imagens. Os emissores, assim, costumam recorrer aos indivíduos por trás das leis,
políticas públicas e negociações que preenchem o cotidiano da política.
acontecido com qualquer um. Assim o tratamento humano dado pela televisão, coerente
com seus atributos discursivos, facilita a identificação dos sujeitos com situações que
poderiam acontecer com qualquer um, validando as explicações oferecidas pelo meio.
As pessoas na televisão não são, no caso, os profissionais da emissora, mas o ―povo
fala‖ tão comum nos telejornais.
A política torna-se, com o uso desse mecanismo, um ambiente mais inteligível
para o cidadão comum. A personalização dos problemas da esfera pública, dá as pessoas
a oportunidade de se identificar com um mundo geralmente visto como distante e
complexo.
Esses são alguns elementos que possibilitam compreeender como o telespectador
se encontra a mercê da influência da televisão na formação de seu repertório político,
talvez até em maior grau do que em outros campos informacionais.
Considerações Finais
Embora a influência política da televisão ainda seja ignorada por alguns teóricos,
as pesquisas analisadas nos permitem constatar a pertinência do tema. Mesmo que o
poder de influência da TV apresente limitações, é evidente sua parcela de contribuição
na formação e manutenção da consciência política de uma grande parcela dos cidadãos.
Para muitos, inclusive, ela constitui o único meio de contato com a política.
Constatamos que, quanto maior o conhecimento do telespectador a respeito dos
temas expostos na televisão, e nos telejornais em especial, menor será o efeito de sua
influência. Isso porque, quanto mais conhecimento e maior proximidade tiverem com o
tema, maior será seu aparato lógico disponível para analisar, processar e questionar a
informação. No entanto, quando o assunto não faz parte do repertório cotidiano do
cidadão, cria-se uma pré-disposição a recepção e aceitação das opiniões prontas e de
susceptibilidade aos enquadramentos da mídia.
No caso da política em particular, principalmente no âmbito nacional, o
telejornal constitui um canal ímpar de informação. Grande parte das questões políticas
discutidas no Congresso chega até a população apenas através dos telejornais, com
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poucas exceções. Por isso, arrisco a dizer que em poucos campos de interesse a
influência da televisão seja tão relevante quanto no político.
É através da televisão, irrefutavelmente, que a cidadão comum tem ―contato‖
com os principais personagens da política nacional. É através da imagem na tela que se
estabelece uma ―relação‖ de simpatia ou aversão, dependendo do enquadramento
adotado. O próprio aspecto visual do telejornal ajuda a conferir credibilidade à
informação, é como se o espectador estivesse presenciando o fato. Variáveis como o
processo de confecção da notícia e as próprias peculiaridades do enquadramento não
chegam a abalar sua confiança.
Dessa forma, podemos sustentar que a televisão constitui, sim, um papel
importante como instrumento de orientação política, na definição da cultura política e
dos valores compartilhados pelos cidadãos. Resta saber até que ponto essa influência se
reflete no processo democrático brasileiro.
Referências bibliográficas
MIGUEL, Luiz Felipe. (2000) ―Um ponto cego nas teorias da democracia: Os meios de
comunicação‖. BIB — Revista Brasileira de Informação Bibliográfica em Ciências Sociais, Rio
de Janeiro, nº 49. pp 51–78.
MIGUEL, Luis Felipe. ―Mídia e eleições: a campanha de 1998 na Rede Globo‖. Dados, Rio
de Janeiro, v. 42, n. 2, 1999.
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PORTO, Mauro Pereira. ―O papel da televisão na eleição de 1992 para prefeito de São
Paulo‖. Cadernos de mídia e Política, Fundação Universidade de Brasília, 1993.
RUBIM, Antonio Albino Canelas. ―Novas configurações das eleições na idade mídia‖.
Opinião Pública, Vol. VII, nº2, Campinas, CESOP/UNICAMP, pp. 172-185.
WOLTON, Dominique. Elogio do grande público. Uma teoria crítica da televisão. São
Paulo: Ática, 1996.
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Sylvia Iasulaitis
UFSCar - Universidade Federal de São Carlos
sylviaiasulaitis@yahoo.com
I - Introdução
Diversas experiências internacionais demonstram o crescente papel
desempenhado pela
Internet nos processos eleitorais para provisão de informação, recrutamento de
voluntários,
mobilização, angariação de fundos, participação e interatividade. A cada processo
eleitoral
amplia‐se o repertório de ferramentas e iniciativas ciberpolíticas: a Internet como
meio para
obtenção de informação política, inserção de vídeos, ação política na blogosfera,
debates na
rede eletrônica, marketing viral, serviços de SMS, comunidades virtuais e redes
sociais,
angariação de recursos online, dentre outras. Tais iniciativas adquirem
protagonismo e
repercussão pública, alterando o cenário e a forma de condução dos processos
eleitorais
contemporâneos (DADER, 2009).
O último pleito presidencial norte‐americano é um caso paradigmático da
potencialidade das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação aplicadas à
política. Um
dos aspectos de destaque neste processo eleitoral foi o aumento considerável no
volume de
arrecadação on‐line, bem como o novo perfil de doadores da campanha de Barack
Obama. A
Internet foi um diferencial na campanha de 2008 enquanto fonte de informação e
como um
meio de comunicação entre os candidatos, partidos e cidadãos, bem como dos
eleitores entre si
e testemunhou níveis sem precedentes de compromisso on‐line no processo
político, com
milhões de cidadãos comuns utilizando a Internet para se manterem informados
sobre as
eleições, doarem dinheiro, compartilharem suas opiniões, construírem
comunidades on‐line em
torno de interesses ou objetivos comuns e mobilizarem outras pessoas em defesa
de seus
candidatos.
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fórum para debater com os cidadãos (DAVIS, 1999). Portanto, poderia se esperar
que os
websites partidários fossem mais fortes em sua função de informação de cima
para baixo (topdown)
do que como canais de comunicação de mão dupla (NORRIS, 2001, p. 29).
Analisando
as possibilidades de comunicação bidirecional ou de três vias em websites
eleitorais, Ward
(2008, p.3 apud DADER et al., no prelo) assinala:
Numerosos estudios han indicado que los partidos vienen mostrándose desconfiados
ante la interactividad, al temer que la apertura de sus páginas permita a sus oponentes el
atacarles, haciéndoles perder el control de la agenda de campaña.
Embora em um primeiro momento, em consonância com a fase Web 1.0, de fato
os
websites eleitorais tenham se assemelhado a panfletos eletrônicos, com uma
ínfima utilização
do potencial interativo da Internet, nota-se que atualmente alguns agentes políticos
passaram a
desenvolver suas campanhas na Internet para além da simples criação de
websites, cujos
conteúdos deixaram de ser a mera transposição do material off-line para on-line.
Os
mecanismos de interatividade passaram a ser utilizados em campanhas
internacionais a partir
de 2000 e claramente proliferaram após o uso inovador da Internet por Barack
Obama no pleito
presidencial norte-americano.
Alguns partidos e candidatos vêm procurando adaptar a lógica da Web 2.0 às suas
campanhas e utilizar, ao menos em parte, suas ferramentas interativas, como
fóruns de
discussões, blogs, microblogs, como por exemplo o Twitter, redes sociais, bem
como
ferramentas que podem ser descritas como híbridas, e-newsletters, hospedagem
de vídeos
online no YouTube, etc.
A Web 2.0 pressupõe um uso diferenciado da Internet como uma plataforma
participativa,
cujos princípios são de tirar proveito da inteligência coletiva e promover uma ética
de cooperação
(O‟REILLY; BATTELLE, 2009). Para a comunicação política, esta plataforma
pressupõe
mudanças e dentre as principais estão a passagem de um modelo de distribuição
de mensagens
one to many (de um a muitos) a outro many to many (de muitos a muitos) e a
ampliação de canais
de comunicação bottom-up, ou seja, de baixo para cima (GIBSON; RÖMMELE,
2008). Por
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não é um assunto tao importante assim, afinal assuntos mais importantes como reforma agraria,
juros, empregos, saude,... não tem seus problemas originados pela precaria educação brasileira.
Fiz uma pergunta nos últimos dias sobre como será financiado o aumento no investimento per
capita da educação. Existe algum problema com a pergunta? Se for o caso, poderiam contatarme
por e-mail? Tenho simpatia a candidatura da Marina, e gostaria de ter a resposta...
Em relação à função de mediação, pôde-se constatar um misto de satisfação com
um
certo grau de descontentamento. Posts como o abaixo deixaram indícios de
insatisfação com a
resposta fornecida:
A resposta continua transparecendo não-comprometimento político.
Por outro lado, verificaram-se elogios, expressos em mensagens como:
Obrigada pela resposta, me sinto mais segura agora.
Em relação ao fórum de José Serra, identificamos o papel de gestor, visto que os
moderadores organizaram o fórum em torno de temas, destacaram as propostas
mais comentadas
e elegeram interlocutores para cada eixo temático; os moderadores cumpriram
também o papel de
mediadores especialmente no vetor internautas → candidato, visto que as
propostas foram
sistematizadas, gerando um relatório de participação, com as principais propostas
e perfis dos
participantes. No entanto, no sentido contrário, candidato → internautas, o papel
de mediação
ficou aquém da expectativa dos próprios participantes, especialmente no fórum
Social
Democracia, visto que as perguntas realizadas não foram respondidas, e o único
feedback em
relação à participação foi verificado quando interlocutores comentaram algumas
propostas. A
sensação de não estarem sendo lidos gerou frustrações expressas em mensagens
como:
Boa tarde,equipe do proposta serra,sujeri algumas medidas e não tive nenhum retorno da
equipe,gostaria profundamente de ter uma resposta.
SERRA- PORQUE NAO ESCUTA SEU ELEITOR??Alooo...Tem alguem ai?? ....Por favor não
façam como técnico ignorante de futebol…
AS PESSOAS ESTÃO FUGINDO DO SITE ,POR NÃO OUVI-LAS ,SOBRE OS RUMOS DA
CAMPANHA É SIMPLES ASSIM.
11
Já no segundo fórum analisado, o de Reforma Agrária, tal fato não ocorreu, visto
que
um membro da coordenação da campanha publicou duas propostas, o que
demonstrou aos
participantes que o staff estava presente na discussão.
No tocante à função de árbitro desempenhada pelos moderadores do fórum de
discussão
do candidato José Serra, pôde-se constatar que os mesmos não cumpriram os
critérios objetivos
expressos no código de conduta que regia a participação dos internautas. Ao
contrário, as regras
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Nos fóruns de Marina Silva, os dados agregados dos dois fóruns analisados
indicam
que, a grande maioria dos participantes (76%) foi one-timer, ou seja, enviou um
único post;
apenas um participante encaminhou 5 mensagens e não se verificaram
participantes com
predominância em qualquer dos dois fóruns analisados, visto que nenhum
encaminhou mais de
5 propostas ou comentários. A literatura aponta que o efeito one-timer demonstra
que não há
monopolização do debate por poucos participantes mas, por outro lado, há pouca
reflexividade.
Analisando os dados desagregados referentes aos fóruns do candidato José
Serra,
notamos que no fórum de Reforma Agrária não houve monopolização da
participação,
enquanto a análise da concentração de posts por alguns participantes indica que
alguns
comentadores tiveram grande predominância no fórum temático Social
Democracia. Neste
último, apenas um participante foi responsável por 64 propostas, excluídos seus
comentários às
propostas de outros internautas; o segundo maior concentrador de mensagens
postou 42 e o
terceiro 39 posts. A concentração da participação foi diretamente proporcional ao
número de
mensagens e inversamente proporcional ao número de participantes: a média de
mensagens por
pessoa na faixa daqueles que postaram mais de 5 mensagens foi de 12 posts;
esta média subiu
para 20 quando analisamos o grupo de pessoas que enviaram mais de 10
mensagens, chegando
à média de 39 mensagens quando se tratou do grupo que encaminhou mais de 20
mensagens.
Tabela 2
Grupos de postadores
por n. de posts
Média de posts por
pessoa
De 5 a 10 posts 12
De 11 a 20 posts 20
Acima de 20 posts 39
Para avaliar a reciprocidade da discussão, buscou-se avaliar se as propostas
estavam
suscitando debate entre os participantes do fórum ou se, pelo contrário, os
internautas postavam
suas mensagens sem demonstrar disposição em ler e comentar as propostas de
outros participantes.
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Deste modo, todas as propostas que não envolveram algum tipo referência ou
comentário foram
classificadas como Monológicas e todas aquelas que suscitaram algum tipo de
debate, comentário
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ou resposta foram classificadas como Dialógicas. Vale destacar que mesmo
algumas mensagens de
one-timers foram classificadas como dialógicas quando foram comentadas por
outros participantes,
porque suscitaram um debate. Neste quesito, os fóruns do candidato José Serra
foram muito mais
dialógicos em comparação com os de Marina Silva, pois 30% das propostas foram
comentadas por
outros participantes, enquanto no site de Marina Silva poucas propostas foram
comentadas ou
referenciadas.
No que se refere à inclusividade, em parte da literatura se enfatiza que o ambiente
online possibilita a supressão das hierarquias sociais e das relações de poder que
existem
offline (WITSCHGE, 2004). No entanto, outros autores chamam a atenção para o
fato de que,
além da divisão digital que separa os que têm acesso à Internet dos que não têm,
o meio digital
cria outros tipos de exclusão, pois a participação online é mais difícil para aqueles
que estão
menos familiarizados com a tecnologia (BLATRIX, 1999). Mensagens escritas com
vocabulário inadequado, muitos erros gramaticais, ortográficos ou de digitação são
desacreditadas tanto aos olhos dos representantes políticos quanto dos outros
participantes. No
entanto, este fato não se verificou nos fóruns analisados. O teor das mensagens
mostrou-se
decisivo para sua popularidade e não a forma. Verificamos mensagens que,
embora
apresentando muitos erros do ponto de vista da linguagem, foram bastante
populares por
manifestarem conteúdos consensuais aos participantes dos fóruns.
4.3 Heterogeneidade e debate crítico racional
Para avaliar o grau de heterogeneidade no interior dos fóruns analisamos se ali se
verificou diversidade de opiniões, se as manifestações produziram a sensação de
intervenções
críticas ou somente adesão e consenso ideológico (DADER; CHENG, no prelo).
Considerando que os fóruns analisados tratavam-se de dispositivos no interior de
websites eleitorais que muito provavelmente iriam atrair o público que tivesse
preferência por
aquele(a) candidato(a) e suas idéias políticas, trabalhou-se com a hipótese de que
no interior
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achados de Davis (1999, p. 162) a partir de seu estudo sobre os fóruns Usenet,
que foram
marcados por ofensas, não tolerância a opiniões distintas e ausência do direito ao
contraditório:
The Usenet becomes more than anything a forum for reinforcement. Many political
newsgroups are established to present a certain argument. Individuals gravitate to
groups agreeing with their own views. Moreover, most of the people who posted on
the groups subscribed to other like-minded groups, confirming that the objective is
reinforcement of views, not actual exchange. Then, if others attempted to engage in
actual exchange, the response often is dismissive. Dissenting individuals become
frustrated and finally say, as one poster did, there‟s no reasoning with these people, is
there? Such behavior inhibits discussion instead of promulgating it.
15
4.4 Respeito mútuo e identificação
A literatura temática enfatiza a importância do respeito mútuo nos debates online,
sendo
este um dos requisitos elencados por Dahlberg (2002 apud SAMPAIO; MAIA;
MARQUES, 2010) para
um “Ideal Role Taking”. Neste quesito, analisamos o nível de respeito ou
desrespeito entre os
participantes, a partir da existência ou não de flames e em relação a quem. De
acordo com Davis
(1999) flaming, o envio de mensagens ofensivas em grupos de discussão, é um
termo que não
fazia parte do léxico de uma década atrás, no entanto tornou-se um dos principais
aspectos
abordados quando se analisa a participação online. Grande parte da literatura
sobre internet e
política teme o perigo dos flames nos fóruns online, qualificando-os como danosos
à democracia.
Conforme proposto por Wales et al. (2010 apud MENDONÇA; PEREIRA, 2011),
optamos
por enfocar as marcas explícitas de desrespeito e categorizamos as mensagens
como respeitosas
todas aquelas em que não houve desrespeito explícito. Classificamos as
mensagens sem
respeito seguindo a tipologia de Papacharissi (2004 apud SAMPAIO; MAIA; MARQUES,
2010)
como rudes ou incivis. As mensagens “rudes” (unpolite) são fruto das emoções
humanas e,
portanto, passível de retratação pública e não são, necessariamente, incivis. As
mensagens
incivis consistem em uma séria ameaça às discussões políticas e à democracia em
si, pois
ofendem a dignidade. Foram categorizados como Rudes aqueles posts onde o tom
era ríspido,
notava-se animosidade, mas não se atacavam valores democráticos, como este
publicado no
fórum de Marina Silva:
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S.L.B.: Por favor, respondam explicitamente às minhas perguntas, ou apaguem meu comentário
anterior. Já estou cansada de demagogias. 1 - A candidata vai lutar para que os LGBTs possam
ter EXATAMENTE os mesmo direitos dos héterossexuais?
As mensagens qualificadas como incivis, por sua vez, foram aquelas nas quais
existiam
insultos, discursos de preconceito, descrições ofensivas em relação a pessoas ou
grupos, ódio
ou ataques contra princípios democráticos (SAMPAIO; MAIA; MARQUES, 2010).
Gráfico 1. Percentual de posts a partir dos indicadores de respeito
66,60%
97,56%
33,40%
2,44%
José Serra Marina Silva
Respeitoso
Desrespeitoso
16
Conforme demonstra o gráfico 1 nos fóruns de Marina Silva houve pouquíssimos
indícios de desrespeito, apenas uma mensagem foi classificada como rude em
relação à então
candidata Dilma Rousseff e 4 em relação aos moderadores do fórum,
representantes do staff da
campanha. Os dados evidenciam, no entanto, que uma parcela significativa das
mensagens
postadas no Proposta Serra foi desrespeitosa (34%), fato que gerou incômodo em
alguns
participantes, como demonstra este post:
PROPOSTA PARA O PRÓPRIO SITE..PEÇO QUE RETIREM, AS OFENSAS QUE AS
PESSOAS DEIXAM NOS COMENTÁRIOS, QUE EU SAIBA, O SITE FOI CRIADO PARA
EXPOR IDÉIAS NÃO CRIAR CONFRONTO…
Gráfico 2. Mensagens dos fóruns de José Serra de acordo com as marcas de respeito mútuo
Assim como Davis (1999) e Wales et al. (2010, p. 13 apud MENDONÇA; PEREIRA,
2011)
optamos por uma classificação em relação ao foco de desrespeito e categorizamos
as
mensagens rudes e incivis em relação a argumentos contidos em posts anteriores,
por meio da
desconsideração apriorística deles, em relação a grupos (organizados ou
desorganizados) e
instituições ou, finalmente, em relação a terceiros (indivíduos não participantes dos
fóruns,
como adversários políticos), através do uso de estereótipos e descrições
ofensivas, como este
post do fórum de Serra, que foi classificado como incivil em relação a grupo:
[Solução para o MST] É PAREDÂO DE FUZILAMENTO.....................SE FOSSE NA CHINA A
FAMILIA AINDA TERIA QUE PAGAR A BALA.
Os flames dos fóruns de discussão do website eleitoral de José Serra foram
dirigidos
majoritariamente a terceiros, especialmente aos adversários políticos, a grupos e
instituições
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37
Programa de Governo
Campanha Eleitoral
Ataques
105
45
326
18
622
4
0 100 200 300 400 500 600 700
Social-Democracia
Reforma Agrária
Campanha
Ataque
Programa de
Governo
19
V - Considerações Finais
A partir da análise dos websites eleitorais brasileiros foi possível verificar que,
embora
os partidos e candidatos estejam gradativamente inserindo ferramentas interativas
em seus
websites, poucos foram os que utilizaram dispositivos que permitem o contato de
três vias, ou
seja, entre cidadãos e candidatos e de cidadãos entre si. A relutância dos partidos
e candidatos
em adotar ferramentas interativas em websites eleitorais deve-se à
incompatibilidade entre a
natureza da Internet e a lógica das campanhas políticas. Campanhas têm por
objetivo eleger
candidatos e controlar a mensagem é interpretado como crucial a este objetivo.
Por outro lado, os partidos e candidatos se deram conta de que a nova arquitetura
de
participação da Web 2.0 é interessante aos propósitos eleitorais, pois propicia uma
grande
disseminação de mensagens (virality) e possibilita que muitas pessoas colaborem
assumindo
níveis de responsabilidade muito pequenos (granularity). É, portanto, estratégico
beneficiar-se
da inteligência coletiva e ao mesmo tempo transmitir um ar de modernidade
atrelado a um
discurso de participação e democratização.
Deste modo, no intuito de unir ambos os objetivos, ou seja, explorar as
potencialidades da
Web 2.0 e garantir que o modelo de estratégia de campanha permaneça sendo
top-down com um
controle firme e centralizado, os partidos políticos e candidatos criaram sua própria
abordagem
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políticas públicas.
21
No que se refere à qualidade dos debates online, ressaltamos a importância que o
processo de moderação tem para assegurar seu bom funcionamento e para que
se cumpram seus
propósitos democráticos. No que se refere ao registro de ofensas, verificamos que
papel
preponderante foi exercido pela moderação no sentido de evitar ou não a
ocorrência de flames.
No caso do fórum de Marina Silva, a pré-moderação foi fator que certamente
mostrou-se
decisivo para a quase inexistência de mensagens rudes e a quantidade nula de
incivis que, se
existiram, não foram publicadas. Por outro lado, a conivência dos moderadores
com os
primeiros flames direcionados aos adversários nos fóruns de Serra ditou o tom
agressivo e
hostil no interior dos mesmos, criando um efeito bola de neve, pois é mais fácil ser
respeitoso
em um ambiente harmonioso do que em um tumultuado (flamewars).
Consideramos, no entanto, que tais iniciativas de criar plataformas abertas para o
debate
são importantes para aumentar a conexão entre cidadãos e o sistema político,
fazendo com que
os partidos e candidatos tornem-se a si próprios e as suas propostas mais
acessíveis ao eleitor,
bem como permitir que demandas e anseios civis se façam manifestos. Mas é
necessário que
ambos, candidatos e sociedade, aprendam a usar as oportunidades fornecidas
pelos novos
canais de informação e comunicação no sentido de aprimorar a democracia.
VI - Bibliografia
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G
T – 3 INTERNET
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RESUMO
INTRODUÇÃO
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Embora tenha tido início na Inglaterra no século XVIII, foi no século XIX que
a Revolução Industrial marcou o período de grandes inovações em termos tecnológicos
pelo mundo. A máquina, o automóvel, o carvão para gerar iluminação e aquecimento e
o surgimento da cultura de massa foram alguns dos grandes feitos de época. No século
seguinte, além da constante evolução do que vinha do anterior, a arquitetura ganhou
novas formas e passou-se a utilizar novos materiais. Em termos socioculturais, contou
com as Vanguardas Artísticas, iniciadas na Europa e expandidas pelo mundo.
Estes dois séculos citados geraram um período de ruptura, denominado
modernidade, em que a sociedade sofreu importantes transformações nas condições de
vida e de trabalho. Máquinas, mudanças na produção, motores movidos à combustão,
eletricidade, entre altos e baixos, períodos depressivos e expansivos. Tudo isso num
ciclo compreendido entre 1780 e 1973 (Freeman e Louçã, 2001). O que veio para
quebrar, mas não para acabar, com este padrão foi a informática, a que se juntou mais
tarde a internet, com uma onda expansiva que segue em curso até os dias de hoje, numa
velocidade acelerada e imprevisível.
Partindo dos períodos da história, chegamos, portanto, à pós-modernidade –
termo e período aqui assumido como manifestado após a Segunda Guerra Mundial –,
que marca-se por uma atenção maior para com o presente e um desejo de viver
intensamente o momento aqui e agora, o chamado presenteísmo (Coelho, 2004, p. 310).
Isso contrapõe-se à ideia da modernidade, a qual idealizava o futuro e concebia a
história como algo linear.
Outro importante fator que diferencia um período do outro é a ideia de que, na
pós-modernidade, começa-se a assumir a ideia da diferença, identidades temporárias e o
dinamismo, saindo do que focava a modernidade, ou seja, a homogeneização do mundo
em busca de identidades.
Democraticamente, a pós-modernidade trouxe à sociedade o desejo de voz
ativa, deixando de lado a situação de ser representada. É neste período, na década de 60,
que se iniciam as lutas e afrontas ao paternalismo e autoritarismo.
O presente trabalho, ao centrar-se na forma como a tecnologia se torna
ferramenta para aproximação entre partes até então praticamente distintas, vale-se da
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indivíduos, embora o autor cite que isso já tenha acontecido muito anteriormente, no
século XV, com a chegada do meio impresso. Essa transformação para o modelo
pragmático em rede favorece a mobilização e a articulação de pessoas e grupos nas mais
diversas atividades, ou como se quer tratar aqui, na política atual.
A presente pesquisa trata da relação entre indivíduos que outrora foram
praticamente privados da comunicação entre si e que, com o avanço tecnológico voltado
à comunicação têm a possibilidade de estreitar os laços com vista ao crescimento de
uma sociedade mais justa. Resta, no entanto, perceber se a inserção política na internet,
o discurso em sua nova forma e a interação proporcionada é uma busca incessante
apenas aos anseios dos políticos e suas entidades partidárias.
Quem não entende de Nova Política terá problemas com governança. Estamos nos
dirigindo a uma ―e-república‖, que estará atenta 24 por 7. (Alan Dubner, empresário
e consultor em marketing digital e mídia social)
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10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
Ainda segundo Capella, aquele político que estiver nas redes sociais e não
interagir está indo contra a proposta das mesmas, que buscam estreitar relacionamentos.
No campo da atuação dentro das redes sociais, o autor ainda lembra que muitos
cuidados fazem parte do trabalho daqueles que assessoram o político e, principalmente,
da parte do próprio ator político. Traçar o perfil dos ―seguidores‖, saber como a
mensagem será recebida, ter total conhecimento do plano de governo, ser coeso e
coerente e atuar com humildade perante o público são algumas das características
essenciais para o sucesso da inserção de um personagem público nas redes sociais.
Juliano Spyer exemplifica o novo modelo de atuação em uma das ferramentas
mais utilizadas hoje em dia, o Twitter, da seguinte forma:
Nenhum político estranharia se visse em sua agenda eleitoral tempo reservado para o
chamado ―corpo-a-corpo eleitoral‖, ou seja, para andar por um bairro e escutar o que
os cidadãos têm a dizer – elogios e críticas – e responder mostrando o que pensa
sobre cada assunto levantado. No campo da disputa política por cargos eletivos, o
Twitter é a versão online desse corpo-a-corpo (Spyer, 2009, p. 65).
Como se refere no título deste trabalho, Spyer afirma que, ainda mais no caso
do Twitter, as redes sociais vêm se tornando uma maneira de aproximar administradores
públicos e cidadãos, ―a ponto de o governo britânico ter criado um guia de conduta para
funcionários públicos usarem o serviço‖. Além deste fato, ―nos Estados Unidos foi
criado o TweetCongress, no Reino Unido o Tweetminster e, no Brasil, o PoliTweets‖,
todos eles recursos que aglomeram em um mesmo espaço todos os políticos presentes
no Twitter, facilitando ao eleitor acompanhar e cobrar seus representantes ou futuros
representantes. (Spyer, 2009, p. 67).
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Honolulu, no Havai, e com sobrenome árabe, que sai do quase anonimato para
tornar-se o 44º presidente americano, com uma estratégia de campanha fortemente
baseada em redes sociais […] (Torres, 2009, p. 348).
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Mais de 100
Total de um bilhão de
YouTube 1,8 mil vídeos milhões de
minutos
visualizações
Mil deles no dia do
Grupos voluntários 35 mil grupos criados anúncio da
candidatura
Fontes: Eleições 2.0: A Internet e as Mídias Sociais no processo eleitoral; A Bíblia do
Marketing Digital e Wikipedia
Se Barack Obama com esses números serviu de exemplo como sucesso político
a nível mundial, o Brasil é um dos países onde as lideranças políticas, órgãos públicos e
aspirantes aos cargos eletivos mais se mobilizaram para tomá-lo como modelo nas
campanhas eleitorais.
As estatísticas sobre o crescimento da internet mantidas pelo Comitê Gestor da
Internet no Brasil mostram que a internet brasileira cresceu vertiginosamente nos
últimos anos. De 117.200 hosts (computadores ligados diretamente à rede mundial) em
janeiro de 1998, quando o país era o número 18 no mundo, chegou-se a 2.237.527 em
janeiro de 2003, com o Brasil classificado em nono lugar. No entanto, a pesquisa
divulgada em 2008, pelo mesmo Comitê Gestor da Internet no Brasil, revelou que o país
já havia ultrapassado a marca dos 45 milhões de usuários. Reforçando a ideia de
crescimento significativo, em setembro de 2009 a IWS divulgou uma pesquisa que
mostra o Brasil com 67,5 milhões de pessoas com acesso à internet, assumindo a quinta
colocação no ranking mundial.
É baseado nestes dados e em outros – como os que mostram que os brasileiros
lideram a lista de usuários que passam mais tempo online no mundo e que o país é o
sexto colocado quando o assunto são as redes sociais –, que se pode concluir que a
política assumiu um novo nicho para o seu exercício: as ferramentas dão a possibilidade
do diálogo, da credibilidade e da eficiência na prática política.
A participação na internet tornou-se tão efetiva e massiva no Brasil que
conseguiu influenciar até o setor legislativo. A nova legislação, sancionada pelo então
presidente Luís Inácio Lula da Silva, em 29 de setembro de 2009, passou a liberar o uso
de sites, blogues e redes sociais para a realização de campanhas políticas, passando
então a propaganda na internet ser permitida em ano eleitoral.
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Cenário brasileiro
Ainda que muitos não assumam que a campanha de Barack Obama em 2008
terá sido o modelo exemplar para ingressar no mundo da internet em relação à atuação
política, o crescimento do números de políticos e órgãos públicos que ingressaram nas
redes e mídias sociais se deu essencialmente após 2008. No entanto, vale ressaltar que
muitos estrategistas também já perceberam a internet como um campo valioso algum
tempo antes disso.
Em 2002, a campanha presidencial de José Serra criou o Pelotão 45, um grupo
de voluntários cadastrados pela internet que chegou a ter 25 mil pessoas. A partir de um
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entre candidatos à presidência, deputados federais – estes os que lideravam a lista, com
253 nomes –, deputados estaduais, senadores, governadores, prefeitos e vereadores. Este
número, ainda com base na informação estatística do site, representava 1.125.974
seguidores deste grupo inseridos na rede.
Com base no quadro apresentado, que representa o período de pré-campanha
eleitoral, os três principais candidatos à Presidência da República possuíam juntos um
total de pouco mais de 392 mil seguidores, dividos em 80.453 (Dilma Rousseff),
251.487 (José Serra) e 60.958 (Marina Silva).
Numa segunda avaliação, feita em 13 de Outubro, já após a eliminação de
Marina Silva e da ida de José Serra e Dilma Rousseff ao segundo turno, pôde-se
entender que, com a proximidade das eleições, o cidadão internauta demonstrou um
maior interesse em conhecer os candidatos e suas devidas propostas. Nesta segunda
etapa, Marina Silva mostrou uma substancial e não surpreendente subida no número de
seus seguidores, sendo a que mais obteve crescimento dentre os demais, atingindo a
marca de 310.599 pessoas em seu perfil no mini-blog, um aumento de 410%. A atual
presidente, Dilma Roussef, apresentou um crescimento de 231%, alcançando 266.522
perfis conectados ao @dilmabr. Serra, por sua vez, ainda que na liderança de seguidores
– até por ser o mais antigo na rede –, foi o que apresentou o menor crescimento,
chegando a ter 515.077 seguidores, o que significa 105% a mais do que no período da
primeira análise.
Em 31 de janeiro de 2011, três meses após a conclusão das eleições 2010,
ainda que os três apresentassem crescimento, a que mais continuava angariando adeptos
ao perfil do Twitter era a petista Dilma Rousseff, que aumentou em 61% seu total de
entusiastas, com mais de 429 mil seguidores. A ambientalista Marina Silva continuava
recebendo novos perfis interessados em seus atos na internet, mas com um crescimento
irrisório se comparado ao da pesquisa anterior: 25%, o que representa um ganho de
pouco mais de 77 mil seguidores, totalizando 388.147. Segundo colocado na corrida de
2010, o tucando Serra ainda se mantinha na liderança como o político mais seguido,
com um total de 604.525, mas com a popularidade em baixa nos últimos meses, que
sugeriu um aumento de apenas 17% no número de perfis a ele conectados.
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Questionários
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―Ter direito de expor ideias‖ apareceu com um número um pouco inferior, sendo
assinalada por 23 políticos (77%). A terceira resposta mais assinalada revela que 21
inquiridos (70%) dizem estar nas redes sociais com o intuito de ―Ganhar a confiança do
eleitor‖.
Segundo 21 deles (70%), o retorno positivo em tal período foi qualificado
como ―Muito‖. Para outros 23,33% (7 políticos), o retorno foi positivo, mas entendido
como ―Normal‖. Juntos, é possível considerar que as redes sociais foram classificadas
como uma ferramenta de papel ativo e positivo, já que somam 93,33% de respostas. Os
outros 6,66% (6 respostas) ficaram divididos entre ―Pouco‖ e ―Nenhum‖.
Uma parcela majoritária, representada por 73,33% (22), afirma que ―Com
certeza‖ a internet é fulcral nas atuais campanhas políticas. Do total dos inquiridos, 20%
(6) revelou certa cautela, afirmando que, para ser fundamental, ―Tem que saber usá-la‖.
Quase na mesma linha de pensamento, mas ainda reservando a responsabilidade a cada
um, outros 6,67% (2) acreditam que o sucesso ―Depende do político‖.
A última pergunta do questionário apresentado aos políticos inseridos nas redes
sociais, de número 15, é a prova de que todos lá estão esperando retorno extremamente
positivo, com ajuda da interação e outras vantagens, já aqui discutidas, oferecidas pelas
ferramentas das novas mídias digitais. Em resposta unânime, os 100% acreditam que eleitor
possa mudar de ideia e tomar decisões baseadas no que acompanha nas redes sociais dos
políticos. Fica claro, portanto, que a internet chegou a 2010 sendo considerada uma
ferramenta praticamente indispensável àqueles que almejam um cargo na política ou
àqueles que pretendem mantê-lo mediante um bom relacionamento com seu público.
No mesmo contexto, foi elaborado um questionário aos eleitores – durante
mesmo período –, respondido por 76 pessoas. Neste, diferentemente do que foi revelado
no questionário aos políticos, o Twitter ainda não assume a primeira colocação na
preferência dos usuários. Questionados acerca das redes sociais em que estão presentes,
o Orkut ainda figurava como o site de relacionamentos preferido dos brasileiros, com 67
dos inquiridos (89,33%) afirmando que estão presentes na rede social. Com uma ligeira
diferença, o Facebook aparece em segundo lugar, tendo sido assinalado por 62 pessoas
(82,67%). A rede social sensação do momento por parte dos políticos brasileiros, o
micro-blog Twitter, obteve a indicação de 52 pessoas (69,33%). Segundo dados da
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comScore, entre junho de 2009 e junho de 2010 o Brasil teve um aumento de 20,5% de
usuários no Twitter, sendo o segundo país que mais impulsionou o crescimento da rede
social (perde apenas para a Indonésia, que obteve um aumento de 20,8%). Esse
crescimento viabiliza a aposta que entidades e agentes políticos têm feito em tal
ferramenta. Contudo, um levantamento realizado pelo IBOPE Nielsen, em fevereiro de
2010, apontava o Twitter em segundo lugar, tendo ultrapassado o Facebook em 0,8
pontos percentuais.
Do total dos inquiridos, 36 (48%) disseram acreditar que a inserção política nas
redes se tornou fundamental para ambos, políticos e cidadãos. A resposta ―Talvez‖
recebeu a preferência de outras 23 pessoas (30,67%), o que dá para ser entendido como
uma ligeira propensão ao ―sim‖.
Mais uma vez, a interação possibilitada pelas redes sociais foi enaltecida como
ponto fulcral na utilização das redes sociais. A opção ―Interação candidato – eleitor‖
recebeu 52 menções (69,33%), sendo a mais assinalada em relação às vantagens
oferecidas pelas redes sociais. A possibilidade de conhecer as propostas dos políticos foi
escolhida por 42 pessoas (56%). Com base na terceira resposta mais assinalada, a
questão da personalização do político é vista com bons olhos por aqueles que
acompanham a ―rotina virtual‖ dos representantes políticos: a opção ―Conhecê-los
melhor‖ teve a preferência de 35 respondentes (46,67%).
Questionados sobre o nível de interação que mantêm com os políticos, duas
respostas pouco animadoras assumiram-se como as mais escolhidas: ―Pouco‖ e
―Nenhum, e nem pretendo interagir‖ figuram cada uma com 22 menções (29,33%,
cada). Mais 19 pessoas (25,33%) afirmam não terem tido nenhum tipo de interação com
personalidades públicas da política, mas admitiram que pretendem iniciar algum tipo de
diálogo. Metade desse número (10,67%) diz ter um nível de interação razoável e apenas
5% do total (4 pessoas) assumiram manter um nível de interação elevado. Esta questão
revela ainda faltar um amadurecimento das atitudes de ambos os lados, em especial do
eleitor, que possui uma poderosa ferramenta capaz de dar voz ativa e aproximá-lo do
poder público e acaba por ainda ser algo passivo.
166
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10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
Uma das questões busca entender até que ponto o que está nas redes sociais,
partindo dos políticos, influencia o eleitor. A questão põe em jogo se o cidadão mudaria
conceitos e preconceitos com base naquilo que se pode acompanhar na rotina da web
dos candidatos. ―Sim‖ e ―Talvez‖ obtiveram juntas 74,67% das respostas recolhidas,
com 17 e 39 pessoas, respectivamente. Esse número elevado pode revelar ainda mais a
importância que as redes sociais assumiram no planejamento estratégico político atual.
Segundo pesquisa realizada pelo DataSenado no site oficial do órgão, com 1.315
eleitores, a internet assumiu-se como o segundo meio de comunicação mais usado para
o cidadão manter-se informado sobre política, atrás apenas da televisão. Isso se deve em
boa parte à disparidade de alcance entre tais meios de comunicação. Atualmente, a
televisão abrange 97% dos domicílios em território brasileiro, enquanto a internet
apenas 34%. No questionário, outras 13 pessoas (17,33%) dizem não dependerem ou
não serem influenciados pelas informações provenientes das redes sociais.
Com o intuito básico de fazer uma comparação do cenário político e cultural
atual no Brasil com o cenário norte-americano de 2008, a última questão busca saber se
há alguma possibilidade de sucesso quanto às colaborações provenientes de cidadãos
pró-campanha, seja a nível financeiro, seja por manifestações. A dúvida se dá pela
discrepância cultural e econômica entre os países, já que a cultura de participação, a
renda e o alcance da internet de um é extremamente superior ao outro. Contudo, uma
grata surpresa para as entidades políticas pôde ser percebida na recolha das respostas.
Ainda que esteja inferior em relação ao ―Não‖ às colaborações, o ―Sim‖ recebeu 33
menções, representando 44% do total, o que pode ser considerado um equilíbrio um
tanto inesperado. Torna-se, portanto, o eleitor, um ator cada vez mais ativo no processo
eleitoral, considerado do começo ao fim das campanhas eleitorais.
Considerações finais
Tal amostragem mostra um reflexo restrito, ainda que forneça uma imagem do
que se passa no atual cenário brasileiro.
Dos aspectos investigados, é possível ressaltar as seguintes conclusões:
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10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
168
X Congresso Brasileiro de Marketing Político
10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
Bibliografia
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em: 11 de Outubro de 2010, http://info.abril.com.br/noticias/internet/facebook-esta-
longe-do-orkut-veja-ranking-24032010-
40.shl?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed:+Plantao-
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TORRES, C. A bíblia do marketing digital: tudo o que você queria saber sobre
marketing e publicidade na internet e não tinha a quem perguntar. São Paulo:
Novatec. 2009.
170
X Congresso Brasileiro de Marketing Político
10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
RESUMO
A proliferação de blogs como fontes de informação tem resultado em uma série de
mudanças que extrapolam o universo jornalístico e avançam em direção aos processos
de produção e difusão informativa. Este artigo discorre sobre o impacto da internet na
cobertura jornalística do universo político, à luz de autores que têm debatido as
imbricações entre os campos do Jornalismo e da Política, buscando compreender
algumas influências das tecnologias de comunicação em rede sobre a produção
jornalística, tendo os blogs de opinião política como objeto de análise.
29
Mestre em História da Ciência pela PUC-SP e professora da UnP, email: stellagalvao@unp.br
171
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que tem frequentemente como titulares colunistas respeitados provenientes das páginas
opinativas dos jornais. Os colunistas e seus leitores podem ser considerados parte de
uma elite cognitiva, cujas explicações e atitudes diante do mundo público têm
importante influência na circulação das expectativas e avaliações dos cidadãos sobre o
governo e a política (ALDÉ, 2004).
Estudos voltados a este novo cenário midiático têm constatado que os blogs alteram o
panorama midiático-informacional não apenas porque permitem a conversação interna
entre leitores ou entre leitores e blogueiro, mas também porque podem se unir e formar
uma rede com objetivos comuns. HEWITT (2007) analisou alguns casos ligados à
cobertura política recente nos Estados Unidos para defender a idéia de que os blogs
mantidos por jornalistas e amadores podem agir de forma articulada e em bloco para
atacar adversários. ―A energia destrutiva da blogosfera é terrível quando concentrada‖
(idem, 2007). Mas, contrariando as previsões catastrofistas que enxergam na expansão
da blogosfera o fim do jornalismo tradicional, é fato que a comunicação mediada por
computador não dota qualquer pessoa do domínio de um saber que é próprio da
atividade jornalística. Do ponto de vista de WOLTON (2004), ―quanto mais há
informações, mais os filtros dos saberes e dos instrumentos culturais necessários a sua
utilização são importantes‖. Ou seja, a multiplicidade de meios de acesso à informação
não elimina a necessidade imperiosa do repertório para compreendê-la por inteiro.
Outro dado já estabelecido é que há uma forte imbricação entre o campo da política e o
campo do jornalismo – especialmente no caso dos blogs, que necessitam de fontes que
possam oferecer ao público uma bateria de novos fatos e perspectivas em relação
àqueles publicados por outros meios de comunicação. Diante disso, políticos,
candidatos, partidos e movimentos sociais se empenham na produção, via Internet, de
informação noticiável, procurando conquistar a atenção dos meios de comunicação
tradicionais, capazes de ampliar a repercussão de seus discursos para parcelas da
sociedade digitalmente excluídas.
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Os blogs de caráter político passam a ser compreendidos, dessa forma, como uma ponte
capaz de conectar a informação produzida por esses atores políticos com uma elite
cognitiva, detentora do acesso à informação qualificada, que implica custos e de acesso
mais difícil. Trata-se de um grupo dotado de influência e poder para emitir opiniões
sobre a política e cuja importância cresce exponencialmente no período eleitoral,
quando a sociedade está mobilizada a procurar justificativa para suas escolhas políticas,
suas opções de voto neste ou naquele candidato. Deste modo os blogs têm gerado
discussões sobre as novas possibilidades do fazer jornalístico, especialmente diante do
debate gerado em torno da sobrevivência do jornalismo tradicional.
Por outro lado, é forçoso constatar que blogs jornalísticos têm funcionado não apenas
como versões eletrônicas de colunas impressas, mas também têm sido explorados em
outras modalidades, seja como alternativa para profissionais que desejam oferecer
coberturas independentes e não atreladas a grandes meios, seja como canal de
experimentação de novos formatos e linguagens ou ainda como meios mais ágeis e com
conteúdos privilegiados/exclusivos. Como a internet proporciona uma rápida
virtualização da sociedade (LÉVY, 1996), é necessário proceder à análise da
proliferação de gêneros textuais e da transformação que antigos gêneros sofrem com o
advento da grande rede de informações.
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10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
seus colegas e suas fontes.‖ Do ponto de vista do trabalho jornalístico, é justamente essa
―estrutura de interdependências‖ que parece ser afetada nos blogs. As grandes redações
jornalísticas e suas especificidades dão lugar a uma prática diferente, uma vez que o
blogueiro passa a ser figura central tanto na produção quanto na divulgação da notícia.
Na rotina dos jornalistas nos blogs, as pressões explícitas não ditas que existem entre
colegas de redação dão lugar a uma espécie de ‗isolamento‘ do blogueiro. Este está
afastado, ao menos a princípio, das diversas coações presentes nas redações.
A seara política surge como campo cognitivo especialmente relevante para analisar
estas mudanças, considerando que os jornalistas são invariavelmente avaliados como
competentes para realizar a mediação de modo a tornar as informações mais facilmente
digeríveis. Assim, os colunistas de política dos grandes jornais impressos assumem a
condição de, digamos, autoridades cognitivas para construção de agendas e
enquadramentos dominantes. Mas, a partir do momento em que estes colunistas
disponibilizam no sítio do próprio jornal um blog, passam a abrir a elaboração deste
debate para a participação de um público mais abrangente.
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dos usuários de processar informação, e nos mecanismos que usam para escolher o que
acessar e ler. Não é possível dar conta deste excesso de informações disponíveis sem
algum tipo de orientação e guia (LEMOS e PALÁCIOS, 2001). Virtualmente, está tudo
online; na prática, devido às limitações de tempo e interesse, cada usuário acessará
somente algumas destas informações e sites. Os jornalistas, então, cumprem esta função
de organizadores autorizados da informação online. Como muitos outros filtros, têm sua
credibilidade originada fora da web, na medida em que os usuários procuram sites de
instituições ―confiáveis", como os de universidades e da própria imprensa, por já
conhecê-las e avaliá-las a partir de parâmetros estabelecidos externamente.
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10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
possível redimensionar seu alcance político e sua importância para uma comunicação
mais plural.
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10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
alternativas dos fatos para pautar outros blogs e jornais online, aumentando assim o raio
de alcance de suas posições políticas. Os políticos perceberam que podem influenciar
outros meios de comunicação mobilizando blogs pessoais para tentar agendar temas de
interesse para os meios massivos. Esta comunicação considera a interação dessas três
instâncias – leitores, blogs (jornalísticos e de políticos) e meios massivos (jornais online
e impressos) – e a análise das consequências daí decorrentes (idem, 2007).
Dessa forma, blogs de políticos podem ser entendidos como uma ponte entre agentes
políticos e jornalistas, tendo a opinião pública como objetivo final das estratégias de
comunicação, por um lado e, por outro, das práticas profissionais. Segundo Bourdieu,
um campo é um locus de ações e reações produzidas por atores sociais dotados de
disposições permanentes, parcialmente adquiridas em sua própria experiência nesses
espaços sociais. Um campo deve ser dotado de relativo grau de autonomia sobre os
demais, mas tem como condição de sua autonomia o fato de ser constituído por um
corpo de especialistas engajados no desempenho das funções, e dispostos a liberar sua
produção de qualquer dependência social, estabelecendo regras próprias que regularão
sua produção interna. Contudo, o campo também é um lugar de competições internas
em que suas próprias regras se encontram em disputa por aqueles que dele participam
(BOURDIEU, 1992). O campo do jornalismo, como o da política, é assim entendido
porque se constitui como um universo próprio dotado de regras de funcionamento, sem
no entanto ser completamente independente de regras e leis externas (BOURDIEU,
2004).
Conforme Bourdieu, o jornalismo pode ser considerado um campo não apenas por se
tratar de uma instância de difusão de informações e bens culturais, mas também por se
constituir na forma de um agente coletivo que opera com uma substancial produção
simbólica de bens culturais e a modalidade comunicacional relacionada à estruturação
do campo como um todo. O ponto a destacar se refere à autonomia, sujeita ao grau de
dependência e influência de outros campos. Ao observar o jornalismo, especialmente o
televisivo, o autor detecta que o campo jornalístico experimenta, há algumas décadas,
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Por outro lado, os blogs trazem modificações importantes no que diz respeito ao grau de
autonomia e de interação entre os campos da política e do jornalismo. Oferecem ao
jornalista maior liberdade editorial, funcionando como meio de autonomização capaz de
permitir notícias, comentários, análises, críticas e furos jornalísticos marcados por alto
grau de individuação. No jogo de forças do campo de atuação profissional, tal postura
proporciona um diferencial ao jornalista na disputa interna pelas regras do jogo e pela
hegemonia das relações sociais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os blogs de caráter político passam a ser compreendidos como uma ponte capaz de
conectar a informação produzida por atores políticos junto a uma elite cognitiva, da qual
os jornalistas também fazem parte, detentora do acesso à informação qualificada,
custosa e de acesso mais difícil. Trata-se de um grupo dotado de poder de influência,
que se habilita a emitir opiniões sobre a política e cuja importância é singular no
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REFERÊNCIAS:
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10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
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Resumo:
30
Artigo do GT3. Internet.
31
Doutor em Ciências Sociais pela PUC-SP, pesquisador do Grupo de Pesquisa Opinião
Pública, Marketing Político e Comportamento Eleitoral da UFMG. E-mail:
ricardo_costa30@yahoo.com.br.
32
Graduado em Matemática pela UNESP, pesquisador do Grupo de Pesquisa Opinião
Pública, Marketing Político e Comportamento Eleitoral da UFMG. E-mail:
wesleymp@gmail.com.
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10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
O século XXI teve sua primeira década marcada pela difusão e democratização das
tecnologias digitais, conectadas à Internet em aparelhos eletrônicos tais como
Notebook33, Smartphone34, Tablet35 ou TV Digital36 e foram responsáveis pelo
rompimento das barreiras físicas, geográficas, culturais e econômicas. Não importa se a
conexão é wi-fi37, 3G38 ou discada, as pessoas estão acessando a rede mundial de
computadores e a Internet faz parte do cotidiano das pessoas, seja como lazer, trabalho
ou estudo. Por consequência desta mudança de hábito, o cidadão passou também a viver
e conviver virtualmente e assim nasceram as redes sociais, como comunidades, sites de
relacionamentos, fóruns de discussão, entre outros.
Neste contexto o Brasil tem destaque no cenário atual, pois é apontado em diversas
pesquisas como um dos países que mais consome Internet no mundo. Mesmo com as
conhecidas limitações técnicas e financeiras que a população sofre, o brasileiro
demonstra a todo o momento que está preparado para a vida virtual, tornando os
produtos da Web um sucesso de informação, formação, comércio e relacionamento.
33
Computador portátil.
34
Telefone celular com funcionalidades específicas de programas executados no seu
sistema operacional.
35
Dispositivo pessoal em formato de prancheta que pode ser usado para acesso à
Internet.
36
Aparelhos compatíveis com acesso à Internet.
37
Marca registrada cuja tecnologia possibilita o acesso à Internet sem necessidade de
cabos.
38
Terceira geração de padrões e tecnologias de telefonia móvel.
183
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10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
Internet e Torres (2009, p.75) aponta que 80% dos internautas brasileiros estão
conectados às redes sociais.
Nos últimos anos incorporamos ao nosso cotidiano produtos como Orkut, Facebook,
Twitter e Youtube e mesmo aqueles reticentes e avessos a essas novidades sabem quão
populares as redes sociais se tornaram no país e no mundo globalizado.
Partindo do princípio que a Internet possibilitou uma forma de organização virtual, fica
clara a necessidade da criação de grupos ou redes sociais por meio de sites, e assim
surgiram os sites de relacionamento como Orkut. O usuário é o ator da rede.
Quando dois atores interagem cria-se o laço social. Os laços sociais podem
ser fracos (quando há relações esparsas) ou fortes (quando há intimidade,
proximidade e intenção de efetuar conexão). Quanto mais laços sociais
(interações) uma rede social apresentar, mais densa ela será considerada. No
entanto, para que estes laços sejam mantidos, é necessário que a relação
entre os atores seja mantida, de forma substancial e significativa para estes
atores (VALENTE & SILVA, 2010, p.4).
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As redes sociais não são e não podem ser encaradas como coadjuvantes no processo de
evolução da comunicação. Por meio dos perfis e das páginas de relacionamento o
indivíduo atua, pensa, elabora, compartilha, tornando rica a experiência e atraindo
olhares do mercado e da política, porém a falta de compreensão do plano virtual, do
comportamento do usuário e o anseio por interagir a todo custo, propicia os maiores
erros de marketing e publicidade por parte das empresas, instituições e profissionais.
Em consulta39 ao site que mede o tráfego de acesso pela Internet e lista os mais
acessados no mundo, Alexa40, posiciona oito sites de redes sociais entre os quinze mais
acessados no Brasil. Destaque para Facebook e Youtube que ocupam terceira e quarta
posição respectivamente, ficando atrás dos endereços brasileiro e americano do site de
busca Google. É importante ressaltar que somente na quinta posição aparece um site
que não seja de relacionamento, o portal de conteúdo UOL, provando a força da
popularidade das redes sociais em conexões tupiniquins.
39
Realizada em 07 de jun. de 2011
40
www.alexa.com
185
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O indivíduo cada vez mais virtualizado aprende a fazer das experiências na Internet um
braço da vida real. É possível destacar o crescimento do comércio eletrônico e do
ensino a distância, ambos a passos largos, ano após ano. Engatinhando nesse sentido
estão às ações dos candidatos, políticos brasileiros. Apesar de crescente a utilização das
redes sociais pelas equipes, partidos e políticos, muito pode e deve ser explorado.
Há muito a ser explorado pelos partidos políticos e seus candidatos nas redes, porém é
preciso entender o contexto técnico e social. É evidente que as redes são populares e
abarrotadas de usuários, não obstante um fator técnico limita as possibilidades gerais no
campo geográfico, a conexão. Para haver rede social na Internet é necessário que haja
boa conexão, o que limita muito quando atuamos nas regiões distantes dos grandes
centros. Por mais que avançamos na distribuição da banda larga, há muitas regiões que
carecem de melhorias e isso torna mais difícil o trato das redes como forma de
comunicação e marketing político.
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Das ações mais recentes e comentadas no trato das redes sociais em campanha eleitoral
destaca-se a eleição presidencial dos Estados Unidos da América, que elegeu Barack
Obama presidente. A Internet foi o destaque das ações e o mundo todo passou a ter um
olhar mais atento a esta ferramenta. Um candidato popularmente virtual. Entre verdades
e mitos o fato é que houve um diferencial da campanha ao lidar especialmente com a
rede social, que conduziu o candidato para próximo do eleitor, porém é importante
ressaltar que a equipe estava bem capacitada para lidar com a Internet e os internautas.
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"O problema no Brasil é fazer com que os poderes constituídos entendam tamanha
importância da Internet para o processo político e para a democratização da
comunicação política" (MACEDO; ARY; BURGOS, 2009, p.3).
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Convencer é o verbo a ser conjugado para o sucesso de um político, pois a eleição vem
do convencimento e ao encontro desta idéia. O Marketing surge como uma ferramenta
estratégica e parceira do processo eleitoral. Onde há necessidade de convencimento e
negociação, há Marketing, logo, se torna clara a benemerência da junção com a política.
Uma das táticas mais conhecidas e praticadas seja por profissionais ou por leigos em
Marketing é o Buzz Marketing, denominado por Chetochine, como ―Marketing boca a
boca‖. O simples ato da indicação de um produto, marca ou serviço por aquele que
consumiu e aprovou, gera o boca a boca. Isso acontece a todo o momento, quando
indicamos um bom filme para um amigo, um bom serviço prestado para um parente ou
mesmo quando indicamos um candidato ao conhecido que está indeciso. A ação do
Buzz Marketing é fundamental em toda campanha política, desde os tempos mais
remotos. Onde há um cabo eleitoral, há Buzz Marketing, inclusive nos cenários virtuais
das redes sociais.
O fato é que o boca a boca sempre existiu. Ainda que nunca tenha sido tão
intenso quanto hoje – pelo simples motivo de estarmos cada vez mais
interligados por computadores e telefones celulares e de a banda larga estar
se espalhando à velocidade da luz (CHETOCHINE, 2006, p.7).
―A ideia de evangelização não é nenhuma novidade, mas pode chocar a cultura judaico-
cristã. Não há dúvida de que o cliente evangelista existe! Todos nós já conhecemos
algum. Ele está em nossa família, entre amigos, no meio de nossos colegas‖
(CHETOCHINE, 2006, p.8).
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O evangelizador é um condutor de uma causa, pois a história nos mostra que para
evangelizar é necessária uma causa, um motivo, um sonho, algo para lutar, brigar,
alguém a quem defender. Temos essa ideia retratada no campo religioso com as
pregações e o convencimento das pessoas a causa cristã, por exemplo.
―Em política é a mesma coisa, são alguns evangelistas de uma cidade que conseguem
eleger um prefeito, um deputado e até o presidente de uma nação‖ (CHETOCHINE,
2006, p.12).
A causa move o evangelizador que estará sempre pronto a lutar e divulgar. O candidato
precisa ter uma causa, para que conquiste evangelizadores e consequentemente
eleitores, para que se tenha cumprido o objetivo maior, a eleição.
O importante é entender que as pessoas estão ali, prontas para ouvir, questionar,
participar ou mesmo ignorar, dependendo da abordagem e da mensagem proposta.
Encarar o universo virtual como um colégio eleitoral é dar um passo à frente na disputa.
A preocupação com o meio ambiente, com a energia nuclear e o terrorismo vem criando
no ser humano uma necessidade de se mostrar melhor. São cada vez mais comum
propagandas que estimulam a cooperação, a generosidade, a preocupação e o respeito.
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10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
O Marketing sofre influência dessa necessidade humana e propõe em suas ações valores
que ligam o produto ou serviço de uma empresa, instituição ou profissional às
qualidades exigidas pela busca do verde, da paz e segurança. É importante que o
candidato tenha essa visão, pois ela vai ao encontro da questão de evangelização
destacada no Buzz Marketing, criando um causa para ser defendida. O político deve ser
cada vez mais humano e responsável perante o eleitor.
É preciso ficar atento a essas mudanças nos desejos dos indivíduos, e esta pode ser a
estratégia ideal para a abordagem política pelas redes sociais. O lugar mais emotivo para
o indivíduo é a rede social, logo se torna perfeitamente lógico que o político que
demonstre preocupação com os desejos do eleitor e dê a eles uma causa será muito bem
aceito na rede.
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―Para que se compreenda como a rede social que está sendo utilizada, é necessário
analisar o tipo de capital social envolvido na interação (caso ocorra) entre o perfil do
candidato e outros perfis‖ (VALENTE & SILVA, 2010, p.10).
Mais uma vez se faz necessário refletir que a emoção é um campo importante para
definir o perfil e as estratégias de relacionamento pela rede. Questionar os motivos que
geram os debates pelo Twitter, fatos e eventos que chamam a atenção pelo Facebook,
são elementos que contribuirão para a abordagem com o eleitor. Apesar de necessário e
frequente o uso de mensagens postadas por equipes, é importante que haja a interação
pessoal do candidato, e é fundamental para o processo de conquista. O usuário em rede
social espera que os laços sejam humanizados, a emoção deve aproximar o virtual do
real e para que isso aconteça é fundamental a ação do candidato de forma clara,
objetiva, informal e pessoal.
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É evidente que lidar com o conteúdo na rede de forma emocional e pessoal, gera a
possibilidade de críticas, ataques e ações nocivas, não obstante isso deve ser encarada
como exceção e não regra, e quando ocorrer, os usuários mais cativos estarão prontos
para defender seu candidato, seu representante e líder.
―Os candidatos devem estar preparados para ouvir e reagir de forma estratégica. Cerca
de 60% das pessoas afirmam que só concretizam um negócio após pesquisar na internet,
na política não será diferente‖ (TELLES, 2010, p.174).
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redes identificando e destacando seus pontos mais ativos e passivos com relação ao trato
da comunicação e relacionamento virtual com o eleitor.
A pesquisa partiu pelos sites dos candidatos em seus principais endereços eletrônicos.
Nota-se inicialmente que não há uma paridade clara nas ações entre os pré-candidatos,
cada um tem um perfil diferente no trato das redes sociais. Enquanto Marta Suplicy está
presente nas quatro principais redes de relacionamentos, Facebook, Twitter, Youtube e
Orkut, o pré-candidato Netinho de Paula, utiliza apenas o Twitter e Facebook como suas
principais redes de comunicação e relacionamento com o eleitor. O experiente pré-
candidato José Serra está nas principais redes assim como o novato aspirante a
prefeitura paulistana, Gabriel Chalita.
O Facebook é a rede social que mais cresce no mundo e no Brasil, curiosamente não é
explorada por Chalita e Serra, enquanto Marta e Netinho têm ativos os seus perfis. A
diferença entre a pré-candidata do PT e o pré-candidato do PCdoB é evidenciada pela
forma com a qual utiliza a ferramenta. Os seguidores da petista interagem,
compartilham, comentam, porém não há interação entre os seguidores e a pré-candidata,
deixando claro uma preciosa lacuna de participação nos vários comentários expostos
dentro do perfil. Por outro lado Netinho utiliza a ferramenta não só para a exposição
imediata do seu conteúdo como também responde aos questionamentos e participa das
discussões geradas em diversos comentários dentro do perfil, mantendo uma posição
ativa e democrática.
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―Os formadores de opinião não são mais os apresentadores de TV, somos nós, quando
interagimos e damos nossas opiniões nas mídias sociais‖ (TELLES, 2010, p.177).
A escolha e utilização de uma rede social não podem ser baseadas no simples desejo de
ingressá-la por conta de a mesma ter alto índice de usuários. A escolha deve partir pelo
perfil de quem a acessa e a compatibilidade com o perfil do candidato, para que a
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―A escolha da utilização das redes sociais durante a campanha eleitoral, mais que uma
ferramenta a mais, foi uma estratégia política‖ (VALENTE & SILVA, 2010, p.12).
―Faça questão de informar aos usuários quando não é o candidato que está falando, para
que não gere nenhuma polêmica‖ (TELLES, 2010, p.175).
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―Defina um texto base para a criação dos perfis, porém cada um utilizando, uma
linguagem de acordo com o tipo de rede social e público‖ (TELLES, 2010, p.177).
Ainda com base na análise do conteúdo postado pelos pré-candidatos, ficou evidenciado
que os candidatos Netinho e Serra mostram-se mais emotivos nas redes que atuam.
Além de divulgarem suas ações, políticas e sociais, interagem com os usuários em
questões corriqueiras de todo perfil na rede, como esporte por exemplo. A
impessoalidade de um perfil o torna distante do usuário que não espera ver um ―Diário
Oficial‖ do político que o representa ou que o representará. Mesmo que o objetivo
maior seja mostrar as qualidades, ações e projetos são necessários se aproximar, iniciar
um diálogo para depois fazer a propaganda.
―Cerca de 35% dos internautas colocam ativamente suas opiniões nas mídias sociais.
Não pense em convencer os usuários, pense em ganhar a confiança deles‖ (TELLES,
2010, p.176).
Há muito para ser explorado pelos candidatos, muitos eleitores para serem
conquistados. O trabalho é desafiador tanto para partidos, como para políticos e equipes
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de campanha. Resta saber se haverá preocupação e zelo com todos os pontos listados
neste artigo para que se tenha a configuração da rede social como ambiente eleitoral
pleno, democrático e ativo.
Considerações Finais
Por tudo o que foi pontuado neste trabalho, destaca-se a necessidade de ampliar as ações
nas redes por parte dos candidatos e partidos de forma abrangente, ativa e constante.
Um dos grandes desafios para os candidatos elegíveis em 2012 é o maior e melhor uso
das redes sociais pela Internet.
Por mais que haja publicações a respeito da campanha de Barack Obama incentivando o
uso das mesmas táticas e abordagens, não é sadio apostar nessa tática como um
referencial único e verdadeiro, uma vez que o nosso contexto cultural, social e
econômico é diferente do americano, porém há lições e exemplos que devem ser
observados.
198
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Sites Pesquisados
http://www.gabrielchalita.com.br/
http://twitter.com/#!/gabriel_chalita
http://www.youtube.com/user/TVChalita
http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=146978
http://blog.cancaonova.com/gabrielchalita/
http://www.martasuplicy.com.br/
http://twitter.com/#!/martasenadora
http://www.facebook.com/MartaSenadora#!/MartaSenadora
http://www.youtube.com/MartaSenadora?gl=BR&hl=pt
http://www.orkut.com.br/Main#Profile?uid=1629650256883984501
http://www.flickr.com/photos/martasenadora/
http://www.netinhodepaula.com.br/
http://www.facebook.com/netinhodpaula
http://twitter.com/#!/netinhoDpaula
http://www.joseserra.com.br/
http://www.facebook.com/paginaJoseSerra#!/paginaJoseSerra
http://twitter.com/#!/joseserra_
http://www.youtube.com/user/amigosdoserra
http://www.tobeguarany.com/internet_no_brasil.php
http://www.checkfacebook.com/
199
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Referências Bibliográficas
CHETOCHINE, Georges. Buzz Marketing: sua marca na boca do cliente. São Paulo:
Prentice Hall Brasil, 2006.
KOTTLER, Philip. Marketing 3.0: as forças que estão definindo o novo marketing
centrado no ser humano. Rio de Janeiro: Campus, 2010.
200
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MACEDO, Ary; BURGOS Marcelo; CHAIA, Vera. Os sites dos partidos políticos
nas eleições de 2006. São Paulo, 2009, 28p. Disponível em:
http://revistas.pucsp.br/index.php/aurora/article/viewFile/4582/3175. Acesso em 03 de
jun. de 2011.
TELLES, André. A Revolução das Mídias Sociais. São Paulo: M.Books, 2010.
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Bruno Antunes41
E-mail: brunocdantunes@gmail.com
Universidade Metodista de São Paulo
Resumo: Este trabalho tem como objetivo refletir o impacto que a divulgação de
documentos secretos por parte do Wikileaks teve sobre as comunicações
governamentais, principalmente a dos Estados Unidos. Os mais de um milhão de
documentos retratam a relação americana nas embaixadas e os segredos das guerras do
Afeganistão e do Iraque, o que levou a parte da população questionar os reais motivos
das guerras e olhar com desconfiança para a diplomacia estadunidense, que começou
uma Guerra da Informação contra o site e seu dono e mentor, Julian Assange. Há
também a abertura para o debate em como as instituições governamentais tem de agir
perante a esta nova realidade e buscar outra maneira de processos comunicacionais e
investir na transparência de suas ações.
41
Graduado em Comunicação Social, com habilitação em jornalismo, pela Universidade
São Marcos de São Paulo e em Letras, com licenciatura em inglês pela UMESP. Pós-
graduado em Comunicação Empresarial pela UMESP. Mestrando em Comunicação
Social pela UMESP.
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INTRODUÇÃO
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A ORIGEM DA CONTROVÉRSIA
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pelos usuários a suas necessidades, desde que seja redistribuído depois com a
atualização). O principal deles é o TOR (sigla em inglês para O Roteador Cebola).
Este software permite a navegação e a troca de arquivos sem rastreamento. A
alusão a cebola se devo ao seu funcionamento. Como o legume, o software funciona em
camadas, ou seja, a emissão da informação não acontece de maneira linear, do ponto A
ao ponto B, como é o padrão dos servidores atuais. (SOARES, 2010). Então, quando a
informação sai do computador emissor, ela se espalha para um servidor, a primeira
camada, depois outra e assim por diante. Quem tentar rastrear chegará apenas ao
servidor do TOR, conservando o anonimato do emissor.
Com o problema do anonimato resolvido, ainda tinha mais uma questão
tecnológica a ser resolvida: aonde guardar a quantidade de documentos e possuir
servidores seguros até mesmo para se usar o TOR. A solução também partiu da
plataforma wiki. Assange se une ao site sueco de troca de arquivos torrent The Pirate
Bay (formato que permite o download de programas fechados de forma gratuita, o que
levou o site a ser fechado por acusação de pirataria), que tinham relações com a empresa
de hospedagem da web PRQ. Os servidores da empresa contam com sistemas de
segurança avançados e ficam em um antigo bunker.
Os problemas tecnológicos para garantir a segurança estavam feitos e o site a
pleno vapor. E a divulgação que seu conteúdo veio em um momento em que o planeta
começava a mudar. ―Os vazamentos também coincidiram com a proliferação de novas
mídias em disputas políticas pelo acesso a informação no Oriente Médio e na Ásia‖
(SPEKTOR, 2011), junto com o auge dos questionamentos sobre a causa real da Guerra
do Iraque.
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que o Paquistão é um aliado duvidoso para os Estados Unidos e a violação das leis de
guerra feitas pela coalizão no Afeganistão e Iraque não surpreende aos atentos.
Então, o que leva os documentos a serem tão relevantes está no contexto em que
o mundo se encontrava. Como dito anteriormente, as crises governamentais estavam em
alta. Populações não estavam contentes com seus líderes e esboçavam uma reação. Os
documentos secretos então aparecem como um estopim para o início da indignação,
indagação acompanhada com o ativismo em prol da justiça e da transparência.
―Também serviriam os documentos para desenvolver mecanismos que, no futuro,
dificultem o uso da mentira por parte dos governos de plantão‖ (SPEKTOR, 2011).
Em uma breve análise, os governos usam de táticas comunicacionais para aplicar
suas políticas que levam a questionamentos sobre a condução da democracia. O medo é
uma constante dentro do aparato da estratégia comunicacional do poder público. E não é
por menos. Em um pouco mais de cinco mil anos de história da humanidade, houve paz
apenas em 250 anos (WAINBERG, 2005). Este dado coloca o terror sempre presente
dentro do imaginário social.
Para explicar suas ações, como afirma a citação acima, os governos usam de
outro artifício também presente na natureza humana: a mentira. ―Há de se considerar
que uma das expressões da mentira manifesta-se como omissão/falseamento de
informação que atinge de forma prejudicial à capacidade de representação da
consciência humana‖ (CANIATO, 2007). Um exemplo fica com a administração de
George W. Bush e suas justificativas para a Guerra do Iraque.
Em seu pronunciamento, ele evocou a população para um luta do bem contra o
mal. Do cristão provido de justiça divina contra Saddam Hussein, uma ameaça a
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distribuídos para a web através de softwares de código aberto, inclusive com a ajuda do
próprio Wikileaks.
A GUERRA DA INFORMAÇÃO
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Já pelo lado dos governos que sofreram com o vazamento, os argumentos contra
o Wikileaks e sua atuação são validos. O primeiro seria de que eles violam a lei ao obter
e publicar os documentos. Porém, dentro do próprio Estados Unidos, há tempos alguns
jornalistas têm acesso a documentos, como Thomas Friedman, Bob Woodward e David
Sanger, divulgam o material, saem impunes e são bem remunerados (SPEKTOR, 2011).
Neste aspecto, dentro da Guerra da Informação, as acusações contra Assange do
tamanho da posse de documentos e de ele ser estrangeiros, não possui base legal, e o
governo ainda sairia deste ocorrido como hipócrita.
Outra crítica se dá que atrapalharia o trabalho dos historiadores, devido a uma
possível nova conduta para a liberação de documentos para estes profissionais. As
outras críticas tecem sobre o constrangimento dos diplomatas americanos e as
dificuldades que terão em suas relações internacionais e de colocar em risco a vida de
informantes. Esta última realmente aconteceu, com a divulgação de documento sobre o
Afeganistão onde alguns informantes foram mortos pelo Talebã.
Autores afirmam que este ruído que o Wikileaks causou na diplomacia norte-
americana é muito barulho por nada. ―Penso que nem os seres humanos na sua
individualidade singular, nem a atividade diplomática institucionalizada suportam, com
facilidade, a instantaneidade diária das luzes da plena transparência‖ (LAFER, 2011).
Mesmo com toda a Guerra da Informação, a diplomacia americana ainda
continua forte. Os parceiros continuarão a apoiar as estratégias americanas e os
negócios não irão parar. Aqueles que sofreram o constrangimento de seus nomes
estarem nos documentos, sofrerão represálias, mas serão substituídos por outros, que
continuarão o trabalho diplomático sem maiores problemas. Agora, talvez, com uma
rede de segurança de informações mais potente.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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análise e apreciação dos documentos, como empresas do ramo o fazem. Portanto, pode
ser que dure anos ou, com o criador do site preso, pode ter decretado seu fim.
Mas o legado deixado pelo site é algo que veio para ficar. Já há outros que
seguem a mesma linha, com maior organização e investimento. Até mesmo o Brasil já
possui um clone do original, Wikileaks Brasil, que segue a mesma ideologia de Assange
e tenta causar furor.
Não só sites de liberação de documentos secretos fazem seu ativismo. Há os
teóricos da conspiração que, apesar da qualidade da informação que transmitem ser
dúbia, causam o questionamento de seus seguidores sobre a atuação de seus
governantes. O exemplo mais evidente é o Zeitgeist Movement, que começou com um
documentário feito de maneira independente, onde critica de forma severa o
cristianismo e a política norte-americana, obteve milhões de acesso, e hoje é um
movimento que conta com células em diversos países e seus militantes fazem ações
sociais regularmente.
A sociedade digital então pede mais transparência de seus líderes. As novas
tecnologias tiram a informação dos aparatos de poder e chegam com maior facilidade às
mãos da sociedade civil (LAFER, 2011). O pensamento de que a informação
diplomática é impermeável e nada contra ao ciberespaço tem de ser revista. Uma
adaptação nas legislações e nas formas de transmissões desta informação é uma
hipótese. O uso da colaboração virtual também pode ser usado pelo poder público.
Deixar a população também fazer parte do governo e das decisões.
As formas da manipulação sociais feitas através da comunicação pelos governos,
como o uso do medo e da desinformação, já não surtem os mesmos efeitos antes de
web. O Wikileaks trouxe novos debates sobre a política internacional e a condução da
diplomacia, intensificou a Guerra da Informação e, toda tentativa dos governos em
derrubarem Assange, só trazem mais força para a sua organização.
O site já começou revoluções no Mundo Árabe, depôs diplomatas e
embaixadores, colocou a credibilidade americana em baixa por conta dos documentos
sobre as guerras do Afeganistão e do Iraque. Portanto, chegou à hora de se adaptar,
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traçar novas metas comunicacionais governamentais, já que o público que está por aí,
pede por maior transparência.
REFERÊNCIAS
CANIATO, Angela. A banalização da mentira na sociedade contemporânea e sua
internalização como destrutividade psíquica. Universidade Estadual de Maringá,
Paraná. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/psoc/v19n3/a14v19n3.pdf >. Acesso
em: 8 de jun. 2011.
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Resumo
Palavras-chave:
Redes sociais digitais, E-Marketing 2.0, Eleições presidenciais
42
Bacharel e licenciado em História pela FFLCH da Universidade de São Paulo e pós-
graduado em Marketing Político e Propaganda Eleitoral pela ECA-USP. Publicitário
com experiência em planejamento, criação, direção de arte, e redação, é também
especialista em Social Media Marketing. Atua como consultor de Marketing Político e
Eleitoral desde 1992, tendo coordenado o marketing de diversas campanhas majoritárias
no grande ABC e partidárias no Estado de São Paulo.
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Esta comunicação dirigida, feita aos milhares e milhares, por meio de uma
tecnologia que permite não somente transmitir mensagens no velho esquema
emissor/receptor como na comunicação eletrônica, mas privilegia a interatividade das
redes sociais digitais, produziu conteúdos desvinculados das grandes corporações da
mídia (TV e jornais).
Aí reside a força da estratégia vitoriosa de Obama, que ousou fincar os dois pés
no século XXI, onde, segundo Felice, ―a humanidade estaria enfrentando uma ulterior
revolução comunicativa, implementada pelas tecnologias digitais, que, numa concepção
histórica, constituiria a quarta revolução e que, como as outras, estaria ocasionando
importantes transformações no interior dos distintos aspectos do convívio humano.‖
(FELICE, 2008, p.22).
Com maestria a campanha de Obama soube lançar mão do que há de mais atual
em termos de comunicação digital, privilegiando a interatividade, a liberdade de
expressão e a participação democrática, inaugurando uma nova era na comunicação
política e eleitoral.
Mas ter site na internet e perfil nas diversas redes sociais digitais por si só não é
suficiente para cativar o eleitor. É fundamental que, a exemplo do realizado pela
campanha vitoriosa de Obama, seja incentivada a participação efetiva do cidadão. A
utilização estratégica de canais e mecanismos de participação democrática, onde o
eleitor tenha voz e vez é o que faz a diferença.
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Este trabalho tem como objetivos gerais o estudo da utilização das novas
tecnologias da informação nos processos políticos e eleitorais, bem como suas
implicações no que se refere à participação efetiva do cidadão nos mesmos e o
conseqüente fortalecimento do processo democrático.
43
http://www.comscore.com/press/release.asp?press=1531; acesso em 10/09/09 - 22h08
44
http://www.everis.com.br/imprensa-e-publicacoes/notas-de-
imprensa/2009/Pesquisa_Internet.asp; acesso em 10/09/09 - 21h08
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O Chile, até o golpe de 1973, que depôs Allende, era tido como um exemplo de
democracia. Tornou-se independente já em 1810, e entre 1830 e 1970 escolheu seus
presidentes por meio de eleições diretas sendo interrompido apenas em 1891, durante o
período da guerra civil ocorrida no governo de Balmaceda, e entre os anos 1924 e 1931,
período compreendido entre a renúncia de Alessandri e seu retorno pelo voto direto em
1932. O Chile teve um Congresso antes dos países europeus, salvo Inglaterra e
Noruega, e o voto direto foi instituído no país em 1874, antes mesmo da Bélgica,
Dinamarca, Noruega e França45.
45
SADER, Emir – Chile (1818-1990). Da Independência à Redemocratização. Editora
Brasiliense, São Paulo, 1991, p. 11.
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Restando poucos meses para concluir seu mandato, Bachelet ostentava índices
de aprovação beirando os 80%, segundo apurado pelo instituto Adimark GFK, em
setembro de 2009.
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No que se refere aos ataques no Facebook, o candidato Frei foi o que mais
apanhou. A tabela 3 compara o número de inscritos na página oficial de cada candidato
com o número de inscritos na principal página de ataques de cada um.
Tabela 3: Número de adesões das páginas oficiais X adesões das páginas de ataque
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Marco foi efetivamente o candidato que mais se desarmou na sua relação com a
rede. Não havia nenhuma barreira ou moderação em seus espaços na web e em uma de
suas postagens escreveu: ―Aceitamos sugestões, críticas e insultos‖.
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Eduardo Frei ficou bem longe da atuação dos concorrentes. Na verdade nenhum
dos dois endereços utilizados pela campanha de Frei era alimentado por ele próprio. Na
reta final do primeiro turno a página mais ativa do candidato no Twitter apresentava
modestos 3.862 seguidores e um volume de tweets da ordem de 758, praticamente igual
ao da página de Piñera.
224
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46
http://www.youtube.com/watch?v=BsN-RdUhMwE
47
http://www.difamadores.cl/
225
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48
http://www.youtube.com/watch?v=SlZvUlHuoAk
49
http://www.youtube.com/watch?v=Zs-NIWiX5yE
50
http://www.youtube.com/watch?v=ev7Qlp5sWGQ
226
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51
http://www.cerc.cl/Encuestas/09JUL.pdf
52
http://www.cerc.cl/Encuestas/09OCT.pdf
227
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53
http://www.terra.cl/actualidad/especiales/2009/elecciones/index.cfm?pagina=noticias
&id_reg=1265904&titulo_url=Analistas_destacan_desempeño_de_Enriquez-
Ominami_en_el_debate_presidencial
54
http://www.latercera.com/contenido/674_207263_9.shtml
228
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Para fazer frente à onda de descrédito que se abateu sobre grande parcela do
eleitorado que votou em Marco e declarava dar no mesmo votar em Frei ou Piñera, a
campanha passou a explorar a frase ―NO DA LO MISMO‖. Um grande evento
denominado ―Porque no da lo mismo, la cultura y los jóvenes estamos con Frei‖, foi
programado pela campanha e repercutiu na mídia a adesão de expoentes da classe
artística55.
Marco após a contagem dos votos declarou ser "impossível abusar da confiança
em mim depositada. Não tenho qualquer condição de endossar o voto em outro
candidato, não farei isto, em respeito aos mais pobres e aos mais desamparados",
discursou. "A velha política está esperando sinais que não vai receber. O Chile deverá
escolher entre dois projetos que são mais do passado do que do futuro. Frei e Piñera se
parecem muito"56.
55
http://elecciones2009.lanacion.cl/prontus_elecciones2009/site/artic/20100112/pags/201001120
14034.php
56
http://noticias.uol.com.br/ultnot/internacional/2009/12/14/ult1859u20.jhtm. Acesso
em 14-12-2009, 8h53.
229
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57
http://www.lanacion.cl/Piñera-asume-recurso-que-nego-3-veces-en-el-
debate/noticias/2010-01-12/084931.html. Acesso em 121--01-2010,13h50
58
http://elecciones2009.altavoz.net/prontus_elecciones2009/site/artic/20100104/pags/20
100104120653.php. Acesso em 04-01-10 14h57
59
http://www.lanacion.cl/dura-reaccion-de-Piñera-por-franja-de-frei/noticias/2010-01-
04/125747.html. acesso em 04-01-10 15h02
230
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60
http://www.lanacion.cl/mori-frei-y-Piñera-en-empate-tecnico/noticias/2010-01-
13/105844.html. Acesso em 13-01-2010, 12h11.
61
http://www.latercera.com/contenido/674_217308_9.shtml. Acesso em 13-01-2010,
16h29.
62
http://noticias.uol.com.br/ultnot/efe/2010/01/17/ult1808u151543.jhtm. Acesso em 17-
01-2010, 18h28.
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Considerações finais
Este foi um dos principais problemas detectados nas ações dos candidatos na
rede, pois, à exceção de Marco, todos os outros candidatos moderavam as mensagens
dos eleitores em suas páginas. Esta talvez tenha sido a principal causa da baixa
penetrabilidade das ações dos candidatos que envolveram um número muito pequeno de
eleitores em suas redes de relacionamento. Se somarmos o número de inscritos nas
páginas dos três candidatos na rede Facebook na reta final do primeiro turno teremos
168.399 participantes. Este número, comparado aos quase 7 milhões de votos válidos do
primeiro turno equivale a somente 2,4%.
63
http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,candidatos-devem-abdicar-do-controle-
de-campanha-na-web,443325,0.htm. 30-09-2009, 07:28
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problemas com aportes de capital e começou sua campanha dois anos antes do pleito.
Este desempenho deveu-se à estratégia acertada de sua equipe, que recusou a prática do
cerceamento da opinião dos internautas, livres para expressarem suas opiniões em todos
os espaços virtuais da candidatura.
No que se refere a Frei, sua atuação na rede como um todo foi pífia. Enquanto
seus concorrentes faziam uso do Twitter postando mensagens pessoais, o candidato
recusou-se a utilizar a ferramenta. Marco e Piñera alimentaram as pautas das redações
dos jornais, rádios e TVs com tweets postados por eles próprios regularmente, ao passo
que Frei manteve-se à margem deste processo por não compreender a força da
comunicação digital.
Outro erro cometido pelo candidato da Concertación foi não focar devidamente
os eleitores jovens como Piñera e, sobretudo, Marco. Sabendo-se que quase 9% dos
eleitores chilenos são jovens, e que 3,5% dos votos definiram o resultado do pleito, se
torna evidente que uma boa estratégia de atuação nas redes poderia até ter modificado o
desfecho nas urnas. O que podemos afirmar, com certeza, é que imprimiria um maior
grau de competitividade à candidatura Frei.
É certo que as ações nas redes por si só não têm o poder de ganhar uma eleição,
mas, se como o ocorrido na campanha americana, estas estiverem integradas em um
64
http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,candidatos-devem-abdicar-do-controle-
de-campanha-na-web,443325,0.htm. 30-09-2009, 21h12.
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Acreditamos que, se por um lado as ações de campanha nas redes não tiveram no
Chile o poder de envolver um grande contingente de eleitores como na campanha
americana, o saldo foi bastante positivo. Na batalha pela mente dos eleitores os
candidatos ocuparam as redes, uns mais organizados e dispostos a interagirem de forma
franca e aberta, outros, contaminados pelos vícios da comunicação eletrônica, mais
arredios, brandiram o chicote da moderação, chamando ao debate, mas caçando a
palavra do eleitor.
Assim, embora as ações realizadas na rede pelos candidatos chilenos não tenham
conseguido envolver um grande número de eleitores, elas abriram o caminho para a
inserção das campanhas eleitorais chilenas no âmbito da comunicação digital, onde a
livre expressão e a interação entre os indivíduos tornam, como afirmou Castells65, ―o
poder dos fluxos mais importante que os fluxos do poder‖.
Referências
65
Castells, Op.Cit., p, 565.
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SADER, Emir; Democracia e Ditadura no Chile. Edit. Brasiliense, São Paulo, 1984.
235
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Follow or Unfollow?
Resumo
66
Publicitário, mestrando do Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade
Metodista de São Paulo.
236
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Introdução
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Aportes metodológicos
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O sucesso das mídias digitais e o seu crescente número de usuários tem atraído
sua utilização para outros objetivos, além do entretenimento. Em 2008, as mídias sociais
passaram a ser vistas como uma forma de marketing até então pouco utilizado, o
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político. O motivo de ter sido a partir desse ano é porque o então candidato à
presidência norte-americano Barack Obama viu-se cercado de grandes estrategistas
digitais, que investiram pesado na internet e criaram uma mobilização pró-Obama,
divulgando planos de governo e ideias fazendo com que usuários receptores dessas
mensagens formassem uma rede, contando com um enorme número de apoiadores, cuja
finalidade é motivar outros usuários em torno de uma causa: Yes, we can.
Esses simpatizantes não estiveram envolvidos oficialmente na campanha. Eram
voluntários que criavam vídeos e propagavam as idéias do candidato, e isso foi o
diferencial. Ou seja, não basta apenas utilizar a mídia. Tem que saber utilizá-la. E esse
modelo de campanha passou a ser visto com bons olhos por marketeiros políticos no
Brasil, já que no país 67,5 milhões de eleitores possuem acesso à internet. E nas
eleições 2010 vimos que a utilização dessa ferramenta de comunicação pelos três
principais candidatos Dilma Rousseff, José Serra e Marina Silva foi intenso. E
realmente era necessária a utilização dessa mídia, já que as pesquisas de intenção de
voto mostravam números próximos um do outro, e uma mídia eficaz e gratuita como a
rede, é essencial numa campanha para se tornar mais completa.
Primeiramente vamos diferenciar as redes sociais das mídias sociais. A primeira
está relacionada desde o começo da nossa civilização, visto que o seu termo define a
forma como o ser humano se relaciona no mundo. Redes sociais são grupos de pessoas
que compartilham um interesse, que podem ser desde uma ideologia, até uma banda
musical ou produto do mercado. Então seria correto dizermos que fãs dos Beatles são
uma rede social? Correto. E os meios usados para se comunicarem, escrever e
compartilhar notícias, músicas e opiniões (Facebook, Orkut, Twitter, Youtube,
MySpace) é o que chamamos de mídias sociais.
Com a rápida evolução da internet e o aparecimento de novas mídias sociais a
cada dia, tornou-se comum a utilização dessas mídias na propaganda política, visto que
nelas são encontrados públicos distintos que podem ser agrupados por classe social,
faixa etária, estilo de vida, gostos e costumes. E isso, pode determinar um acréscimo
positivo na campanha política.
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Entre a campanha das mídias sociais feitas por Barack Obama e a dos três
principais candidatos à presidência há semelhanças e diferenças. Mariana Oliveira
(2011, p. ), em Mídias sociais e eleições 2010, cita um aspecto semelhante quando diz
que
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Não basta acreditar que devido o sucesso de uma campanha vitoriosa pelas
mídias sociais nos EUA, o resultado no Brasil será o mesmo. Há diferenças sociais e
culturais entre os dois países.
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mulher e ainda do Partido dos Trabalhados (PT), tão criticado na época da primeira
eleição de Lula para presidente.
Do outro lado, o candidato José Serra do Partido da Social Democracia
Brasileira (PSDB) tentava mostrar sua oposição ao atual governo, apesar da grande
aprovação da população. E a terceira, Marina Silva, do Partido Verde (PV), que trazia
uma proposta alternativa, principalmente relacionada a questões do meio ambiente.
Discursos nos palanques dos partidos políticos tinham o objetivo de convencer a
população a votar em seu candidato. As estratégias de marketing utilizaram formas
tradicionais adicionadas às ferramentas tecnológicas, colocando as mídias sociais a
favor de seus candidatos.
Considerações finais
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José Serra continua utilizando essa ferramenta. Vale ressaltar, que essa mídia não deve
ser apenas usada durante uma época em que o personagem precisa dela, e sim utilizar
constantemente, para atrair cada vez mais seguidores, disseminar mais informações
sobre o dono do perfil e principalmente alcançar a tal credibilidade, tão procurada por
um político.
Referências
CASTELLS, M. Sociedade em rede. Trad. Roneide Venancio Majer. 4ª Ed. São Paulo:
Paz e Terra, 1999.
GIL, A.C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 1999.
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ROMANINI, M. G. O Twitter serve para fazer marketing político? In: Politicom, Ano
III, Número 4, Agosto a Dezembro de 2010.
TERRA, T. Eleições 2010 tomam conta das redes sociais. Disponível em:
www.mundodomarketing.com.br/5,16072,eleicoes-2010-tomam-conta-das-redes-
sociais.htm
YIN, R.K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 2ª ed. Porto Alegre: Bookman,
2001.
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RESUMO
O objetivo deste artigo é discutir o marketing político online. Apontar algumas
características que norteiam o pensamento em torno dessa temática. A sociedade
observa a transformação da comunicação midiática de massa para a comunicação em
rede, que torna-se não-linear, ou seja, a tônica da campanha eleitoral tende a ser de mão-
dupla, com menos importância para um pólo fixo, que é o candidato e mais fontes de
interação, que são os eleitores, através das redes sociais.
Introdução
Muito se falou sobre o marketing político online na eleição de 2010, de que seria
fundamental para os candidatos e de que ajudaria a nortear as estratégias de marketing e
de comunicação da campanha.
No entanto, a realidade se mostrou outra, ou seja, por ser uma área recente, ainda,
não se conhece muito a respeito, efetivamente, por ser uma novidade na área do
marketing político, sobretudo no Brasil, especula-se exageradamente e conclui-se
apressadamente.
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cima para baixo, mas ganha um movimento horizontal, perpendicular e transversal, que
carrega um significado dialético.
A mudança em curso na comunicação passa por uma transformação na sua base
de sustentação, que deixa de ser uma comunicação de massa para a comunicação
interativa da sociedade em rede.
Para Castells (2007), essa nova mídia, com audiência segmentada não é mais de
massa em termos de simultaneidade e uniformidade das mensagens recebidas e
trocadas, pois o receptor torna-se também emissor num processo de interação.
As redes de comunicação mediadas por computadores, dentro e fora da Internet,
têm como características penetrabilidade, descentralização multifacetada e flexibilidade,
que só diferem da mídia tradicional por causa de suas várias plataformas.
Ainda, Castells (2007) fala do espaço fluxos, que se sobrepõe a noção de espaço
lugar, que norteia a sociedade em rede. Destacam-se a descentralização, onde a
evolução das redes é facilitada por elas serem estruturadas de forma aberta, o que lhes
permite uma expansão de forma ilimitada.
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Como comentam Deleuze e Guattari (1995), uma multiplicidade não tem nem
sujeito nem objeto, mas somente determinações, grandezas e dimensões que não podem
crescer sem que mude de natureza.
Mudar a natureza significa mudar comportamento, atitudes e convicções – que na
política são muito arraigadas, muitas vezes ultrapassadas e pouco democráticas e, acima
de tudo, imediatistas.
As novas tecnologias de comunicação, como a internet e, suas inúmeras
plataformas, como as redes sociais abrem oportunidades de ampliar e redimensionar a
estratégia de comunicação e marketing político das campanhas.
Contudo, no Brasil, alguns fatores não estão equacionados – comento dois, que são
os principais. Primeiro, é a questão legislativa, ou seja, não existe uma Lei que seja
abrangente, contemplativa e eficiente, para regulamentar o papel da internet nas
eleições.
Faz mais de 20 anos, que a internet se incorporou aos hábitos do brasileiro e, pouco
mais de uma década, que passou a fazer parte do jogo político. É um absurdo, que no
mesmo período, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não tenha conseguido fazer uma
legislação específica para o marketing político online.
A cada eleição são leis paliativas, que tangenciam a temática, mas sem,
efetivamente, estabelecer uma regra que contemple os anseios dos envolvidos. O
marketing político online carece de uma regulamentação viável e condizente com a
realidade social e, sobretudo, pelas possibilidades abertas nas novas plataformas de
comunicação.
Dessa forma, ao invés do TSE a cada eleição inventar uma nova legislação eleitoral,
para suportar o marketing político online, no sentido de atravancar a sua utilização,
deveria considerar que é praticamente impossível querer disciplinar a internet. O que o
TSE tem a obrigação é de fiscalizar, mas não legislar.
Uma das premissas básicas para o marketing político online ganhar força e passar a
fazer parte do jogo político é contar com leis modernas, que não inibam ou limitem a
utilização da internet e suas plataformas pelos partidos, candidatos e cidadãos na
divulgação de suas idéias.
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WWW.elife.com.br
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Considerações finais
O marketing político online terá, num futuro próximo, grande valia para as
estratégias das campanhas eleitorais. Desde que se começou a usar as novas tecnologias
de comunicação, sobretudo, a internet, para mediar o jogo político, em 1996, os avanços
foram enormes.
Contudo, na internet e com suas diferentes plataformas de interação o marketing
político e a comunicação, como fator estratégico, compreende um processo de longo
prazo.
Na elaboração das diferentes ações, é importante, também, não esquecer que as
redes sociais não são homogêneas, isto é, cada segmento é formado ou atende a um
público específico. Cada plataforma agrega uma tribo própria
Essa nova relação de mão-dupla estabelece-se por não contar com emissor fixo,
numa direção não-linear, mas sim, carrega um significado dialético. O comunicação
deixa de ser uma comunicação de massa para a comunicação interativa da sociedade em
rede.
O político precisa entender que o seu papel deve ser de um ativista político, um
motivador, difusor de ideias e conceitos. Ainda, deve compartilhar informações,
distribuir tarefas e monitorar sua execução.
A conclusão é de que a internet e suas plataformas não agregaram e nem tiraram
votos significativos dos candidatos, não tiveram a capacidade de mobilizar as pessoas,
não foram estratégicas na campanha. Nas próximas campanhas dificilmente veremos
uma imersão total nas campanhas online.
Nesses mais de 15 anos, é inconcebível que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não
tenha conseguido fazer uma legislação específica para o marketing político online, que
contemple os anseios dos políticos e dos cidadãos.
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Referências
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida. RJ: Zahar, 2001.
CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. A era da informação: economia, sociedade
e cultura. V. 1, 10ª edição. Tradução: Roneide Venancio Majer. Atualização: Jussara
Simões. São Paulo: Paz e Terra, 2007
DELEUZE, Gilles e GUATTARI, Félix. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia. V.1.
Rio de Janeiro: Editora 34, 1995.
GRAEFF, Antonio. Eleições 2.0: a internet e as mídias sociais no processo eleitoral.
São Paulo: Publifolha, 2009.
HARVEY, D. A condição pós-moderna. São Paulo: Loyola, 1992.
LEMOS, André. Celulares, funções pós-midiáticas, cidade e mobilidade. Revista
Brasileira de Gestão Urbana., v. 2 n. 2 jul./dez. 2010.
LEMOS, Andre. Cibercultura: tecnologia e vida social na cultura contemporânea.
Porto Alegre: Sulinas, 2002.
MAFFESOLI, M. No Fundo das Aparências. Petrópolis: Vozes, 1996.
_____________ A transfiguração do político. A tribalização do mundo. Porto Alegre,
Sulina, 2002.
______________ O Mistério da conjunção. Porto Alegre: Sulina, 2005.
______________ A Contemplação do Mundo. Porto Alegre: Artes e Ofícios, 1995.
ROMANINI, Mauricio Guindani. Prudente de Moraes: o precursor da propaganda
política no Brasil, Guaxupé, 2009.
____________ A propaganda política na internet: os partidos emanharam-se na Rede.
INTERCOM - Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da
Comunicação. Salvador/BA, 2002, p. 1-14.
___________ Internet: da propaganda política ao marketing eleitoral. Celacom. São
Bernardo do Campo/SP, 2004, p. 1- 14.
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Resumo
Considerando que a retórica clássica foi reconfigurada com o surgimento dos meios de
comunicação de massa, este artigo faz uma análise de uma das redes sociais mais
populares do momento, o Twitter, a partir do entendimento de que o discurso persuasivo
depende da relação entre o ethos, pathos e o logos. Por se tratar de uma ferramenta
centrada no suporte lingüístico, na palavra escrita, foram examinadas mensagens, mais
especificamente, conversações estabelecidas entre quatro candidatos à presidência nas
eleições 2010 e os seus seguidores na rede: Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB),
Marina Silva (PV) e Plínio de Arruda (PSOL). O objetivo deste trabalho é, a partir dos
elementos da retórica, examinar os tipos de mensagens persuasivas produzidas pelos
candidatos para compreender as diferenças na apropriação que cada um deles fez da
ferramenta.
1. Introdução
68
Trabalho apresentado ao Grupo de Trabalho ―Internet‖ do X Congresso Brasileiro de
Marketing Político, na Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo/SP, em junho
de 2011.
69
Mestranda do Programa de Pós-graduação em Comunicação e Cultura
Contemporâneas da Ufba, na linha de pesquisa Comunicação e Política. Email:
gabrieladafonseca@gmail.com.
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Embora o marketing seja uma invenção do século XX, as primeiras reflexões sobre as
maneiras mais eficazes de persuadir um público surgiram na Grécia Antiga e tiveram
como maior expoente o filósofo Aristóteles, para quem ―a retórica é a arte de persuadir
pelo discurso‖. Alguns autores, como Paulo Serra, chegam a considerar o sistema criado
pelo filósofo grego como o primeiro modelo de comunicação. Para Aristóteles, a
retórica não se reduz ao poder de persuadir, sendo, em essência, a arte de achar os meios
de persuasão possíveis em cada caso.
A retórica clássica tem como seu espaço originário a ágora, lugar das discussões
políticas e tribunais populares, onde orador e público estão fisicamente presentes e
colocados de frente, e onde a retórica é utilizada de forma ética como meio de se
alcançar a verdade. Para Américo de Sousa é errado pensar que ―se a retórica clássica
possui esta matriz lógica, ética e filosófica, então talvez que as ciências da comunicação
não sejam a área científica mais apropriada para o seu estudo e investigação‖ (2006).
Ele argumenta que Aristóteles, ao estabelecer que o que está em jogo na situação
retórica vai além do confronto de discursos, reforça a ideia bastante atual de que o que é
decisivo na produção do efeito persuasivo não é o enunciado, mais sim a enunciação.
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A Internet, por não ser uma mídia de massa no sentido corrente do termo, e sim ―uma
incubadora de instrumentos de comunicação‖ como afirma André Lemos, complexifica
ainda mais esta reconfiguração da retórica. Ivone Ferreira, ao estudar os websites,
identifica o ethos do orador com ―a entidade responsável pelo site‖, o pathos seria
―conseguido sobretudo recorrendo às propriedades das cores‖, e o logos seria ―a junção
do texto com o design da página em que é apresentada‖ (2001).
Mas os sites são apenas uma das muitas ferramentas disponíveis na internet e cada uma
delas possui diferentes usos. As redes sociais, por exemplo, estão sendo amplamente
utilizadas pelo marketing online com o intuito de influenciar o comportamento dos
consumidores na internet. Mais recentemente, passaram a ser utilizadas em campanhas
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Raquel Recuero define rede social como ―um conjunto de dois elementos: atores
(pessoas, instituições ou grupos) e suas conexões (interações ou laços sociais)‖ ou, em
outras palavras, ferramentas que permitem aos usuários criarem ―um perfil público,
interagir com outras pessoas através das mensagens publicadas, e mostrar sua rede de
contatos‖. (2009)
266
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2. O básico do Twitter
A ferramenta vem se consolidando como uma das mais populares e já está entre os vinte
sites mais acessados na internet. O seu uso é simples e fácil. O usuário se cadastra e cria
o seu perfil público, fazendo uma breve descrição a seu respeito no campo chamado
―bio‖. A partir daí ele pode seguir outros usuários, para ser atualizado sobre o que eles
estão comentando (tweetando), e escrever as suas mensagens (tweets), que também
serão recebidas pelos seus seguidores. Embora a questão inicial colocada pelo site seja
―What‘s happening?‖, poucos seguem o protocolo.
Conversas são mantidas através do uso do símbolo @ junto ao nome do usuário com o
qual se pretende interagir. Assim é possível comentar mensagens de seguidores, que
saberão do comentário e poderão manter a conversa. Outra ação muito utilizada é o
retweet, ou seja, repetir algo que alguém disse em seu próprio Twitter. O usuário pode
ainda incluir links em suas mensagens, e dispõe de recursos como o Twitpic – espécie
de álbum de fotos – e do Twitcam – ferramenta para compartilhar vídeos ao vivo
através da webcam. Há ainda a possibilidade de enviar uma mensagem direta, restrita à
pessoa que manda e àquela que recebe.
Outra prática é a hashtag, que permite recuperar mensagens sobre um mesmo tema,
através da utilização do sinal de sustenido antes da palavra ou expressão que servirá
como tag. As hashtags mais comentadas entram para o trending topics, uma lista dos
nomes mais postados no Twitter. Essa ferramenta deu origem aos ―twitaços‖ (analogia
aos ―apitaços‖ realizados em manifestações e mobilizações políticas), promovidos pelas
campanhas políticas com o intuito de fazer ―barulho‖ na rede e ganhar visibilidade.
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3. A Retórica no Twitter
Diferentemente dos sites, o ―orador‖ no Twitter não pode contar com imagens, cores e
design para fazer com que a sua mensagem seja persuasivamente eficaz. A página do
perfil onde o usuário visualiza as mensagens recebidas é personalizada por ele mesmo
de modo que o ―orador‖, aquele que emitiu a mensagem, conta apenas com o suporte
lingüístico tendo, no máximo, 140 caracteres. Portanto, o Twitter é uma ferramenta
centrada na palavra. Ainda que seja possível compartilhar fotos e vídeos, estes não são o
tipo de conteúdo ideal para a ferramenta, visto que eles não são visualizados
diretamente na página do perfil do usuário.
Sendo assim, são nas pequenas mensagens escritas e lançadas pelos usuários na rede
que estão os elementos da oratória, o pathos e o logos, além do próprio ethos, no caso,
por exemplo, de mensagens que têm como objetivo a construção da imagem do dono do
perfil. Por isso, realizamos uma análise, na perspectiva da retórica, dos tweets de quatro
candidatos à presidência nas eleições de 2010 – Dilma Rousseff, José Serra, Marina
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4. Procedimentos metodológicos
A análise das conversações dos candidatos durante a campanha foi realizada em três
etapas. Primeiro, recortamos dois momentos distintos da eleição para a coleta de tweets
dos quatro candidatos. O primeiro momento foi entre os dias 9 e 16 de agosto, ou seja,
depois de um mês de campanha, por considerarmos que, neste momento, os candidatos
já tinham domínio sobre a ferramenta. O segundo recorte, entre os dias 13 e 20 de
setembro, a campanha chegava à sua reta final. Ao todo foram coletados 489 tweets.
Depois da coleta das mensagens tweetadas em ambos os períodos, foram selecionados
os tweets classificados como Conversação a partir de dois critérios: 1. Respostas e
perguntas direcionadas a alguém, contendo ou não a ―@‖; 2. Questões direcionadas a
toda a rede.
Na terceira etapa, classificamos o conteúdo das conversas em quatro tipos: 1. Conversas
sobre programa de governo do candidato e suas opiniões sobre temas relevantes no
cenário político; 2. Assuntos relacionados à campanha e às eleições, como agenda de
compromissos, materiais de campanha, comitês, entre outros; 3. Conversas triviais
sobre assuntos diversos; 4. Agradecimentos às manifestações de apoio.
No tipo 1 estão as mensagens baseadas na argumentação, na racionalidade (logos); já no
tipo 2, encontram-se as mensagens que tentam sensibilizar e mobilizar militantes e seguidores
(pathos); por fim, nos tipos 3 e 4, nota-se a intenção de estabelecer uma identificação com o
usuário, forjando uma aproximação a partir de conversas sobre assuntos corriqueiros, além de
criar uma imagem para o candidato (pathos + ethos).
5. Resultados
A candidata do PT, Dilma Rousseff, teve fraca atuação no Twitter em seu perfil pessoal
(@dilmabr), deixando a sua campanha na rede a cargo de perfis criados pela militância
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Total de Percentuais de
Candidato Análise do Conteúdo
Tweets Conversações
10 0%
Dilma -
9 0%
41 26,8% 38,9% Campanha, 25% Programa e
Serra
71 35,2% Opiniões, 36,1% Assuntos Diversos
67 40,3% 55% Campanha, 35% Programas e Opiniões,
Marina 6,7% Assuntos Diversos, 3,3%
83 39,7% Agradecimentos.
134 61,2% 25,2% Campanha; 41,1% Programas e
Plínio Opiniões; 13,1% Assuntos Diversos; 20,6%
74 33,8% Agradecimentos.
6. Discussão
Este artigo analisou a retórica nas conversações no Twitter de quatro candidatos à
presidência durante a campanha eleitoral em 2010, com o objetivo de compreender a
apropriação que cada um dele fez desta ferramenta. Os resultados obtidos mostram que,
com exceção de Dilma Rousseff, os candidatos conseguiram explorar o potencial de
interatividade da rede, com destaque para Marina Silva e Plínio de Arruda.
O conteúdo das mensagens, por sua vez, evidencia importantes diferenças na utilização
da ferramenta pelos candidatos. José Serra se destacou por ser aquele que mais tentou
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uma aproximação com outros usuários a partir de conversas com conteúdo não político,
comentando assuntos como futebol, filmes e livros, e falando sobre gostos pessoais.
Assim, ele tentou produzir a sua imagem ―na intimidade‖, mostrando-se como uma
pessoa simples e acessível. Portanto, as mensagens dele no Twitter tentaram persuadir,
sobretudo, pelo ethos e pelo pathos. Esta estratégia estava colada com as linhas mais
gerais da campanha evidenciada também no jingle que dizia "Para o Brasil seguir em
frente, sai o Silva e entra o Zé".
Já Marina Silva apostou na mobilização da militância e simpatizantes, convidando os
usuários a participarem de debates e eventos, e oferecendo informações sobre materiais
de campanhas, comitês e agenda de compromissos. Assim, as suas mensagens
persuasivas foram baseadas no pathos, na tentativa de envolver o seu eleitorado em
potencial no Twitter pela emoção da campanha. A mobilização marcou tanto a
campanha de Marina que, nas últimas três semanas anteriores ao pleito, militantes
ganharam as ruas em várias cidades do país, movimento que foi apelidado de ―Onda
Verde‖.
Por outro lado, Plínio Arruda tentou ganhar o voto dos seguidores através da exposição
de opiniões e argumentos sobre variados temas, ou seja, com mensagens nas quais o
logos era o elemento principal. O grande número de conversas do candidato com este
conteúdo se deu também pelo fato dele ter concedido entrevistas online a jornalistas na
rede e promovido debates online no Twitter, com dia e horário previamente marcados.
Portanto, não basta estabelecer conversações nas redes sociais para contribuir com o
debate público, visto que essas interações com os cidadãos podem ser ―utilizadas‖
apenas para construir imagem, ganhar visibilidade e conquistar empatia. A discussão
política exige a troca de opiniões e argumentos, através de discursos com dimensão
afetiva, mas, principalmente, racional.
REFERÊNCIAS
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RESUMO
Este artigo é uma reflexão teórico-crítica de como a rede social virtual Twitter
(www.twitter.com) é utilizada após o período de campanha eleitoral por candidatos
eleitos no pleito de 2010 ao cargo de deputado estadual no Piauí. Se compreende a
utilização dessa ferramenta, bem como se reflete sobre as conseqüências dessa nova
atividade política em rede. Se mostra como o Twitter pode ajudar a compartilhar idéias
políticas. Faz-se uma pesquisa exploratória, com perspectiva qualitativa, de estudo do
caso dos dois mais polêmicos deputados estaduais do Piauí: Fábio Novo (PT) e Firmino
Filho (PSDB) que são atualmente no estado os dois políticos mais hábeis utilizadores
das mídias sociais em prol de seus mandatos. Ambos, através de sua interação em redes
sociais virtuais, têm amplos louros políticos, sociais e midiológicos com o Twitter.
INTRODUÇÃO
As mídias sociais, principalmente as virtuais (que estão na Internet) atualmente
ganham espaço privilegiado nos estudos acadêmicos e pragmáticos. Isso se dá
principalmente pelas revoluções de sociabilidade que as redes sociais (e suas respectivas
mídias sociais) têm promovido ou, no mínimo, pelas conseqüências dessas redes, que
têm pautado a vida social mundial.
O Brasil é um dos países do Mundo com maior absorção do poder dessas mídias
sociais, o que potencializa seus poderes comunicacionais no país.
70
Artigo científico apresentado no GT-3 (Grupo de Trabalho) – Internet – do X POLITICOM – Congresso Brasileiro
de Marketing Político. Universidade Presbiteriana Mackenzie. São Paulo – SP, 03 e 04 de agosto de 2011.
71
Jornalista formado pela UFPI – Universidade Federal do Piauí (Teresina-PI). Especialista em Comunicação
Institucional pela UFPI. Mestre em Comunicação Social pela UMESP – Universidade Metodista de São Paulo (São
Bernardo do Campo – SP). Doutorando em Comunicação Social pela UMESP. Professor, pesquisador e extensionista
do curso de Comunicação Social – habilitação em Jornalismo – da UESPI – Universidade Estadual do Piauí
(Teresina-PI). Estuda fenômenos comunicacionais ligados a tecnologias atuais e Piauí. Bolsista da FAPEPI –
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí. E-mail: orlandoberti@yahoo.com.br Twitter: @orlandoberti
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Até o início do mês de junho de 2011 desses 30 parlamentares eleitos em outubro de 2010, sete deles cederam
lugares para seus suplentes para ocuparem cargos de confiança (secretarias e direções de órgãos públicos estaduais e
federais). Há legislaturas no Piauí que mais de um terço das cadeiras da Assembleia Legislativa é ocupada por
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Andrade – PPS; Ana Paula Mendes Araújo – PMDB; Edson de Castro Ferreira – DEM;
Evaldo Gomes da Silva – PTC; Fábio Nuñez Novo – PT; Fernando Alberto de Brito
Monteiro – PTB; Firmino da Silveira Soares Filho – PSDB; Flávio Rodrigues Nogueira
Júnior – PDT; Gerardo Juraci Campelo Leite – DEM; Gustavo Sousa Neiva – PSB;
Hélio Isaias da Silva – PTB; Ismar Aguiar Marques – PSB; José Icemar Lavôr Neri –
PTB; Juliana de Melo Falcão – PMDB – também conhecida por Juliana Moraes Sousa;
Kléber Dantas Eulálio – PMDB; João Henrique Ferreira de Alencar Pires Rebelo – PT;
Lílian de Almeida Veloso Nunes Martins – PSB; Luciano Nunes Santos Filho – PSDB;
Luiz Ubiraci de Carvalho – PDT; Lusieux Feitosa Coelho – PTB; Marden Luís Brito
Cavalcante Meneses – PSDB; Margarete de Castro Coelho – PP; Merlong Solano
Nogueira – PT; Paulo Cézar de Sousa Martins73 – PT; Rejane Ribeiro Sousa Dias – PT;
Robert Rios Magalhães – PC do B; Tazmânia Gomes de Medeiros Oliveira – PSB, a
Belê; Themístocles de Sampaio Pereira Filho – PMDB; Warton Francisco Neiva de
Moura Santos – PMDB e Wilson Nunes Brandão – PSB.
No Piauí também são eleitos de quatro em quatro anos 10 deputados federais74.
Em 2010 conseguiram mandato de parlamentar federal: Átila Freitas Lira – PSB;
Francisco de Assis Carvalho Gonçalves – PT; Hugo Napoleão do Rêgo Neto – DEM;
Iracema Maria Portela Nunes Nogueira Lima – PP; Jesus Rodrigues Alves – PT; José
Francisco Paes Landim – PTB; Júlio César de Carvalho Lima – DEM; Marcelo Costa e
Castro – PMDB; Marllos Rossano Ribeiro Gonçalves de Sampaio – PMDB e Osmar
Ribeiro de Almeida Júnior – PC do B.
Também compõem o quadro de legisladores federais do Piauí os senadores: Ciro
Nogueira Filho – PP; João Vicente Claudino – PTB; Wellington Dias – PT.
Boa parte desses políticos piauienses nas eleições de 2010 despertou para o
potencial das redes sociais na Internet. Esse despertar foi feito principalmente pela
importância vista por seus assessores de Comunicação. Um dos grandes artífices da
suplentes. Essa é uma manobra política comum no Piauí para abrigar parlamentares não eleitos e que necessitam de
representação política.
73
No primeiro semestre de 2011 renunciou o mandato de deputado estadual após ser eleito em eleição suplementar
para prefeito da cidade de Campo Maior – no Norte do Piauí, uma das maiores do estado. Assume a titularidade o
deputado estadual Cícero Magalhães – PT.
74
No estado há atualmente um deputado federal licenciado (Átila Lira) que deu lugar ao suplente Nazareno Fonteles
(PT).
281
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10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
75
Esse expediente é utilizado nacionalmente com a hashtag (palavra-chave) ou palavra que dá destaque a um termo
no Twitter: #assessoriadodeputado X ou Y, para mostrar que o texto é de terceiros. Geralmente nesse tipo de caso se
mostra que o parlamentar e sua equipe é sapiente do poder das redes sociais, pois fazem questão de abastecê-la
constantemente.
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10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
Fábio Nuñez Novo tem 36 anos. Ele é jornalista e está em seu segundo mandato
de deputado estadual pelo Piauí. No mandato passado era suplente, mas passou quase
toda a legislatura sendo parlamentar. Ele já foi vereador da cidade de Bom Jesus (que
fica nos Cerrados do Piauí). Atualmente é presidente estadual do PT. Segundo informou
ao DIVULGAÇÃO DE CANDIDATURAS DO TSE (2011a) é solteiro, natural da
cidade de Bom Jesus e teve um limite de gasto na campanha de 2010 de R$ 800 mil.
Fábio Novo tem uma base eleitoral espalhada em parte do território piauiense,
envolvendo prefeitos, vice-prefeitos e vereadores, além de lideranças sociais.
Ultimamente tem encampado lutas sociais ligados à minorias, principalmente ao
segmento LGBTT – Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transgêneros.
Em sua página do Twitter76 se descreve como jornalista, militante cultural e
político. Até 15 de junho de 201177 Fábio Novo tinha 1631 seguidores e seguia 144
pessoas (a maioria jornalistas e militantes políticos).
FIGURA 01 – HOME DO TWITTER DO DEPUTADO ESTADUAL FÁBIO
NOVO
FONTE: www.twitter.com/fabio_novo
76
www.twitter.com/fabio_novo
77
Data máxima para a finalização deste trabalho.
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10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
políticos. Fábio Novo tem forte utilização do Twitter para divulgação de viagens ao
interior do Piauí e sobre projetos. Não é comum, mas o deputado estadual vez por outra
se envolve em polêmicas na rede social. Isso se dá principalmente por conta da sua
situação de deputado da base do Governo e pelo cargo de presidência do PT no Piauí.
2.3. O deputado estadual Firmino Filho no Twitter
Já Firmino Soares da Silveira Filho tem 48 anos está em seu primeiro mandato
como deputado estadual. Em 2008 foi eleito um dos vereadores mais votados da história
do Piauí, representando a capital, Teresina. Firmino Filho por duas vezes (de 1996 a
2000 e de 2001 a 2004) foi prefeito de Teresina, sendo um dos mais jovens políticos a
governar uma capital brasileira. Atualmente é um dos maiores nomes do PSDB
piauiense e, através da estratégica utilização da mídia, entre eles o Twitter, tem se
consagrado como líder oposicionista no estado.
Segundo informou ao DIVULGAÇÃO DE CANDIDATURAS DO TSE (2011b)
é casado, nascido na capital do Piauí, Teresina, e teve um limite de gastos na campanha
de 2010, de R$ 750 mil.
FONTE: www.twitter.com/firmino_filho
78
Se chegou a tais dados a partir de contagem das mensagens do deputado após o período eleitoral de 2010 até o
meio do mês de junho de 2011.
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10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
Até 15 de junho de 201179 Firmino Filho tinha 3693 seguidores e seguia 2566
pessoas (com perfis o mais variado possível).
O deputado Firmino Filho tem uma média de 35 mensagens por dia80 no Twitter.
O parlamentar piauiense escreve sobre quase todos os assuntos. Ele dedica parte de suas
mensagens no Twitter a repassar informações (os retuítes). O deputado, quando em
Plenário, procura dar uma visão informacional pessoal do que se está discutindo,
debatendo e polemizando, sendo um importante canal de informação sobre bastidores e
acontecimentos em tempo real no legislativo piauiense.
O deputado estadual tucano é economista de profissão.
3 – As conseqüências pós-campanha eleitoral do Twitter pelos
deputados estaduais piauiense Fábio Novo e Firmino Filho
Aponta-se como principais consequências pós campanha eleitoral de 2010,
através da utilização da rede social virtual Twitter pelos deputados estaduais piauienses
Fábio Novo e Firmino Filho: uma forma de midiatização alternativa; um novo e
diferenciado canal de comunicação para com o eleitorado e a população piauiense; uma
nova forma de se fazer política; uma nova forma de se midiatizar; um agendamento
próprio de ações e polemizações; uma maior perspectiva de militância social e garantia
de reagendamento nos meios convencionais de Comunicação.
No caso dos deputados estaduais piauienses Fábio Novo e Firmino Filho há uma
forma de midiatização alternativa principalmente porque nem tudo o que eles mediam
através de suas páginas no Twitter saem na grande mídia (emissoras de rádio, TV,
jornais e grandes sítios noticiosos) do estado.
Essa forma alternativa vem como perspectiva de trazer novas e diferentes
temáticas, principalmente relacionadas ao trabalho e mandato dos dois parlamentares.
Os dois deputados estaduais em questão promovem um novo e diferenciado
canal de comunicação para com o eleitorado e a população piauiense destacadamente
porque o canal possibilidade novas sociabilidades, não só políticas, mas também de
79
Data máxima para a finalização deste trabalho.
80
Se chegou a tais dados a partir de contagem das mensagens do deputado após o período eleitoral de 2010 até o
meio do mês de junho de 2011.
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81
Movimento em redes virtuais, surgido no Twitter que solicita que o prefeito de Teresina, Elmano Férrer, do PTB,
assine Lei em benefício dos diabéticos, fornecendo quites para os portadores dessa enfermidade.
82
Movimento de valorização da UESPI – Universidade Estadual do Piauí – que também utiliza as mídias sociais para
refletir e denunciar a situação da instituição de ensino superior.
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sobre seu mandato como deputado e presidente estadual do PT. O Twitter de Fábio
Novo proporciona se informar sobre a vida pessoal e política do parlamentar.
O deputado Firmino Filho – PSDB – oposicionista, tem saído na frente na
utilização do Twitter no Piauí, principalmente por trazer temáticas oposicionistas e
contrárias ao Governo do Estado. É nítida a preocupação de ter um maior número de
seguidores e estar sempre mandando mensagens sobre as temáticas regionais do
momento. Uma olhada nos jornais e sítios de Internet no Piauí mostra que, de longe,
Firmino Filho é o parlamentar estadual mais midiatizado no estado, principalmente
como voz da oposição aos governos estadual e federal. De todos os políticos do Piauí é
o que mais faz sucesso na mídia social Twitter. Esse sucesso se mostra mais por
estratégia política e social do que propriamente comunicacional.
A principal conclusão versa que o Twitter é sim uma importante ferramenta de
comunicação eleitoral e política para os políticos piauienses, mas deve ser usada com
estratégia, pois a super-exposição que é dada via rede mundial de computadores, se não
for bem pensada ou feita de forma amadora, tratando-se de personagens públicos, pode
se tornar uma via contrária de midiatização de idéias e ideais. Em vez de formar pode
desinformar.
REFERÊNCIAS
BURGE, Ken; COMM, Joel. O poder do Twitter. São Paulo: editora Gente, 2009.
CARMONA, Tadeu. Tudo o que você precisa saber sobre Twitter. São Paulo:
Digerati Books, 2010.
______________________________________________________________________
_____. Candidatura do deputado estadual Firmino da Silveira Soares Filho.
Disponível em:
<http://divulgacand2010.tse.jus.br/divulgacand2010/jsp/abrirTelaDetalheCandidato.acti
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JARAMILLO, Ana María. Twitter para todos – su negocio em 140 caracteres. Bogotá:
Vergara, 2010.
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G
T–4 IMPRESSO
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10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
Resumo
Neste projeto buscamos analisar as fotografias que foram publicadas nas edições de
número 1105 (15 de novembro de 1989) e 2185 (06 de outubro de 2010) da revista
Veja, ambas publicações que antecederam o primeiro turno das eleições presidenciais
dos períodos de 1989 e de 2010, levando em conta apenas as matérias relevantes sobre o
assunto.
Introdução
Em 1989, o Brasil deixava, definitivamente, de ser uma nação dominada por militares
para se tornar uma democracia. Neste ano, ele já era presidido por um presidente civil -
José Sarney. Porém, o ano de 1989 é emblemático, pois foi o primeiro a promover uma
eleição direta ao cargo máximo na nação. O Regime Militar vigorou de 1964 até 1985.
Foram tempos de crescimento em alguns setores, mas, principalmente, tempos de
83
Aluno do 4º semestre de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo da
Universidade Presbiteriana Mackenzie. E-mail para contato: douglasavs@gmail.com;
84
Aluna do 3º semestre de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo da
Universidade Presbiteriana Mackenzie. E-mail para contato: kell.russo@hotmail.com;
85
Aluno do 5º semestre de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo da
Universidade Presbiteriana Mackenzie. E-mail para contato: weirado@gmail.com;
Artigo elaborado na disciplina ―Jornalismo Político‖, sob a supervisão do prof. Dr.
Adolpho Queiroz
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10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
repressão contra qualquer ato contrariando as ordens e vontades dos generais e coronéis
que ditavam o ritmo brasileiro.
Com a abertura política em 1985, Tancredo Neves foi escolhido para ser o primeiro
presidente pós-regime militar. Porém, o recém-eleito presidente - de forma indireta -
não suportou a problemas cardíacos e faleceu no dia 21 de Abril do mesmo ano. Com
esta morte, abriu-se a era do ‗culto à personalidade‘, que se fez presente dentro da
imprensa brasileira. ―Se com Tancredo Neves, a imprensa já iniciaria a sua fase de
‗culto à personalidade‘, com Collor isso foi acentuado de maneira expressiva‖
(EMILIANO, 2010. P.26)
Com isso, a eleição de 1989 tornou-se fundamental tanto por esta questão, quanto pela
questão democrática. Afinal, a população do Brasil voltaria a eleger seu presidente. À
época, o amadorismo ainda era grande: cédula de papel, 24 candidatos ao cargo
máximo, bagunças nos debates eleitorais etc. Mesmo assim, quem presenciou este
momento tem guardado na memória situação ímpar: a de poder eleger um presidente da
República. Passaram-se 21 anos, e a situação democrática brasileira era outra. O país
não sofria mais ameaças militares, tudo porque passou a ser governado por pessoas que
foram perseguidos na época do regime nefasto. Mais que isso, o Brasil cresceu
economicamente, diminuiu suas taxas de desempregos, e passou a figurar centros antes
não imagináveis. No mesmo passo, a tecnologia também avançou. Em 1989, cédulas de
papel era a forma de se valer o voto do cidadão; em 2010, urnas eletrônicas para
facilitar a contagem dos votos.
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10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
ANÁLISE
O brasileiro gosta de política. Por mais que ele, nos últimos anos, tenha se decepcionado
com os governantes - tudo por conta de infindáveis escândalos sem justas punições -,
acaba participando, faz campanha, torce por seu candidato ou partido, sai às ruas, tudo
para defender sua bandeira e seus ideais. Ele diz ser inerente à política por quase três
anos; mas, quando chega o segundo semestre do ano da eleição, ele começa a participar
mais ativamente na escolha daquele que comandará ou a nação ou o estado.
Na mesma medida - ou até maior - o brasileiro gosta da democracia. Foi difícil alcançá-
la, mas, com muita luta, hoje chegamos a um patamar histórico: sair de casa e ter o
direito de eleger uma pessoa - ou partido - para gerir os assuntos da comunidade. E não
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10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
foi fácil chegar a este status. O Brasil sofreu com três décadas de um regime militar
autoritário (1964-1985).
Passado o período conturbado - que sacrificou muitas pessoas que só lutavam pelo
direito de poder votar e, mais além, de poder emitir sua opinião - veio a esperada
abertura política. Foi de forma tímida: Tancredo Neves fora eleito de forma indireta, e
assumiria no dia 1° de janeiro de 1985 como o primeiro presidente depois de 21 anos.
Mas problemas de saúde o impediram e tomar posse e, mais tarde, Tancredo viria a
falecer no Hospital das Clínicas, em São Paulo. Um momento chocante, pois se tratava
de uma pessoa muito próxima do povo, e que seria o homem pós-regime militar. Com a
morte de Tancredo, emergiu o vice-presidente da chapa: José Sarney. Seu governo foi
conturbado - conturbado por conta dos altos índices de inflação que assustavam a
população, e, ainda, pelo fato de viver à sombra de Tancredo.
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X Congresso Brasileiro de Marketing Político
10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
voltariam às urnas no dia 15 de novembro daquele ano, dia em que se comemorava 100
anos da Proclamação da República. A eleição, ainda com cédulas de papel, foi um
sucesso, e colocou frente a frente em um segundo turno os candidatos Fernando Collor
de Mello e Luís Inácio da Silva, o ‗Lula‘. Mais tarde, Collor venceria a eleição em
segundo turno e seria proclamado o primeiro presidente eleito pelo voto popular pós-
regime militar.
Naquele ano de 1989, o Brasil era de um jeito: com altos índices de inflação, incertezas
quanto à política, sempre flertando com a ameaça de retorno dos militares ao poder,
poucas perspectivas para o povo, alto índice de desemprego etc. Passaram-se 21 anos.
Neste ínterim, Collor confiscou as poupanças e se envolveu em escândalos de
corrupção. Por uma força advinda da imprensa – que apurou diversas irregularidades de
Collor –, a população pediu e o Congresso Nacional iniciou o processo de impeachment
(impedimento) do então presidente da república. "Mais tarde, o jornalismo brasileiro
vai surpreender aos menos avisados e aparecer como o grande responsável pelo
impeachment de Collor" (pág. 20 - 'Imprensa e Poder' - Emiliano José)
Itamar Franco assumiu e, junto com o ministro da fazenda à época - Fernando Henrique
Cardoso - lançou o Plano Real, na tentativa de equilibrar a moeda brasileira e as
finanças; Fernando Henrique Cardoso foi eleito e sucedeu a Itamar, dando continuidade
ao Plano Real e dando estabilidade à moeda nacional; Luís Inácio Lula da Silva assumiu
em 2003 e fez com que o Brasil crescesse, aproveitando a estabilidade monetária - e as
privatizações - deixadas pelo seu antecessor. Com isso, o Brasil chegou em 2010 bem
no cenário nacional e internacional.
O Brasil deixou de ser uma ―piada‖ aos olhares estrangeiros. Agora, o maior país da
América do Sul está entre as maiores economias do mundo. Faz parte dos BRIC`s
(grupo de países chamados de ―emergentes‖ economicamente, grupo formado por, além
do Brasil, Índia, China e África do Sul), algo ininteligível no fim dos anos 1980. Na
letra da música do cantor e compositor Renato Russo, ele dizia "Mas o Brasil vai ficar
rico/ Vamos faturar um milhão" (Que País é este?), e profetizou algo que foi
concretizado: o Brasil ficou rico, respeitado, e hoje recebe muitos tipos de investimento
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10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
e fábricas estrangeiras. Prova disso está no esporte. O Brasil irá receber em 2014 a Copa
do Mundo de Futebol, maior evento do planeta; e em 2016, o Rio de janeiro será sede
dos Jogos Olímpicos. Esta é a prova do crescimento econômico alcançado. É justamente
por estes fatos que as eleições presidenciais de 2010 tornou-se uma disputa tão acirrada.
Quem iria comandar essa máquina pelos próximos 4 anos foi a tônica dessa disputa.
Três candidatos chegaram ao dia do primeiro turno com chances: Dilma Rousseff, José
Serra e Marina Silva. Depois, a disputa ficou restrita a Dilma e Serra, e a candidata
apoiada pelo então presidente Luís Inácio Lula da Silva acabou sendo eleita a primeira
mulher a governar o país. Independente desse fato, muitos fatores mudaram durante os
21 anos que separaram a primeira eleição direta para presidente, da eleição mais
aguardada da história da democracia. Fatos relevantes, como a diferença nos perfis dos
candidatos; fatos interessantes, como a relação com o cenário político das épocas,
detalhes importantes, como a votação em cédula de papel em 1989, e votação com urna
eletrônica em 2010. Mas, ainda existe um fator importante pouco citado: o papel da
imprensa na cobertura política.
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X Congresso Brasileiro de Marketing Político
10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
O estudo fará as comparações das fotografias das duas edições de Veja: a linguagem
visual usada, se houve favorecimento ou desmerecimento para com algum candidato ou
partido. Esta é uma preocupação interessante, uma vez que a imprensa é aliada da
população, e um alicerce para quem quer tomar conhecimento do que fazem os
candidatos. E nada melhor do que analisar a revista mais vendida do País. A revista
Veja, com seu conceito elevado, é uma arma poderosa que pode tanto influenciar
leitores quanto esclarecer dúvidas.
Quanto a nossa análise, lembramos que ela pode ser vista de uma maneira diferente para
cada pesquisador deste assunto, partindo do ponto de que é uma análise subjetiva. ―A
descrição de uma imagem nunca é completa" (Smit, 1989, pág. 102). Não buscamos
resultados que gerem conclusões cientificamente absolutas, mas sim, conclusões que
pareçam concretas ao nosso olhar investigativo.
Com isso, é aproveitado também para analisar o papel da imprensa na cobertura política
no âmbito das eleições presidenciais, para se ter ideia se os conceitos de isenção ainda
fazem parte da classe do ―quarto poder‖.
Logo na primeira imagem desta reportagem, observamos que Collor esta sendo
glorificado pelo fotógrafo Jorge Rosenberg. Isto porque, na imagem, Collor aparece
com o braço direito erguido, de uma maneira imponente, sozinho, apenas com o céu
azul no segundo plano. Desta forma, podemos comparar sua figura a de Deus ou de
alguma divindade, devido às evidências contidas na fotografia feita pelo fotógrafo.
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10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
Na imagem da página seguinte, temos mais um indício desta glorificação. Em uma foto
na parte superior das páginas 52 e 53, tirada por André Penner, o helicóptero de Collor
está sozinho no céu, enquanto o povo, abaixo, estende a mão e vibra com sua chegada,
assim como de uma figura divina. Nas duas imagens abaixo, capturadas por Renato de
Souza e Marcelo Carnaval, a ideia é demonstrar que Collor possui apoio em várias
regiões e com camadas distintas da população, devido aos cenários e os objetos que
aparecem em ambas as ilustrações.
Se Collor era glorificado, observamos nesta análise, que a figura do candidato Luís
Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores, está sendo desconstruída. Nas
matérias em que a imagem de Lula aparece, ou em imagens que remetam ao seu nome,
o candidato é sempre desfavorecido.
Na página 54, observamos um ponto que tenta diminuir a imagem do candidato Luís
Inácio Lula da Silva, do PT. A fotografia de Antônio Ribeiro possui o objetivo de
desconstruir a figura de Lula, ao contrario do que foi visto com Collor. Na primeira
imagem, Lula aparece visto de cima, ou seja, diminuído oticamente. Isto, somado ao
cenário, onde mais da metade da imagem está com a cor vermelha predominante, sendo
que ele está ao final desta imensa área vermelha. Desta maneira, podemos dizer que
Lula está sendo comparado ao Diabo, uma vez que esta cor vermelha significa que o
inferno, e sua posição em relação ao fotógrafo, coloca-o ―embaixo da terra‖.
No outro canto, na página 55, Brizola como o oposto de Lula. Ele aparece sendo
exaltado, visto de baixo pra cima, ou seja, engrandecido oticamente. Observamos atrás
dele várias pessoas, o que o coloca como o grande líder escolhido pelo povo. Manini
fala sobre este aspecto:
Nas páginas 56 e 57, reparamos duas construções positivas e uma negativa. Na página
56, na fotografia de Marcelo Carnaval, vemos o povo vibrando com Mário Covas, do
PSDB. Do ponto de onde está o candidato, observamos que parte uma imensa linha de
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X Congresso Brasileiro de Marketing Político
10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
um telhado, formando uma espécie de trilha, e com isso, dando o significado que Covas
já teve, ou ainda terá, um grande caminho a percorrer. Covas era o quarto colocado nas
pesquisas, tendo, durante a campanha, um duelo particular com Paulo Maluf, o quinto
colocado. Desta maneira, Covas penetrava em uma jornada gigantesca, tendo que
superar, em poucos dias, Brizola e Lula.
Nas páginas 68 e 69, temos todos os ―grandes candidatos‖ com uma breve análise sobre
eles. Na fotografia de Collor, ele aparece confiante, diferente da foto de Lula, que,
aparentemente, parece estar rezando, precisando então de uma ajuda divina para se
superar, ou seja, um milagre.
Duas páginas muito importantes e relevantes nesta análise são as de número 72 e 73.
Nelas, temos um confronto imagético direto das figuras de Collor e Lula. De um lado,
um caminhão lotado de pessoas que apóiam Collor, numa forma em que, observando os
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10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
dois extremos horizontais da fotografia de Orlando Brito, podemos ver que haviam mais
carros no local. Na outra página, na foto de Eneida Serrano, assistimos a um barco
quase vazio e sozinho no Rio Jacuí. Isto aparece pode ser facilmente interpretado da
seguinte maneira: o povo está majoritariamente a favor de Collor, enquanto Lula está
isolado, e em um aparato precário e sem grandes estruturas.
"A revista Veja, que mais tarde irá se notabilizar como o veículo detonador
do processo que dá origem ao impeachment de Collor, pode ser tomada como
referência da militância da imprensa escrita em favor do candidato Fernando
Collor de Mello" (EMILIANO, 2010, p.27)
Nas páginas 68 e 69 da edição nº 2185, estão os três candidatos diante de suas bancadas
no debate da Rede Globo. Nesta imagem de Felipe Dana, Marina Silva (PV) é colocada
como a ―divisora de águas‖ entre José Serra (PSDB) e Dilma Roussef (PT). A partir
daqui, podemos sentir como será a cobertura da Veja.
Logo na página seguinte, a de número 70, há uma imagem capturada por André Dusek:
negativa à figura de Dilma. A única fotografia da página é a de Erenice Guerra
(ministra-chefe da Casa Civil no momento), que se envolveu em escândalos, o que
acaba prejudicando a imagem do PT e da candidata.
Na página 74, temos uma charge de Dilma caracterizada com uma roupa da Petrobrás e
com as mãos sujas de petróleo. Este gesto foi feito pelo presidente Lula, deixando
assim, a candidata tão carismática como o presidente. Ou seja, Dilma está ―fantasiada‖
de Lula na charge. Na página 76 e 75, Dilma aparece dirigindo um trator vermelho
numa fotografia de
Marcos Alves. Do ponto de vista semiótico, podemos afirmar que Dilma estaria
dirigindo a ―monstruosa‖ maquina vermelha, que, na nossa cultura, remete ao mal.
Segundo o site ―Guerreiros da Luz‖:
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Nas páginas 78 e 79, José Serra está em uma charge com mãos de tesoura, remetendo ao
personagem do filme Edward Mãos de Tesoura, do cineasta Tim Burton. Isto demonstra
que Serra é um candidato atrapalhado, uma vez que tudo em que ele tocou em sua
campanha ajudou-o a fracassar.
Na imagem das páginas 80 e 81, capturada por Letícia Moreira, Serra aparece num
corredor cercado por médicos, andando em direção ao leitor. Ou seja, Serra está
renascendo na corrida eleitoral, lembrando que, pouco antes da eleição, Dilma teve uma
pequena queda nas pesquisas por causa de uma polêmica gerada em torno do assunto
sobre o aborto.
Na página 82, Marina Silva é tratada de uma maneira pejorativa, tendo sido comparada
à personagem do filme Avatar, do cineasta James Cameron, que remete à ideia de
natureza. Tanto nesta charge, como na fotografia das páginas 84 e 85, Marina é sempre
retratada com algo ou uma característica que a remeta à sustentabilidade, uma de suas
principais plataformas de campanha.
Por fim, nas páginas 132 e 133, algumas fotos de Dilma são analisadas por um ponto de
vista da moda. Mais uma vez, a imagem da candidata do PT é desconstruída, uma vez
que a revista critica-a ferrenhamente, e ainda a compara com a primeira-dama norte-
americana, Michelle Obama. Até mesmo a legenda - ―pronta para tomar um chope‖ - é
colocada em uma de suas fotografias, referindo-se de uma maneira até mesmo ofensiva.
Considerações Finais
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10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
Todavia, Veja sempre mostrou, mesmo de forma latente, apoio a algum candidato. Do
ponto de vista semiótico, fica claro - quando ela coloca dois meios de transporte
utilizados pelos candidatos de 1989. Ou até mesmo quando, em 2010, faz analogias –
como Dilma Rousseff sendo classificada como um fantoche de Luís Inácio Lula da
Silva. A partir daí, cabe ao leitor distinguir o que é um jornalismo de qualidade do
chamado ―jornalismo chapa-branca‖. Claro que nem sempre isso é possível: o leitor
deve ter, em mente, qual a linha editorial da revista que lê. Mas, quando isso não for
possível, analisar as fotografias. Uma imagem vale mais do que mil palavras, diz o
provérbio.
Referências Bibliograficas
ALMEIDA, Maria Fernanda L. VEJA sob censura: 1968-1976, Ed. 1. São Paulo:
Editora Jaboticaba, 2008
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10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
SCALZO, Marília. Jornalismo de Revista. Ed. 3. São Paulo: Editora Contexto, 2006
SILVEIRA, Caren S. Revista Veja: um campo de luta da oposição liberal nos Anos 80.
Porto Alegre: Tese de Doutorado PUCRS, 2009
303
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Resumo
Este artigo propõe uma análise de conteúdo de capas, editoriais e reportagens da
editoria Brasil da revista Veja que tratassem diretamente da cobertura da disputa
eleitoral e de questões políticas que, mesmo que indiretamente, envolviam os
candidatos, seus partidos e aspectos correlatos da disputa entre PT e PSDB na corrida
presidencial. O período analisado vai do início oficial da propaganda eleitoral, em
06/07/2010, até quando o resultado as eleições foram conhecidos em segundo turno, em
03/11/2010.
Introdução
Diante da importância do tema e do grande espaço dado pelos meios de
comunicação impressos à cobertura da disputa entre PT e PSDB durante campanha
eleitoral majoritária para a Presidência da República em 2010, foi escolhida para a
análise do conteúdo de sua cobertura da disputa eleitoral a revista Veja, que é revista de
informação semanal de maior tiragem do Brasil. Publicada pela Editora Abril com
86
Artigo produzido na cadeira de Marketing Político, ministrada pelo Prof. Doutor Adolpho Carlos Françoso
Queiroz do Mestrado em Comunicação da Universidade Metodista de São Paulo.
87
Jorge Roberto Tarquini é jornalista graduado pela Universidade Metodista, onde leciona no curso de jornalismo e
atualmente também é mestrando em comunicação sob a orientação do Prof. Dr. José Salvador Faro. É escritor,
roteirista e sócio da produtora de conteúdo Scribas. E-mail: jorge.tarquini@metodista.br
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10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
circulação média auditada pelo IVC de 1.211.947 exemplares e 8.669.000 leitores por
semana (dados de janeiro de 2010), ela ocupa o posto de veículo impresso com o maior
número de leitores por edição do país.
O objetivo é analisar o conteúdo de sua cobertura política no período de
06/07/2010, início da propaganda eleitoral, a 03/11/2010, bem como as edições com
data de capa de 24/02, de 21/04, de 06/06 e de 16/06, por terem dedicado sua capa e sua
reportagem principal à disputa eleitoral ou a algum dos candidatos, mesmo antes do
início oficial da campanha.
A análise foi feita a partir de três elementos da revista: suas capas, seus editoriais
(chamados de Carta ao Leitor) e suas reportagens políticas (que surgem sob o chapéu
da editoria Brasil). Por ser um veículo semanal, Veja se permite recorrer ao
detalhamento e à interpretação dos fatos, apresentando para seus leitores textos muito
mais analíticos do que meramente informativos do factual coberto por jornais, TV,
rádios ou internet, que, por serem veículos de "cobertura quente", têm na atualidade e
no ineditismo alguns dos critérios básicos de noticiabilidade88 – impossível em uma
publicação semanal até por questões industriais. Assim, a análise levou em conta não
apenas as matérias claramente destinadas a retratar ou comentar sobre aspectos da
campanha propriamente dita, mas também abarca as todas as reportagens e capas do
período que pudessem, de modo direto ou indireto, repercutir no jogo político eleitoral.
A importância e o objetivo dessa análise estão em observar como a escolha dos
temas das reportagens deixa ou não transparecer um certo posicionamento da
publicação, que, em muitas vezes, adota linguagem adjetivada em detrimento do
substantivo imparcial que exige o jornalismo para retratar personagens e fatos em suas
páginas. Desse modo, a análise foi feita centrando-se em cada edição separadamente,
em ordem cronológica. Nos casos em que não o assunto não era tema da capa e nem de
suas chamadas secundárias ou tema de seu editorial, a análise parte diretamente para o
conteúdo das reportagens.
Fundamentos teóricos
88
Manual da Redação da Folha de S.Paulo, p.43
305
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Todd Gitlin faz uma análise mais centrada nos meios de comunicação, ao
abordar os enquadramentos na construção das representações midiáticas:
Enquadramentos são fundamentos de escolha, foco e explicação compostos
por pequenas teorias tácitas sobre o que existe, o que acontece e o que
importa [...] são padrões persistentes de cognição, interpretação e
apresentação dos assuntos, de seleção, ênfase e exclusão pelos quais os
manipuladores de símbolos rotineiramente formam seus discursos [...] os
89
"I assume that definitions of a situation are built up in accordance with principals of organization which govern
events [...] and our subjective involvement in them; frame is the word I use to refer to such of these basic elements as
I am able to identify"
306
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10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
Método
Diversos são os autores que se detiveram em descrever processos de análise de
conteúdo. No presente texto, serão adotadas as três etapas de análise propostas por
Bardin (2002):
1 - Pré-análise
2 - Descrição analítica
3 - Interpretação inferencial
1 - Pré-análise
90
"Frames are principles of selection, emphasis, and presentation composed of little tacit theories about what exists,
what happens and what matters [...] persistent patterns of cognition, interpretation, and presentation, of selection,
emphasis and exclusion by which symbol-handlers routinely organize discourse [...] media frames quietly organize
the world both for journalists and for us"
91
"The news frame is one of the most important characteristics of a new story, both in terms of providing a
template that guides journalists in assembling facts, quotations, and other story elements into a news story and
for orienting interpretations by audience."
307
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10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
2 - Descrição analítica
A leitura das edições buscou identificar o conteúdo político e o enquadramento
jornalístico de cada uma das edições analisadas em seis categorias subtemáticas de
ordem semântica: perfil dos candidatos, programas e propostas, análise eleitoral,
denúncias, temas correlatos e uso e edição de imagens.
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PÓS-LULA – "Eu me preparei a vida inteira para ser presidente". No alto da capa,
exatamente como ocorreu na edição dedicada a Dilma, a chamada para o artigo da
oponente: ARTIGO Dilma Roussef: compromisso com o futuro.
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"esquema de corrupção que desviou 300 milhões de reais das prefeituras do estado
entre 2003 e o fim do ano passado". Como varrer escândalos para debaixo do tapete
analisa como o PT e o governo reagem sistematicamente diante de denúncias e, em
caso de comprovação das mesmas, para se livrar dos ônus do escândalo: "Para tentar
conter a repercussão da violação do sigilo dos tucanos, o governo repete o método que
vem aprimorando desde o mensalão: minimizar o crime e usar as instituições para
abafá-lo".
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3 - Interpretação
Entre os aspectos que mais chamam a atenção na cobertura de Veja no período
analisado estão:
- a cobertura de Brasil promoveu uma concorrência entre reportagens sobre a
campanha e as denúncias contra o PT e o governo Lula (sendo que muitas das
denúncias realmente se provaram verdadeiras)
318
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10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
Conclusão
A partir de seu próprio enquadramento, Veja retratou no período analisado
diversos personagens e, baseado nesse mesmo enquadramento, criou um modo como o
leitor da revista deveria enxergar cada candidatura. Nesse enquadramento, Serra pouco
se expôs, passando a impressão, caso alguém só tenha lido a revista, de que sua
campanha foi praticamente inexistente – enquanto a estridência de Dilma e de Lula
dominava a cena e expunha os desvios de conduta de ambos e do PT.
Apesar de ficar evidente que a revista ataca um dos candidatos, não fica
explícito seu apoio ao outro – que se beneficia "por tabela", quase sem ser citado, das
denúncias que tratam de desqualificar o oponente. Talvez essa estratégia de apoio sutil
da revista, se é que houve alguma em favor de Serra, pode ter servido para tirar votos de
Dilma – mas, como se provou na prática, engordaram os números de Marina, que foi
quem efetivamente levou a disputa ao segundo turno por conta dos descontentes com os
dois principais candidatos (exatamente como previu Veja em uma reportagem de meia
página).
320
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10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
Referências
AUGUSTI, Alexandre. Jornalismo e comportamento: os valores presentes no discurso da revista Veja.
Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Informação. Porto Alegre,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2005. Disponível em: http://www.biblioteca.ufrgs.br/ biblio-
tecadigital
BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Trad. Luís Antero Reto e Augusto Pinheiro. Lisboa: Edições
70, 2002.
GITLIN, T. The whole world is watching: mass media and the making and unmaking of the new left.
Berkeley: University of California, 1980.
GOFFMAN, E. Frame Analysis: an essay on the organization of experience. New York: Harper, 1974.
HALL, Stuart et alii. ―A produção social das notícias: o ‗mugging‘ nos media‖. In: TRAQUINA, Nelson
(org.). Jornalismo: questões, teorias e estórias. 2. ed. Lisboa: Veja, 1999.
KIENTZ, Albert, Comunicação de massa: análise de conteúdo. Rio de Janeiro: Eldorado, 1973.
MCLEOD, D. M.; DETENBER, B. H. Framing effects of television news coverage of social protest.
Journal of Communication, New York, v. 49, n. 3, p. 3-23, 1999.
321
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Resumo:
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O ano de 1989 foi um marco para a história política do Brasil. Após o país
passar por um período de 20 anos de ditadura militar, a volta das eleições diretas para
presidência da República foi o ápice do processo de redemocratização do país.
A eleição de 1989 teve inicialmente 23 de candidatos, ambos representando uma
grande variedade de partidos políticos e tendências ideológicas. Representando, além
disso, um contexto competitivo de disputa eleitoral, sendo à primeira eleição brasileira
em dois turnos. Os candidatos mais votados do primeiro turno das eleições foram
Fernando Collor de Mello e Luiz Inácio Lula da Silva.
Fernando Collor, antes de chegar ao cenário político nacional, exercia o cargo de
governador do Estado de Alagoas. E desde sua campanha ao governo do Estado, usava
o termo ―marajás‖ para nomear aqueles que se beneficiavam do dinheiro público. Seu
pretenso objetivo era combater a corrupção em seu estado. E se apresentava como
alguém que não fazia parte da política tradicional do país.
Já o outro candidato Luiz Inácio Lula da Silva, popularmente chamado por Lula,
era conhecido como o líder do Partido dos Trabalhadores (PT), o qual ganhou
notoriedade por sua forte oposição ao regime militar. Lula, conforme mostrado por
Meyer e Junior (2009), era um líder carismático que ficou conhecido como um líder
sindical dos trabalhadores metalúrgicos, entre os anos de 1970 e 1980.
Tendo como objeto a imprensa escrita, mais especificamente a revista Veja,
entre as revistas semanais de maior tiragem do Brasil e que teve papel fundamental na
ascensão de Fernando Collor de Mello, mostrar-se-á como a revista possivelmente
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Veja, 23/03/1988.
Além disso, a revista mostrava Collor como um fenômeno nacional que surgiu
no segundo estado mais pobre do país, cujo eleitorado representava menos de dois por
cento, para combater a corrupção nacional. Fernando Collor, nesta reportagem de 23 de
março de 1989, já mostrava ser pré-candidato à presidência da República, tentando
encarnar a mudança radical que a sociedade queria naquele momento, já que o alagoano
supostamente não representava a continuidade de governos anteriores.
O candidato Luís Inácio Lula da Silva, contrariamente a Collor, não ganhou
destaque exclusivo na revista Veja, e sua aparição veio com a eleição de deputado
federal em 1988. Em 23 de novembro de 1988, a revista trouxe em sua capa a imagem
da prefeita eleita da cidade de São Paulo Luiza Erundina. Segundo a revista, Erundina,
filiada ao PT, foi eleita como uma indicação de um voto de protesto ao sistema político,
já que não aparecia à frente em nenhuma pesquisa de intenção de voto.
É neste contexto que Lula é apresentado como possível candidato à sucessão
presidencial de 1989. Como o principal candidato de esquerda. Além disso, ele sempre
se posicionou contra o governo do então presidente José Sarney (1985-1990). Naquele
momento, o país estava passando por um período de consolidação da democracia e o
governo federal era acusado de estar contaminado de alto abaixo por práticas corruptas.
Já começada a campanha presidencial, a revista trouxe em sua capa: ―O
candidato operário – a dura jornada da sucessão‖ como se pode ver na imagem abaixo.
Na imagem da capa, o candidato Lula está posicionado à frente da bandeira do PT com
as mãos erguidas, dando a impressão de que estava num gesto de ―vamos à luta‖. A
reportagem interna da revista mostra o candidato em meio à pobreza do país, dizendo
ser ele o candidato da maior parcela do eleitorado brasileiro.
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(Veja 06/09/1988)
São demonstradas nesta mesma edição as dificuldades que Lula tinha perante
seus adversários políticos, porém com um diferencial, uma ―biografia de herói de novela
das 8‖, por ter saído do nordeste em busca de melhores condições de vida. Aos 14 anos,
virou um líder operário e aos 25 já era um líder metalúrgico, disputando a eleição com
apenas 43. De acordo com a revista, ―seu partido o PT tem um programa claro de
mudanças sociais, é a única legenda brasileira que funciona de acordo com os manuais
de sociologia‖ (Veja 06/09/1988).
Já na edição de 23 de março de 1988, podemos observar que a foto de Collor na
capa de Veja estava, segundo Santos (2009), repleta de táticas e técnicas de uma boa
comunicação profissional, carregada de farto capital simbólico. Tratava-se de um
discurso elaborado cuidadosamente com o objetivo de chamar a atenção do leitor para a
figura de Collor, posando à frente de um quadro sugestivo para o contexto, no qual,
representava Marechal Deodoro durante a Proclamação da República, ou pelas letras
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(Veja 9/08/1989).
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(Veja 29/09/1989).
aproximadamente 200 mil eleitores por dia, conforme mostrado pelo instituto de
pesquisa DataFolha. Nesta edição, a revista mostrou gráficos de pesquisas de intenção
de voto, explicando os índices de aprovação e rejeição dos candidatos e suas
consequências para o candidato. De acordo com a revista, era essencial o índice de
aprovação do candidato para obter bons resultados nas eleições.
No dia do primeiro turno da eleição, em 15 de novembro de 1989, a revista
publica em sua capa ―Chegou a Hora – Collor na Frente; Lula e Brizola brigam pela
vaga: Covas joga a última cartada‖. Ao fundo havia uma representação da bandeira do
Brasil.
(Veja 15/11/1989).
Uma semana depois do primeiro turno, o que foi realizado com a mais ampla
cobertura midiática, a revista trouxe em sua capa o título ―Presidente Collor ou
Presidente Lula – agora o combate que decide a sorte do Brasil‖, numa imagem no qual,
ambos estão com o rosto de perfil, frente a frente, olhando-se mutuamente com um
semblante sério, parecendo estar em uma verdadeira luta entre gladiadores, como
destaca Santos (2009).
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(Veja 29/09/1989).
(Veja 29/11/1989).
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(Veja 6/12/1989).
(Veja 24/12/1989).
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Por fim, com a vitória de Collor garantida nas eleições a revista publica em 24
de dezembro de 1989, ―Collor – Vitória num país dividido‖, com o vencedor na capa
com um sorriso largo e seus dois braços erguidos e os pulsos fechados, num gesto
característico de lutadores de boxe quando vitoriosos, como indica Santos (2009).
Ou seja, Fernando Collor foi capaz de moldar sua imagem de forma a ir ao
encontro do que as pessoas queriam, mostrando ser contrário ao que as pessoas não
desejavam mais, a corrupção. E como diz Figueiredo (1994), Collor podia não ser nada
do que dizia, mas o importante era que os eleitores acreditavam na imagem que ele
transmitia.
A campanha política de Fernando Collor, assim como a de Lula, foram
desenvolvidas com o uso de ferramentas e métodos de pesquisas de opinião pública, os
quais lhe deram informações e dados que permitiram a elaboração de estratégias para
chegar de forma rápida ao conhecimento do eleitorado brasileiro como demonstrado por
Meyer e Junior (2009).
A eleição de 1989 foi a primeira eleição brasileira em dois turnos e a primeira
em que estiveram presentes dois elementos que fizeram a diferença para a vitória de um
candidato: a informática e a mídia eletrônica, o qual proporcionaram propagandas
eleitorais de televisão de excelente qualidade. Como afirma Meyer e Junior (2009):
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10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
Collor associou sua campanha ao epíteto ―novo‖, já que ele próprio se designava
como um político novo, que queria lutar pelo fim dos privilégios e altos salários do
serviço público nacional. Seus jingles insistiam na mudança e na renovação do país,
como é possível perceber pela letra destes no primeiro e segundo turno das eleições:
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popularidade da Rede Globo de televisão, para nomear seu programa como ―Rede
Povo‖, tornando-se uma novidade para a campanha. Soares (2002) mostra que até as
vinhetas visuais e os títulos dos programas foram utilizados como sátiras. Os programas
da ―Rede Povo‖ traziam ao eleitor depoimentos de artistas, políticos e intelectuais que
eram favoráveis à candidatura de Lula. Além disso, eram mostradas ―reportagens e
montagens documentais (como jornais e fotos); humor e sátira; passeatas e o intenso
clima emocional dos comícios.‖ (Soares, 2002)
Conforme Soares (2002), os programas de Lula traziam um forte apelo
emocional, traduzido nas imagens que mostravam os comícios nos quais multidões
imensas atuavam como coadjuvantes essenciais que mostravam a força e o apoio
popular à candidatura de Lula.
O slogan de Lula também foi bem utilizado em suas propagandas. No primeiro
turno Lula utilizou com sucesso o jingle ―Lula lá‖:
pois são a partir delas que as estratégias dos candidatos são realizadas pelos
profissionais do marketing.
A candidatura de Fernando Collor de Mello e Luiz Inácio Lula da Silva à
presidência da República em 1989, chamou atenção para a importância da utilização das
técnicas de marketing político, que foi importante para a campanha de ambos
candidatos naquela ocasião, que souberam utilizar tais técnicas através dos meios de
comunicação para transmitir suas intenções de governo para o país.
REFERÊNCIAS
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10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
POLI, Silvia Thais de. A função sinestésica da musica no jingle político. Ciência
& Cognição, 2008; Vol. 13. Disponível em:
http://www.cienciasecognicao.org/pdf/v13_2/m318236.pdf Acesso em 29/03/2010.
Veja. A praga dos marajás. São Paulo: Editora Abril, 12 de agosto de 1987. Nº
988.
VEJA. Collor de Mello: o caçador de marajás. São Paulo: Editora Abril, 23 de
março de 1988. nº1020.
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10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
VEJA. Chegou a hora: Collor na frente; Lula e Brizola brigam pela vaga; Covas
joga a última cartada. São Paulo: Editora Abril, 15 de novembro de 1989. nº 1.105.
VEJA. Collor: na reta final, jogo pesado para segurar o voto do povão. São
Paulo: Editora Abril, 6 de dezembro de 1989. nº 1.108.
VEJA. Collor: vitória num país dividido. São Paulo: Editora Abril, 24 de
dezembro de 1989. nº 1.110.
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Resumo: O artigo analisa a interface mídia e política realizando uma reflexão sobre a
tensão entre os dois campos. Para isso, será investigada a cobertura do jornal Estado de
Minas acerca da eleição presidencial de 2010. O jornal se posiciona como ator político,
levantando alguns assuntos a serem discutidos. No entanto, os candidatos conseguem
interferir na formação da agenda, pautando a imprensa com temas que interessam às
campanhas. Essa estratégia é empregada por meio da organização de pseudo-
acontecimentos. Os marqueteiros preparam grandes comícios, palestras, visitas a casas
populares e discursos que têm atributos midiáticos e dão visibilidade à campanha.
Nosso trabalho se propõe a identificar as formas utilizadas pela política para lidar com o
campo midiático no Estado de Minas.
Palavras-Chave: Jornalismo político; Mídia e política; Eleições
1. Introdução
A eleição presidencial de 2010 confirmou um cenário já estudado por diversos
analistas de mídia, pesquisadores e cientistas políticos [ALDÉ, 2007, AZEVEDO, 2001,
GOMES, 2004, OLIVEIRA, 2008, PORTO, 2001, SILVA, 2002]: a relação entre mídia
e política é conturbada, marcada por lutas por espaço e por poder simbólico,
92
O artigo é resultado de reflexões e análises da pesquisa ―O papel do jornal Estado de Minas na construção dos
cenários políticos da disputa presidencial e da eleição ao governo de Minas em 2010‖, financiada pelo Programa
Institucional de Bolsa de Iniciação Científica (PIBIC) da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais
(FAPEMIG), coordenada pelo professor Luiz Ademir de Oliveira da Universidade Federal de São João del-Rei
(UFSJ).
93
Marcelo Alves dos Santos Junior é graduando em Comunicação Social – Jornalismo da Universidade Federal de
São João del-Rei (UFSJ) - e bolsista de iniciação científica do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação Científica
e Tecnológica financiada pela Fundação de Apoio a Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig), email:
marceloalves.ufsj@hotmail.com
94
Luiz Ademir de Oliveira é mestre em Comunicação pela UFMG, mestre e doutor em Ciência Política pelo
IUPERJ e professor e pesquisador do curso de Comunicação Social – Jornalismo da Universidade Federal de São
João del-Rei (UFSJ), email: luizoli@ufsj.edu.br
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2. Referencial teórico
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Nesse sentido, o autor afirma que a função de mediação exercida pelo campo da
comunicação cria um conflito com os demais campos, cada um lutando por seu espaço e
para impor sua lógica. A comunicação lida, em larga escala, com princípios de
visibilidade, acesso ao público, transparência e representação. ―Não admira, por isso,
que os restantes campos abram amplamente o acesso ao publico em determinados
espaços e momentos (...) e os restrinjam nos espaços e momentos do seu funcionamento
sacralizado, esotérico‖ (RODRIGUES, 2001, p.159).
Segundo Rubim (2001, p.174), ―a comunicação adquire um status estruturante
na contemporaneidade, porque se torna um dispositivo essencial para a realização do
capital, para o conhecimento da atualidade e para costurar em rede o mundo
contemporâneo‖. Portanto, para obter acesso a consumidores, eleitores e espectadores,
os demais campos o submetem à pressão de interesses e à negociação de trocas de
favores e capital simbólico.
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e os políticos visam a garantir uma exposição favorável, com matérias sobre pontos
positivos de sua personalidade, projetos de sucesso e atuação junto à comunidade.
Miguel (2002) pontua que não há uma relação de predomínio de um campo
sobre o outro. Ao contrário, o balanço de forças é muito complexo. ―Há um processo
permanentemente tensionado de embate entre as lógicas do campo midiático e do
campo político, que necessita ser observado em detalhe e dentro de sua complexidade‖
(MIGUEL, 2002, p.180). Rubim (2001) enfatiza que a sociedade está ambientada pela
mídia. No entanto, ele lembra que ―este deslocamento não pode, no entanto, ser
apreendido nem como submissão plena da política à lógica midiática, nem como
desvirtuação da política‖ (RUBIM, 200, p.177).
De acordo com Thompson (1998), os líderes políticos contemporâneos devem
aprender a lidar com a visibilidade midiática e desenvolver estratégias para administrar
sua imagem junto à sociedade. ―Renunciar à administração da visibilidade através da
mídia seria um ato de suicídio político o uma expressão de má-fé de quem foi tão
acostumado à arte da auto-apresentação‖ (THOMPSON, 1998, p.124). Ele ressalta que
os atores políticos devem estar permanentemente atentos à sua exposição na imprensa,
tendo em vista que pequenas falhas e gafes podem prejudicar a imagem do político de
forma, às vezes, irreparável.
Nesse sentido – e tendo em vista que os jornais tentam resistir às estratégias
empregadas pelos políticos para controlar sua aparição na mídia - entram em cena
marqueteiros, publicitários, analistas de mídia, consultores, assessores, e jornalistas. Um
exército de profissionais irá cuidar da comunicação da campanha e administrar a
imagem pública dos candidatos, com o objetivo de ganhar a opinião pública, a imprensa
e os votos dos eleitores. A profissionalização transforma as eleições em uma batalha
midiático-publicitária de peças, campanhas, narrativas, declarações e acusações.
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2.5 O pseudo-acontecimento
Segundo Silva (2005), a principal estratégia utilizada pelo mundo da política
para influenciar a agenda midiática são os pseudo-eventos, ―ou seja, aparições públicas,
viagens, comícios, passeatas, discursos públicos, etc., que são eventos planejados por
equipes de campanha, voltados para a cobertura da mídia, em particular a da televisão
(Boorstin, 1961. Nimmo, 1970)‖ (SILVA, 2005, p. 30).
Daniel J. Boorstin (1961) lançou as bases da mudança de paradigma na
avaliação do que é notícia e de como ela se constitui. Segundo ele, a partir do século
XX, os repórteres não possuíam a visão, que ele chama de teológica, de que forças
divinas são responsáveis por produzir os acontecimentos. ―The successful reporter is
one who can find a story, even if there is no earthquake or assassination or civil war. If
he cannot find a story, then he must make one‖ (BOORSTIN, 1961, p. 253). Isso foi,
para ele, consequência da profissionalização dos jornais. A exigência de ter conteúdo
regular, aliada a expectativa dos leitores de serem informados a todo o tempo, criou a
necessidade da produção de fatos.
Ele denomina ―pseudo-eventos‖ a forma emergente de novidade que inunda a
experiência contemporânea. ―The news they make happen, the events they create, are
somehow not quite real.‖ (BOORSTIN, 1961, p. 254). A seguir, ele elenca as
características dos pseudo-eventos: (1) não-espontaneidade, depende de incitação; (2) é
plantado com o objetivo de ser reportado ou reproduzido; (3) ambiguidade relativa aos
motivos e causas do evento; (4) é auto-satisfatório, pode produzir realidades e criar
aspectos.
Os políticos são os mais adeptos ao uso da imprensa e de outros meios para criar
pseudo-eventos, escreve Boorstin. Ele lembra que o presidente Franklin D. Roosevelt
aprendeu as técnicas de produção de notícias para garantir manchetes favoráveis e para
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moldar as histórias de acordo com seus propósitos. O autor diz que o vazamento de
informações pelos políticos é um dos pseudo-eventos mais frequentemente praticados.
Ribeiro (2004), seguido a linha de raciocínio, afirma que mega-comícios,
caminhadas, corpo-a-corpo, confraternizações, panfletagens e demais eventos
organizados pelos partidos transformaram-se em acontecimentos midiáticos por
excelência. Conforme o autor, esses fatos não colaboram com a formação política dos
cidadãos. Eles privilegiam, sobretudo, a produção de notícias, imagens e textos
impactantes e, de preferência, favoráveis aos candidatos.
A dinâmica dos acontecimentos que se tornam notícia não segue apenas o
imprevisível, diz Moretzsohn (2002), ratificando o ponto de vista. Não é apenas o
inesperado que aparece nas páginas dos jornais: ―Os acontecimentos que fizeram notícia
no passado, como no presente, são realmente as coisas esperadas, assuntos
caracteristicamente simples e comuns‖ (MORETZSOHN, 2002, p. 71).
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95
Deve-se fazer uma ressalva aqui. Não é objetivo do artigo nem da pesquisa analisar o
agendamento do jornal, o que pressupõe uma pesquisa de campo. O que se pretende é
investigar como o jornal procura construir por meio do seu discurso uma agenda política
e interferir no jogo eleitoral.
96
O corpus de análise faz parte da pesquisa ―O papel da imprensa mineira na construção
dos cenários políticos das eleições à Presidência da República‖. Os dados apresentados
são preliminares, tendo em vista que o cronograma das atividades prevê a coleta de
dados até fevereiro de 2012.
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Considerações Finais
A posição de ator político que a imprensa assume a torna visada pelas
candidaturas. A relação entre mídia e política não obedece submissões simplistas,
entretanto. Os presidenciáveis se apóiam em diversos profissionais encarregados de
interferir na formação da agenda midiática e garantir um enquadramento que beneficie o
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Referencias
ALDÉ, Alessandra, MENDES, Gabriel e Figueiredo, Marcus. ―Tomando partido:
imprensa e eleições presidenciais em 2006. Revista Política e Sociedade, UFSC, v. 6, n.
10, 2007.
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10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
MCCOMBS, Maxwell. Setting the agenda – the mass media and public opinion,
Cambridge, Polity Press, 2004.
MCCOMBS, Maxwell; SHAW, Donald L. The agenda-setting function of mass media,
Public Opinion Quartely, VOl. 36, pp. 176-185,1972.
MIGUEL, Luis Felipe. Os meios de comunicação e a prática política. Lua Nova, São
Paulo, n.55-56, p. 155-184, 2002. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ln/n55-
56/a07n5556.pdf>. Acesso em: 21 de maio de 2011.
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10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
Resumo: O artigo traz uma discussão sobre a interface mídia e política e a respeito do
papel da imprensa na construção social da realidade, ao tomar como objeto de análise a
cobertura da revista Veja sobre a disputa presidencial de 2010. O trabalho parte de uma
perspectiva construtivista e investiga como a mídia ocupa hoje um espaço de
centralidade para os campos sociais. Discute-se a relação tensa entre a esfera midiática e
o campo da política. Nesse sentido, o jornalismo exerce um papel fundamental por ser
uma instância que interfere nas disputas eleitorais, colocando-se como ator político. Isso
fica explícito nas análises preliminares sobre a revista Veja, que, das 16 edições
coletadas para o estudo, dedicou nove capas para a disputa presidencial no período de
julho a outubro de 2010.
1. Introdução
―O Monstro do Radicalismo: A fera petista que Lula domou agora desafia a
candidata Dilma‖ foi a reportagem de capa da revista Veja, de 14 de julho de 2010, um
pouco mais de uma semana após a homologação das candidaturas à Presidência da
República. Numa postura editorial crítica à candidata Dilma Rousseff (PT) e ao seu
97
O artigo integra a pesquisa de iniciação científica ―A cobertura da disputa pela
Presidência da República de 2010 pela revista Veja‖, financiada pelo Programa de
Bolsa de Iniciação Científica do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq).
98
Luiz Ademir de Oliveira é professor e pesquisador do Curso de Comunicação Social
da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), mestre e doutor em Ciência
Política pelo IUPERJ. E-mail: luizoli@ufsj.edu.br.
99
Wanderson Antônio do Nascimento é graduado em Letras, graduando e bolsista de
iniciação científica (PIBIC/CNPQ/UFSJ) do Curso de Comunicação Social –
Jornalismo da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ). E-mail:
wandersonbsb@hotmail.com
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10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
partido, a revista coloca-se na condição de ator político ao criar a imagem de que uma
eventual vitória da petista poderia significar a ação de radicais no governo. Nesta
mesma linha de análise, no dia 29 de setembro de 2010, a Veja deu como destaque na
capa ―A liberdade sob ataque: a revelação de evidências irrefutáveis de corrupção no
Palácio do Planalto renova no presidente Lula e no seu partido o ódio à imprensa livre‖.
A reportagem traz um tom tendencioso ao ligar a imagem de Lula e do PT à censura.
Estes dois exemplos ilustram bem como há uma relação tensa entre mídia e
política. Hoje, o campo da comunicação avoca a tarefa de servir de esfera de mediação
social (Rodrigues, 1997), em que os demais campos buscam visibilidade e formas de
legitimar suas ações. Ao mesmo tempo, a mídia não se configura apenas como um novo
palco para as disputas políticas. Os meios de comunicação, e em especial a imprensa,
são responsáveis pela construção social da realidade. Ao contrário da concepção de
neutralidade do jornalismo, os órgãos de imprensa são atores sociais e políticos. Alguns,
como é o caso da revista Veja, recebem críticas por assumirem posições políticas e
ideológicas bem explícitas.
Tomando como base estas questões, o presente artigo parte de uma perspectiva
construcionista com base nos sociólogos Berger e Luckmann (1985) que afirmam que a
realidade é construída socialmente via linguagem, ou seja, o homem é produto e
produtor do meio social. Como a instância comunicativa midiática assume uma posição
estratégica na era contemporânea, os campos sociais e, principalmente, o campo da
política, precisa recorrer à mídia para sobreviver. No entanto, como será discutido, trata-
se de uma relação tensa: mídia e política estão cada vez mais ligadas, mas possuem
naturezas bem distintas (Gomes, 2004). Por fim, o trabalho discute a imprensa como
ator político que interfere nas disputas eleitorais ao procurar construir cenários políticos,
agendar temas e investir na construção ou (des) construção da imagem dos líderes
políticos.
A partir de tais questões teóricas e conceituais, o artigo traz uma análise de
conteúdo preliminar sobre a cobertura da revista Veja sobre a disputa presidencial de
2010. O trabalho integra uma pesquisa financiada pelo CNPq que tem por objetivo
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investigar o cenário político construído pela Veja na eleição, com base nas 16 edições
publicadas de julho a outubro de 2010.
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visibilidade social. Por isso, a comunicação não é somente um meio dos indivíduos e
grupos conhecerem os fatos e acontecimentos. Rodrigues (1997) diz que a comunicação
é o processo instituíste do espaço público em que se desenvolvem as suas ações e
discursos. ―Daí a natureza paradoxal da comunicação, ao mesmo tempo instituíste e
instituída, processo de elaboração de um espaço público e agenciamento das regras
impostas pela conformidade social, pluralidade feita de múltiplas singularidades‖
(RODRIGUES, 1997, p.141).
Assim como Rodrigues aponta a centralidade do campo da comunicação,
Thompson (1998) discute como a mídia é responsável por criar novas formas de
interação via utilização de meios técnicos. Ele cita o poder cultural ou simbólico, que
nasce nas atividades de produção, transmissão e recepção do significado de formas
simbólicas. E está presente em instituições culturais, como escolas, universidades,
igreja, indústrias da mídia, entre outros.
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forma, a mídia acaba por levar a uma mistura de gêneros, onde realidade e ficção já não
possuem fronteiras nítidas.
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noticiabilidade: (a) a falha; (b) a inversão; (c) o excesso. Tal afirmativa revela que há
um critério de seleção do que tem maiores chances de virar notícia e refuta a ideia de
neutralidade. Wolf (1999) também compreende o jornalismo com um processo
complexo de produção de notícias que envolve vários fatores, entre os quais os critérios
de noticiabilidade. O autor destaca como principais critérios de noticiabilidade o que ele
chama de ―substantivos‖ – que remetem ao conteúdo da notícia – definidos por quatro
fatores: o nível hierárquico dos envolvidos no fato, o impacto sobre as pessoas, a
quantidade de pessoas envolvidas no fato e o interesse humano.
Nesta mesma perspectiva de análise, Traquina (2001) discute o jornalismo como
processo de produção da notícia e questiona o modelo norte-americano, em que a
imprensa se pauta pela neutralidade. Os jornalistas não são observadores neutros da
realidade e atuam na construção da realidade dos fatos. O processo de produção de
notícias envolve uma complexidade de fatores, como a linha editorial do veículo, o
caráter mercadológico, a dependência das fontes, as rotinas de produção etc.
Tuchmann (1993) explica que o jornalismo tenta se legitimar a partir de rituais
que passem a noção de uma suposta neutralidade. Ela afirma que os jornalistas criam o
argumento de que são objetivos para tentar amenizar as pressões do fator tempo e seus
respectivos prazos de fechamento diário dos jornais (o dead line), possíveis processos
judiciais de difamação, calúnia e repressões antecipadas dos superiores. Disso decorre a
ideia da objetividade como um ritual estratégico que, segundo a autora, possui quatro
procedimentos: (i) a apresentação de possibilidades conflituais: o chamado ―ouvir os
dois lados‖; (ii) apresentação de provas auxiliares: acesso a documentos que possam
reforçar a notícia; (iii) o uso judicioso das aspas (o chamado jornalismo declaratório);
(iv) a estruturação da informação numa sequência apropriada, o que remete à ideia de
que a narrativa segue uma lógica objetiva ao relatar os fatos.
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Considerações Finais
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REFERÊNCIAS
LIMA, Venício de. Mídia. Crise política e poder no Brasil. São Paulo: Perseu Abramo,
2006.
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VEJA. São Paulo: Editora Abril, Edições 2173 (14 de julho de 2010), 2178 (18 de
agosto de 2010), 2184 (29 de setembro de 2010), 2186 (13 de outubro de 2010) e 2188
(27 de outubro de 2010).
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Daniela Rocha
A metodologia
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A função do editorial
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Em sua pesquisa sobre o editorial do diário paulistano, Arbex (1992, p.93) cita
que Otávio Frias Filho, diretor de Redação e secretário do Conselho Editorial da Folha,
declara que ―as linhas gerais para definir o conteúdo dos editoriais do jornal são
traçadas, semanalmente, nas chamadas ―reuniões de sexta-feira‖. (...) E quando não há
unanimidade, a palavra final é dada por Otávio Frias [dono do jornal]‖.
Mas afinal, qual a finalidade do editorial? A quem interessa saber a opinião
oficial do veículo de comunicação?
Poucos são aqueles que se interessam pela leitura do editorial, ou que pelo
menos, se voltam primeiramente a ele para saber o que determinado meio de
comunicação pensa a respeito dos fatos correntes. Porém, boa parte dos governantes e
dos políticos lê assiduamente a primeira página interna dos jornais, pois sabem a
influência dos veículos de comunicação na formação da opinião pública, avaliando que
tal conhecimento do editorial é fundamental para saber a opinião do veículo de
comunicação. Lima (2006, p.54) afirma que ―a mídia ocupa uma posição de
centralidade nas sociedades contemporâneas, permeando diferentes processos e esferas
da atividade humana, em particular a esfera da política‖.
Para entender melhor a comunicação entre a mídia e o Estado, Melo (1994,
p.183) nos esclarece quanto às características específicas desse gênero jornalístico:
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Por isso, Costa (1997, p.132) define a esfera pública como simulacro, um
―campo da disputa pelas atenções públicas e alvo das tentativas de manipulação dos
atores vinculados à esfera da economia e ao campo político‖.
Frente a estas constatações, decidimos analisar como o maior jornal brasileiro se
posicionou diante da disputa eleitoral daquele período.
A Folha de S. Paulo
Apesar de ser pequeno o grupo de brasileiros que lêem jornais diariamente, esse
pequeno núcleo corresponde à classe social mais instruída e mais abastada do Brasil. No
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caso da Folha de S. Paulo, segundo a pesquisa ―Perfil do Leitor‖ realizada em 2000 pelo
Datafolha, 50% dos leitores do periódico são homens e os outros 50% mulheres, sendo
que dentro deste grupo 52% são casados. Outro dado que chama a atenção é que a
média de idade dos leitores é de 40,3 anos, sendo que 47% deles cursam nível superior e
outros 13% já são profissionais pós-graduados. Referente à renda, 53% dos leitores
ganham individualmente por mês até 15 salários mínimos, e 36% possuem renda
familiar mensal superior a 30 salários mínimos.
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Frente a essa nova postura do jornal, boa parte dos jornalistas deve imaginar que
o melhor veículo de comunicação para se trabalhar no país é a Folha de S. Paulo.
Porém, as medidas que vem sendo adotadas há mais de vinte anos não se voltam
exclusivamente para o direito do profissional de comunicação, e sim, à imagem que tal
―liberdade de expressão‖ cria no imaginário dos leitores, demonstrando assim não
possuir vínculos partidários. Kucinski (1998, p.76) cita algumas publicações da década
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A análise
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pontos frágeis da gestão 2002-2006, Alckmin oscila na tentativa de ajustar o tom das
críticas a esse governo com grande adesão popular.
Outra categoria que teve uma boa representatividade foi a ―Internacional‖ que
apresentou 12 publicações no período analisado, sendo 11 neutras, uma a favor de
Alckmin e nenhuma a favor de Lula. Intitulado ―Política em baixa‖, o editorial do dia
14 de outubro toma como exemplo as eleições do Equador para afirmar que a
democracia na América Latina é cada vez mais desacreditada. A justificativa do jornal
volta-se ao fato dos países latino-americanos terem uma história construída por regimes
militares autoritários e personagens populistas. O periódico ainda defende que as nações
latinas passam por um processo de ―desidratação ideológica do partido‖, tomando como
exemplo o caso do Brasil, o qual o PT, apesar de ter conseguido levar um candidato
populista ao poder, não teve o mesmo sucesso para criar plataformas socialmente
representativas, distanciando assim, o candidato do partido. É o que chamamos de
―personificação do voto‖, no qual os eleitores votam no candidato independente de seu
partido, mostrando assim, que a ideologia partidária não possui força junto aos eleitores
e nem mesmo aos políticos da legenda, que volta e meia mudam de partido,
demonstrando nenhum comprometimento com as idéias da legenda até então defendida.
―Economia‖, uma outra categoria definida no trabalho também nos chama
atenção. A temática apareceu em 11 das 56 publicações analisadas, sendo que duas
edições do editorial mostraram-se favoráveis a Lula, sete favoráveis a Alckmin e apenas
duas foram neutras. Nota-se aqui, que o percentual das publicações neutras é o mesmo
das que favoreceram o presidente petista, tendo assim, grande vantagem o candidato
tucano com 63,63% de editoriais favoráveis contra 18,18% de neutros e a favor de Lula.
Tomaremos como exemplo aqui, a publicação do dia 13 de outubro intitulada ―Nova
etapa‖. Esse editorial compara os investimentos dos Estados Unidos e do Brasil e
conclui que o próximo presidente brasileiro deve reajustar o modelo macroeconômico
do país. Apesar de a publicação ser considerada pela pesquisadora como neutra, é
interessante salientar a abordagem do jornal e a finalidade do editorial, já descrita neste
trabalho, e que mais uma vez pôde ser comprovada, pois a Folha apresenta os anseios de
seus leitores e utiliza-se da força do meio de comunicação para deixar um ―recado‖ aos
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Educação de São Paulo, no que se refere às soluções para as dificuldades de leitura dos
alunos. Intitulado ―Dança das cadeiras‖, o editorial avalia que a temática é muito
utilizada nos períodos eleitorais, porém passado o processo, o empenho e soluções
apresentadas para sanar as grandes defasagens educacionais não são pertinentes.
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Considerações finais
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articuladas pelos ―representantes da nação‖ para obter seus objetivos a custa do dinheiro
do povo em forma de propina e outras ―tramóias‖.
Dentro desse contexto há que se analisar alguns fatores: os escândalos políticos
existem, em sua maioria, para destruir a imagem de um e alavancar a de outro, assim,
não podemos culpar um ou outro, pois o problema da política brasileira é estrutural e
cultural e por isso, boa parte de nossos ―representantes‖ possui ―teto de vidro‖; o
primeiro mandato de Lula, apesar das críticas, superara as expectativas, tanto que as
pesquisas de opinião mostravam alto percentual de aprovação do presidente quando o
assunto era a análise de seu governo. Mas se o Lula tinha uma boa aceitação, porque a
Folha se mostrou favorável a Alckmin?
Depois que Lula assumiu a Presidência da República e começou a implantar seu
plano de governo, a população, e principalmente os empresários, perceberam que o
esquerdista começava a aplicar uma política similar às anteriores, por isso não havia
problema que ele perpetuasse no poder, porém os escândalos surgiram e o receio dos
mandatários do país cresceu. Será que a imagem do presidente será incorporada aos
escândalos? Se assim for, a economia não corre o risco de ser abalada? Se a política de
Lula é similar às anteriores do PSDB porque não eleger Alckmin? Não será um risco
muito grande eleger Lula e após a posse, a nação mundial descobrir que ele sabia sim do
que estava sendo articulado por seus ―homens de honra‖?
Esses questionamentos ficaram implícitos nos editoriais analisados. No editorial
do dia 05 de outubro, por exemplo, o jornal defende que a política nacional precisa
buscar uma relação mais estável e menos fisiológica entre o Executivo e o Legislativo.
Porque isso? Caso os representantes de oposição da Câmara e do Senado tivessem uma
relação mais sólida com o governo, provavelmente os escândalos aconteceriam, mas
não tomariam tamanhas dimensões como se vivenciara.
Quanto à aceitabilidade de Alckmin, o jornal publicou no dia 9 de outubro que
ao contrário do que muito se dizia na época, o candidato tucano obtinha uma boa
aceitação pelos eleitores que ganhavam até cinco salários mínimos. Essa consideração
serviu para acalentar os leitores e informar os representantes políticos, que apesar do
programa Bolsa Família ter atraído boa parte da intenção de voto dos eleitores menos
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abastados do país, Alckmin também conseguira obter sucesso com esse nicho da
população. Inclusive a perpetuação do programa Bolsa Família foi um dos assuntos
mais debatidos no período. Enquanto os que recebiam o benefício apostavam seu voto
em Lula, outros questionavam o resultado de tal programa. Esse foi o caso da Folha que
em um de seus editoriais mensurou que o processo de inclusão social brasileira,
certamente não seria feito por meio de programas assistencialistas.
Não fora notada rejeição explícita ou aversão ao então presidente, mas sim um
grande receio de que estes escândalos tomassem proporções incontornáveis que
afetariam definitivamente o crescimento do país, que há muito esperava e finalmente,
começava a sair do discurso e fazer parte da vida da população.
Referências
ARBEX, José. Editorial. Gêneros jornalísticos na Folha de S. Paulo. São Paulo: FTD,
1992.
BARDIN, Laurence. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977.
CORTES, Verônica P. Aravena. Sem medo do bicho papão: o governo Lula nas
páginas da revista Veja. Revista Estudos de jornalismo e relações públicas nº 4, p.26-
38. São Paulo: Ed. Metodista, 2004.
COSTA, Sérgio. Do simulacro e do discurso: esfera pública, meios de comunicação
de massa e sociedade civil. Revista Comunicação & Política, n.II, vol IV, p.117-36,
1997.
KUCINSKI, Bernardo. A síndrome da antena parabólica: ética no jornalismo
brasileiro. São Paulo: Ed. Fundação Perseu Abramo, 1998.
LIMA, Venício A. de. Mídia: Crise política e poder no Brasil. São Paul: Ed.
Fundação Perseu Abramo, 2006.
LIMA, Venício A. de. Mídia: teoria e política. São Paulo: Ed. Fundação Perseu
Abramo, 2004, 2ªedição.
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Sites
http://www1.folha.uol.com.br/folha/80anos/quem_e_o_leitor.shtml
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1. Introdução
As campanhas eleitorais no Brasil centralizam a maioria de seus recursos e
esforços na exibição dos candidatos na TV. Devido à importância da televisão como
fonte de informação para a população brasileira, a exposição dos candidatos na telinha
pode definir os rumos da disputa eleitoral. Sendo o tempo de exposição de cada
100
O artigo é resultado de reflexões e análises da pesquisa ―O papel da imprensa mineira na construção dos cenários
políticos da disputa presidencial e da eleição ao governo de Minas em 2010‖, financiada pela Fundação de Amparo à
Pesquisa de Minas Gerais (FAPEMIG), coordenada pelo professor Luiz Ademir de Oliveira da Universidade Federal
de São João del-Rei (UFSJ).
101
Fernando de Resende Chaves é graduando em Comunicação Social – Jornalismo da Universidade Federal de São
João del-Rei (UFSJ) - e bolsista de iniciação científica do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação Científica e
Tecnológica financiada pela Fundação de Apoio a Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig), email:
fexaves@hotmail.com
102
Luiz Ademir de Oliveira é mestre em Comunicação pela UFMG, mestre e doutor em Ciência Política pelo
IUPERJ e professor e pesquisador do curso de Comunicação Social – Jornalismo da Universidade Federal de São
João del-Rei (UFSJ), email: luizoli@ufsj.edu.br
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Porto, 2002), visibilidade e valência dos candidatos e líderes políticos importantes nas
disputas.
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deliberação. Por isso, a princípio, mídia e política têm naturezas bem distintas e
dificilmente se misturariam. Mas, com a democracia de massas, o autor afirma que a
política se vê obrigada a recorrer à mídia.
Complementando esta discussão, Lima aponta as sete teses sobre a centralidade
da mídia para a política: (1) a mídia ocupa uma posição de centralidade nas sociedades
contemporâneas, ao permear diferentes processos e esferas da atividade humana,
incluindo a política; (2) não há política nacional sem mídia, pois cabe aos meios de
comunicação de massa definirem o que é público; (3) a mídia exerce várias funções
tradicionais dos partidos políticos, como construir a agenda pública, transmitir
informações políticas, fiscalizar as ações do governo, entre outras; (4) a mídia alterou
radicalmente as campanhas eleitorais; (5) a mídia se constitui como um importante ator
político. As duas últimas teses referem-se às características históricas específicas do
sistema de mídia e às precariedades sociais e econômicas que potencializaram o poder
dos meios de comunicação no processo político.
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4.4 A corrida presidencial de 2010 nas páginas do jornal O Tempo no período pré-
eleitoral
A análise das notícias veiculas no jornal O Tempo, durante o período pré-
eleitoral, compreendido entre o dia 1º de julho e o dia 17 de agosto, quando ainda não se
iniciam os programas do HGPE, contabilizou um total de 426 matérias (notícias,
reportagens, chamadas de primeira página, notas, colunas, editoriais, artigos e
fotografias) referentes à disputa eleitoral pela Presidência da República. Dentre as 426
unidades de análise, encontram-se 130 fotografias, sendo as 296 unidades restantes
matérias de caráter textual.
4.4.1 Enquadramentos
Procedeu-se a uma classificação das notícias segundo o enquadramento que
privilegiam. Tal classificação utiliza conceitos propostos por Mauro Porto (2001), que
considera quatro tipos básicos de enquadramento:
(1) Enquadramento corrida de cavalo: aborda o processo eleitoral como uma
disputa pelo poder e ressalta a performance dos candidatos nas pesquisas e suas
estratégias de campanha;
(2) Enquadramento Centrado na Personalidade: enfatiza características pessoais
dos candidatos e reflete o caráter personalista da cobertura midiática;
(3) Enquadramento Temático: predomina em matérias que enfatizam as posições
e propostas dos candidatos sobre aspectos substantivos da campanha e dá enfoque às
plataformas e programas adotados pelas candidaturas;
(4) Enquadramento Episódico: predomina em matérias que basicamente se
restringem a relatar os últimos acontecimentos sem a utilização dos enfoques que
caracterizam os demais tipos de enquadramentos;
(5) Outro/misto: classificação que refere-se a notícias mistas, que apresentam
mais de um tipo de enquadramento, sem o predomínio significativo de nenhuma das
outras categorias de classificação.
A análise das matérias, segundo o enquadramento, revelou uma predominância
do enquadramento ―episódico‖. Em relação às fotografias, o resultado foi o seguinte: 97
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Com relação às aparições como fonte, nota-se que a voz de José Serra (PSDB)
teve mais acesso ao jornal, já que o candidato tucano é fonte em 214 matérias, enquanto
sua principal adversária, Dilma Rousseff (PT), aparece como fonte em apenas 160
matérias. Note-se, também, que, pelo menos sob a perspectiva de O Tempo, o ex-
Presidente da República Fernando Henrique Cardoso (PSDB) parece não se configurar
como cabo eleitoral significativo da campanha de José Serra, aparecendo como fonte
em apenas 4 matérias no período analisado. Já com relação às aparições como
personagem, não é identificada diferença significativa entre os dois principais
candidatos.
A presença marcante da figura de Aécio Neves (candidato ao senado pelo estado
de Minas Gerais) como fonte e como personagem nas matérias referentes à disputa
presidencial se explica pela liderança desempenhada por Aécio em Minas Gerais e pelo
fato de o tucano mineiro ter disputado com Serra a posto de candidato ao planalto pelo
PSDB.
Do total de 426 matérias analisadas, Dilma Rousseff aparece como fonte em 64
(15,02%), José Serra em 76 (17,84%), Marina Silva em 50 (11,74%), Lula em 15
(3,52%), Fernando Henrique em 4 (0,94%) e Aécio Neves em 14 (3,27%). Esses dados
demonstram que, se a voz de José Serra tem maior acesso ao jornal, como aponta o total
de 214 falas do candidato contra 160 de Dilma Rousseff, esse acesso é também o mais
pulverizado, já que o candidato tucano tem sua voz presente em 17,84% das matérias,
enquanto a voz de Dilma Rousseff fala em 15,02% dos textos analisados.
Já o percentual de matérias que trazem Dilma Rousseff como personagem está
bem próximo do percentual referente ao candidato tucano. Dilma aparece como
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personagem em 270 matérias (63,38%) e Serra em 265 (62,21%). Marina Silva aparece
como personagem em 113 matérias (26,52%), Lula em 127 (29,81%), Fernando
Henrique em 23 (5,40%) e Aécio Neves em 27 (6,34%) das matérias analisadas.
4.4.3 Valência dos candidatos e dos líderes políticos
A visibilidade revela uma certa tendência do jornal, mas não necessariamente
significa uma aparição positiva. Por isso, como categoria de análise complementar
utilizou-se a valência (positiva ou negativa) em que aparecem os candidatos e lideranças
nas matérias analisadas. Seguem, abaixo, os dados relativos às valências:
404
X Congresso Brasileiro de Marketing Político
10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
4.5 A eleição para o Governo de Minas Gerais em 2010 nas páginas do jornal O
Tempo no período pré-eleitoral
Foram catalogadas e analisadas 283 matérias, sendo 105 fotográficas e 178 de
gênero textual. Assim como ocorreu na primeira fase da cobertura presidencial, verifica-
se nas matérias relativas à disputa pelo governo de Minas uma predominância
significativa de textos de cunho informativo, factual e episódico, em detrimento de
matérias interpretativas, reflexivas e temáticas.
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10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
4.5.1 Enquadramento
A análise das matérias, segundo o enquadramento, revelou uma predominância
do enquadramento ―episódico‖. Em relação às fotografias, cujo total foi de 105, o
resultado foi o seguinte: 81 no enquadramento ―episódico‖ (77,15%), 14 no
enquadramento ―corrida de cavalo‖ (13,33%) e 10 no ―personalista‖ (9,52%). Não
houve enquadramento ―temático‖ ou ―misto‖.
Quanto às matérias de gênero textual, de um total de 178, ocorreram 77 no
enquadramento ―episódico‖ (43,26%), seguidas de 27 no enquadramento ―corrida de
cavalo‖ (37,64%), 27 no ―temático‖ (15,17%), 7 no enquadramento ―misto‖ (3,93%) e
nenhuma no enquadramento ―personalista‖.
A cobertura da disputa eleitoral pelo governo de Minas Gerais, se comparada à
cobertura da corrida presidencial, demonstra maior incidência do enquadramento
―corrida de cavalo‖ e menor incidência de matérias de cunho ―personalista‖ e
―episódico‖. Uma hipótese explicativa para essa diferença está no fato de que muitas
das notícias referentes à cobertura da eleição para presidente provêm de fontes externas
à redação do jornal, sendo boa parte delas produzidas por agências de notícia. Outra
hipótese que poderia explicar o fato diz respeito à linha editorial do jornal, que, como
veremos adiante, posiciona-se de modo favorável ao candidato tucano ao governo do
estado Antônio Anastasia (PSDB). Como o candidato esteve em desvantagem nas
pesquisas de intenção de voto durante a maior parte da campanha, porém num processo
contínuo de crescimento, que culminou na sua vitória no primeiro turno, talvez tenha
sido de interesse do jornal publicar matérias apontando para o crescimento contínuo de
Anastasia e para a queda gradual de Hélio Costa (PMDB) nas pesquisas, aumentando
assim a incidência de matérias com o enquadramento ―corrida de cavalo‖.
4.5.2 Visibilidade dos candidatos e dos líderes políticos
Como já foi mencionado, é bastante evidente o posicionamento do jornal O
Tempo em favor da candidatura de Antônio Anastasia, assim como é patente o
comprometimento do jornal com a blindagem da figura de Aécio Neves. Os números
mostram que o jornal esteve engajado na campanha de Anastasia de um modo ainda
mais aguerrido do que esteve em relação à candidatura de José Serra à Presidência.
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(Antônio Anastasia e Hélio Costa). Mas essa equiparação na visibilidade não significa
que a imprensa tenha dado um tratamento neutro aos candidatos.
4.5.3 Valência dos candidatos e dos líderes políticos
Os dados relativos à valência com que os candidatos e lideranças figuram no
jornal apontam nitidamente para um engajamento do veículo em favor das campanhas
de Antônio Anastasia para o Governo do estado e de Aécio Neves para o senado.
Vejamos abaixo.
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alta popularidade de Aécio Neves. Aécio não é citado negativamente como fonte e,
como personagem, aparece de modo negativo em apenas 3 das matérias analisadas.
Considerações Finais
Considerando a mídia como instância central para a prática política
contemporânea, entendendo o jornalismo como ator social e afastando noções ingênuas
e credoras de práticas jornalísticas neutras, imparciais e objetivas, o presente trabalho
possibilitou uma análise acerca do posicionamento político do jornal O Tempo durante a
primeira fase das campanhas eleitorais de 2010. Análises quantitativas e qualitativas
demostram o perfil político e jornalístico da cobertura eleitoral do jornal durante o
período abordado.
A cobertura jornalística em questão confirmou teorias do jornalismo que
apontam para a ocorrência predominante de textos episódicos, factuais e
descontextualizados. Também demonstrou-se tendenciosa e favorável à candidatura de
José Serra (PSDB) para a Presidência.
Além disso, a cobertura foi favorável à candidatura de Antônio Anastasia para o
governo de Minas, num nível de engajamento ainda maior que em relação a Serra.
Procurou, também, blindar a figura de Aécio Neves, contribuindo, possivelmente, para a
manutenção de seus altos índices de popularidade no estado de Minas e para a sua
eleição com folga para o senado pelo mesmo estado.
Referências
LIMA, Venício de. Mídia. Crise política e poder no Brasil. São Paulo: Perseu Abramo,
2006.
PORTO, Mauro. ―A mídia brasileira e a eleição presidencial de 2000 nos EUA: a cobertura do jornal Folha de S.
Paulo‖. Cadernos do CEAM (UNB), Brasília, vol.II, n.6, p.11-32, 2001.
RODRIGUES, Adriano Duarte. Estratégias de comunicação. Lisboa: Editorial
Presença, 1990.
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10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
Priscila Fernandes104
Elza Aparecida de Oliveira Filha105
Universidade Positivo – Curitiba/PR
Resumo
O presente trabalho apresenta o resultado da pesquisa que visou verificar a efetividade
do trabalho das assessorias de imprensa em pautar a mídia. O estudo foi feito tendo
como objeto de estudo a assessoria de imprensa dos dois principais candidatos ao
governo do estado do Paraná, em 2010, Beto Richa e Osmar Dias. Durante o período de
uma semana - de domingo, 29 de agosto, até sábado, 4 de setembro - foram
acompanhados os releases enviados pelas assessorias de imprensa dos candidatos e as
notícias que saíram nos veículos da imprensa paranaense, sendo definidos os focos no
portal de notícias Jornale e no jornal Gazeta do Povo.
Palavras-chave
1. Introdução
103
Trabalho apresentado ao Politicom - X Congresso Brasileiro de Marketing Político.
104
Estudante da pós-graduação em Comunicação Política e Imagem da UFPR. Graduada em Jornalismo pela
Universidade Positivo em 2010. E mail: priscilamfa@gmail.com
105
Orientadora do trabalho. Professora do curso de jornalismo do Universidade Positivo, em Curitiba. Doutora em
Ciências da Comunicação pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), 2006; mestre em Sociologia pela
Universidade Federal do Paraná (UFPR), 2002; formada em Jornalismo pela UFPR em 1976 atuou durante mais de
20 nos em jornais diários (O Estado do Paraná, Indústria e Comércio, Folha de Londrina, O Estado de São Paulo e O
Globo).
411
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10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
2. Mídia e sociedade
Na contemporaneidade, os efeitos da midiatização estão presentes em todos os
setores da sociedade intrinsecamente vinculados às relações e interações sociais
transpondo o dever de reportar fatos e informar. A mídia, denominada como quarto
poder108, detém não só a capacidade técnica de pautar a sociedade, mas, inclusive, de
influenciar a opinião pública. Na globalização, conforme Ianni, ―modificam-se mais ou
menos radicalmente as condições sob as quais se desenvolvem a teoria e a prática da
política‖ (IANNI, 2003, p. 2). O impacto da mídia é perceptível em todos os ramos da
sociedade. De acordo com Weber, Pereira e Coelho, as fontes de comunicação exercem
influência social através do seu "poder" constituído ―(...) pela inequívoca capacidade do
106
O portal Jornale nasceu em 2007, como um veículo exclusivamente online. Segundo Edson Fonseca, o idealizador
do site, Roberto Bertholdo, teve a inspiração em São Paulo (...) (FONSECA, 2010).
107
A Gazeta do Povo é um jornal de circulação estadual diária, sediado em Curitiba e publicado pela Editora Gazeta
do Povo S.A., do grupo Rede Paranaense de Comunicação (RPC). No ano do estudo, a Rede Paranaense de
Comunicação, à qual a Gazeta do Povo pertence, realizou uma campanha denominada Voto Consciente que visava
fazer os eleitores refletirem sobre a importância do voto. A realização desta campanha teve um destaque no jornal, o
que pode ser verificado na análise da cobertura realizada pelo veículo.
108
A expressão ‗quarto poder‘ teria sido inventada pelo historiador Macaulay, embora ele estivesse se referindo à
Galeria de Imprensa no Parlamento britânico e não especificamente ao The Times, de Londres, que se considerava o
―quarto poder‖, ou à imprensa como um todo (ADGHIRNI, 2005. p 49). O termo usado por ele posteriormente
passou a ser usado para se referir à mídia.
412
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3. Campanha eleitoral
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seus partidos e/ou coligações: o prefeito reeleito de Curitiba, Beto Richa110 (PSDB), e o
senador Osmar Dias (PDT) 111.
4. Estudo de caso
110
Carlos Alberto Richa, conhecido como Beto Richa, nasceu em Londrina, em 29 de julho de 1965. Segundo o seu
histórico no site de campanha, Richa iniciou a vida pública em 1994, elegendo-se deputado estadual pelo PSDB e
quatro anos depois foi reeleito. Em 2000, foi eleito vice-prefeito de Curitiba e, no primeiro ano de mandato, também
exerceu as funções de secretário municipal de Obras. Em 2004, Beto Richa foi eleito prefeito de Curitiba e registrou
seu plano de governo em cartório. Richa foi reeleito prefeito de Curitiba, em 2008, com mais de 77% dos votos,
votação recorde na história da cidade (RICHA, 2010, p.1).
111
Osmar Fernandes Dias, nascido em 10 de maio de 1952, em Quatá (SP). Foi eleito senador, pelo PP, para o
período 1995-2003, e reeleito ao cargo, pelo PDT, em 2003. No Senado, foi líder do PDT e presidente da Comissão
de Educação (G1, 2010, p.1).
112
Segundo Carvalho, Aarão Reis ―o release é o primeiro passo a ser dado pelo assessor de imprensa para
transformar uma informação, com potencial para virar notícia, em um texto‖ (CARVALHO e REIS, 2009, p.1).
416
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foi realizada uma pesquisa com as capas e editoria de política, Vida Pública, da Gazeta
do Povo, e a página inicial e a editoria de política do Jornale. A data escolhida para
análise se deve ao fato de que decorria a segunda semana de propaganda eleitoral
gratuita nos meios de comunicação. Para facilitar a visualização da comparação entre
os releases e as matérias, foi elaborado um formulário de codificação no qual se
incluíram variáveis para a comparação entre o release enviado pela assessoria e a
matéria publicada na mídia, como: valências (positiva, negativa ou neutra),
similaridades, gancho. Para Bauer, apud Fonseca Junior
113
O corpus é a definição do conjunto dos documentos a serem submetidos à análise. (FONSECA JUNIOR, 2005, p.
292). No caso do presente trabalho o corpus são publicações dos dois veículos, Gazeta do Povo e Jornale.
417
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114
Mãe do jovem Gilmar Rafael Yared, morto junto com Carlos Murilo de Almeida, na madrugada de 7 de maio de
2009, no acidente provocado pelo exdeputado estadual Fernando Carli Filho.
418
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Marques de Medeiros. No caso das correlatas, elas foram computadas junto à matéria,
não tendo valência para o cálculo separadamente. Do total de matérias publicadas, onze
estiveram relacionadas aos candidatos Beto Richa e Osmar Dias.
É importante salientar que, apesar da citação das colunas do Nascimento, elas
não foram calculadas em momento algum, sendo apenas colocadas como ressalva; num
total de sete dias de publicação, seis colunas versavam sobre o tema estudado. Isto é,
71% das colunas do Celso Nascimento tratavam das eleições e sobre temas relacionados
aos candidatos. No que se refere à computação do número de matérias, das dez
avaliadas, sete apresentavam, como gancho, eventos realizados. Em uma, o mote era a
séria de reportagens Expedição Paraná, que pode ser tratada como apresentação do
plano de governo na área de educação; e outra era a repercussão da fala do Osmar Dias
na sabatina da Folha/UOL. A última matéria, não se enquadrando em nenhum dos
ganchos, foi contada na categoria ―outros‖.
Na comparação entre os dois veículos objetos de estudo, o portal Jornale teve
maior número de inclusões de matérias relacionadas aos candidatos totalizando 40%. O
jornal Gazeta do Povo, dentro da editoria Vida Pública, totalizou, em 15 inclusões, o
equivalente a 15,87% das matérias que se referem a temas relacionados à campanha
eleitoral para o governo do estado. Essa comparação constatou que o Jornale teve um
número maior do que a Gazeta do Povo, entretanto, no jornal impresso temas
relacionados à campanha para o governo do estado foram tratados mais na coluna de
Nascimento do que nas matérias da editoria. A pequena quantidade de matérias
relacionadas aos planos de governo, nos dois veículos, no entanto, aponta para o fato de
que esta não é uma temática vista como de grande importância.
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Jornale, sete foram temas de pauta das respectivas assessorias. Apenas uma das
matérias, falando que os dois candidatos participariam da sabatina UOL, não foi motivo
de pauta. Na contabilização, um dado importante é que, do total, três foram colocadas
na íntegra, isto é, iguais aos releases, sendo mudados apenas os títulos. A matéria de
quinta-feira (dia 02) apresentava algumas similaridades com o texto enviado pela
assessoria, no entanto, como se trata de um evento importante na campanha,
provavelmente, havia um repórter no local. O mesmo fato acontece com uma das
matérias postadas no portal, no sábado (dia 04), sobre a viagem de Serra e Beto, a
Londrina (PR). As outras três matérias sobre os candidatos - de terça-feira, quarta-feira
e uma de sábado - têm em comum o fato de inexistirem avisos de pauta, das assessorias,
sobre os temas tratados.
No jornal Gazeta do Povo, de onze matérias relacionadas aos candidatos, oito
tinham sido temas de releases distribuídos pelas assessorias. No entanto, quatro das
matérias, provavelmente, foram feitas por repórteres, devido à importância dos eventos
e têm angulações diferentes. As outras quatro foram temas de aviso de pauta enviados
pelas assessorias de imprensa. A matéria de segunda-feira (dia 30), sobre a censura ao
blog de Esmael Moraes, não foi tema de nenhum release enviado pela assessoria de
imprensa do Beto Richa. Para facilitar a visualização dos dados coletados, foram
produzidas tabelas, nas quais são apresentadas as similaridades temáticas entre as
matérias e os releases divididas nas seguintes categorias: íntegra, angulação diferente e
aviso de pauta. As matérias com temas em comum ou angulação diferente, porém, são
de eventos e foram identificadas como cobertura.
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de Osmar Dias e uma abordou a participação dos dois candidatos em uma sabatina. No
jornal Gazeta do Povo, seis matérias destacavam Osmar Dias, sendo uma com valência
negativa; duas eram relacionadas à campanha de Beto Richa, uma sobre a sua
participação na sabatina e outra com viés negativo por falar da censura ao blog após
pedido jurídico de Richa; e mais três matérias tratando dos dois candidatos.
A capa do jornal impresso, que equivale à primeira página do portal, foi um
foco complementar na análise dos veículos e, para isso, foram contabilizadas as
chamadas de primeira página. No portal Jornale, de um total de oito matérias postadas,
sete tiveram chamadas na primeira página sendo: três com destaque para o candidato
Beto Richa, três do Osmar Dias e uma sobre a participação dos dois candidatos na
sabatina da Folha/UOL. Assim, comparando a visibilidade concedida aos candidatos, na
primeira página do portal, pode-se dizer que houve igualdade.
Na semana analisada, o jornal Gazeta do Povo deu cinco chamadas de capa a
temas relacionados aos candidatos: uma matéria destacava Beto Richa; duas estavam
relacionadas com a campanha de Osmar Dias – sendo uma bem pequena com fonte
menor - e duas para os dois candidatos. A presença de temas relativos à campanha para
o governo do estado no período estudado, na Gazeta do Povo, foi tímida sendo que 50%
das matérias relacionadas aos candidatos tiveram chamada na capa. É importante
salientar que, das cinco matérias, apenas uma teve chamada com foto relativa ao projeto
Desafios do Paraná e no texto de capa não era feita referência à apresentação, na
reportagem, das propostas dos candidatos para a área. Em outras palavras, a temática
eleição 2010, para o governo do estado do Paraná, teve um espaço pequeno na cobertura
como base da importância que foi concedida ao tema na capa. Um ponto significativo
na análise das primeiras páginas do jornal Gazeta do Povo é que, durante todos os dias
estudados, havia uma chamada para a campanha Voto Consciente, tendo como destaque
as Eleições 2010.
Ao se comparar os dois veículos, o portal Jornale aparentemente deu maior
visibilidade aos temas, no entanto, é importante refletir que, por se tratar de um veículo
digital, uma das características principais é a instantaneidade, o que significa que é
preciso que a primeira página passe por atualizações durante o dia. Nesse sentido,
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muitas vezes, a matéria apesar de já estar postada era incluída na primeira página no
meio da tarde, provavelmente, seguindo o conceito de atualização.
6. Considerações finais
115
Informações passadas pelo diretor geral do veículo e jornalista responsável, Edson Fonseca para Priscila
Fernandes por e mail, no dia 01 de setembro de 2010.
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atividade. Este fato torna os órgãos jornalísticos mais permeáveis às fontes mais ativas,
capazes de corresponder mais rapidamente às suas necessidades informativas‖. Seja
pela falta de profissionais nos veículos, seja pela dificuldade logística de realizar essa
cobertura, a afirmação de Sousa mostrou-se verdadeira no estudo, principalmente no
caso do portal Jornale, onde releases foram utilizados na íntegra, sem passar por
nenhum processo de mudança e, provavelmente, nem de apuração. Ao pensar a
efetividade do trabalho do assessor, quando um release é publicado na íntegra ele pode
ser considerado como um trabalho eficaz. No entanto, é importante questionar: isso é
válido para a sociedade?
Através do estudo de caso e da análise, observa-se que a mídia paranaense tem
sua cobertura das eleições pautada, principalmente, pelo material enviado pelas
assessorias, no qual é mostrada a importância do profissional que atua nesse campo e a
relevância da reflexão constante por parte desse profissional, bem como dos próprios
jornalistas das redações.
7. Referências bibliográficas
ADGHIRNI, Z L. O Jornalista: do mito ao mercado, 2005. p49 In: Estudos em Jornalismo e
Mídia. Vol.II Nº 1 - 1º Semestre de 2005. Disponível em:
http://posjor.ufsc.br/public/docs/138.pdf. Acesso: 05/04/10_
CARVALHO. C, REIS, L M A. Manual prático de assessoria de imprensa. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2009.
FIGUEIREDO, R. Escola Política: Manual Prático de Marketing Político. 1 ª Ed. Rio de
Janeiro: Fundação Konrad Adenauer, 2004. 74p.
FONSECA, E. Informações passadas por e mail.
G1. Eleições 2010 Osmar Dias. Disponível em: http://g1.globo.com/topico/osmardias
Acesso:20/09/2010.
FONSECA JUNIOR, W C da. Análise do conteúdo. In: DUARTE, J; BARROS, A e
NOVELLI, A L R. Métodos e técnicas de pesquisa em comunicação. São Paulo : Atlas, 2005.
GOMES, N D. Formas persuasivas de comunicação política:
propaganda política e publicidade eleitoral. 3ed. Porto Alegre: EDIPUCRS,
2004.135p.
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RESUMO
Este projeto experimental teve como objetivo desenvolver uma campanha política
fictícia para o candidato Álvaro Alves Corrêa (PMDB), ex-prefeito de Santa Bárbara
d‘Oeste
– SP, de forma que este volte a alcançar o cargo de prefeito da cidade, dando continuidade
aos
projetos desenvolvidos em seu mandato anterior. Serão apresentadas todas as etapas da
campanha desde o briefing do candidato ao planejamento e criação das peças políticas,
fundamentadas por pesquisas bibliográficas, análise do ambiente eleitoral, e pesquisas de
opinião. O principal desafio será reverter a grande rejeição que o candidato possui,
identificada em pesquisa, utilizando ferramentas de comunicação, marketing eleitoral e
político aliadas a experiência administrativa do candidato, reposicionando sua marca
perante
os eleitores e chegando a vitória na corrida eleitoral.
PALAVRAS – CHAVE
Campanha, Política, Álvaro Corrêa.
1 Trabalho apresentado ao Politicom 2011, no Grupo de Trabalho - Projetos Experimentais.
2 Alunos do Curso de Comunicação Social, com habilitação em Publicidade e Propaganda, da Faculdade
Anhanguera de Santa Bárbara; e-mail:agenciaassette@yahoo.com.br
3 Orientador do trabalho. Professor do Curso de Comunicação Social – Publicidade e Propaganda da Faculdade
Anhanguera de Santa Bárbara, e-mail: paulo.delboux@unianhanguera.edu.br.
2
3
1 INTRODUÇÃO
O trabalho interdisciplinar com o tema ―Propaganda política e publicidade
eleitoral‖, teve como principal objetivo desenvolver uma campanha política fictícia para
o candidato Álvaro Alves Corrêa (PMDB), ex-prefeito de Santa Bárbara d‘Oeste – SP,
visando sua eleição. O grande desafio a ser trabalhado foi o fato do candidato, apesar de
ser o mais popular dentre demais candidatos, ser também o mais rejeitado pelos
eleitores da cidade de Santa Bárbara d‘Oeste.
Para tornar concreta e palpável a campanha e obter o sucesso foram realizadas
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4.1 CONCORRÊNCIA
Denis Andia - PV
Juca Bortolucci - PSDB
Mercedes Roveri Grande - PT
Fabiano Pinguim – PDT
Anízio Tavares - DEM
8
4.2 DEFINIÇÃO DE PROBLEMAS E OPORTUNIDADES
AMBIENTE INTERNO
FORÇAS FRAQUEZAS
Experiência política, administrativa e de
vida em relação aos demais candidatos;
Imagem familiar positiva perante a
sociedade;
Alto índice de aceitação segundo pesquisas;
Alto índice de popularidade positiva, além
de simpatia e carisma com o povo;
Pratica basquete e é visto como exemplo de
saúde;
Forte aliança política que conquistou em
sua vida ativa na política;
Participação política há quase 40 anos;
Conhece as necessidades da cidade por
residir nela há mais de 55 anos;
Em relação aos demais candidatos, é o que
mais fez pela cidade.
Má administração geral em sua
gestão como prefeito;
Alto índice de Rejeição;
Pouco conhecimento do eleitor sobre
as obras que desenvolveu na cidade;
Idade avançada.
AMBIENTE EXTERNO
OPORTUNIDADES AMEAÇAS
Pertence ao maior partido político do
Brasil;
Fortes alianças pela força que o partido
possui;
Carência atual na área da educação, setor
que possui mais experiência;
Trabalhar com foco no esporte para trazer
melhorias para a cidade;
Votos em Branco;
Eleitores indecisos.
Mercado econômico em expansão;
Partido sem identidade;
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Falta de conhecimento da
população jovem da cidade para
com o candidato;
Lembrança da má administração
do candidato;
Votos em Branco;
Eleitores indecisos.
9
4.3 OBJETIVOS
4.3.1 OBJETIVO DE MARKETING
Eleger o candidato Álvaro Corrêa, obtendo o maior número de votos garantindo
40% do número total válidos, aproximadamente 49.379 votos. Este percentual seria o
necessário para vencer a candidatura considerando a pesquisa em relação a seus
concorrentes.
4.3.2 OBJETIVO DE COMUNICAÇÃO
Utilizar as ferramentas necessárias para promover o candidato, apresentar suas
propostas, seu histórico político, profissional e pessoal, com o intuito de tornar ainda
maior sua aceitação e popularidade para com os eleitores, desta forma abaixando o alto
índice de rejeição, de modo a respaldar o objetivo de marketing.
4.4 PLANEJAMENTO
O período da campanha eleitoral do candidato Álvaro Corrêa será de 90 dias,
considerando-se que as eleições fictícias do ano de 2011 serão no dia 02 de outubro.
O período no qual a propaganda será autorizada será de 06 de julho a 29 de
setembro de 2011, antevéspera das eleições municipais, porém conforme a legislação
eleitoral, a propaganda gratuita destinada à televisão e rádio, assim como o horário
eleitoral gratuito para estes meios de comunicação, serão veiculados somente entre os
dias 16 de agosto e 29 de setembro.
A abrangência da campanha será municipal, buscando alcançar 100% dos
eleitores barbarenses, sejam eles eleitores fiéis, potenciais ou indecisos. A continuidade
será pulsante, adequando-se as inserções de mídia de acordo com as fases da campanha.
No 1º mês de campanha terão freqüência baixa, devido o candidato já ser conhecido na
cidade. No 2º mês será média, apresentando o plano de governo e promovendo a
manutenção de sua imagem do candidato e no último mês da campanha a freqüência
deve ser alta, para atingir todos os votos necessários à eleição do candidato.
10
4.5 AÇÕES DE COMUNICAÇÃO
4.5.1 Propaganda
4.5.1.1 Mídias impressas
Foram criadas mídias impressas de diversos formatos favorecendo a divulgação
do candidato e suas propostas de governo, atingindo todos os tipos de eleitores de forma
rápida, em virtude do seu fácil manuseio e circulação. São elas: jornal do candidato,
santinho, cédula, folder, cartaz, mala direta, convite e panfleto.
4.5.1.2 Mídias alternativas e de apoio
As mídias alternativas serão utilizadas para diferenciar o candidato de seus
concorrentes e dar mais dinamismo a campanhas, juntamente com as mídias de apoio
que buscam fixar o nome e número do candidato perante seus eleitores na hora da
votação. As mídias serão: placas, cavaletes, material de equipe, bikedoor, mochilabanner
433
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Alunos
Adriano Ferreira Gregio
Carlos Eduardo Guedes
Emerson da Silva Mistico
Erica Ribeiro da Costa
Fernando Kazuo Kai
Livya Cristina Avelar
Rodrigo Vasconcelos de Oliveira
Professores orientadores
Coordenador Paulo César D’Elboux
Cristiane Peixoto Nabarretti
Fábio Eduardo Dias
Ginel João da Cruz Rodrigues Flores
Leandro Marques de Souza Agnuzzi
Marcelo Prada Branco de Miranda
Valter Luis Demarchi
Santa Bárbara d’Oeste – SP
2010
1 PARTIDO POLÍTICO (DEM)
Nome do Partido: Democratas (DEM)
Cores Predominantes: Verde e Azul
Número: 25
Atual Presidente: Rodrigo Maia
2 O CANDIDATO (BRIEFING)
Anízio Tavares da Silva, brasileiro,
casado, pai de dois filhos, nasceu no dia
28 de julho de 1961, na cidade de Frital
de Campos, distrito de Cândido Mota,
região de Assis. Ainda pequeno Anízio
Tavares começou a trabalhar na lavoura
para ajudar a família, com cinco anos de
idade. Aos doze, realizava o trabalho de
um homem adulto e aos 15 anos se
tornou tratorista. Embora tenha concluído
apenas a quarta série do ensino
fundamental, aos 25 anos assumiu a
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1
PROPAGANDA POLÍTICA E PUBLICIDADE ELEITORAL
RICARDO CAMPEÃO 15 – VOCÊ EM PRIMEIRO LUGAR1
Sylvia Maria DOZZI TEZZA2
Angélica Barreiros de OLIVEIRA3
Camila Jaqueline Roriz JOLY4
Carla Priscila da CUNHA5
Dayane Cristina CORROCHER6
Maria Angélica FERREIRA7
Rafael Luiz OZELO8
João Carlos PICOLIN9
Paulo Cesar D‘ELBOUX10
RICARDO SANTANA11
SAMIA DE SOUZA DIAS12
FABIO DIAS13
Faculdades Integradas Claretianas, Rio Claro, SP
RESUMO
O paper a seguir mostra o desenvolvimento criado pela Agência Experimental A7
Propaganda, para campanha política de Ricardo Campeão 15, elegendo-o prefeito de Rio
Claro. A criação e planejamento da campanha foram baseados nos resultados das pesquisas
quantitativa e qualitativas para confirmar a imagem que a sociedade tem sobre o candidato
1 Trabalho submetido ao X Congresso Brasileiro de Marketing Político, na Categoria GT5 – Projetos experimentais.
2 Aluno líder do grupo e estudante do 5º. Semestre do Curso de Comunicação Social com Habilitação em Publicidade e
Propaganda, email: sylviadozzitezza@hotmail.com
3 Estudante do 5º. Semestre do Curso de Comunicação Social com Habilitação em Publicidade e Propaganda, email:
angelica_barreiros@hotmail.com
4 Estudante do 5º. Semestre do Curso de Comunicação Social com Habilitação em Publicidade e Propaganda, email:
camilajoly@hotmail.com
5 Estudante do 5º. Semestre do Curso de Comunicação Social com Habilitação em Publicidade e Propaganda, email:
carlynhapriscila@hotmail.com
6 Estudante do 5º. Semestre do Curso de Comunicação Social com Habilitação em Publicidade e Propaganda, email:
day_corrocher@hotmail.com
7 Estudante do 5º. Semestre do Curso de Comunicação Social com Habilitação em Publicidade e Propaganda, email:
mary_angel255@hotmail.com
8 Estudante do 5º. Semestre do Curso de Comunicação Social com Habilitação em Publicidade e Propaganda, email:
rafael.maca@hotmail.com
9 Orientador do trabalho. Professor do Curso de Comunicação Social com Habilitação em Publicidade e Propaganda,
email: coordenação_comunicacao@claretianas.br.
10 Orientador do trabalho. Professor do Curso de Comunicação Social com Habilitação em Publicidade e Propaganda,
email: paulo.delboux@unianhanguera.edu.br.
11 Orientador do trabalho. Professor do Curso de Comunicação Social com Habilitação em Publicidade e Propaganda,
email rica_usp@yahoo.com.br
12 Orientador do trabalho. Professor do Curso de Comunicação Social com Habilitação em Publicidade e Propaganda,
email: samia.dias@terra.com.br
13 Orientador do trabalho. Professor do Curso de Comunicação Social com Habilitação em Publicidade e Propaganda,
email: fabio@onz.com.br
2
450
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Bela Vista, Vila BHN, Jardim A. Karan, Chácara Boa Vista, Jardim São Caetano, entre
outros.
Na pesquisa realizada em Rio Claro, a amostragem é a somatória de cinco grupos
divididos entre setores da cidade totalizando 626 questionários, onde cada grupo de
pesquisa ficou responsável por uma região da cidade.
O objetivo principal é descobrir o cenário político atual, identificar a imagem do
candidato, o perfil que o eleitor busca para prefeito, quais áreas a serem trabalhadas,
melhorias a cidade de Rio Claro e motivos de rejeição do candidato.
A pesquisa quantitativa diagnosticou que os rio-clarenses almejam melhorias
básicas, no setor da infra-estrutura com a pavimentação das ruas e avenidas, segurança e
saúde, tornando estes temas abordados na campanha do candidato. Em relação às principais
características de um prefeito, citaram-se a honestidade, trabalhador e experiência
administrativa, caso o candidato já tenha ocupado um cargo no poder administrativo
municipal terá maior facilidade para se eleger.
A questão espontânea de quem os entrevistados votariam para prefeito, demonstrou
que os rio-clarenses estão sem candidato a preferido, de modo a contribuir ao trabalho
maciço diretamente na imagem do candidato e seu plano de governo. Abordada a mesma
questão neste caso estimulada, o candidato Ricardo Campeão apresenta a menor
porcentagem de votos no grau de aceitação, desconhecido em grande parte da cidade,
demonstrando que há necessidade de posicionar sua imagem para torná-lo conhecido.
A questão ―Em quem você não votaria para prefeito‖, apontou que Ricardo
Campeão tem 9% de rejeição, sendo o menor índice, dando a oportunidade de trabalhar sua
imagem.
2.2. Pesquisa qualitativa
A pesquisa qualitativa é empregada para obter mais detalhes e aprofundar o assunto
determinado e verificar quais as qualidades estão presentes de acordo com a pesquisa,
conforme ressalta Samara (1994, pág. 156):
“(...) se desejamos saber os motivos de compra, de preferência
ou a imagem de determinada marca de produtos, poderemos
realizar discussões em grupo com consumidores especialmente
recrutados para este fim, ressaltando-se que as pesquisas
qualitativas detectam tendências não-mensuráveis, ou não6
quantificáveis, e por essa razão seus resultados não podem ser
generalizados para a população.”
O resultado da pesquisa qualitativa, segundo Trujillo (2003, pág 27):
“Ao final, teremos resultados apontando as qualidades
(características) discriminantes, as razões de escolha, os
motivos, as percepções etc. A pesquisa qualitativa esvazia o
assunto pesquisado e torna possível delinear o repertório do
consumidor sobre aquele assunto.”.
Em busca de uma análise profunda da cidade de Rio Claro, a Agência Experimental
A7 Propaganda aplicou dois Focus Group, realizados nos dias 24 e 31 de março de 2011 na
sala especializada para aplicação das Faculdades Integradas Claretianas de Rio Claro. O
objetivo é analisar as opiniões de cada participante sobre a imagem do candidato e
adversários, além dos serviços prestados a Rio Claro, os problemas decorrentes e as
soluções.
O perfil dos entrevistados são residentes do município de Rio Claro, portadores do
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1
INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS APLICADAS
COMUNICAÇÃO SOCIAL COM HABILITAÇÃO EM PUBLICIDADE E
PROPAGANDA
Andrey Peixoto dos Santos (peixotoandrey@gmail.com)
Eduardo Petter Hamam (du_hamam@hotmail.com)
Felipe Paes (felipe.paes@hotmail.com)
Romullo Ramalho dos Reis (romullo_reis@hotmail.com)
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10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
Partido: PDT
Cidade: Limeira
Número: 12
1.2.1 Histórico pessoal, profissional e político.
Eliseu Daniel dos Santos nasceu em Limeira em 09 de junho de 1973. Filho de João
Daniel dos Santos e Lela Leite dos Santos. Tem os irmãos Edna, Edson (falecido) e Eloísio.
Começou a trabalhar com 12 anos no açougue da família onde sempre conciliou o trabalho
com o estudo e neste emprego permaneceu até ingressar no curso de Direito. Cursou o
ensino
fundamental e médio na Escola Estadual ―Professor Antonio Perches Lordello‖. A
graduação
foi concluída em 1995 na Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba). Em janeiro de
1997, foi convidado pelo ex-prefeito Pedrinho Kühl para trabalhar como Diretor Jurídico do
SAAE de Limeira onde permaneceu até março de 2000. Posteriormente passou a trabalhar
em
seu próprio escritório e cursou mestrado em Direito Constitucional na UNIMEP. Como
mestre se tornou também professor universitário da Faculdade de Direito de Leme entre os
anos 2001 e 2004.
Eliseu Daniel disputou sua primeira eleição para o cargo de vereador em 1992.
Naquele ano obteve 205 votos. Em 2000 disputou sua segunda eleição, quando obteve
1.407
votos e tornou-se o primeiro suplente do partido. No entanto, deixou logo a suplência para
assumir o lugar da vereadora Minerva Santi (que morreu em decorrência de problemas de
saúde).
4
Em 2004, foi o segundo vereador mais votado com 3.541 votos.
Buscando novos desafios, em 2006, se candidatou a deputado federal e deu um importante
salto em sua carreira política. Com 22.342 votos, se tornou o segundo mais votado por
Limeira para ocupar o cargo de deputado federal.
Foi presidente da Câmara Municipal de Limeira no biênio 2007/2008. Em outubro de
2008 foi eleito vereador pela coligação PSL / PRP / PDT com 6.560 votos, sendo o segundo
vereador mais votado de Limeira.
Eliseu está em seu terceiro mandato.
Reeleito pelos vereadores de Limeira como presidente da Câmara Municipal, Eliseu
ocupou o cargo no biênio 2009/2010.
1.2.2 Plano de mandato
Suas principais metas como prefeito da cidade de Limeira convergem com os ideais de
seu partido, atuando na saúde, educação, cultura, lazer, transporte e habitação. Outra meta é
atuar pelo funcionalismo público.
1.2.3 Imagem perante a sociedade
Eliseu Daniel se considera uma liderança. Tem boa imagem perante a sociedade
devido aos seus mandatos como vereador e presidente da Câmara Municipal de Limeira.
1.2.4 Características diferenciadoras
Pontos fortes a serem explorados são a experiência e a juventude juntas. É vereador
desde 2001 e neste período foi duas vezes presidente da Câmara Municipal e adquiriu,
nestes
11 anos, muita experiência para poder gerenciar uma cidade, conhece afundo os problemas
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10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
dela. Possui propostas e projetos, muito vigor e disposição. Respaldo eleitoral, sempre
aumentando a base e na última eleição fora o candidato mais votado da cidade, não sendo
alcançado mesmo somando todos os votos dos adversários da cidade.
5
2 PESQUISA
2.1 Definição do Problema
Identificar o eleitorado e saber sua opinião sobre o cenário político da cidade de
Limeira.
2.2 Objetivos
2.2.1 Objetivo Primário
Analisar a imagem do candidato perante a população de Limeira.
As perguntas tiveram foco em saber sobre a atual situação da cidade, os piores e
melhores prefeitos, bem como a imagem Eliseu Daniel transmite aos eleitores.
2.2.2 Objetivo Secundário
Levantar dados sobre os hábitos e maneiras do eleitorado a fim de identificar quais as
características levadas em conta na decisão de voto.
2.3 Método e Técnica de Pesquisa
Pesquisa do tipo descritiva, ocasional, buscando saber as opiniões políticas do
eleitorado de Limeira. Para tanto, foram utilizados dois métodos: entrevista pessoal e
entrevista online, maximizando a acuracidade dos resultados.
Ao todo foram questionadas 400 pessoas, 211 presenciais e 189 na internet. As
perguntas foram relacionadas ao interesse político dessa população e os índices de
aprovação
e rejeição dos governos anteriores, comparando-se os resultados com os conseguidos na
entrevista de briefing com o candidato.
6
2.4 Resultados
Ilustração 1 – Dados político-partidários
Características essênciais a um candidato
7
2.5 Conclusão
Os resultados da pesquisa quantitativa são muito contundentes, pois apontam que,
como esperado, a grande maioria dos eleitores não se importa ou não gosta de política, bem
como não vota em um partido específico.
Também percebemos que, como o voto é diretamente ligado à pessoa, os eleitores
levam em conta principalmente a honestidade como característica principal em um político,
seguida pelo histórico político e profissional de seu candidato.
Contudo, a agência trabalhará essas informações estrategicamente aproveitando cada
oportunidade identificada na pesquisa e também, na medida do possível, resolvendo os
problemas, de forma eficiente e sobre a população que não tem intenção de voto definida,
preferência partidária ou apenas são indecisos.
3 PLANEJAMENTO
3.1 Público Alvo
Para atingir o número de votos necessários, temos que trabalhar com toda a população
votante do município de Limeira, sem distinção de qualquer classe social, escolaridade ou
localidade.
3.1.1 Segmentação do público alvo
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_ Carro de som;
- Frisar o nome e os pontos fortes, através de jingle e spots.
- Percorre a cidade, também anuncia os comícios.
_ Santinho;
- identidade visual da campanha.
- distribuição nas residências da cidade.
_ Folder informativo do candidato;
- Expor as qualidades e a trajetória do candidato.
_ Anúncios impressos;
- Jornais e revistas da região.
_ Jingle;
11
- Apelo emocional, destacando as qualidades do candidato e fixando o nome e
o número do candidato.
_ Programa político para TV e rádio;
_ Spot para TV e rádio;
- Principais meios comunicadores do plano de mandato.
- Convidam o eleitor a acessar o meio digital.
3.9. Ações digitais
Seguem as mesmas diretrizes das outras ações, apenas são direcionadas aos nichos
específicos utilizadores deste meio.
_ Portal da Campanha
_ Aplicativo mobile para celulares;
_ Blog da Campanha;
- Newsletter - canal direto de comunicação com os eleitores
- RSS Feeds - melhor maneira de se ter leitores fiéis
- Downloads - Web Widgets, ringtones, material da campanha etc.
_ Imersão nas redes sociais – utilizando o perfil pessoal do candidato.
- Orkut
- Twitter
- Youtube (canal exclusivo)
- Facebook
-Perfil
- Fan Page (principal gerador de conteúdo online. Daqui serão
distribuídos para os outros veículos da web).
4 CRIAÇÃO E DEFESA DAS PEÇAS
4.1 Conceito criativo
O conceito de criação utilizado pela agência é ―O seu direito levado a sério‖‘, sendo
assim, as peças serão produzidas de forma a mostrar aos eleitores que os todos tem direitos
e
levá-los a sério é uma forma de criar o vínculo com o eleitorado.
12
Um dos problemas apontados nas pesquisas é que nosso cliente passa uma imagem de
arrogância. Resolveremos isso aproximando Eliseu Daniel dos eleitores, chamando-os pelo
nome e se envolvendo nas atividades do dia-a-dia das pessoas.
4.2 Slogan
Para ilustrar o conceito da campanha, resumiremos de forma prática e eficiente a
465
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10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
mensagem que os eleitores devem receber ao entrar em contato com qualquer forma de
comunicação. Para tanto, o slogan utilizado será ―Por você e por todos‖, exaltando que o
candidato trabalhará para que o direito da população seja cumprido e seu dever realizado.
Pode se ler também que ao dizer por você e por todos, o eleitorado se aproxima do
candidato, pois sente-se ligado a uma relação muito pessoal em que o candidato trabalhará
pelo bem coletivo, de forma individual.
4.3 Logomarca
A fonte foi escolhida por demonstrar força e consistência. Esta fonte foi usada no
nome do candidato, na palavra prefeito e no número 12. No slogan e para vice prefeito foi
utilizada uma fonte fina para ficar em segundo plano e não roubar a atenção das palavras
que
precisam ser destacadas.
4.4 Aplicação das cores
A cor da logomarca é predominantemente branca e o número é vermelho com um
degrade da mesma tonalidade. Usamos a cor branca nas letras para ficar um layout mais
agradável ao ser aplicado em um background em degrade azul e o degrade vermelho no
número faz uma harmonia das cores do partido no contexto geral da comunicação.
5 CUSTOS
No total, para a produção da fase inicial da campanha, visto que é um trabalho
experimental,
foram gastos R$ 358.135,40. Não incluindo a produção de todos os materiais audiovisuais.
13
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O desenvolvimento deste trabalho com certeza nos trouxe conhecimentos que serão
levados por todas as nossas vidas.
Possibilitou que descobríssemos que com a utilização das ferramentas de
comunicação, aliadas ao contexto mercadológico. Para isso, trabalhamos com o candidato
Eliseu Daniel. Coletamos os dados do cliente, desenvolvemos pesquisas, avaliamos
estratégias e custos, enfim, durante estes meses fomos realmente profissionais de
propaganda
política.
Nesse contexto também pudemos ter a ideia de que uma campanha política eleitoral é
muito mais complicada do que parece, e isso foi realmente muito bom. Entender as relações
que fazem com que os cidadãos sejam persuadidos, além da situação política da cidade são
conhecimentos que levaremos para sempre, e com certeza, em algum momento da carreira
profissional faremos uso.
Foi um trabalho muito complexo de se fazer, e com isso temos a certeza de que, a
nossa jornada na faculdade não foi em vão. Utilizamos conhecimentos adquiridos desde o
primeiro semestre do curso até os que adquirimos na última semana e isso nos fez superar
os
limites e provar que trabalhando com empenho e em grupo podemos produzir trabalhos
melhores a cada dia.
14
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
KOTLER Philip. Administração de Marketing.: a edição do novo milênio: São Paulo:
Prentice Hall, 2000
GIACOMINI FILHO, Gino e outros. Qualidade da comunicação: uma visão conceitual.
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X Congresso Brasileiro de Marketing Político
10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
8&placement=fbpg1&extra_1=0&extra_2=2705>.Acesso em 12/05/2011
DADOS ESTATISTICOS. Mapa das redes sociais no Brasil. Disponível em :
<http://www.midiassociais.net/2010/02/o-mapa-das-redes-sociais-no-brasil/>. Acesso em
12/05/2011
NOTÍCIA. Crescimento do Facebook no Brasil. Disponível em
<http://www.facebook.com/note.php?note_id=10150143890576476>. Acesso em
12/05/2011
ARTIGO. Comício/Lei. Disponível em :
<http://www.tse.gov.br/internet/institucional/glossario-
eleitoral/termos/comicio.htm>.Acesso
em 18/05/2011
DADOS DEMOGRÁFICOS. Ferramenta de análisepara Facebook. Disponível em:
<http://developers.facebook.com/docs/insights/>. Acesso em 21/05/2011
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Democrático Brasileiro).
Em 2000 candidatou-se a vereador, mas pelo partido PSDB (Partido
Social Democracia Brasileira).
Em 2004 candidatou-se a vereador, mas ficando na suplência e
exercendo vereança.
2
Pontos Positivos e Negativos
Pontos Positivos:
Experiência, Segurança ao falar, dinamismo e trabalho sério. Foi presidente da
Câmara de vereadores por dois mandatos, foi eleito vereador por seis mandados,
é
membro da Academia Limeirense de Letras, criou várias leis como, por exemplo:
Lei que tornou obrigatório, o exame de prevenção da cegueira (exame da
ambliopa)
nas crianças matriculadas em Escolas Municipais; Lei que obriga as Empresas de
Transporte Coletivos do Município, a reservar 04 lugares preferenciais, para os
Idosos, gestantes e deficientes físicos/ visuais; entre outras; é o mais experiente
na
política dentre os três concorrentes.
Pontos Negativos:
Não está nas mídias enão exerce cargos políticos desde 2004.
2 Pesquisa do Cenário Eleitoral
Foi realizado 3 pesquisas, sendo 2 quantitativas – 1 pesquisa de campo e outra
na internet - e 1 qualitativa.
2.1 Diagnóstico da Pesquisa Quantitativa
Diagnosticou-se que a maioria da população da cidade não se interessa por
política ou são indiferentes. Além disso, a população espera maior investimento
nas
áreas de segurança e saúde por parte do candidato que exerça cargo majoritário.
Quando o tema foi sobre os meios de comunicação a TV seguida do Jornal
foram as mídias mais pontuadas na influência sobre a opinião dos eleitores.
Sobre a postura pessoal, política e executiva de um governante obteve-se o
3
seguinte diagnóstico:
Pesquisa de Rua Pesquisa da Internet
1- Responsabilidade 1- Compromisso
2- Seriedade 2- Seriedade
3- Compromisso 3- Ética
4- Humildade 4- Histórico Pessoal
5- Objetivos e Propostas 5- Responsabalidade
6- Ética 6- Objetivos e Propostas
7- Vida Pública 7- Humildade
8- Histórico Pessoal 8- Carisma
9- Carisma 9- Vida Pública
10- Interatividade 10- Interatividade
470
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Anúncios em jornais;
Mini-outdoor;
Placas;
Eventos promocionais;
Internet (sites mídias alternativas e sociais);
1. Website
2. Facebook
3. Orkut
4. Twitter
5. Blog
6. Newsletter
7. Youtube
8. Formspring
9. Flickr
Freqüência em locais públicos e eventos sociais;
7
Participação em debates;
Mídia Alternativa;
Produção de material gráfico:
- Jornalzinho;
- Folder;
- Santinhos;
- Cartilha do Cidadão;
- Adesivo
4 Criação
4.1Tom da campanha
O tom da campanha será colocá-lo em destaque como o candidato que tem força
e
disposição e experiência para fazer melhorias de interesse de toda população,
expondo
seu plano de governo e projetos já realizados, que melhora a vida de todos os
limeirenses, como focos em educação, saúde e desenvolvimento.
Slogan
“Ele sabe fazer”.
O slogan “Ele sabe fazer”, se deve ao fato do candidato ter sido vereador por 23
anos e
ter criado várias leis e projetos para a cidade de Limeira, mostrando assim para os
eleitores que ele realmente é experiente e esta preparado para ser um bom
prefeito para
a cidade.
4.2 Defesa da Criação
Para a criação da Logomarca, utilizamos as informações básicas de uma
campanha : nome do candidato, número, cargo e slogan.
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Como fonte escolhemos a Arial Black, pois queremos manter a identidade visual
das
peças do PSDB, o mesmo acontece com as cores usadas, são as mesmas cores
do
PSDB.
8
Mantemos o padrão do partido, pois como foi apontado na pesquisa realizada, o
partido mais popular em Limeira-SP é o PT (35%), mas historicamente não elege
prefeitos na cidade, o segundo da lista de mais populares é o PSDB (17%) partido
de
nosso candidato, mais popular até que o PDT(11%) partido que governa o
município há
7 anos em que Silvio Félix é o prefeito e foi citado na pesquisa como o melhor
prefeito
de Limeira de todos os tempos mas não reflete a popularidade em seu partido, o
que nos
dá um panorama positivo de que a boa imagem do partido PSDB possa ajudar
nosso
candidato.
Colocamos as palavras em itálico porque o itálico demonstra movimento e
movimento remete a imagem do candidato trabalhando pela cidade de Limeira.
Optamos por usar nas palavras Prefeito Jurandir Bernardes em branco e o
número 45 em amarelo para criar o efeito negativado, pois, com esse efeito há
uma
melhor visualização do conteúdo principal da logomarca, gerando um impacto e
uma
fácil memorização. Colocamos o 45 em amarelo também porque queremos
destacar
mais o número do nome, pois votamos através do número e não através dos
nomes dos
candidatos.
Usamos a imagem do sol na logomarca porque o sol representa um novo dia, um
novo começo, ligando assim, com a renovação que o candidato pretende fazer
para a
cidade de Limeira, transformando Limeira em uma cidade renovada, em um lugar
bem
melhor de se viver. O sol contém luz natural e é essa mesma luz que ilumina o
fundo da
logomarca, deixando – o assim o azul em degrade radial e iluminando o nome do
candidato.
O slogan “Ele sabe fazer”, se deve ao fato do candidato ter sido vereador por 23
anos e ter criado várias leis e projetos para a cidade de Limeira, mostrando assim
para
os eleitores que ele realmente é experiente e esta preparado para ser um prefeito,
sendo
em amarelo acompanhando a cor do 45 e do sol.
Já nas peças foram usadas um fundo azul em degrade radial, passando um ar de
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e nas passeatas.
Serão fabricados mil camisetas e bonés para serem entregues às equipes a partir
do dia 06 de julho. Já os adesivos terá uma quantidade de 50 mil. O cronograma
das
ações de apoio seguirá o cronograma do comitê volante, pois este será
responsável pela
distribuição dos materiais.
5.5 Mídia Externa
5.5.1 Carro de Som
Serão 2 veículos circulando pelos bairros da cidade e por pontos com maior
fluxo de pessoas, entre 8h00 às 17hs fazendo o seguinte itinerário conforme a
programação.
12
5.6 Mídia Digital
Todas as ações de mídia digital entrarão no ar a partir do dia 06 de Julho
de 2012 a 05 de Outubro de 2012.
13
6. Referências Bibliográficas
* KUNTZ, Ronald. Marketing Politico. Manual de Campanha Eleitoral. São Paulo:
Global, 2004.
* MENDONÇA, Duda. Casos e Coisas. São Paulo: Globo, 2005.
* RITA, Chico Santa. Batalhas Eleitorais – 25 anos de Marketing Político. São
Paulo: Geração Editorial, 2002.
* GARCIA, Nelson Jahr. O que é propaganda ideológica. São Paulo: Brasiliense,
1990.
*FIGUEIREDO, Rubens. Manual prático de marketing político. Rio de Janeiro:
Konrad Adenauer Stiftung, s.d.p.
* BARRETTO, Lauro. As Pesquisas de Opinião Pública no Processo Eleitoral
Brasileiro.
* Lúmen Júris, 1997. ESPÍRITO SANTO, Alexandre do. Os incríveis segredos de
marketing
para ganhar eleições. Midiograf, 1996.
* MANHANELLI, Carlos Augusto. Estratégias eleitorais: marketing político.
Summus, 1988.
* QUEIROZ, Adolpho. Voto, mídia e pesquisa. Revista Comunicação e sociedade, nº 30.
São
Bernardo do Campo, UMESP, 1998.
* REGO, Francisco Gaudêncio Torquato do. Marketing político e governamental: um
roteiro
para campanhas políticas e estratégias de comunicação. Summus, 1985.
* SKIDMORE, Thomas. Brasil: de Castelo a Tancredo. 6ª ed. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1998. Brasil: de Getúlio a Castelo. 12ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2000.
* PINHO, J.B. Publicidade e Vendas na Internet. São Paulo: Summus, 2000 .
*VAZ, Conrado Adolfo. Google Marketing: o guia definitivo de marketing digital. São
Paulo:Novatec, 2008.
*ZEFF, Robbin; ARONSON, Brad. Publicidade na internet. Rio de Janeiro: Campus
Ltda, 2003.
*HURLBURT, Allen. Layout: o design da página impressa. São Paulo: Nobel, 2002.
MENDONÇA, Duda. Casos e Coisas. São Paulo: Globo, 2001.
477
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* MENDONÇA, Duda. Casos & coisas. São Paulo, 2002. KUNTZ, Ronald A. Manual de
campanha eleitoral: marketing político. São Paulo: Global, 2004
14
*TORQUATO, Gaudêncio. Tratado de comunicação organizacional e política. São
Paulo: Thompson, 2002.
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* SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. São Paulo:
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478
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10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
ODAIR DIAS 43
DIAS MELHORES
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AMERICANA
2010
RESUMO
BRIEFING DO CANDIDATO
Odair Dias iniciou na política em 1985 quando foi eleito Prefeito Mirim na
cidade de Americana. Isso lhe dava o direito de transitar pela Prefeitura, participar de
inaugurações e acompanhar o próprio prefeito. Daí começou o interesse pela política.
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10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
O perfil e postura do candidato Odair Dias são diferenciais e pontos fortes dentre
os demais, pois é um cidadão que procura sempre estudar e desenvolver o que é de
interesse e/ou necessidade da maioria e também pela abertura que o partido (PV) tem
conquistado com o público, por ser dinâmico e com novos conceitos que evocam no
eleitor uma certeza de novidade, de melhorias com seriedade, pensando no bem de toda
sociedade.
Já o Partido Verde tem ganhado bastante credibilidade por ser um partido que
claramente é comprometido, possui vasta jornada de competência, preparo e trabalha
sério. Estas características são conceitos racionais que ajudam na instrução e decisão do
público na hora do voto. Já a história de um candidato que nasceu e foi criado dentro do
município, sempre defendeu Americana no esporte por projetos sociais, é extremamente
preocupado e comprometido com a educação local, construiu sua formação com muita
luta e dedicação e possui trajetória de grandes conquistas são conceitos emocionais que
auxiliam na decisão pelo candidato Odair Dias.
Pontos fortes:
- Desenvolvimento sustentável;
- Mandato como vereador;
- Formação acadêmica;
- Notoriedade, simpatia e dinamismo;
- História de conquistas.
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Oportunidades:
- Popularidade;
- Momento de mudança, visto que os cidadãos estão analisando mais os
candidatos antes de votar;
- Partido em ascensão - PV;
- Esportes (ajuda no desenvolvimento social).
- Destaque para integração cultural e descendente.
Ameaças:
- Candidatos com mandato de deputado;
- Jogo sujo.
Pesquisa Quantitativa
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Pesquisa Qualitativa
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Público-alvo
Posicionamento da campanha
Objetivos de Comunicação
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Objetivos de Marketing
Fazer com que o candidato Odair Dias alcance a quantidade de, em média, 55
mil ou mais votos para se eleger como prefeito da cidade de Americana. Também
posicioná-lo dentre o público americanense, com foco principal entre as pessoas com
idade entre 16 e 30 anos, visto que a população de Americana tem se mostrado mais
aberta a novos pensamentos e propostas de governo.
486
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Estratégias de Comunicação
Estratégias de Marketing
1. Promoção
Propaganda
Promoção de Vendas
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Relações Públicas
Marketing Direto
- Jornal informativo contendo informações sobre o partido, candidato, propostas,
problemas e soluções e exibição de obras e projetos realizados, tudo para a melhoria na
administração municipal.
- Internet
E-mail marketing, blog do candidato, ação em redes sociais, YouTube, hot site
do candidato.
O candidato possui boa desenvoltura para se expressar, expressar suas ideias e falar
em público. Por possuir pouca idade, comparado à idade média dos concorrentes,
devemos tomar certos cuidados com linguagem e vestuário para que o candidato não
demonstre imaturidade pessoal e profissional. No que diz respeito ao partido, este
possui boas propostas de conduta e governo para os candidatos que nele se aliam.
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Estratégias de Mídia
- Jornal
- Jornal de bairro
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- Rádio
Veículo: Vox 90 (FM), Notícia (FM), Rádio Você (AM) e Rádio Azul Celeste
(AM).
Veiculação de spots, jingles e testemunhais personalizados e com o objetivo de
fixar o nome do candidato, partido e número da chapa, reforçar os ideais, prestação de
serviços à população e gerar uma proximidade maior com o público.
É um veículo local que atinge todas as classes sociais e, por ser totalmente
sonoro, permite a divulgação de mensagens que possuem grande força de atração e
memorização, como os jingles. O fácil acesso às rádios também facilita a propagação da
comunicação do candidato.
- Mídia externa
- TV
- Internet
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- Comícios
CRIAÇÃO
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PRÉ-TESTE DE CAMPANHA
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Foi apresentada aos presentes uma imagem fotográfica do candidato Odair Dias,
que seria utilizada em todas as peças gráficas e de campanha, para que se descobrissem
quais as opiniões relevantes que seriam levantadas sobre sua imagem e postura.
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Logo depois, foi apresentado aos presentes o programa de rádio que possui as
vozes dos locutores que entrevistaram o candidato Odair Dias e a voz do próprio
candidato. Foram levantados os seguintes argumentos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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2124.
Juninho da Padaria possui característica populista e suas ações procuram atingir a
todos os grupos e segmentos sociais, com objetivo de melhorar e facilitar a vida de todas as
pessoas. Suas principais obras como vereador foram a duplicação do pontilhão do bairro
Inocoop e Jardim Palmeiras, solicitações de asfaltamento, organização de um mutirão para a
reforma da escola CAIC, localizada no Jardim Novo, melhorias em PSF como o do Jardim
Palmeiras e o curso de panificação aberto a população de baixa renda de Rio Claro
ministradas pelo próprio vereador.
Segundo o candidato, seus principais pontos fortes são a confiança que deposita na
equipe e sua disposição em trabalhar pela cidade. Como pontos negativos ele cita que
muitas
vezes seu jeito brincalhão faz as pessoas acharem que ele não tem seriedade para a vida
pública, além da sua ansiedade em resolver tudo rapidamente.
As pesquisas
3
Depois de coletadas as informações do candidato, realizamos em conjunto com as
demais agências experimentais do 5º semestre de Comunicação Social das Faculdades
Integradas Claretianas uma pesquisa quantitativa.
A pesquisa faz parte das técnicas usadas no marketing eleitoral, pois ―(...) devemos
identificar o eleitor e procurar suas necessidades, anseios, desejos e pautar o candidato
dentro
destas expectativas‖ (Manhanelli, 1988, p.18).
―A pesquisa quantitativa ou quanti, como seu próprio nome já diz, tem por objetivo
conhecer e quantificar as preferências, os medos, os anseios, de um determinado grupo de
pessoas.‖ (Mendonça, 2003, p. 63). Os resultados obtidos através da pesquisa aplicada se
deram em quantidade, a fim de mensurar a aceitação dos candidatos e preferências do
eleitorado.
Identificamos como problema de pesquisa o fato de que as agências experimentais não
possuíam conhecimento sobre o grau de aceitação dos candidatos a prefeitura de Rio Claro.
A
partir disso, estabelecemos como objetivo primário verificar qual o grau de aceitação dos
eleitores de Rio Claro pelos candidatos a prefeito, e, como objetivos secundários, verificar
as
expectativas dos eleitores em relação aos candidatos, o conhecimento dos eleitores sobre os
candidatos por classe social, identificar os problemas que a cidade possui, verificar se o
partido do candidato influência na decisão dos eleitores e verificar a aceitação dos
candidatos
por: bairro, sexo, idade e classe social.
O público-alvo da pesquisa foram eleitores da cidade de Rio Claro, sendo determinada
para a amostragem 625 formulários, com aplicação real de 627. O grau de confiança da
pesquisa foi de 96% e margem de erro de 4 pontos percentuais para mais ou para menos,
usando a metodologia de inquérito pessoal.
A aplicação dos formulários foi feita no mês de março de 2011, e, o formulário foi
elaborado com perguntas abertas e perguntas estimuladas, além de perguntas que
possibilitaram a identificação do perfil dos eleitores, como idade, tempo de residência na
cidade, bairro e sexo.
Como principais resultados, obtivemos que, as principais melhorias que Rio Claro
499
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10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
necessita são pavimentação, com 20%, segurança (16%), saúde, com 12% das citações e
limpeza e emprego, ambas as categorias com 9% das respostas.
Obtivemos na pesquisa que Juninho da Padaria é o terceiro candidato melhor aceito,
com 17% das respostas. Em primeiro lugar aparece o candidato Nevoeiro Júnior com 30%
4
seguido de Sérgio Desiderá, com 22%. Abaixo de Juninho encontram-se os candidatos
Dalberto Christopholetti com 11% e Ricardo Campeão (10%).
Cruzando os dados obtidos pelas perguntas de voto estimulado e a classe social dos
entrevistados, concluímos que o candidato Juninho da Padaria se destaca proporcionalmente
em todos os públicos, e no quesito aceitação por região, Juninho da padaria é o candidato
mais aceito na região dos bairros Inocoop, Jardim Palmeiras, Bairro do Estádio, entre
outros.
Quanto à expectativa dos eleitores com o prefeito ideal, 51% dos eleitores esperam
que ele seja honesto, 20% trabalhador e 14% com experiência administrativa.
O índice de rejeição dos candidatos se mantém na mesma seqüência da aceitação para
Nevoeiro, Juninho e Sérgio, com 43% de rejeição para o candidato Nevoeiro Júnior, 14%
para
Sérgio Desiderá seguido de Juninho da Padaria com 13%. Na seqüência, vem Dalberto
Christopholetti, com 12% e Ricardo Campeão com 9%.
Entre os motivos de rejeição do candidato Juninho da Padaria, 45% dos eleitores
disseram não conhecer o candidato, 32% não votariam pelas impressões políticas que
possuem e 18% por características pessoais do candidato.
A Agência Pandora realizou também duas pesquisas qualitativas, com metodologia
focus group. As pesquisas qualitativas têm como objetivo ―conhecer mais a fundo o
pensamento de um determinado grupo de pessoa, representativo de uma determinada
camada
da população.‖ (Mendonça, 2003, p. 66).
―É por meio da pesquisa qualitativa que o candidato ou governante
toma conhecimento dos temas prioritários da agenda da comunidade e das
opiniões das pessoas a respeito desses assuntos. São os grupos de discussão
que praticamente definem o conteúdo da mensagem propagandística, do
discurso político, da plataforma de governo e até mesmo das decisões do
governante que se vale desse método‖ (Silva, 2002, p. 21).
Selecionamos dois públicos distintos, sendo um grupo formado por jovens eleitores,
universitários, entre 18 e 25 anos, e o outro composto por eleitores com mais de 30 anos,
moradores das regiões em que a pesquisa quantitativa identificou Juninho da Padaria com
menor índice de aceitação do que em outras áreas.
Nosso objetivo foi identificar qual a visão que o eleitorado tem sobre a atual situação
da cidade e a aceitação dos candidatos Juninho da Padaria, Nevoeiro Júnior, Ricardo
Campeão, Sérgio Desiderá e Dalberto Christopholetti.
Os principais resultados das duas pesquisas foram referentes à insatisfação dos
moradores com a atual administração municipal, a opinião de que o prefeito deve conhecer
a
5
cidade, os moradores e ser trabalhador e a identificação de segurança, pavimentação, saúde
e
emprego como principais áreas a serem melhoradas.
Quanto à aceitação dos candidatos, identificamos que Juninho da Padaria é conhecido
500
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pelos entrevistados como uma pessoa ativa socialmente e que sempre está beneficiando
algum
público, além de ser visto como uma pessoa e político com boa reputação.
Planejamento da Campanha
O objetivo de marketing da campanha só pode ser alcançado através de ações
planejadas, desenvolvidas através da identificação do cenário político da cidade e das
expectativas do eleitorado.
Portanto, o planejamento da campanha foi desenvolvido com base nos dados do
candidato e o cenário político identificado no briefing do candidato e nas pesquisas
realizadas,
que identificaram a aceitação do candidato, os anseios do público eleitorado para um
prefeito
e o que precisa ser melhorado na cidade.
O planejamento, de acordo com Kuntz, 2002, pode ser definido como:
(...) a preparação para qualquer empreendimento que, por meio de estudos e
etapas técnicas, visa alcançar a melhor forma para o desempenho de uma
ação e atingir seu objetivo definido. O planejamento decorre da necessidade
de ação, por isso podemos defini-lo como a decisão antecipada da ação a ser
tomada.
De acordo com os resultados obtidos nas pesquisas e as informações do candidato,
podemos estabelecer o posicionamento e imagem que o candidato deverá apresentar, a
mensagem que será transmitida e as estratégias que serão utilizadas para alcançar
eficientemente os objetivos estabelecidos.
Definimos as estratégias utilizadas em marketing político como sendo
a arte de impetrar ações com o intuito de destacar um nome e suas
qualidades junto aos eleitores da forma mais clara e definitiva possível,
levando, nestas ações, informações de conteúdo que façam o eleitorado
assimilá-las com o objetivo de, no primeiro instante, eleger o dono do nome
a um cargo eletivo, e posteriormente alimentar este conceito e defendê-lo
(Manhanelli, 1988, p. 15).
Foi estabelecido como objetivo de marketing eleger o candidato Juninho da Padaria,
no cargo de prefeito da cidade de Rio Claro, com obtenção de 45% (quarenta e cinco
porcento) dos votos válidos.
6
A campanha visa também alcançar alguns objetivos periféricos que são: tornar o
candidato conhecido pelo maior número de eleitores, conquistar o eleitorado da região
central
e diminuir a influência dos candidatos Nevoeiro Júnior e Sérgio Desiderá.
O público alvo da campanha foi estabelecido como sendo todos os eleitores de Rio
Claro e pessoas com deficiências, pois a campanha foi planejada de forma a tratar a
mensagem transmitida com recursos de acessibilidade para todas as pessoas.
Estabelecemos no planejamento a imagem e o posicionamento do candidato, com suas
qualidades exaltadas e evidenciadas ao longo da campanha. Determinamos assim, que ele
deve se mostrar como um candidato jovem que possui competência política adquirida por
dois
mandatos como vereador, com credibilidade, e que pode trazer para a cidade novas idéias,
mostrando sua prontidão em atender a população e credibilidade, sempre preocupado com
todas as pessoas. Além disso, Juninho da Padaria sempre esteve em contato direto com a
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aqueles que utilizam apenas recursos auditivos ganharam uma versão em outro formato,
como
visual ou escrita, para pessoas com deficiência auditiva.
A campanha, com data para início em 05 de julho de 2011e término em 01 de outubro
foi planejada com as seguintes ações de marketing, comunicação e mídias:
Comícios, arrastões, passeatas e carreata: estratégias para colocar o candidato em
contato com o público, sustentando seu posicionamento como preocupado com a população,
jovem e competente, que sabe identificar o que a cidade precisa. Essas ações possuem como
foco tornar o candidato conhecido e divulgar seu plano de governo.
Carro de som, bike door e cabos eleitorais: o carro de som com veiculação na cidade
por todos os dias da campanha, a bike door e os cabos eleitorais devidamente
uniformizados,
com função de reforçar a imagem, o slogan, nome e número do candidato, bem como, no
carro de som, o jingle eleitoral. Os cabos eleitorais têm função também de apresentar o
candidato e seu plano de governo a toda a população.
Internet: baseamos as ações de internet nos artigos 57-A a 57-I da Lei nº 12.034 de 29
de setembro de 2009. Foi criado um site que além de história de vida, plano de governo do
candidato e espaço para que o eleitor mande sua mensagem, obedece aos padrões de
acessibilidade, com recursos de aumento de fonte e atalhos de teclado que facilitam o
acesso
8
de deficientes visuais através de leitores de tela. O site também dá suporte a toda a
comunicação acessível, com um espaço onde se encontra todas as mídias de acessibilidade.
Usamos na campanha também as mídias sociais, com criação de perfil para Juninho
Teixeira no Twitter, Orkut, Facebook e Youtube. Essa estratégia foi adotada para
sustentar o
perfil inovador e jovem do candidato, sempre ligado a inovações, além de aproximá-lo do
público eleitorado.
Comitê e comitê móvel: darão todo o suporte para a campanha. O local do comitê é
uma casa, totalmente acessível. No local será disponibilizado um computador com leitor de
voz para as pessoas com deficiência que não tem esse recurso em casa acessar o site da
campanha.
Informativo, folder e santinhos: foram planejados de forma a apresentar o candidato ao
público eleitor, bem como seu plano de governo, slogan, logomarca, número e coligação.
Foi
criado 3 modelos de santinho, o primeiro com a função de apresentar Juninho Teixeira e
mostrar sua origem, o segundo para reforçar as propostas do candidato e o terceiro para
ensinar o eleitor a votar. Esses materiais ganharam uma versão em escrita Braille,
distribuídos
no comitê para as pessoas com deficiência visual.
Praguinha, bandeiras, adesivos, cartazes e faixas: com objetivo de reforçar a imagem,
nome, número e slogan do candidato.
Mala direta: para apresentação do candidato aos eleitores, principalmente aqueles mais
tradicionais.
Mídia impressa: com planejamento de dez inserções em dois jornais da cidade, a fim
de reforçar a imagem do candidato, seu nome, número e slogan.
Programas de TV, rádio, inserções e spots: com inicio no dia 19 de agosto e término
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G T– 6 TEMAS LIVRES
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Autores: Prof. Dr. Rodrigo Augusto Prando, Universidade Presbiteriana Mackenzie, e-mail:
rodrigoprando@mackenzie.br e Profª. Drª. Maria de Lourdes Bacha, Universidade
Presbiteriana Mackenzie, e-mail: mlbacha@mackenzie.br; profa. Dra. Angela Schaun,
Universidade Presbiteriana Mackenzie, e-mail: angelaschaun@mackenzie.br
Resumo:
A teoria referente à construção de identidade de marca aplicada ao marketing político pode
oferecer contribuição para o enriquecimento de análises ligadas a fenômenos políticos como
é o caso da trajetória de Fernando Henrique Cardoso (FHC), Presidente do Brasil entre 1995
e 2003 e cuja carreira política e intelectual é reconhecida no Brasil e no mundo. FHC
exerceu os cargos de senador, presidente da Comissão Parlamentar, líder do Senado e
ministro de Relações Exteriores. Com formação em Sociologia, escreveu obras sobre teoria
do desenvolvimento econômico e relações internacionais. O artigo se inicia com breve
revisão da literatura seguida pela analise da trajetória de FHC focando cinco eixos:
academia, golpe de 64 e a mudança de agenda, vida pública, vida política e pós-presidência.
Palavras chave: marketing político, trajetória FHC, construção de marca
Introdução:
Este artigo tem como principal objetivo analisar a construção da identidade e imagem da
marca FHC como intelectual político. Parte-se do pressuposto de que o marketing político,
como u conjunto de atividades realizadas em longo prazo, emprega técnicas de
comunicação e exposição dos políticos que permitem analisar a relevância de uma
identidade consistente e a construção do valor simbólico da marca de um candidato político
(QUEIROZ, 2006; BEZERRA, SILVA, 2006).
Trata-se de um estudo teórico, baseado em pesquisa bibliográfica disponibilizada em livros,
anais de congressos acadêmicos e bases de dados digitais de teses e dissertações. A
principal justificativa acadêmica está ligada a uma lacuna quanto ao tema deste artigo, pois
se verificou que dissertações e teses ligadas à representação 2
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(identidade, retórica, símbolo de FHC) são escassas, tendo sido encontradas apenas quatro:
Costa (2007), Aguiar (2009), Herédia (2009) e Vieira Neto (2010). Os resultados da busca
em bases digitais revelam que os principais temas relativos a FHC são: Educação, Reforma
da educação (22), Mudanças institucionais e gestão pública, reforma do Estado, reforma
política, políticas públicas (12), partidos, disputas (6), relação estado, mercado, sociedade
(9) saúde (7).
Em outra perspectiva, segundo Prando (2009), a trajetória social de Fernando Henrique
Cardoso deve ser compreendida a partir de sua atuação na Universidade de São Paulo
(USP), depois, a perseguição política que, por conta do Golpe de 1964, levou-o ao exílio e a
uma mudança de agenda e chegada à vida pública. Por fim, sua ação propriamente política,
como fundador do CEBRAP (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento) e o contato com
o MDB, que o levou à candidatura para o Senado da qual originou sua dedicação quase
exclusiva à vida político partidária, com funções de Senador, Ministro e Presidente da
República.
Referencial teórico
O desenvolvimento do referencial teórico foi divido em duas áreas de conhecimento: na
primeira é apresentada uma breve discussão sobre a importância da construção da marcas na
sociedade atual, referida como ―sociedade das imagens‖ seguido por aspectos referentes à
conceituação de marketing político como ferramenta de análise para entendimento da
construção da identidade de FHC como estadista.
A importância da identidade e da imagem de marca na sociedade das imagens
Para Fontenelle (2002), tornou-se lugar comum afirmar que a sociedade contemporânea é a
sociedade das imagens assim entendida como uma realidade social permeada pelo
predomínio das imagens. Atualmente, as imagens buscam ser consumidas, não sendo
somente objeto de contemplação e reflexão, principalmente porque mudaram as formas de
produção de imagens e as formas de percepção do mundo, com a introdução da fotografia,
da televisão e dos computadores. Por outro lado, se as imagens se tornam a própria
realidade natural do mundo, elas se mostram como instrumentos valiosos para se entender
como são aceitas como consumo pela sociedade, haveria verdadeiro fetichismo das
imagens, porque a marca fornece pistas, através dos canais utilizados para sua construção e
manutenção, sobre como entender o sujeito atual, para quem ―estar na imagem é existir‖. 3
511
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10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
Allérès (2000) enfatiza que o objetivo de uma sociedade de consumo desenvolvida seria
permitir que desejos, fantasias, projetos, paixões e exigências se materializem em signos,
logomarcas, códigos, símbolos, chegando até a aquisição de objetos, ―em um sistema de
correspondências e assimilações, pleno de símbolos‖. Os homens vive de imagens, porque
os objetos encerram certo número de signos e símbolos que lhes conferem todo o seu poder
social (ALLÉRÈS, 2000, p. 50).
A marca é o ponto de referência das impressões, positivas ou negativas, formadas pelos
consumidores, ao entrarem em contato com o produto, a distribuição, a comunicação, ou o
pessoal (ou candidato/político). Capitalizando os esforços de marketing, a marca adquire
uma ―aura de exclusividade‖, o que permite que ela represente, pelo menos em curto prazo,
uma referência de qualidade, a marca só tem valor se constituir um símbolo cujo significado
seja exclusivo. Esse significado é adquirido através dos investimentos contínuos da empresa
em qualidade superior, pesquisa e desenvolvimento, distribuição e comunicação. Somente
assim, a marca será estocada na mente dos consumidores, tornando-se um ativo
(KAPFERER, 2003, pp.20-21).
Kapferer (2003) considera que a imagem é um conceito de recepção, ou seja, os estudos de
imagem objetivam analisar a forma como determinados públicos concebem um produto ou
uma marca. A imagem é a síntese feita pelo público de todos os sinais emitidos pela marca
(nome, símbolos visuais, propaganda, patrocínios...). ―A imagem é uma decodificação, uma
extração de significado, uma interpretação de signos‖. (KAPFERER 2003, p.86).
Para Kapferer (2003), a identidade é um conceito de emissão, ou seja, se refere ao sentido
e ao projeto que a marca tem de si mesma. A identidade da marca produz os signos que são
decodificados na imagem. A concepção atual de identidade de marca evita o mimetismo
praticado por algumas empresas, evita a necessidade da marca de se envolver num
―processo de sedução‖ para conseguir uma imagem que agrade seu público ou excesso de
idealização, que pode gerar incredulidade e até rejeição (KAPFERER, 2003, p. 86).
Segundo Fontenelle (2002), os estudos de marca passaram enfocar a imagem de marca, isto
é, a associação da marca, não às características e funções físicas dos produtos ou serviços,
mas aos valores, idéias, sonhos ou desejos de uma sociedade. 4
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Como conseqüência da ação do Regime Militar, FHC se exilou no Chile. Em Santiago, foi
convidado para trabalhar na Cepal – Comissão Econômica da América Latina, órgão da
ONU, que na época discutia o desenvolvimento econômico dos países latino-americanos.
Com conhecimento consolidado em Sociologia e na interpretação do desenvolvimento
social do Brasil, Cardoso escreveu o livro ―Dependência e Desenvolvimento na América
Latina‖, em 1969. Com essa obra, opera-se uma mudança na agenda de Cardoso: de
intelectual local passa a intelectual cosmopolita em um ambiente internacionalizado
(PRANDO, 2009).
Vida pública
Com prestígio internacional garantido, retorna ao Brasil e candidata-se ao concurso público
para a Cátedra de Ciência Política, em 1969, na USP. Vence o concurso, mas não assume a
Cátedra, pois o Regime Militar o aposenta compulsoriamente. Funda o CEBRAP – Centro
Brasileiro de Análise e Planejamento, à testa do qual angariaria a fama do intelectual que
lidera intelectuais. Realizou pesquisas de Sociologia Aplicada, sempre buscando
compreender a real situação quanto ao desenvolvimento econômico e ausência de
democracia. Seus estudos, palestras e intervenções no debate público operam uma mudança
de eixo: deixou de fazer pesquisas e reflexões teóricas para aplicar o seu cabedal analítico a
fim de intervir diretamente nos rumos da sociedade brasileira.
Vida política
Foi a partir do CEBRAP que estreitou contatos com a classe política, ao ser convidado por
Ulisses Guimarães a preparar o programa político do partido, o MDB (que fazia oposição ao
Regime Militar). Cardoso vislumbrou, ali, uma oportunidade de influenciar não só no
debate, mas nas decisões políticas.
A partir da participação no programa político do MDB, FHC iniciou cooperação ativa nos
processos políticos em busca da redemocratização até ser candidato para o Senado, como
―candidato de protesto‖, cuja campanha mobilizou a classe média esclarecida: estudantes,
professores, intelectuais, artistas. Além disso, passou a freqüentar reuniões com operários,
trabalhadores do comércio, etc. Colocava, nesses momentos, à prova seus conhecimentos
acadêmicos. O professor Catedrático de Ciência Política, Livre Docente em Sociologia,
poliglota, estava em contato direto com a política, a política das ruas, dos partidos, dos
políticos profissionais. 8
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Aqui, pode-se dizer conforme Prando (2009) que o momento maquiavélico: ―virtú‖ e
―fortuna‖ se coadunam: FHC, senador respeitado, intelectual e analista dos processos
políticos brasileiros, chegou, naquele momento, ao auge de sua carreira política: Ministro
das Relações Exteriores, de outubro de 1992 a maio de 1993. Para muitos, o lócus perfeito
para o intelectual que se fez político. Profundo conhecedor do Brasil e da América Latina,
havia lecionado nos grandes centros acadêmicos dos EUA e da Europa. Seu nome era
conhecido no mundo todo como intelectual e pesquisador, dominava vários idiomas e
buscou construir uma imagem positiva do Brasil no exterior.
Pouco depois, FHC foi para o Ministério da Fazenda, onde mesmo não sendo um
economista fez uso da sua experiência na CEPAL e visão internacional acumulada no
exílio, e passa a liderar um grupo de renomados economistas. Com certeza o ponto de
virada foi elaboração e lançamento do Plano Real como plano de combate à inflação e,
também, de mudança da própria moeda. Ambos feitos com estratégias políticas e
comunicativas tiveram de imedaito grande respaldo da população .
Segundo Rubim, Bentz e Pinto (1999), a principal característica da identidade da marca de
FHC era a de ser o ―Pai do Plano Real‖ e assim foram em torno disso que giravam as
discussões sobre sua personalidade política e imagem. Para os autores, o principal
adversário do programa de FHC e de sua campanha era a memória negativa dos outros
planos, outros políticos e outros salvadores da pátria. Assim FHC como pai do Plano Real
estava autorizado a falar a favor dele e de sua continuidade, ou seja, na reeleição, eleitores
mostraram que o melhor continuador do Real seria seu criador e que este era o melhor para
continuá-lo, seja aumentando os salários, como acabando com a miséria, reduzindo o
desemprego ou fazendo o Brasil crescer (RUBIM; BENTZ; PINTO, 1999).
FHC e seu esquema político acabaram por construir um ―lugar de fala‖ a partir de uma base
de sustentação ao projeto político neoliberal, onde foi articulado um espaço na sociedade
civil e no Estado, este sede do seu lugar de fala. A partir do Ministério da Fazenda (Estado),
lançou a nova moeda o Real, e, através da mídia e do mercado transformou o Brasil em uma
―comunidade de mútua experiência‖ positiva sobre o Real e sobre a sua paternidade: FHC é
o ―Pai do Plano Real‖. Enfim, construiu um lócus especial e ocupou um espaço público, em
parte de forma juridicamente regulamentada e em parte de modo espontaneamente aceito.
(RUBIM; BENTZ; PINTO, 1999). 10
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De acordo com Prando (2009), especialistas em marketing político não fizeram outra coisa
senão ressaltar suas qualidades intelectuais, sua liderança, seriedade, conhecimento. Era o
―pai‖ do Real, o ministro que controlou a inflação.
Do Plano Real à Presidência
Os discursos do Fernando Henrique foram sempre bem construídos graças a sua carreira de
professor, fala principalmente de globalização, Estado e democracia. Apresenta o tema,
explica sociologicamente e defende as ações do governo e a necessidade de diálogo.
Atualmente é presidente do Instituto Fernando Henrique Cardoso, uma instituição que
propõe discussões sobre o Brasil e a América Latina pelo mundo. Ministra conferências e
palestras e dá aulas no exterior. (PRANDO, 2009)
Seu tom professoral, suas características intelectuais, outrora criticados, se mostravam
eficientes na comunicação com os atores sociais. Sua forma de se comunicar, clara, permitia
um bom domínio dos meios de comunicação. Havia, durante toda a vida, publicado nos
principais jornais do país. No período da Ditadura, ocupou todos os espaços possíveis para
expressar suas idéias. Concedia entrevistas aos jornais, rádios e televisões, não só dava
informações, mas devido a sua formação, tentava explicar, analisar, os processos em voga.
De acordo com Rodrigues (1996), o discurso é um dos principais recursos da mídia e o
resultado final do seu funcionamento. O silêncio também parece se tornar insuportável para
os candidatos, eles querem "falar, falar sempre, mesmo que seja para não dizer nada". O
discurso é também o principal produto dos candidatos nas eleições, época na qual a oratória
tradicional acaba cedendo espaço para técnicas sofisticadas multimídia. (GOMES, 1996). O
discurso é importante para os candidatos, mesmo correndo o risco de que sua fala possa ser
reproduzida de uma maneira pouco simpática ou verdadeira. (RUBIN, BENTZ, PINTO,
1999).
Desse uso estratégico de construção de uma marca forte, resultou a imagem positiva, de
quem fez o melhor plano e como tal seria a pessoa em melhores condições ―para dar
continuidade‖ ao mesmo. ―É novo, desconhecido, mas está convencendo‖. Em geral, sua
história é desconhecida e seu passado frágil, mas, do que se sabe, é limpa. Nada de
excepcional, mas nada de ruim. FHC é ―simpático‖, ―charmoso‖, ―fala com mais vontade‖,
―tem uma campanha mais alegre‖, ―não fala mal de ninguém‖. Passa uma imagem de
segurança, competência e confiança. Ele convence: ―pode garantir o plano‖. (RUBIM;
BENTZ; PINTO, 1999).. 11
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Também em 2011, FHC coloca o seu capital político e intelectual na defesa de uma tese
assaz polêmica: a descriminalização das drogas, mormente, da maconha. FHC foi âncora do
documentário ―Quebrando o tabu‖ 3 que objetiva discutir a revisão dos conceitos e práticas
que norteiam as políticas sobre o uso das drogas. Buscando qualificar a discussão pautada
numa argumentação racional, FHC viajou por vários países para apresentar e explicar
políticas no campo do controle, combate ou liberação do uso de drogas. No limite, FHC
cumpre o papel do intelectual público: problematizar, discutir, criticar, incomodar e assumir
papéis que muitos não se arriscariam.
3 O documentário foi lançado recentemente (junho de 2011) foi dirigido por Fernando Grostein Andrade e se encontra em exibição em salas de cinema pelo país.
A síntese das ações de FHC pós-presidência denota, mais uma vez, corroborar uma das
premissas desse artigo, qual seja: de que, em sua trajetória intelectual - e especialmente
política – ele se serviu das ferramentas de marketing político, para construir sua identidade
e consolidar sua imagem.
Considerações finais
Este artigo tem como principal objetivo analisar a construção da identidade de Fernando
Henrique Cardoso (FHC) como o intelectual que se tornou político. Nesse sentido, a
trajetória de FHC pode ser considerada superlativa em seus aspectos intelectuais e políticos.
Sua carreira – na academia e na política – pode ser divida nas seguintes fases: professor e
pesquisador; intelectual público; o político e a pós-presidência.
FHC é intelectual reconhecido, lutou contra o Regime Militar, foi exilado, aposentado e
cassado pelos militares no poder. Como Senador, tornou-se líder de do PMDB e PSDB, por
ele fundado. Buscou, em sua trajetória, como intelectual, compreender quais os obstáculos
que impediam o pleno desenvolvimento do país. Buscou, em sua trajetória, como político,
romper com essas barreiras e modernizar o país, em suas estruturas econômicas e em suas
relações sociais e políticas (PRANDO, 2009).
É importante frisar que em casos de políticos que constroem carreira ao logo de anos no
cenário político, a confirmação de uma imagem marca apresenta-se mais apta a enfrentar o
imponderável, uma vez que as falas do político ficam registradas pela mídia e os cenários
de representação modificam-se ocasionando o paradoxo entre a confirmação ao mesmo
tempo da necessária transformação (para a adaptação a novos 14
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contextos) da imagem construída. Assim sucedeu com FHC. O que fez de FHC uma marca
forte? As respostas poderiam ser várias, mas, politicamente, é inegável que seus atributos
intelectuais foram essenciais. Com sólida imagem de ―um intelectual que lidera
intelectuais‖, de ―intelectual na política‖, Cardoso colocou todo o seu capital cultural e
político na construção do Plano Real, com cujo sucesso, a população teve, pela primeira vez
em anos, a possibilidade de se programar para as compras, sem sustos, sem confiscos, com
uma moeda forte, que fazia paridade com o dólar. Conhecedor das relações sociais e
políticas, Cardoso sabia que não bastava um plano de combate da hiperinflação, haveria a
necessidade se mudar a cultura política do país. Não houve confiscos, choques, planos
mirabolantes. Sua intuição de sociólogo o levou a tornar públicas todas as fases do plano. A
cada novo acontecimento, FHC ia à tribuna e explicava o que iria acontecer. Sentiu que,
dessa forma, a população e a classe política confiavam nas ações tomadas no ministério.
A esse respeito, vale ressaltar a observação de Lafer (2010) de que a relação entre
intelectuais e poder pode ser apreendida, pois os intelectuais podem criticar o poder, podem
legitimar o poder, podem assessorar o poder ou – mais raro – podem exercer o poder.
Bibliografia
AGUIAR, G. F. O político tornado em derrisão no gênero discursivo charge, mestrado
em ciência política, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2009.
ALLÉRES, D. Luxo. Estratégias, marketing. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2000.
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Comunicação e Cultura. Disponível em http://www.bocc.ubi.pt/~boccmirror/pag/silva-
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Anos 80 e a construção da imagem do Caçador de Marajás através da mídia e da
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COSTA, S. Sobre-representação e interesses regionais: o caso da lei de informática,
mestrado em Ciência política, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007. 15
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Resumo
Este trabalho tem como objetivo enfocar a questão da censura nas eleições. Será
analisado o caso do pleito de 2010 para governador do Estado do Tocantins. Usaremos
como referencial teórico autores como Sergei Tchakotine, Sérgio Mattos, Adolpho
Queiroz, Alexis de Tocqueville, A. Costela, entre outros. A metodologia usada foi
qualitativa, utilizando as técnicas do estudo de caso. Concluímos que a censura no
Tocantins resgata a má utilização do poder político frente a campanhas eleitorais, onde a
informação dos cidadãos e denúncia dos meios de comunicação emerge como
ferramenta de combate a esta chaga social.
Censura no Brasil
A censura no Brasil não é novidade. Lage (1985, p. 55) define censura como
―limitação do fluxo de informações não determinada pela capacidade do sistema‖. Ele
ainda explica que a censura pode ser introjetada em estruturas inconscientes, imposta
por controle social, pela classe ou grupo dominante. A censura é sentida como privação
de liberdade quando não se justifica pelos valores do codificador ou usuário. ―Quanto as
116
Trabalho apresentado ao X Politicom, no GT 6 – temas livres
117
Mestre em comunicação Social, MBA em Marketing Político e Jornalista.
rosevidal@yahoo.com.br
118
Mestranda pela Umesp, MBA em Marketing Político e Jornalista.
malenamotta@hotmail.com
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notícias, tem-se demonstrado que a censura não elimina o fato cuja divulgação proíbe,
nem impede que ele se repita ou tenha consequencias, quando é determinado por
estruturas sociais. No máximo, pode protelar o processo‖ (LAGE, 1985, p. 55).
Para entender melhor como se desenvolveu a censura no Brasil vamos fazer um
breve histórico do assunto. De acordo com Costella (1970) já em 1547, o cardeal dom
Henrique proibia sete autos de Gil Vicente. Em 1746, Antonio Isidoro da Fonseca
inaugurou no Rio de Janeiro uma tipografia que foi fechada no ano seguinte pela Carta
Régia de 10 de maio, que proibia a impressão de livros e papéis avulsos da colônia. A
consequência deste ato foi a inexistência de órgãos de imprensa no Brasil colônia. Esta
situação mudou apenas com a chegada de Dom João e a imprensa Régia, que possuía
censores régios. Ainda no mesmo ano, em 1808, era proibida a entrada de livros sem a
autorização do governo. A censura era tão radical que a Gazeta do Rio de Janeiro no dia
10 de setembro só publicou notícias da Europa. Ainda em 1808 foi fundado por Hipólito
da Costa, o jornal Correio Braziliense (1808-1922) como era editado em Londres não
sofreu censura da corte portuguesa.
Somente em 25 de março de 1824, com a autorga da Constituição, Dom Pedro I
acabou com a censura prévia. No entanto, Sodré (1997) afirma que a censura só foi
abolida em 1927. Após este período foram várias idas e vindas da censura no Brasil. Até
que a Constituição de 16 de julho de 1934 instituiu o direito de resposta. Porém o
presidente Getúlio Vargas baixou um Decreto dias antes da promulgação deste ato:
Mas ainda não era o limite da censura, no Estado Novo (1937-1945), ainda sob o
comando de Vargas, foi criado o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP). De
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acordo com Lage (1980), apenas o DIP poderia emitir o registro de funcionamento das
empresas jornalísticas brasileiras. Assim mais de 346 revistas e 420 jornais não
puderam circular na época.
Censura assim só foi vista anos mais tarde, quando o Brasil viveu sob regime da
ditadura militar. Foram vários atos institucionais que suspendiam direitos políticos,
culturais e sociais. Segundo Skidmore (1982), em 1967, o então presidente da
República, Castelo Branco, chegou a lançar uma nova Lei de Imprensa que admitia
apreensão de revistas e jornais pelo Ministério da Justiça. Somente em 1988, com a
nova Constituição foi extinta a prática da censura e o antigo serviço de Censura da
Política Federal.
Dois anos mais tarde, foi estabelecido pelo ministro da Justiça, Jarbas
Passarinho, os critérios para a atividade classificatória. A imprensa reclamou, porém
esta mesma prática era utilizada em diversos países. ―Apesar das garantias dadas pela
Constituição de 1988 e das afirmações do presidente Lula, membros da ANJ que
participaram do 5º Congresso Brasileiro de Jornais, realizado também em setembro de
2004, em São Paulo, denunciaram que persistem as pressões, ameaças e violências
contra jornais e jornalistas‖ (MATTOS, 2005, p.130).
Tocantins
Tocantins é o mais novo estado da Federação. Antigo norte do Estado de Goiás,
o Tocantins foi criado pelo artigo 13 do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias da Constituição, em 05 de outubro de 1988. No dia 5 de outubro de 1989,
foi promulgada a primeira Constituição do Estado, feita nos moldes da Constituição
Federal. Foram criados mais 44 municípios além dos 79 já existentes. Atualmente, o
Estado possui 139 municípios, tendo como capital a cidade de Palmas (BARROS, 1996,
p. 12-17).
Após a criação do estado do Tocantins, foi eleito o primeiro governador do
estado, e que hoje se encontra no seu oitavo representante conforme mostramos no
quadro abaixo:
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Eleições 2010
Após duas derrotas consecutivas, o ex-governador do Tocantins, José Wilson
Siqueira Campos-PSDB retornou a cena política para disputar o cargo de governador do
Tocantins, desta vez tendo como principal adversário político o então governador Carlos
Henrique Amorim-PMDB (Gaguim).
Nas primeiras pesquisas de opinão pública o então governador ―Gaguim‖
aparece sempre à frente do adversário Siqueira Campos. Gaguim se destaca no cenário
eleitoral por ser um candidato jovem, em detrimento ao seu adversário, que com idade
avançada (82 anos), aparece nos primeiros debates eleitorais com fisionomia cansada e
pouco paciente para os embates políticos.
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As emissoras de rádio e TV têm a obrigação de reservar um horário específico para o
cumprimento da propaganda eleitoral gratuita, que será dividido entre os candidatos de
cada partido, observados alguns critérios da lei.Contudo o horário gratuito não se
resume apenas nesse período.As emissoras deverão, ainda, reservar um período de 30
(trinta) minutos dentro de sua programação normal para pequenas inserções de
propaganda eleitoral, cada uma de, no máximo, 60 (sessenta) segundos.
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Após este fato, a matéria da denúncia ganha mais destaque quando é publicada
na edição da revista Veja nº 39 de 29 de setembro de 2010, nas páginas 82 e 83.
Segundo denúncia da oposição, houve até uma suposta tentativa de impedir a revista de
ser distribuída no estado do Tocantins. A chegada da revista no estado foi acompanhada
por representantes do Ministério Público Federal e da Polícia Federal. Nesta etapa
observa-se outra forma de poder descrita por Thompson: o poder coercitivo. Nele se
implica o uso, ou ameaça, da força física para subjugar ou conquistar um oponente.
Historicamente as instituições mais importantes acumuladoras de recursos deste tipo são
as instituições militares, e a forma importante de poder coercitivo é o poder militar
(THOMPSON, 2008, p.23).
De posse da matéria veículada em revista de circulação nacional, a oposição
tratou de intensificar mais ainda as inserções nas TVs locais, utilizou até carro de som, e
distribuíção de cópias coloridas nas principais avenidas da Capital do Tocantins,
Palmas.
120
Formato televisivo onde apenas o âncora narra um pequeno texto.
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Jung considera arquétipo como uma espécie de fôrma, algo que trazemos desde o
útero materno. Essas ―fôrmas‖ são usadas para desenvolver nossa psique. Para Jung
(2008, p.13-14), as ―imagens primordiais‖ se originam de uma repetição constante de
uma mesma experiência durante gerações e tendem a produzir a repetição e a
elaboração dessas mesmas experiências em cada geração.
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Considerações Finais
A censura permeia o espaço político como uma ameaça pronta a explodir no seio
da sociedade. O que aconteceu no estado do Tocantins, nas eleições para governador do
estado em 2010 ilustra esta problemática. Oriunda da busca incensante pelo poder,
políticos e partidos utilizam de todo aparato de estratégias legais ou não para conseguir
seus objetivos. Quando esgotam-se as ferramentas de estrátegias da propaganda política
entram em cena as de coersão.
Como vimos o mal exemplo do candidato Gaguim (PMDB) e sua tentativa
frustrada de censurar os meios de comunicação locais. A censura é mais que uma
afronta aos direitos dos cidadãos, é um absurdo sem perdão. Vale ressaltar ainda neste
122
Atualmente são 21 mil funcionários públicos comissionado no Estado, levando em
conta que a população do estado 1.383 .456 habitantes e 948.920 eleitores. No total são
112.632 mil funcionários públicos, deste 56.465 são efetivos do Estado (IPEA).
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artigo o papel dos HGPEs, que ao invés de levar propostas dos candidatos aos eleitores, se
tornou um campo de ataque de ofensas pessoais.
A denúncia e o alerta da comunidade e dos meios de comunicação ainda são a
melhor maneira de combater esta ferida social chamada censura. Estar atentos a
movimentação da política em que vivemos é sinônimo de estarmos cumprindo nosso
papel como cidadãos.
Referências Bibliográficas:
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MACEDO Fausto, TAVARES Bruno e GODOY. Marcelo Polícia prende oito por
fraude em licitações in Portal Estadão. Disponível em <http://www.estadao.com.br/
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MATTOS, Sérgio. Mídia Controlada: a história da censura no Brasil e no mundo. São
Paulo: Paulus, 2005.
Portal Uol. Pesquisa elitoral 2010. Disponível em <http://eleicoes.uol.com.br/2010/pesquisas-
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1997.
SKIDMORE, Thomas E. Brasil: de Getúlio Vargas a Castelo Branco. 7ª Edição, Rio de
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Itatiaia, 1977.
THOMPSON, John B. A mídia e a modernidade: Uma teoria social da mídia.
Petrópolis: Vozes, 2008.
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Resumo
O trabalho pretende dirimir a confusão existente nos limites de atuações e
atribuições de um coordenador de campanha política/eleitoral, bem como as funções dos
múltiplos profissionais que atuam em uma campanha política/eleitoral. Chegando a
confundi-los. Esclarecer as várias funções e definição do que seja um ―Coordenador de
campanha política/eleitoral‖, que é deferente de um ―Coordenador político‖, ou de um
―marketólogo político‖. O composto de coordenação de campanha política/eleitoral
envolve três aspectos: organização geral da campanha; a operacionalização das diversas
estratégias definidas pelos setores especializados e a administração geral de todas as
ações. Abrigando todos os aspectos da campanha, objetivos, estratégias, táticas, meios e
recursos, equipes, estruturas etc.
Palavra chave: Coordenação de campanha política; Marketing político e
campanha eleitoral.
Apresentação
Constatamos ponto importante em campanhas políticas eleitorais:
a falta de profissionais especializados para ocuparem cargo de Coordenador
geral de campanhas políticas eleitorais. Um profissional especializado e
com a definição de todas as suas funções e atuações é necessário para
imprimir ordem nas campanhas política eleitoral. Com este texto temos
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Uma das críticas desferidas contra aqueles que exercem a coordenação geral
em campanha política eleitoral é o de que eles tentam, sempre, despolitizar a campanha,
artificiando-a, isso não é verdadeiro, uma das funções do coordenador de campanha
política/eleitoral é o de ser político, no sentido de ser a arte da negociação para o bem
coletivo. O problema que paira em alguns coordenadores de campanha política/eleitoral
é que esses não são políticos, ou não entendem ou não gostam de política, entendem
somente de administração. Aí mora o problema. Um coordenador campanha
política/eleitoral antes de mais nada deve entender de política e gostar de política.
Portanto, não se deve contratar o melhor administrador. Dentre as qualidades de um
melhor administrador, candidato à coordenador de campanha política/eleitoral, deve
constar as qualidades de gostar de política e a de entender de política, que,
convenhamos, não são todos os bons administradores que gostam e entendem de
política.
Na realidade, o trabalho dos coordenadores de campanhas políticas
eleitorais está inserido no contexto da política partidária, respondendo à complexidade
da sociedade pós-moderna, ao crescimento e visibilidade de certas corporações de
eleitores, além, é claro, da democratização das práticas políticas brasileiras. Sem um
correto planejamento estratégico das ações de uma campanha política eleitoral com uma
perfeita coordenação das ações é muito difícil que qualquer candidato consiga ser
vitorioso em um pleito.
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Um coordenador de campanha
política/eleitoral precisa comunicar-se com
perfeição, desenvolver em seus
relacionamentos um clima agradável e
construtivo. Precisa apresentar-se bem,
causando boa impressão. Enfim, estar
atualizado, fluir em seus diálogos e, acima de
tudo, ser genuíno. Ter liderança, trabalhar em
equipe, negociar, pesquisar e ser ágil. Ser um
Einstein não é suficiente. Os tempos
mudaram. A competição acirrou-se.
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Conselho da Campanha
Secretaria
Coordenador da
Secretária campanha eleitoral
Infra-
Equipe Qualitativ Equipe Equipe estrutura
necessári aQuantitativ necessária Tecnologia
necessári necessária
Consultori
a TV de
a aEquipe
a de informática
Mobilizaçã
Rádio necessária
imagem o
Telemática Internet
Mídias
sociais
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Mídia training
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Considerações finais
Num quadro formado por uma série de transformações de
contextos, onde a comunicação gera poder, a democracia apresenta-se mais
participativa, a coordenação de campanha política/eleitoral vem sendo uma
realidade com menos resistências entre os políticos e candidatos, as
campanhas eleitorais devem considerar as diversas funções e atribuições
dos diversos profissionais que atuam em uma campanha política/eleitoral
para que o seu desenvolvimento seja a contento, ou a desordem não se
instale. Atender as funções e definições do que seja um coordenador de
campanha política/eleitoral é prioritária em disputa eleitoral.
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Referências
ALMEIDA, Alberto Carlos. A cabeça do eleitor – estratégia da
campanha, pesquisa e vitória eleitoral. Rio de Janeiro: Record, 2008.
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autores
Dr. Adolpho Carlos Françoso de Queiroz (adolpho.queiroz@metodista.br)
Rodrigo César Vieira (rodrigo@psicologiasocial.org.br)
instituição
UNIMAR – Universidade de Marília
RESUMO
Partindo desse um contexto de favela, o artigo traz uma pesquisa realizada em
um bairro do município de Marília, interior de São Paulo, logo após as eleições
presidenciais de 2010. Tendo como objetivo estudar os meios pelos quais a população
local pratica política, assim como as convicções individuais e sociais acerca do voto, o
artigo teve como procedimentos metodológicos entrevistas aos moradores do bairro
Toffoli, aliadas a uma breve revisão de literatura sobre Folkcomunicação. Como
considerações, foi possível observar, entre outros aspectos, que as populações
envolvidas em uma cultura de favela tendem a votar ou a se abster nas eleições a partir
das orientações de lideranças locais, e não pela decodificação pessoal do conteúdo
midiático produzido pela equipe de marketing eleitoral.
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Introdução
A palavra Favela é um termo típico da língua portuguesa do Brasil, e segundo
Aguiar, o primeiro escritor a utilizá-lo foi Euclides da Cunha na obra Os Sertões.
―[...] a palavra favela tem acepção meramente geográfica, o autor assim
escreve: ‗todas traçam, afinal, elíptica curva, fechada ao sul por um morro, o
da favela, em torno de larga planura ondeante onde se erigia o arraial de
Canudos – e daí, para o norte, de novo se dispersam e decaem até acabarem
em chapadas altas à borda do São Francisco‘ (AGUIAR, 1999).‖
124
Para este parágrafo, o sentido da palavra articulação refere-se à habilidade de lidar
com diferentes grupos sociais, se relacionar com pessoas distintas dentro e fora da
própria favela.
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10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
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Nome dado aos usuários de crack.
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prefeitura aterrou o lugar pra construir uma quadra que ninguém usa. O postinho de
saúde tem um monte de problema, falta gente pra trabalhar, é terrível! O que é política
pra mim? ... Difícil falar! O que sei é que nós estamos assim por causa deles, dos
políticos que só vêm aqui em época de campanha! Agora, dos candidatos eu posso falar:
tem a Dilma, o Serra, a Marina, o Plínio – acho que é esse o nome dele – e mais alguns
que eu não conheço; sei deles por causa do debate que passou na Record, e o Plínio, na
minha opinião, é o que fala melhor. Vendo eles eu escolho em quem votar... acho que o
certo é votar na pessoa. Apesar que eu não voto faz tempo. Pelo meu bairro...? Eu tenho
feito pelo meu bairro aquilo que eu posso. No Natal e no Dia das Crianças, eu faço os
meus ‗corre‘126, procuro empresário, gente de bem e de respeito pra conseguir doação
pras crianças. Também mando carta pro correio porque eles conseguem ajudar algumas
crianças... Acho que é isso. Como falei, não voto faz tempo e não acho que o meu voto
fez falta... No final das contas, tudo vai continuar como está. Mas se fosse votar, votaria
na Dilma por causa do Lula: ele pensou nos pobres!‖
O terceiro entrevistado do sexo masculino tem 45 anos e é filiado ao PCdoB há
aproximadamente 20 anos. De todos os entrevistados, é o único que não trabalha
informalmente, e partindo desse preceito, foi possível observar que o fato de possuir um
vínculo empregatício formal acarreta o respeito da população local. ―O bairro? O que
mais tem aqui é problema: o tráfico, a falta de saneamento básico, as casas construídas
em local de risco... Eu ficaria horas falando disso, mas melhor do que olhar os
problemas é pensar a solução. Política: pensando na sua pergunta, ela é uma forma de
melhorar os problemas do bairro. Mas você pediu uma definição... há tanto tempo que
as pessoas tentam definir, e quem sou eu para fazer isso? De qualquer forma, arrisco
uma: é a arte de administrar pessoas. Quanto aos candidatos, além dos quatro mais
conhecidos (Serra, Dilma, Marina e Plínio), tem o pessoal do PCO e PSTU e outros que,
sinceramente, nem lembro o nome... isso porque eu me considero uma pessoa
politizada. Imagina o resto da população! A princípio, voto no partido e na plataforma
de campanha. Mas é claro que esses três pontos são importantes e devem se completar.
Quanto ao bairro, eu já tentei fazer muito pelo pessoal daqui: fui um dos primeiros
126
Nome dado às atividades diárias, responsabilidades cotidianas.
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moradores da favela, isso há mais de quinze anos, vim pra cá no começo dos anos 90...
vi esta favela crescer. Já tentei articular com a câmara, com o vereador do meu partido,
fazer projeto e distribuir pra gente influente; mas o pessoal não colabora. Quando falo
em pessoal, falo dos próprios moradores daqui. Vou te dar dois exemplos: quase todos
da favela gostam do Lula pela política social dele, mas você acha que alguém se
empenha para lutar pela Dilma? Outra coisa, se você olhar bem, vai perceber a área
verde à nossa volta. Daria pra fazer um ótimo trabalho de preservação ambiental... você
acha que os moradores cuidam disso aqui? Já tentei fazer muito, hoje, tento cuidar da
minha vida e olhe lá! Quanto às eleições, votei na Dilma porque o meu partido apoiou a
campanha dela. Mesmo estando meio decepcionado com o meu partido, ainda assim
resolvi dar mais um voto de confiança a eles; mas essa conversa de decepção a gente
deixa pra outro dia.‖
A entrevista a seguir foi feita com uma pessoa do sexo masculino, 52 anos, pai
de um jovem de 26 anos que é tido pelos moradores da favela do Toffoli como uma
importante liderança local, que, no entanto, está preso há aproximadamente quatro anos
por tráfico de drogas. ―Pra mim é difícil estar respondendo por ele, mas acho que o meu
filho pensa como eu: o pior problema da favela é a pobreza e o tráfico. Não é fácil falar
isso porque a gente sobrevive do tráfico, mas ele acaba com a vida das pessoas aos
poucos, tanto com quem compra como com quem vende. O que é política? Aí você me
pegou... Não sei, e nem vou tentar dizer o que é. Os candidatos eu até lembro: a Marina,
a Dilma e o Serra. No que que eu voto? Se é na pessoa, no partido ou na proposta? Em
nenhum: faz tempo que eu não voto. E quanto ao meu filho, que eu saiba, antes de ser
preso ele também não votava. Não sei como é que funciona essa coisa de voto dentro da
cadeia, talvez ele até vote... vou ficar te devendo essa resposta. Mas pra não falar que
ele nunca se envolveu com política, uma vez o Vinícius Camarinha saiu pra prefeito e o
meu filho falou pro pessoal não votar nele. Não me pergunte o porquê, só sei que o
povo obedeceu. Não é porque é meu filho, mas ele manda e desmanda aqui. Claro que
não é só ele, os ‗pilotos‘127 também dão o aval, mas de qualquer jeito o pessoal respeita
127
Nome dado às pessoas ligadas ao Primeiro Comando da Capital que possuem um
cargo de liderança interna.
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a figura dele. Pelo bairro a gente faz o que pode: protege e ajuda os menos favorecidos
com comida, casa, advogado – afinal, tem muito doutor que compra droga da gente... –
a gente colabora com o que dá.‖
A primeira entrevistada do sexo feminino tem 21 anos e foi morar na favela
quando tinha 11 anos. A exemplo do primeiro entrevistado, também é envolvida com o
tráfico de drogas. Segundo ela, o fato de ter um poder aquisitivo elevado e não fazer uso
de nenhuma droga comercializada legal ou ilegalmente é o que lhe confere o respeito
das pessoas.128 ―Os problemas daqui não são diferentes de outros lugares. É briga de
família – marido e esposa, pai e filho –, briga de vizinho, falta de dinheiro, coisa que
você encontra em qualquer lugar. O que eu entendo sobre política? Acho que nunca
parei pra pensar nisso porque não me interesso pelo assunto... Política é aquilo que um
país faz pelas pessoas que moram nele... Está boa a resposta? Pra presidente eu soube da
Dilma, do Serra e da Marina. Também tiveram outras pessoas, mas eu não lembro...
acho que nem ouvi o nome deles. Eu voto sempre no candidato, mas nesse ano foi
diferente: votei na Dilma, não por causa dela, mas pelo Lula; ele fez diferença no país!
Ele pensou nos pobres, e fora isso, a minha mãe é fã dele; acho que também dei o meu
voto por causa da influência dela. O que está ao meu alcance para melhorar o bairro?
Acho que nada! Pra não falar nada, o que eu posso fazer é cuidar do meu filho, coisa
que aqui muita gente não faz. O moleque dá trabalho e eles (os pais) colocam a culpa
nos traficantes, nos professores, na favela, mas nunca neles mesmos... É só isso que eu
devo fazer!‖
A segunda mulher a ser ouvida, de 49 anos, é mãe da entrevistada anterior e
também tem envolvimento com o tráfico de drogas. Diferente da filha, porém, se mostra
interessada pelo tema política, relatando ter sido filiada ao Partido dos Trabalhadores:
―Me liguei ao PT em 1990, quando morava em São Paulo, e de lá pra cá sempre tive no
Lula uma pessoa de admiração; ele é uma inspiração pra mim e pros meus filhos. Aqui
em Marília já tentei me envolver com política... quer dizer, eu não, o meu bairro. Já
trouxe candidato a vereador pra falar aqui na favela em época de campanha, já cobrei
128
Para a população local, o consumo do álcool é mais condenado do que o de drogas
ilícitas.
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candidato que não veio aqui depois da campanha... Lá na câmara o pessoal não quer me
ver pintada de ouro porque eu já arrumei muita confusão lá! E pra ser sincera, nunca fiz
nada demais, só cobrei promessas e os meus direitos como cidadã. Mas como você deve
saber, político não gosta de ser cobrado. Aqui no bairro a gente tem o problema do
tráfico – e quem sou eu pra falar disso já que quase toda a minha família é envolvida? –,
da falta de atenção do prefeito quanto ao postinho de saúde, e o pior de tudo, a
mentalidade pequena do pessoal que mora aqui: a favela parece um vício, depois que a
pessoa muda pra cá e se envolve no dia a dia dela não consegue mais abandonar!
Falando em política, quando o filho do Camarinha se candidatou pra prefeito ele veio
com uma história de colocar posto policial no bairro porque o lugar tava muito
violento... Pura mentira! Quem mora aqui sabe que o bairro é seguro, que os
‗meninos‘129 não querem que tenha roubo e confusão pra não chamar a atenção da
polícia e atrapalhar o trabalho deles; a gente se cuida por conta própria, não precisamos
deles pra isso! Tivemos que fazer campanha contra o Vinícius porque não tem
cabimento trazer policial corrupto pra cá (e pra ser sincera, a gente se vira com algumas
polícias, eles não mexendo com a gente e a gente sustentando o vício deles)... No final
das contas, o pessoal do bairro – pelo menos da favela – não votou nele. Pra mim,
política é o ato de se mostrar pro povo e cuidar dele; o problema, é que hoje em dia as
pessoas só querem se mostrar e ganhar dinheiro com isso. Os candidatos desse ano
foram a Marina Silva, Dilma Rousseff e o José Serra; tem mais um senhor que era do
PT e que eu não lembro o nome. Bem, respondendo a sua pergunta, depois que eu
conheci a grande São Paulo e o PT nunca mais parei de votar nele. Pra presidente
sempre votei no Lula, e agora votei na Dilma por causa dele e do partido. O que eu
posso fazer pra melhor o bairro? Acho que nada! Como te disse, já tentei fazer muito
através da política, mas não deu certo. Agora, o que eu faço é cuidar da minha vida e da
vida dos meus filhos! É claro que quando alguém precisa de uma cesta básica, de uma
ajuda pra comprar remédio a gente acaba fazendo um ‗corre‘, mas é isso e mais nada.‖
A próxima entrevistada, de 51 anos, relata ser mãe de cinco filhos e ter
alcançado o respeito da comunidade pela maneira como educou todos eles. ―Todo
129
Traficantes locais.
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mundo aqui me admira porque sabe a boa mãe que eu sou, e os que me criticam fazem
isso por inveja, aliás, aqui na favela, isso é o que mais tem. Além do‗olho gordo‘, o que
mata muita gente aqui – não mata o corpo, mas mata os sonhos. Além do ‗olho gordo‘ o
tráfico acaba com o lugar, e esse, mata mesmo! Não sei dizer o que é política; política é
uma palavra que eu sempre ouvi, mas não sei explicar... Estranho! Eu nunca me
interessei por política, acho que é pela quantidade de ladrão que tem nela. Na política,
quem já não é, um dia ainda vai ser ladrão! Eu conheço a Dilma e o Serra. Tem também
a Marina, o pessoal da minha igreja vai votar nela... acho que são esses os candidatos. O
que me leva a votar? Eu não voto. Já votei, mas faz muito tempo que eu não vou até a
urna. Uma porque eu não sei ler direito, e outra porque não adianta nada votar: todo
mundo é igual! Eu posso não votar, mas faço muito pelo meu bairro. Não pelo bairro
todo porque, como eu te disse, muita gente aqui tem inveja, e eu nem me aproximo
deles. Mas pra quem quer ajuda eu dou conselho, se precisar dou uma ‗mistura‘, faço
faxina e ajudo gente doente. Acho que foi pra isso que eu nasci, pra ajudar as pessoas.
Mas uma coisa eu te digo: não é todo mundo que pede ajuda que quer ser ajudado!‖
A última pessoa do sexo feminino a participar da pesquisa, com idade de 38
anos, afirmou ter sido filiada por mais de 10 anos ao PCdoB, e quando indagada acerca
dos principais problemas do bairro disse: ―Mesmo sendo na favela, eu lutei muito pra
conseguir a minha casa. Catei papelão, fiz artesanato, trabalhei como empregada e fui
tratada como lixo por essa sociedade burguesa, mas consegui meu canto. Mesmo feliz
por tudo isso, o que me mata aqui é a cabeça pequena desse povo que só quer saber de
olhar a vida dos outros e fofocar... Conversar sobre o Plano Diretor da nossa cidade e
sobre o desfavelamento ninguém quer! Política...? Não sei dizer o que é política pra
você, mas sei dizer o que ela foi pra mim: pra mim foi o sonho de ver o trabalhador no
poder, lutando por um país mais justo. Você sabe que eu já fui militante do PCdoB...
hoje eu estou muito decepcionada. Quando o meu partido pode fazer alguma coisa pela
nação, acaba jogando essa possibilidade fora. Recentemente aconteceu algo parecido em
uma secretaria da nossa cidade. Desde que o Bulgareli foi eleito, o meu partido saiu da
oposição e começou a apoiar ele, tanto é que foi criada uma nova secretaria pra nós, a
Secretaria da Juventude. Não sei por que – quer dizer, eles disseram que foi por
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10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
divergência ideológica, mas não sei não – o PCdoB brigou com o prefeito e perdeu
todos os privilégios de liderança... Não entendo essas coisas, a pessoa luta tanto pra
conseguir o poder e quando consegue não administra!? Os candidatos à presidência?
Marina, Serra, Dilma – que aliás, é apoiada pelo ‗meu‘ partido –, Plínio e outros que se
‗dizem‘ defensores da causa operária; nem acredito que estou falando nesse tom de
ironia, mas é que eu ando meio pessimista com esse lance de política! Sempre votei por
ideologia, e isso pra mim significava votar no partido e nas pessoas que o partido apoia.
Mas como você percebeu, o meu pensamento mudou. Esse ano, por exemplo, não fiz
questão de votar na Dilma, e também não me peça pra dizer em quem foi...! Quanto ao
meu bairro... Bem, pelo meu bairro eu já fiz de tudo: já fiz parte da Associação de
Moradores, já participei de uma cooperativa de reciclagem – que por sinal não deu certo
por questões políticas –, já me envolvi com universitários e ONGs, mas ultimamente
não tenho feito nada. Na verdade, tenho pensado na minha família, no meu ganha-pão e
só!‖
130
http://www2.metodista.br/unesco/luizbeltrao/luizbeltrao.htm#_ftn2 acesso em 7 de
novembro de 2010.
131
http://www2.metodista.br/unesco/luizbeltrao/luizbeltrao.documentos.htm acesso em
2 de novembro de 2010
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10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
Figura 1
132
http://www.asclaras.org.br/2008/ acesso em 2 de dezembro de 2010.
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Não me pergunte o porquê, só sei que o povo obedeceu. Não é porque é meu filho, mas
ele manda e desmanda aqui. Claro que não é só ele, os ‗pilotos‘ também dão o aval
[...]‖. E dentro da mesma perspectiva, nas palavras da entrevistada de 49 anos: ―[...]
quando o filho do Camarinha se candidatou pra prefeito, ele veio com uma história de
colocar posto policial no bairro porque o lugar tava muito violento... Pura mentira!
Quem mora aqui sabe que o bairro é seguro, que os ‗meninos‘ não querem que tenha
roubo e confusão pra não chamar a atenção da polícia e atrapalhar o trabalho deles [...]
Tivemos que fazer campanha contra o Vinícius [...] no final das contas, o pessoal do
bairro – pelo menos da favela – não votou nele.‖
Como Meio de Comunicação de Massa, a proposta do candidato do PSB no
âmbito da segurança, e a contrapropaganda dessa mensagem por uma liderança local
(Meio de Comunicação de Folk e pessoa institucionalizada), tendo como efeito a não
aceitação do candidato, pode ser confirmada pelo Tribunal Regional Eleitoral de São
Paulo.133 Dos três colégios eleitorais que abrangem os moradores do bairro Toffoli,
houve neste ano um total de 2675 votos para Mário Bulgareli contra 2176 votos
computados para Vinícius Almeida Camarinha.
―[...] porque o comunicador pessoal é movido por interesse particular, a sua
mensagem tem um caráter predominantemente interesseiro.‖ (Beltrão,
1967)134
Objetivando não olhar a situação eleitoral de 2008 como algo isolado na história
da favela do Toffoli, mas como um fenômeno capaz de se repetir em semelhantes
aspectos e contextos, é importante retomar a afirmação de que toda instituição ou grupo
social se molda nas convicções pessoais das lideranças que a compõem, sejam elas
atuantes de modo coercivo ou não. Tal fato foi verificado também nas eleições de 2010,
tendo como foco principal o estudo das abstenções.
Durante as entrevistas para este artigo, observou-se que dos nove líderes
entrevistados apenas quatro exercem regularmente o direito ao voto – sendo que dessa
amostra três pessoas declararam intenção de voto para a então candidata Dilma Rousseff
133
http://www.tre-sp.gov.br acesso em 18 de novembro de 2010.
134
http://www2.metodista.br/unesco/luizbeltrao/luizbeltrao.htm acesso em 1 de
novembro de 2010.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao ser iniciado o planejamento e elaboração do artigo, a presente pesquisa tinha
como objetivo investigar os meios de comunicação política em uma cultura de favela,
assim como as motivações de voto nas pessoas envolvidas. E seguindo essa linha de
pesquisa, foi levantada a hipótese de que os resultados em uma eleição não expressam o
pensamento do grupo social que a compõem: entre a intenção de voto e a efetivação
dessa vontade um longo caminho precisa ser percorrido. Os dados obtidos nos levam a
crer que além do exercício político em uma favela estar intimamente ligado aos
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10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
REFERÊNCIAS
AGUIAR, Francisco de Paula Melo. A favela, ontem e hoje. Disponível em
<http://www.academialetrasbrasil.org.br/membrofcoaguiarfavela.doc>. Acesso em 2 de
novembro de 2010.
ÁVILA, Fernando Bastos de. Pequena Enciclopédia de Moral e Civismo. 2. ed. Rio de
Janeiro: MEC/FENAME, 1972.
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O EXERCÍCIO DA DEMOCRACIA EM
Assim, foram cobertas por essa obra, as eleições municipais dos anos de 1951,
1955, 1959, 1963, 1968, 1972, 1976, 1982, 1988, 1992 e 1996, totalizando onze pleitos
eleitorais.
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A imprensa nessa época, logo após os anos cinqüenta, não publicava muita coisa
sobre as eleições. Os jornais eram feitos de forma artesanal, com publicações esparsas –
semanais, quinzenais e até mensais. Eram poucas as notícias. Pesquisamos tudo o que
foi possível nos jornais da época: ―A Vanguarda‖, ―Jornal do Povo‖, ―Edição
Barbarense‖, ―Correio Barbarense‖, ―Agora Jornal‖, ―Leste em Notícias‖, ―A Folha‖,
―Jornal Leste‖, ―A Gazeta‖, ―Jornal d‘Oeste‖ e ―Diário de Santa Bárbara‖.
O livro registra como este tipo de vontade se manifestou, sem empreender juízo
de valor sobre os acontecimentos. O que se vê na obra publicada é o registro fiel do que
cada órgão de imprensa da época publicou em suas milhares de páginas e que o cuidado
e o zelo dos pesquisadores nos revelou de forma sistematizada e atual.
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e erros dos nossos homens públicos do passado, representados especialmente pelo apoio
– ou pela falta dele – nos processos e empreitadas eleitorais que desenvolveram.
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Toda vez que votamos, queremos contribuir como cidadãos, para acertar nas
escolhas, com objetivo de promover o desenvolvimento local, regional e nacional.
Contudo, as idas e vindas da política cobram de todos, coerência e despreendimento.
Foi gasto pouco mais de um ano, para que se completasse a pesquisa feita por
um grupo de jovens pesquisadores dos cursos de Comunicação da UNIMEP -
Universidade Metodista de Piracicaba sob nossa orientação. Nesse período, com uma
freqüência diária ao Arquivo Histórico da Fundação Romi, que mantém a memória da
imprensa em Santa Bárbara d‘Oeste – foram percorridas as milhares de páginas de
diversos jornais, anotando com vagar e muito cuidado, as informações sobre as eleições
realizadas na cidade na última metade do século XX.
A obra menciona que coube à imprensa local um papel importante nos anos
cinqüenta, de deflagrar uma campanha municipal entre os moradores, para que a cidade
atingisse a marca histórica de dez mil eleitores. Com esse contingente, imaginava-se, a
força política da cidade seria ampliada de forma definitiva, conquistando um espaço
importante no cenário político do Estado de São Paulo e do país.
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Passaram-se doze anos e eis que em 2010 um novo desafio nos é trazido pela
Secretaria Municipal de Cultura e Turismo da cidade: completar aquela obra,
publicando agora, um novo livro onde estivessem cobertos os três últimos pleitos.
A obra traz as principais publicações dos jornais locais e alguns regionais, sobre
as três últimas eleições municipais da cidade. Pudemos, em razão das facilidades
técnicas atuais, inserir algumas fotos, inclusive estampar as primeiras páginas de alguns
jornais quando estes focaram as eleições em alguma ocasião.
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diretamente, dos três embates eleitorais. São considerações a partir de nossa percepção
pessoal, visando fazer com que o leitor possa observar um pouco os conflitos, os
confrontos e as disputas travadas pelos vencedores e perdedores das batalhas eleitorais
na cidade.
Dez dias depois, outro partido ganhava as páginas do mesmo jornal, quando dia
30 de janeiro surge outra notícia que impactou a classe política da época: “Eleições:
presidente nacional do PST quer Álvaro como vice de Stazite” – Nosso comentário à
essa notícia foi de que essa possibilidade – aventada pela manchete do jornal, não
passou de um ―balão de ensaio‖ que serviu apenas para fortalecer o nome de Jesus como
candidato a Vice na chapa de Álvaro. Foi o que ocorreu! (...) O partido político a que
Jesus pertencia à época, o PST – Partido Social Trabalhista, era um partido pequeno em
nossa cidade. A veiculação dessa notícia fortaleceu a PST, tendo Jesus como sua maior
liderança, já que exercia a Presidência da Câmara Municipal‖.
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deste contra aquele partido... foram notícias que mantiveram acesa a chama eleitoral e
que faziam os jornais da época serem procurados pelos leitores.
No final do mês de maio entretanto, um notícia naquele ano de 2000 trouxe uma
inovação ao processo eleitoral: a urna eletrônica! Com ela, os métodos usados nos
processos eleitorais de até então, começaram a sofrer sensíveis alterações. Passou-se a
usar os números ao invés dos apelidos. Até então, alguém que tivesse um apelido
bastante popular, poderia apostila-lo em seu nome e usá-lo nas eleições, onde o eleitor
apenas o escreveria na cédula e o voto passava a ser válido. Com a vigência da urna
eletrônica, os números passaram a ser fundamentais: um número fácil de se decorar ou
uma sequência de algarismos era tudo o que os candidatos buscavam.
A segunda eleição abordada pela obra foi a de 2004. Tal e qual ocorrera quatro
anos atrás, nesse ano também as notícias sobre o pleito eleitoral começaram em janeiro.
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Se na eleição de 2000 o fato novo foi a urna eletrônica, nessa eleição de 2004 o
fato novo foi a vigência da reeleição para os cargos executivos. O prefeito atual poderia
se candidatar novamente!
Surgiram, até a definição oficial dos candidatos, muitos boatos, que a imprensa
registrou e que constam na obra. Nomes que eram aventados e que, na linguagem
política, eram ―balões de ensaio‖. A cidade teve mesmo foram quatro candidatos a
prefeito, sendo um deles o prefeito da época, Álvaro Alves Corrêa. Além dele, foram
candidatos, um estreante em política – Roberto Mantovani, um ex-candidato – Mário
Heins e outro ex-candidato mas também ex-prefeito – José Maria de Araújo Júnior, que
foi eleito com 42% dos votos.
Chegamos à eleição de 2008 – Nesse ano, a primeira notícia local sobre a eleição
municipal aconteceu apenas em fevereiro, quando o jornal Diário de Santa Bárbara
aborda em matéria de primeira página que o TSE tem até 5 de março para definir o
número de prefeitos e vereadores. Noutra matéria, dias após outro assunto político:
―Voto: falta estímulo para engajamento político do jovem‖, abordando que a
Constituição de 88 permitiu o voto facultativo a partir dos dezesseis anos, mas que
apesar disso, muitos jovens preferem tirar o título de eleitor apenas aos dezoito.
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Um dos candidatos, justamente aquele que havia crescido nas duas últimas
eleições – Mário Heins, buscou uma ampla coligação de partidos para apoiá-lo. Juntou
dezoito partidos políticos, num espectro ideológico de fazer inveja a qualquer
estrategista político. Juntou o seu PDT com PP, PV, PT, DEM, PMDB, PC do B, PR,
PTB, PSB, PRP, PRB, PTC, PRTB, PT do B, PSL, PHS e PMN.
Enquanto isso, o outro candidato, o Prefeito José Maria de Araújo Jr. partiu com
o seu PSDB, e aliou-se apenas ao PPS, ao PSC e ao PSDC. A eleição teve um caráter
plebiscitário, pois colocou em disputa o prefeito e seu opositor. Um candidato que,
estando no cargo pela terceira vez e uma opção nova, com todos aqueles partidos
coligados. O resultado foi o esperado pelos que analisaram aquela eleição: a junção de
forças atingiu 52,7% dos votos contra 47,3% do então prefeito.
A cobertura das três eleições municipais dá aos leitores uma visão de como
aconteceram os embates eleitorais, desde o início das especulações sobre as
candidaturas até a publicação dos resultados das urnas e permite ao leitor, uma análise
geral dos fatos que envolveram os pleitos.
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RESUMO: Este artigo objetiva fazer uma breve análise da rotina de assessoria de
imprensa do senador Ciro Nogueira no Piauí, pautada no papel desta assessoria para a
construção e o fortalecimento da imagem na esfera política e como agente catalisadora
da comunicação entre este e a sociedade. Foi realizado um estudo de caso, utilizando-se
a técnica da entrevista em profundidade semi-aberta e da análise documental. Fez-se uso
da pesquisa bibliográfica sobre assessoria de imprensa governamental e sobre as
vantagens do uso de determinadas ferramentas e estratégias comunicacionais neste
processo a fim de embasar a análise. Os resultados apontam que a assessoria analisada
neste estudo utiliza-se de maneira positiva de ferramentas eficazes para promover a
imagem de seu assessorado e que o maior desafio do assessor parlamentar é lidar com
interesses do seu assessorado preservando sua imagem positivamente.
1. Introdução
135
Estudante de Especialização em Jornalismo e Assessoria de Imprensa do Centro de Ensino Unificado de Teresina -
CEUT. E-mail: mariana__guedes@hotmail.com
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2. Relacionamento Assesor-assessorado
Sanmya relata, ainda, que o assessor não costuma dispensar muito tempo
observando os relatórios da assessoria de imprensa, exceto quando ela o informa
diretamente sobre algo de seu interesse.
É importante destacar que ferramentas como o clipping devem auxiliar não só o
assessor de imprensa, mas também o assessorado – a partir de uma seleção prévia feita
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pela assessoria do que pode vir a ser de interesse do seu cliente – a se informar sobre o
que acontece no seu âmbito de atuação ou que possa influenciá-lo direta ou
indiretamente.
Segundo Sobreira (2002, p. 46), ―além do contato sistemático com os jornalistas,
o empresário ou político precisa de uma estrutura que o informe sobre o que está
acontecendo.‖ Durante a entrevista a assessora do senador Ciro Nogueira afirma que
costuma orientar o seu assessorado antes de entrevistas, a fim de que ele conheça as
prováveis intenções do entrevistador e os assuntos que podem pautar a entrevista. Este
tema será discutido mais a frente.
De acordo com Dias apud Lucas (2007, p.112), é imprescindível ao assessorado
reconhecer que os profissionais que integram a sua assessoria de imprensa ―têm uma
especialização e dominam uma prática que requer conhecimento específico; portanto,
sua atividade não pode ser conduzida na base do palpite da improvisação‖.
Percebeu-se, portanto, uma relação harmoniosa entre assessor e assessorado no
sentido daquele ter confiança no trabalho desta, intervindo pouco na tomada de decisões
e mostrando-se disposto a ouvir e acatar sugestões.
3. Relacionamento assessor(a)-mídia
Devido à ausência de seu assessorado – ele está em Teresina apenas três dias por
semana – a assessoria de imprensa se utiliza mais da mídia imprensa, geralmente
enviando pautas exclusivas. No entanto, o assessorado confere eventualmente
entrevistas para rádio (principalmente do interior) e programas de televisão locais.
Sanmya demonstra ter um bom relacionamento com a imprensa e mostra-se preocupada
em oferecer exclusividade no envio de pautas, a fim de que o jornalista não perca o
interesse e os veículos publiquem as mesmas informações. De acordo com Dias apud
Lucas (2007, p. 106),
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4.3 Fotos
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O senador Ciro Nogueira possui contas e perfis nas três principais redes sociais:
Facebook, Twitter e Orkut.
O uso das redes sociais é hoje de fundamental importância para a divulgação e
promoção de uma imagem de uma pessoa, empresa ou grupo. Elas permitem uma rápida
interação com o público em geral e com a mídia. A agenda jornalística tem sido cada
vez mais influenciada pelos assuntos comentados na internet e pela forma como se
apresentam (mudanças estruturais e gráficas na forma de veicular as notícias).
O senador Ciro Nogueira participa das três principais redes sócias: Orkut,
Twitter e Facebook. A partir de breves observações e de relatos da assessora de
imprensa Sanmya Meneses é possível constatar que o senador utiliza as ferramentas
inclusive de forma pessoal. Segundo ela, ele é jovem e gosta de participar e atualizar
seus perfis.
No entanto, por ser uma figura pública, Ciro Nogueira deve ser instruído, com
vistas ao acesso pela imprensa nestas redes, sobre o que poderia causar transtornos e
ferir a sua imagem. Sanmya Meneses relata que o senador se referiu ao senador
Francisco Moraes Souza, Mão Santa, de doido em seu Twitter. Coube à assessora
alertar que, apesar de utilizado também para uso pessoal, as redes sociais são públicas e
que ele deveria tomar mais cuidado com o que publica. Este é, inclusive, um exemplo
ilustrativo para o que será discutido no próximo tópico.
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5. Situações de Crise
Uma situação de crise que é capaz de destruir uma reputação. De acordo com
Rosa (2001, p. 22), ―as crises de imagem são bem particulares, pois se caracterizam por
um clima de comoção e por uma ampla difusão de informações, através dos veículos de
comunicação. Transcorrem num ritmo e numa evolução acelerada, criando pesadas
dificuldades para aqueles que porventura estejam situados em seu epicentro.‖.
As crises de imagem atingem o ―patrimônio mais importante de qualquer
entidade ou personalidade que mantenha laços estreitos com o público: a credibilidade,
a confiabilidade, a reputação‖ (ROSA, 2001, p. 21).
Um exemplo citado pela assessora de imprensa entrevistada corresponde à
campanha das eleições de 2010, quando Ciro recebeu inúmeros ataques da oposição e
alguns deles até envolvendo sua vida pessoal. Segundo Sanmya, ele manteve a
compostura e não respondeu aos ataques dos seus adversários no mesmo nível. Ele
soube separar a vida pessoal de sua campanha e utilizou-se do equilíbrio emocional para
não ceder às provocações da oposição.
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5. Conclusão
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CHINEM, Rivaldo. Assessoria de imprensa: como fazer. São Paulo: Summus, 2003.
LUCAS, Luciene (org). Media training: como agregar valor ao negócio melhorando a
relação com a imprensa. São Paulo: Summus, 2007.
ROSA, Mário. Como lidar com crises de imagem: a síndrome de Aquiles. São Paulo:
Editora Gente, 2001.
SOBREIRA, Geraldo. Manual da fonte: como lidar com os jornalistas. 2ª ed. São
Paulo: Geração Editorial, 2002.
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Resumo:
Este texto é parte das reflexões da nossa monografia de conclusão do curso de Pós-
Graduação Lato Sensu em Marketing Político e Propaganda Eleitoral. O trabalho foi
defendido junto à Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo e
consiste no estudo das representações pictóricas e suas contribuições para construção de
significados na propaganda político-eleitoral. Partindo de uma análise de peças de
comunicação das campanhas políticas majoritárias de Luizianne Lins (PT-CE) e
Marcelo Crivella (PRB-RJ) no ano eleitoral 2008, busca-se investigar características do
discurso imagético proferido pela propaganda político-eleitoral brasileira.
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Palavras-chave:
1. Imagem e Representação
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2. O Nascimento da Logosfera
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Com a invenção do alfabeto, a escrita passa a significar evolução das tradições orais.
Por conseguinte, pessoas ou populações que não dominam a escrita alfabética tornam-se
iletradas e, portanto, incultas. Sistemas pictográficos de representação passam a ser
exemplares históricos de um estágio pré-civilizacional (MACHADO, 2010).
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sacrifica mundos de significado e percepção que eram assegurados por formas como o
hieróglifo e o ideograma chinês (McLUHAN, 2003, p. 119, tradução nossa).
Isso significa que a cultura letrada e visual, materializada por meio do alfabeto
fonético, decretou o fim de um mundo tribal e favoreceu a criação de uma sociedade
com base em conhecimentos especializados e funções fragmentadas. Para McLuhan o
alfabeto significava poder, autoridade e a possibilidade de controle de estruturas
militares localizadas distantemente. Quando combinado com o papiro, o alfabeto
decretava o fim do monopólio da Igreja sobre o conhecimento.
Conhecimento sempre significou poder e o poder do logos, aqui entendido
filosoficamente como razão, é o que sempre separou o homem dos animais. Assim
como afirmou o poeta Yves Bonnefoy (1998 apud MORIN, 2010, p. 43) ―são as
palavras, com seu poder de antecipação, que nos distinguem da condição animal.‖
O Renascimento deve, em grande parte, seu sucesso à invenção chinesa do papel, que
foi introduzido pelo leste europeu. Por meio do papel é que a educação e o comércio
europeus puderam ser acelerados. O papel popularizou os impressos e na Alemanha do
século XV, o inventor e gráfico Johannes Gutenberg criou a primeira fonte tipográfica.
Essa fonte o ajudou mais tarde a elaborar por completo a família de caracteres do
alfabeto latino utilizado na composição da sua Bíblia de 42 linhas.
As fontes tipográficas podem ser entendidas como ―imagens manufaturadas para
repetição infinita‖ (LUPTON, 2006, p. 13). Juntamente com a prensa de Gutenberg, os
tipos móveis trouxeram consigo a possibilidade de visualização, registro e reprodução
em massa dos textos e histórias antes orais.
As propriedades do fluxo da experiência oral foram abstraídas pela palavra
escrita, que as fixou em forma espacial. A palavra foi mergulhada no espaço com a
invenção da imprensa. Walter Ong afirma que a imprensa converteu a palavra num
objeto visual com localização específica no espaço:
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A impressão tipográfica do alfabeto, na qual cada letra era moldada em uma peça
isolada de metal (o tipo) foi um revolução psicológica de primeira ordem... A impressão
situa as palavras no espaço com uma fixidez que a escrita nunca atingiu. Se a escrita
transportou a palavras do mundo do som para o mundo visual, a impressão fixou sua
posição no espaço (1981 apud LUPTON, 2006, p. 67).
Estudar mais a fundo a história tipográfica pode revelar ―uma tensão contínua
entre a mão e a máquina, o orgânico e o geométrico, o corpo e o sistema abstrato. Essas
tensões, que marcaram o nascimento das letras impressas há mais de quinhentos anos,
continuam a energizar a tipografia hoje‖ (LUPTON, 2006, p. 13). Diferentes relações
geométricas implícitas no desenho das fontes podem atestar diferentes manifestações
dialéticas do gênio humano.
McLuhan afirmara certa vez: ―a tipografia tendeu a fazer com que a linguagem
deixasse de ser um meio de percepção e exploração para transformar-se em um produto
portátil‖ (1972 apud LUPTON, 2006, p. 65). Juntamente com a evolução das técnicas
de impressão, também evoluiu o desenho dos tipos.
A tipografia acabara por ajudar na concepção do embrião de uma sociedade de
base informacional. As letras são produtos culturais e podem ser entendidas como
signos discretos que fazem parte do alfabeto, um sistema semiótico que tem a
capacidade de promover algo maior que a própria letra: a leitura.
Para McLuhan a tipografia não pode ser isolada apenas ao mecanismo da prensa.
Ele argumentava justamente o contrário, enxergando que a página produzida pela
tipografia era o núcleo sensorial que redimensionava as relações no ambiente de leitura.
A escrita alfabética reproduzida em massa acabara por abrir novas possibilidades para a
leitura. A quantidade de significados capazes de serem produzidos pela junção das letras
em palavras e dessas em textos foram mais que ampliados.
O texto da propaganda político-eleitoral brasileira – observado do ponto de vista
semiótico – é o objeto de análise desse trabalho, já que se pretende investigar de que
forma essa mesma propaganda faz uso de elementos de significação semântico-estética
na sua concepção.
Ao observar as ruas de qualquer cidade brasileira após um dia de votação,
percebe-se a enorme quantidade de lixo produzido pela propaganda eleitoral impressa
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partido do então vice-presidente José Alencar e um dos partidos que compunham a base
governista durante o ano eleitoral.
4. Análise das Peças de Comunicação de Luizianne Lins e Marcelo
Crivella nas Eleições Municipais de 2008
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faz pelo político. Ela se materializa nas peças de campanha, tornando-se tangível e
apelando para os sentidos dos eleitores. O eleitorado pode, por meio das peças da
propaganda político-eleitoral, ver, tocar, sentir ou escutar o que o candidato tem a dizer.
A identidade de marca favorece o reconhecimento do político e amplifica a
diferenciação do mesmo perante seus concorrentes.
É consenso entre estudiosos que a simbologia da marca deve estar diretamente
ligada ao conceito que o político deseja construir na cabeça do eleitorado. Essa
simbologia também é traduzida pelas tensões nos tipos de traçados das linhas que
compõem o logotipo do candidato. A palavra logotipo vem do grego e na sua formação
entram o termo logos, que pode ser traduzido como conhecimento ou palavra, e o termo
typos, que significa padrão ou grafia. Um logotipo é um símbolo constituído por uma
palavra graficamente particularizada. Nesse sentido, o logotipo do candidato faz uso de
fontes tipográficas, cuja construção e desenho é algo vivo, proteiforme e pode acabar
por traduzir o pensamento estético vigente de determinado contexto espaço-temporal. O
diagrama que essa letra assume ou como é concebido acaba por refletir estereótipos de
dominação cultural que vendem desde sofisticação e tradicionalismo até simplicidade e
modernidade:
O tipo de letra, a cor, a forma e o design e o símbolo (estrela, tucano, foice e martelo,
árvore etc.) que integram o logotipo transmitem conceitos em níveis subconscientes,
como agilidade, tradicionalismo ou modernidade, sofisticação ou simplicidade, popular
ou para a elite, suavidade ou agressividade (BARBOSA e SAISI, 2007, p. 301).
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Indicadores Sociais 2008 publicada pelo IBGE, persistia um número elevado de pessoas
que não sabiam ler ou escrever: 14,1 milhões de analfabetos, dos quais 9 milhões eram
pretos e pardos e mais da metade residia no Nordeste, o principal objetivo de um
logotipo de campanha é gerar identificação por parte dos eleitores, mesmo que esses não
compartilhem do código alfabético, ou seja, que não tenham sido alfabetizados.
Imagem é texto, com isso em mente pode-se afirmar que a grande massa de
analfabetos, mesmo não conseguindo decodificar o que vem a ser a letra e ler de fato o
nome do candidato, tem um tipo de percepção e interpretação a respeito de como o
logotipo foi apresentado em sua forma e aparência. Stanley Fish afirma que
interpretamos textos porque somos parte de uma ―comunidade interpretativa‖ que nos
fornece uma forma particular de ler um texto. Ele destaca ainda que as leituras de um
texto são culturalmente construídas, o que tem ligação direta com o ambiente e com as
ideologias vividas e compartilhadas por determinado grupo.
Em relação ao logotipo do candidato Crivella (figura 1), pode-se dizer que sua
construção foi baseada na fonte tipográfica TheSerif, projetada pelo designer holandês
Lucas de Groot em 1994 como parte da família tipográfica Thesis. Na composição da
marca foi adicionado outro elemento gráfico de ordem iconográfica: uma representação
pictórica do Pão de Açúcar, forma peculiar do relevo carioca bastante conhecida e que
remete diretamente à cidade do Rio de Janeiro. Vale ressaltar que o padrão cromático
utilizado no projeto da marca não tem ligação direta com a paleta de cores verde e
amarela, oficial do PRB, partido de Crivella.
Quanto ao logotipo da candidata Luizianne (figura 2), afirma-se que seu
desenho foi baseado na fonte tipográfica Letraset Crillee, projetada em 1981 pelo
designer Dick Jones – então funcionário da tradicional fundição tipográfica alemã
Linotype. No desenvolvimento do logotipo a fonte sofreu alguns intervenções gráficas
que alteraram o seu diagrama. Na composição da marca, a simbólica estrela vermelha
de cinco pontas do PT entrou acompanhada de faixas horizontais nas cores amarela e
vermelha, padrão cromático utilizado até então pelo partido nas suas peças de
propaganda político-eleitoral.
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base da peça, sendo sobreposta pelo logotipo do político. Crivella se apresenta de terno
preto, camisa azul claro e gravata vermelha com listras finas de cor branca. A nitidez da
fotografia não é das melhores e sua qualidade encontra-se comprometida, porém
percebe-se que o candidato apresenta algumas marcas de expressão ao lado de ambos os
olhos. A iluminação da fotografia não oferece tanto volume ou profundidade à figura do
político e o tom de pele do candidato tem áreas mais escuras e outras mais claras com
contraste considerável entre elas, o que acentua a artificialidade da foto, mostrando um
candidato com sorriso leve e bem mais jovem do que ele realmente era na época da
disputa eleitoral. O slogan é composto de forma centralizada, porém localizada do lado
direito do cartaz e bem na altura do rosto do político.
Em terceiro e último plano encontra-se o fundo do cartaz, uma ilustração que
junta três elementos pictoricamente representados: o céu, o mar e o Pão de Açúcar. O
céu apresenta-se em tons mais claros de azul junto à linha do horizonte e em tons mais
escuros junto ao topo do cartaz, numa passagem gradual de um tom para o outro. O mar
segue a lógica contrária, tem um tom de azul mais escuro junto à linha do horizonte e
outro tom mais claro que se aproxima mais da base do cartaz, a passagem de um tom
para o outro também é gradual, porém menos intensa do que no céu. Integrada à
composição, encontra-se a ilustração do Pão de Açúcar. A representação pictórica do
Pão de Açúcar está localizada do lado direito e bem ao centro do cartaz, dividindo o céu
e o mar. Ela tem tons de verde claro e escuro na sua paleta cromática, também com
passagem gradual de um para o outro. Ainda é percebida na representação uma linha
unindo os dois morros principais, o que sugere o cabo pelo qual os famosos bondinhos
turísticos passam.
O visual gráfico do cartaz de Crivella é um misto de representações icônicas e
visual-abstratas mais representações figurativas. A foto do político, apesar da má
qualidade, é essencialmente figurativa. Enquanto que o fundo gráfico da peça mais os
elementos que compõem a marca do político são essencialmente icônicos. A visualidade
abstrata desses elementos gráficos esforçam-se para representar pictoricamente tanto o
candidato como a cidade do Rio.
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Além disso, o fundo é formado por linhas claras que tem no meio do cartaz seu centro
irradiador, o que acentua a ideia de movimento e profundidade. O fundo tem tons de
vermelho mais claros e outros mais escuros com uma passagem gradual entre eles.
Todos os elementos da composição gráfico-visual sugerem, movimento e
dinamismo. Desde o logotipo da candidata que se apresenta de forma oblíqua até o
fundo gráfico do cartaz que possui linhas sugerindo expansão, velocidade e
profundidade. O leve desfoque de movimento das estrelas do fundo acentuam ainda
mais a ideia de movimento da composição. O slogan da candidata faz referência direta
ao apoio político nos níveis Estadual e Federal, já que a política teve o apoio tanto do
Governador Cid Gomes como do então Presidente Luís Inácio Lula da Silva durante o
período eleitoral de 2008. A forma geométrica sugerida pela figura de Luizianne é um
triângulo equilátero, o que faz com que a composição esteja em equilíbrio perfeito com
sua localização na posição central. Isso sugere o equilíbrio da imagem pública de
Luizianne.
Ambos os cartazes apresentam elementos de composição gráfica muito
parecidos entre si: a foto do candidato, o slogan, sua marca e um fundo gráfico-visual.
Todos esses elementos são utilizados para representar pictoricamente a imagem que os
políticos tentam transmitir e acabam por refletir um tipo composição gráfico-visual bem
recorrente nas peças da propaganda político-eleitoral brasileira. Essa imagem estético-
visual que os candidatos tentam construir demonstram que a propaganda político-
eleitoral brasileira tem considerável preocupação com a criação de signos gráficos,
tipográficos, cromáticos e pictóricos.
5. Considerações Finais
Da mesma forma que um arquiteto tenta comunicar certos valores por meio da
construção de uma forma espacial ou estrutura arquitetônica, designers e diretores de
arte utilizam elementos gráfico-visuais na construção de logotipos e composição dos
layouts das peças gráficas para também transmitir determinados valores e se refutar
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outros. Uma das tarefas mais importantes que esses profissionais podem ter é
justamente buscar um ponto de equilíbrio entre a identidade do candidato, a imagem que
se pretende transmitir e as características culturais das respectivas ―comunidades
interpretativas‖ formadas pelo eleitorado.
As peças da propaganda político-eleitoral brasileira utilizam diversos elementos
gráficos na construção do seu discurso estético-visual, as marcas e cartazes tanto de
Marcello Crivella do PRB, como de Luizianne Lins do PT evidenciaram isso. Foram
percebidos nitidamente dois pólos de representação imagética: um essencialmente
icônico, de visualidade abstrata e outro essencialmente figurativo, tentando ser
semelhante à realidade que representa. Isso ficou evidente nas relações das fotografias
dos candidatos com seus respectivos fundos gráficos e icônicos. Entre esses dois pólos
percebeu-se ainda um tipo de gradação de nuances que aproximavam ou distanciavam
os signos de seus objetos representados.
A utilização desses elementos gráfico-visuais revelam que a propaganda
político-eleitoral favorece a estetização da política, utilizando estereótipos de
dominação cultural para vender conceitos planejados pela área do Marketing Político.
Entende-se que o fenômeno de estetização da política pode ser percebido quando a
própria política é encoberta e moldada pela preocupação com a imagem e com a
aparência. Nesse sentido, a política pode fazer uso de elementos estéticos de caráter
local na construção da imagem dos candidatos a cargos públicos regionais, bem como
ser envolvida pela arte e pela mídia. Estas acabam por mobilizar ―a criatividade cultural
e a inventividade estética não somente na produção de um artefato cultural, mas também
em sua promoção, embalagem e transformação em algum tipo de espetáculo de
sucesso‖ (HARVEY, 2010, p. 312).
A imagem que se projeta de cada político passa a ser essencial na conquista de
eleitores e segundo David Harvey:
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Referências
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HASWANI, M. Comunicar para convencer. In: PEREIRA, H. (org.). Como agarrar seu
eleitor: manual de campanha. São Paulo: SENAC, 1995.
LUPTON, Ellen. Pensar com Tipos: guia para designers, escritores, editores e estudantes.
São Paulo: Cosac Naify, 2006.
McLUHAN, Marshall. A Galáxia de Gutenberg. São Paulo: Cia Editora Nacional / Edusp,
1972.
__________. Understanding Media: the extensions of man. Critical Ed. Corte Madera:
Gingko Press, 2003.
MORIN, Edgar. A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento (trad. Eloá
Jacobina). Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2010, 17ª edição.
WHEELER, Alina. Designing brand identity: an essential guide for the entire branding
team. 3rd Ed. Hoboken: John Wiley & Sons, 2009.
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Introdução
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Danielle Xavier do Nascimento. Jornalista e pós-graduanda em Gestão da Comunicação Mercadológica pela Faculdades
Integradas de Bauru – FIB. E-mail: danidaninascimento@yahoo.com.br
137
Rodrigo Carvalho da Silva. Jornalista, pós-graduando em Gestão da Comunicação Mercadológica pela Faculdades Integradas
de Bauru – FIB e mestrando em Comunicação pela Universidade Estadual Paulista – UNESP. E-mail:
redator.carvalho@itelefonica.com.br
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Desenvolvimento
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3. Marketing Político
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4. Comunicação e Marketing
No caso desta pesquisa, que trata sobre marketing político, os consumidores são
substituídos pelos eleitores como alvo principal da comunicação de marketing da
campanha de um candidato ou partido. O produto se torna o próprio candidato, que visa
vender sua imagem ao eleitor através da elaboração e divulgação de suas propostas. As
propostas de um candidato tentam atrair o eleitor, assim como o preço de um produto
tenta atrair o consumidor. A opinião pública é o que busca qualquer plano de
comunicação e corresponde a média das posições predominantes na sociedade em
relação a uma organização, pessoa ou acontecimento. De acordo com Kopplin e
Ferraretto (2001), a construção da opinião pública efetiva-se em três níveis:
- INTERPESSOAL: atitudes, opiniões, motivações ou mecanismos de defesa
particulares existente em cada indivíduo social e quando relacionados podem modificar
ou construir uma opinião em comum;
- SOCIAL: a opinião pública sofre a interferência de fatores sociais
estabelecidos por interesses econômicos e situações de um grupo;
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5. A Comunicação Mercadológica
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De acordo com Kotler e Keller (2000), a propaganda pode ser utilizada para
desenvolver uma imagem duradoura a um produto, assim como estimular vendas
rápidas, alcançando com eficácia compradores diversos geograficamente. O efeito de
vendas de uma propaganda pode se dar simplesmente pela repetição, considerando que
os consumidores associam que uma marca muito anunciada pode ter mais valor.
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Fonte: http://www.movmarina.com.br/
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A figura de Gilberto Gil como cantor da música jingle das campanhas de Marina
Silva e do Partido Verde possui alta representatividade, pois o mesmo já exerceu cargo
político no Brasil e é um filiado histórico do partido.
Nas imagens seguintes os participantes se manifestam com palmas e cantam em coro:
―Marina! É sua vez! Eu vou votar 43‖.
Marina chega sorridente e é recebida pelos militantes e também pela imprensa.
Em seguida, o vídeo mostra Marina dentro de um carro sendo abordada e
cumprimentada pela população que oferece apoio a candidata. Alguns cidadãos chegam
até ela, a cumprimentam e beijam sua mão.
Essa imagem da população beijando a mão de Marina pode ser interpretada
como um sinal de respeito e reverência à candidata. O fato de ela estar sentada no banco
do carro e estendendo a mão, transmite o sentido conotativo de magnificência. Outros
cidadãos tiram fotos da candidata, demonstrando admiração e idolatria.
Marina agradece o carinho das pessoas e pede votos. ―Vamos votar, vamos
votar, na nossa região‖. Ela faz isso de forma indireta, não pedindo votos para si
mesma. Ela pede votos para a região, subentendendo que ao votar nela, o cidadão estará
consequentemente trazendo representação e visibilidade política para o norte do país.
Ao proferir essa frase Marina se coloca como parte integrante daquela região e daquela
comunidade. Mesmo Marina não sendo natural do Belém do Pará, mas sim do Acre, ela
generaliza e considera o norte como um todo que deve ser fortalecido politicamente.
Nessa construção fica implícito o contexto do norte do país como uma região que
historicamente tem sido desprezada em âmbito nacional.
Em seguida, Marina faz um desfile por regiões periféricas de Belém, em cima de
um caminhão palco, acenando para a população e pedindo votos. A população retribui
os acenos. Em parte do vídeo crianças festejam por ver Marina.
As imagens da periferia de Belém demonstram o quanto a região precisa de
apoio e amparo político para melhorias em diversos aspectos sociais, sobretudo em
infraestrutura. A utilização de crianças no vídeo também apresenta um forte indício de
que o mesmo foi criado com finalidades mercadológicas, explorando o apelo emocional
e recursos de persuasão.
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Considerações Finais
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Referências
ARAPUÃ, Sérgio de Andrade. Como vender eleições usando TV e rádio. São Paulo:
Editora Nobel, 1996.
GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5.ed. São Paulo: Atlas, 1999.
LIMA, Maria José Araújo. Ecologia humana: realidade e pesquisa. Petrópolis: Vozes,
1984.
PARTIDO VERDE. No Pará, Onda Verde vira pororoca. Brasil. Partido Verde.
Brasil. 29 set. 2010. (2 min. e 27 seg.). Vídeo do Movimento Onda Verde em visita ao
Estado do Pará. Divulgado no canal oficial da candidata Marina Silva no youtube. <
http://www.youtube.com/user/msilvaonline>. Acesso em 15 dez. 2010.
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Resumo
Entre as várias intervenções provocadas pelo homem, a destinação inadequada dos
resíduos sólidos e rejeitos (lixo), tem causado impactos negativos na qualidade de vida
do planeta. Este artigo tem por objetivo discutir resumidamente as diretrizes da Nova
Política Nacional de Resíduos Sólidos, que foi regulamentada em dezembro de 2010,
bem como propor reflexões acerca da responsabilidade integrada do consumidor,
indústria e governo. Pretende também destacar o papel da educação ambiental e dos
meios de comunicação na conscientização dos cidadãos à adotarem medidas simples,
voltadas às boas práticas ambientais, com os resíduos sólidos, visando o atendimento ao
Plano de Gestão de Resíduos Sólidos no Brasil, que considera a gestão inadequada de
resíduos sólidos como crime ambiental.
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criação de possíveis iniciativas públicas com relação aos resíduos sólidos. A lei
disciplina a coleta, o destino e o tratamento de resíduos sólidos urbanos perigosos,
industriais, domiciliares, entre outros (BRASIL, 2010).
Os rejeitos seriam aqueles materiais que não possam ser recuperados por
processos tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis e que não apresentam
outra possibilidade que não a destinação final ambientalmente adequada em aterros
sanitários ou aterros indústrias.
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É por isso que uma das maneiras de colocarmos em prática ações adquiridas de
educação ambiental, no sentido de minimizar a questão dos resíduos sólidos, é a coleta
seletiva, a reciclagem e o reaproveitamento de alguns desses resíduos úteis. Quando
todos agirem desse modo, estarão evitando que materiais recicláveis - vidro, papel,
alumínio, plásticos, entre outros - sejam enviados aos lixões e aterros sanitários,
poluindo os corpos de água, o solo, o subsolo e o ar e, porque não? degradando ainda
mais a paisagem natural ou urbana.
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dirigir-se ao consciente das pessoas e não ao seu inconsciente (BRANCO, 2002, pg.
86).
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Referências
BRANCO, Samuel Murgel. Meio ambiente uma questão de moral. São Paulo, OAK,
2002.
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RESUMO
O presente artigo é parte da pesquisa em andamento intitulada Turismo
Sustentável e Comunicação: estudo de caso sobre o papel da
comunicação na percepção da cidade de Cotia. Este trabalho propõe
uma análise da sustentabilidade do turismo, estabelecendo as conexões
entre políticas de planejamento, participação e comunicação para a
construção de processos de desenvolvimento, que envolvem tanto os
governos como membros da comunidade. O método utilizado foi o
exploratório por meio de revisão bibliográfica. Os resultados preliminares
demonstram que o turismo sustentável é basilar no desenvolvimento de
qualquer localidade, seja na implantação ou aperfeiçoamento da
atividade.
INTRODUÇÃO
138
Pós graduanda latu senso do Curso de Comunicação Integrada e Marketing da
Universidade Presboteriana Mackenzie. E-mail: crisoka@cotianet.com.br
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1 Turismo Sustentável
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5 A política de Turismo
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7 Planejamento Sustentável
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REFERÊNCIAS
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G
T – 7 PESQUISAS ELEITORAIS E
IMAGEM PÚBLICA
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RESUMO
Neste artigo buscamos analisar um momento interessante na disputa pelo governo do
Piauí durante as eleições de 2010: o candidato Sílvio Mendes preferiu não associar sua
imagem à de José Serra, mesmo ambos pertencendo ao mesmo partido, enquanto o seu
concorrente Wilson Martins fez de Dilma Rousseff uma base de sustentação de sua
campanha. Diante deste cenário, o chargista Moisés encontrou elementos ricos para
produzir uma animação, baseando-se nas posturas e estratégias dos candidatos
piauienses. Utilizamos conceitos da Análise de Discurso, do Marketing, além de outros
que possibilitem analisar a composição de uma charge. Pudemos constatar que pode
haver relação de contrato de leitura não só entre veículos e seus públicos, mas também
entre eleitores e candidatos – o que influencia em muitas das ações dos personagens da
política partidária.
PALAVRAS-CHAVE: Marketing Político; Eleições; Charge.
INTRODUÇÃO
O período eleitoral é um momento rico de fenômenos comunicacionais a serem
analisados, seja antes, durante ou depois das campanhas. Nesta pesquisa, lançamos um
olhar para a relação entre comunicação e política na busca estudar fenômenos de
produção de sentido. As eleições ao governo do estado do Piauí no ano de 2010 foram
muito ricas em material para análise.
Sílvio Mendes (PSDB) foi reeleito em 2008 para a prefeitura de Teresina, capital
do estado, e havia renunciado ao cargo em 2010, em favor de seu vice Elmano Férrer
(PTB), para disputar o cargo de governador. Wilson Martins (PSB) era vice-governador
139
Trabalho apresentado no X Congresso Brasileiro de Marketing Político - Politicom, nos dias 03 e 04 de agosto de
2011; GT 7 - Pesquisas eleitorais e imagem pública.
140
Estudante de graduação em Comunicação Social/Habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Piauí,
com intercâmbio na Universidade do Minho (Portugal) para cursar disciplinas de graduação e mestrado em Ciências
da Comunicação; Integrante dos núcleos de pesquisa de Estudos e Pesquisas em Estratégias de Comunicação
(NEPEC) e de Pesquisa em Comunicação e Jornalismo (NUJOC); tamirescoelho@hotmail.com
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Para analisar os interesses que levaram o candidato Sílvio Mendes a tentar não
associar sua imagem pública ao representante nacional do seu próprio partido nas
eleições de 2010, faz-se necessário entender conceitos como imagem, análise de
discurso e contrato de leitura, em meio ao contexto piauiense.
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por compreender as relações entre esse suporte e seu público, bem como as estratégias
utilizadas na construção do discurso. Uma relação parecida pode ser estabelecida entre
candidato e eleitor.
A análise do contrato de leitura abrange, consequentemente, todos os aspectos da
construção de um suporte e a sua ligação com o leitor, modalidades de construção das
imagens, tipos de percursos propostos ao leitor e as variações que são produzidas para
definir o modo específico pela qual o suporte construiu a ligação com o seu leitor. Um
contrato semelhante a esse é estabelecido entre eleitor e candidato e entre os cidadãos e
o Estado.
O ―poder‖, segundo Bobbio (2009, p.77), é colocado como uma relação entre
dois sujeitos na qual um deles obtém do outro um comportamento que, em caso
contrário, não ocorreria. Daí, podemos comparar essa relação aos modelos de ―contrato
social‖ existentes nos trabalhos de Rousseau, Hobbes e Locke, que explicam de
maneiras distintas a espécie de contrato existente entre as pessoas e o Estado
(representado por uma forma governo ou autoridade), onde aqueles abrem mão de
direitos tendo em vista vantagens sociais.
É imprescindível contextualizar que o Piauí é um dos estados do Nordeste e do
Brasil no qual a candidata Dilma Rousseff e o próprio Lula têm uma grande aceitação
parte do eleitorado, em desfavor do candidato José Serra. Prova disso são os resultados
das eleições apurados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE)141, os quais apontam que,
dentre os votos válidos em território piauiense 69,98% foram para a candidata de Lula,
enquanto apenas 30,02% foram para José Serra.
Assim, ao tentar estabelecer um vínculo com o eleitor piauiense, a equipe de
Sílvio Mendes provavelmente percebeu que não seria proveitoso explorar uma
associação com um candidato à presidência que não corresponde ao gosto do eleitorado.
Uma eleição é ―um grande processo mercadológico em que o candidato procura vender,
passar as suas ideias, as suas propostas a um eleitor que vai comprá-las" (CABRAL,
1998, p. 99).
141
Resultado disponível no endereço: http://g1.globo.com/especiais/eleicoes-2010/apuracao-2-turno.
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Silveira diz que ―as imagens associadas aos produtos são relacionadas
simbolicamente pelo consumidor à imagem de si percebida e pretendida. O consumidor
procura escolher produtos e marcas que reforcem a identidade de imagem desejada,
caracterizando atributos sociais distintivos‖ (2000, p. 126). Se Cabral diz que a eleição é
um processo mercadológico, podemos concluir que a associação de imagens dos
produtos parte de um princípio comum à imagem dos candidatos políticos.
De acordo com Rubim (2003):
[...] um estudo eleitoral para ser coerente com tal formulação deve não só
analisar a disputa em torno das interpretações da realidade, consubstanciadas
muitas vezes nas formulações das propostas programáticas diferenciadas e
nos discursos das candidaturas, mas também dedicar sua atenção à luta, que
acontece a cada instante, pela construção e desconstrução das figuras
políticas, individuais e coletivas, que participam da competição eleitoral. A
disputa pela construção e desconstrução acontece inclusive e principalmente
através do embate comunicativo, inerente a este momento singular da
política. Em suma, uma análise abrangente das eleições em uma situação de
Idade Mídia deve necessariamente abranger, de modo articulado, esses dois
movimentos, ao mesmo tempo distintos, indissociáveis e, por vezes,
profundamente entremeados. (p.07)
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Ainda sobre o horário eleitoral, Almeida (1998) afirma que ―a força das
mensagens no HEGTV dependem do respaldo que as ideias transmitidas já tenham
construído ou estejam construindo na sociedade através de outros meios‖.
Dessa forma, comprovamos o que Rubim (2003, p.07-08) destaca ao assinalar
que a imagem pública na política é construída em um campo de forças, em que tanto o
protagonista, como seus aliados e adversários disputam, em todo momento, a
construção e desconstrução das imagens públicas dos entes envolvidos no jogo político
– competição essa que é potencializada e acelerada durante as eleições, que o autor
considera ―um momento político singular‖.
Ainda que os ângulos escolhidos e enfatizados possam ser diferenciados,
possibilitando algumas nuances importantes na construção das imagens
públicas, existe um horizonte para a reinvenção das imagens públicas
políticas. Do presente, a imagem reivindica um encaixe adequado no cenário
político atualizado, recolhendo e reconhecendo suas demandas e seus
constrangimentos. O posicionamento satisfatório do ator político no contexto
da atualidade, colocando-se em posição privilegiada para a disputa eleitoral,
exige uma imagem pública que interaja substantivamente e se inscreva nos
horizontes que tecem tal contexto. Do futuro, a imagem deve captar
142
Um exemplo é o vídeo disponível no YouTube denominado Lula pede voto para Wilson Martins:
http://www.youtube.com/watch?v=7zlNBln58xM&NR=1.
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Para Foucault (2006), todo discurso é ideológico por buscar legitimar uma
verdade a partir de uma afirmação e também de uma negação. Para ele, cada época
determina a formação discursiva, que está disseminada em todos os lugares, de forma a
legitimar valores e coibir significados. Esses discursos impõem o que deve ser falado,
moldando o individuo em função do que a sociedade dita.
A charge também é um tipo de discurso e é bastante utilizada no Brasil,
sobretudo, para referir-se a assuntos ligados à política. A charge é uma espécie de sátira
a um acontecimento atual que retrata de maneira opinativa personagens de forma
caricatural. Ela é um ―editorial gráfico‖ que sugere uma crítica e carrega consigo a visão
subjetiva do autor sobre situações diversas, encontrando-se quase sempre na página dos
editoriais impressos, uma página considerada ―nobre‖. No Brasil, por muito tempo as
charges foram alvo de censura, na ditadura, por conta de seu poder de alcance e
popularidade.
O chargista Moisés retratou sob forma de animação, o fenômeno analisado. A
charge intitulada ―Wilson, Dilma e Lula‖ está ainda disponível no site YouTube 143 e
mostra o candidato Wilson Martins com Lula e Dilma Rousseff posando para fotos da
campanha. Enquanto isso, em outro plano, o fotógrafo tenta fotografar José Serra e
Sílvio Mendes, mas o candidato piauiense tentar fugir correndo, enquanto Serra o puxa
pelo braço e diz ―Venha pra cá, Sílvio, senão você não sai na foto! Anda! Volte aqui!‖.
O desenho de Sílvio responde: ―Me larga, me deixa de mão!‖. A charge supracitada faz,
claramente, apologia à campanha de Wilson Martins e foi utilizada pela sua equipe de
campanha na internet.
Para Grudzinsk (2009, p. 01), há fatores relevantes na composição das
ilustrações, como interesse público e proximidade dos fatos. Segundo a autora, ―através
do humor, da crítica e dos fatos ocorridos, o leitor cria um elo com essas ilustrações e,
muitas vezes, opta pela leitura da charge que se torna de fácil entendimento e de rápida
assimilação‖.
143
A charge animada Wilson, Dilma e Lula está disponível no endereço:
http://www.youtube.com/watch?v=B66EpLKYAVI&feature=related.
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Dessa forma, percebemos traços típicos dos personagens retratados por Moisés
na charge, como o rosto tipicamente caricaturado de Lula, em um corpo pequeno e
gordo. Wilson Martins é retratado como o mais alto no meio de Dilma e Lula
(referência à pose da foto clássica da campanha dele), com o nariz avantajado e um
sorriso sempre bastante aberto, além de estar vestido de amarelo – uma das cores do seu
partido, o PSB. Já Rousseff aparece com seu conjunto de calça e blazer vermelhos
(principal cor do PT) – bastante usados em época de campanha – e com seu cabelo
penteado da forma como ela usava frequentemente nas fotos de campanha.
Já José Serra aparece bastante magro e com uma cabeça enorme – que sugere o
formato da cabeça de um alienígena –, com a cabeça calva em evidência, além dos
olhos grandes e o queixo também grande – como ele geralmente é retratado nas charges.
Sílvio Mendes aparece com sua barriga bastante em evidência, além de ter as pernas
curtas, um queixo grande, a cabeça calva e o nariz em forma de ―batata‖.
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CONCLUSÃO
Nenhum evento se dá por acaso, principalmente quando nos referimos ao
período eleitoral, em que o marketing político cuida meticulosamente de planejar cada
detalhe relativo às campanhas e à imagem de seus candidatos. No cenário eleitoral
podemos perceber eventos carregados de sentidos e símbolos de maneira ainda mais
evidente que em outros cenários.
O contrato de leitura proposto por Verón pode ser efetivado tanto entre público e
meios de comunicação como entre eleitorado e candidatos políticos. As campanhas
políticas são pensadas tendo em vista uma adequação às expectativas de um ou mais
segmentos sociais que façam parte do eleitorado que se espera conquistar. Dessa forma,
os marqueteiros, publicitários e outros profissionais da equipe da campanha direcionam
suas ações a um público ideal.
Considerando a premissa supracitada, concluímos que a equipe por trás da
campanha do candidato Sílvio Mendes pensou no contrato com os eleitores piauienses
ao decidir não vincular a figura de José Serra à do candidato ao governo do Piauí – ou
pelo menos não associa-las com a mesma intensidade com a qual a campanha de Wilson
Martins fez em relação a Lula e Dilma Rousseff. Em um contexto em que a maioria dos
votantes era a favor ao continuísmo do governo de Lula, seria no mínimo insensato
querer angariar votos a partir de um vínculo com o presidenciável concorrente. Mesmo
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REFERÊNCIAS
ALMEIDA, J. Pesquisas de opinião e cenário de representação da política. Anais do 10º
Encontro Anual da Compós, GT de Comunicação e Política. Brasília, 29/05 a 01/06
2001.
BOBBIO, Norberto. Estado, governo, sociedade: para uma teoria geral da política. São
Paulo: Paz e Terra, 2009.
CABRAL, J. Por que a vota em b. In: PACHECO (Org.). Voto é marketing?: Segundo
seminário de marketing político e eleitoral. Rio de Janeiro: Publique, 1998.
FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. 13ª ed. São Paulo: Loyola, 2006.
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Resumo
Este artigo mostra a importância estratégica do uso dos slogans em campanhas
eleitorais. Através da análise dos planos de governo e dos slogans dos dois principais
candidatos à prefeitura de São José dos Campos/SP no pleito de 2008. Através da visão
do marketing político e com uso de suas ferramentas e preceitos foi possível realizar a
análise da compatibilidade do conteúdo ideológico entre os slogans e os planos de
governos dos candidatos, além de possibilitar a identificação de suas principais
características, qualificando-as como personalista ou governamental.
INTRODUÇÃO
O marketing político, ao longo dos anos, vem se fortalecendo e se tornando
indispensável para aqueles que pleiteiam acesso à vida política. Através do trabalho
desenvolvido pelos profissionais do marketing político, é possível o planejamento de
uma carreira política, a organização de uma eleição ou efetivar a comunicação de um
mandato.
Ter conhecimento das diversas ferramentas utilizadas pelo marketing político é
essencial para avaliar quais, como e quando utilizá-las estrategicamente.
144
Margarete Salles Iwanikow, jornalista, Especialista em Comunicação e Marketing
Político e mestranda em Comunicação Social pela UMESP (Universidade Metodista de
São Paulo). Artigo escrito sob a orientação do Prof. Dr. Adolpho Queiroz, UMESP.
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O presente artigo enfoca o uso dos slogans dos candidatos Carlinhos Almeida e
Eduardo Cury nas eleições para a Prefeitura de São José dos Campos/SP no ano de
2008.
A HISTÓRIA DOS SLOGANS
Os slogans surgiram na antiga Escócia como grito de guerra e conforme cita
Espirito Santo:
―... A origem etimológica da palavra slogan não é suficientemente clara,
e a sua fundamentação revela-se complexa, pois a sua raiz não se
encontra nas principais línguas antigas que originaram os diferentes
idiomas europeus, como sejam o grego e o latim. De acordo com Reboult
(1975), a expressão slogan terá origem no gaélico, sendo que a expressão
original –sluaghghairm – significaria, na antiga Escócia, o grito de guerra
dos clãs.
(Espirito Santo, pg. 83.)
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Os slogans são atrativos e persuasivos, mas não têm o papel de fazer a população
refletir sobre eles, e, dificilmente se desmente um slogan, pois são passíveis de
concordância, geralmente as pessoas acreditam nos slogans pelas idéias que eles
passam, e por serem tão repetitivos.
Os slogans são peças antigas, fundamentais, estratégicas e uma grande arma
numa campanha eleitoral, como afirma Olivier Reboul, em seu livro O Slogan:
―... Não é o uso dos slogans que é moderno, mas sua extensão. A
comunicação de massa, tanto comercial como a política ou cultural, dele
fez uma arma cujo alcance ultrapassa de longe os limites de um grupo
restrito, como os leitores de uma obra, os fregueses de uma loja a até
membros de uma multidão; uma arma destinada a sacudir este ser
anônimo e sem rosto que é a multidão‖
(REBOUL, pp11)
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empresas como GM, Embraer, Petrobrás, entre outras; e importante pólo tecnológico,
sendo sede do CTA e INPE.
São José dos Campos é a maior e mais importante cidade do Vale do Paraíba.
Existe uma polarização na cidade, entre o PT (Partido dos Trabalhadores) e o
PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira), que se iniciou em 1992 com a eleição
da petista Ângela Guadagnin e da eleição em 1996 de Emanuel Fernandes, e a
respectiva oposição exercida pelo partido derrotado no pleito.
Nas eleições de 2000, houve a primeira disputa desta história recente entre PT e
PSDB pela prefeitura de São José dos Campos, registre se que em 1996 não havia a
possibilidade de reeleição, motivo pelo qual a petista Ângela Guadagnin não pode ser
candidata.
No pleito de 2004 novamente a polarização PSDB – PT configurou-se na
disputa entre Eduardo Cury e Carlinhos Almeida, tendo alcançado a vitória o primeiro,
então candidato do PSDB.
Pode-se observar no quadro abaixo o desempenho dos candidatos nos últimos
pleitos:
Eleições 2004
Candidato Votos Partido Situação
Eleições 2000
Candidato Votos Partido Situação
Eleições 1996
2º Turno
Candidato Votos Partido Situação
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Nas eleições municipais de 2008 em São José dos Campos houve novamente a
polarização entre os candidatos Eduardo Cury (PSDB), que tentava a reeleição, e
Carlinhos Almeida (PT), que tentava pela segunda vez o poder executivo da cidade.
Por esse motivo este artigo analisou somente os materiais desses candidatos em
sua pesquisa.
Eduardo Pedrosa Cury do PSDB (partido da situação), nascido em São José dos
Campos/SP, em 19/09/1963, é formado em Engenharia Industrial pelo ITA (Instituto de
Tecnologia Aeroespacial) e iniciou sua carreira política como secretário de governo e de
transportes de São José dos Campos de 1997 a 2004, no governo do ex- prefeito
Emanuel Fernandes.
Em sua segunda candidatura foi reeleito também no primeiro turno com 187.930
votos (56,27% dos votos válidos), sendo que a primeira disputa ele venceu no primeiro
turno com 179.705 votos (57,65% dos votos válidos).
Carlos José de Almeida do PT (partido de oposição), nascido em Santa Rita de
Jacutinga/MG, é formado em História pela UNIVAP (Universidade do Vale do Paraíba)
einiciou sua carreira política como líder estudantil, foi vereador na cidade por dois
mandatos, sendo presidente da câmara de vereadores em seu segundo mandado,
atualmente é deputado estadual eleito para sua segunda legislatura.
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Cury vai 6
A proposta de Cury 1
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Com Cury 1
Cury quer 1
Cury elaborou 1
Na gestão de Cury 1
Cury dedicou 1
Cury pode 1
Cury vem 1
Cury acredita 1
Cury à frente 1
Cury criou 1
O trabalho de Cury 1
Cury deu 1
Cury conseguiu 1
Cury pretende 1
Cury reafirma 1
Total de referencias 24
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A administração manterá 1
A administração deve 1
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Total de referências 11
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os slogans funcionam como norteadores nas campanhas eleitorais, são
mensagens que devem trazer o porquê da campanha em questão. E, com base nos
programas de governo dos candidatos estudados, podemos afirmar que o candidato
Carlinhos Almeida, usou os slogans como estratégia de campanha, uma vez que os
utilizou de maneira repetitiva e objetiva. Os slogans estavam em todas as peças de
campanha (folders, banners, adesivos, santinhos, cédulas, placas, faixas, plano de
governo, entre outros) e conseguiu, desta maneira, alcançar o objetivo de mostrar para a
mensagem desejada à população de São José dos Campos.
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BIBLIOGRAFIA
IASBECK, L. C.A arte dos slogans: as técnicas de construção das frases de efeito do
texto publicitário. Editora Anablume, São Paulo, 2002.
BARDIN, L.Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977
BRETON, P.A manipulação da palavra – São Paulo – Edições Loyola, 1999.
DOMENACH, J. M.A propaganda política. São Paulo, ed. Difusão Européia do Livro,
1963. - versão para e-book Março 2001
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1. RESUMO
O presente trabalho tem como finalidade mostrar e analisar como foi feita uma
pesquisa experimental para o candidato a prefeito na cidade de Americana/SP, o sr.
Odair Dias. Foi feito um estudo qualitativo para verificar a expectativa dos
americanenses em relação ao candidato Odair Dias e à cidade de Americana. Uma
pesquisa quantitativa também foi aplicada com o objetivo primário de avaliar a
intenção de voto da população de Americana para a eleição de 2010 e os possíveis
concorrentes do candidato em questão. Finalmente, depois da campanha finalizada,
foi feita novamente uma pesquisa qualitativa, como pré-teste, para se descobrissem
quais as opiniões relevantes que seriam levantadas sobre sua imagem e postura do
candidato nas fotos apresentadas. Juntamente com essa pesquisa, foi feito o pré-teste
também da voz do candidato e dos locutores responsáveis pela apresentação do
programa eleitoral do rádio e da campanha.
2. PALAVRAS-CHAVE
145
André Vitor de Macedo (andre@ibcu.org.br), Arlei Lovtchinovsky (arlei-
sl@hotmail.com), Gleick Renan (gkbrazil@gmail.com), Jean Biscassi
(gustavo_jean@hotmail.com), Leonardo Ferrari (leonardoferrari406@hotmail.com) e
Rafael Nimoi (rafaelnimoi@hotmail.com), coordenados pela Prof. Ms. Jane Aparecida
Phenis (janephenis@yahoo.com.br) do Centro Unisal – Americana do curso de
Comunicação Social em Publicidade e Propaganda.
146
Professora do Centro Unisal – Americana responsável pela disciplina de Estatística e
Teoria e Métodos de Pesquisa em Comunicação e Pesquisa em Publicidade e
Propaganda
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3. DESENVOLVIMENTO
3.1. PESQUISA QUALITATIVA
3.1.1. Definição do Problema
Os alunos da agência experimental Kubus3 Publicidade, do Centro
Salesiano Unisal de Americana, cidade que se localiza a 127 km da
capital do estado de São Paulo, teve por objetivo analisar as expectativas
da população americanense em relação ao candidato Odair Dias e em
relação à cidade de Americana.
3.1.2. Determinação dos Objetivos
Objetivo Primário
Analisar a expectativa dos americanenses em relação ao candidato
Odair Dias e à cidade de Americana.
Objetivos Secundários
Identificar:
o Sexo do entrevistado;
o Idade;
o Estado Civil;
o Grau de Escolaridade;
o Profissão;
o Características de candidatos que o público admira;
o Características de candidatos que o público não admira;
o Analisar se os entrevistados conhecem e/ou já ouviram falar
do candidato;
o Analisar a opinião dos entrevistados em relação à imagem do
candidato;
o Analisar a opinião dos entrevistados em relação ao PV
(Partido Verde);
3.1.3. Tipos de pesquisa
691
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o Saneamento Básico;
o Conservação de ruas e avenidas;
o Infraestrutura de órgãos públicos;
o Capacitação técnica e profissional da população.
Opiniões e Sugestões
o Quais lugares possuem maior carência em infraestrutura e
saneamento básico?
o Opiniões sobre o fluxo de trânsito na cidade, principalmente da
região central.
o Opiniões sobre a educação geral na cidade
o Você é a favor ou contra o uso de sacolas plásticas em
supermercados e comércios em geral?
o Como você avalia as condições do meio ambiente da sua cidade?
o Possui algum partido político de preferência?
o Opinião sobre o candidato Odair Dias.
o Opinião sobre o Partido Verde (PV).
3.1.7. Considerações Finais
A pesquisa realizou-se na sala de espelho situada no campus Maria
Auxiliadora do Centro Salesiano Unisal, no dia 03 de Maio de 2010. Não
tivemos problemas quanto à presença dos convidados no local para a pesquisa,
pois todos os 10 indivíduos de ambos os sexos compareceram, sendo eles:
- Entrevistado número 01: 20 anos, feminino, solteira, estudante de
Ciências Contábeis.
- Entrevistado número 02: 34 anos, feminina, casada, auxiliar
administrativo, 3º. Grau completo.
- Entrevistado número 03: 32 anos, solteiro, desenvolvedor web, 3º. Grau
incompleto.
- Entrevistado número 04: 49 anos, divorciado, gerente de loja de roupas,
3º. Grau completo.
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Sexo
Analisamos que, dos 244 entrevistados, a maioria abordada foram do
sexo feminino, sendo a quantia de 145 mulheres.
Idade
Do grupo entrevistado, 23,3% tinham idades de 34 a 39 anos, enquanto
o público mais jovem, de 16 a 21 anos a quantia de 5,73% do total
pesquisado.
Estado civil
A pesquisa mostra que, dos entrevistados, a maioria eram casados,
sendo 83 pessoas em valores absolutos. Outro destaque foi a grande
quantidade de entrevistados solteiros, na quantia de 77 pessoas.
Bairro
A pesquisa foi realizada em diversos bairros de Americana, focando o
público estratégico da campanha. Sendo assim, 42 % dos
americanenses entrevistados são da zona leste, 27% da zona sul, 18%
da zona norte, 7% da zona oeste e 6% da região central.
147
Os gráficos originais foram omitidos por tamanho de arquivo.
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Profissão
11% do público entrevistado trabalham como atendentes, enquanto 7%
são estudantes e apenas 4% publicitários.
Internet
Foi constatado que a acessibilidade à internet está presente na maioria
dos entrevistados, em um total de 92%.
Locais de acesso à internet
Dos entrevistados que usam a internet, apenas 32 pessoas acessam do
trabalho.
Vertentes
Na pesquisa realizada, alguns itens foram sugeridos pelos entrevistados
para melhoria da cidade. Os cinco mais lembrados foram o meio
ambiente (55 pessoas), educação (33 pessoas), saneamento básico (19),
saúde (19 pessoas) e empregos (17 pessoas).
Positivas na cidade
Os entrevistados destacaram algumas características positivas na
cidade, levando em consideração que são ações das administrações
anteriores. Foram lembrados os seguintes itens: Transporte público, a
qualidade de vida, o comércio, e entre todas as características citadas, a
cultura foi a mais citada com 27,04% dos entrevistados.
Acompanha horário político TV
Analisamos que 77,45 % dos entrevistados não acompanham o horário
político eleitoral na TV.
Motivos para acompanhar o horário político na TV
Dos entrevistados que acompanham o horário político na TV, mais de
80 % assistem ao programa eleitoral para conhecerem melhor os
candidatos.
Acompanha o horário político no rádio
Somente 34,01% dos entrevistados acompanham o horário político
gratuito no rádio.
699
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IMAGEM DO CANDIDATO
Foi apresentada aos presentes uma imagem fotográfica do candidato Odair
Dias, que seria utilizada em todas as peças gráficas e de campanha, para que
se descobrissem quais as opiniões relevantes que seriam levantadas sobre
sua imagem e postura.
701
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4. CONCLUSÕES148
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, A. Como são feitas as pesquisas eleitorais e de opinião. 2ª edição.
Rio de Janeiro: Editora FGV, 2003.
GOMES, N. Formas persuasivas de comunicação política. 2ª edição. Porto
Alegre: EDIPUCRS, 1989.
LEVIN, J. Estatística aplicada a ciências humanas. 2ª edição. São Paulo:
Harbra, 1987.
MALHOTRA, N. Pesquisa de Marketing: uma Orientação Aplicada. 3ª edição.
Porto Alegre: Boockman, 2001
148
As conclusões encontram-se no final de cada pesquisa.
703
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Resumo:
O texto se refere a uma das etapas do processo de reflexão e analise de um
estudo de iniciação cientifica denominado ―A influência da mídia na personalização
politica dos acadêmicos de comunicação social‖, que é a pesquisa quantitativa junto a
este segmento de público. A proposta é tecer considerações sobre a função exercida pelo
comunicador na formação da opinião pública em seu viés político e, a partir daí, analisar
como a informação veiculada por eles, influencia na decisão a ser tomada no ato de
votar. Por isso, a partir de dados coletados via pesquisa direta junto a esse segmento,
pretende-se traçar um paralelo com as teorias de análise do voto e o atual cenário
eleitoral, esperando também agregar informações sobre técnicas de persuasão em
discursos políticos, que viabilizam a inserção da personalização política nesse cenário.
A intenção é, por meio da pesquisa empírica e práticas investigativas, entender as
responsabilidades dos acadêmicos e profissionais de comunicação neste processo: foco
deste relato.
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Introdução
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10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
Neste sentido podemos analisar que as pesquisas de opinião são realizadas para
captar, num determinado momento as tendências de opinião em relação a partidos e
candidatos e, no caso do presente trabalho, busca estudar o comportamento político-
eleitoral e compreender a conduta de um determinado grupo de eleitores (SANTOS,
2005).
O estudo da forma de atuação da opinião pública adquiriu relevância por
envolver a disseminação de ideias, valores, conceitos e normas com o propósito de obter
influência político-social. Atualmente, é comum investir em esforços de comunicação
interessados não só em vender, mas em influenciar, criar hábitos e manipular a opinião
pública. A divulgação de resultados de pesquisa de opinião adquiriu tamanha
credibilidade em nossa sociedade que passou a ser realizada em diversas áreas,
incluindo comportamentos, hábitos e posições políticas.
É a partir de pesquisas de opinião que se descobre o funcionamento da vivência
do indivíduo em sociedade. Os meios de comunicação, por meio destas, buscam recriar
o desejo de seu público, transmitir exatamente aquilo que irá agradar sua audiência, à
sua maneira. Deste modo, esses meios de comunicação passam a fazer parte da
sociedade, influenciando e sendo influenciados.
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10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
Segundo o autor, essa nova ambiência eleitoral pode ser considerada reflexo
de um eleitorado pouco interessado em desenvolver laços políticos, o qual, por
consequência, busca atalhos para explicar suas decisões.
Os eleitores procuram justificativas válidas para orientar-se e agir no
ambiente político em que estão, obrigatoriamente, inseridos e, mesmo contra a sua
vontade, precisam posicionar-se. Para o eleitorado, a construção dessas justificativas
baseia-se em discursos elaborados e recebidos aos quais os cidadãos recorrem. As
notícias podem atuar como na difusão de valores, aproximando o eleitor do candidato
710
X Congresso Brasileiro de Marketing Político
10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
(ALDÉ, 2004).
Como já citado, o voto é a expressão de valores agregados à vivência do
indivíduo; então, para entender as justificativas que direcionam esse indivíduo, a
presente pesquisa propõe-se a analisar algumas teorias que explicam voto.
A teoria sociológica do voto foi elaborada em 1940 por pesquisadores da
Universidade de Colúmbia. Ela estabelece bases sociológicas para a análise do voto, nas
quais define que a influência da mídia aconteceria somente de forma indireta e mediada,
a partir do que se denomina líderes de opinião (pessoas de confiança: parentes, amigos e
colegas de trabalho), estabelecendo a tese dos efeitos limitados (MUNDIM, 2007).
Nessa teoria, a decisão eleitoral estaria relacionada às interações sociais
realizadas pelos indivíduos e ao interesse de classe do grupo em que estão inseridos,
juntamente aos apelos momentâneos de cada campanha (FIGUEIREDO, 1991, apud
LEAL & ROSSINI, 2010).
Já a teoria psicológica do voto, elaborada em Michigan, na década de 1950,
ressalta a importância das influências psicológicas no contexto da decisão do voto. Para
as teorias que estudam essas influências, a orientação em direção a questões políticas
começa antes dos indivíduos atingirem a idade para votar e são reflexos do ambiente
social imediato em que estão inseridos. Os valores morais, políticos e sociais do
indivíduo passam a influir na decisão do voto. Dessa forma, as atitudes integram-se ao
sistema político através de um sistema de personalidade, denominado de socialização
política (FIGUEIREDO, 1991).
Nesse sentido, indivíduos semelhantes do ponto de vista social e de atitudes
similares, tendem a ter comportamento político semelhantes, a votarem seguindo a
mesma direção, independentemente do contexto histórico em que se encontrem
(FIGUEIREDO, 1991).
Assim, no livro The American Voter, no qual o estudo dessa teoria foi publicado,
o autor define:
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10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
they are shared. They are tied in fundamental ways to the properties of the
stimulus objects that are perceived. As these properties change, the
perceptions will tend also to change. (CAMPBELL et.al., 1976, p.39)149
149
Tradução nossa: Na frase de Walter Lippmann, o eleitor tem uma imagem do mundo político em sua
cabeça, e a natureza da imagem é a chave para entender como ele reage em pesquisas. [...] Percepções não
são criações de livre flutuação do eleitor individual ou de pequenos grupos sociais em que são
compartilhados. Eles estão ligados de forma fundamental para as propriedades dos objetos estímulos que
são percebidos. Como estas propriedades mudam, as percepções tendem também a mudar.
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X Congresso Brasileiro de Marketing Político
10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
A personalização política
No que diz respeito à eleição dos representantes, há a indicação de uma
crescente personalização da escolha eleitoral, com foco no candidato. Os candidatos
passam a comunicar-se diretamente com seus eleitores mediante os veículos de
comunicação. A campanha política constrói antagonismos de imagens entre os
candidatos e partir dela estabelece-se uma relação de confiança com os eleitores. A
credibilidade transmitida pelo político substitui a possibilidade de verificação. Nesse
contexto, embora o voto continue sendo uma expressão do eleitorado apresenta-se
desalinhado e atento ao desempenho dos candidatos (ALDÉ, 2004).
713
X Congresso Brasileiro de Marketing Político
10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
Considerações
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X Congresso Brasileiro de Marketing Político
10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
Referências Bibliográficas
LIMA, Venício A de. Mídia: Teoria e Política. Ed. 1 São Paulo, Editora Fundação
Perseu Abramo: 2001.
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G
T – 8 MARKETING PÓS-ELEITORAL
E COMUNICAÇÃO
GOVERNAMENTAL
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10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
Alessandra de Castilho150
Resumo
150
Mestranda em Ciência da Comunicação – Regime Especial - na USP, especialista em Comunicação Empresarial pela
Universidade Metodista de São Paulo, graduada em Relações Públicas pela Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero e
Chefe de Assessoria de Comunicação e Imprensa da Universidade Federal do ABC. Email: ale_castilho@hotmail.com
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X Congresso Brasileiro de Marketing Político
10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
INTRODUÇÃO
Porém, o que podemos perceber é que a divulgação desses serviços muitas vezes
ultrapassa o interesse básico de ―tornar público‖ esses projetos e vem se especializando
em ser mecanismo de autopromoção e ferramenta importante para políticos e partidos.
Os profissionais responsáveis pela divulgação, em sua maioria profissional da área de
comunicação – em especial de marketing e publicidade e propaganda – utilizam-se de
artifícios da retórica para tentar sensibilizar e criar no receptor uma imagem favorável
com relação àquela mensagem e, consequentemente, ao emissor da mesma.
Como case de estudo desse trabalho, analisamos a divulgação do PROUNI, que trabalha
como público-alvo estudantes de baixa renda do ensino médio da rede pública ou da
rede particular na condição de bolsista integral, vendendo a ideia de que agora o ensino
superior é acessível à todos.
718
X Congresso Brasileiro de Marketing Político
10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
As bolsas integrais do programa são concedidas a estudantes cuja renda familiar mensal
per capita é igual ou inferior a um salário mínimo, enquanto que a bolsas parciais – que
podem ser de cinqüenta ou vinte e cinco por cento – são destinadas aos estudantes cuja a
renda familiar per capita não ultrapasse três salários mínimos
Apesar das recentes notícias publicadas na imprensa que mostraram alunos bolsistas do
PROUNI em condições diferentes das estabelecidas acima, o Governo afirma em seu
site que ―conta com um sistema de seleção informatizado e impessoal, que confere
transparência e segurança ao processo‖. São selecionados os estudantes que, além de
atenderem aos critérios, obtiveram as melhores notas no ENEM – Exame Nacional do
Ensino Médio.
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X Congresso Brasileiro de Marketing Político
10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
Além de auxiliar o ingresso dos estudantes no ensino superior, o PROUNI possui uma
série de ações que visam a permanência dos estudantes nas instituições. Algumas dessas
ações são a Bolsa Permanência, convênios de estágio MEC/CAIXA e
MEC/FEBRABAM e o FIES – Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino
Superior, que possibilita ao bolsista parcial financiar até 100% da mensalidade não
coberta pela bolsa do programa.
A adesão das instituições privadas com ou sem fins lucrativos ao programa é voluntária,
sendo necessário apenas firmar um termo de adesão. Caberá à instituição de ensino
superior oferecer uma bolsa integral a cada 17 (dezessete) alunos pagantes devidamente
matriculados ao final do período letivo correspondente (excluem-se bolsistas e
beneficiados). Há também a possibilidade de oferecer uma bolsa integral a cada 22
pagantes, desde que oferte também as bolsas parciais. Em contrapartida, o Governo
oferece às instituições de ensino participantes, a isenção de alguns tributos como:
Imposto de Renda de Pessoa Jurídica, Contribuição Social sobre o Lucro Líquido,
Contribuição Social para Financiamento da Seguridade Social e Contribuição para o
Programa de Integração Social.
720
X Congresso Brasileiro de Marketing Político
10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
Em 2002, com a eleição de Lula, uma nova política educacional foi implantada, em
resposta às críticas ao modo como o ensino superior foi conduzido no governo anterior.
No governo petista houve um pequeno aumentou do investimento estatal no ensino
superior, sendo mantido o incentivo ao setor privado, mas com a criação de novos
projetos que possibilitaram ao governo trabalhar a bandeira de projeto social voltado à
educação superior.
A urgência na adoção de medidas (no governo Lula) justificar-se-ia em
função da meta de expansão de 30% das vagas no ensino superior –
expansão acordada pelo Brasil e os Organismos Internacionais e definida
como meta pelo Plano Nacional de Educação. (Trópia, 2009)
O PROUNI é um dos projetos que ilustram bem este novo cenário, pois não representou
gastos da União, mas ajudou significativamente o preenchimento das vagas ociosas nas
universidades privadas, além de ser considerado – ou trabalhado para ser percebido
assim – como um avanço à democratização do ensino superior.
Ainda no governo Lula, foi efetivado um outro projeto iniciado no governo FHC, que
fomentou as parcerias público-privadas (PPPs) nas instituições de ensino superior
públicas. Além disso, foi instituída a reserva de cotas nas universidades federais para
alunos egressos de escolas públicas, indígenas e negros.
Por fim, foi criado em junho de 2007 o Programa de Reestruturação e Expansão das
Universidades Federais (REUNI). Segundo dados da ANDIFES, apresentado na
Conferência Nacional de Educação, as universidades federais participantes do programa
aumentaram em 49% a oferta de vagas nos cursos de graduação, equivalente a 65.306
novas vagas, até 2010.
Todos esses projetos, junto com a Universidade Aberta do Brasil (UAB), caracterizaram
a política educacional do governo Lula como uma das que mais possibilitou a
democratização do acesso ao ensino superior.
721
X Congresso Brasileiro de Marketing Político
10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
FOCO NA DEMOCRATIZAÇÃO
Como dissemos anteriormente, para que os projetos elaborados sejam efetivos nos seus
propósitos, é preciso que os dê a devida publicidade. E uma das formas mais utilizadas
pelo governo federal para a divulgação de seus projetos é a campanha televisiva, que
segundo Manhanelli (1992) é o maior veículo de massa que a propaganda eleitoral pode
utilizar. Por isso, vamos analisar neste artigo as campanhas televisivas desenvolvidas
pelo Governo Federal para o Programa Universidade para Todos.
Já falamos que o PROUNI, independente dos benefícios que geraram para os estudantes
de baixa renda, envolve questões polêmicas quanto a sua finalidade. Isso porque é
indiscutível os benefícios que o programa governamental - cujo o slogan versa sobre a
democratização da educação – trouxe para a expansão das instituições de ensino
superior privadas.
A discutível ―privatização‖ do serviço que devia ser assegurado pelo governo federal,
uma vez que subsidia iniciativas privadas ao invés de investir no ensino superior
público, poderia ser um grande risco para a comunicação do programa. Porém, o que se
percebe nas campanhas é um forte apelo do discurso voltado ao convencimento do
publico alvo de que ―agora é possível cursar uma graduação‖.
Independente das questões contraditórias, nosso objetivo com este trabalho é apresentar
características dos vídeos de divulgação do PROUNI que nos fazem perceber que, além
da função da publicidade, no sentido de ―tornar público‖, as campanhas contam também
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X Congresso Brasileiro de Marketing Político
10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
Ao analisarmos a primeira versão, que foi ao ar em 2006, alguns pontos atestam esse
tom ―publicitário‖ da campanha. A letra e melodia escolhidas - ―Para não dizer que já
falei das flores‖, de Geraldo Vandré, conhecida por expressar os anseios de liberdade e
igualdade social nos anos 60/70, é trabalhada no vídeo como o hino da revolução na
educação brasileira. A frase final do locutor: ―faça parte dessa revolução na educação
brasileira‖ representa bem a ideia da luta pelo direito à educação superior e o
reconhecimento das minorias pelo sistema.
No Brasil, a luta por reconhecimento pode ser localizado a partir das
décadas de 1970 e 1880, quando diversos grupos, até então não incluídos na
percepção da identidade nacional , começaram a se fazer presentes na cena
social e política, integrando-se em movimentos para apresentar suas de
mandas por reconhecimento. (..) Essas reivindicações de dignidade e
respeito pelas diferenças começaram a repercutir também nos discursos dos
sindicalistas, dos partidos políticos dissidentes. (Matos, 2011 p.43)
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Nessa campanha, foi deixada de lado a ideia da ―revolução da educação‖, dos três
primeiros vídeos. A divulgação de dados de bolsas oferecidas e de alunos beneficiados -
características do ―produto‖-, sai de cena e abre espaço para o discurso do personagem
como forma de sensibilizar no público o desejo de adquirir o produto e suprir uma
determinada carência.
ao dar ênfase à vida de Vanessa e não diretamente as
características do PROUNI que a publicidade oficial do
Governo Federal transforma-se em uma operação mítica que
seduz e convence os jovens que sonham em entrar na Faculdade
a se inscrevem no PROUNI para assim, adquirirem um
―produto mágico‖, capaz de suprir não apenas as necessidades
de uma parcela de jovens, mas os desejos e os anseios de uma
geração antes esquecida. (Inácio, 2009 p.6)
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10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
O sucesso na mudança de estratégia do governo petista era esperado, uma vez que
alinhou a campanha eleitoral às necessidades da sociedade que ainda não via nas
opções, alguém que pudesse ―representar às necessidades mais fundamentais do povo‖.
Segundo Torquato (1985, p.14), ―o marketing político, entendido como o esforço
planejado para se cultivar a atenção, o interesse e a preferência de um mercado de
eleitores, é o caminho indicado e seguro para o sucesso de quem deseja entrar na
política‖.
Ao adotar a nova comunicação, que se repercutiu nas urnas em 2002 como a mais
eficiente para a vitória do candidato à Presidência da República, os estrategistas
procuraram manter o discurso e trabalha-lo durante o primeiro mandado, visando as
eleições seguintes e a tentativa de reeleição do presidente Lula. Essa é uma das funções
do marketing político pós-eleitoral trabalhado na comunicação governamental.
A comunicação social do Governo transforma, transmite, sustenta imagens,
cria e estabelece pólos de motivação e satisfação, desfaz equívocos, e atenua
pontos de tensão. Em última análise, reforça e sustenta o Poder (Torquato,
1985 p. 45).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por isso, podemos dizer que as campanhas do PROUNI podem ser consideradas ao
mesmo tempo publicidade, ao vender um produto e serviço, e propaganda, ao trabalhar
a ―venda‖ de ideais políticos e sociais. Este caráter propagandístico adotado pela
publicidade oficial nem sempre é evidenciado, mas estão presentes por meio de
artifícios do marketing político que emprega estratégias persuasivas, as mesmas
utilizadas nas publicidades comerciais.
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10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
REFERÊNCIAS
OLIVEIRA, João Ferreira de. A educação superior no contexto atual e o PNE 2011-
2020: Avaliação e perspectivas. In DOURADO, Luiz Fernandes (org.). Plano Nacional
de Educação (2011-2020): avaliação e perspectivas. Goiânia: Editora UFG, 2011.
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10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
TERRON, Sonia Luiza; SOARES, Gláucio Ary Dillon. As bases eleitorais de Lula e
do PT: do distanciamento ao divórcio. Opinião Pública, vol. 16, nº 2. Campinas,
novembro 2010. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-
62762010000200002&script=sci_arttext. Acesso em: 13/06/2011.
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10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
PANSANO, Felipe
Pós-Graduando em Marketing e Comunicação Integrada
Universidade Presbiteriana Mackenzie - UPM
Resumo
De um país colonizado por europeus a atual democracia. Durante os mais de 500 anos
de descobrimento o Brasil passou por diversos regimes políticos. Guerras de
colonização, lutas por ideais, monarquia, república civil, ditadura, regime militar e
enfim a democracia. O país é rico na sua história, planos políticos e rumos que mudam
em períodos. Estratégias governamentais pipocam em nossa pátria, novos líderes
políticos como Gilberto Kassab surgem e procuram através de alianças se fortalecer
para alçadas maiores. É apresentada a política do nosso país em que o modo
governamental mudou, mas a essência continua a mesma da fase pré-colonial.
Palavras-Chave
Colônia; República; Ditadura; Regime Militar; Democracia; Gilberto Kassab.
Introdução
Governar e ter boas alianças estratégicas para manter-se em evidência ou por um
período maior que for possível no âmbito político.
Estes são alguns dos artifícios que regem a política brasileira, desde a sua
descoberta, em que tivemos sempre pequenas classes dominantes.
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oposição. "Política é como nuvem. Você olha e ela esta de um jeito. Olha de novo e ela já
mudou." (Magalhães Pinto, 2011, on-line)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O artigo demonstra como o atual prefeito da cidade de São Paulo Gilberto
Kassab, vem se utilizando de uma comunicação governamental para crescer no cenário
político nacional.
Analisando sua vida política embora curta, podemos dizer que obteve grande
sucesso até o momento, com a premissa de se tornar um dos grandes políticos do país.
Pois foi eleito vereador, deputado estadual, foi secretário do planejamento do prefeito
Celso Pitta e eleito duas vezes deputado federal. Como prefeito da capital de maior
poder econômico do país tem como vitória o fato de ter ganhado nas urnas na última
eleição de candidatos com ampla experiência na vida política do país como Geraldo
Alckmin e Marta Suplicy.
Como prefeito Kassab teve algumas decisões polêmicas em seu mandato, mas
que trouxeram benefícios como a lei da cidade limpa, que teve grande aprovação por
parte da população. Já outras medidas como o aumento da passagem de ônibus e metrô
na cidade para o valor de R$ 3,00 e R$2,90 respectivamente, considerando que o valor
do salário mínimo é de R$ 540,00, o prefeito poderia repensar nos contratos com as
empresas de transportes e pensar um pouco no trabalhador.
De forma a analisar alguns pontos da criação do PSD por Gilberto Kassab, na
nova legenda poderá se candidatar ao governo do Estado. Porém com os novos rumos
para as eleições na capital indefinida ele terá que agir estrategicamente, já que pode
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Referências
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10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
FARIA, Thiago. Kassab lança novo partido, diz que torce por Dilma e critica o
DEM. Disponível em <http://noticias.r7.com/brasil/noticias/kassab-lanca-novo-partido-
diz-que-torce-por-dilma-e-critica-o-dem-20110321.html> Publicado em 21-03-2011.
Duailibi, Julia. PSD vai controlar máquina de pelo menos R$ 60 bilhões. Disponível
em < http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/tag/gilberto-kassab/>, Publicado em 05-05-
2011.
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10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
Resumo
As empresas e pessoas públicas tendem a valorizar o gerenciamento e prevenção das
crises administrativas deixando de lado a questão das crises de imagem que são cada
vez mais frequentes, visto que vivemos em uma sociedade cada vez mais participativa,
consciente e integrada pelas redes virtuais e novas tecnologias. No âmbito político,
denúncias ou especulações políticas, verídicas ou não, estampam as páginas físicas e
online dos veículos, colocando no epicentro das crises de imagem atores político, suas
vidas, carreiras, competência e principalmente ética. Esse artigo é um alerta para a
relevância da prevenção de crises de imagem, seja no ambiente empresarial, que
historicamente vem reconhecendo a sua importância, ou no viés político e
governamental, que vive constantemente ameaças a imagem dos atores políticos.
Palavras chave
Crises de imagem, prevenção de crises, comunicação política e governamental.
Sabe-se de toda importância que é dada para controlar crises administrativas. Apesar
disso, o gerenciamento e prevenção de crises de comunicação é uma prática
relativamente recente. Sobre a história do gerenciamento de crises não existem
pesquisas aprofundadas. Todas as pesquisas de gerenciamento de crises partem de
estudos de casos reais.
Crise, segundo o dicionário Gama Kury tem vários significados: 1. Alteração repentina
em um curso de uma doença. 2. Período de uma manifestação aguda de uma afecção. 3.
Manifestação repentina, violenta, mas breve, de um sentimento ou afeto; acesso. 4.
Estado de dúvidas ou incertezas. 5. Conflito, tensão. 6. Conjuntura difícil, perigosa;
lance embaraçoso. 7. Carência, falta, penúria, deficiência. 8. Momento perigoso ou
744
X Congresso Brasileiro de Marketing Político
10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
Precisamos diferenciar duas coisas. Problema é uma coisa que está circunscrita
no próprio interior da empresa. Você tem um problema e ele faz parte de um
aspecto de ruptura. Mas ele está ainda concentrado dentro o âmbito da
empresa. (...) Problema é aquilo que está dentro da orbita da empresa e crise é
quando esse problema extrapola, passa os muros da empresa e vai pros ouvidos
dos usuários e vai pros ouvidos essencialmente da imprensa ai ele ganha a
divulgação dentro do conceito da comunicação de massa e passa a ser um
problema que tem que ser gerenciado sobre a órbita da comunicação, portanto
ele ganha status de crise da comunicação (LORENZON, 2009)
151
Gilberto Lorenzon concedeu entrevista à autora no dia 07 de maio de 2009.
745
X Congresso Brasileiro de Marketing Político
10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
152
Tradução da autora a partir do original: Business catastrophe, casualty accident, environmental
damage, class action suits, consumer action, defects/recalls, discrimination, executive dismissal, financial
damages, hostile takeover, labor disputes, mismanagement, sexual harassment, whistle blowing, white
collar crime and workplace violence.
153
Entrevista concedida à autora, conforme mencionado anteriormente.
746
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10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
Um caso bem sucedido de gerenciamento foi o da Johnson & Johnson com as cápsulas
do analgésico Tylenol Extra-forte que, na ocasião, era líder de mercado. Após acusações
de estar contaminado com cianeto (sal inorgânico extremamente venenoso) e ser
responsável pela morte de sete pessoas em Chicago, EUA, em setembro de 1982, a
empresa teve o nome estampado em manchetes negativas.
747
X Congresso Brasileiro de Marketing Político
10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
O autor aponta uma sucessão de erros: a recusa da empresa de aceitar a proposta de uma
renomada agência de gerenciamento de crises; os problemas com a limpeza do canal
onde foi derramado o óleo; a má administração e falta de critério das indenizações; as
investidas financeiras para persuadir a população a seu favor além das tentativas de
coibir os moradores de falar com a imprensa como fatores que mancharam ainda mais a
imagem da Exxon. VILLELA concorda com os erros levantados por Susskind e Field
―No primeiro momento, o acidente foi tratado com descaso pela empresa, o que
chocou a opinião pública mundial. A forma como os executivos da companhia,
e ate mesmo o governo americano, se comportaram no início da crise deixou
claro uma completa despreocupação com as conseqüências ambientais. Os
executivos da Exxon ampliaram a crise com tentativas de minimizar os efeitos
do acidente, que contaminou mais de um milhão de quilômetros de costa
marítima, afetando completamente o ecossistema da região.‖ (VILLELA,1998,
p. 59)
Para VILLELA, a atitude dos executivos de não dar atenção à comunicação e tentar
manipular a população e a mídia fez com que os jornalistas que cobriram o acidente
recebessem informações distorcidas e insuficientes e começassem a colocar em xeque a
posição da empresa, mostrando ao mundo imagens marcantes e lembradas até hoje de
aves e leões-marinhos morrendo, presos ao óleo.
No Brasil, a prática de gerir crises é ainda mais recente. Lorenzon em entrevista para
este trabalho disse acreditar que ―a parte teórica das crises, acaba surgindo com os
acidentes aéreos que são temas que acabam canalizando maximamente a atenção do
público‖ Podemos considerar como os primeiros cases de gerenciamento que tiveram
ampla repercussão junto à opinião pública em nosso país os episódios com a companhia
área TAM em 1996 e o do laboratório Schering Brasil em 1998.
748
X Congresso Brasileiro de Marketing Político
10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
O caso da TAM ocorreu em 31 de outubro de 1996 com o vôo 402 do Fokker-100 que
ia de São Paulo para o Rio de Janeiro. Falco In A era do Escândalo de Rosa descreve o
acidente;
Essas, entre outras ações, recuperaram a imagem da TAM, que, neste mesmo ano,
venceu a licitação para transportar o então presidente da República Fernando Henrique
Cardoso, da qual participou apenas interessada em melhorar a reputação da TAM
perante a opinião pública, mesmo tendo de arcar com prejuízos financeiros. Isso a fez
receber, em julho de 1997, pela revista Exame, o prêmio ―Melhores e Maiores‖, pela
habilidade de lidar com crises.
Apesar do grande sucesso que foi a administração deste case, empresa não tinha um
planejamento de prevenção de crises. Lorenzon154 explica que ―a TAM acabou
trabalhando esta parte do gerenciamento de crise muito mais por intuição do que pelo
aspecto científico‖ e que essa necessidade que passou a ser entendida e valorizada em
todo o mercado após esse acontecimento.
154
Entrevista concedida à autora, conforme mencionado anteriormente.
749
X Congresso Brasileiro de Marketing Político
10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
Após esses e outros cases de crises, as empresas perceberam que a perda de reputação
representa uma das maiores ameaças a sua sobrevivência.
750
X Congresso Brasileiro de Marketing Político
10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
155
Publicada na Revista Exame de Abril de 2009, na reportagem ―O preço de um
Escândalo‖ das repórteres Daniella Camargos e Melina Costa.
751
X Congresso Brasileiro de Marketing Político
10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
Por isso, quando uma crise de imagem põe à prova a confiança e a marca de uma
empresa ou personalidade, estas poderão ter inicialmente a seu favor o nome já
construído e consolidado perante o mercado e a opinião pública. A credibilidade é o
único trunfo.
o que se chama de reputação, que entra em cena na hora em que uma empresa é
fortemente criticada e saca um arsenal de credenciais simbólicas – que
geralmente levam anos e anos para serem construídas – e as apresenta para o
mercado e para a sociedade como parte significativa da solução de um
problema. (NASSAR, 2007, p. 85)
A reputação torna-se um ponto favorável para quem vivencia uma crise em tempos de
globalização, onde, muitas vezes, a mídia fica sabendo dos acontecimentos negativos
referentes a alguém antes mesmo que ela saiba o acorrido. Os envolvidos, nesses casos,
ficam sabendo pela imprensa das situações adversas nas quais se encontram, e já são
cobrados a prestar de contas à sociedade através de respostas imediatas e completas.
156
Em entrevista a Revista Exame de Abril de 2009, na reportagem ―O preço de um
Escândalo‖ das repórteres Daniella Camargos e Melina Costa.
752
X Congresso Brasileiro de Marketing Político
10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
O Institute for Crisis Management em seu último Relatório Anual de Crises publicou os
percentuais que cada uma das categorias de crises representaram no ano de 2010.
157
Publicado na Revista Exame de Abril de 2009, na reportagem ―O preço de um
Escândalo‖ das repórteres Daniella Camargos e Melina Costa.
753
X Congresso Brasileiro de Marketing Político
10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
Comparando esses dados com pesquisas anteriores pode-se observar que as crises
geradas por Crime de Colarinho Branco aumentaram 3% em relação a pesquisa do
Institute for Crisis Management em seu Relatório Anual de 2008. Sendo a categoria que
mais aumentou entre todas.
158
Tradução da autora - Categorias de Crises em 2008: Crimes de Colarinho Branco
(20%), Violência no Ambiente de Trabalho (9%), Outras Categorias 15% (Ambientais
3%, Discriminação 3%, Aquisições Hostis 0%, Assédio Sexual 2%, Denúncias 2%,
Demissões Executivas 1%,Consumismo 5% ) e Disputas Trabalhistas (8%%),
Problemas de Gestão (8%), Gestão Fraudulenta (11%), Acidentes Casuais (10%), Ações
de Classe (7%), Danos Financeiros (6%) e Defeitos e Recalls (6%).
754
X Congresso Brasileiro de Marketing Político
10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
159
Tradução da autora - Categorias de Crises em 2008: Crimes de Colarinho Branco
(17%), Violência no Ambiente de Trabalho (17%), Outras Categorias 13% (Ambientais
3%, Demissões Executivas 1%, Aquisições Hostis 1%, Assédio Sexual 1% e Denúncias
1%), Disputas Trabalhistas (11%), Problemas de Gestão (10%), Gestão Fraudulenta
(10%), Acidentes Casuais (9%), Ações de Classe (5%), Danos Financeiros (4%) e
Defeitos e Recalls (4%).
160
Carlos Brickman concedeu entrevista à autora no dia 21 de maio de 2009.
755
X Congresso Brasileiro de Marketing Político
10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
mantê-la ligada o tempo inteiro, para que obtenha o gelo quando quiser‖.
(BRICKMANN, 2009). Para Maristela Mafei161 a prevenção de crises pode ser
comparada com adquirir um plano de saúde
É preciso contratar o melhor do mercado e torcer para que você nunca use.
Sabe gente que tem convênio médico muito caro e fica bravo. ‗Poxa, eu estou
pagando a cinco anos e nunca usei‘, a pergunta para ele é ‗E você está triste?‘
Ele não sabe se eu fico triste ou feliz porque paga isso há cinco anos, uma
fortuna, todo mês para cada pessoa da família. Então prevenção de crise é a
mesma coisa. A empresa tem que contratar pagar bem, e ficar feliz por não
usar. (MAFEI, 2009)
É consenso entre os autores especialistas em crise pesquisados que para casos de crise
vale o dito popular: ―É melhor prevenir do que remediar‖. Tal antecipação é possível
devido ao fato de muitas crises serem previsíveis, em geral elas são algo que está entre
as práticas cotidianas e/ou rotineiras para o qual nunca se mensurou o risco.
161
Maristela Mafei concedeu entrevista à autora no dia 28 de maio de 2009.
756
X Congresso Brasileiro de Marketing Político
10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
GONÇALVES162 destaca ainda que as ações para prevenir a crise de imagem devem ir
além do levantamento de riscos e da criação de comitê e manuais. É preciso trabalhar
para possuir uma imagem positiva anterior, afirma
Tudo o que é possível fazer para evitar isso deve ser feito em manuais de crise
que a empresa deve contar. E, claro, tem que cuidar sempre da sua reputação
porque não adianta: Você nunca falou com ninguém, você esta lá, você não
tem imagem. Puta você não tem imagem! Quando acontece alguma coisa com
você o que você vai ter pra se defender? Então é importante que você crie sua
imagem para que você possa, quando acontece alguma coisa, ser respeitado e
ter o que dizer. Não é ―olha esse cara apareceu agora e vai falar comigo‖. Isso é
importante. Pensar em um exemplo de crise que poderiam ser piores se as
pessoas não tivessem feito a imagem delas antes. Você fala ―Não é possível‖!
Mesmo o Antonio Emílio todo mundo fala ―Nossa, mas espera ai o Dr. Emílio
não, ele não‖, porque foi criada uma imagem dele, e isso é importante.
(GONÇALVES, 2009)
ARON163 explica que é mais difícil criar e manter a credibilidade do que perdê-la.
Criar e manter uma imagem de solidez de seriedade etc., em geral, leva muitos
e muitos anos. Para criar e manter uma imagem de uma boa marca de bons
serviços frente à opinião publica é duro, exige muito trabalho, muito esforço,
muita competência. Da noite pro dia isso pode se desmanchar. E pra você
refazer essa imagem é muito mais complicado. Não vou dizer que é impossível,
mas é muito complicado (ARON, 2009)
Mário Rosa, consultor especializado em imagem e autor de dois livros sobre o assunto,
Em entrevista a Revista Exame de Abril de 2009, afirma que ―o problema é que, nesses
casos, a empresa é vista imediatamente como culpada‖.
Mas, mesmo diante das melhores estratégias para reduzir riscos e evitar uma crise pode
surgir uma circunstância inesperada já que é impossível prever todo o tipo de situação
162
Marli Gongalves concedeu entrevista à autora no dia 21 de maio de 2009.
163
Andre Aron concedeu entrevista à autora no dia 15 de maio de 2009.
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X Congresso Brasileiro de Marketing Político
10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
adversa. E quando elas se instalam é preciso tomar atitudes rápidas e eficientes, visando
a reduzir os impactos na imagem de quem terá que passar pela crise. E, caso as medidas
preventivas já tenham sido tomadas, sabemos que os envolvidos, sejam uma empresa ou
um ator político, terão mais facilidade de lidar com os incidentes.
Percebe-se que após cases de crise muitas empresas, passam a ter uma cultura mais
forte de prevenção através de manuais de crise e uma valorização do relacionamento
com a imprensa mais efetivo e constante. Empresas têm valorizado e adotado a
prevenção, algumas por aprenderem com os próprios erros outras por aprenderem com
os erros de outras.
Com toda essa importância no meio empresarial e devido à grande exposição dos atores
políticos a crises e especulações negativas envolvendo seus nomes e reputação a
prevenção de crises merece mais atenção no meio público e governamental.
Mas não é possível em uma sociedade democrática e cada vez mais exigente e atenta,
que conta ainda com uma imprensa livre e questionadora, apenas confiar na
credibilidade conquistada no passado. É preciso administrar as crises de imagem. Este é
outro assunto que deve ser estudado e abordado com maior profundidade, pois sobre ele
também se encontram poucas pesquisas aprofundada
758
X Congresso Brasileiro de Marketing Político
10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
REFERÊNCIAS
DUARTE, Jorge. Assessoria De Imprensa E Relacionamento Com A Mídia. São
Paulo. Editora Atlas, 2003.
VILLELA, Regina. Quem tem medo da imprensa? - Como e quando falar com
jornalistas. Rio de Janeiro. Editora Campus, 1998.
SUSSKIND, Lawrence e FIELD, Patrick. Em crise com a opinião pública. São Paulo,
Futura, 1997.
Matérias
CAMARGOS, Daniella; COSTA, Melina. O preço de um Escândalo. Revista Exame
de Abril de 2009, disponível em http://portalexame.abril.com.br/revista/exame/
edicoes/0940/negocios/preco-escandalo-432353.html acesso dia 14 de maio, 2009.
Artigos
As lições do Caso Schering – Fábio Steinberg disponível em
http://www.aberje.com.br/antigo/clipping/clip1.htm acesso em 18 mai, 2009.
Site
Institute for Crisis Management. Disponível em http://www.crisisexperts.com/. Acesso
em: 30 mar., 2009 e 05 jun. 2011.
Entrevistas
LORENZON, Gilberto. Entrevista concedida no dia 07 de maio de 2009.
ARON, André. Entrevista concedida no dia 15 de maio de 2009.
BRICKMANN, Carlos. Entrevista concedida no dia 21 de maio de 2009. GONÇAVES,
Marli. Entrevista concedida no dia 21 de maio de 2009.
MAFEI, Maristela. Entrevista concedida no dia 28 de maio de 2009.
Cursos/Palestras
Palestra Comunicação em Tempos de Crise, 12 de novembro de 2008, São Paulo,
Associação Paulista de Imprensa.
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10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
760
X Congresso Brasileiro de Marketing Político
10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
164 Camila de Oliveira - Graduada em Comunicação Social com ênfase em Jornalismo e Pós-Graduação
em Comunicação e Marketing Político pela Universidade de Taubaté. E-mail:
jornalist.camila@gmail.com
165 Margarete Salles Iwanikow - Jornalista, Especialista em Comunicação e Marketing Político e
mestranda em Comunicação Social pela UMESP (Universidade Metodista de São Paulo). E-mail:
megsalles@gmail.com
166
Roberto Gondo Macedo - Doutor em Comunicação Social, Mestre em
Administração Pública e MBA em Marketing. Diretor de Estratégias e Marketing do
IGC/Naster. Docente da Universidade Metodista de São Paulo e Universidade
Presbiteriana Mackenzie. Diretor Editorial da Rede POLITICOM. E-mail:
roberto.macedo@mackenzie.br
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X Congresso Brasileiro de Marketing Político
10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
INTRODUÇÃO
Numa época em que o mundo vive uma grande explosão comunicacional, onde a
cada dia são criadas novas ferramentas tecnológicas para a disseminação de informação,
que chegam com facilidade e rapidez as pessoas, maior fica necessidade e a importância
da criação de setores de comunicação dentro de empresas e governos, para que as ações
comunicacionais sejam pensadas de maneira estratégica, integrada e alinhada a todos os
segmentos da comunicação.
Utilizar a comunicação integrada e estratégica não é fácil, mas é imprescindível
para manter uma boa relação com a mídia e o público (cliente/eleitor). As diversas
ferramentas de comunicação devem ser posicionadas e estruturadas em ações
cuidadosamente elaboradas, que promovam eficiência na recepção das abordagens.
O perfil interdisciplinar dos profissionais de comunicação política contemporâneos
é fator de diferencial competitivo no planejamento de estratégias governamentais, pois
permite potencializar decisões com fundamentação e profissionalismo, oferecendo
maiores chances de êxito nos objetivos públicos.
Segundo FORNI (2009, p.382) ―é melhor investir nessa preparação, porque as
pesquisas mostram que organizações ou governos com planejamento de crise superam
melhor os momentos difíceis‖. Com ações planejadas é possível construir e manter uma
boa imagem perante a opinião pública além de, em momentos de crise, conseguir
contornar situações e diminuir impactos negativos.
Outro fator representativo para o cenário da comunicação política é a capacidade
de reagir com velocidade e coerência racional às crises de imagem e identidade que
poder ocorrer no decorrer da gestão. Um grande fortuito dessa situação é o inevitável
envolvimento de pessoas nas acusações, propiciando as mais diversas reações, tanto dos
demais grupos partidários, como na sociedade como um todo.
SOCIEDADE E DEMOCRACIA
A palavra sociedade vem do latim societas, que significa associação amistosa com
outros. Aprofundando a raiz de societas chegamos ao seu derivado socius, que significa
762
X Congresso Brasileiro de Marketing Político
10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
companheiro. Desta forma pode-se concluir que sociedade é um grupo de pessoas que
se relacionam de forma organizada, que compartilham interesses, costumes e objetivos
em comum.
Mas, para formar um grupo e instalar a ordem os povos tiveram que ajustar
costumes e criar formas de organização e controle. Assim, surge em meio a tantos
outros tipos de regimes, a democracia. Os primeiros registros da democracia como
atualmente é conhecida são da Grécia e constam de VI a.C.
De acordo com GOMES (2007) quando a democracia surgiu na Grécia ―o governo
era realmente exercido pelo povo, que fazia reuniões em praça pública para tratar de
vários assuntos e problemas‖.
Com o aumento populacional ficou inviável organizar essas assembleias públicas e
diante disto, foi criada a Democracia Representativa onde, por meio do voto, o povo
escolhe representantes que tomarão decisões em nome da coletividade.
Segundo GOMES (2007) atualmente mais de cem países vivem na democracia. No
entanto, existem algumas diferenças na forma como a democracia é tratada de país para
país. Por isso, para saber diferenciar um país democrático de um país que atue com
outras formas de governos a Embaixada dos Estados Unidos no Brasil listou dez
práticas e princípios que distinguem um país democrático dos que seguem outros
regimes. O primeiro tópico mostra de forma geral, mas pontual, o que é a democracia e
como ela deve ser exercida: ―democracia é o governo no qual o poder e
responsabilidade cívica são exercidos por todos os cidadãos, diretamente ou através dos
seus representantes livremente eleitos‖.
Mas viver em uma democracia talvez seja tão difícil quanto em uma ditadura.
Como afirma Martins (2003, p.11)
―A democracia traz no seu bojo uma série de implicações, com
as quais o povo precisa estar comprometido, para consumar a
promessa de se transformar no instrumento de promoção da
justiça, da liberdade, da igualdade. Na vigência de um regime
democrático, o indivíduo não pode negligenciar suas obrigações;
precisa ter senso coletivo, estar consciente dos problemas da sua
comunidade e do país que vive, escolher seus representantes de
forma criteriosa, acompanhar a atuação do mesmo depois de
eleitos, etc. Enfim, necessita ser cidadão.‖
763
X Congresso Brasileiro de Marketing Político
10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
No Brasil a democracia vive sua fase de mocidade. Há apenas vinte e dois anos
o povo brasileiro conseguiu recuperar o direito de escolher seus representantes públicos.
Acostumados a viver sob pressão e correspondendo sempre aos anseios dos líderes
ditadores por mais de duas décadas, a democracia, muito clamada pelo povo, começa a
dar seus primeiros passos e a sociedade, aos poucos, começa a aprender quais os direitos
e deveres que devem exercer para viver em um país democrático.
Esse comportamento social gera com o tempo um aumento na exigência da
sociedade perante seus representantes, mas também um senso de descontentamento com
denúncias presentes diariamente nos canais midiáticos.
No caso do Brasil, a redemocratização sempre esteve acompanhada de exemplos
negativos no universo público, com denúncias de corrupção, desvio de recursos, compra
de votos, ingerência pública e demais ocorrências. Esses acontecimentos geraram para
uma camada representativa da sociedade uma visão incrédula do sistema eleitoral,
tornando mais complexo e dificultoso o planejamento de ações de comunicação politica.
764
X Congresso Brasileiro de Marketing Político
10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
Propaganda e durante a ditadura militar quando foi criado o AI-5 – Ato Institucional
número cinco.
Tanto o DIP quanto o AI-5 tinham como função fiscalizar os meios de
comunicação, não deixando que fossem noticiados fatos contra o governo. Além de
impor censura aos meios de comunicação, nesses período s ditatoriais, as mídias eram
utilizadas apenas para noticiar as ações governamentais dos ditadores com mensagens
que buscavam fomentar o populismo e o nacionalismo nos cidadãos.
Já em tempos de democracia a mídia também é utilizada pelos governantes ou
aspirantes a cargos políticos devido ao poder de convencimento e a amplitude de
propagar ideias, que a mídia possui. Para Pacheco (2001, p. 1), é ―quase impossível no
mundo contemporâneo falar em política sem mencionar o papel que a imprensa ou a
mídia, de maneira geral, exercem nas lutas pelo poder‖.
Fatos importantes como o Movimento ―Diretas Já‖ e o impeachment de
Fernando Collor mostram o quanto a mídia exerceu seu poder de convencimento e
mobilização do povo brasileiro em torno de uma ideologia. Quanto ao ex-presidente
Collor, sua história de ascensão e queda é sempre muito utilizada para demonstrar o
poder que a mídia tem em criar e destruir imagens, pois a mesma mídia que o ajudou a
chegar ao poder foi quem realizou diversas denúncias, destruindo sua credibilidade e
ajudando no processo de seu impeachment.
Luz (2004, p. 54) também destaca o poder midiático de construção e destruição
de imagens quando afirma que ―o uso da imprensa para sustentar, ou não, governos
sempre esteve presente. A queda de Fernando Collor de Mello é um exemplo claro de
que mais uma vez este artifício foi utilizado‖.
Por isso, ter um bom relacionamento com os meios de comunicação é
fundamental para criar uma boa imagem perante o público. Em qualquer setor da
sociedade, privado ou público, é imprescindível que políticos ou representantes de
grupos empresariais mantenham um bom relacionamento com a mídia e saibam como
se posicionar diante das diversas situações a que poderão ser expostos para que
consigam atingir a opinião pública de forma favorável evitando assim uma crise de
imagem.
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X Congresso Brasileiro de Marketing Político
10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
COMUNICAÇÃO GOVERNAMENTAL
Comunicação governamental pode ser entendida, segundo Monteiro (2007, p.38)
como a comunicação ―praticada pelo governo, visando à prestação de contas, ao
estímulo para o engajamento da população nas políticas adotadas e ao reconhecimento
das ações promovidas nos campos político, econômico e social‖.
Não podemos ainda tratá-la como comunicação pública, pois esta é mais ampla e
trata de diversos outros atores públicos como partidos político, movimentos sociais,
terceiro setor, organizações não governamental, entre outros; e tem como foco principal
o cidadão. Na comunicação governamental o foco central é o governo e suas ações
tendo o cidadão como principal alvo comunicacional.
O Brasil durante anos viveu sob um regime militar, onde a comunicação era
imposta pelos militares e era controlada pelos mesmos, que criaram o DIP
(Departamento de Imprensa e Propaganda) justamente para controlar a comunicação no
país. Durante essa época não havia comunicação governamental da maneira como é
tratada atualmente pois, como cita Brandão (2003) ela ―é uma forma legítima de um
governo se fazer presente perante a população, uma espécie de lobby junto à opinião
pública‖, mas comunicação controlada pelos ditadores que era exercida
autoritariamente. Após a extinção do DIP em maio de 1945, os governantes, na maioria
das vezes, eram seus próprios porta vozes, deixando muitas vezes a comunicação de
lado.
Após o término da Ditadura, os governos sentiram a necessidade de ter uma
forma mais eficiente de comunicar os fatos e acontecimentos da sua gestão e a maneira
como transmitir informações passou a ser uma preocupação dos governantes em geral.
Há passos lentos a comunicação governamental e a comunicação pública ganhou
espaço e notoriedade, fazendo os governos sentirem a necessidade de se comunicar com
a população de maneira mais eficiente, como uma estratégia para não perder o
eleitorado.
Mas é importante ressaltar que a informação é transmitida, mas qual será a
reação do eleitorado já é impossível de se prever, é o que diz Le Bom (1980, p.153)
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10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
O CASO PALOCCI
Antonio Palocci Filho nasceu em Ribeirão Preto/SP, no dia 04 de outubro de
1.960, filho de Antonio Palocci e Antonia de Castro, o pai formado em artes plásticas e
a mãe militante da organização Trotskista da convergência Socialista, é médico
sanitarista formado pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto.
Em sua cidade natal iniciou sua carreira política em 1989 quando foi eleito
vereador com cerca de 3.500 votos. No ano seguinte deixou o cargo de vereador para se
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10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
candidatar a Deputado Estadual, pleito que venceu com mais de 25 mil votos. Menos de
dois anos depois se licencia do cargo para se candidatar a Prefeito de Ribeirão Preto,
obtendo a vitória do pleito eleitoral, desta vez com mais de 112 mil votos.
Foi presidente estadual do Partido dos Trabalhadores (PT) em São Paulo, nos
anos de 1997 e 1998 quando se elegeu Deputado Federal pelo estado, conquistando
mais de 125.000 votos. Em 2000 deixou o mandato para novamente assumir a Prefeitura
de Ribeirão Preto, sendo eleito com 146.112 votos.
Licenciou em 2002 para trabalhar na campanha eleitoral do então candidato a
Presidência da República, Luís Inácio Lula da Silva, e depois para coordenar a equipe
de transição do governo e assumir o cargo de Ministro da Fazenda. Homem de
confiança do Presidente Lula, Palocci enfrentou sua primeira crise de imagem três anos
após o inicio de suas funções no cargo, após diversas acusações que ocasionou em sua
saída após denúncias de quebra de sigilo bancário de uma das testemunhas do processo,
quando foi substituído por Guido Mantega.
Voltou ao cenário político atuando na campanha eleitoral da Presidente Dilma
Rousseff, e como candidato a Deputado Federal, pleito que foi vitorioso mais uma vez.
Após a eleição da Presidente Dilma, foi nomeado em 01/01/2011 para o cargo de
Ministro Chefe da Casa Civil.
No dia 15 de maio de 2011, o jornal Folha de São Paulo trouxe a público matéria
sobre o enriquecimento ocorrido no período entre 2007 e 2011, em que o patrimônio
declarado por Palocci aumentou em 20 vezes (passou de um patrimônio de
R$375.000,00 reais para R$7.500.000,00), gerando suspeitas de enriquecimento ilícito.
Após denúncia, tanto a oposição, liderada pelo PSDB (Partido da Social
Democracia Brasileira) e o DEM (Democratas), quanto o Ministério Público exigiram
explicações públicas ao ministro, sendo articulado movimento pró-CPI (Comissão
Parlamentar de Inquérito) para investigar as denúncias envolvendo o ministro Antonio
Palocci.
Um dos problemas mais graves em um cenário de crise na comunicação política
é quando as denúncias são veiculadas em canais de comunicação de grande
credibilidade regional ou nacional, porque além de alta circulação e tiragem envolvendo
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X Congresso Brasileiro de Marketing Político
10 anos de contribuições ao marketing político – Anais
PALOCCI E A MÍDIA
Quando tiveram início as denúncias sobre o crescimento exorbitante do
patrimônio de Palocci, o modo utilizado para tratar sobre o assunto perante a mídia foi o
―nada a declarar‖. Nem Palocci nem a presidente Dilma falaram sobre o assunto com os
meios de comunicação. Para Forni (2009, p.370) existem diversas ações que não devem
ser tomadas durante uma crise.
―A mais elementar: deixar o jornalista sem retorno, quando
procura alguém sobre matéria negativa. Erro capital. Ele sente-
se no direito de publicar a matéria [...] Segundo: omitir-se
quando existe uma crise instalada na empresa. A omissão nas
pautas negativas dá ao jornalista o direito de escrever o que bem
entende. As fontes devem, portanto, interferir na matéria, se
tiverem explicações plausíveis.‖
Quando intimado a prestar esclarecimentos sobre o aumento de seu patrimônio,
pela Procuradoria Geral da República, Antonio Palocci, não pode declarar todos os
clientes atendidos pela sua empresa de consultoria, a empresa Projeto, fiando-se em
clausulas de confidencialidade, supostamente, existentes em contratos. Em sua
argumentação apresentou documentos que comprovavam que a parte fiscal de sua
empresa estava de acordo com a lei.
Após essas explicações a Procuradoria Geral da República decidiu pelo
arquivamento do processo declarando não haver nenhuma pressuposição de ilícito, não
sendo procedente as denúncias.
Este arquivamento teve efeito contrário ao que poderia se imaginar, haja vista
que tanto o meio político quanto o midiático exigiam saber detalhes dos contratos
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firmados pela sua empresa. Para Doty (1999, p.259) ―Esconder informação é um erro.
Um ‗sem comentários‘ ou um silêncio misterioso só ascende à imaginação. Se a crise
envolver o público, é função da mídia descobrir tudo o que puder, com ou sem
cooperação‖.
Após prestado os esclarecimentos apenas à Procuradoria Geral da República a
crise tomou novas proporções e somente após vinte dias das denúncias é que Antonio
Palocci veio a público, concedendo uma entrevista exclusiva ao Jornal Nacional. A
entrevista não foi ao vivo e mostrava o desconforto do entrevistado.
Novamente o Ministro alegou legitimidade da parte fiscal de sua empresa, além
de frisar que todos os seus contratos possuíam cláusulas de confidencialidade, com isso
novamente não atendeu aos anseios da sociedade, da oposição e da mídia.
Diante desse cenário, fica clara a preocupação da gestão federal em promover
uma substituição na pasta do ministério que permitisse à sociedade formar uma opinião
positiva com relação ao fortuito da crise.
Vale reiterar que o governo da Presidente Dilma Rousseff ainda se encontra no
primeiro ano de mandato, portanto qualquer ação mal elaborada pode corroborar para
uma demonstração de fragilidade na capacidade de tomadas da decisão, prejudicando
demais ações já planejadas em outros momentos.
A continuidade de um partido no poder também contribui com uma carga de
responsabilidade maior do que em um primeiro mandato, pois a expectativa é de que a
gestão continue bem aprovada e com boas referências, partindo do pressuposto que
predominantemente as eleições com vitória de sucessores ocorrem quando o governo é
avaliado positivamente por alto percentual da sociedade.
O desgaste de imagem dos políticos também se intensifica com a exposição por
anos, como no caso do Palocci, com uma vida pública de mais de duas décadas de
visibilidade nas mídias regionais de São Paulo e nacionalmente.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Fato observado neste estudo do caso do ex-ministro da Casa Civil Antonio Palocci,
foi de que as ações de comunicação frustaram as expectativas e conceitos de
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REFERÊNCIAS
BACZKO, B. Imaginação Social, in: Enciclopédia Einaudi. Porto. Imprensa Nacional
– Casa da Moeda, 1985, p. 311. Aput PACHECO, F. Mídia e Poder: Representações
simbólicas do autoritarismo na política. Domínio Público. Disponível em:
<http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp000233.pdf>. Acesso em: 12
jun. 2011.
DOMENACH, J. M.A propaganda política. São Paulo, ed. Difusão Européia do Livro,
1963. - versão para e-book Março 2001.
GIL, A. C.Como elaborar projetos de pesquisa. 4. Ed. São Paulo: Atlas; 2002
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RESUMO
A sustentabilidade transformou-se em mote de campanha para diversas empresas
privadas. Com ele é possível envolver por meio do pensamento consciente e correto o
consumidor contemporâneo, o qual busca por atuação socialmente responsável em seu
cotidiano. Observa-se que esta exigência não permeia somente a relação de consumo
com a iniciativa privada, mas envolve a atuação do poder público, tanto no âmbito da
administração pública, quanto em ideologia política. Assim o objetivo deste artigo é
refletir sobre a atuação do poder público no pensamento sustentável aliado a postura
ideológica de partidos como o PV – Partido Verde e o PEN – Partido Ecológico
Nacional, além de observar se o mote da sustentabilidade também é utilizado por outros
partidos ou políticos.
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Doutor em Comunicação Social, Propaganda Política, Mestre em Administração Pública, MBA em Marketing.
Docente Lato Sensu na Universidade Presbiteriana Mackenzie e Universidade Metodista de São Paulo. Docente de
graduação na FAMA, CEETEPS (FATEC Mauá), todos no estado de São Paulo. Consultor nas áreas de Comunicação
mercadológica e política. Diretor Editorial do POLITICOM. Email: roberto.macedo@mackenzie.br
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Mestre em Comunicação Social, Publicitária e Docente nas instituições de ensino superior: FMU, FAMA e
CEETEPS, todas no estado de São Paulo. Participante do GESC3 – Grupo de Estudos de Semiótica, Comunicação,
Cultura e Consumo. Email: andrea.fsa@uol.com.br
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INTRODUÇÃO
Não se pode pensar em sociedade sustentável sem envolver a iniciativa privada,
a população e o poder público. Assim além dos partidos com ideologia verde, demais
governantes veem-se com o dever de pensar e agir sobre o tema. A administração
pública apresenta atualmente uma atenção especial de políticos e governantes aos
assuntos ecológicos. Conferências são realizadas promovendo a união de líderes
políticos em reflexões sobre ações sustentáveis a serem concretizadas.
Além das ações reflexivas, surge na cena política um novo partido o PEN, o qual
possui ideologia semelhante ao Partido Verde, observando determinadas ressalvas e
particularidades entre eles.
Os dois partidos apresentam um pensar ecológico, que será discutido ao longo
do artigo. Contudo em uma sociedade que atenta e procura transformar o ecológico e
sustentável em rotina, a qual contribui com o meio ambiente, sem ter um discurso
presunçoso e sim o pensamento voltado para busca de qualidade de vida espera-se que
políticos e partidos possuam projetos que atendam as necessidades e desejos da
sociedade.
Este artigo realiza uma breve análise sobre os parâmetros de ação dos dois
partidos e reflete sobre sua importância na sociedade. Ratifica-se que nas últimas
eleições o Partido Verde apresentou um crescimento e apreço perante o eleitorado. É
salutar observar que não é o intento desse trabalho realizar uma pesquisa sobre o
comportamento e a opinião da recepção, sendo discutido e pesquisado em momento
oportuno, mas observar sobre os ideais dos partidos.
ECO SOCIEDADE
O planeta exige da sociedade um comportamento de maior envolvimento e
compromisso. Atualmente o tema sustentabilidade não pode ser simplesmente
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argumento mercadológico para fidelização e conquista de novos clientes por parte das
organizações.
É inegável que as organizações pioneiras no tema ou que recentemente
envolveram-se no assunto apresentam retorno mercadológico. Nada há de errado em
utilizar o tema como mote de campanha, mas em uma sociedade mais esclarecida, com
grande fonte de informação e geradora de conteúdo não é mais possível utilizar o tema
somente para preservação ou manutenção de imagem no mercado.
O tema pode e deve ser apropriado por empresas desde que utilizado em ações
que gerem, além de visibilidade, resultados focados em ações reais para a sociedade.
O compromisso com o sustentável tem a atenção das empresas e também da
ação dos indivíduos, que vivem um processo de conscientização e se preocupam de
forma crescente com reciclagem, consumo consciente e outras formas inteligentes de
evitar a agressão ao meio ambiente e ao ser humano sem privar-se de determinados
consumos e rotinas.
Na atualidade muito se discute sobre o tema, mas ainda há dúvidas sobre a
abrangência de seu significado e quais são as ações assertivas, que colaboram com o
meio ambiente. Desta forma, para que se possa pensar em ações sustentáveis é
necessário atentar para suas quatro premissas básicas da sustentabilidade que envolve
ser ecologicamente correto, economicamente viável, socialmente justo e culturalmente
aceito.
Sendo assim o documento Nosso Futuro Comum ou Relatório Brundtland
aponta que o sustentável é incompatível com o crescimento exacerbado da produção e
do consumo. O documento da ONU e o relatório não propõem a paralisação das ações
apontadas, mas uma reflexão para o equilíbrio entre elas, os seres humanos e o meio
ambiente.
A proposta para o desenvolvimento sustentável é um processo que deve atender
às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras
atenderem às suas necessidades (COMISSÃO..., 1991) e as premissas do documento
esclarecem que para uma ação sustentável é preciso pensar na sociedade em
completude.
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PROPAGANDA IDEOLÓGICA
A utilização da condicionante ideológica permite que o ator
político ou o grupo governamental vigente mantenham seu espaço no
ambiente público. A manutenção dos estímulos idealistas é o que conduz
um determinado grupo social a acreditar no cenário que foi exposto e
―comprado‖ quando iniciaram a aplicação do novo sistema.
Quando o respectivo grupo já não recebe mais novos estímulos de
reivindicação da mensagem original ou quando nada faz mais sentido, o
movimento se dissipa criando uma situação insustentável por parte de seus
idealizadores.
Outra ferramenta utilizada nas situações políticas é controle
ideológico. Na visão de Queiroz (2005, 81) ―o controle ideológico
compreende todas as formas utilizadas para que os indivíduos e grupos não
tenham condições de perceber sua realidade e, com isso, fiquem impedidos
de formar a sua própria opinião‖.
Essa situação cria um clima ilusório no processo governamental, pois
é trabalhada a imagem de que não existem problemas aparentes de
manifestações, devida à população estar aceitando a situação de maneira
passiva e complacente. Em contrapartida essa atitude é deveras arriscada
para a sustentabilidade da imagem, pois com o menor estímulo de grupos
oposicionista, o clima harmonioso pode se tornar revolto, com
manifestações contrárias ao sistema.
Segundo Garcia (1986, p.82) ―a propaganda se transforma em
instrumento de união de classe social em torno de metas comuns,
permitindo que ela torne mais organizada e que suas ações sejam mais
coerentes‖. Para Santo (1997, p.34) ―a ideologia está estritamente ligada a
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comunicação e acesso à informação por parte dos cidadãos facilitava a difusão de mensagem
única, de modo intenso e persuasivo.
Atualmente o excesso informacional é exacerbado, propiciando um clima desafiador
para qualquer grupo político ou corporativo que pretenda envolver representativos
conglomerados de grupos sociais por grande espaço de tempo. As situações e decisões são
mudadas com rapidez nunca antes vista e os veículos midiáticos disputam espaço em diversas
redes de difusão, diminuindo força de impacto de conscientização comparada em gerações
passadas.
PROPAGANDA ECOLÓGICA
Nas últimas eleições foi notório o crescimento do Partido Verde, principalmente
em regiões com perfil mais urbano e cosmopolita, como as capitais dos estados de São
Paulo e Rio de Janeiro, onde a temática defendida pelo partido consegue maior
aderência do que em outras regiões onde a preocupação ambiental e sustentável não se
encontra no cerne de discussão.
Marina Silva candidata à presidência da República conseguiu visibilidade e alçar
interesse dos demais candidatos na competição ao cargo no segundo turno das eleições,
os quais cortejaram a ex-candidata e apontaram em seus discursos a preocupação com a
causa ecológica. Na eleição de 2010, grande parte dos eleitores migrou seu voto para a
candidata citada e para candidatos de demais cargos deste partido, no primeiro turno.
A necessidade na conservação do meio ambiente e a busca por soluções viáveis
para o consumo consciente provocam na sociedade uma reflexão sobre o tema e a
efetivação em suas atitudes. Com isso a mensagem de conteúdo sustentável apresentada
pelos partidos com ideologia verde gera empatia em eleitores conscientes.
Em um estudo mercadológico de bens e serviços aponta-se o líder de opinião
como pessoa influente dentro de um contexto de pessoas comuns para apoiar e comentar
positivamente sobre um produto ou serviço. No âmbito político é possível observar que
os líderes de opinião contribuem para que os demais cidadãos comuns reflitam sobre
ideologias políticas e conteúdos de campanhas publicitárias de determinados
candidatos.
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8) Todo ser humano deve respeitar o seu ambiente; 9) Alerte seus amigos e parentes
sobre a preservação da natureza; 10) Não esqueça de agradecer a Deus pela perfeição do
planeta.
É possível observar que o PEN atenta para uma concepção religiosa, enquanto o
PV não aborda esta questão. De qualquer maneira os dois partidos utilizam-se do mote
sustentabilidade como ideologia política, cada um focado nas expressões que
representam seus líderes.
Esse perfil de posicionamento influencia muito no senso de governabilidade e
aprovação e envio de projetos às Casas Legislativas do país. O PV é mais libertário na
defesa do direito de escolha do cidadão, já o PEN se apresenta mais vinculado a valores
cristão e consequentemente mais conservadores, sob um olhar de proposituras político
partidárias.
Um exemplo que pode ser considerado é o Projeto de Lei 4914/09 que versa
sobre a permissão de casamento civil de pessoas do mesmo sexo. Para o perfil dos
parlamentares do PV, aceitar e votar favorável a essa proposta é mais simples do que
um parlamentar do PEN. Nesse caso de votações polêmicas, o partido influencia na
decisão, independente do posicionamento do político. Por esse motivo é relevante que o
ator político analise bem antes de mudar de agremiação ou promover um outro tipo de
ideologia.
Em um país com pluralidade de ideias a diversidade de partidos pode levar à
reflexão da sociedade e a busca por ideais partidários semelhantes, mas que gerem
empatia com cidadãos distintos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As questões ambientais geram mote de ideologia política para alguns partidos,
por sua vez também alertam demais governantes para que sua atuação política recaia
sobre a qualidade de vida para a população e consequentes eleitores.
Este artigo teve o intuito de apresentar mais um partido que pensa no indivíduo e
em seu meio e realizar uma breve comparação sobre suas propostas, conclui-se que
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REFERÊNCIAS
A ONU e o meio ambiente. ONU – Organização das Nações Unidas. Disponível em
<http://onu.org.br/a-onu-em-acao/a-onu-e-o-meio-ambiente/> Acesso em 10 jun. 2011.
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Resumo
Esta pesquisa tem por objetivo realizar uma análise comparativa dos cem
primeiros dias do primeiro mandato do governo ―Dilma‖ versus os cem primeiros dias
do primeiro mandato do governo ―Lula‖.
A metodologia é de caráter exploratório e de natureza qualitativa. O veículo de
comunicação, objeto deste estudo, é o site folha on line. Pretendemos realizar uma
revisão dos conceitos comunicacionais e analisar como esse veículo de comunicação
aborda aspectos da análise dos cem primeiros dias do governo ―Dilma‖ em 2011 e do
Governo ―Lula‖ em 2003.
Nossa análise evidenciou que o resultado do pós eleição referente ao marketing
político é o reflexo do que foi realizado durante os cem primeiros dias de cada governo.
Observamos claramente a evidencia do ex-presidente ―Lula‖ versus a atual presidente
―Dilma‖.
Introdução
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Metodologia
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primeiros cem dias do governo Dilma‖ independente do site da folha on line ser o mais
acessado o escolhemos para que pudéssemos comparar o mesmo veículo de
comunicação.
Objetivos
Parte-se da hipótese de que, por envolver interesses comuns, uma vez que os
dois presidentes são do mesmo partido e ainda que o anterior, ―Lula‖, fez a indicação do
nome da atual presidente ―Dilma‖ espera-se que o resultado reflita semelhanças na
análise dos cem primeiros dias de cada governo.
Comunicação
O século XIX foi o período de nascimento das noções fundadoras de uma visão
holística da comunicação. Na opinião de Mattelart e Mattelart (2005, p.13) o fator de
integração das sociedades humanas foi a comunicação ―[...] centrada de início na
questão das redes físicas, e projetada no núcleo da ideologia do progresso, a noção de
comunicação englobou, no final do século XIX, a gestão das multidões humanas‖.
Para discutir a questão da gestão das multidões humanas, Armand e Michele
Mattelart fazem a seguinte indagação: ―Qual a natureza da nova sociedade anunciada pela
irrupção das multidões na cidade? Em torno dessa questão se forma, nas duas últimas décadas
do século XIX, a problemática da ―sociedade de massa‖ e dos meios de difusão de massa, seus
corolários‖ (Mattelart e Mattelart 2005, p.21).
Para refletir sobre a comunicação, recorro a Wolton (2003, p.7). O autor destaca
que há décadas tenta compreender o que chama de estatuto da comunicação das
sociedades e afirma ―[...] Se a comunicação é uma questão muito antiga da humanidade,
a explosão de técnicas há um século modificou consideravelmente seu estatuto‖.
Lembra ainda que a comunicação passou do telefone ao rádio, da televisão à informática
e hoje aos multimídias e desta maneira evolutiva tem se tornado cada vez mais eficaz.
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saúde, nos negócios, na literatura, na economia, nas artes, nas ciências sociais, na
educação‖.
Para Melo (1975, p.14), a etimologia da palavra comunicação sugere tratar-se de
um conceito eminentemente social na sua própria origem. Destaca dois momentos para
sua explicação, sendo que num primeiro refere-se ao ser humano e um segundo ocorre
quando um indivíduo ―A‖ transfere a informação para um indivíduo ―B‖, observando
que se trata de um fenômeno completo.
De acordo com Melo (1975, p.14) a etimologia da palavra comunicação também
tem origem no latim ―communis‖, ou seja, comunhão. Significa tornar comum,
comungar, transmitir, podendo, por meio da troca de informações, estabelecerem a
comunhão.
Bueno (2007, p. 9), também especialista em comunicação empresarial, tem uma
visão crítica da área. Em sua obra, discorre na introdução sobre ―A hipocrisia na
comunicação empresarial brasileira‖ observa que as agências e assessorias de
comunicação, preocupadas em manter e aumentar seus clientes submete-se a estratégias,
mesmo que lhe custe a identidade. Afirma ainda que profissionais se curvem a chefes
que são autoritários e também a propostas indecorosas para garantir seus empregos.
Bueno (2007, p.12) destaca, ainda, que as escolas de Comunicação, aquelas que
chamamos de Academia, por serem responsáveis pela formação de um número
expressivo de profissionais que atuam nas organizações, ―[...] têm, provavelmente,
parcela importante de culpa por esta situação [...]‖.
Apresento dois conceitos de comunicação propostos por Wilson Bueno.
O primeiro é a Comunicação Empresarial (Organizacional, Corporativa ou
Institucional) é desenvolvida para reforçar a imagem de uma empresa ou entidade junto
à opinião pública ou aos seus públicos de interesse tais como fornecedores,
consumidores, empregados, formadores de opinião, classe política ou empresarial,
acionistas, comunidade acadêmica ou financeira, jornalistas, etc.
O segundo é a comunicação governamental, que, segundo Bueno (2009, on-line)
―compreende todas as atividades e ações desenvolvidas pelo Governo Federal, pelos Governos
Estaduais e Municipais e pelos seus órgãos (secretarias, ministérios)‖ tendo como foco
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2.
Fonte: 1-
http://www1.folha.uol.com.br/folha/especial/2003/100diasdelula/opiniao.shtml - acesso
01/06/2011
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Fonte: 2 - : http://www1.folha.uol.com.br/poder/900323-primeiros-cem-dias-sao-
marcados-por-calmaria-na-politica-e-tensao-na-economia.shtml - acesso 01/06/2011
3.
Fonte: 3 - http://www1.folha.uol.com.br/bbc/900354-relembre-fatos-marcantes-de-
cem-dias-do-governo-dilma.shtml - acesso 01/06/2011
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Fonte: 4 -
http://www1.folha.uol.com.br/folha/especial/2003/100diasdelula/opiniao.shtml - acesso
em 01/06/2011
4.
Fonte: 5 - http://www1.folha.uol.com.br/multimidia/podcasts/900070-especialistas-
analisam-os-100-dias-do-governo-dilma-ouca.shtml - acesso 01/06/2011
Considerações finais
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Nossa análise demonstra que existe uma clara evidência e coincidência nas
colocações de palavras primeiramente positivas (positiva para Lula e calmaria para
Dilma) e logo em seguida um aspecto negativo (tropeços para Lula e tensão para
Dilma), fazendo o contra ponto e aparentemente se colocando neutro.
A análise da folha on line reflete o resultado do pós eleição referente ao
marketing político realizado durante os cem primeiros dias de cada governo. Deixando
claro que a reportagem é mais completa e longa com o ex-presidente ―Lula‖ (chamado
de bom marqueteiro) do que com a atual presidente ―Dilma‖ (A inovação mais evidente
de seus primeiros cem dias no Planalto foi o quase silêncio, em contraste com os
discursos inflamados e praticamente diários de seu antecessor e padrinho, Luiz Inácio
Lula da Silva).
Referências
ADORNO, Theodor; et al. Teoria da Cultura de Massa. Introdução, comentários e
seleção de Luiz Costa Lima. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Paz e terra, 1978.
FOLHA, on line - Home Page folha on line – Governo Lula Cem Dias:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/especial/2003/100diasdelula/opiniao.shtml acesso
01/06/2011.
______Home Page folha on line - Governo Dilma Cem Dias
http://www1.folha.uol.com.br/poder/900323-primeiros-cem-dias-sao-marcados-por-
calmaria-na-politica-e-tensao-na-economia.shtml acesso 01/06/2011.
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HTTP://WWW1.FOLHA.UOL.COM.BR/MULTIMIDIA/PODCASTS/900070-
ESPECIALISTAS-ANALISAM-OS-100-DIAS-DO-GOVERNO-DILMA-
OUCA.SHTML ACESSO 01/06/2011
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RESUMO
A política vem se modernizando, ainda que de forma tímida, no intuito de melhorar a
comunicação com o eleitor e fortalecer a imagem do candidato eleito e/ou elegível a
cargos públicos. A importância das ações pós-eleitorais, amparadas pelo marketing pós-
eleitoral e a comunicação governamental tem ganhado peso e importância no
fortalecimento da imagem dos candidatos, assim como tem estruturado as ações de
comunicação eleitoral. Esse artigo versa sobre a importância de ações estratégicas pós-
eleitorais no fortalecimento da imagem dos candidatos a cargos públicos, bem como
apresenta principais pontos que devem ser considerados para o desenvolvimento
sustentável do conceito pós-eleitoral.
PALAVRA CHAVE
Marketing pós-eleitoral, comunicação, democracia e política brasileira.
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INTRODUÇÃO
Uma disputa eleitoral demanda muito planejamento, seja na estruturação de
campanha sob a égide publicitária, como na gerencial, na captação de recursos
financeiros e negociações de apoios políticos partidários. Todo esse trabalho exige alto
nível de profissionalismo no trato dos recursos disponíveis, que podem ser mal
utilizados e não propiciar êxito na conquista de resultados nos pleitos eleitorais.
Torna-se relevante o uso de técnicas pós-eleitorais na valorização do mandato
conquistado, buscando desenvolver uma gestão eficiente e que potencializa com
perspicácia os projetos e ações governamentais desenvolvidos à sociedade regional.
Esse trabalho harmonioso fomenta um caráter sustentável na construção de uma
identidade do político com o meio onde atua publicamente, facilitando o processo de
reeleição (quando possível legalmente) ou no interesse em postular novos cargos
públicos, atingindo resultados maiores com investimentos menores, porém
continuamente trabalhados.
Fortalecimento de imagem é um trabalho que antecede o processo de identidade,
pois demanda tempo e exige uma constante análise dos cenários regionais e sociais,
principalmente nos locais de base eleitoral do ator político, cujo relacionamento deve
ser mantido com respeitabilidade e confiabilidade.
A ciência do Marketing Pós-eleitoral ainda é recente no universo público e em
muitos casos é trabalhada por ações de tentativa e erros, sem planejamentos tão
estruturados e embasados em profissionais que compreendem as métricas da
comunicação política.
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onde o povo elege um representante para lutar por seus interesses através do sufrágio
censitário, mais conhecido como ―voto‖.
A democracia surgiu na Grécia com inúmeras restrições à participação popular,
mas foi no final do século XVIII após a Revolução Francesa que surgiram os primeiros
democráticos do hemisfério ocidental.
Três movimentos políticos sociais contribuíram para o estado democrático na
época: inicialmente a revolução inglesa, seguido pela revolução americana e a revolução
francesa. Os princípios fundamentais da democracia constituíram e constituem a
vontade popular, a participação popular no governo, a preservação da liberdade e a
igualdade de direitos.
Um dos princípios básicos da democracia diz que o povo é a única fonte do
poder, manifestação e expressão efetiva da vontade popular. Segundo Bobbio (2002) ―A
democracia não é tanto uma sociedade de livres e iguais (por que tal sociedade é apenas
uma ideia limite), mas uma sociedade regulada de tal modo que os indivíduos que a
compõem são mais livres e iguais do que em qualquer outra forma de convivência‖.
Liberdade e igualdade são valores fundamentais da democracia, mas na
realidade o cenário encontrado ao longo dos anos e até os dias de hoje difere muito
desses preceitos.
A história democrática do Brasil é marcada por períodos difíceis e conturbados,
de acordo com estudos e analises históricas. Após um longe período monárquico e
escravista a republica velha inicia um período de estabilidade controlada por coronéis e
eleições pré-estabelecidas.
Apesar da falsa ilusão de estabilidade, o período é permeado com repressão a
movimentos populares, movimentos armados e disputas pelo poder. Em 1930, com
grande idealismo de liberação e moralização da política, a revolução de 30 fracassa e
Vargas assume o poder por longos 15 anos, mergulhando o Brasil em um período de
ditadura que fecha o Parlamento, bane os partidos e instaura a censura no país.
Esse longo e negro período termina em 45 quando Vargas decreta a anistia e
convoca eleições, após legalizar os partidos. Esse período democrático dura pouco,
sendo substituído pelo regime de democracia formal em um período em que a elite
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Nos anos seguintes, o boom da democracia foi visto nas ruas, quando o então
presidente Fernando Collor de Melo sofreu o impeachment, graças à mobilização da
opinião publica e movimentos ativistas que foram as ruas com caras pintadas. A
despeito da democracia, o regime político dessa época ainda ficava longe de se
estabilizar, devido aos questionamentos de partidos políticos. Assim, em 21/04/1993 é
aplicado no Brasil o plebiscito. O eleitorado, mesmo que dividido, opta por manter o
presidencialismo no país, defendendo o voto direto para presidente da republica.
O presidente Fernando Collor sofreu impeachment, o primeiro
ocorrido no país, e seu mandato foi completado pelo seu vice,
Itamar Franco. O plano de estabilização econômica projetado
por este, tendo o Real como nova moeda, beneficiou o seu
ministro da Fazenda, o senador paulista Fernando Henrique
Cardoso, que, apresentado candidato a presidência por coligação
formada pelo PSDB, PFL e PMDB, conseguiu vitória no
primeiro turno. (PORTO, 2002, p.371).
Diante desse cenário é possível afirmar que através do gozo da democracia que o
eleitor pode exercer seus direitos democráticos e através de voto que existe a
possibilidade de eleger um representante direto de forma democrática, no intuito de
superar as desigualdades sociais e instaurar um regime democrático capaz de fazer valer
a justiça social.
Um problema ocorrido com a democratização brasileira na contemporaneidade,
mesmo o voto sendo obrigatório é a alienação do voto. Segundo Reis (1991, p.19) ―o
eleitor pode deixar de comparecer as eleições, votar nulo ou deixar a célula eleitoral em
branco por desinformação, atitude de protesto, incapacidade, indiferença ou mesmo por
conta de um cálculo racional individual‖.
Nas eleições de 1994, Fernando Henrique Cardoso conquista a vitória no
primeiro turno com 54, 28% dos votos válidos, tendo como adversário em segundo
lugar Luís Inácio Lula da Silva, com 27, 04 %.
Uma alteração contemporânea eleitoral foi à emenda constitucional aprovada no
ano de 1997, permitindo reeleição do executivo, favorecendo o segundo mandato do
presidente Fernando Henrique, que se elege novamente nas eleições de 1998, com 53,
06% dos votos válidos ainda no primeiro turno eleitoral.
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COMUNICAÇÃO GOVERNAMENTAL
A comunicação governamental compreende todas as ações comunicacionais
desenvolvida pelos governos federais, estaduais e municipais e pelos seus órgãos
(secretarias e ministérios). O principal intuito da comunicação governamental é
disseminar as informações de caráter publico, democratizando a informação e
principalmente, prestando contas do que está sendo feito pelo poder público em favor da
sociedade.
Nesse sentido, ao longo dos anos, os governos tem se preocupado em
profissionalizar a comunicação governamental, a fim de tornar-se mais transparente e
atingir de forma mais direta o seu target, que são os eleitores.
Uma das grandes dificuldades encontradas pela comunicação governamental é
ser encarada como uma ferramenta estratégica de promoção para as ações
governamentais e não como instrumento de marketing e promoção pessoal para os
candidatos. Apesar dessa dificuldade, alguns órgãos governamental de importância tem
profissionalizado equipe e investido em uma plataforma comunicacional forte e ética.
Exemplos é Banco do Brasil, Embrapa, Petrobrás entre outras empresas de excelência
ligadas ao Governo.
A comunicação governamental oferece ao cidadão a oportunidade de
participação efetiva nas ações políticas e a chance de acompanhar o desenvolvimento de
governo de seu candidato.
Benevides (1991) comenta que a institucionalização de praticas participativa
permite que o cidadão tenha maior interesse nos processos democráticos e decisórios de
interesse público, tornando possível educá-lo politicamente mesmo que o resultado do
processo não seja o esperado. Através de plebiscitos e referendos o cidadão torna-se
parte do processo político.
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MARKETING PÓS-ELEITORAL
A comunicação governamental não pode ser unilateral. É preciso que o governo
saiba ouvir os anseios e expectativas da população. É nesse momento que surge o
marketing pós-eleitoral ou comunicação governamental, ferramenta utilizada nas
gestões legislativas e executivas a fim de garantir uma comunicação eficaz com o eleitor
preservando a imagem do homem publico.
Muitas vezes, é com a ajuda do marketing pós-eleitoral que o eleito consegue se
reeleger ou eleger um sucessor apoiado por ele, além de ser uma forma efetiva de
manter a sua popularidade em alta e a rejeição em baixa. Atualmente, um bom mandato
não é garantia de reeleição ou sucessão, portanto é preciso muito mais que isso.
O eleitorado precisa saber das ações do seu candidato e além de estar informado
sobre o trabalha que vem sendo desenvolvido por ele, o eleitor precisa ter chance de
interagir e se fazer ouvir pelos governantes em uma comunicação eficiente onde ambos
os lados tenha chance de fazer-se ouvir.
Nesse sentido, o marketing pós-eleitoral é o responsável por criar uma imagem
positiva do parlamentar, fortalecer seus pontos fortes e minimizar suas fraquezas. O
candidato deve trabalhar em paralelo com sua assessoria sem se esquecer de que o
sucesso da sua equipe de comunicação depende também das suas disponibilidades de
ajudar. O corpo a corpo ainda faz muita diferença e funciona como um facilitador na
comunicação governamental.
O marketing é importante para informar, integrar a comunidade no
espírito de uma administração, preservar a sua identidade. Identidade
é sinônimo de caráter. Já a imagem é aquilo que um governante
pretende passar para a opinião pública. Quando a imagem é
exagerada, distante da realidade, forma-se um ponto de interrogação
na mente das pessoas. Será que aquilo é verdadeiro? Se os exageros
atingem o absurdo, o resultado é um bumerangue, ou seja, o marketing
acaba corroendo o governo. Primeiro cuidado: evitar prometer em
campanha o que não poderá ser cumprido. O povo acabará cobrando.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O poder público, em muitas realidades regionais não compreende a importância
de manter quadros profissionais para o trabalho e análise da comunicação política. Isso
dificulta o trabalho comunicacional com a sociedade regional e exige maior empenho
nos momentos sazonais eleitorais para a conquista de bons resultados, visto que o
fortalecimento de imagem, em primeiro momento não foi bem estruturado.
Essa preocupação não deve ocorrer apenas nos candidatos e gestores de
mandato, mas sim nas agremiações partidárias, que são responsáveis pelas principais
negociações de recursos financeiros e políticos, com o objetivo de garantir bons
resultados nas urnas, aumentando importância no contexto político diante dos demais
partidos.
Aos poucos, o Marketing Pós-Eleitoral vai ganhando espaço também no
universo acadêmico e científico, seja pelos debates temáticos, como no fomento de
profissionais que são absorvidos nesse amplo mercado de atuação, principalmente em
países com sistema democrático fundamentado e fortalecido.
Portanto, no cenário eleitoral presente na sociedade da informação e
conhecimento, onde a convergência tecnológica é acentuada e interativa, o
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REFERENCIAS
BAUMAN, Z. La hermenéutica y las ciencias sociales. Buenos Aires: Nueva Visión,
2002.
QUEIROZ, Adolpho Carlos Françoso. Na arena do Marketing Político. São Paulo: Summus,
2006.
REIS, Antonio Carlos Alkmim dos. A participação eleitoral e seus correlatos sócio-
econômicos. In: LIMA JUNIOR, Olavo Brasil de (Org.). Sistema Eleitoral Brasileiro:
Teoria e Prática. Rio de Janeiro: IUPERJ, 1991.
SÁ, André Firmino de; MACEDO, Roberto Gondo. TV e fomento democrático: os
debates eleitorais e a comunicação política na redemocratização brasileira. XIV
Colóquio Internacional da Escola Latino Americana de Comunicação CELACOM. São
Paulo, 2010.
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