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AULAS Introdução à óptica geométrica

15 e 16
Competências: 5e6 Habilidades: 17 e 22

1. Óptica geométrica 2. Classificação dos


Será iniciado o estudo da Óptica (do grego optiké, que raios luminosos
significa “visão”), que trata do estudo da luz.
Os feixes de raios luminosos são classificados em três tipos:
A propagação da luz será analisada nos tópicos de On- paralelos, divergentes e convergentes.
dulatória. Agora, porém, será estudada de modo relativa-
mente simples a propagação da luz usando leis empíricas Um feixe é denominado paralelo quando todos os raios
e construções geométricas que representam o percurso da luminosos que o constituem são paralelos.
luz por linhas denominadas raios de luz. Esse estudo re-
cebe o nome de Óptica Geométrica.
O que torna possível um objeto ser visualizado é o fato de
ele conseguir enviar luz para os olhos do observador. Feixe paralelo

Os corpos luminosos são capazes de produzir e emitir Um feixe é divergente quando todos os raios que o consti-
luz própria, como o Sol, a chama de uma vela ou o fil- tuem são oriundos de um mesmo ponto.
amento de uma lâmpada incandescente acesa. Os cor-
pos iluminados, por sua vez, não produzem luz própria,
mas refletem a luz que incide sobre eles. Assim, apesar de
emitirem luz, a origem da luz não é o corpo, ela apenas foi
absorvida e reemitida pelo objeto. Feixe divergente

O exemplo da figura a seguir ilustra esses dois tipos de Por fim, um feixe é chamado de convergente quando todos
corpos. O Sol emite luz própria, e parte dessa luz atinge os raios se cruzam num determinado ponto.
a árvore que, por sua vez, reflete uma parte dessa luz em
direção aos olhos do observador, o que torna possível
enxergar a árvore. Os corpos luminosos são denominados
fontes primárias de luz, e os corpos iluminados são de-
Feixe convergente
nominados fontes secundárias de luz.

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
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3. Classificação dos meios A figura a seguir apresenta o comportamento dos raios de
luz em meios transparente, translúcido e opaco.
A luz não se propaga somente no vácuo, mas também em
diferentes tipos de meios materiais.
Quando é possível observar claramente os objetos através
de um meio, como o vidro polido, o meio é denominado
transparente.

No entanto, alguns objetos são vistos sem nitidez através


de alguns meios materiais. Isso acontece porque, apesar de
o objeto permitir a passagem de parte da luz, a passagem
não é regular e ocorre de modo difuso. Nesse caso, a ima-
gem vista através do material não é perfeita. Esse tipo de
meio é denominado translúcido.

4. Princípios da óptica geométrica

Alguns meios não permitem a propagação da luz. Nesse


caso, não é possível observar os materiais através do meio,
que é denominado opaco. A madeira e o tijolo são exem-
plos de meios opacos.

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Princípios da óptica geométrica
Quando as propriedades de um material, como composi-
ção química, densidade, entre outras, são iguais, o meio
Conheça a seguir os princípios básicos da óptica geométrica:
é denominado homogêneo. O meio não homogêneo é
chamado de heterogêneo. § Lei da Propagação Retilínea da Luz
Quando as propriedades do meio são independentes da di- A luz se propaga em linha reta nos meios homogêneos e
reção, o meio é denominado isotrópico. No entanto, se as transparentes.
propriedades dependerem da direção, o meio é anisotrópi-
§ Reversibilidade dos Raios Luminosos
co. Por exemplo, a velocidade da luz atravessando um cristal
pode depender da direção em que a luz incide no cristal; as- A trajetória seguida pelo raio de luz em um sentido será
sim, esse meio é anisotrópico em relação à velocidade da luz. igual se o sentido do raio de luz for invertido.

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§ Lei da Independência dos Raios Luminosos
A trajetória de um raio luminoso não é afetada por outro
que cruza essa trajetória. Os raios de luz seguem trajetórias
independentes, ainda que se cruzem.

Aplicação do conteúdo
1. Entre os princípios da Óptica Geométrica, talvez o
mais importante, seja o princípio da Propagação Retilí-
nea da Luz. Explique de forma sucinta esse princípio.

Resolução: Se a fonte de luz não for pontual (ou puntiforme), a fon-


te será denominada extensa (por exemplo, o filamento de
O princípio da Propagação Retilínea da Luz garante que a uma lâmpada fluorescente). Na figura a seguir, a fonte F foi
luz se propague em linha reta nos meios homogêneos e trocada por uma lâmpada e, nesse caso, além da sombra,
transparentes. uma outra região recebe apenas parte da luz emitida pela
fonte. Essa região é denominada penumbra.
2. Explique o que ocorre quando dois raios de luz se
encontram ortogonalmente.

Resolução:
O Princípio da Independência dos Raios Iluminosos garante
que os raios que se cruzam ortogonalmente não alteram
suas trajetórias, isto é, cada raio segue sua trajetória nor-
malmente como se nada tivesse acontecido.

5. Propagação retilínea da luz


A luz se propaga em linha reta nos meios transparentes, As ocorrências de eclipses são decorrentes desse princípio:
homogêneos e isotrópicos.
Eclipse solar
Considere o exemplo da figura abaixo. Uma lâmpada é
acesa e emite luz em todas as direções. Os anteparos P1 e
P2 são meios opacos com orifícios O1 e O2 alinhados. Um
observador atrás do anteparo P2 somente poderá observar
a lâmpada se olhar pelo orifício O2. Nesse caso, a luz per-
corre um trajeto linear da lâmpada, passando pelos orifí-
cios até os olhos do observador.

O Sol é totalmente bloqueado pela Lua, no cone de som-


bra, e nessa região ocorre o eclipse total. Contudo, nas
regiões do cone de penumbra ocorre o eclipse parcial,
pois o Sol é parcialmente bloqueado.

5.1. Sombra e penumbra Eclipse lunar

A propagação retilínea da luz também é observada pela


formação de sombras. Na figura a seguir, uma fonte de luz
puntiforme F (ou seja, de tamanho desprezível) ilumina
uma esfera opaca e uma placa opaca P. Devido ao fato de a
luz não desenvolver uma trajetória curva, uma região atrás
da esfera não recebe luz. Essa região é a sombra causada
pela esfera e projetada no anteparo.

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O eclipse lunar ocorre quando a Lua não recebe ne- Em que:
nhuma luz proveniente do Sol devido ao bloqueio da luz
o é o tamanho do objeto.
pela Terra, que é muito maior do que a Lua. Nesse eclipse,
não é possível observar a Lua. i é o tamanho da imagem.
p é a distância do objeto ao orifício.
Aplicação do conteúdo p' é a distância da imagem ao orifício.
1. Quando ocorre um eclipse solar parcial?

Resolução:
Aplicação do conteúdo
1. (FEI) Um dos métodos para medir o diâmetro do Sol
O eclipse solar parcial ocorre quando a Lua se encontra
consiste em determinar o diâmetro de sua imagem
entre o Sol e a Terra, de modo que a Lua impeça total ou nítida, produzida sobre um anteparo, por um orifício
parcialmente que a luz solar atinja determinadas regiões pequeno feito em um cartão paralelo a esse anteparo,
da Terra. A Lua projeta na Terra uma região de sombra, na conforme ilustra a figura. Em um experimento realizado
qual o eclipse solar é total, e uma região de penumbra, na por esse método, foram obtidos os seguintes dados:
qual o eclipse solar é parcial. I. diâmetro da imagem = 9,0 mm
II. distância do orifício até a imagem = 1,0 m
2. O que é o eclipse lunar?
III. distância do Sol à Terra = 1,5 · 1011 m
Resolução: Qual é, aproximadamente, o diâmetro do Sol medido
O eclipse lunar ocorre quando a Terra se encontra entre o Sol por esse método?
e a Lua, de modo que a Lua não receba luz proveniente do
Sol, pois ela fica na região de sombra provocada pela Terra.
Uma vez que a Lua não recebe luz, não é possível vê-la.

6. Câmara escura de orifício


A câmara escura de orifício também evidencia a pro-
pagação retilínea da luz. Como é possível observar na fi-
gura a seguir, a câmara é uma caixa opaca com apenas
a) 1,5 ∙ 108 m
um orifício que permite a entrada da luz. Quando um ob- b) 1,35 ∙ 108 m
jeto luminoso de dimensões AB é colocado em frente ao c) 2,7 ∙ 108 m
orifício, os raios de luz do objeto incidem sobre a câmara d) 1,35 ∙ 109 m
e penetram apenas pelo orifício. Na figura, o ponto A da e) 1,5 ∙ 109 m
vela segue a trajetória retilínea incidindo na parte inferior
da câmara, e o ponto B incide de modo horizontal. Como Resolução:
pode ser visto, os pontos de incidência A’B’ formam uma O exercício tem o intuito de descobrir o diâmetro do Sol;
imagem invertida do objeto. É possível visualizar a forma- para isso, deve-se usar a fórmula já simplificada para exer-
ção da imagem se a luz incidir em um anteparo translúcido, cícios de câmara de orifício.
como o papel vegetal.
_​  y ​ = __y'
​   ​ 
A x x'
0
Utilizando os dados pelo exercício, tem-se:
B’
B
i x = 1,5 ⋅ 1011

A’ x'= 1

p y' = 9 ⋅10-3
p’
Substituindo na fórmula, obtém-se:
y
Através da semelhança de triângulos, é válida a seguinte ​ 9 ⋅ 10
-3
________
​  = ______
  11 ​    ​  
relação: 1,5 ⋅ 10 1
p' i Resolvendo a expressão, tem-se:
__
​  p ​ = __
​ o  ​ 
y = 9 ⋅ 10-3 1,5 ⋅ 1011

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Terminando os cálculos, resulta:
y = 13,5 ⋅ 108 = 1,35 ⋅ 109 m
Alternativa D

7. Reflexão e refração da luz


Considere o exemplo ilustrado na figura a seguir, em que
um raio de luz propagando-se no meio A encontra o meio
B. Nesse caso, três fenômenos podem ocorrer:
§ uma parte da luz é refletida e volta para o meio A;
§ uma parte da luz é transmitida e propaga-se no meio B;
§ uma parte da luz é absorvida e transforma-se em ou-
tras formas de energia (por exemplo, em calor).
Se os meios são transparentes, isotrópicos e homogêneos,
ocorre a refração regular; nos meios translúcidos, ocorre a
refração difusa.

Dependendo da natureza dos meios e da cor da luz, es-


ses três fenômenos podem ou não ocorrer. A madeira, por
exemplo, por ser opaca, não transmite a luz.
A reflexão regular ocorre quando raios incidentes pa-
ralelos são refletidos mantendo-se paralelos. Um objeto multimídia: vídeo
metálico bem polido é capaz de produzir reflexão regular.
Fonte: Youtube
Qual é a cor? What is the color - Colm
Kelleher

Em geral, o espectro do arco-íris é separado em 7 cores,


que, quando unidas, produzem luz branca. São elas: verme-
lho, laranja, amarelo, verde, azul, anil e violeta.

Se a superfície S entre os meios é áspera, os raios refle-


tidos se espalham em todas as direções e deixam de ser
paralelos. Nesse caso, a reflexão é difusa, e essa proprie-
dade é que torna possível os objetos serem observados.
No caso da transmissão (ou refração) da luz, como na
reflexão, duas situações são possíveis: a refração regular Um feixe de luz é denominado monocromático quando
e a refração difusa. é composto por apenas um tipo de cor. É claro que um feixe

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monocromático não existe na realidade, uma vez que não Quando se trata de feixes de luz, tem-se as seguintes co-
é possível criar um feixe com uma única frequência, mas res primárias: azul, vermelho e verde. Suas combinações
uma faixa de frequência. Um feixe é chamado de policro- produzem as cores secundárias: ciano, magenta e amarelo.
mático quando é composto por diferentes cores.
luz vermelha + luz verde = sensação visual de amarelo
Para que o olho humano tenha a sensação de branco, não
luz vermelha + luz azul = sensação visual de magenta
é necessário que todas as cores do arco-íris o atinjam. Um
cruzamento de um feixe de luz vermelha, um feixe de luz luz verde + luz azul = sensação visual de ciano.
azul e um feixe de luz verde atuando simultaneamente nos
olhos do observador é o suficiente para causar a sensação
visual de luz branca.
Aplicação do conteúdo
1. O que é refração da luz?

Resolução:
Magenta Refração da luz é o nome dado ao fenômeno da passa-
gem da luz para um meio diferente do meio proveniente.
Existem dois tipos: a refração regular e a difusa. Nos meios
transparentes, ocorre a refração regular; e nos meios trans-
lúcidos, ocorre a refração difusa.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

O triângulo foi inventado ou foi descoberto pela Matemática? Na verdade, esse objeto matemático, amplamente utili-
zado no estudo dos fenômenos da propagação retilínea da luz, foi definido matematicamente. Definir é atribuir forma
e nome a um determinado objeto que apresenta determinadas características. Assim, a definição é arbitrária. O nome
triângulo foi atribuído à forma dos objetos que ocupam o espaço interno limitado por três segmentos de reta que con-
correm, dois a dois, em três pontos diferentes, formando três lados e três ângulos internos que somam 180°.
Na geometria plana, considera-se que dois triângulos são semelhantes quando guardam uma proporção entre eles,
de forma que seus ângulos sejam iguais, e os lados do primeiro triângulo sejam proporcionais aos lados do segundo.
Os triângulos semelhantes são usados em diversas áreas, como na arquitetura, para a estabilização de pontes, e na
fotografia, para determinação de amplas distâncias.

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7.1. A cor de um corpo proveniente da fonte sem refletir nenhuma; assim, o corpo
apresentará a cor preta.
Como foi visto, os fenômenos de reflexão, transmissão e
Alternativa C
absorção da luz dependem das características do meio e
da cor da luz.
Por exemplo, se a luz branca incidir sobre um material que
reflete todas as cores, o objeto terá cor branca; caso o ma-
terial não reflita nenhuma cor, sua cor será preta. Entre-
tanto, pode acontecer de o meio refletir apenas uma cor.
Observe o exemplo a seguir:

multimídia: sites
brasilescola.uol.com.br/fisica/conceitos-
basicos-otica-geometrica.htm
fep.if.usp.br/~profis/arquivos/GREF/
optica08-1.pdf
spie.org/Documents/Publications/00%20
STEP%20Module%2003.pdf
O abacate absorve todas as cores da luz branca que inci-
de sobre ele, com exceção da luz verde, que é refletida de
modo difuso; dessa forma, a fruta é vista na cor verde. A
maçã absorve todas as cores, com exceção da luz verme-
lha, que é refletida de modo difuso; assim, a maçã é vista
na cor vermelha.
A cor de um corpo diante do olho humano depende da
luz que ele reflete. Contudo, por convenção, considera-se
a cor “principal” do corpo aquela que ele apresenta ao ser
iluminado por luz branca.

Aplicação do conteúdo
1. (Ufes) Um objeto amarelo, quando observado em
uma sala iluminada com luz monocromática azul, será
visto:
a) amarelo;
b) azul;
c) preto;
d) violeta;
e) vermelho.
Resolução:
Tem-se, nesse caso, um objeto amarelo. Isso significa que,
quando esse corpo é exposto à luz branca, constituída de
várias cores, ele absorve todas as outras cores e reflete a
cor amarela.
Se esse corpo for levado para uma sala que projeta uma
luz monocromática azul, o objeto absorverá a única cor

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VIVENCIANDO

Os conceitos básicos de óptica geométrica são utilizados para iluminação em ambientes, em espetáculos de teatro
ou shows de música, em que a combinação de feixes de luzes distintos produz efeitos espetaculares de luz, cor e
sombra. A correta iluminação em estúdios de fotografia e cinema elimina sombras e penumbras que atrapalhariam
a imagem fotografada.
No cotidiano, a absorção da luz pode ser percebida nas vestimentas das pessoas. Em um dia claro e quente, não é
aconselhável a utilização de roupas escuras, uma vez que esse tipo de cor absorve mais radiação e, em consequência,
a roupa fica mais quente. Num dia quente e iluminado, é recomendável a utilização de roupas de cores claras. Em dias
frios, por outro lado, o oposto se torna verdade, e é recomendável a utilização de cores escuras, pois absorvem mais calor.

ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

Habilidade
Habilidade 22 – Compreender fenômenos decorrentes da interação entre radiação e a matéria em suas manifesta-
22 ções em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.

A habilidade 22 avalia a capacidade do estudante de entender conceitos de radiação, que são importantes para o
entendimento de óptica geométrica.

Modelo
(Enem) É comum aos fotógrafos tirar fotos coloridas em ambientes iluminados por lâmpadas fluorescentes, que
contêm uma forte composição de luz verde. A consequência desse fato na fotografia é que todos os objetos claros,
principalmente os brancos, aparecerão esverdeados. Para equilibrar as cores, deve-se usar um filtro adequado para
diminuir a intensidade da luz verde que chega aos sensores da câmera fotográfica. Na escolha desse filtro, utiliza-se
o conhecimento da composição das cores-luz primárias: vermelho, verde e azul; e das cores-luz secundárias: amarelo
= vermelho + verde, ciano = verde + azul e magenta = vermelho + azul.
Disponível em: <http://nautilus.fis.uc.pt>. Acesso em: 20 de maio 2014 (adaptado).

Na situação descrita, qual deve ser o filtro utilizado para que a fotografia apresente as cores naturais dos objetos?
a) Ciano.
b) Verde.
c) Amarelo.
d) Magenta.
e) Vermelho.

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Análise expositiva - Habilidade 22: Para resolver a questão, o aluno precisa ter domínio sobre introdução geomé-
D trica, em especial a parte que envolve os conhecimentos sobre cor de um corpo.
Alternativa D

DIAGRAMA DE IDEIAS

ÓPTICA GEOMÉTRICA

LUZ

PROPAGAÇÃO
INDEPENDÊNCIA REVERSIBILIDADE
RETILÍNEA

FORMAÇÃO
ECLIPSE CÂMARA ESCURA
DE SOMBRA

FENÔMENOS REFLEXÃO REFRAÇÃO

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AULAS ESPELHOS PLANOS
17 E 18
COMPETÊNCIAS: 5e6 HABILIDADES: 17 e 22

1. SISTEMA ÓPTICO 1.2. Ponto imagem


É denominado ponto imagem, com relação a um sistema
Um sistema óptico é constituído por um conjunto de len- óptico, todo ponto de encontro de raios emergentes de
tes e espelhos esféricos, cujos centros se encontram sobre um mesmo feixe luminoso.
um mesmo eixo. Um sistema óptico também pode de-
signar qualquer conjunto de componentes ópticos, como PII
PIR
lentes, espelhos, prismas simples ou compostos, utiliza- PIV
dos no estudo da óptica ou em estudos que utilizem os
seus princípios.
Classificação do ponto imagem:
Sistema ótico
Real – quando as partes reais dos raios luminosos emer-
gentes se interceptam. O ponto imagem real pode ser pro-
Ponto objeto jetado sobre um anteparo.
Ponto imagem Virtual – quando as partes virtuais dos raios luminosos
emergentes se interceptam. O ponto imagem virtual não
pode ser projetado sobre um anteparo.
Impróprio – quando os raios luminosos emergentes são
paralelos.

“Ao conjunto de superfícies refletoras (ou refratoras) dis- Nota: os pontos objeto e imagem, com relação a um mes-
postas de maneira a serem sucessivamente atingidas por mo sistema óptico, são denominados pontos conjugados.
um mesmo raio luminoso, denominamos sistema óptico”.
2. ESPELHOS PLANOS
1.1. Ponto objeto
É denominado ponto objeto, com relação a um sistema óp- O funcionamento dos espelhos pode ser compreendido por
tico, todo ponto de encontro de raios incidentes de um meio do estudo geométrico da luz. Serão estudados as leis
mesmo feixe luminoso. da reflexão da luz e os espelhos planos. Posteriormente,
são estudados os espelhos esféricos.
POR POV

POI

Classificação do ponto objeto:


Real – quando as partes reais dos raios luminosos inci-
dentes se interceptam.
Virtual – quando as partes virtuais dos raios luminosos
incidentes se interceptam.
Impróprio – quando os raios luminosos incidentes
são paralelos.

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A reflexão é difusa quando a luz refletida não obedece à
2.1. Reflexão lei de Snell, sendo transmitida em várias direções. É devido
Reflexão é o fenômeno que ocorre quando uma onda atin- à difusão da luz que é possível enxergar os objetos, sob os
ge a interface que separa dois meios diferentes e retorna, mais diversos ângulos, pois sempre existirá um raio lumino-
parcial ou totalmente, para o meio inicial. so refletido que atingirá a vista.
O fenômeno ocorre com ondas de qualquer natureza, ele-
tromagnéticas (luz), elásticas, acústicas, e é consequência
da diferença de velocidade da onda nos dois meios. Superfície com rugosidade
Reflexão difusa (ou espalhamento)

2.1.1. Leis da reflexão


2.2. Espelhos
Na figura a seguir, um feixe de luz (denominado raio inci- Um espelho é um objeto que reflete de modo regular a
dente RI) se reflete (denominado raio refletido RR) depois maior parte da luz incidente. As superfícies metálicas poli-
de incidir no ponto P de uma superfície plana S que separa das constituem ótimos espelhos. No cotidiano, são utiliza-
dois meios. dos espelhos obtidos com uma fina camada de prata sobre
Considere a reta n, normal à superfície, e que passa pelo uma lâmina de vidro transparente.
ponto P. Verifica-se, experimentalmente, as seguintes leis Na figura a seguir, são ilustradas as representações mais
da reflexão: comuns de espelho plano. A parte de trás dos espelhos é
ƒ O raio incidente, o raio refletido e a normal são copla- indicada pelos traços ou pela parte sombreada.
nares, ou seja, estão no mesmo plano a.
ƒ O ângulo de incidência i é igual ao ângulo de reflexão r:
i=r

Os ângulos i e r são medidos a partir da reta normal n e os


raio incidente e refletido.

A incidência é normal quando o raio incidente é perpen-


dicular à superfície S. Assim, o raio incidente e o refletido multimídia: vídeo
estão sobre a reta normal n, e os ângulos de incidência e
reflexão são nulos. FONTE: YOUTUBE
Porque espelhos refletem as
imagens horizontalmente...

Aplicação do conteúdo
1. A figura a seguir ilustra um espelho plano, sobre o
qual, no ponto P, um raio de luz incide, formando um
ângulo de 25º com a superfície do espelho. Determine
A reflexão da luz se diz especular ou regular quando os ângulos de incidência e reflexão.
um raio incidente é refletido de acordo com as leis de Snell.
É o que ocorre nas superfícies polidas.

Resolução:
Superfície polida
Reflexão especulas É necessário traçar a reta n normal à superfície do espelho
e que passa pelo ponto P. O ângulo de incidência i é o

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ângulo formado entre o raio incidente e a normal. Como n
é perpendicular ao espelho, deve-se ter:
i + 25° = 90° Ÿ i = 65°

O ângulo de reflexão r é igual ao ângulo de incidência:


r = 65º

FM = XXX
XXX F’M = d

Devido à distância dos pontos F e F’ ao espelho serem


2. A figura a seguir representa um raio de luz que é iguais, diz-se que F e F’ são simétricos em relação ao plano
refletido por um espelho plano. Determine o valor da do espelho.
altura x.

Resolução:

Deve-se notar que os dois triângulos na figura possuem multimídia: vídeo


dois ângulos iguais, a e 90º, e, portanto, são semelhantes.
FONTE: YOUTUBE
Assim, pode-se obter a altura x:
Formação de imagens nos espelhos planos...
12 cm = _____
_____ x Ÿ x = 18 cm
20 cm 30 cm
Nesse exemplo, foi considerado um ponto arbritário A de in-
cidência do raio de luz. Devido ao fato de a visão humana
funcionar de modo que os objetos são vistos na direção que
atingem os olhos, tem-se a impressão de que existe um obje-
to no ponto F’. F’ é a imagem do ponto objeto F.

2.2.1. Imagem formada por espelho plano


Na figura a seguir, é possível observar um exemplo de
como a imagem de um objeto é formada em um espelho.
Uma fonte de luz puntiforme F (primária ou secundária) é
colocada em frente à distância d de um espelho plano E.
Considere a reta auxiliar n, normal ao espelho e que passa
pelo ponto F. Considere, ainda, um raio de luz RI, arbritário,
da fonte F que incide no ponto A do espelho. O prolonga- ƒ O ponto F é um POR (Ponto Objeto Real), pois os raios
mento de RR intercepta a reta n no ponto F’. de luz são emitidos pela fonte em F.
Geometricamente, os triângulos FMA e F’MA são con- ƒ O ponto F’ é um PIV (Ponto Imagem Virtual), pois é ape-
gruentes; assim: nas uma imagem e não existe nada atrás do espelho.

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ƒ O ponto F também pode ser fotografado. encontra do espelho. Além disso, a imagem de um espelho
plano é enantiomorfa, nome dado à característica do es-
Na figura a seguir, o tamanho do espelho plano é AB. Todos
pelho de formar uma imagem que não sobrepõe o objeto.
os raios refletidos estão indicados pela região sombreada.
Apenas nessa região sombreada é possível ver a imagem Alternativa B
F’. Nesse caso, apenas o observador O1 consegue observar
a imagem F’. O observador O2 está fora da região sombrea- 2. Um raio de luz reflete-se em uma superfície plana e
polida (S), conforme mostra a figura a seguir. O ângulo
da e, portanto, não pode observar a imagem F’. Essa região entre os raios incidentes (AO) e refletido (OB) mede 90°.
sombreada é denominada campo visual.
Os seguintes passos sintetizam os procedimentos para de-
terminar se um observador pode ou não observar as ima-
gens refletidas por um espelho:
1. Determina-se a imagem F’ do objeto F.

2. A partir da imagem F’, traçam-se duas retas que pas-


sem pelas extremidades do espelho (extremidades A e B). O ângulo de incidência do raio de luz, mede:
a) 30°. b) 45°. c) 60°. d) 90°. e)180°.
3. Os observadores na região entre essas duas retas po-
derão ver a imagem F’. Resolução:
No exercício, nota-se um raio de luz que está refletindo numa
superfície plana; por isso, é possível concluir que o ângulo de
incidência e o de reflexão são iguais. Além disso, sabe-se que
a soma dos ângulos deve resultar em 90º, logo:
2 ˜ a = 90º
Finalizando os cálculos, obtém-se:
a = 45º
Assim, o valor do ângulo é de 45º.

Alternativa B.
3. (Unesp) A figura a seguir representa um espelho pla-
no, um objeto, O, sua imagem, I, e cinco observadores
em posições distintas, A, B, C, D e E.
Aplicação do conteúdo
1. (Cesgranrio) A imagem da figura a seguir obtida por
reflexão no espelho plano E é melhor representada por:

Entre as posições indicadas, a única da qual o observador


poderá ver a imagem I é a posição:
a) b) c) d) e) a) A.
b) B.
c) C.
d) D.
e) E.

Resolução: Resolução:

A imagem formada por um espelho plano tem como carac- Foi dada no exercício a posição da imagem do objeto; em
terística sempre estar a mesma distância que o objeto se seguida, basta determinar a região do espaço na qual o

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observador deve estar localizado para identificar em seu O observador verá as imagens de A e B superpondo-se
campo visual a imagem I. Desenhando, tem-se: uma à outra quando se colocar na posição:
a) 1.
b) 2.
c) 3.
d) 4.
e) 5.

Resolução:

A resolução dessa questão deve ser feita de modo análogo


ao exercício resolvido anteriormente. Entretanto, o exer-
Assim, a única posição válida para o observador é a B. cício não desenhou de imediato a posição das imagens.
Alternativa B Assim, é necessário fazer isso. Lembrando que as imagens,
em relação ao espelho, devem ficar a mesma distância que
4. (Unesp) Dois objetos, A e B, encontram-se em frente os objetos estão do espelho; assim:
um espelho plano E, como mostra a figura. Um observa-
dor tenta ver as imagens desses objetos formadas pelo
espelho, colocando-se em diferentes posições, 1, 2, 3, 4
e 5, como mostrado na figura.

No desenho, foram representadas as imagens e traçada


uma reta que atravessa as imagens A’ e B’, para ficar mais
clara a localização do observador que verá uma imagem
sobreposta, no caso, o observador na posição 5.

Alternativa E

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

A invenção do espelho data de antes de 6000 a.C.. Os espelhos mais antigos foram encontrados na região onde
se encontra atualmente a Turquia. Feitos na Mesopotâmia e no Egito, eram produzidos a partir de cobre polido,
enquanto na China eram produzidos a partir do bronze. No Renascimento, alguns artesãos europeus aperfeiçoaram
um método que consistia em cobrir uma das faces de um vidro com um amálgama de mercúrio fino. No século XVI,
os espelhos já eram populares e excessivamente caros.
A criação de um espelho com um revestimento de prata é atribuída ao químico alemão Justus von Liebig (1803-
1873), no ano de 1835. Os métodos utilizados atualmente na fabricação de espelhos não sofreram muitas variantes
desde então, sendo os espelhos produzidos pela sobreposição de camadas finas de alumínio (ou prata) sobre o cristal
de vidro, tendo o seu preço diminuído significativamente, tornando-se mais acessível.

56
Aplicação do conteúdo
multimídia: vídeo 1. Um rapaz de altura H está de pé em frente a um es-
FONTE: YOUTUBE pelho vertical e regular. A distância do solo até o olho
Óptica - Espelho plano do rapaz é x. Qual é a menor altura h do espelho e a
distância y entre o espelho e o solo que permite que o
rapaz enxergue toda a sua imagem?
2.2.2. Imagem de um objeto extenso
Do mesmo modo como feito para uma fonte puntiforme,
pode-se obter a imagem de um objeto extenso. Como é
possível observar na figura a seguir, cada ponto do obje-
to tem uma imagem simétrica; desse modo, a imagem do
objeto extenso também é simétrica em relação ao espelho.

Resolução:,
Na figura a seguir, os pontos T, O e P são o topo da cabeça,
o olho e o pé do rapaz, respectivamente. A distância h foi
determinada ao serem traçados os raios que saem da cabe-
ça e dos pés e vão para o olho do rapaz. Essa é a distância
suficiente para que o rapaz enxergue toda a sua imagem.
Os triângulos OXY e OT’P’ são semelhantes, portanto:

Assim:
ƒ As distâncias do objeto ao espelho e da imagem ao
espelho são iguais.
ƒ O tamanho da imagem é igual ao tamanho do objeto.
Na câmara escura de orifício, as imagens produzidas no
anteparo dentro da câmara são imagens invertidas, ou
seja, de cabeça para baixo. Essa inversão não ocorre nos XXX
___ XX
XY = ___
PZ ou __ d ou h = __
h = ___ H
espelhos planos, que produzem imagens direitas. XXX PP’ H 2d
T’P’ XXX 2

Na figura a seguir, repare na imagem da menina no es- H


h = __
pelho. A imagem mostra que a menina passa o batom na 2
boca com a mão esquerda, apesar de a menina passar
com a mão direita. O objeto e a imagem são chamados de Assim, a metade da altura do observador é o tamanho do
enantiomorfos (palavra derivada do grego que significa espelho plano necessário para que um observador possa se
“formas opostas”). ver completamente.

57
A distância y, do ponto Y do espelho ao solo, é obtida pela Pode-se concluir que, quando o espelho se afasta com uma
semelhança dos triângulos OPP’ e YZP’. velocidade v, a imagem conjugada se afasta com uma ve-
locidade de 2v em relação ao objeto. De forma semelhante,
Portanto: __
XXX é possível afirmar que, quando o espelho se aproxima com
OP = ___
___ 2d ou y = __x
PP’ ou _x = ___
___
XX
YZ ZP’ y d 2 uma velocidade v, a imagem se aproxima com uma veloci-
dade de 2v em relação ao objeto.
2.2.3. Translação de um espelho plano
2.2.4. Associação de dois espelhos planos
Como foi visto, em um espelho plano, a distância entre o Na figura a seguir, uma caneta foi colocada entre dois espe-
objeto e o espelho é igual à distância entre a imagem e o lhos planos, que formam um determinado ângulo entre si.
espelho, sendo que objeto e imagens possuem o mesmo
tamanho. Seja P o ponto em que se encontra o objeto e
P’ o ponto em que se encontra a imagem, vamos chamar
a distância de P ao espelho E, e a distância de P’ ao es-
pelho, de d.
Para um referencial fixo no ponto P, o espelho é afastado
de uma distância x. A nova distância entre o ponto P e o
espelho E será igual à (d + x), assim como a distância entre
o espelho E e a nova posição P’’ da imagem conjugada. Sendo u o ângulo entre os espelhos, considerando que a
Observe a figura a seguir: 360º é um número inteiro, essa associação de espelhos
razão ____
u
produz uma quantidade de n imagens, dada pela relação:

360º – 1
n = ____
u

Entretanto, duas condições são importantes:


360º for um número par, a expressão acima é válida
ƒ Se ____
u
para qualquer posição do objeto entre os espelhos.
360º for um número ímpar, apenas se o objeto P
ƒ Se ____
u
estiver no plano que divide o ângulo T em dois ângulos
iguais (plano bissetor), ilustrado na figura a seguir, a
expressão é confiável.
Inicialmente, tem-se que a distância entre o objeto e a ima-
gem é de 2d. Depois de transladado o espelho de uma
distância x, tem-se que a nova distância entre o objeto e a
imagem é de (2d + 2x).

PP’=2d
PP”= 2(d+x) = 2d+2x

O deslocamento sofrido pela imagem do ponto P é:


D = PP” – PP’
D = 2d + 2x – 2d
D = 2x

Assim, é possível concluir que, se um objeto estiver fixo dian-


te de um espelho que translada retilineamente de uma dis-
tância d, a correspondente imagem transladada, no mesmo
sentido que o espelho, representará uma distância 2d.

58
sição 1, fazendo um ângulo a com a N1. Quando o espelho
Aplicação do conteúdo vai para a posição 2, o raio incidente atinge o espelho no
1. No exemplo a seguir, determinaremos as imagens de ponto I2, fazendo com a N2 um ângulo b.
um objeto puntiforme P colocado entre dois espelhos
que formam ângulo u = 90º entre si.

Resolução:

Em relação ao espelho E1, a imagem de P é I1, e em relação


ao espelho E2 , a imagem do ponto P é I2. Em relação ao
espelho E1, também existe a imagem I3. Desse forma, três
imagens foram formadas. Calculando a quantidade pela O prolongamento do raio refletido 1 (quando o espelho está
relação acima: na posição 1) e o raio refletido 2 (quando o espelho está na
posição 2) formam um ângulo que chamaremos de D.
360º = ____
____ 360º = 4 o inteiro par
a 90º I1 é o ponto onde o raio luminoso incide no espelho, na
360º – 1 = ____
360º = 4 – 1 = 3, ou seja, três imagens. posição 1;
Então, n = ____
a 90º I2 é o ponto onde o raio luminoso incide no espelho, exata-
mente na posição 2;
a é o ângulo de rotação do espelho plano, na posição fixa;
D é o ângulo de rotação dos raios refletidos, isto é, é o
ângulo entre Rr1 e Rr2.
Como a soma dos ângulos internos de um triângulo é igual
a 180º, temos:
D + 2a = 2b
D = 2b – 2a
D = 2(b – a)
2.2.5. Espelhos paralelos Porém temos que a = b – a, dessa forma temos:
Ao se colocar um objeto entre dois espelhos paralelos D=2a
ocorre um efeito curioso. A imagem de um objeto em cada
espelho atua como objeto para o outro espelho, e, desse Sendo assim, podemos definir que o ângulo de rotação dos
maneira, forma-se um número infinito de imagens. raios refletidos é o dobro do ângulo de rotação do espelho.

multimídia: sites
www.super.abril.com.br/ciencia/o-que-faz-o-
2.2.6. Rotação de um espelho plano -espelho-refletir-imagens/
www.mundoestranho.abril.com.br/ciencia/
Considere o caso de um espelho plano rotacionado de um como-e-feito-o-espelho/
ângulo a. Inicialmente o espelho encontra-se na posição 1, www.educacao.globo.com/fisica/assunto/
e, depois da rotação, vai para a posição 2. O raio incidente ondas-e-luz/espelhos-e-reflexao-da-luz.html
atinge a posição I1 quando o espelho se encontrava na po-

59
VIVENCIANDO

No dia a dia, um indivíduo tem sua imagem refletida inúmeras vezes por múltiplos espelhos planos. A reflexão fornecida
pelos espelhos planos é útil para usos estéticos, pois a imagem fornecida é um reflexo exato da imagem apresentada.
Os espelhos também são amplamente utilizados na decoração, como em prédios espelhados ou na decoração de
interiores. Colocar um espelho que ocupe a parede toda é uma tática eficaz para criar a ideia de que o ambiente é
mais amplo. O uso em corredores, por exemplo, proporciona um efeito de profundidade.

60
DIAGRAMA DE IDEIAS

ESPELHOS
PLANOS

LEIS DA
IMAGEM
REFLEXÃO

RR E RI SÃO PROLONGAMENTO
SIMÉTRICA
COPLANARES DOS RAIOS
REFLETIDOS

IMAGEM
i=r VIRTUAL
ENANTIMORFA

61
AULAS ESPELHOS ESFÉRICOS:
19 E 20 ESTUDO GEOMÉTRICO
COMPETÊNCIAS: 5e6 HABILIDADES: 17, 18 e 22

1. INTRODUÇÃO
A seguir serão estudados os espelhos curvos. Um caso
particular de espelho curvo é o espelho esférico. Os
espelhos esféricos são calotas esféricas polidas. A super-
fície refletora pode ser interna à calota, caracterizando um
espelho côncavo, ou externa à calota, caracterizando um
espelho convexo. Observe as figuras a seguir.
ESPELHO CÔNCAVO: PARA UM OBJETO PRÓXIMO, A
IMAGEM VIRTUAL É DIREITA E AUMENTADA.

ESPELHO ESFÉRICO ESPELHO ESFÉRICO


CÔNCAVO CONVEXO

ESPELHO CÔNCAVO: PARA UM OBJETO DISTANTE, A IMAGEM VIRTUAL É INVERTIDA.

A figura a seguir apresenta as características de um espe-


lho esférico. Essa representação é um plano que passa pelo
centro (C) da esfera que deu origem ao espelho.

OS ESPELHOS RETROVISORES EM AUTOMÓVEIS, ENTRADAS DE


ELEVADORES E GARAGENS SÃO ESPELHOS CONVEXOS.

O campo visual constitui uma diferença entre espelhos


esféricos e espelhos planos. Nos espelhos esféricos, a re-
gião visível é maior. Usando um espelho convexo, é possível
enxergar uma região “mais ampla”. Entretanto, a imagem
nesse tipo de espelho é sempre menor do que o objeto. SEÇÃO MERIDIONAL DE UM ESPELHO ESFÉRICO

As características da imagem no espelho côncavo depen-


dem da posição do objeto em relação ao espelho. A ima- Podem ser definidos:
gem do objeto aparecerá direita e maior que o objeto se ƒ Centro de curvatura (C): é o centro da esfera que
ele for colocado bem próximo ao espelho côncavo. Desse originou o espelho.
modo, esse tipo de espelho pode ser usado para ampliar o
rosto, permitindo uma observação cuidadosa da pele. Con- ƒ Vértice do espelho (V): é o polo da calota esférica.
tudo, se o objeto for colocado distante do espelho côncavo, ƒ Eixo principal: é a reta que passa pelo centro de cur-
a imagem aparecerá invertida, isto é, de cabeça para baixo. vatura C e pelo vértice do espelho.

62
ƒ Eixo secundário: qualquer reta que passe por C e 1.2. Condições de Gauss para
intercepte o espelho em um ponto diferente de V, como
espelhos esféricos
as retas r e s na figura a seguir.
ƒ O raio de luz incidente deve ter uma pequena in-
clinação em relação ao eixo horizontal.
ƒ Os raios incidentes devem incidir no espelho numa
região próxima ao espelho.
Em geral, os espelhos esféricos serão analisados com base
nas condições de Gauss.
AS RESTAS R E S SÃO EIXOS SECUNDÁRIOS.

ƒ Raio de curvatura: é o raio R da superfície que deu 2. REFLEXÃO EM


origem ao espelho.
ESPELHOS ESFÉRICOS
ƒ Abertura do espelho: é o ângulo a entre os extrem-
os do espelho, medido no centro de curvatura. Observe as figuras a seguir. Nelas ocorre a reflexão de um
raio incidente (RI) em espelhos côncavo e convexo. Como
Observe na figura a seguir as representações mais usuais
nos espelhos planos, o ângulo de reflexão é igual ao ângu-
dos espelhos côncavos e convexos:
lo de incidência. A reta auxiliar tracejada é a reta que passa
pelo centro de curvatura (C) e pelo ponto de incidência.
Essa reta é normal ao espelho nesse ponto de incidência.

REPRESENTAÇÃO DE UM REPRESENTAÇÃO DE UM
ESPELHO CÔNCAVO ESPELHO CONVEXO

Os risquinhos nos extremos indicam a parte de trás dos


espelhos, ou seja, o lado que não é espelhado. Portanto,
LUZ INCIDENTE E LUZ REFLETIDA NO
o lado espelhado, nos casos acima, é o lado esquerdo ESPELHO ESFÉRICO CONVEXO
dos espelhos.
Na prática, um espelho esférico é astigmático, isto é, os
raios refletidos de um feixe divergente não se cruzam exa-
tamente no mesmo ponto; no entanto, para certas condi-
ções, é possível tornar estigmático um espelho esférico, ou
seja, um ponto objeto conjugar apenas um ponto imagem.

LUZ INCIDENTE E LUZ REFLETIDA


EM UM ESPELHO CÔNCAVO

Caso o raio incidente (ou o prolongamento do raio) passe


pelo centro de curvatura do espelho, o raio refletido coinci-
dirá com o raio incidente.

multimídia: vídeo
FONTE: YOUTUBE
Espelhos esféricos e imagens reais
O PONTO P’ É IMAGEM DO PONTO P.

63
Nos tópicos a seguir serão estudadas algumas caracterís- longamento do raio) passa pelo foco do espelho se o raio
ticas da reflexão nos espelhos côncavos e convexos que incide paralelamente ao eixo principal. Pela propriedade de
auxiliam na determinação das imagens. É importante ob- reversibilidade, caso o raio incida em direção ao foco, o raio
servar que, para objetos extensos, os raios refletidos não será refletido paralelamente ao eixo principal.
se cruzam exatamente no mesmo ponto. Desse modo, eles
definem uma região em que se cruzam, isto é, um pequeno
“borrão”. Assim, a imagem fica distorcida. É possível ten-
tar observar esse efeito usando uma colher de sopa como
espelho curvo.
As lentes também produzem imagens levemente distorci- ESPELHO CÔNCAVO ESPELHO CONVEXO
das. Os sistemas ópticos que produzem imagens distorci-
das são denominados astigmáticos. Quando a imagem O foco (F) dos espelhos esféricos é o ponto médio entre o
não apresenta distorção, como no caso do espelho plano, centro de curvatura do espelho (C) e o vértice (V).
o sistema é denominado estigmático. Se os espelhos
eféricos têm o ângulo de abertura pequeno, a imagem é
produzida com pouca distorção.

Aplicação do conteúdo
1. O que é um sistema óptico astigmático e qual a dif-
erença dele para um sistema óptico estigmático?

Resolução:

Sistema óptico astigmático é o sistema que produz ima-


gens distorcidas de um objeto analisado. O sistema óptico
estigmático, por sua vez, é o sistema que não produz dis- A distância focal (f) é medida entre o foco (F) do espelho
torção na imagem em relação ao objeto analisado. e o vértice; portanto:

f = __R
3. FOCOS DE UM ESPELHO 2

ESFÉRICO E RAIOS NOTÁVEIS


Considere um feixe de luz paralelo ao eixo principal que
incide sobre espelhos esféricos de pequena abertura, como
na figura a seguir. No caso do espelho côncavo, os raios
refletidos se interceptam perto do foco do espelho, isto é,
no ponto F. O foco do espelho côncavo é real. No caso do
espelho convexo, são os prolongamentos dos raios refleti-
dos que interceptam o foco do espelho no ponto F. O foco
de um espelho convexo é virtual.

multimídia: sites
www.estudopratico.com.br/espelhos-
esfericos/
www.ebah.com.br/content/ABAAAfi_
ESPELHO CÔNCAVO: FOCO REAL ESPELHO CONVEXO: FOCO VIRTUAL
wAA/espelhos-esfericos
Propriedade da reversibilidade da luz: o trajeto de um www.sofisica.com.br/conteudos/Otica/
raio de luz no sentido inverso é o mesmo daquele feito no Reflexaodaluz/espelhoesferico.php
sentido normal. Como foi visto, o raio refletido (ou o pro-

64
Os raios de luz que incidem em direção ao centro de curva- ao ângulo entre o eixo principal e o raio incidente.
tura são refletidos nessa mesma direção:

ESPELHO CÔNCAVO
ESPELHO CÔNCAVO

ESPELHO CONVEXO
ESPELHO CONVEXO
Se um raio incidir sobre o vértice (V) de um espelho esféri-
co, o ângulo entre o eixo principal e o raio refletido é igual

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Os espelhos esféricos também são estudados pelos artistas plásticos. O artista holandês Maurits Cornelis Escher,
famoso por suas representações de espaços impossíveis e transformações geométricas, tem entre suas obras mais
famosas autorretratos usando espelhos convexos. Já o artista britânico Anish Kapoor, um dos grandes escultores con-
temporâneos, é famoso pela grandiosidade de suas obras e pela exploração de dicotomias, como vazio/cheio, corpo/
espírito, céu/terra. Com a intenção de questionar a visão do público que circula pelos espaços, Kapoor tem diversas
obras usando espelhos esféricos espalhadas pelo mundo.

CLOUD GATE – OBRA DE ANISH KAPOOR SITUADA EM CHICAGO.

65
raio refletido tem a mesma direção e também passa pelo
Aplicação do conteúdo centro de curvatura.
1. Um espelho esférico côncavo possui um raio de Os prolongamentos dos dois raios refletidos traçados se
curvatura de 20 cm. Qual é, então, a distância focal interceptam em um ponto entre o vértice e o foco do espe-
desse espelho?
lho, no ponto B’. Esse ponto B’ é a imagem de B. A imagem
Resolução: do ponto A é o ponto A’, abaixo do ponto B’. Assim, a ima-
gem é direita, virtual e menor do que o objeto.
A relação entre distância focal e o raio de curvatura é dada
pela expressão:
f = __R
2
Substituindo o valor do raio de curvatura dado pelo exer-
cício, obtém-se na expressão:
20
f = ___
2
Finalizando os cálculos, resulta:
f = 10cm
2. Um espelho esférico convexo possui distância focal
de 25 cm. Qual é, então, o valor do raio de curvatura ESPELHO CONVEXO: IMAGEM DIREITA, VIRTUAL E MENOR DO QUE O OBJETO.
desse espelho?

Resolução: 4.2. Espelho côncavo


A relação entre a distância focal e o raio de curvatura é No caso do espelho côncavo, é utilizado o mesmo mét-
dada pela expressão: odo para determinar a imagem. Primeiro, deve-se traçar
um raio que incida paralelamente no espelho; em seguida,
f = __R
2 deve-se traçar um raio que incida na direção do centro de
Substituindo o valor da distância focal dado pelo exercício, curvatura. Entretanto, existem cinco possibilidades para
obtém-se na expressão: posicionar o objeto em frente ao espelho. .
25 = __R
2
Finalizando os cálculos, tem-se: 4.2.1. Caso I: Objeto antes
do centro de curvatura
R = 50cm
Nesse caso, pelas propriedades de reflexão dos raios que
incidem paralelamente e em direção ao centro de curvatu-
4. IMAGENS EM UM ra, é possível observar que os raios refletidos se intercep-
tam em um ponto entre o centro de curvatura e o foco.
ESPELHO ESFÉRICO Assim, a imagem é real, podendo ser projetada em um
Nos próximos tópicos serão determinadas as imagens anteparo. Observa-se, também, que a imagem é invertida e
obtidas por espelhos côncavos e convexos, de pequena menor do que o objeto.
abertura, de um objeto pequeno, linear, fixado perpendicu-
larmente sobre o eixo principal dos espelhos.

4.1. Espelho convexo


Na figura a seguir, o objeto o, de extremos A e B, é fixado
em frente a um espelho esférico convexo. A princípio, para
determinar a imagem desse objeto, deve-se traçar um raio
de luz do extremo B e que incida papalelamente no espel-
ho. Como foi visto, o prolongamento do raio refletido passa
pelo foco do espelho. Em seguida, deve-se traçar um raio
de luz, também do extremo B, mas que incida na direção ESPELHO CÔNCAVO COM OBJETO ANTES DO CENTRO DE CURVATURA:
do centro de curvatura do espelho. O prolongamento do IMAGEM REAL, INVERTIDA E MENOR DO QUE O OBJETO.

66
4.2.4. Caso IV: Objeto entre
o foco e o vértice
Traçando os raios refletidos nesse caso, é possível observar
que eles se interceptam “atrás” do espelho. Assim, a ima-
gem é virtual, direita e maior do que o objeto.

multimídia: vídeo
FONTE: YOUTUBE
Espelhos Esféricos - Experimento ESPELHO CÔNCAVO COM OBJETO ENTRE O FOCO E O VÉRTICE:
IMAGEM VIRTUAL, DIREITA E MAIOR DO QUE O OBJETO.

4.2.2. Caso II: Objeto sobre


o centro de curvatura
Nesse caso, a imagem também está sobre o centro de
curvatura, sendo invertida e real. O tamanho da imagem
também é igual ao do objeto.

multimídia: vídeo
FONTE: YOUTUBE
Espelhos Esféricos - Experimento

ESPELHO CÔNCAVO COM OBJETO SOBRE O CENTRO DE CURVATURA: 4.2.5. Caso V: objeto sobre o foco
IMAGEM REAL, INVERTIDA E DE MESMO TAMANHO QUE O OBJETO.
Quando o objeto está sobre o foco, os raios refletidos são
paralelos e não se encontram. A imagem é denominada
4.2.3. Caso III: Objeto entre o imagem imprópria e forma-se no infinito.
centro de curvatura e o foco
Nesse caso, a imagem do objeto é real e se forma antes do
centro de curvatura. A imagem é invertida e maior do que
o objeto. Repare que esse caso é o mesmo do caso I, mas
trocando a imagem pelo objeto. Isso ocorre por causa da
reversibilidade dos raios de luz.
ESPELHO CÔNCAVO COM OBJETO SOBRE O FOCO: IMAGEM IMPRÓPRIA.

Algumas observações importantes:


ƒ Quando o objeto e a imagem possuem naturezas
opostas, uma real e outra virtual, a imagem é direita.
ƒ Quando o objeto e a imagem possuem a mesma na-
tureza, real ou virtual, a imagem é invertida.

ESPELHO CÔNCAVO COM OBJETO ENTRE O CENTRO DE CURVATURA E ƒ Toda imagem real pode ser projetada num anteparo. Nun-
O FOCO: IMAGEM REAL, INVERTIDA E MAIOR DO QUE O OBJETO. ca uma imagem virtual pode ser projetada num anteparo.

67
Resolução:

O espelho esférico convexo forma sempre um único


tipo de imagem: virtual, direita e menor.Toda imagem
projetável é necessariamente real, não sendo possível
projetar imagens virtuais. Além disso, qualquer espelho
esférico forma imagens distorcidas do objeto, diferente
do espelho plano, que produz imagens sem distorções,
porém enantiomorfas.
Alternativa A
multimídia: vídeo 4. (Fatec) Um sistema óptico, composto de um elemento
reflexivo, gera de um objeto real uma imagem direita e
FONTE: YOUTUBE
aumentada.
Retrovisor – Fagner
O elemento reflexivo:
a) é um espelho esférico convexo, pois a imagem é virtual;
Aplicação do conteúdo b) é um espelho esférico convexo, com o objeto colo-
cado nas proximidades de seu vértice;
1. Um espelho projeta em uma tela a imagem de um c) é um espelho esférico côncavo, com o objeto colo-
objeto. O espelho é côncavo ou convexo? cado entre o ponto focal e o vértice do espelho;
d) é um espelho plano, pois a imagem é direta;
Resolução:
e) forma uma imagem virtual, pois imagens virtuais
Toda imagem projetável ou projetada é uma imagem real. são sempre aumentadas.
Assim, pode-se concluir que o espelho em questão é cônca- Resolução:
vo, pois espelhos convexos formam apenas imagens virtuais.
De acordo com o exercício, a imagem é formada por um
2. (Cesgranrio) Um objeto colocado muito além de C, sistema reflexivo. Assim, conclui-se que o sistema óptico
centro de curvatura de um espelho esférico côncavo, é
em questão é baseado em espelhos. Além disso, a imagem
aproximado vagarosamente do espelho. Estando o ob-
jeto colocado perpendicularmente ao eixo principal, a é direita e aumentada. Existe apenas uma situação possível
imagem do objeto conjugada por este espelho, antes para essas características: quando há um espelho esférico
de o objeto atingir o foco, é: côncavo numa situação em que o objeto foi posicionado
a) real, invertida e se aproxima do espelho; entre o foco e o vértice do espelho. Nesse caso, a imagem
b) virtual, direita e se afasta do espelho; é também virtual.
c) real, invertida e se afasta do espelho;
Alternativa C
d) virtual, invertida e se afasta do espelho;
e) real, invertida, fixa num ponto qualquer.
5. (UFRRJ) Um objeto está a uma distância P do vértice
Resolução: de um espelho esférico de Gauss. A imagem formada é
Nos casos em que o objeto está antes do foco de um es- virtual e menor. Nesse caso, pode-se afirmar que:
pelho esférico côncavo, sempre ocorrerá imagem real e a) o espelho é convexo;
invertida. Além disso, à medida que o objeto se aproxima b) a imagem é invertida;
do foco, a imagem aumenta de tamanho, e isso acontece c) a imagem se forma no centro de curvatura do espelho;
simultaneamente ao afastamento da imagem do espelho. d) o foco do espelho é positivo, segundo o referencial
de Gauss;
Alternativa C e) a imagem é formada entre o foco e o centro de curvatura.

3. (Faap) A respeito de um espelho convexo, sendo o Resolução:


objeto real, pode-se afirmar que:
Este tipo de imagem só é formada por espelhos esféricos
a) forma imagens direitas e diminuídas; convexos. Na única situação em que um espelho esférico
b) não forma imagens diminuídas; côncavo forma imagem virtual, ela também será maior. As-
c) suas imagens podem ser projetadas sobre anteparos; sim, a imagem descrita é provocada por um espelho con-
d) forma imagens reais; vexo; logo, é virtual, direita e menor.
e) suas imagens são mais nítidas que as dadas pelo
espelho plano. Alternativa A

68
VIVENCIANDO

Os espelhos esféricos são muito utilizados no cotidiano. Os espelhos convexos aumentam o campo de visão, per-
mitindo a visualização de ângulos que seriam inacessíveis pelos espelhos planos. Geralmente, esse tipo de espelho é
encontrado em corredores de supermercados, farmácias, saídas de estacionamentos e retrovisores de veículos – nos
ônibus nota-se que os espelhos situados acima das portas de saída são sempre espelhos convexos, possibilitando
que o motorista veja os passageiros que estão desembarcando.

Nos espelhos côncavos, as imagens formadas variam de acordo com a posição do objeto. Isso faz com que o seu
uso seja restrito. Os espelhos côncavos podem ser utilizados em alguns tipos de telescópios, projetores e também
em ferramentas nos consultórios odontológicos. Quando o objeto se situa bem próximo do espelho, entre o vértice
e o foco, a imagem resultante é virtual, direta e ampliada, o que resulta em uma melhor ampliação dos detalhes do
objeto refletido.

ESPELHOS CÔNCAVOS USADOS EM GERAÇÃO DE ELETRICIDADE ATRAVÉS DA ENERGIA SOLAR.

69
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

Habilidade
Relacionar propriedades físicas, químicas e biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às fina-
18 lidades a que se destinam.

A Habilidade 18 avalia a capacidade do aluno de relacionar os seus conhecimentos na área de ciências da natureza
com a situação-problema apresentada na questão. Na óptica, é importante que o aluno conheça as características
das imagens formadas pelos diversos espelhos e suas aplicações.

Modelo
(Enem) Os espelhos retrovisores, que deveriam auxiliar os motoristas na hora de estacionar ou mudar de pista, muitas
vezes causam problemas. É que o espelho retrovisor do lado direito, em alguns modelos, distorce a imagem, dando a
impressão de que o veículo está a uma distância maior do que a real.

Este tipo de espelho, chamado convexo, é utilizado com o objetivo de ampliar o campo visual do motorista, já que no
Brasil se adota a direção do lado esquerdo e, assim, o espelho da direita fica muito mais distante dos olhos do condutor.
ADAPTADO DE: HTTP://NOTICIAS.VRUM.COM.BR. ACESSO EM: 3 NOV. 2010.

Sabe-se que, em um espelho convexo, a imagem formada está mais próxima do espelho que este está do objeto, o
que parece estar em conflito com a informação apresentada na reportagem. Essa aparente contradição é explicada
pelo fato de:
a) a imagem projetada na retina do motorista ser menor que o objeto;
b) a velocidade do automóvel afetar a percepção da distância;
c) o cérebro humano interpretar como distante uma imagem pequena;
d) o espelho convexo ser capaz de aumentar o campo visual do motorista;
e) o motorista perceber a luz vinda do espelho com a parte lateral do olho.

Análise expositiva - Habilidades 18: O espelho convexo forma uma imagem menor que causa no motorista
C a sensação de que a distância é menor do que realmente é.
Nossos olhos estão acostumados com imagens em espelhos planos, nos quais imagens de objetos mais
distantes nos parecem cada vez menores.
Esse condicionamento é levado para o espelho convexo: o fato de a imagem ser menor que o objeto é
interpretado pelo cérebro como se o objeto estivesse mais distante do que realmente está.
Essa falsa impressão é desfeita, por exemplo, quando o motorista está dando marcha a ré em uma garagem
e observando a imagem da parede pelo espelho convexo. Ele para o carro quando percebe pela imagem do
espelho convexo que está quase batendo na parede. Ao olhar para trás, por visão direta, ele percebe que
não estava tão próximo assim da parede.
Alternativa C

70
DIAGRAMA DE IDEIAS

ESPELHOS
ESFÉRICOS

CALOTAS
ESPELHADAS

ESPELHO ESPELHO
CÔNCAVO CONVEXO

CONVERGENTE DIVERGENTE

PONTOS
NOTÁVEIS

RAIOS NOTÁVEIS

CONSTRUÇÃO
DE IMAGENS

PROLONGAMENTO DOS INTERSECÇÃO EFETIVA


RAIOS REFLETIDOS DOS RAIOS REFLETIDOS

VIRTUAL REAL

71
AULAS ESPELHOS ESFÉRICOS: ESTUDO ANALÍTICO
21 E 22
COMPETÊNCIAS: 5e6 HABILIDADES: 17 e 22

1. EQUAÇÕES DOS i = altura da imagem;


f = distância focal = posição do foco no eixo das abscissas.
ESPELHOS ESFÉRICOS Essas definições também seguem as seguintes proprieda-
É possível calcular as posições e os tamanhos dos objetos e des:
das imagens produzidas pelos espelhos esféricos. Para isso,
ƒ As grandezas reais são positivas.
utiliza-se um sistema de coordenadas cartesianas, como
indicado nas figuras a seguir. ƒ As grandezas virtuais são negativas.
ƒ Se i < 0, a imagem é invertida.
Essas grandezas se relacionam pelas seguintes equações:

1 + __
1 = __ 1 e –p'
i ___
__ A = __
o= p
f p p’

A grandeza A é o aumento linear transversal. O valor de A


também pode ser obtido usando a relação:

COORDENAS DO OBJETO E DA IMAGEM


EM UM ESPELHO CÔNCAVO. A = __oi o A = ____
f
f–p

Se o e i tiverem o mesmo sinal, a imagem será direita. Se os


sinais forem invertidos, a imagem será invertida.
Algumas informações importantes:
ƒ Quando p’ > 0, a imagem será real e passível de ser
projetada.
ƒ Quando A > 0, a imagem será direita.

COORDENADAS DO OBJETO E DA
ƒ Quando A < 0, a imagem será invertida.
IMAGEM EM UM ESPELHO CONVEXO.
ƒ Se |A| < 1, a imagem será menor que o objeto.

O vértice do espelho é a origem do sistema de coordena- ƒ Se |A| = 1, a imagem será do mesmo tamanho que o
das. O eixo das abscissas (x) coincide com o eixo principal objeto.
do espelho, e o sentido positivo é oposto ao sentido de ƒ Se |A| > 1, a imagem será maior que o objeto.
incidência dos raios de luz. O eixo das ordenadas (y) é per-
pendicular ao eixo principal e orientado para cima.
Assim, define-se:
Aplicação do conteúdo
1. Um objeto real, medindo 6 cm, é colocado perpendi-
p = posição do objeto no eixo das abscissas; cularmente sobre o eixo principal de um espelho esféri-
p’ = posição da imagem no eixo das abscissas; co convexo, a 36 cm do vértice do espelho. Sabendo que
o raio de curvatura do espelho mede 24 cm, determine
o = altura do objeto; as características da imagem.

72
Resolução: 2. Como mostra a figura a seguir, um objeto é colocado
a 60 cm da superfície refletora de um espelho esférico
Do enunciado, são obtidos os seguintes dados: o = 6 cm, côncavo, cujo raio de curvatura é de 30 cm.
p = 36 cm, R = 24 cm.
O módulo da distância focal é metade do raio:

24 cm o u f u = 12 cm
R = _____
u f u = __
2 2

Entretanto, o espelho é convexo, então o foco é virtual e a


distância focal é negativa: f = –12 cm.
Calculando p’:
A imagem se forma a uma distância da superfície que vale,
1 = __
__ 1 + __
1 o ____
1 = ___
1 + __
1 o __
1 = ___
–1 – ___
1 o em cm,
f p p’ -12 36 p’ p’ 12 36 a) 15.
__ -3 – 1 o __
1 =_____ 1 = –4
___ o p’ = –9 cm b) 20.
p’ 36 p’ 36 c) 30.
d) 45.
Como p’ < 0, a imagem é virtual. e) 60.
Calculando o tamanho da imagem:
Resolução:
-p __i
__i = ___ (–9)
____
o p o 6 = – 36 o i = 1,5 cm Em primeiro lugar, calcula-se a distância focal: como R =
30 cm, então f = 15 cm. Assim, pode-se calcular p’:
A imagem é direita, pois o e i têm o mesmo sinal.
1 = __
__ 1 + __
1 o ___
1 = ___
1 + __
1 o p’ = 20 cm
A figura a seguir mostra a construção geométrica da imagem. f p p’ 15 60 p’

Alternativa B

3. Um objeto, colocado a 20 cm de um espelho côncavo,


forma uma imagem real, invertida e de tamanho igual
ao do objeto. Se o objeto for colocado a 10 cm do es-
pelho, a distância da nova imagem que irá se formar
será igual a:
a) 10 cm.
b) 15 cm.
c) 20 cm.
d) 30 cm.
e) Infinita.

Resolução:

Na situação inicial do problema, i = –o, portanto, A = –1.


Do enunciado, obtém-se também p = 20 cm. Com esses
dados, pode-se calcular o foco do espelho:
f o –1 = _____
A = ____ f o 20 – f = f o 2f =
f–p f – 20
20 o f = 10 cm
multimídia: vídeo
Na segunda situação, p = 10 cm, que é igual ao valor do
FONTE: YOUTUBE foco do espelho, f = 10 cm. Foi visto que, nessa situação, a
Professor faz estudo analítico dos espelhos imagem forma-se no infinito. Calculando:
esféricos - Fórmulas 1 = __
__ 1 + __
1 o ___
1 = ___
1 + __
1 o __
1 =0
f p p’ 10 10 p’ p’

73
Isso significa que o valor de p’ deve ser infinito para a razão 5. (Mackenzie) Um objeto real é colocado sobre o eixo
1/p’ ser igual a zero. principal de um espelho esférico côncavo a 4 cm de seu
vértice. A imagem conjugada desse objeto é real e está
Alternativa E situada a 12 cm do vértice do espelho, cujo raio de cur-
vatura é:
4. A figura a seguir representa um espelho esférico côn- a) 2 cm.
cavo, de distância focal 60 cm e um objeto AB de largu- b) 3 cm.
ra desprezível e comprimento 30 cm, que está deitado c) 4 cm.
sobre o eixo principal do espelho. A distância do ponto
d) 5 cm.
B ao vértice do espelho (V) é de 80 cm.
e) 6 cm.

Resolução:

Retirando do enunciado os dados e informações necessá-


rias, segue que:
P = 4cm
P’ = 12 cm
Para encontrar o Raio de Curvatura, é necessário calcular
o valor da distância focal utilizando a fórmula da Equação
de Gauss. Assim:
Desse objeto se formará uma imagem cujo tamanho é, em cm:
a) 30. __1 = __1 + __
1
f P P’
b) 60.
Substituindo pelos valores dados, tem-se:
c) 108.
d) 180. __1 = __1 + __
1
f 4 12
e) 240.
Simplificando a Expressão, obtém-se:
Resolução: __1 = __ 3 + __ 4 => __1 + __1
1 => __1 + __
f 12 12 f 12 f 3
Do enunciado do problema, obtém-se diretamente f = 60 Terminando os cálculos, tem-se:
cm e que B está a 80 cm do vértice V. Como AB é igual a f = 3cm
30cm, o ponto A está a 110 cm (80 cm + 30 cm) de V. Utilizando a relação entre a distância focal e Raio de Cur-
Para determinar o tamanho da imagem A’B’, é necessário vatura, tem-se:
determinar a distância da imagem de A e da imagem de B.
f = __R => 3 = __R => R = 6cm
Para o ponto A, tem-se: f = 60 cm, p = 110 cm. Calculando: 2 2
1 = __
1 + __
1 o ___
1 = ___
1 + __
1 Alternativa E
__
f p p’ 60 110 p’
Assim, obtém-se a posição A’ da imagem de A:
p’ = 132 cm

Para o ponto B, tem-se: f = 60 cm, p = 80 cm. Calculando:


__ 1 + __
1 = __ 1 o ___
1 = ___
1 + __
1
f p p’ 60 80 p’
Do mesmo modo, obtém-se a posiçao B’ da imagem de B:
p’ = 240 cm

Por fim, o tamanho da imagem A’B’ é a diferença entre B’ multimídia: vídeo


e A’: FONTE: YOUTUBE
A’B’ = 240 – 132 = 108 cm Derivação da equação espelho |
Óptica geométrica | Física ...
Alternativa C

74
6. (PUC-MG) Uma pessoa, a 1,0m de distância de um Resolução:
espelho, vê a sua imagem direita menor e distante 1,2m
dela. Assinale a opção que apresenta corretamente o Retirando do enunciado os dados e informações necessá-
tipo de espelho e a sua distância focal:
rias, segue que:
a) côncavo; f = 15 cm;
b) côncavo; f = 17 cm; 0 = 2 cm.
c) convexo; f = 25 cm; P = 20 cm.
d) convexo; f = 54 cm;
e) convexo; f = 20 cm. i = 0,4 cm.
É possível notar que a imagem é menor. Além disso, o exer-
Resolução:
cício indica que a imagem é virtual. Assim, se a imagem
Retirando do enunciado os dados e informações necessá- é virtual e menor, então o espelho em questão é convexo,
rias, segue que: com a imagem direita; portanto, i é positivo.
P = 1m Utilizando a Equação do Aumento, tem-se:
(-P)
Lembrando que a distância entre a pessoa e sua imagem A = i/o = ___
P
vale 1,2 m, então:
Substituindo pelos valores, obtém-se:
P + P’ = 1,2m
(–P)
0,4 ____
___
Assim: = => P’ = 0,2 ˜ 20
2 20
P’ = -0,2m Utilizando a fórmula da Equação de Gauss, segue que:

Sabe-se que a imagem é direita e menor; assim, é pos- __1 = __1 + __


1
f P P’
sível concluir que o espelho em questão é convexo, pois
um espelho côncavo, quando forma imagem direita, forma Substituindo pelos valores obtidos, tem-se:
obrigatoriamente também uma imagem maior. 0,2 ___ (-0,8) (-0,8) 0,2
__1 = ___ - 1 => __1 = ____ => __1 = ____ => f = - ___
Sabendo que o espelho em questão é convexo, é possível f 0,2 0,2 f 0,2 f 0,2 0,8
concluir que a imagem é virtual, por isso o sinal de corre- Finalizando os cálculos, obtém-se:
ção em P’.
f = – 5 cm.
Utilizando a fórmula da Equação de Gauss, tem-se:
__1 = __1 + __
1 O sinal indica que o espelho em questão é convexo.
f P P’
Alternativa D
Substituindo pelos valores dados, tem-se:
__1 = __1 + __
1
f 1 (-0,2)
Realizando as operações necessárias, obtém-se:
0,2 ___
__1 = ___ (-0,8) (-0,8) 0,2
- 1 => __1 = ____ => __1 = ____ => f = - ___
f 0,2 0,2 f 0,2 f 0,2 0,8
Finalizando os cálculos, tem-se:
f = 0,25 m = 25 cm
O sinal indica que o espelho em questão é convexo.

Alternativa C
7. (PUC) Um objeto, de 2,0 cm de altura, é colocado a 20
multimídia: sites
cm de um espelho esférico. A imagem que se obtém é
virtual e possui 4,0 mm de altura. O espelho utilizando é: www.fisicaevestibular.com.br/novo/
optica/optica-geometrica/estudo-
a) côncavo, de raio de curvatura igual a 10 cm;
b) côncavo e a imagem se forma a 4,0 cm de espelho;
analitico-dos-espelhos-esfericos/
c) convexo e a imagem obtida é invertida; www.coladaweb.com/fisica/
d) convexo, de distância focal igual a 5,0 cm; optica/equacao-de-gauss
e) convexo e a imagem se forma a 30 cm do objeto.

75
VIVENCIANDO

Em 2013, o inglês Martin Lindsay, depois de um dia cansativo de trabalho, foi buscar o seu Jaguar XJ preto, que
estava estacionado no distrito financeiro de Londres, quando percebeu que diversas partes do seu carro estavam der-
retidas. “Não é possível”, pensou Lindsay ao ver seu carro danificado. O estrago não foi causado por um flanelinha
enfurecido com a mesquinhez de Lindsay, mas pelo arranha-céu conhecido Walkie Talkie.
O design arquitetônico exótico de Walkie Talkie foi o responsável pelo derretimento do carro. O físico Chris Shepherd,
do Instituto de Física de Londres, diz: “É uma questão de reflexo. Se um prédio é curvilíneo e tem várias janelas
planas, que funcionam como espelhos, os reflexos se convergem em um ponto, focando e concentrando a luz”. A
cor do carro também contribuiu para a absorção do calor e, consequentemente, para o derretimento. A
administração do prédio pagou o conserto do veículo, que custou 946 libras (R$ 3.738).

EDIFÍCIO CONHECIDO COMO WAKIE TALKIE


Uma aplicação interessante de espelhos esféricos acontece nos faróis dos carros. Colocando uma fonte pontual de
luz no foco de um espelho esférico, todos os raios que incidirem no espelho serão refletidos paralelos em relação ao
eixo óptico. Assim, é possível direcionar o feixe de luz.

As antenas parabólicas funcionam seguindo o princípio inverso. Coloca-se a antena no foco, assim todos os raios que
incidirem paralelamente ao eixo serão refletidos passando pelo foco.

76
DIAGRAMA DE IDEIAS

REFERENCIAL DE GAUSS

OBJETO REAL p>0

OBJETO VIRTUAL p<0

IMAGEM REAL p’ > 0

A<0

INVERTIDA i<0

IMAGEM VIRTUAL p’ < 0

A>0

DIREITA i>0

CÔNCAVO f>0

ESPELHO

CONVEXO f<0

77
AULAS REFRAÇÃO DA LUZ
23 E 24
COMPETÊNCIAS: 1, 5 e 6 HABILIDADES: 3, 17 e 22

1. INTRODUÇÃO A refração da luz ocorre quando a luz é transmitida


Anteriormente, foi estudada a propagação da luz em um entre meios com diferentes velocidades de propa-
determinado meio e foi visto o que acontecia quando a gação do feixe luminoso.
luz incidia em uma superfície e sofria reflexão na mes-
ma. Agora, será analisado o que ocorre quando um feixe
de luz atinge uma superfície e passa a se propagar em
um meio diferente. Nesse caso, a luz é transmitida de um
1.1. Índice de refração
meio A para um meio B. Ao atravessar a interface que A velocidade de propagação da luz no vácuo é de
separa esses dois meios, a luz sofre um fenômeno deno- c = 3,00 ˜ 108 m/s, independentemente da frequência.
minado refração. Entretanto, em diferentes meios, como no ar, na água ou em
um vidro, a velocidade de propagação da luz é menor do que
o valor c, dependendo também da frequência.
O índice de refração é um número que compara a velo-
cidade de propagação da luz em diferentes meios. Para um
determinado meio A e uma frequência específica da luz, o
índice de refração é o número nA, adimensional, definido por:
c
nA = __
v
EXEMPLO DE REFRAÇÃO DOS RAIOS LUMINOSOS A
QUE PASSAM PELO AR, VIDRO E ÁGUA.

Se o raio de luz incidir perpendicularmente na superfície de Em que vA é a velocidade de propagação da luz no meio A.
separação entre os meios, o raio transmitido também terá A partir da relação entre a frequência e o comprimento de
direção perpendicular à superfície. Entretanto, se o raio de onda da luz, vA = fA ˜ OA, é possível reescrever a expressão
luz incidir obliquamente na superfície, ou seja, com uma para o índice de refração como:
inclinação em relação à superfície, a direção do raio trans-
c
nA = _____
mitido será diferente da direção do raio incidente. Dessa fA ˜ OA
forma, um observador terá a impressão de que o raio se
quebrou ao atravessar a superfície de separação. Com Observe que sempre vA < c e, portanto, nA é maior do que 1.
efeito, a palavra refração deriva do latim refractus, que
significa “quebrar”. Aplicação do conteúdo
1. A velocidade de propagação da luz monocromática
violeta e da luz monocromática vermelha em certo tipo
de vidro é 1,96 ˜ 108 m/s e 1,98 ˜ 108 m/s, respectivamen-
te. Calcule o índice de refração desses dois raios de luz
nesse meio.

Resolução:

No entanto, foi constatado que o desvio do raio de luz era A luz violeta se propaga nesse vidro com velocidade v =
devido à mudança de velocidade de propagação da luz nos 1,96 ˜ 108 m/s. Assim, o índice de refração do vidro para
diferentes meios. Essa constatação, e também o fato de a luz violeta é:
que nem sempre os raios se “quebram”, levou à definição 3,0 ˜ 108 m/s
n = _vc = ___________ Ÿ n = 1,53
moderna de refração: 1,96 ˜ 108 m/s

78
Lembre-se de que o índice de refração é adimensional, v
pois é o quociente de duas grandezas de mesma unidade. nAB = v__B
A

A luz vermelha se propaga no vidro com velocidade 1,98 .


108 m/s. Portanto, o índice de refração do vidro para a luz
Considerando dois meios, A e B, de índices de refração nA
vermelha é:
e nB, afirma-se que A é mais refringente que B, se nA > nB.
3,0 ˜ 108 m/s
n = _vc = ___________ Ÿ n = 1,51
1,98 ˜ 108 m/s

No vácuo, o índice de refração é 1 (n = c/c). Como v < c,


o índice de refração de um meio qualquer é:

nt1

No ar, apesar de a velocidade de propagação da luz ser


menor do que c, o índice de refração é bem próximo de 1,
independentemente da frequência, ou cor, da luz. Conside-
rando as cores do arco-íris, determinou-se, experimental-
mente, a seguinte relação entre as velocidades de propa- multimídia: vídeo
gação das diferentes cores, para qualquer meio material:
FONTE: YOUTUBE
v vermelho > vlaranja > vamarelo > v verde > vazul > v violeta Física - Refração e Lei de Snell (Khan Academy)

Lembrando que n = _vc, os índices de refração se relacionam


de modo inverso, ou seja: 2. LEIS DA REFRAÇÃO
Considere o caso como ilustrado na figura a seguir, em
nvermelho < nlaranja < namarelo < nverde < nazul < nvioleta
que um feixe estreito de luz monocromático se propaga
inicialmente no meio A, sofre refração na interface entre os
Como o índice de refração do vermelho é o menor, seu
meios A e B e continua se propagando no meio B. O raio
desvio também é o menor, da mesma maneira que o índi-
de luz que se propaga no meio A é denominado raio inci-
ce de refração do violeta é o maior, e seu desvio também
dente (i), e o raio de luz que se propaga no meio B, depois
é o maior.
de sofrer refração, é denominado raio refratado (r).

Meio A
S
Meio B

Desvio

Frequência
violeta

amarelo

verm
anil

azul
verde

laranja

e
lho
do

O índice de refração entre dois meios, isto é, entre um A primeira lei da refração afirma que:
meio A em relação a um meio B, é indicado por nAB e
definido por: O raio incidente, o raio refratado e a normal, no
nA
nAB = __
nB
ponto de incidência, estão no mesmo plano.

Substituindo a expressão equivalente para cada um dos A normal é uma reta perpendicular à superfície de separa-
índices de refração, nAB também é dado por: ção entre os meios A e B, no ponto de incidência, TA é de-

79
nominado ângulo de incidência e TB é denominado ângulo Resolução:
de refração, como indicados na figura anterior.
A segunda lei da refração afirma: O índice de refração do vidro é maior que o da água, e,
portanto, o ângulo de refração é maior que o ângulo de
nA · sen TA = nB · sen TB incidência, como mostra a figura. Ao passar do vidro para
a água, o raio afasta-se da normal. Pela segunda lei de
refração (lei de Snell-Descartes), tem-se:
Em que nA é o índice de refração do meio A, e nB é o índice
de refração do meio B.
c e n = __
Sendo nA = v__ c
A
B vB, a expressão pode ser reescrita
como:

c
__ c
__ sen TA _____
_____ sen TB
vA · sen TA = vB · senTB Ÿ vA = vB

Quando o raio de luz está em incidência normal, os ângulos nv · sen Tv = nA · sen TA


são TA = TB = 0° e não ocorre nenhum desvio. Assim, sen TA (1,62) sen 30º = (1,33) (sen TA)
= sen TB = 0, e a segunda lei também é válida nesse caso.
sen TA > 0,609

O ângulo TA,para o qual o seno vale aproximadamente


0,609, é:
TA > 37,5º

Lembre-se de que, quando um raio de luz é refratado para


um meio menos refringente, o ângulo de refração é maior
que o ângulo de incidência, e o raio se afasta da normal.
Se o raio se refrata para um meio mais refringente, ocorre
A segunda lei da refração é conhecida como Lei de Snell- o oposto, e o raio se aproxima da normal.
-Descartes, apesar de, muitas vezes, ser referida apenas

3. FORMAÇÃO DE IMAGENS
como de Lei de Snell.
René Descartes (1596-1650) foi um filósofo, matemático
e físico francês e um grande estudioso dos fenômenos da Observe a seguir a imagem de um garoto observando uma
luz. É famoso pela criação da geometria analítica e autor moeda dentro de um aquário. Sabe-se que o raio de luz
do método cartesiano, além ter participado da revolução sofre um desvio quando o meio em que ele se propaga é
científica. alterado. Nesse caso, o raio de luz da moeda, ao deixar de
se propagar na água e passar a se propagar no ar, sofre
Aplicação do conteúdo um desvio, afastando-se da normal no ponto de refração.
Entretanto, a visão não compreende essa mudança de
1. Um raio de luz monocromático i propagando-se em
um vidro incide na água com ângulo Tv = 30º, como percurso do raio e entende como se o raio sempre tivesse
mostra a figura. Sabendo que para essa luz os ín- percorrido um trajeto retilíneo. Assim, é como se a moeda
dices de refração do vidro e da água são nv = 1,62 e estivesse na posição M’, indicada na figura, que é a conti-
nA = 1,33, respectivamente, determine o ângulo forma- nuação do raio refratado para dentro da superfície.
do entre a normal e o raio refratado.

Esse mesmo efeito ocorre para o caso da colher mergulha-


da parcialmente em um copo com água. Os raios de luz

80
da parte inferior da colher, que está submersa, sofrem um Agora, será determinada uma relação entre a posição real
desvio ao passarem da água para o vidro e depois do vidro e a posição aparente da imagem que é vista em um siste-
para o ar. Contudo, os raios da parte da colher que não está ma de dioptro plano.
submersa sofrem desvios apenas ao passar do ar para o
Considere um sistema ar–água, como um aquário, repre-
vidro e do vidro para o ar, e, desse modo, o observador tem
sentado na figura a seguir. Será analisada a situação de
a impressão de que esses raios vêm de diferentes posições
um objeto na água, um peixe, por exemplo, e um obser-
e de que a colher parece estar quebrada.
vador no ar. Anteriormente, foi constatado que a imagem
É importante lembrar o princípio da reversibilidade da luz. aparente do peixe forma-se em uma posição mais próxima
Na situação da figura a seguir, o raio de luz que sai do pei- da superfície da água do que a posição real do peixe.
xe (P) e atinge o olho do menino (M) percorre o caminho
XYZ. O menino tem a impressão de que o peixe está na
posição P’. Pelo princípio da reversibilidade da luz, o raio de
luz que vai do olho do menino para o peixe também per-
corre o mesmo trajeto, no sentido inverso, ZYX. Contudo,
para o peixe, o menino está na posição M’.

Quando o objeto é observado de modo que o ângulo de


incidência seja praticamente perpendicular, a seguinte
equação é válida:

n______
observador p’
__
Assim, faz sentido o fato de que os índios mirem a flecha nobjeto = p
ou a lança em uma posição diferente da posição onde apa-
rentemente eles veem os peixes. A posição onde devem
mirar é um ponto um pouco mais abaixo da posição apa- Em que:
rente do peixe. Esse conhecimento foi adquirido de forma p: distância do objeto à superfície (distância real do ob-
empírica ao longo do tempo, isto é, na tentativa e no erro. jeto);
p’: distância da imagem à superfície (distância aparente
do objeto);
A indicação do significado de p e p’ é ilustrada na figura
a seguir:

OBSERVE QUE A IMAGEM APARENTE DO PEIXE A’ É

4. DIOPTRO PLANO VIRTUAL E MAIS PRÓXIMA DA SUPERFÍCIE S.

Um sistema formado por dois meios transparentes de re- Dessa forma, se o observador estiver no meio menos re-
fringências diferentes (índices de refração diferentes) sepa- fringente, a imagem do objeto estará próxima da interface
rados por uma superfície plana é um dioptro plano. Os de separação dos meios. Se o observador estiver no meio
exemplos vistos anteriormente eram constituídos de diop- mais refringente, ocorrerrá o oposto, e a imagem estará
tros planos. mais distante.

81
de luz é absorvida, parte é refletida e parte é refratada. A
seguir, será analisado um caso particular muito interessan-
te: a reflexão total.
Um raio de luz é refratado, afastando-se da normal, ao
atravessar a interface de um meio mais refringente para
outro meio menos refringente. Como exemplo, considere o
caso da figura a seguir, em que um raio de luz atravessa a
interface entre a água (meio A) e o ar (meio B).

multimídia: vídeo
FONTE: YOUTUBE
À medida que o ângulo de incidência aumenta, o ângulo
Como entortar raios de luz com açúcar de refração também aumenta, e mais o raio refratado se
afasta da normal. Para um determinado ângulo de incidên-
cia L, o ângulo de refração é de 90º. Esse valor, L, é deno-
minado ângulo limite de incidência.
Aplicação do conteúdo
A partir da Lei de Snell-Descartes:
1. Um tanque tem 6,0 m de profundidade e está cheio
de um líquido de índice de refração igual a 1,5. Uma nA · sen i = nB . sen r Ÿ
pessoa observa o tanque em uma direção obliqua à su-
nA . sen L = nB . sen 90º
perfície do líquido. Determine a elevação aparente da
profundidade do tanque que a pessoa observa.
Como sen 90º = 1, tem-se:
Resolução:
nB n____
Substituindo os dados fornecidos pelo enunciado do pro- senL = __
n =n
menor

A maior
blema na equação anterior:
n1 __p‘ p‘ Se o ângulo de incidência for superior ao ângulo limite, não
__ 1 ___
___
n2 = p Ÿ 1,5 = 6,0 Ÿ p‘ = 4m haverá refração, e a luz incidente será totalmente refletida.
Esse fenômeno é denominado reflexão total.
Observe que as seguintes condições devem ser satisfeitas
para que ocorra reflexão total:
ƒ A propagação da luz deve ocorrer do meio mais refrin-
gente para o meio menos refringente.
ƒ O ângulo de incidência deve ser maior que o ângulo
limite, isto é, i > L.

Assim, a elevação é: x = p – p’ = 6 – 4 = 2,0 m.

5. ÂNGULO LIMITE –
REFLEXÃO TOTAL
Três fenômenos podem ocorrer quando um feixe de luz
atinge uma superfície: reflexão, refração e absorção.
A reflexão faz com que o raio não atravesse a superfície e
permaneça no mesmo meio em que estava se propagando. multimídia: vídeo
A refração permite que a luz atravesse a interface e conti-
nue se propagando no outro meio. A absorção impede que FONTE: YOUTUBE
a luz continue se propagando. Em geral, os três fenômenos Refração da luz - Revisão FUVEST #04
ocorrem em quantidades diferentes, ou seja, parte do feixe

82
Resolução:
Aplicação do conteúdo
1. A fibra óptica é construída em uma estrutura cilíndri- Somente um feixe cônico de abertura angular 2L consegue
ca de vidro, composta basicamente por dois materiais passar para o ar, ou seja, os feixes cujo ângulo de incidên-
diferentes, sendo um interno, o núcleo, e outro externo, cia são menores do que o ângulo limite. Assim, a região
a casca. A figura mostra, esquematicamente, a estrutura circular luminosa tem raio 2r. No limite dessa região (con-
de uma fibra óptica. torno), os raios incidem com ângulo igual ao ângulo limite.
Os raios que incidem com um ângulo maior do que o limite
sofrem reflexão total.

O mecanismo de funcionamento da fibra óptica é basea-


do na propriedade de reflexão total da luz que ocorre na
interface núcleo–casca. Assim, os feixes de luz podem ser
“guiados” dentro da fibra óptica. Designando por nnúcleo e
ncasca os índices de refração do núcleo e da casca, respecti- Calculando o valor do ângulo limite:
vamente, analise as afirmações a seguir sobre as condições n2 · sen L = n1 · sen 90º
necessárias para ocorrer a reflexão interna total da luz.
I. nnúcleo > ncasca. 2 · sen L = 1 · 1
II. Existe um ângulo L, de incidência na interface nú- 1 Ÿ L = 30º
ncasca sen L = __
cleo-casca, tal que sen L = ____
nnúcleo . 2
III. Raios de luz com ângulos de incidência i > L so-
O valor de r pode ser obtido pelo triângulo 'ABF. Assim:
frerão reflexo interno total, ficando presos dentro do
__ __
núcleo da fibra. √ 3 __r √3
tg 30º = __r Ÿ___ = Ÿ r = ___ m
Quais afirmações são verdadeiras? 1 3 1 3

Resolução:

A reflexão total da luz no interior da fibra óptica necessita


de duas condições:
ƒ A luz deve se propagar do meio mais refringente para
o meio menos refringente (nnúcleo > ncasca).
ƒ O ângulo de incidência da luz deve ser superior ao ân-
gulo limite de incidência para o dioptro núcleo-casca
(i > L).
O ângulo limite de incidência, para o dioptro núcleo-cas-
ca, é dado por: multimídia: sites
nmenor ncasca
sen L = ____
n Ÿ sen L = ____
n www.explicatorium.com/cfq-8/refracao-da-
maior núcleo
-luz.html
Assim, as afirmações I, II e III estão corretas.
www.efisica.if.usp.br/otica/basico/
2. No fundo de um tanque de profundidade igual a 1 m, refracao/
contendo um líquido de índice de refração 2, existe um www.passeiweb.com/estudos/sala_de_
ponto luminoso. A luz emitida por esse ponto luminoso aula/fisica/otica_refracao_da_luz
forma uma região circular luminosa na superfície do lí-
quido. Determine o raio dessa região circular luminosa.

83
VIVENCIANDO

Quando um canudo é colocado num copo de vidro com água, o canudo parece estar “quebrado”, certo? O fenôme-
no físico responsável por essa ilusão de óptica é a refração. A refração ocorre com a luz quando ela muda de meio
de propagação, como do ar para a água.

Por meio do fenômeno de refração, é possível explorar um fenômeno muito útil denominado reflexão total, atual-
mente usado por 90% das comunicações digitais, como telefonia móvel e fixa, internet banda larga e transferência
de dados em geral. A fibra óptica baseia-se no fenômeno de reflexão interna total, que ocorre quando a luz viaja num
meio mais refringente envolto em um meio menos refringente, sem que a luz consiga mudar de meio de propagação,
propagando-se por meio da reflexão na parte interna da fibra ótica.
A fibra óptica é um material feito de vidro ou de plástico (polímeros) e é capaz de transportar luz em seu interior
por meio da reflexão total da luz. Atualmente, na medicina, as fibras ópticas são utilizadas nos equipamentos en-
doscópios e em cirurgias. Por exemplo, o médico pode ter a visualização dos órgãos internos de um paciente através
do uso de um equipamento de endoscopia que faz uso de fibra óptica, e, assim, podem ser detectadas anormalidades
nos órgãos. Nas telecomunicações, a fibra óptica é utilizada para transmitir sinais por meio de pulsos eletromagnéti-
cos, ou seja, luz, radiação infravermelha ou qualquer outro tipo de radiação eletromagnética. A vantagem em relação
aos cabos de cobre é que a transmissão de dados é mais eficiente e econômica. O grande desafio tecnológico é
descobrir ou criar novos materiais para a confecção de fibras ópticas mais eficientes. No cotidiano, a fibra óptica
é pouco utilizada, mas pode ser encontrada em alguns artigos de decoração, em certos tipos de brinquedos e em
aparelhos de home theater.
ADAPTADO DE: HTTP://WWW.MUNDOEDUCACAO.COM/FISICA/A-UTILIZACAO-FIBRA-OPTICA.HTM

84
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

Habilidade
Compreender fenômenos decorrentes da interação entre radiação e matéria em suas manifestações em processos
22 naturais ou tecnológicos, ou em suas implicações biológicas, sociais, ecônomicas ou ambientais.

É necessário que o aluno saiba utilizar seus conhecimentos de Física para interpretar e resolver situações-problema
apresentadas na questão.

Modelo 1
(Enem) Alguns povos indígenas ainda preservam suas tradições realizando a pesca com lanças, demonstrando uma
notável habilidade. Para fisgar um peixe em um lago com águas tranquilas, o índio deve mirar abaixo da posição em
que enxerga o peixe.
Ele deve proceder dessa forma porque os raios de luz:
a) refletidos pelo peixe não descrevem uma trajetória retilínea no interior da água;
b) emitidos pelos olhos do índio desviam sua trajetória quando passam do ar para a água;
c) espalhados pelo peixe são refletidos pela superfície da água;
d) emitidos pelos olhos do índio são espalhados pela superfície da água;
e) refletidos pelo peixe desviam sua trajetória quando passam da água para o ar.

Análise expositiva - Habilidade 22: No exercício proposto, é necessário lembrar-se de que, no dioptro plano,
E a imagem e o objeto não coincidem na mesma posição.

A figura mostra um raio refletido pelo peixe que atinge o olho do observador. Ao refratar-se da água para o
ar, ele sofre desvio em sua trajetória. O observador vê a imagem do peixe acima de sua posição real.
Alternativa E

85
DIAGRAMA DE IDEIAS

REFRAÇÃO MUDANÇA DE MEIO

RAIOS DIFERENTES VELOCIDA-


LEIS DE REFRAÇÃO
COPLANARES DES DE PROPAGAÇÃO

LEI DE SNELL DESCARTES ÍNDICE DE REFRAÇÃO

DO - PARA O +
RAIO SE APROXIMA DE N
REFRINGENTE

DO + PARA O -
RAIO SE AFASTA DE N
REFRINGENTE

i>L REFLEXÃO TOTAL

86
AULAS REFRAÇÃO DA LUZ EM PRISMAS
25 E 26
COMPETÊNCIAS: 1, 5 e 6 HABILIDADES: 1, 2, 17, 20 e 22

1. LÂMINA DE FACES PARALELAS


Nos casos estudados anteriormente de refração da luz, a
interface de separação entre os meios possuía espessura
desprezível, ou seja, não era considerada. Será estudado a
seguir o comportamento da luz ao percorrer uma lâmina
delgada e de material diferente. Não é importante que o
meio em volta da lâmina seja o mesmo; no entanto, em
geral, esse será o caso. Além disso, na maior parte das situ-
ações, o material em torno da lâmina será o ar.

Aplicando a segunda lei de refração às faces F1 e F2, tem-se:


C face F1: nar · sen D = n · sen T
face F2: n · sen T = nar · sen E
A D
B C O termo n sen u aparece em ambas as equações; assim,
pode-se concluir:
A D nar · sen D = nar · sen E Ÿ sen D sen E Ÿ D = E
O ângulo do raio que sai da lâmina, em F2, é igual ao ân-
gulo de incidência em F1. Dessa forma, o raio emergente
Seção reta (ou transversal) de uma lâmina com espessura
CD é paralelo ao raio incidente AB, como ilustra a figura
não desprezível.
anterior. Contudo, houve um deslocamento lateral do raio
de luz ao atravessar a lâmina (também indicado na figura).
Esse deslocamento é que causa a impressão de “quebra”
do lápis, como é possível observar na figura a seguir:

O VIDRO USADO EM UMA JANELA É UM EXEMPLO DE LÂMINA DE FACES PARALELAS.

Na figura a seguir, um raio de luz se propaga no ar até


atingir obliquamente uma lâmina de faces paralelas. O ín-
dice de refração da lâmina é n, e as faces da lâmina serão NOTE QUE APENAS A PARTE DO LÁPIS ATRÁS DA LÂMINA PARECE
chamadas de F1 e F2. ESTAR DESLOCADA EM RELAÇÃO AO RESTO DO LÁPIS.

87
Utilizando a tabela trigonométrica ou uma calculadora,
obtém-se: a > 27º.
O deslocamento d pode ser obtido do triângulo ACD. No
entanto, deve-se conhecer o valor de q. Assim:
50º = D + T o 50º > 27º + T o T > 23º
d
Pelo triângulo retângulo ACD, tem-se: sen T = ___
AC
e
Pelo triângulo retângulo ABC, tem-se: cos D = ___
AC
Dividindo membro a membro as equações, tem-se:
multimídia: vídeo sen u __d
____ sen 23º ___
______ d
cos a = e ou cos 27º > 6,0
FONTE: YOUTUBE
Os valores do seno e do cosseno na expressão acima são:
Refração da luz no prisma - parte 1
sen 23º > 0,39 e cos 27º > 0,89

Substituindo, encontra-se o valor do deslocamento:


Aplicação do conteúdo 0,39 ___
____ > d Ÿ d > 2,6 cm
1. Considere a figura a seguir, na qual um raio de luz, 0,89 60
propagando-se pelo ar, incide sobre uma lâmina de vi-
dro com espessura e = 6 cm. Supondo que o índice de A expressão acima pode ser generalizada. O desvio d é
refração do vidro seja m = 5 __ , qual o deslocamento late- dado por:
3
ral sofrido pelo raio de luz ao sair da lâmina?
sen (i – r)
d = ________
cos r · e

Em que:
i: ângulo de incidência na primeira face;
r: ângulo de refração na primeira face;
Resolução: e: espessura da lâmina.
Aplicando a segunda lei da refração na face de incidência:
nar · sen 50º = nvidro · sen D 2. PRISMA ÓPTICO
Como nar = 1, Mvidro= __5 e sen 50º > 0,766 (usando uma Os prismas ópticos são utilizados, por exemplo, em
3 binóculos potentes e em periscópios de submarinos para
calculadora ou uma tabela trigonométrica), a equação fica:
desviar intencionalmente os raios de luz.
5 · sen D
1 · (0,766) = __
3 Um prisma óptico é um material homogêneo, transparente
e formado por duas superfícies planas não paralelas. Os
Assim:
prismas são utilizados para desviar os raios de luz, e o
sen D > 0,46 modo como esse desvio deve ocorrer depende da aplica-
ção para a qual o prisma foi projetado.

88
A figura a seguir resume os ângulos característicos de cada
prisma óptico:
i: ângulo de incidência na 1.ª face (S1);
r: ângulo de refração na 1.ª face (S1);
r’: ângulo de incidência na 2.ª face (S2);
i’: ângulo de refração na 2.ª face (S1) ou ângulo de emer-
gência;
D1: desvio angular na 1.ª face o D1 = i – r;
D2: desvio angular na 2.ª face o D2 = i’ – r’;
D: desvio angular total; é o ângulo formado pelas direções Aplicação do conteúdo
__
de incidência e de emergência da luz no prisma; 1. Um prisma de vidro tem índice de refração √2 e ân-
A: ângulo de abertura ou ângulo de refringência. gulo de abertura 75º. Um raio de luz monocromática
propagando-se no ar índice com ângulo de 45º sobre a
normal de uma das faces do prisma. Calcule:
__
√2
Dados: sen 30º = __1, sen 45º = ___
2 2
a) o ângulo de refração na 1.ª face;
b) o desvio angular na 1.ª face;
c) o ângulo de incidência na 2.ª face;
d) o ângulo de refração na 2.ª face;
e) o desvio angular na 2.ª face;
f) o desvio angular total.
Resolução:
__
Dados: A = 75º; n2 = √2 ; nar = 1; i= 45º

a) nar· sen i = n2· sen r Ÿ nar· sen 45º = n2· sen r


2.1. Equações do Prisma √2
__
__
1, então r = 30º
___ = √2 · sen r Ÿ sen r = __
2 2
2.1.1. Abertura A b) D1 = i – r Ÿ D1 = 45º – 30º Ÿ D1 = 15º
c) A = r + r’ Ÿ 75º = 30º + r’, então r’ = 45º
O ângulo formado pelas normais às superfícies S1 e S2 tam-
bém é igual a A. Como o ângulo externo é igual à soma
dos internos não adjacentes, segue que:
A = r + r’

2.1.2. Desvio angular total D


A partir da mesma relação do ângulo externo:
D = D1 + D2

Substituindo:
d) n2· sen r’ = nar· sen i’ Ÿ
D1 = (i – r)
Ÿn2· sen 45º = nar· sen i’ Ÿ
__
D2 = (i’ – r’) __
√2
Ÿ √ 2 · ___ = 1 · sen i’
2
O desvio angular total é: sen i’ = 1 , então i’ = 90º
D = i + i’ – (r + r’) e) D2 = i’ – r’ Ÿ D2 = 90º – 45º Ÿ D2 = 45º
f) D = i + i’ – A Ÿ D = 45º + 90º – 75º,
D = i + i’ – A então D = 60º

89
2. O desvio angular de um prisma é mínimo quando um gulo limite e ocorre reflexão total. Assim, os raios refletidos
raio de luz incide, com ângulo de 45º normal, em uma emergem perpendicularmente na outra face. O desvio so-
das faces. Sabendo que a refringência do prisma é de
60º, determine:
frido pela luz entre a incidência e a emergência é de 90º.

Dado: sen 30º = __1


2
a) o índice de refração do prisma;
b) o desvio mínimo.
Resolução:
O desvio mínimo ocorre quando o raio (dentro do pris-
ma) é paralelo à base do prisma. Observe a figura:
OS RAIOS INCIDENTES SOFREM DESVIO DE 90º.

3.2. Prismas de Porro


Ocorrem duas reflexões totais no interior de um Prisma de
Porro. Os raios emergem na mesma direção que os raios in-
cidentes, mas com sentidos opostos. O desvio da luz nesse
prisma é de 180º.
Nesse caso, os ângulos r e r’ são iguais e, assim, o ângu-
lo de refringência é A = 2r.

Uma consequência de ocorrer o desvio mínimo é que, se


r = r’, necessariamente i = i’. Assim, o desvio mínimo Dm
é dado por Dm = 2i – A.
Dados: A = 60º; i = 45º
a) A = 2r Ÿ
60º = 2r Ÿ r = 30º
Assim:
__ i = n2 · r Ÿ
nar · sen
√2
___ 1Ÿ
1· = n2 · __ OS RAIOS INCIDENTES SOFREM DESVIO DE 180º.
2 __ 2
n2 = √2
Aplicação do conteúdo
b) Dm = 2i – A F Dm = 2 · 45º – 60º Ÿ
ŸDm = 30º 1. A figura a seguir ilustra um prisma retangular, cujos
ângulos da base são iguais a 45º, um objeto AB e o olho

3. PRISMAS DE REFLEXÃO TOTAL


de um observador. Devido à reflexão total, os raios de
luz do objeto são refletidos na base do prisma e são vis-
tos pelo observador. A base do prisma funciona como
Os prismas de reflexão total alteram a direção de propaga- um espelho plano.
ção da luz a partir de uma ou mais reflexões totais da luz
dentro do prisma. Um tipo comum de prisma de reflexão Obtenha a imagem A’B’ do objeto AB, vista pelo observador.
total tem a seção reta de um triângulo retângulo isósceles,
feito de vidro, de índice de refração 1,5 e ângulo-limite,
quando imerso no ar, igual a 42º.

3.1. Prismas de Amici


Em um Prisma de Amici, os raios incidem perpendicular-
mente sobre uma das faces. No interior do prisma, o ân-
gulo de incidência na face oblíqua é maior do que o ân-

90
Resolução:
4. DISPERSÃO DA LUZ
A decomposição da luz branca nas cores presentes no ar-
co-íris é denominada dispersão da luz. A luz branca (luz do
Sol), depois de atingir uma das faces de um prisma óptico
(ou, por exemplo, um dos cantos de um aquário), emerge
na face oposta do prisma como um pincel de luz colorido.
Essa faixa luminosa colorida foi nomeada por Isaac New-
ton de espectro visível.
Foi constatado experimentalmente que, de todas as cores, a luz
Observe que a orientação da imagem é diferente da vermelha sofre o menor desvio e a luz violeta, o maior desvio.
orientação do objeto. Essa diferença de desvios deve-se às diferentes velocidades de
propagação da luz de cada cor nos meios materiais transpa-
2. A figura ilustra uma reflexão total em um prisma. De- rentes. Assim, a luz vermelha sofre o menor desvio devido ao
termine, para o raio incidente esquematizado, o valor
fato de sua velocidade de propagação dentro do prisma ser
do índice de refração do prisma. A visão transversal do
prisma é um triângulo retângulo isósceles. maior que a da luz violeta. Lembrando que o índice de refração
n de um meio material transparente é inversamente proporcio-
nal à velocidade de propagação v da luz desse meio, conclui-se
que o índice de refração do material é maior para a luz violeta
do que para a luz vermelha, ou seja, o índice de refração de
um material depende da cor da luz incidente.
LUZ BRANCA

vermelho
laranja
vermelho
amarelo
verde
laranja
azul
anil violeta
amarelo
verde
azul
anil violeta
__
√2
Dados: sen 45º = ___
PRISMA
,n =1
2 ar
DISPERSÃO DA LUZ EM UM PRISMA
Resolução:
O ângulo de incidência na face oblíqua do prisma (hipote- v vermelha > v violeta Ÿ nvermelha < nvioleta
nusa do triângulo) é de 45º. Como ocorre reflexão total da
O arco-íris é um fenômeno natural produzido pela disper-
luz, segue que 45º > Ÿ sen 45º > sen L. Então:
__ são da luz. Ao penetrar em uma gota de água, parte da
nar √ 2 __
sen 45º > n Ÿ > n1 , pois sen L = __
__ ___ 1
np. luz é refratada para o interior da gota, emergindo de novo
p 2 p
__ para a atmosfera depois de sofrer outra refração na interfa-
Assim: np > √2 ce da gota com o ar. Do modo como ocorre em um prisma,
a primeira refração dispersa a luz nas suas componentes
(espectro visível), e a segunda refração acentua a dispersão
ocorrida na primeira superfície da gota.
No arco-íris, é possível observar a cor vermelha no anel
mais externo e a luz violeta no anel mais interno. As outras
aparecem nos anéis intermediários.

LUZ BRANCA

GOTAS DE CORES DO ARCO-ÍRIS


CHUVA
multimídia: vídeo Ao atravessar as gotas
de chuva, a luz solar
se segmenta em uma
faixa de cores.
FONTE: YOUTUBE
Dispersão
NO ARCO-ÍRIS, MILHÕES DE GOTAS PRODUZEM O ESPECTRO VISÍVEL DA LUZ SOLAR.

91
As miragens possuem uma origem semelhante. O desvio
Isaac Newton foi um estudioso da luz e de seus da luz ocorre devido às camadas de ar com diferentes den-
fenômenos. Entre os anos de 1670 e 1672, ele demon- sidades. A diferença de densidade é causada pela diferença
strou, utilizando prismas, que a luz branca era forma- de temperatura do ar. Um caso comum é a observação apa-
da por todas as cores do arco-íris. rente da existência de água próxima ao solo muito quente.
Uma miragem é uma expressão genérica que designa
ilusões ópticas provocadas principalmente por efeitos at-
mosféricos. Em dias quentes, as camadas de ar nas pro-
ximidades do solo são mais quentes do que as camadas
superiores. Consequentemente, os raios de luz que vão em
direção ao solo atravessam camadas de ar do índice de
refração cada vez menores, afastando-se das normais.

multimídia: vídeo
FONTE: YOUTUBE
O Que São Miragens? | Ep. 38
DESERTO NO EGITO, ONDE SE OBSERVA AO FUNDO UMA MIRAGEM
DE SOLO MOLHADO.

5. REFRAÇÃO DA LUZ
NA ATMOSFERA
Em um determinado meio podem ocorrer diferenças de den-
sidade. Essas diferenças afetam a propagação da luz nesse
meio. Por exemplo, na atmosfera, as camadas de ar possuem
densidades diferentes entre si. Nesse caso, devido à variação
de densidade, a velocidade de propagação da luz se altera, e
o índice de refração do meio também se modifica.
Em relação ao aumento de altitude, o índice de refração Na figura anterior, o raio de luz do objeto P sofre inúmeras
das camadas de ar diminui. Assim, um raio de luz prove- reflexões totais. Um observador, ao olhar atenciosamente
niente do espaço, ao atravessar a atmosfera, segue uma para os raios refratados, tem a impressão de ver a imagem
trajetória curvilínea e, ao ser observado da Terra, é visto em invertida de P, o ponto P’. Devido ao fato de o observador
uma posição aparente – produzida pela refração da luz na ver o objeto e sua imagem ao mesmo tempo, ocorre a ilu-
atmosfera – diferente da sua posição real. são de que existe água no solo para refletir a luz do objeto.
Observe a ilustração desse processo na imagem a seguir. A Esse fenômeno também explica o porquê, em dias quentes,
situação é semelhante à observação de um objeto mergu- tem-se a impressão de que as estradas estão molhadas.
lhado na água.

A APARÊNCIA MOLHADA DA PISTA SE DEVE À


REFRAÇÃO TOTAL DA LUZ VINDA DO CÉU AO
Devido a esse efeito causado pela refração, o Sol pode ser
ATRAVESSAR AS CAMADAS DE AR COM
visto no poente mesmo depois de ter ultrapassado a linha DIFERENTES TEMPERATURAS E, PORTANTO,
do horizonte. DIFERENTES ÍNDICES DE REFRAÇÃO.

92
Em 2015, chineses ficaram assustados ao ver uma ci-
multimídia: vídeo dade no céu. Tratava-se apenas de uma ocorrência de
Fata Morgana.
FONTE: YOUTUBE
Explicando o Efeito Fatamorgana - arquivo de
pesquisa...

6. FATA MORGANA
Fata Morgana é um efeito de ilusão óptica, uma miragem
que se deve a uma inversão térmica. Objetos que se encon-
tram no horizonte, como ilhas, falésias, barcos ou icebergs,
adquirem uma aparência alargada e elevada, similar aos
“castelos de contos de fadas”. Com tempo calmo, a se-
paração regular entre o ar quente e o ar frio (mais denso)
perto da superfície terrestre pode produzir uma imagem
invertida, sobre a qual a imagem distante parece flutuar.

multimídia: sites
www.super.abril.com.br/ciencia/por-que-o-
-ceu-e-azul/
www.alunosonline.uol.com.br/fisica/
dispersao-luz.html
Os efeitos Fata Morgana costumam ser visíveis de manhã, www.axpfep1.if.usp.br/~otaviano/
depois de uma noite fria. Comum nos mares árticos, com miragens.html
o mar muito calmo, é também habitual nas superfícies ge-
ladas da Antártica.

93
VIVENCIANDO

Os fenômenos de dispersão da luz estão presentes em diversos momentos do cotidiano. Algumas pessoas acreditam
que o mar é azul devido a uma reflexão do céu; no entanto, o mar não fica completamente acinzentado num dia
nublado. O mar só reflete a cor azul porque a absorção da luz é seletiva, e quando a luz penetra na água ela absorve
o espectro eletromagnético das radiações que correspondem à luz vermelha. O azul é a cor complementar à vermel-
ha; assim, a que consegue atravessar é o azul. Dessa forma, apesar da água no seu copo ser transparente, se você
fizer uma piscina branca, a água vai aparentar ser levemente azulada. Em resumo, quanto maior a quantidade de
água, mais azul ela vai parecer.

EXEMPLO DE COMO A ÁGUA VAI FICANDO AZULADA DE ACORDO COM A QUANTIDADE

O céu é azul por outra explicação. Foi visto que a luz branca é formada por todas as cores do espectro visível e
que sofre refração ao ser transmitida de um meio para outro. Além disso, o ângulo de refração depende da cor da
luz. Na atmosfera, as cores são separadas devido à refração, e o céu é azul justamente devido à refração da luz
azul, que se espalha mais em comparação ao vermelho e laranja. Esse fenômeno é chamado de espalhamento
rayleigh, que explica a dispersão de ondas eletromagnéticas por átomos ou partículas menores que o comprimen-
to de onda das radiações. No caso do céu, o espalhamento da luz ocorre pelas moléculas das substâncias que
compõem a atmosfera.

94
ss DIAGRAMA DE IDEIAS

REFRAÇÃO

LÂMINA DE FACES
REFRAÇÃO TOTAL PRISMA ÓPTICO
PARALELAS

RAIO EMERGENTE
DISPERSÃO DE LUZ
PARALELO AO
RAIO INCIDENTE

DESLOCAMENTO ABERTURA
LATERAL DO
RAIO DE LUZ

DESVIO ANGULAR

REFRAÇÃO AMICI REFRAÇÃO PORRO

95
AULAS LENTES ESFÉRICAS: ESTUDO GEOMÉTRICO
27 E 28
COMPETÊNCIAS: 1, 5 e 6 HABILIDADES: 1, 2, 17, 20 e 22

1. INTRODUÇÃO côncava ou convexa. Quando uma lente for citada, deve-se


informar, primeiramente, a face de maior raio de curvatura.
A direção dos raios de luz é modificada por uma lente A figura a seguir ilustra diferentes tipos de lentes.
esférica. Uma lente é construída com um material ho-
mogêneo e transparente. Em geral, o material que “en-
volve” a lente é o mesmo. Nos casos que serão estudados
a seguir, esse material é o ar.
As lentes são muito usadas para minimizar deficiências da
visão, como miopia, hipermetropia e astigmatismo. Com
efeito, o olho humano funciona de modo semelhante a
uma lente. Nesta aula, serão estudados os tipos diferentes
de lentes e a formação das imagens dessas lentes.

As seis lentes da figura são divididas em dois grupos: lentes


de bordas finas (biconvexa, plano-convexa e côncavo-con-
vexa) e lentes de bordas espessas (bicôncava, plano-cônca-
va e convexo-côncava).
Em relação ao comportamento óptico, as lentes também
são classificadas em dois grupos: convergentes e diver-
gentes. Um feixe de luz, ao incidir paralelamente em uma
EXEMPLOS DO USO DE LENTES NO COTIDIANO: LENTE DE CONTATO, UM lente, pode ser desviado de dois modos distintos:
CONJUNTO DE LENTES DE UMA MÁQUINA FOTOGRÁFICA E UMA LUPA.

ƒ 1.º caso: o feixe de luz é desviado para um ponto ao emer-


A luz atravessa as duas interfaces da lente: uma vez ao
gir da lente. Esse tipo de lente é chamado de convergente.
incidir sobre a lente e outra ao emergir da lente. Assim,
ocorrem duas refrações. Essas refrações podem produzir ƒ 2.º caso: o feixe de luz é desviado para direções dife-
imagens ampliadas ou reduzidas e sem grandes deforma- rentes ao emergir da lente. Esse tipo de lente é chama-
ções das imagens. do de divergente.
Para simplificar as situações, o ar será considerado como o Entretanto, é importante observar que o comportamento
meio externo às lentes. É importante destacar que as lentes desses dois tipos de lente depende da relação entre os ín-
são normalmente constituídas de vidro, acrílico ou cristal. dices de refração do meio e da lente. Assim, uma lente de
bordas finas será convergente se o índice de refração da

2. CLASSIFICAÇÃO DAS LENTES lente for maior que o índice de refração do meio. Nesse
caso, as lentes de bordas espessas serão divergentes. Con-
Com relação à espessura, as lentes podem ter bordas finas tudo, se a relação dos índices de refração for invertida, ou
ou espessas. Cada uma das faces da lente pode ser plana, seja, se as lentes tiverem índices de refração menores que

40
os do meio, então as lentes de bordas finas serão divergen-
tes e as de bordas espessas serão convergentes.

LENTE CONVERGENTE LENTE DIVERGENTE

O eixo óptico é representado pela reta horizontal, e a lente


é representada pela reta vertical. Nos extremos da reta ver-
tical, o sentido das setas indicam se a lente é convergente
ou divergente. As setas apontando “para fora” da lente
indicam uma lente convergente. As setas apontando “para
dentro” da lente indicam uma lente divergente.

multimídia: vídeo
FONTE: YOUTUBE

FEIXE DE RAIOS PARALELOS INCIDINDO EM UMA LENTE BICÔNCAVA (DIVERGENTE).


Lentes Esféricas - Aula #1

3. FOCOS PRINCIPAIS DE
UMA LENTE ESFÉRICA
Existem dois focos principais nas lentes: o foco principal
objetivo Fo e o foco principal imagem Fi. Os dois fo-
cos são simétricos em relação ao centro óptico, mesmo nas
lentes com raios de curvatura diferentes nas duas faces.
FEIXE DE RAIOS PARALELOS INCIDINDO EM UMA Considere os seguintes esquemas:
LENTE BICONVEXA (CONVERGENTE).

A nitidez e a deformação das imagens formadas pelas


lentes dependem de certas condições. Essas condições são
denominadas condições de nitidez de Gauss:
ƒ a espessura das lentes deve ser desprezível em relação
ao raio de curvatura das faces;
ƒ os raios de luz devem incidir próximo ao eixo principal
e com baixa inclinação.
As figuras a seguir indicam a representação esquemática
das lentes delgadas.

41
i

Definem-se:
ƒ Foco principal objeto Fo: ponto do eixo principal cuja
imagem é imprópria. Ao sairem desse foco e atravessa-
rem a lente convergente, os raios de luz emergem pa- ƒ O raio de luz que incide em uma direção que passa
ralelos ao eixo principal. Fo é real na lente convergente pelo foco principal objeto Fo emerge da lente paralela-
e virtual na lente divergente. mente ao eixo principal.

ƒ Foco principal imagem Fi: ponto do eixo principal onde


se forma a imagem de um objeto impróprio. Os raios
que incidem paralelos ao eixo principal, tanto nas len-
tes convergentes como nas divergentes, concentram-se
(efetivamente ou em prolongamento) em Fi sobre o
eixo principal. O foco é real para as lentes convergentes
e virtual para as divergentes.
ƒ A distância de FO até o centro óptico da lente é a dis-
tância focal objeto f.
ƒ A distância de Fi até o centro óptico da lente é a distân-
cia focal imagem f’.
ƒ O pontos Ao e Ai, denominados antiprincipais, são pon-
tos simétricos entre si, sobre o eixo principal, distantes
do dobro das distâncias focais da lente. Ao é o ponto
antiprincipal objeto, e Ai é o ponto antiprincipal ima-
gem.

4. RAIOS LUMINOSOS
PARTICULARES
De maneira semelhante ao estudo dos espelhos esféricos,
será representado o comportamento de raios particulares ƒ O raio de luz que incide em uma direção que passa
que atravessam uma lente esférica delgada. pelo centro óptico da lente não sofre desvio ao atra-
ƒ O raio de luz que incide paralelamente ao eixo principal vessar a lente.
emerge da lente em uma direção que passa pelo foco
principal imagem Fi.

42
5.1. Primeiro caso: lentes
convergentes
I. Um objeto extenso (vela) é posicionado em uma distân-
cia maior que o ponto antiprincipal objeto (A0).
Propriedades da imagem i:
ƒ real
ƒ invertida
ƒ Todo raio de luz que incide numa direção que passaria
pelo antiprincipal objeto A0 emerge da lente numa di- ƒ menor
reção que passaria pelo antiprincipal imagem Ai

II. Um objeto extenso (vela) é posicionado sobre o ponto


antiprincipal objeto (A0).
Propriedades da imagem i:
ƒ real
ƒ invertida
ƒ tamanho igual

5. CONSTRUÇÃO
GEOMÉTRICA DE IMAGENS
Os aspectos da imagem conjugada por uma lente esféri-
ca dependem da posição do objeto em relação à lente. A
construção (ou determinação) das imagens é realizada a
partir das propriedades dos raios particulares. III. Um objeto extenso (vela) é posicionado entre o ponto
antiprincipal objeto (A0) e o foco principal objeto (F0).
Propriedades da imagem i:
ƒ real
ƒ invertida
ƒ maior

multimídia: vídeo
FONTE: YOUTUBE
Lentes convergentes

43
IV. Um objeto extenso (vela) é posicionado sobre o foco Propriedades da imagem i:
principal objeto (F0). ƒ virtual
Propriedades da imagem i: ƒ direita
ƒ Imprópria ƒ menor

V. Um objeto extenso (vela) é posicionado entre o foco


Aplicação do conteúdo
principal objeto (F0) e o centro óptico (O).
1. Na figura, o é um objeto real e i é a imagem corres-
Propriedades da imagem i: pondente formada por uma lente esférica delgada de
ƒ virtual eixo principal xx’.

ƒ direita
ƒ maior

a) Determine, graficamente, o centro óptico e os focos


dessa lente.
b) A lente é convergente ou divergente? Justifique.
Resolução:
a) Ligando a extremidade do objeto com a extre-
midade da imagem, determina-se no eixo principal
o centro óptico O (pois o raio que passa por O não
sofre desvio).

Um raio que parte do objeto e incide na lente paralelamen-


multimídia: vídeo te ao eixo principal emerge da lente passando pelo foco
até a imagem. O foco Fo é simétrico a Fi em relação à lente.
FONTE: YOUTUBE
Lentes divergentes

5.2. Segundo caso: lentes divergentes


Para as lentes divergentes, a imagem de um objeto real
(vela) é independente da posição do objeto. A imagem
sempre é virtual, direita e menor do que o objeto; além
disso, é sempre formada entre o foco principal imagem (Fi)
e o centro óptico (O).

44
b) A lente é convergente porque a imagem é inverti- b)
da. Além disso, o segundo raio traçado aproxima-se
do eixo principal.

2. (UFRGS) Na figura a seguir, O representa um objeto real


e I sua imagem virtual formada por uma lente esférica.

c)

Assinale a alternativa que preenche as lacunas do enun-


ciado abaixo, na ordem em que aparecem.
d)
Com base nessa figura, é correto afirmar que a lente é
__________ e está posicionada __________.
a) convergente – à direita de I
b) convergente – entre O e I
c) divergente – à direita de I
d) divergente – entre O e I e)
e) divergente – à esquerda de O
Resolução:

A lente é divergente e está posicionada à direita da ima-


gem, com mostra a figura.

Resolução:

De acordo com a imagem real para dois pontos na lente


convexa, tem-se a seguinte construção de imagens:

Alternativa C
3. (UPE-SSA) Fotógrafos amadores e profissionais estão
utilizando cada vez mais seus smartphones para tirar
suas fotografias. A melhora na qualidade das lentes e
dos sensores ópticos desses aparelhos está populari-
zando rapidamente a prática da fotografia, e o número
de acessórios e lentes, que se acoplam aos aparelhos,
só cresce. Um experimento foi conduzido a fim de pro-
duzir um acessório que consiste de uma lente convexa. É possível observar que, à medida que se aumenta a dis-
A distância d da imagem real formada por um objeto tância do objeto D, a distância da imagem d fica menor,
posicionado sobre o eixo da lente, a uma distância D sendo as duas inversamente proporcionais.
até ela, foi anotada em um gráfico.
Assim, o gráfico correto entre essas duas distâncias apre-
A figura que representa, de forma CORRETA, o resultado senta uma curva chamada hipérbole e está representado
do gráfico desse experimento é na alternativa [E].
a)
Alternativa E
4. (Ifsul) No laboratório de Física de uma escola, um aluno
observa um objeto real através de uma lente divergente.

A imagem vista por ele é


a) virtual, direita e menor;

45
b) real, direita e menor; (Apenas a metade inferior da vela é vista, e com a mes-
c) virtual, invertida e maior; ma intensidade luminosa que a da imagem formada na
d) real, invertida e maior. montagem 1).
d)
Resolução:
Uma lente divergente, qualquer que seja a posição do ob-
jeto em relação à lente, produzirá imagens com as mes-
mas características, ou seja, a imagem será virtual, direita
e menor.
Alternativa A (Toda a vela é vista, e com a mesma intensidade luminosa
5. (PUC-RS) Analise a situação em que diferentes raios que a da imagem formada na montagem 1).
luminosos emanam de um mesmo ponto de uma vela e e)
sofrem refração ao passarem por uma lente.

Montagem 1: A vela encontra-se posicionada entre o foco e


o dobro da distância focal (ponto antiprincipal) de uma lente
convergente. A imagem da vela está projetada no anteparo.

(Toda a vela é vista, e com uma intensidade luminosa me-


nor que a da imagem formada na montagem 1).

Resolução:
Montagem 2: A metade inferior da lente foi obstruída por
uma placa opaca. A figura mostras dois raios, (a) e (b), saindo da chama da
vela e outros dois, (c) e (d), saindo da base da vela. Apenas
os raios refratados (a’) e (c’) atingem o anteparo. Vê-se,
assim, que forma-se a imagem da vela inteira, porém ela
fica mais tênue, pois os raios que são barrados pela placa
deixam de contribuir com sua luminosidade.

Na montagem 2, a imagem projetada no anteparo será:


a)

(Apenas a metade superior da vela é vista, e com uma


intensidade luminosa menor que a da imagem formada
na montagem 1).
b)

(Apenas a metade superior da vela é vista, e com a mes-


ma intensidade luminosa que a da imagem formada na
montagem 1).
multimídia: sites
c)
www.infoescola.com/optica/lentes-esfericas/

46
VIVENCIANDO

O estudo das lentes esféricas é um dos grandes avanços proporcionados pela óptica geométrica, que propõe o trata-
mento da luz como um conjunto de raios que cumprem o princípio de Fermat, utilizando-se no estudo da transmissão
da luz por meios homogêneos (lentes, espelhos), a reflexão e a refração. Os estudos da óptica geométrica permitiram
a invenção de equipamentos que proporcionaram avanços tecnológicos importantes para diversas áreas do conhec-
imento, como os microscópios e os telescópios.
As lentes esféricas estão presentes no cotidiano, muito em função da sua utilização para a correção de problemas de
visão, mas também devido ao seu uso em projetores, máquinas fotográficas, lupas, etc.

ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

Habilidade
Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em proces-
22 sos naturais ou tecnológicos, ou em suas implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.

Dentro do contexto da óptica geométrica, a luz, que é uma forma de radiação eletromagnética, pode ser refratada
por lentes esféricas de forma conveniente para uma dada situação. É o caso das lentes esféricas utilizadas em óculos
para correção de ametropias ou na utilização de telescópios, projetores, binóculos, etc.
Diante disso, a Habilidade 22 pode cobrar que o aluno saiba identificar como ocorre a interação da luz com a lente
e perceber se existe uma convergência ou uma divergência dos raios solares. Para tanto, é fundamental conhecer
quais são os tipos de lentes.

Modelo
(Enem) Um experimento bastante interessante no ensino de ciências da natureza constitui em escrever palavras em
tamanho bem pequeno, quase ilegíveis a olho nu, em um pedaço de papel e cobri-lo com uma régua de material
transparente. Em seguida, pinga-se uma gota d’água sobre a régua na região da palavra, conforme mostrado na
figura, que apresenta o resultado do experimento. A gota adquire o formato de uma lente e permite ler a palavra de
modo mais fácil em razão do efeito de ampliação.

47
Qual é o tipo de lente formada pela gota d’água no experimento descrito?
a) Biconvexa. c) Plano-convexa.
b) Bicôncava. d) Plano-côncava.

Análise expositiva - Habilidade 22: Esse exercício cobra que o aluno saiba reconhecer os diferentes tipos de lentes
C e relacionar aquela formada pela gota d’água. É fundamental que o aluno conheça os nomes e os tipos de lentes.
A figura mostra uma vista frontal da gota sobre a régua. Nota-se que a gota forma uma lente plano-convexa.

Alternativa C

DIAGRAMA DE IDEIAS

LENTES ESFÉRICAS

BORDAS FINAS BORDAS GROSSAS

NO AR NO AR
CONVERGENTE DIVERGENTE

FOCO REAL FOCO VIRTUAL

RAIOS NOTÁVEIS

CONSTRUÇÃO
IMAGEM REAL IMAGEM VIRTUAL
DE IMAGENS

PARA UMA ÚNICA PARA UMA ÚNICA


LENTE: INVERTIDA LENTE: DIREITA

48
AULAS LENTES ESFÉRICAS: ESTUDO ANALÍTICO
29 E 30
COMPETÊNCIAS: 1, 5 e 6 HABILIDADES: 1, 2, 17, 20 e 22

1. ESTUDO ANALÍTICO DAS LENTES ESFÉRICAS


O estudo anterior abordou os aspectos geométricos do estudo das lentes esféricas; a seguir, será aprofundado o aspecto
analítico do estudo das lentes esféricas.

1.1. Convenção de sinais


O referencial para o estudo das lentes é o referencial de Gauss. Esse referencial tem origem no centro óptico da lente e
consiste de dois eixos perpendiculares que se interceptam nesse ponto. A figura a seguir ilustra o referencial. O ponto O é o
centro óptico.

luz incidente luz emergente

objeto real objeto virtual


p>0 p<0

eixo dos objetos 0 eixo das imagens

imagem virtual imagem real


p’ < 0 p’ > 0

O eixo das abscissas (eixo horizontal) é o eixo principal, e Por convenção, têm-se as seguintes relações:
a orientação é diferente em relação aos objetos e imagens. Em relação à lente:
ƒ Eixo dos objetos: orientação contrária ao sentido da luz ƒ lente convergente: f > 0;
incidente.
ƒ lente divergente: f < 0.
ƒ Eixo das imagens: orientação no mesmo sentido da luz
emergente. Em relação ao objeto e imagem:
O eixo das ordenadas (eixo vertical), perpendicular ao eixo ƒ i e o têm o mesmo sinal Ÿ imagem direita em relação
principal, é orientado com sentido positivo para cima. ao objeto,
ƒ i e o têm sinais contrários Ÿ imagem invertida em
A imagem real de um objeto fica do lado oposto ao relação ao objeto.
objeto, enquanto a imagem virtual fica do mesmo
lado que o objeto. Em relação à posição do objeto e da imagem:
ƒ objeto real: p > 0;

Em relação às variáveis relacionadas aos objetos e ima- ƒ objeto virtual: p < 0;


gens, serão denominados: ƒ imagem real: p’ > 0;
ƒ p: distância do centro óptico (O) ao objeto; ƒ imagem virtual: p’ < 0.
ƒ o: tamanho do objeto;
1.2. Equações das lentes esféricas
ƒ p’: distância do centro óptico (O) à imagem;
As mesmas equações dos espelhos esféricos são válidas
ƒ i: tamanho da imagem. para as lentes esféricas.

49
1 = __
__ 1 + __
f p p'
1 (equação de Gauss) 2. VERGÊNCIA DAS
LENTES ESFÉRICAS
p' ____ A convergência ou vergência (C) de uma lente é o in-
A = __oi = – __ f
p =f-p verso da distância focal:

Observe que: 1
C = __
f
ƒ se A > 0, oeitêm mesmo sinal, então a imagem é direita;
ƒ se A < 0, o e i têm sinais opostos, então a imagem Quanto maior o valor da vergência, mais potente é a lente,
é invertida; isto é, o desvio da luz incidente é maior.
Como a unidade de medida de f, no SI, é o metro (m), a
unidade de vergência é o inverso do metro (m-1), denomi-
nado de dioptria (di). A palavra “grau” é frequentemente
usada em Medicina em vez de “dioptria”.

Lente convergente (f > 0) Ÿ C > 0


Lente divergente (f < 0) Ÿ C < 0

multimídia: vídeo
Aplicação do contéudo
FONTE: YOUTUBE
Lente olho de peixe caseira para celular 1. Uma lente possui vergência igual a –4 di. Determine:
a) o tipo de lente;
b) a distância focal da lente.

Aplicação do conteúdo Resolução:


1. Em uma lente convergente de distância focal f = 6 cm, a) A vergência e a distância focal têm o mesmo sinal. Nesse
um objeto real, de 30 cm de altura, é colocado a uma caso, a vergência da lente é negativa, então a distância fo-
distância de 24 cm da lente. cal também é negativa. Logo, a lente é divergente.
b) A vergência de uma lente é dada por C = __ 1 . Então:
a) Qual é a posição da imagem?
f
b) Qual é a altura da imagem? 1 Ÿ f = – __
1 m Ÿ f = –25 cm
–4 di = __
c) Qual o aumento linear transversal? f 4
Resolução:
a) Dados: p = 24 cm, o = 30 cm e f = 6 cm.
Como p = 24 cm (p > f), o objeto está à esquerda de Ao.
1 = __
__ 1 + __
1 Ÿ __
1 = ___
1 + __
1 Ÿ p’ = 8 cm
f p p’ 6 24 p’

O
A0 F O F A

multimídia: vídeo
p’ ___ 8 FONTE: YOUTUBE
b) __oi = – __ i ___
p Ÿ 30 = – 24 Ÿ i = –10 cm Ÿ |i| = 10 cm Fantástico: a água encantada
p’ _____
10 cm que troca palavras
c) A = __oi = – __ 1
__
p = 30 cm Ÿ A = – 3

50
3. ELEMENTOS GEOMÉTRICOS Assim, a equação dos fabricantes é simplificada (apenas
um termo para a face curva):

DAS LENTES ESFÉRICAS n2 n2

A figura a seguir ilustra os elementos geométricos definidos


1 = __
__
f n1 ( )( 1 + __
– 1 ˜ __ 1 Ÿ __
R1 R2
1 = __
f n1 ) 1
– 1 ˜ __
R1 ( )
adiante para as lentes esféricas. A lente é biconvexa, com A curvatura das faces são identificadas em relação aos
índice de refração n2, imersa no ar, de índice de refração n1. sinais de R1 e R2. Adota-se a seguinte convenção:
ƒ C1 e C2: centros de curvatura de cada uma das faces; ƒ face côncava: R < 0 (raio de curvatura negativo);

ƒ R1 e R2: raios de curvatura de cada uma das faces; ƒ face convexa: R > 0 (raio de curvatura positivo).

ƒ O eixo principal é definido pela reta C1C2;


n1 n2 n1
ƒ V1 e V2: vértices de cada uma das faces;
R2
ƒ e: espessura da lente (distância entre V1 a V2);
C1
ƒ O: centro óptico da lente.
R1 C2
e

C1 V2 O V1 C2
R1 Aplicação do conteúdo
R2
1. Uma lente côncavo-convexa tem raios de 40 cm e 20 cm,
n1 respectivamente, e índice da refração igual a 2. Se a lente
estiver imersa no ar, determine:
a) a distância focal;
4. FÓRMULA DOS b) a convergência (em dioptrias);
c) a posição da imagem de um objeto colocado a 30
FABRICANTES DE LENTES cm da lente.

A equação de Edmond Halley relaciona os elementos geo- Resolução:


a) A lente é côncavo-convexa (Rcôncava > Rconvexa).
métricos de uma lente esférica de acordo com as conven-
ções de sinais estabelecidos anteriormente. Essa equação Dados: R1 = – 40 cm (côncava), R2 = 20 cm (convexa),
é utilizada pelos fabricantes de lentes para determinar a n2 = 2, n1 = 1
distância focal das lentes (equação dos fabricantes). n2
1 = __
__
f n1 ( )( 1 + __
– 1 ˜ __ 1 Ÿ
R1 R2 )
n2
1 = __
__
f ( )( 1 __
__
1
1
n1 – 1 ˜ R + R
2 ) Ÿ __1 = __
f ( )(
2 – 1 ˜ – ___
1
1 + ___
40 20
1
)
Ÿ __ 1 + ___
1 = – ___ 1 Ÿ f = 40 cm
f 40 20
Na equação, tem-se: b) Colocando a distância focal em metros:
f = 40 cm = 0,4 m.
ƒ f: distância focal da lente;
Então:
ƒ n1: índice de refração do meio exterior;
1 Ÿ C = ___
C = __ 1 Ÿ C = 2,5 di
ƒ n2: índice de refração da lente; f 0,4
c) A distância do objeto é 30 cm, então,
ƒ R1 e R2: raios de curvatura das faces.
p = 30 cm. Assim:
No caso de uma das faces da lente ser plana, o valor de R 1 = __
__ 1 + __
1 Ÿ ___
1 = ___
1 + __
1 Ÿ ___
1 – ___
1 Ÿ
é muito grande (R tende ao infinito), ou seja: f p p’ 40 30 p’ 40 30
1 =0
R2 o f Ÿ__ Ÿ __ 3 – 4 Ÿ p’ = –120 cm
1 = ____
R2 p’ 120

51
uma lente equivalente dada pela equação:

Ceq = C1 + C2
Em que a vergência da lente equivalente é dada pela soma
das vergências individuais.

Aplicação do conteúdo
1. Duas lentes, I e II, de distâncias focais 10 cm e 15 cm,
respectivamente, e eixos ópticos coincidentes, separa-
multimídia: vídeo das de 60 cm, formam um sistema óptico. Determine a
localização da imagem final de um objeto AB colocado
FONTE: YOUTUBE a 20 cm da lente I.
Ótica14 - vergência, associação de lentes

5. ASSOCIAÇÃO DE
LENTES ESFÉRICAS
Nos sistemas ópticos, a luz emergente de uma lente incide
sobre outra lente. Dessa forma, o sistema é uma associação
de duas lentes. Essas associações de lentes são utilizadas Resolução:
em microscópios ópticos, telescópios e outros aparelhos Inicialmente, determina-se a posição da imagem formada
destinados a aumentar a capacidade visual. pela lente I.
Observe na figura a seguir que, em ambos os casos, a ima-
gem A’B’ produzida pela lente L1, do objeto AB, comporta-
-se como um objeto para a lente L2. Assim, dependendo do
tipo de lentes associadas, a imagem final A”B” é maior ou
menor do que o objeto inicial.

1 = __
__ 1 + __
1 Ÿ ___
1 = ___
1 + __
1 Ÿ
f p1 p’1 10 20 p’1
1 = ___
Ÿ __ 1 Ÿ __
1 – ___ 1 = ____
2 – 1 Ÿ p’ = 20 cm
p’1 10 20 p’1 20 1

A distância entre as lentes é de 60 cm, então, a distância d


1.º CASO: ASSOCIAÇÃO CONVERGENTE-CONVERGENTE da imagem i1 à lente II é:
d = 60 – 20 = 40 cm

A imagem i1 se comporta como um objeto para a lente II,


então, p2 = 40 cm.
Assim, calcula-se a distância da imagem final:
1 = __
__ 1 + __
1 Ÿ ___
1 = ___ 1 Ÿ __
1 + __ 8–3Ÿ
1 = ____
f2 p2 p’2 15 40 p’2 p’2 120
2.º CASO: ASSOCIAÇÃO CONVERGENTE-DIVERGENTE
p’2 = 24 cm
É possível demonstrar que a associação de lentes esféricas
delgadas, ou lentes justapostas, pode ser substituída por Portanto, a imagem final está a 24 cm da lente II.

52
2. (UFPR) Sabe-se que o objeto fotografado por uma 4. (CEFET-MG) Um boneco é colocado em frente a uma
câmera fotográfica digital tem 20 vezes o tamanho da lente delgada convergente, de distância focal igual a
imagem nítida formada no sensor dessa câmera. A dis- 2,0 m.
tância focal da câmera é de 30 mm. Para a resolução
desse problema, considere as seguintes equações:
A = – p’/p = i/o e 1/f = 1/p + 1/p’.
Assinale a alternativa que apresenta a distância do ob-
jeto até a câmera.
a) 630 mm
b) 600 mm
c) 570 mm
d) 31,5 mm
e) 28, 5mm
Resolução:
O sensor da câmera capta uma imagem real. Assim, o aumento
-1
linear transversal é A = ___
20
Das equações dadas:
A = __f Ÿ –__ 30 Ÿ p = 630 mm
-1 = __
f–p 20 30 – p A posição da imagem sobre o eixo óptico e o fator de am-
pliação da imagem do boneco valem, respectivamente:
Alternativa A
a) 2,0 m à direita da lente e –2.
3. (UFRGS) Um objeto real está situado a 12 cm de uma b) 2,0 m à esquerda da lente e –1.
lente. Sua imagem, formada pela lente, é real e tem uma c) 4,0 m à direita da lente e –1.
altura igual à metade da altura do objeto. Tendo em vista d) 6,0 m à esquerda da lente e –1.
essas condições, considere as afirmações a seguir. e) 6,0 m à direita da lente e –2.
I. A lente é convergente.
Resolução:
II. A distância focal da lente é 6 cm.
III. A distância da imagem à lente é 12 cm. Para resolução da questão, foi dado que:

Quais delas estão corretas? f = 2,0 m


a) Apenas I. p = 3,0 m
b) Apenas I e II.
c) Apenas I e III. Observe que o foco é um valor positivo, pois a lente é
d) Apenas II e III. convergente.
e) I, II e III. Utilizando a equação de Gauss, pode ser encontrada a
posição da imagem em relação à lente.
Resolução:
__1 = __1 + __
1
Dados: p = 12 cm; A < 0 e p´ > 0 (imagem real); f p p’
i = – o/2 (imagem invertida).
1 = __1 – __1
__
I. Verdadeira. Somente uma lente convergente pos-
p’ 2 3
sui uma imagem real.
II. Falsa. Tem-se que o aumento pode ser dado por: __ 3–2
1 = ____
p’ 6
A = i/o = f/(f – p)
– 1/2 = f/ (f – 12) p’ = 6,0 m
– f + 12 = 2f Ou seja, a imagem encontra-se 6 metros à direita da lente.
3f = 12
Para a ampliação da imagem, tem-se que:
f = 4 cm
p’ ___
–6
III. Falsa. O aumento pode ser dado por: A = –__
p = 3 =–2
A = i/o = – p’/p Alternativa E
– 1/2 = – p’/12
p’ = 6 cm
Alternativa A.

53
DIAGRAMA DE IDEIAS

LENTES ESFÉRICAS

EQUAÇÕES
ESTUDO ANALÍTICO
DE GAUSS

• CONVERGENTE FOCO REAL f>0


LENTES
• DIVERGENTE FOCO VIRTUAL f<0

• REAL f>0
OBJETO
• VIRTUAL f<0

i<0
PARA UMA ÚNICA LENTE
• REAL INVERTIDA p’ > 0
IMAGEM PARA UMA ÚNICA LENTE
• VIRTUAL DIREITA p’ < 0
i>0

54
AULAS ÓPTICA DA VISÃO
31 E 32
COMPETÊNCIAS: 1, 5 e 6 HABILIDADES: 1, 2, 17, 20 e 22

1. O OLHO HUMANO denominada “fóvea central”. O início do nervo óptico loca-


liza-se nessa região e, justamente nesse ponto, a retina não
apresenta receptores visuais. Então, não existem imagens
formadas nesse local (ponto cego).
o
normal
objeto
lente

imagem

OBSERVE A IMAGEM FORMADA PELA LENTE (PROJETADA NITIDAMENTE SOBRE


A RETINA DE UM OLHO NORMAL) E O ESQUEMA
GEOMÉTRICO DA FORMAÇÃO DA IMAGEM.

O órgão responsável pelo sentido da visão é o bulbo ocu- 1.1. Acomodação visual
lar. Esse órgão tem um formato aproximadamente esférico O bulbo ocular pode ser compreendido como um sistema
com diâmetro aproximado de 20 mm. Ao bulbo ocular se óptico formado por uma lente delgada convergente, na
prendem três pares de músculos destinados a orientá-lo. A qual o centro óptico se localiza a aproximadamente 20 mm
parede do bulbo é formada por três camadas: de distância da retina.
ƒ Esclerótica: camada exterior opaca e esbranquiça- A reta que passa pelo centro da pupila e pelo centro geo-
da. Na parte anterior, essa camada é mais abaulada e métrico do bulbo é o eixo óptico do bulbo ocular. Contudo,
transparente, formando a córnea. o eixo visual passa pelo centro da pupila e pela fóvea central
e não é o mesmo que o eixo óptico. O tamanho da imagem
ƒ Coroide: camada pigmentada e vascularizada, res-
projetada na retina depende do ângulo visual do objeto.
ponsável pela circulação sanguínea do órgão.
A visualização de um objeto, sem deformações, depende da
ƒ Retina: membrana nervosa de células sensitivas da formação nítida da imagem sobre a retina. Como a posição da
visão. Essas células se ligam ao centro da visão do cé- retina não se altera, a imagem sempre é formada na mesma
rebro pelo nervo óptico. posição. Assim, para que seja possível visualizar tanto objetos
A pupila, um diafragma regulável, e o cristalino, uma len- próximos quanto distantes, a distância focal da lente (cristali-
te convergente deformável, localizam-se atrás da córnea. no) deve variar. Com isso, os músculos ciliares movimentam a
lente para que a imagem seja focalizada corretamente.
A luz penetra nos olhos através da pupila. Esse orifício se
localiza em um disco denominado íris. É a íris que determi- Ao olhar objetos distantes, o anel muscular está relaxado e
na a cor dos olhos (azul, castanho, verde, etc.). a lente é esticada em função da tensão das fibras.

O cristalino (lente) é ligado aos músculos ciliares. Esses mús-


culos, ao se contraírem, permitem que o cristalino se deforme,
alterando a convergência da lente (aumenta ou diminui).
Na câmara anterior, entre a córnea e a lente, existe um lí-
quido denominado humor aquoso. Na câmara posterior,
entre a lente e a retina, existe outro líquido denominado
humor vítreo.
Na retina está a “mancha amarela”. No centro dessa
mancha amarela, há uma depressão da ordem de __1 mm
4

55
Ao olhar objetos próximos, o anel muscular é contraído, a lente ir perdendo sua flexibilidade. Além disso, a distância
diminuindo a tensão das fibras na lente. de ponto próximo também varia de pessoa para pessoa.
Para um olho normal (olho emetrope), a distância do ponto
próximo ao olho é de aproximadamente 25 centímetros.

1.2. Adaptação visual


A adaptação visualé o controle da quantidade de luz
que entra no olho. Quando a quantidade de luz é baixa,
o diâmetro da pupila varia entre 8 e 10 mm. Quando a
quantidade é alta, o diâmetro varia de 1,5 a 2 mm. Essa
variação é controlada pela íris.
A pupila diminui e a sensitividade da retina diminui ao re-
ceber uma quantidade de luz crescente.

DUAS SITUAÇÕES DISTINTAS DA VISÃO: OS MÚSCULOS


Os cones e bastonetes formam os receptores visuais.
CILIARES AJUSTAM A LENTE PARA OBSERVAR
OBJETOS RELATIVAMENTE DISTANTES; E AJUSTAM A
Os cones possibilitam a visão colorida. Os cones são pre-
LENTE PARA OBSERVAR OBJETOS MAIS dominantes na mancha amarela. Na fóvea central, existem
PRÓXIMOS AO OLHO.
exclusivamente cones em número aproximado de 10 mil.
ILUSTRAÇÃO PRODUZIDA COM BASE EM: CUTNELL, J. D.; JOHSON, K. W. FÍSICA. No total, o olho possui cerca de 7 milhões de cones e 120
6. ED. RIO DE JANEIRO; LTC, 2006. V. 2. P. 301.
milhões de bastonetes. Na fóvea central, cada cone é liga-
do a uma fibra nervosa. Fora da fóvea, vários cones podem
A acomodação visual é o ajuste automático da vergên- estar ligados à mesma fibra nervosa.
cia do olho para a distância do objeto visado, para que a Os bastonetes possibilitam a visão noturna, pois são insensíveis
imagem seja formada nitidamente sobre a retina, indepen- às diferenças de cor. Entretanto, os bastonetes são os principais
dentemente da distância do objeto em relação ao olho. responsáveis pela adaptação visual. Uma substância denomi-
nada púrpura visual ou rodopsina é responsável pela sensi-
bilidade dos bastonetes. Quando a luz é muito intensa, essa
L substância desaparece; quando a intensidade da luz é baixa,
o F’ i essa substância é regenerada. Essa regeneração da rodopsi-
na depende da presença da vitamina A. A falta dessa vitamina
causa a impossibilidade de adaptação do olho à visão noturna.

d = 25 cm
2. DEFEITOS DA VISÃO
FORMAÇÃO DA IMAGEM SOBRE A RETINA DE UM OBJETO DISTANTE 25 CM DO OLHO. Os principais defeitos da visão são: miopia, hipermetropia,
A acomodação visual permite a observação nítida de objetos presbiopia, astigmatismo e estrabismo.
entre um intervalo máximo e mínimo de distância. Esse in-
tervalo é denominado intervalo de acomodação visual.
ƒ Ponto remoto – PR: distância máxima de visão ní-
tida. Nesse caso, o olho conjuga uma imagem nítida
sobre a retina sem esforço algum de acomodação. Os
músculos ciliares estão totalmente relaxados. O ponto
remoto pode ser real, virtual ou impróprio para um olho
emetrope o ponto remoto se situa no infinito.
ƒ Ponto próximo – PP: distância mínima de visão ní-
tida. Nesse caso, o olho conjuga uma imagem nítida multimídia: vídeo
sobre a retina com esforço máximo de acomodação. Os
músculos ciliares estão totalmente contraídos. FONTE: YOUTUBE
Biofísica do olho e problemas
A distância mínima da visão nítida aumenta (visão distinta) à de visão - Mundo Física
medida que um indivíduo envelhece. Isso se deve ao fato de

56
2.1. Miopia

© Rawpixel/Shutterstock
O olho míope é mais alongado do que o olho normal,
o que causa a convergência dos raios luminosos em uma

© Bublyk Tamara/Shutterstock
posição anterior à posição da retina. Assim, a imagem de
objetos distantes é formada antes da retina, e uma pessoa
com miopia não enxerga distintamente (nitidamente) ob-
jetos distantes. Entretanto, para objetos próximos, a nitidez
da imagem é perfeita.
Por não se tratar de um defeito na lente, a acomodação VISÃO DE UMA PESSOA COM MIOPIA
visual é realizada normalmente. O ponto próximo passa a
ocupar uma distância menor que 25 cm. Como o olho míope não consegue observar objetos dis-
tantes, afirma-se que o seu ponto remoto PR não é in-
A correção da miopia é realizada por meio de lentes
finito, ou seja, um valor finito. Desse modo, a miopia é
divergentes.
corrigida ao se utilizar uma lente divergente que traz a
imagem de um objeto localizado no infinito para o ponto
remoto da pessoa, formando uma imagem virtual. Apli-
cando a equação de Gauss para lentes esféricas, tem-se:
__1 = __1 + __
1
f p p’
__1 = __1 + ___ 1
f ∞ –PR
1
__1 = 0 + ____
f –PR

V = __1 = ___
1
f –PR

A miopia pode ocorrer por dois motivos: o primeiro é quan-


do o olho é mais alongado do que o normal; nesse caso,
trata-se de miopia de campo. Quando a miopia ocorre de-
vido ao fato de a córnea ser muito acentuada, causando
uma vergência muito alta da lente, afirma-se que se trata
de miopia de curva. Nesse caso, associa-se ao olho uma
lente divergente.
OS RAIOS PARALELOS PASSAM PELA LENTE E DIVERGEM (SE AFASTAM),
DEPOIS PASSAM PELO OLHO E CONVERGEM (SE APROXIMAM).

Nota: o fato de o ponto remoto PR de um olho míope ser


um valor finito causa uma diminuição do valor do ponto
próximo PP.

multimídia: vídeo 2.2. Hipermetropia


FONTE: YOUTUBE O olho hipermetrope é menos alongado do que o olho
54 - A visão e os defeitos mais comuns normal, de modo que a distância entre a lente e a retina
é menor. Assim, a imagem é formada depois da retina. Ao

57
aumentar o esforço de acomodação, o olho hipermetrope A hipermetropia pode ser causada por dois motivos: o olho
é capaz de diminuir a distância focal e “trazer” a imagem hipermetrope é menos alongado do que o normal ou a cór-
sobre a retina. Com o máximo esforço de acomodação, o nea possui uma curva muito baixa, ou seja, uma baixa ver-
ponto próximo está além dos 25 cm. gência. Por isso, associa-se ao olho uma lente convergente.
A correção de hipermetropia é realizada por meio de
lentes convergentes.

2.3. Presbiopia ou vista cansada


A presbiopia tem redução do intervalo de acomodação. Ao
envelhecer, a lente se enrijece e os músculos ciliares (que
realizam o trabalho de acomodação) perdem elasticidade.
Com isso, o intervalo de acomodação diminui. Esse proble-
ma da visão é comum em pessoas com mais de 40 anos. A
presbiopia pode se sobrepor à miopia ou à hipermetropia.
A presbiopia, juntamente com a miopia, é caracterizada por
um pequeno intervalo de acomodação e próximo da vista.
Quando a presbiopia ocorre juntamente com a hiperme-
tropia, é caracterizada por um intervalo de acomodação
OS RAIOS PARALELOS PASSAM PELA LENTE E CONVERGEM,
pequeno e longe da vista.
DEPOIS PASSAM PELO OLHO E CONVERGEM MAIS.
A correção da presbiopia é realizada por meio de lentes
© Rawpixel/Shutterstock

bifocais.
© Bublyk Tamara/Shutterstock

2.4. Astigmatismo
O astigmatismo ocorre devido à imperfeição da simetria do
sistema óptico em torno do eixo óptico. Tanto imperfeições
na curvatura da córnea quanto da lente podem causar esse
problema da visão.
A correção do astigmatismo é realizada por meio de len-
VISÃO DE UMA PESSOA COM HIPERMETROPIA
tes cilíndricas, de modo que o raio de curvatura compen-
se a deficiência do diâmetro da córnea.
Como o olho hipermetrope não consegue observar objetos
© Rawpixel/Shutterstock

próximos, afirma-se que o seu ponto próximo PP é um valor


maior que 0,25 m. Desse modo, a hipermetropia é corrigida
ao se utilizar uma lente convergente que traz a imagem de
© Bublyk Tamara/Shutterstock

um objeto localizado a 0,25 m do olho para o ponto próxi-


mo da pessoa, formando uma imagem virtual. Aplicando a
equação de Gauss para lentes esféricas, tem-se:
__1 = __1 + __
1
f p p’

__1 = ____
1 + ____
1
f 0,25 -PP VISÃO DE UMA PESSOA COM ASTIGMATISMO

58
olho e o adesivo é de 3 m. Supondo que a distância en-
2.5. Estrabismo tre esse cristalino e a retina, onde se forma a imagem,
O estrabismo é causado pela impossibilidade de as retas é igual a 20 mm, o tamanho da imagem do adesivo for-
visuais de ambos os olhos terem a mesma direção, simul- mada na retina é:
taneamente, sobre o ponto visado.
A correção do estrabismo é realizada por meio de lentes
prismáticas. Essa lentes desviam os raios luminosos pro-
venientes dos objetos fazendo com que as imagens fiquem
sobre as linhas visuais dos dois olhos. a) 4 ∙ 10-3 mm
b) 5 ∙ 10-3 mm
c) 4 ∙ 10-2 mm
d) 5 ∙ 10-4 mm
e) 2 ∙ 10-4 mm
Resolução:
Por semelhança de triângulos:
p’ ____
__i = __ i 20 mm 6 mm ∙ 20 mm
Ÿ = ________ Ÿ i = ___________ [ i = 4 ∙ 10-2 mm
o p 6 mm 3000 mm 3000 mm
Alternativa C
3. A miopia é um problema de visão. Quem tem esse
problema, enxerga melhor de perto, mas tem dificulda-
multimídia: sites de de enxergar qualquer coisa que esteja distante. Três
alunos, todos eles totalmente contrários ao bullying,
www.educabras.com/vestibular/materia/fisica/ fizeram afirmações sobre o problema da miopia:
optica/aulas/optica_da_visao_defeitos_na_
Aluno 1: o defeito é corrigido com o uso de lentes convergentes.
visao_humana
Aluno 2: a imagem de objetos distantes é formada antes
www.passeiweb.com/estudos/sala_de_aula/ da retina.
fisica/optica_visao
Aluno 3: ao observar uma estrela no céu, a imagem da es-
www.efisica.if.usp.br/otica/basico/visao/ trela será formada depois da retina, em função da distância.
Fizeram afirmações CORRETAS:
a) os alunos 1 e 3.
Aplicação do conteúdo b) os alunos 2 e 3.
c) apenas o aluno 2.
1. (Unifesp) Um estudante observa que, com uma das
duas lentes iguais de seus óculos, consegue projetar so- d) apenas o aluno 1.
bre o tampo da sua carteira a imagem de uma lâmpada Resolução:
fluorescente localizada acima da lente, no teto da sala.
Sabe-se que a distância da lâmpada à lente é de 1,8 m Para a correção da miopia são utilizadas lentes divergentes,
e desta ao tampo da carteira é de 0,36 m. pois a imagem se forma antes da retina e seu uso força os
a) Qual a distância focal da lente? raios luminosos a se encontrarem sobre a retina, possibi-
b) Qual o provável defeito de visão do estudante? litando a visão mais nítida. Com isso, apenas o aluno 2
Justifique. estava correto.
Resolução: Alternativa C
a) Da equação de Gauss, tem-se:
4. (Espcex-Aman) Um estudante foi ao oftalmologista
__1 = __1 + __
1 Ÿ __1 = ___
1 + ____
1 Ÿ f = 0,30 m reclamando que, de perto, não enxergava bem. Depois
f p p’ f 1,8 0,36 de realizar o exame, o médico explicou que tal fato acon-
tecia porque o ponto próximo da vista do rapaz estava a
b) Como a lente utilizada é convergente (f > 0), o pro- uma distância superior a 25 cm e que ele, para corrigir o
vável defeito de visão do estudante é a hipermetropia. problema, deveria usar óculos com “lentes de 2,0 graus“,
isto é, lentes possuindo vergência de 2,0 dioptrias.
2. (UPF) Uma pessoa com visão perfeita observa um
adesivo, de tamanho igual a 6 mm, grudado na parede Do exposto acima, pode-se concluir que o estudante deve
na altura de seus olhos. A distância entre o cristalino do usar lentes:

59
a) divergentes com 40 cm de distância focal;
b) divergentes com 50 cm de distância focal;
c) divergentes com 25 cm de distância focal;
d) convergentes com 50 cm de distância focal;
e) convergentes com 25 cm de distância focal.
Resolução:
Pelo descrito no enunciado, o estudante não enxergava
bem porque o seu ponto próximo era superior a 25 cm. De acordo com o texto, a miopia causada por essa doença
Esse tipo de problema é característico do problema de vi- deve-se ao fato de, ao tornar-se mais intumescido, o crista-
são denominado hipermetropia. Para correção do problma, lino ter sua distância focal:
é necessária uma lente convergente. a) aumentada e torna-se mais divergente;
b) reduzida e torna-se mais divergente;
Como é dado que a vergência da lente a ser usada é de 2
c) aumentada e torna-se mais convergente;
dioptrias, tem-se que:
d) aumentada e torna-se mais refringente;
V = __1 [ m-1]
f e) reduzida e torna-se mais convergente.
2= 1
__
f Resolução:
f = 50 cm Considerando o cristalino uma lente biconvexa simétrica e
Alternativa D que as duas faces estejam em contato com o mesmo meio,
pela equação do fabricante de lente, tem-se:
5. (Unesp) Dentre as complicações que um portador de
diabetes não controlado pode apresentar está a cata-
rata, ou seja, a perda da transparência do cristalino, a
f rel ( )
__1 = (n – 1) __
1 + __1 Ÿ __1 = (n – 1) __2 Ÿ f = ________
R R f rel
R
1
2(nrel – 1)
R
A distância focal é diretamente proporcional ao raio de
lente do olho. Em situações de hiperglicemia, o crista-
lino absorve água, fica intumescido e tem seu raio de curvatura. Assim, se o raio de curvatura diminui, o cristalino
curvatura diminuído (figura 1), o que provoca miopia tem sua distância focal reduzida.
no paciente. À medida que a taxa de açúcar no sangue
Da equação da vergência, V = __1 , a vergência é inversa-
retorna aos níveis normais, o cristalino perde parte do f
excesso de água e volta ao tamanho original (figura 2). mente proporcional à distância focal. Então, se a distância
A repetição dessa situação altera as fibras da estrutura focal é reduzida, o cristalino torna-se mais convergente.
do cristalino, provocando sua opacificação.
(WWW.REVISTAVIGOR.COM.BR. ADAPTADO.) Alternativa E

ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

Habilidade
Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em proces-
22 sos naturais ou tecnológicos, ou em suas implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.

A Habilidade 22 exige que o aluno compreenda como ocorre a interação da luz, um tipo de radiação eletromagnéti-
ca, com a matéria. Essa habilidade pode ser inserida, por exemplo, dentro do contexto da óptica da visão, comparan-
do o funcionamento do olho humano com uma câmara escura, por exemplo; para isso, o aluno deve compreender
princípios básicos da óptica geométrica.
Assim, o estudante deve conhecer as diferentes doenças ligadas à visão: miopia, hipermetropia, astigmatismo e
presbiopia, além das correções para cada uma dessas doenças.

60
Modelo 1
(Enem) Entre os anos de 1028 e 1038, Alhazen (lbn al-Haytham, 965-1040 d.C.) escreveu sua principal obra, o Livro da
Óptica, que, com base em experimentos, explicava o funcionamento da visão e outros aspectos da óptica, por exem-
plo, o funcionamento da câmara escura. O livro foi traduzido e incorporado aos conhecimentos científicos ocidentais
pelos europeus. Na figura, retirada dessa obra, é representada a imagem invertida de edificações em tecido utilizado
como anteparo.

Se fizermos uma analogia entre a ilustração e o olho humano, o tecido corresponde ao(à):
a) íris;
b) retina;
c) pupila;
d) córnea;
e) cristalino.

Análise expositiva 1 - Habilidade 22: Exercício de rápida resolução que cobra do aluno a capacidade de
B relacionar diferentes temas dentro da óptica geométrica.
A estrutura do olho análoga à imagem invertida utilizada na figura é a retina. Quando a imagem é formada
na retina, esta é reduzida e invertida. Ao chegar ao córtex cerebral, ela é processada.
Alternativa B

Modelo 2
(Enem) O avanço tecnológico da medicina propicia o desenvolvimento de tratamento para diversas doenças, como as
relacionadas à visão. As correções que utilizam laser para o tratamento da miopia são consideradas seguras até doze
dioptrias, dependendo da espessura e curvatura da córnea. Para valores de dioptria superiores a esse, o implante de
lentes intraoculares é mais indicado. Essas lentes, conhecidas como lentes fácicas (LF) são implantadas junto à córnea,
antecedendo o cristalino (C), sem que esse precise ser removido, formando a imagem correta sobre a retina (R).
O comportamento de um feixe de luz incidindo no olho que possui um implante de lentes fácicas para correção do
problema de visão apresentado é esquematizado por:
a) d)

b) e)

c)

61
Análise expositiva 2 - Habilidade 22: Exercício também de rápida resolução, que relaciona como a física é
B aplicada junto com a biologia dentro do olho humano.
No olho míope, a imagem de um objeto distante forma-se antes da retina. A função da lente é tornar o feixe
incidente mais largo (divergente) para que, após atravessar o cristalino, o feixe convergente tenha vértice
sobre a retina.
Alternativa B

ss DIAGRAMA DE IDEIAS

OLHO HUMANO

• CÓRNEA LENTE CONVERGENTE


• CRISTALINO LENTE CONVERGENTE AJUSTÁVEL
• RETINA SENSOR NA VISÃO NERVO ÓPTICO
• PUPILA DIAFRAGMA REGULÁVEL

AMETROPIAS
• MIOPIA LENTE DIVERGENTE
• HIPERMETROPIA LENTE CONVERGENTE
• ASTIGMATISMO SENSOR NA VISÃO

62
AULAS INSTRUMENTOS ÓPTICOS
33 E 34
COMPETÊNCIAS: 1, 2, 5 e 6 HABILIDADES: 1, 6, 17 e 22

1. INSTRUMENTOS DE PROJEÇÃO Além das lentes, uma máquina fotográfica possui outros
componentes importantes. Os principais componentes são:
Os instrumentos de projeção, como o projetor de filmes
ƒ lente ou objetiva: sistema convergente de lentes;
ou de slides, fornecem imagens reais, uma vez que as
imagens são projetadas sob um anteparo. Entretanto, o ƒ diafragma ou abertura: sistema regulador da quan-
tamanho da imagem pode ser maior ou menor do que o tidade de luz que entra na máquina fotográfica;
tamanho do objeto. Por exemplo, a imagem projetada por
ƒ obturador: bloqueia ou permite que os raios lumino-
uma máquina fotográfica é menor do que o objeto.
sos passem para o anteparo;
ƒ disparador: dispositivo para controlar o obturador e
permitir a exposição da película por um intervalo de
tempo suficiente para que seja sensibilizada;
ƒ película fotossensível: filme ou chapa.
A fotografia obtida é nítida quando a imagem se forma
exatamente sobre o plano do filme. Para regular a po-
sição da imagem, existe um mecanismo que controla a
distância entre a película fotossensível e a objetiva. As-
sim, é possível regular essa distância de modo a se obter
multimídia: vídeo fotografias nítidas.
FONTE: YOUTUBE Como o princípio do funcionamento da máquina fotográfi-
Instrumentos Ópticos - Física ca se baseia na formação de imagens com lentes, é válida
a equação de Gauss para as lentes.

1.1. Máquina fotográfica 1.2. Projetores de filmes e de slides


A figura a seguir ilustra o mecanismo básico de uma má- Os projetores são formados por sistemas ópticos que criam
quina fotográfica. O dispositivo óptico forma, a partir de imagens reais, invertidas e ampliadas de objetos reais e
um objeto real, uma imagem real sobre uma chama foto- planos. As imagens podem ser projetadas sobre um ante-
gráfica (filme). paro ou uma tela.

obturador
Os projetores de slides ou filmes utilizam objetos transpa-
rentes, denominados slides ou diapositivos.
abertura
bobina de
bobina de alimentação
recolhimento
objeto obturador
lente
gate
filme

mecanismo de roda dentada


focalização
lente
lâmpada e
NA MÁQUINA FOTOGRÁFICA, A IMAGEM DO OBJETO (EM FORMA condensador
DE PIRÂMIDE) É PROJETADA NO FILME PELA LENTE OBJETIVA.
roda dentada

63
Um projetor de slides simples possui os seguintes compo-
nentes principais:
ƒ Espelho côncavo: reflete parte da luz de uma lâmpa-
da colocada sobre o foco do espelho para um sistema
de lentes.
ƒ Fonte de luz: lâmpada de alta potência.
ƒ Porta-slides: composto por uma lente convergente
que conjuga uma imagem real na tela.
1 = __
__ 1 + __
1 Ÿ ___1 = __
1 + ___
1 Ÿ __1 = 5 – ___
1 Ÿ
ƒ Tela ou anteparo: anteparo de projeção da imagem f p p’ 0,2 p 10 p 10
dos slides. 49
1 = ___
__ 10
___
p 10 Ÿ p = 49 m
lâmpada tela
slide

2. INSTRUMENTOS DE OBSERVAÇÃO
Os instrumentos de observação são utilizados para aumentar
a imagem dos objetos. Nesses equipamentos, a imagem final
é virtual. A lupa e o microscópio são instrumentos de obser-
lente convergente
(objetiva) vação e ampliam a imagem de objetos que se encontram
espelho esférico próximos. No caso de lunetas, telescópios e binóculos, os ob-
côncavo
jetos se encontram distantes. Em ambos os cabos, indepen-
dentemente do sistema de lentes utilizado, a imagem final
formada dá a impressão de que o objeto está mais próximo.

2.1. Lupa ou lente de aumento


A lupa (ou lente de aumento) é uma lente convergente e
possui distância focal pequena. A imagem formada é virtu-
al, direita e maior do que o objeto.

multimídia: vídeo
FONTE: YOUTUBE
Óptica - Aula 11 - Instrumentos Ópticos

LUPA

Aplicação do conteúdo
1. A distância focal de um projetor cinematográfico é de
20 cm. Uma tela está a 10 m de distância do projetor. A
qual distância da lente o objeto (slide) deve ser coloca-
do para se obter uma projeção nítida?

Resolução:
Dados: f = 20 cm = 0,2 m; p’ = 10 m.
Na figura, o filme foi colocado invertido no projetor para
que a imagem tenha orientação para cima no anteparo. A IMAGEM FORMADA PELA LUPA: VIRTUAL, DIREITA E MAIOR DO QUE O OBJETO.

64
Amicroscópio = Aobjetiva ˜ Aocular

multimídia: vídeo
2.2.1 Luneta
FONTE: YOUTUBE
Óculos, Lunetas, Telescópios, A luneta amplia a imagem dos objetos de modo semelhan-
Microscópios, Projetores e Lupas te ao microscópio composto. Entretanto, é utilizada para
a observação de objetos localizados a grandes distâncias,
como cometas, planetas e estrelas. O sistema óptico é com-
2.2. Microscópio composto posto por duas lentes convergentes: lente objetiva e lente
ocular. A lente objetiva, por sua vez, possui distância focal
O microscópio composto, diferentemente da lupa, fornece da ordem de alguns metros.
um aumento muito grande. Por isso, sua utilização é necessá-
ria para visualizar objetos de dimensões bastante pequenas. A figura a seguir representa a associação de lentes de uma
luneta. A imagem i do objeto forma-se no plano focal da
O sistema óptico do microscópio composto é formado por
objetiva, entre o foco objeto e o centro óptico da ocular,
duas lentes convergentes associadas sobre o mesmo eixo
pois o objeto está em uma posição muito distante da lente.
principal (coaxialmente). Uma delas, denominada objetiva,
tem distância focal pequena (da ordem de milímetros) e é A lente ocular forma a imagem final (i2) utilizando a ima-
utilizada próximo ao objeto. A segunda lente, denominada gem da lente objetiva como objeto. A imagem final é virtu-
ocular, é utilizada para a observação da imagem e funciona al, invertida e maior do que o objeto.
como uma lupa. A imagem final formada é virtual, invertida
e maior do que o objeto.

foc fob

MICROSCÓPIO COMPOSTO

A figura a seguir ilustra a formação da imagem observada


em um microscópio composto. O objeto é colocado próxi- O aumento angular nominal (An) para a luneta é dado por:
mo ao foco da lente objetiva (L1). Dessa forma, a imagem
formada pela objetiva fica entre o foco e centro óptico da
lente ocular (L2). Essa imagem se comporta como um ob- fob
An = __
jeto para a ocular, formando a imagem final (i2), virtual, foc
invertida e maior do que o objeto (inicial).
O aumento linear transversal do microscópio composto é igual E< que fob é a distância focal da objetiva e foc é a distância
ao produto dos aumentos lineares transversais e da ocular. focal da ocular.

65
A luneta terrestre, ou luneta de Galileu, utiliza uma ocular
divergente em vez de convergente. Isso elimina o fato de
que, na luneta astronômica (com objetiva e ocular sendo
lentes convergentes), a imagem final é invertida. Com a
ocular divergente, tem-se uma imagem final direita em re-
lação ao objeto original.

multimídia: vídeo
FONTE: YOUTUBE
Energia Mecânica - Sistema Dissipativo de Energia
Uma câmera Imax 3D acompanha os esforços
de sete astronautas, enquanto eles tentam
consertar o telescópio espacial Hubble.

Aplicação do conteúdo
1. Um observador, a 5 cm do centro óptico de uma lupa,
cuja distância focal é de 8 cm, observa um objeto, com
6 cm de altura, colocado a 2 cm da lupa.
Determine:
multimídia: vídeo a) a posição da imagem;
b) o tamanho da imagem;
FONTE: YOUTUBE
c) o aumento linear transversal.
TELESCÓPIO HUBBLE - A ÚLTIMA MISSÃO ...
Resolução:
Dados: f = 8 cm, o = 6 cm, p = 2 cm.
2.3. Telescópio a) A partir da equação de Gauss, a posição da imagem é:
O telescópio é um instrumento óptico utilizado para a ob- 1 = __
__ 1 + __
1 Ÿ __
1 = __
1 + __
1 Ÿ __
1 = __
1 – __ 8 cm
1 Ÿ p’ = – __
servação de objetos distantes. A objetiva de um telescópio f p p’ 8 2 p’ p’ 8 2 3
é um espelho côncavo de grande distância focal (na luneta, b) O tamanho da imagem é obtido a partir da relação
a objetiva é uma lente convergente). O telescópio ainda entre as distâncias do objeto e da imagem:
utiliza outros espelhos, planos e convexos, para desviar os
raios de luz até o local de observação. p’ __i
__i = – __
8
3
____( )
– __
o p Ÿ 6 = – 2 Ÿ i = 8 cm
c) O aumento linear transversal é:
8 Ÿ A = __
A = __oi = __ 4
6 3
2. Um microscópio tem objetiva com distância focal
de 8 mm e ocular com distância focal de 18 mm. Um
objeto de 2 mm de altura é disposto a 8,4 mm da ob-
jetiva e a distância entre as duas lentes é de 180 mm.
Determine:
a) a que distância da objetiva se formará a primeira
imagem do objeto;
NO TELESCÓPIO, OS RAIOS DE LUZ INCIDEM PRATICAMENTE PARALELOS SOBRE b) o tamanho da primeira imagem formada;
UM ESPELHO CÔNCAVO. OS RAIOS DE LUZ SÃO DESVIADOS PARA O OLHO
DO OBSERVADOR POR UM ESPELHO CONVEXO E DOIS ESPELHOS PLANOS.
c) a que distância da ocular se formará a imagem final;

66
d) o tamanho da imagem final; a) 6,0.
e) o aumento linear transversal do microscópio. b) 7,0.
c) 8,0.
Resolução: d) 9,0.
Dados: fob = 8 mm; foc = 18 mm; p1 = 8,4 mm; d = 180 mm. e) 10,0.

A figura a seguir ilustra as relações geométricas do problema. Resolução:


Por semelhança de triângulos, tem-se:
di = __i
__ di
i = o ∙ __
do o do
sendo:
di = distância da imagem
do = distância do objeto
a) Cálculo da distância da primeira imagem (p1): i = tamanho da imagem
1 = __
__ 1 + ___
1 Ÿ __
1 = ___
1 + ___
1 Ÿ p’ = 168 mm o = tamanho do objeto
fob p1 p’1 8 8,4 p’1 1

Então:
b) Tamanho da primeira imagem (i1):
__i1 = – ___
p’1 __i1 0,8 cm
168
___ i = 3 m ∙ ______= 0,6 cm = 6 mm
o p1 Ÿ 2 = – 8,4 Ÿ i1 = – 40 mm 4m
c) Cálculo da distância da imagem final (p’2): Alternativa A

p2 = d – p’1 = 180 – 168 = 12 mm


1 = __
__ 1 + ___
1 Ÿ ___
1 = ___
1 + ___
1 Ÿ p’ = –36 mm
foc p2 p’2 18 12 p’2 2

d) Cálculo do tamanho da imagem final (i2):

__i2 = – ___
p’2 ____
i (–36)
Ÿ 2 = – _____ Ÿ i2 = –120 mm
i1 p 2 –40 12
e) Aumento linear transversal do microscópio (Amicroscópio)
é dado pelo produto do aumento linear transversal de
cada uma das lentes:
i1 __i2
Amicroscópio = Aobjetiva . Aocular = __
multimídia: sites
o˜i Ÿ
1
efisica.if.usp.br/otica/basico/instrumentos/
Ÿ Amicroscópio = –40 –120 = –60 ou |a| = 60
____ ˜ ____ mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/os-ins-
2 –40
trumentos-opticos.htm
3. (IFBA) A câmara de um celular, cuja espessura é de www.coladaweb.com/fisica/optica/instru-
0,8 cm, capta a imagem de uma árvore de 3,0 m de mentos-opticos
altura, que se encontra a 4,0 m de distância do orifí-
alunosonline.uol.com.br/fisica/instrumentos-
cio da lente, projetando uma imagem invertida em seu
interior. Para simplificar a análise, considere o sistema -opticos.html
como uma câmara escura. Assim, pode-se afirmar que
a altura da imagem, em mm, no interior da câmara é,
aproximadamente, igual a: 4. (Unesp) A figura a seguir mostra um objeto AB, uma
lente convergente L, sendo utilizada como lupa (lente
de aumento), e as posições de seus focos F e F’.

67
a) Copie essa figura. Em seguida, localize a imagem
A’B’ do objeto fornecida pela lente, traçando a tra-
jetória de, pelo menos, dois raios incidentes, prove-
nientes de A.
b) A imagem obtida é real ou virtual? Justifique sua resposta.
Resolução:
a) Observe a figura a seguir:

b) Virtual, pois a imagem está do mesmo lado que o


objeto em relação ao espelho.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

A utilização de instrumentos ópticos é muito presente no cotidiano. Os óculos, por exemplo, que datam do século I,
foram criados para corrigir problemas de visão. Existem também as lentes de contato, a máquina fotográfica, criada pelo
francês Joseph Nicérphore Niépce (1765-1833) no ano de 1826, o telescópio, criado pelo neerlandês Hans Lippershey
em 1608, que também inventou o binóculo, aperfeiçoado depois por Galileu, entre muitos outros intrumentos.

Satélites com potentes telescópios varrem não só o espaço fora da Terra, como a própria superfície da Terra.

68
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

Habilidade
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físi-
17 cas, químicas ou biológicas, como texto discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.

A matemática é uma forma de linguagem das ciências da natureza e é uma ferramenta para cientistas descreverem
e explicarem fenômenos físicos.

Modelo
(Enem) A aquisição de um telescópio deve levar em consideração diversos fatores, entre os quais estão o aumento
angular, a resolução ou o poder de separação e a magnitude limite. O aumento angular informa quantas vezes mais
próximo de nós percebemos o objeto observado e é calculado como sendo a razão entre as distâncias focais da ob-
jetiva (F1) e da ocular (F2). A resolução do telescópio (P) informa o menor ângulo que deve existir entre dois pontos
observados para que seja possível distingui-los. A magnitude limite (M) indica o menor brilho que um telescópio pode
captar. Os valores numéricos de P e M pelas expressões: P = 12 ___ e M = 7,1 + 5(lod D), em que D é o valor numérico do
D
diâmetro da objetiva do telescópio, expresso em centímetro.
DISPONÍVEL EM: WWW.TELESCOPIOSASTRONOMICOS.COM.BR. ACESSO EM: 13 MAIO 2013 (ADAPTADO).

Ao realizar a observação de um planeta distante e de luminosidade, não se obteve uma imagem nítida. Para melhorar
a qualidade dessa observação, os valores de D, F1 e F2 devem ser, respectivamente:
a) aumentado, aumentado e diminuído;
b) aumentado, diminuído e aumentado;
c) aumentado, diminuído e diminuído;
d) diminuído, aumentado e aumentado;
e) diminuído, aumentado e diminuído.

Análise expositiva - Habilidade 17: Exercício que exige do estudante saber aplicar os conhecimento de ins-
A trumentos ópticos, constituídos por lentes esféricas, e uma relação matemática apresentada pela banca. Para a
resolução, o aluno precisará saber manobrar nessas equações para achar a relação entre os focos.
De acordo com as expressões de P e M, DEVE-SE aumentar o valor de D, de modo a diminuirmos o menor ângulo
necessário e aumentarmos a magnitude limite. E como o aumento angular é dado por F1/F2, DEVE-SE aumentar
F1 e diminuir F2.
Alternativa A

69
DIAGRAMA DE IDEIAS

INSTRUMENTOS
ÓPTICOS

MÁQUINA IMAGEM REAL,


FOTOGRÁFICA INVERTIDA
PROJEÇÃO

IMAGEM REAL,
PROJETOR
INVERTIDA E MAIOR

LUPA OU MICROSCÓPIO IMAGEM VIRTUAL,


SIMPLES DIREITA E MAIOR

MICROSCÓPIO LENTES OBJETIVA


COMPOSTO E OCULAR

AMICROSCÓPIO = AOBJETIVA × AOCULAR


OBSERVAÇÃO

LENTES OBJETIVA
LUNETA
E OCULAR

FOB
AN =
FOC

ASSOCIAÇÃO
TELESCÓPIO
DE ESPELHOS

70

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