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9 e 10
Competências: 5e6 Habilidades: 17, 18 e 21
N
n = __
NA
50
2.1. Estado normal de um gás 3.1. Transformação isotérmica
Quando um gás se encontra nas condições normais de Durante a transformação do gás de um estado para outro,
temperatura e pressão (CNTP), afirma-se que ele está em caso a temperatura permaneça constante, a transformação
estado normal: será denominada isotérmica. Nesse caso, a Lei Geral dos
p = 1 atm = 760 mmHg e T = 273 K (0°C) Gases fica:
3. Transformações particulares ou
p ⋅ V _____
_____ p ⋅V
A A
= B B
TA TB
51
3.3. Transformação isocórica
Durante a transformação do gás de um estado para outro, multimídia: vídeo
caso o volume permaneça constante, a transformação será Fonte: Youtube
denominada isocórica, isométrica ou isovolumétrica. Nesse Por que desodorante spray gela as coisas?
caso, a Lei Geral dos Gases fica:
__ p
= constante
3.4. Transformação adiabática
T A transformação de um gás pode acontecer muito rapid-
ou amente, e, nesse caso, a expansão ou compressão de um
gás pode ocorrer sem trocas de calor com o meio externo
__ p p (devido à rapidez da transformação).
1 = __2
T1 T2 Essa transformação é denominada transformação adiabáti-
ca. A relação que satisfaz essa transformação é dada por:
p ⋅ Vg = constante
ou
p1v1g = p2v2g
52
VIVENCIANDO
Apesar de ser útil na caracterização do estado de um gás, a lei geral dos gases pressupõe o comportamento ideal de
um gás, que é impossível de ser obtido na prática; contudo, pode ser considerada prática na maioria das situações.
Os fundamentos da lei geral são utilizados na produção de diversos produtos que presentes no cotidiano, como o
ar-condicionado, o spray aerossol e a geladeira.
O aerossol é constituído por um reservatório de metal e por uma válvula que se conecta a uma mistura entre o pro-
duto (desodorante, repelente, inseticida) e um gás propelente. O produto e o gás se encontram através de um tubo.
Quando a válvula é acionada, a mistura que estava pressurizada dentro da embalagem acaba entrando em contato
com a pressão atmosférica do ambiente, que é diferente da encontrada dentro da lata. A pressão interna do gás,
inicialmente alta, sofre uma diminuição. A diminuição brusca da pressão causa o aumento do volume da mistura, que
acaba sendo espalhada em forma gasosa pelo ambiente.
Note que o plural de mol é mols. M = MC + 2MO = (12 g/mol) + 2(16 g/mol) = 44 g/mol
A massa molar (M) de um elemento é definida como a Assim, calcula-se o número de mols (n) da amostra:
massa de 1 mol de átomos desse elemento. De modo se-
88 g
melhante, para uma substância, a massa molar é a massa m = _______
n = __
= 2 mols
M 44 g/mol
de 1 mol de moléculas dessa substância. Assim, é possível
calcular o número n de mols de átomos de um elemento de P ortanto, essa amostra é composta por 2 mols de moléculas
massa m, a partir da seguinte relação: de CO2, ou seja, existem 2(6,023 × 1023) moléculas de CO2.
2. (G1) Um gás perfeito está sob pressão de 20
m
n = __ atm, na temperatura de 200 K e apresenta um
M volume de 40 litros. Se o referido gás tiver sua
pressão alterada para 40 atm, na mesma tempera-
Note que essa relação também é válida para determinar o tura, isto é, transformação isotérmica, qual será o
número de mols de moléculas de uma substância de massa m. novo volume?
53
Resolução: Resolução:
Como a transformação é isotérmica, pode-se aplicar a fór- Como a transformação é isovolumétrica, ou seja, isocórica,
mula específica para esse tipo de transformação: segue que o volume é constante; assim:
__ p p2
p1 ⋅ V1 = p2 ⋅ V2 1 = __
T1 T2
Substituindo os valores na fórmula, obtém-se: Lembrando que, nessa fórmula, a temperatura deve ser
mantida em kelvin. Substituindo os valores na fórmula,
20 ⋅ 40 = 40 ⋅ V2
obtém-se:
Finalizando os cálculos: ________
2 = __ 4
20 + 273 T2
V2 = 20L
Finalizando os cálculos:
Assim, 20 litros será o novo volume. T2 = 586 K
3. (Unesp) Um gás ideal, inicialmente à temperatura de
Alternativa D
320 K e ocupando um volume de 22,4 L, sofre expansão
em uma transformação isobárica. Considerando que a 5. (UFRGS) Um gás monoatômico sofre uma transfor-
massa do gás permaneceu inalterada e a temperatura mação adiabática durante a qual sua pressão absoluta
final foi de 480 K, calcule a variação do volume do gás. passa de P para 4P. Sendo o volume inicial igual a 1 litro,
podemos afirmar que o volume final será o valor de?
Resolução:
Resolução:
Como a transformação é isobárica, segue que a pressão é
Como a transformação é adiabática, segue que não há tro-
constante; assim:
ca de calor com o meio externo; assim:
__ V V2
1 = __
p1 ⋅ V1 g = p2 ⋅ V2 g
T1 T2
Para um gás monoatômico, segue que a constante de
Substituindo os valores na fórmula, obtém-se:
5 :
transformação vale __
3
____22,4 V2
= ___
P ⋅ 15/3 = 4P ⋅ V25/3
320 480
Finalizando os cálculos: Finalizando os cálculos, obtém-se:
multimídia: sites
www.efeitojoule.com/2009/09/equacao-
de-clapeyron-equacao-clapeyron.html
www.if.ufrgs.br/~dschulz/web/transf_
termodinamicas.htm
a) 273 K quantumfreak.com/derivation-of-pvnrt-
b) 293 K the-equation-of-ideal-gas/
c) 313 K mundoestranho.abril.com.br/saude/como-
d) 586 K se-forma-o-pum/
e) 595 K
54
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS
55
DIAGRAMA DE IDEIAS
LEI GERAL
DOS GASES
VARIÁVEIS
TRANSFORMAÇÕES
DE ESTADO
• ISOTÉRMICA • PRESSÃO
• ISOBÁRICA • VOLUME
• ISOVOLUMÉTRICA • TEMPERATURA
• ADIABÁTICA
56
AULAS Primeira lei da termodinâmica
11 e 12
Competências: 5e6 Habilidades: 17, 18 e 21
1. Máquinas térmicas
Durante a chamada Revolução Industrial, entre o final
do século XVIII e meados do século XIX, a economia
europeia foi alterada devido a uma série de transforma-
ções tecnológicas.
Um elemento fundamental para essa revolução foi a má- A força exercida pelo gás sobre o êmbolo e o deslocamen-
quina a vapor. Utilizando a força do vapor resultante da to têm o mesmo sentido; assim, o trabalho é dado por:
ebulição da água para produzir movimento, a máquina a τG = FG ⋅ d
vapor era utilizada inicialmente para retirar água do fundo
das minas; aos poucos, porém, passou a ser utilizada nas Chamando de pG a pressão exercida pelo gás sobre o
indústrias e nos transportes. êmbolo, temos:
FG = pG ⋅ A
As máquinas a vapor transformam calor em trabalho
(ou energia mecânica), e por isso são denominadas Substituindo na equação do trabalho, obtém-se:
máquinas térmicas. τG = FG ⋅ d = pG ⋅ A ⋅ d ⇒
57
É possível demonstrar que, mesmo quando a pressão não é Assim como o calor, o trabalho também está relacionado
constante, o trabalho ainda é numericamente igual à área com a transferência de energia. Entretanto, distingue-se pelo
sob o gráfico. A figura a seguir ilustra esse caso. fato de não causar a alteração de temperatura do corpo.
pG Resumidamente, é possível afirmar que, quando o gás rea-
liza trabalho (trabalho interno), seu valor é positivo; quan-
do o trabalho é realizado sobre o gás (trabalho externo),
seu valor é negativo. De modo geral, o módulo do trabalho
é numericamente igual à área abaixo da curva p x V que
caracteriza os estados termodinâmicos do gás. Na transfor-
mação isobárica, a relação é dada por:
τ = p ⋅ DV
Aplicação do conteúdo
1. O gráfico a seguir mostra a mudança de um gás
ideal do estado A para o estado B. Sabendo que
1 atm @ 105 Pa, determine o trabalho realizado pelo gás
na transformação.
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Energia interna, calor, trabalho e sua relação...
3. Energia interna
A soma das energias de todas as moléculas de um corpo
determina sua energia interna (U). As energias cinéti-
Resolução: cas dos átomos e das moléculas, assim como as energias
potenciais correspondentes às forças elétricas existentes
gráfico representa a variação de pressão em função do
O entre os átomos ou moléculas, somam-se para compor a
volume do gás. Como foi visto, o trabalho realizado pelo gás, energia interna. No caso de um gás ideal, a energia interna
em módulo, é numericamente igual à área da figura sombre- é proporcional à temperatura absoluta (T) do gás. Assim:
ada no gráfico. Calculando a área do trapézio, segue:
§ Se T aumenta, U aumenta;
(2, 0 atm + 4, 0 atm) (8, 0 L)
|τG| = ______________________
= 24 atm ⋅ L § Se T é constante, U é constante;
2
Como 1 atm = 105 Pa e 1L = 10–3 m3, tem-se: § Se T diminui, U diminui.
No caso de um gás ideal constituído por apenas um átomo
|τG| = 24 ⋅ (105 Pa) ⋅ (10–3 m3) = 2,4 ∙ 103 Pa ⋅ m3 (gás monoatômico), a energia interna é dada por:
58
Lembrando da equação de Clapeyron, pV = nRT, a energia in- § se Q < 0, o sistema perde calor;
terna de um gás ideal pode ser reescrita da seguinte maneira:
§ se τ > 0, o sistema se expande, e o gás realiza trabalho;
3 pV
U = __ § se τ < 0, o sistema se contrai, e o trabalho é realizado
2 sobre o gás.
Sendo U0 a energia interna inicial do sistema, e Uf a energia
interna final, tem-se:
DU = Uf – U0
Assim:
DU > 0 ⇔ Uf > U0
DU < 0 ⇔ Uf < U0
Aplicação do conteúdo
multimídia: vídeo
1. Um gás é comprimido por um agente externo e, ao
Fonte: Youtube mesmo tempo, recebe 400 J de calor de uma chama.
Primeira Lei da Termodinâmica - Energia Sabendo-se que o trabalho do agente externo foi 700 J,
Interna determine a variação de energia interna do gás.
Resolução
59
VIVENCIANDO
As ciências que estudam as propriedades físicas e químicas de diversos elementos e materiais estão relacionadas
com a termodinâmica. Os processos de fabricação de novos componentes exige um conhecimento extenso de como
ocorre a transferência de calor nesses materiais e como eles são usados como matéria-prima para a elaboração de
novas ferramentas, como roupas mais confortáveis e aparelhos eletrônicos mais eficientes.
O desenho e a construção de habitações devem sempre considerar os aspectos de troca de energia, tema central da
termodinâmica. Os projetos residenciais e urbanos levam em conta os limites de conforto do organismo humano, que
acontecem numa pequena faixa de temperatura em torno dos 20 ºC. Assim, é necessário pensar como os materiais
se comportam com as situações climáticas da região. Um exemplo disso é o uso da energia solar em regiões onde se
encontra uma alta incidência de radiação solar para substituir aquecedores de água que funcionam com energia elétrica.
V = constante
__
R = CP – CV
T
Assim:
§ V aumenta ⇒ T aumenta ⇒ U aumenta ⇒ 5.3. Transformação adiabática
⇒ DU > 0 Foi visto que uma transformação adiabática ocorre
§ V diminui ⇒ T diminui ⇒ U diminui ⇒ quando, durante a transformação, o sistema não recebe
e nem cede calor ao meio ambiente (não existe troca de
⇒ DU < 0
calor com o meio).
Por outro lado:
Processos desse tipo ocorrem se o gás está contido em um
Q = τ + DU ⇒ DU = Q – τ recipiente de paredes feitas de um material isolante térmi-
Com isso, o calor e o trabalho se relacionam da seguinte co, ou em um processo em que o gás sofra uma compres-
maneira: são ou expansão muito rápida de modo que não receba ou
60
forneça calor ao meio no curto intervalo de tempo durante
a variação de seu volume. Aplicando a Primeira Lei da Ter- Aplicação do conteúdo
modinâmica a esse caso, tem-se: 1. Qual a energia interna de 3 m³ de gás ideal
Q = t + DU monoatômico sob pressão de 0,5 atm?
⇒ DU = –t
Q=0 Resolução:
Assim:
Para calcular a energia interna do gás, deve-se aplicar a fórmula:
§ Se o gás sofrer uma compressão adiabática:
DU = –t 3 · p · V
U = __
⇒ DU > 0 2
t<0
Substituindo os valores, obtém-se:
Ou seja, a energia interna aumenta e, portanto, sua tempe- 3 · 0,5 · 105 · 3
U = __
ratura também aumenta. 2
Finalizando os cálculos:
§ Se o gás sofrer uma expansão adiabática:
DU = – t U = 2250 J
⇒ DU < 0
t>0
2. (Unirio) Qual é a variação de energia interna de um
Ou seja, a energia interna do gás diminui e, em consequên- gás ideal sobre o qual é realizado um trabalho de 80J
cia, sua temperatura também diminui. durante uma compressão isotérmica?
a) 80 J
Em um gráfico de pressão pelo volume (p x V), uma trans-
b) 40 J
formação adiabática é uma curva denominada curva c) Zero
adiabática. A forma dessa curva é semelhante à de uma d) – 40 J
isoterma, mas com inclinação diferente, como mostrado na e) – 80 J
figura a seguir.
Resolução
Alternativa C
61
Sabe-se também que o calor foi fornecido para o ambiente; Substituindo os valores, obtém-se:
conclui-se que Q = – 10 cal, logo:
τ = 3p ⋅ (3V – V)
∆U = –10 cal Finalizando os cálculos:
Alternativa C
τ = 6 ⋅ p ⋅V
4. Um gás ideal, inicialmente no estado A, sofre uma Voltando à equação inicial, tem-se:
transformação termodinâmica:
Q = 6 ⋅ p ⋅ V + ∆U
A → B: expansão isobárica;
Assim:
O gráfico da pressão em função do volume mostra a trans-
∆U = Q – 6 ⋅ p ⋅ V
formação A → B desse gás:
62
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS
63
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM
Habilidades
Utilizar leis físicas e/ou químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da ter-
21 modinâmica e/ou do eletromagnetismo.
A habilidade 21 avalia a capacidade do estudante de entender conceitos da Física, sua importância histórica e saber
aplicá-los no cotidiano. Como diz o segundo eixo cognitivo: “Construir e aplicar conceitos das várias áreas do conhe-
cimento para a compreensão de fenômenos naturais, de processos histórico-geográficos, da produção tecnológica e
das manifestações artísticas”.
Modelo 1
(Enem) O ar atmosférico pode ser utilizado para armazenar o excedente de energia gerada no sistema elétrico, diminu-
indo seu desperdício, por meio do seguinte processo: água e gás carbônico são inicialmente removidos do ar atmos-
férico e a massa de ar restante é resfriada até –198 ºC. Presente na proporção de 78% dessa massa de ar, o nitrogênio
gasoso é liquefeito, ocupando um volume 700 vezes menor. A energia excedente do sistema elétrico é utilizada nesse
processo, sendo parcialmente recuperada quando o nitrogênio líquido, exposto à temperatura ambiente, entra em
ebulição e se expande, fazendo girar turbinas que convertem energia mecânica em energia elétrica.
MACHADO, R. Disponível em: <www.correiobraziliense.com.br>. Acesso em: 09 set. 2013 (adaptado).
Análise expositiva 1: O aluno precisa entender as formas de possíveis transformações de energia, como
C calor e trabalho. É necessário Identificar quando o sistema se resfria por essas transformações e identificar
as informações que são relevantes no enunciado.
Alternativa C
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físi-
17 cas, químicas ou biológicas, como texto discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
A Matemática é uma ferramenta fundamental para a interpretação e/ou construção de fenômenos no contexto da
Física. Assim, faz-se necessário conhecer o manuseio e a aplicabilidade, além da capacidade interpretativa, dessa
linguagem simbólica. Como afirma o terceiro eixo cognitivo da matriz de referência do ensino médio: “Selecionar,
organizar, relacionar, interpretar dados e informações representados de diferentes formas, para tomar decisões e
enfrentar situações-problema”.
64
Modelo 2
(Enem) Um sistema de pistão contendo um gás é mostrado na figura. Sobre a extremidade superior do êmbolo, que
pode movimentar-se livremente sem atrito, encontra-se um objeto. Através de uma chapa de aquecimento é possível
fornecer calor ao gás e, com auxílio de um manômetro, medir sua pressão. A partir de diferentes valores de calor for-
necido, considerando o sistema como hermético, o objeto elevou-se em valores ∆h como mostrado no gráfico. Foram
estudadas, separadamente, quantidades equimolares de dois diferentes gases, denominados M e V.
A diferença no comportamento dos gases no experimento decorre do fato de o gás M, em relação ao V, apresentar:
a) maior pressão de vapor;
b) menor massa molecular;
c) maior compressibilidade;
d) menor energia de ativação;
e) menor capacidade calorífica.
Análise expositiva 2: Para resolver o problema, o aluno precisa saber interpretar gráficos e retirar informações do
E enunciado para aplicar os seus conhecimentos de termodinâmica.
Alternativa E
65
DIAGRAMA DE IDEIAS
TERMODINÂMICA
TRANSFORMAÇÕES
ΔU = 0 ISOTÉRMICA
= P • ΔV ISOBÁRICA
=0 ISOVOLUMÉTRICA
Q=0 ADIABÁTICA
66
AULAS Segunda lei da termodinâmica
13 e 14
Competências: 5e6 Habilidades: 17, 18 e 21
1. Transformação cíclica
Em um ciclo: DUciclo = 0
67
A quantidade de calor recebida pelos gás é totalmente
transformada em trabalho realizado pelo gás, isto é, todo o 2. Segunda lei da termodinâmica
calor é convertido em trabalho. A segunda Lei da Termodinâmica foi enunciada de maneiras
Em ciclo realizado no sentido anti-horário: diferentes, embora equivalentes. Uma delas é a seguinte:
tciclo < 0 e Qciclo < 0
“O calor não pode fluir espontaneamente de um cor-
O gás fornece calor devido a um trabalho realizado pelo po de temperatura menor para um outro corpo de
meio exterior sobre o gás, ou seja, o trabalho é convertido temperatura mais alta”.
em calor cedido pelo gás.
b ∙
t = ____ h
2
MÁQUINA τ
Substituindo os valores:
(5 – 1) ∙ (600 – 200)
t = ________________
2 Q2
t = 800 ou 8 ∙ 10 J 2
Esquema de uma máquina térmica
Além disso, numa transformação cíclica, a energia interna
Assim:
do gás não varia, ou seja, a variação da energia interna é
nula; assim: Q1 = τ + |Q2|
DU = 0 Ou:
Alternativa B τ = Q1 – |Q2|
68
Essa relação demonstra que a diferença entre o calor da
fonte quente e a fonte fria é igual ao trabalho realizado Aplicação do conteúdo
em cada ciclo. 1. Uma máquina térmica recebe, a cada ciclo, uma quan-
tidade de calor Q1 = 500 J da fonte quente, e fornece
O rendimento de uma máquina térmica h (lê-se “eta”) uma quantidade de calor Q2 = 400 J para a fonte fria.
define-se por: Cada ciclo é executado em um intervalo de tempo
Dt = 0,25 s. Determine:
t
h = __ a) o trabalho realizado pela máquina em cada ciclo;
Q1
b) o rendimento da máquina;
c) a potência útil da máquina.
Substituindo τ = Q1 – |Q2|, obtém-se:
Resolução:
t Q1 – | Q2 | |Q2|
h = __ = ________
⇒ h = 1 – __
a) t = Q1 – Q2 = 500 J – 400 J ⇒ t = 100 J
Q1 Q1 Q1
b) η = __
t = _____
100 J
⇒ η = 0,20 = 20%
Q1 500 J
Nessa expressão, nota-se que o rendimento seria de
100% caso todo o calor fosse convertido em traba- t = _____
c) Pu = ___ 100 J
= 400 J/s ⇒ Pu = 400 W
Dt 0,25 s
lho, nesse caso, Q2 = 0. Contudo, sempre há uma
quantidade de calor Q2 transferido à fonte fria e, por-
tanto, sempre t < Q1 e Q2 > 0. Por esse motivo, o
rendimento de uma máquina térmica é sempre me-
3. O ciclo de Carnot
Depois de as primeiras máquinas térmicas terem sido cons-
nor do que 100%. No caso das máquinas a vapor,
truídas no início do século XVIII, a primeira análise teórica
o rendimento é aproximadamente 0,15 (ou 15%).
dessas máquinas surgiu em 1824, em uma obra do físico
O rendimento de uma máquina térmica também é de-
francês Nicolas Leonard Sadi Carnot (1796-1832).
nominado eficiência.
Carnot nasceu em Paris e, apesar de ter morrido com ape-
A potência útil (Pu) de uma maquina térmica é a razão en-
nas 36 anos, foi de vital importância para o desenvolvimen-
tre o trabalho τ realizado por ela e o intervalo de tempo Dt
to da termodinâmica. Ele estudou as máquinas térmicas,
gasto para realizá-lo.
além de ter enunciado a Segunda Lei da Termodinâmica da
seguinte maneira: “Para haver conversão contínua de calor
t
Pu = __
Dt em trabalho, um sistema deve realizar ciclos entre fontes
No SI sua unidade é o watt (W), que representa a razão quentes e frias, continuamente. Em cada ciclo, é retirada
uma certa quantidade de calor da fonte quente (energia
entre joule e o segundo.
útil), que é parcialmente convertida em trabalho, sendo o
restante rejeitado para a fonte fria (energia dissipada)”.
Em seu trabalho de 1824, Carnot mostrou que uma máqui-
na térmica, operando com uma fonte quente à temperatu-
ra T1, e uma fonte fria à temperatura T2, tem rendimento
máximo quando executa um ciclo especial, denominado
ciclo de Carnot, representado na figura a seguir. Esse ci-
clo é formado pelas seguintes transformações (duas isotér-
micas e duas adiabáticas), na seguinte ordem:
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Mauá - O Imperador e o Rei
O filme mostra o enriquecimento e a falência
de Irineu Evangelista de Sousa, mais conhecido
como barão de Mauá, considerado o primeiro
grande empresário brasileiro.
69
T
1. O gás recebe calor Q1 da fonte quente e sofre uma hmáx = 1 – __ 300 K
2 = 1 – _____ = 1 – 0,60 ⇒
expansão isotérmica AB à temperatura T1. T1 500 K
⇒ hmáx = 0,40 = 40%
2. Expansão adiabática BC; o gás atinge a temperatura T2.
4. Máquinas frigoríficas
3. O gás fornece o calor Q2 à fonte fria e sofre uma com-
pressão isotérmica CD à temperatura T2.
4. Compressão adiabática DA; o gás volta ao seu estado Diferentemente das máquinas térmicas, as máquinas frigo-
inicial à temperatura T1. ríficas retiram o calor de uma fonte fria e o fornecem para
uma fonte quente. Obviamente, esse processo não ocorre
A seguinte relação é válida para esse ciclo: espontaneamente, pois, de acordo com a Segunda Lei da
Termodinâmica, a tendência natural do calor é fluir de um
__|Q | T2
2 = __
corpo quente para um corpo frio. Assim, é necessário rea-
Q1 T1
lizar trabalho (por exemplo, por meio de um motor) que
faça com que o calor siga um percurso não natural. Essa
Já foi visto que o rendimento (ou eficiência) de uma máqui- é a base de funcionamento de aparelhos como o ar-condi-
na térmica qualquer é dado por: cionado e o refrigerador doméstico.
t = Q
h = __
1
– |Q2|
______
|Q2|
⇒ h = 1 – __
FONTE QUENTE T2
Q1 Q1 Q1
Q2
O rendimento de uma máquina realizando o ciclo de Car-
not pode ser calculado a partir das temperaturas das fontes
τ
quente e fria. Substituindo as variáveis Q1 e |Q2| pelos valo- MÁQUINA
T T1 – T2 Q1
h = 1 – __
2 = _____
T1 T1
FONTE FRIA T1
Aplicação do conteúdo
1. Uma máquina térmica funciona entre duas fontes
às temperaturas de 227 ºC e 27 ºC. Qual o rendimento
máximo possível para essa máquina?
Resolução:
Tem-se:
T1 = 227 °C = 500 K
T2 = 27 °C = 300 K multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
O maior rendimento possível é obtido usando um ciclo de Noções de entropia
Carnot:
70
Nas máquinas frigoríficas é usado um fluido que, durante Q
parte do ciclo, é gás e, no restante do ciclo, permanece na e = __
1
|t|
forma líquida.
Dessa forma, a máquina térmica transforma calor em tra- Em que Q1 é o calor retirado da fonte fria, e τ é o trabalho
balho, fazendo com que o fluido (vapor) execute um ciclo realizado pelo motor. Considerando o calor Q2 enviado à
no sentido horário: fonte quente, reescreve-se a equação do ciclo, isolando
o trabalho:
Q1 + |t| = |Q2| ou |t| = |Q2| – Q1
VIVENCIANDO
Como foi visto ao longo das aulas sobre termodinâmica, o estudo dos gases foi fundamental na história da humani-
dade, não só pela construção de dirigíveis, mas principalmente como ferramenta para as revoluções industriais. As
máquinas térmicas, por sua vez, permitiram a construção de bombas de água, tornando possível a extração de carvão
a grandes profundidades, a criação de máquinas que aumentaram a produtividade nas indústrias (por exemplo, na
produção têxtil), o advento do motor a combustão, que está presente nos automóveis utilizados cotidianamente, e a
criação da geladeira, onde são guardados e conservados os alimentos.
71
rário. Nesse caso ele é denominado refrigerador de Carnot.
Aplicação do conteúdo Para o refrigerador de Carnot também vale a equação:
1. Tem-se uma máquina térmica frigorífica que realiza, Q |Q2|
durante um ciclo completo, um trabalho de 4 ∙ 104 J e __1 = __
cede, à fonte fria, 12 ∙ 104 J. Com essas informações, T1 T2
calcule a eficiência da máquina frigorífica. Assim, pode-se expressar o rendimento em função das
temperaturas das fontes fria e quente:
Resolução:
Q1 T
A eficiência de uma máquina frigorífica é dada pela eCarnot = ______
= _____
1
|Q2| – Q1 T2 – T1
seguinte equação:
Q
e = __
1
|τ|
Substituindo pelos valores, obtém-se:
12 ∙ 104
4
e = ______
4 ∙ 10
Logo:
e=3
72
Desse modo, pode-se definir processos irreversíveis como
aqueles processos que, por meios naturais, ocorrem apenas
7.1. Motor a combustão
em um sentido. Dessa forma, quando ocorre um processo De modo geral, o motor a combustão é uma máquina tér-
irreversível, a entropia do sistema sempre aumenta. Já os mica que transforma a energia da queima de certos gases
processos reversíveis são aqueles em que, depois de ocorrer em trabalho. Um motor padrão é composto por quatro fases.
uma pequena mudança, é possível reverter essa mudança, Na primeira, o gás preenche um cilindro à medida que um
de forma que o sistema volte às suas condições iniciais. pistão abre espaço, mantendo uma pressão constante. Na
Tecnicamente, processos reversíveis são uma idealização, fase 2, o pistão comprime a mistura gasosa numa transfor-
uma vez que na natureza todos os processos envolvem mação adiabática, de tal forma que, no final do processo, a
turbulência ou atrito, ou ainda algum outro aspecto que os temperatura e a pressão do gás estão com valores elevados.
torna irreversíveis. Na terceira fase, uma faísca faz com que o gás entre em
combustão devido a reações químicas entre o gás e o ar.
A definição de entropia para um sistema em que ocorre
Novas substâncias são produzidas, causando uma rápida ex-
uma transformação isotérmica é a razão entre a quantidade
de calor que o sistema troca pela temperatura do sistema pansão do gás e outra transformação adiabática. Por fim, na
última fase, os gases decorrentes da queima são expulsos do
durante a transformação reversível:
cilindro por meio de uma transformação isobárica.
Q
DS = __
T
A unidade de entropia S no SI é o joule por kelvin J/K.
Para o cálculo da entropia de uma transformação irreversí-
vel, devido ao fato de a entropia ser uma variável de esta-
do, basta escolher um processo reversível que interligue os
mesmos dois estados do processo irreversível. A entropia
calculada será equivalente à do processo irreversível.
Agora, é possível reescrever a Terceira Lei da Termodinâmi- 7.2. Ciclo de Otto
ca em termos da entropia:
Idealizado por Beau de Rochas (1815-1893), mas colocado
Quando ocorrem mudanças em um sistema fechado, sua en- em prática, em 1875, pelo engenheiro Nikolaus Otto (1832-
tropia nunca diminui; ela pode crescer para processos irrever- 1891), é o motor que se encontra na maioria dos automó-
síveis ou permanecer constante para processos reversíveis: veis atualmente. É composto dos seguintes processos:
DS ≥ 0 1. Admissão isobárica (0-1).
Nota: No ciclo de Carnot todas as transformações
2. Compressão adiabática (1-2).
são reversíveis.
3. Combustão isocórica (2-3).
multimídia: sites
cienciaetecnologias.com/demonio-de-
maxwell/
www.if.ufrgs.br/~dschulz/web/ciclo_
carnot.htm
coral.ufsm.br/gef/Calor/calor28.pdf
73
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS
A Revolução Industrial, que ocorreu na Europa entre os séculos XVIII e XIX, foi um conjunto de mudanças estruturais
no modo de produção, quando o trabalho artesanal foi substituído pelo trabalho assalariado e pelo uso das máquinas.
Até o final do século XVIII, a maioria da população europeia vivia no campo e produzia o que consumia. Nesse sentido,
um artesão conhecia todo o processo produtivo de seu produto. Com o passar do tempo, começaram a surgir grandes
oficinas, em que diversos artesãos, realizando manualmente todo o processo, fabricavam os produtos, mas eram subor-
dinados ao proprietário da manufatura.
Devido à sua localização, ao fato de possuir uma rica burguesia em expansão e ter sofrido um êxodo rural, a Inglaterra
possuía as características que fizeram com que estivesse na vanguarda da Revolução Industrial entre 1760 e 1860.
Com o desenvolvimento tecnológico, as oficinas se transformaram em pequenas fábricas; nas indústrias de tecidos
de algodão surgiu o tear mecânico. Nessa época, o aprimoramento das máquinas a vapor contribuiu para a contin-
uação da revolução, tanto para o transporte da mercadoria quanto para a produção. A Inglaterra possuía reservas
de minas de carvão mineral, mas máquinas de bombear água eram necessárias para a exploração das minas – com
a máquina a vapor foi possível explorar minas a grandes profundidades. O carvão era utilizado para movimentar a
locomotiva a vapor, aquecer os fornos das indústrias ou alimentar algumas máquinas a vapor.
No início da Revolução Industrial, as fábricas não eram um bom local de trabalho: condições de trabalho precárias,
longas jornadas de trabalho, baixo salário, péssima iluminação, falta de ventilação, muita sujeira e até mesmo cas-
tigos físicos por parte dos patrões forçaram revoltas e greves dos trabalhadores, que passaram a se organizar por
meio de sindicatos, exigindo melhores condições de trabalho, melhores salários e direitos trabalhistas.
74
Para achar o trabalho necessário, deve-se aplicar outra fórmula:
Aplicação do conteúdo Q
1. Quanto trabalho deve ser realizado por um refrigera- |t| = e____
1
carnot
dor Carnot para transferir 1,0 J sob a forma de calor de Substituindo, tem-se:
um reservatório a 7,0 ºC para um a 27 ºC?
1
|t| = ___
Resolução: 14
Assim:
Para calcular o valor do trabalho necessário, deve-se, ini-
cialmente, calcular a eficiência da máquina: |t| = 0,071 J
T
ecarnot = _____
1 2. O que é entropia?
T2 – T1
Substituindo os valores, tem-se:
Resolução:
(7 + 273)
_________________
ecarnot =
(27 + 273)–(7 + 273) Quantidade termodinâmica de um sistema físico associada
Finalizando os cálculos, tem-se: ao grau de desordem desse sistema. Quanto mais desorde-
nado o sistema, maior sua entropia.
ecarnot = 14
Habilidade
Utilizar leis físicas e/ou químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da ter-
21 modinâmica e/ou do eletromagnetismo.
A habilidade 21 avalia a capacidade do estudante de entender conceitos da Física, sua importância histórica e saber
aplicá-los no cotidiano. Como diz o segundo eixo cognitivo: “Construir e aplicar conceitos das várias áreas do conhe-
cimento para a compreensão de fenômenos naturais, de processos histórico-geográficos, da produção tecnológica e
das manifestações artísticas”.
Modelo
(Enem) Aumentar a eficiência na queima de combustível dos motores a combustão e reduzir suas emissões de poluen-
tes são a meta de qualquer fabricante de motores. É também o foco de uma pesquisa brasileira que envolve expe-
rimentos com plasma, o quarto estado da matéria e que está presente no processo de ignição. A interação da faísca
emitida pela vela de ignição com as moléculas de combustível gera o plasma que provoca a explosão liberadora de
energia que, por sua vez, faz o motor funcionar.
Disponível em: <www.inovacaotecnologica.com.br>. Acesso em: 22 jul. 2010 (adaptado).
No entanto, a busca da eficiência referenciada no texto apresenta como fator limitante:
a) O tipo de combustível, fóssil, que utilizam. Sendo um insumo não renovável, em algum momento estará esgotado.
b) Um dos princípios da termodinâmica, segundo o qual o rendimento de uma máquina térmica nunca atinge o ideal.
c) O funcionamento cíclico de todo os motores. A repetição contínua dos movimentos exige que parte da energia seja
transferida ao próximo ciclo.
d) As forças de atrito inevitável entre as peças. Tais forças provocam desgastes contínuos que com o tempo levam qualquer
material à fadiga e ruptura.
e) A temperatura em que eles trabalham. Para atingir o plasma, é necessária uma temperatura maior que a de fusão do
aço com que se fazem os motores.
75
Análise expositiva - Habilidade 21: Nessa questão, o aluno precisa se lembrar do enunciado da Segunda Lei
B da Termodinâmica e relacioná-la com o rendimento para a máquina de Carnot.
Alternativa B
DIAGRAMA DE IDEIAS
TERMODINÂMICA
DEGRADAÇÃO
DE ENERGIA
RENDIMENTO
ENTROPIA
MÁXIMO
ANTI-HORÁRIO HORÁRIO
MÁQUINA MÁQUINA
FRIGORÍFICA TÉRMICA
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