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AULAS Trabalho, potência e rendimento

35 e 36
Competências: 3, 5 e 6 Habilidades: 8, 17 e 23

1. Trabalho de uma força constante ​___›


O corpo​_›_ ilustrado na figura a seguir se desloca em uma trajetória retilínea. O deslocamento do corpo é d ​ ​ .   Considere uma
força F ​
​   constante atuando no corpo, isto é, o módulo, a direção
​___› e o sentido da força são
​_›_ constantes, ainda que essa força
seja aplicada sob um ângulo q em relação ao deslocamento d ​ ​   é representado pela letra grega t
​ .   O trabalho da força F ​
(lê-se “tau”) e é definido por:

t = F ∙ d ∙ cos q

No SI, a unidade de trabalho é o joule, cujo símbolo é J.


O fator cos q é adimensional, ou seja, não tem unidade. Assim:
(unidade de t) = (unidade de F) ⋅ (unidade de d)
J=N⋅m
Dessa forma, 1 J é igual ao produto de 1 N por 1 m.
O valor de cos θ varia de –1 a 1, dependendo do ângulo θ, de modo que é possível separar a equação do trabalho em duas situ-
ações, uma delas considerando o ângulo θ agudo, ou seja, 0 < q < 90º; nesse caso, cos q > 0, e, portanto, o trabalho será positivo.

<

Para um ângulo q obtuso, ou seja, 90º < q < 180º, tem-se cos q < 0, e o trabalho será negativo.
Para os valores de q = 0, q = 90º e q = 180º, as situações são ainda mais simplificadas. Observe a imagem a seguir:

6
Em geral, quando 0 ≤ q < 90º, o trabalho é positivo, e a
força age sobre o corpo de modo a aumentar sua veloci-
dade, ou seja, a força “ajuda” o movimento. Nesses casos,
afirma-se que se trata de um trabalho motor. Quando
90º < q ≤ 180º, o trabalho é negativo, e a força atua di-
minuindo a velocidade do corpo, isto é, a força “se opõe”
ao movimento. Nesses casos, afirma-se que se trata de um
trabalho resistente.
Quando o trabalho é nulo, o que ocorre para q = 90º, a for-
ça não contribui para o movimento do corpo. Nesse caso, a
força é perpendicular ao deslocamento.

1.1. O trabalho total Resolução:


​____›
O trabalho da força F e o trabalho da força de atrito F​ A ​   são:
Quando mais de uma força atua sobre um corpo, cada uma
delas realiza trabalho. Por definição, o trabalho total ao
longo de um deslocamento é a soma dos trabalhos de
cada uma das forças:

ttotal = tF1 + tF2 + tF3 + tF4 + ...


_​›_
Considerando que a resultante dessas forças seja F ​ ​ R  , é pos-
sível demonstrar_​que o trabalho total é igual ao trabalho da
›_
força resultante F ​
​ R  :

tF = F d ∙ cos q = (100)(5,0)(0,80) = 400


tF = 400 joules = 400 J

tFA = FA ∙ d ∙ cos 180º = (20)(5,0)(–1)


tFA = –100 joules = –100 J
​____› ​___›
As forças F​N ​  e P ​
​    são perpendiculares ao deslocamento e,
portanto, seus trabalhos são nulos:
tP = tFN = 0
Assim, o trabalho total é:
ttotal = tF + tFA + tP + tFN = (400 J)
+ (–100 J) + 0 + 0 = 300 J
Calcule o trabalho total novamente, mas através do traba-
tFr = ttotal
lho da força resultante FR.

Aplicação do conteúdo
1. A figura a seguir mostra um bloco apoiado em uma su-
perfície
​__› horizontal, sendo puxado para a direita por uma
força ​F ​   de intensidade
​___› F = 100 N. Sob o bloco ​___› também
atuam o peso ​P ​  , a normal e a força de atrito ​FA  ​ . Supondo
P = 90 N, FA= 20 N, sen q = 0,60​___› e cos q = 0,80, e que o
deslocamento do bloco foi de d ​ ​    = 5 N, calcule o traba-
lho de cada força e o trabalho total.

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2. Trabalho quando a
força é variável ou a
trajetória é curva
No tópico anterior, o trabalho de uma força constante foi
definido para o movimento de um corpo em uma trajetória
retilínea. Caso a força não seja constante, ou a trajetória
não seja retilínea, ainda em ambos os casos, faz-se a se-
guinte aproximação: a trajetória é dividida em diversos se-
guimentos bem pequenos, de modo que cada trecho possa
ser aproximado por uma trajetória retilínea, em que a força
é aproximadamente constante. Assim, para cada trecho,
obtém-se o trabalho pela expressão:

Decompondo a força F nas componentes horizontal Fx e


vertical Fy, tem-se:

Fx = F ∙ cos q = (100N)(0,80) = 80 N
Fy = F ∙ sen q = (100N)(0,60) = 60 N
t = F ∙ d ∙ cos q

A força resultante é dada pelas duas componentes hori- O trabalho na força em questão, na trajetória curva, é obti-
zontais: do pela soma do trabalho em cada trecho.

FR = Fx – FA = (80 N) – (20 N) = 60 N O cálculo exato desse procedimento requer a aplicação do


cálculo integral. Contudo, existem alguns casos particula-
tFR = FR ∙ d ∙ cos 0º = (60 N)(5,0 m) = 300 J res que serão analisados a seguir.
Então, conclui-se que:
ttotal = tFR 2.1. Força variável
Em primeiro lugar, considere o caso de deslocamento _​›_ re-
tilíneo de um bloco sob a​_›_ ação de uma força F ​​   constante
(figura a seguir). A força
_​›_ F ​
​   pode ser_​›_ decomposta nas com-
ponentes tangencial (​F ​t  ) e normal (​F ​n  ) , e, assim, o trabalho
é dado por:

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Trabalho de um força - Mãozinha em Física
011
Ft = F ∙ cos q

8
tF = F ∙ d ∙ cos q = (F ∙ cos q) ∙ d = Ft ∙ d
_​›_
Dessa forma,
​_›_ o trabalho da força F ​
​   e o da sua componente
​ t   são iguais. O produto Ft ⋅ d é numericamente
tangencial F ​
igual à área da região colorida na figura a seguir.

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Trabalhar como área sob a curva | Trabalho
e energia |...
tFt = Ft ∙ d
_​›_
Para uma força F ​
​   variável, e qualquer formato de trajetória,
o trabalho pode ser obtido se o gráfico da componente
2.2. Força-peso
tangencial da força pela posição for conhecido. Nesse caso, Como exemplo, considere o movimento da partícula na
a área da região entre S1 e S2 e a curva da componente figura a seguir, de um ponto A para um ponto B, próximo
tangencial são numericamente iguais ao trabalho da força à superfície da Terra, ao longo de uma trajetória qualquer.
(como no caso anterior). Devido ao movimento ser próximo ​___› à superfície, pode-se
considerar que o valor do peso P ​ ​   da partícula é constante.
Nesse caso, é​___›possível demonstrar que o módulo do traba-
lho do peso P ​
​   durante o deslocamento é dado por:

|tAB| = P ∙ h

O valor de h é o desnível entre os pontos A e B (diferença


Por convenção, quando o gráfico ​_›_ está acima do eixo hori-
de altura ao longo da direção vertical). Se a partícula se
zontal, o trabalho é positivo (​F ​t   tem o mesmo sentido do
mover para baixo, ou seja, se o ponto A estiver mais alto
movimento). Quando o gráfico​_›_ está abaixo do eixo hori-
que o ponto B, o trabalho será positivo, uma vez que o
zontal, o trabalho é negativo (​F ​t   tem sentido oposto ao do
movimento da partícula ocorrerá no mesmo sentido da for-
movimento).
ça-peso. Se a partícula subir, ou seja, se o ponto A estiver
abaixo do ponto B, o movimento da partícula será contrá-
rio ao peso, e o trabalho será negativo.
tAB = + Ph e tBA = – Ph

2.3. Forças conservativas


No caso anterior, o trabalho da força-peso entre dois pon-
tos A e B não depende da trajetória da partícula, apenas

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das posições inicial e final que determinam o valor de h. As resistente. Para realizar o exercício, o elástico pode ser
forças que têm essa característica são denominadas for- puxado tanto pelas mãos quanto pelas pernas.
__
​›
ças conservativas. Observe a seguir a razão disso.
Quando o elástico começa a ser esticado ​____›
com uma força  ​ 
F​  
, o elástico exerce uma força elástica F​el ​ de resistência, ou
2.3.1. Força centrípeta e força normal seja, essa força de resistência tenta impedir que o elástico
No caso da força centrípeta (resultante ou não) que atua seja ainda mais distendido. Assim, à medida que a força
sobre uma partícula em movimento circular, o trabalho pode que puxa o elástico aumenta, maior é a força de resistência
ser obtido pelo método exemplificado anteriormente. A tra- causada pelo elástico. Dessa forma, é cada vez mais difícil
jetória é dividida em pequenos trechos que podem ser consi- estender o elástico. Caso a força aplicada sobre o elástico
derados como aproximadamente retilíneos (figura a seguir). diminua, a força elástica fará com que o elástico retorne à
configuração inicial sem deformação. No caso do elástico,
a constante elástica k é a propriedade relacionada à “resis-
tência” do elástico, isto é, ela determina o quanto de força
é necessário para esticá-lo de uma certa quantidade.
O gráfico da força aplicada pela deformação é dado pela
lei de Hooke (F = kx). Considerando o exemplo do alonga-
mento do elástico e adotando o sentido da esquerda para
a direita como positivo, tem-se o gráfico:

Como a força centrípeta é perpendicular ao deslocamento,


o trabalho é nulo em cada trecho. O trabalho de uma força
centrípeta é a soma do trabalho em cada trecho; portanto,
o trabalho é nulo.
A mesma situação ocorre para a força normal no movi-
mento retilíneo ou curvo de um corpo em uma superfície. O trabalho é obtido pela área do triângulo da figura, uma
vez que, numericamente, a área desse triângulo é igual ao
trabalho da força. Para o caso de uma força em uma mola,
tanto ao comprimi-la quanto ao esticá-la, o raciocínio é o
mesmo, mas, nesse caso, como o deslocamento da mola
pode ocorrer nos dois sentidos, as forças de distensão e
compressão na mola são variáveis. Contudo, o trabalho
também é obtido pela área do triângulo, como indicado
na figura.

​ 1 ​ kx2 e  tFel = – ​ __


tF = __ 1 ​  kx2
2 2

__
​›
No exemplo do elástico, o trabalho realizado pela força  ​ 
F​  
Em cada trecho, a força normal é perpendicular ao movi- exercida pela pessoa corresponde à energia que fica arma-
mento; portanto, o trabalho é nulo. zenada na mola sob a forma de energia potencial elástica,
como será visto adiante.

3. Trabalho da força elástica A força elástica sempre se opõe à deformação da mola,


tendendo a levá-la para a posição de equilíbrio (mola não
Nas academias de ginástica, é comum haver um apare- deformada). Desse modo, a força elástica realizará trabalho
lho para fortalecer os músculos feito de um elástico bem positivo ou negativo.

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Em geral, pode-se dizer que o trabalho exercido por uma
mola durante um deslocamento, em que inicialmente sua
deformação é x1 e depois x2, é dado por:
1 ​  ∙ k ∙ (x 2 – x 2)
tFel = – ​ __
2 2 1

Assim, se a deformação da mola aumentar (x2 > x1), o tra-


A potência média (Pm) de uma força, no intervalo de
balho da força elástica será negativo (tFel < 0). E se a mola
tempo (Dt), é a razão entre o trabalho dessa força (t) e o
tiver reduzida sua deformação (x2 < x1), o trabalho da força
intervalo de tempo:
elástica será positivo (tFel > 0).
Pm = ___
​  τ  ​ 
t

Como exemplo, considere que, em 6 segundos, uma força


tenha realizado trabalho de 30 joules. A potência média
dessa força será:
30 joules
Pm = ___
​  τ  ​ = _________
​    ​ 
= 5 joules/segundo = 5 J/s
t 6 segundos
Assim, essa força terá realizado, em média, um trabalho de
5 joules a cada segundo.
No Sistema Internacional, a unidade de potência é o watt,
multimídia: vídeo cujo símbolo é W. Da equação anterior:
Fonte: Youtube 1 W = 1 J/s
Física - Introdução ao trabalho e energia No exemplo dado, a potência, em watts, é:
(Khan Academy)
Pm = 5 J/s = 5 watts = 5 W

4. Potência média de uma força 5. Potência instantânea


A figura a seguir ilustra simplificadamente um motor que é A potência instantânea é uma potência para um instan-
usado para movimentar um elevador. Quando o elevador é te de tempo específico. Geralmente, o cálculo da potência
​__›
erguido, a força F ​ ​  aplicada sobre o elevador realiza trabalho. instantânea é complexo. No entanto, a potência instantâ-
Dois motores diferentes podem ter desempenhos diferentes, nea pode ser calculada pela mesma fórmula da potência
isto é, a força aplicada por cada motor pode ser diferente e, média nos casos em que a potência é constante.
nesse caso, o trabalho realizado por cada um, em um certo
intervalo de tempo, será diferente. Nesse caso, considera-
-se que aquele que realizar a maior quantidade de traba- 6. Potência e velocidade _​›_
lho nesse intervalo de tempo terá maior potência. Assim, a Considere, como ilustrado na figura, uma força constante F ​​   
potência pode indicar com que rapidez um trabalho está ​___› um intervalo de tempo Dt
agindo sobre um bloco durante
sendo realizado. e causando o deslocamento d ​​   do bloco.

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A potência média da força nesse intervalo de tempo é:
8. Potência e energia
Foi considerado anteriormente o cálculo da potência por
meio do trabalho de uma força. Entretanto, o conceito de
potência aplica-se, em geral, a qualquer processo em que
exista fluxo de energia. Se uma quantidade de energia DE
for fornecida ou recebida por um sistema no intervalo de
tempo Dt, a potência média fornecida (ou recebida) por

(  )
esse sistema será:
Pm = ___ ​ F ⋅ d ⋅  ​
​  τ  ​  =_________ cos u 
=
  ​  d  ​   ​∙ cos q
F ∙ ​___
t t t E  ​
Pm = F ∙ vm ∙ cos u Pm = ​​ ___
t ​
Em que vm é o módulo da velocidade média. A potência instantânea também é definida do mesmo modo
No caso de valores instantâneos, sendo P a potência ins- para um instante de tempo específico. Como anteriormente,
tantânea e v a velocidade instantânea, tem-se: nos casos em que a potência é constante, a fórmula é válida.
A propriedade gráfica vista para potência também pode ser
P = F ∙ v ∙ cos q utilizada nesse caso mais geral da potência.
Quando a força é paralela à velocidade, tem-se q = 0°,
e, nesse caso particular, como cos 0° = 1, a potência é Aplicação do conteúdo
dada por:
1. Um ferro elétrico de passar roupas tem a especifica-
P=F∙v ção de potência igual a 2.000 W. Caso esse ferro seja
utilizado durante 3,0 horas, qual será a energia elétrica

7. Propriedade gráfica
consumida?

Resolução:
Considere o gráfico a seguir da potência em função do
tempo. Nesse caso, a potência é constante ao longo do A indicação 2.000 W significa que a potência consumida é
tempo. A área da região colorida é numericamente igual ao 2.000 W, ou seja, lembrando que:
trabalho t realizado no intervalo de tempo Dt: 1 W = 1J / 1 s
A cada segundo são consumidos 2.000 joules de energia
elétrica (que é transformada em calor). Então:
Dt = 3,0 horas = (3,0)(3.600 s) = 10.800 segundos
Assim:

​ E ​ ⇒ DE = P ⋅ (Dt) = (2.000 W) (10.800 s)


P = ___
t
= 2,16 ∙ 107 W ∙ s
DE = 2,16 ⋅ 107 joules ≅ 20 milhões de joules
​  τ  ​  ⇒ t = P ∙ (Dt)
P = ___
t
Essa propriedade também é válida quando a potência é va-
riável. Assim, para a potência variável do gráfico da figura, 9. Outras unidades de
a área da região colorida também é numericamente igual
ao trabalho realizado no intervalo de tempo Dt.
energia e de potência
9.1. O quilowatt-hora
Na prática, a unidade joule é uma medida de energia muito
pequena em comparação com a energia consumida pelos
aparelhos comuns (como podemos perceber na resolução
do exercício anterior). Assim, uma outra unidade de ener-
gia, o quilowatt-hora, cujo símbolo é kWh, é utilizada.
A energia correspondente à potência de 1 kW durante 1
hora é, por definição, igual a 1 kWh. Então:

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1 kWh = (1 kW)(1 h) = (103 W)(3.600s) = 3,6 uma massa de 50 gramas pendurada, em repouso, em
⋅ 106 W ⋅ s = 3,6 ⋅ 106 joules = 3,6 ∙ 106 J sua outra extremidade. O trabalho realizado pela fibra
sobre a massa, ao se contrair 10% erguendo a massa
1 k Wh = 3,6 ∙ 106 J até uma nova posição de repouso, é:
Se necessário, utilize g = 10 m/s2.
No exercício do ferro de passar roupas, a energia em kWh a) 5 ∙ 10-3 J.
consumida pelo ferro de passar é: b) 5 ∙ 10-4 J.
c) 5 ∙ 10-5 J.
DE = P ⋅ (Dt) = (2.000 W) (3 horas) d) 5 ∙ 10-6 J.
= (2 kW)(3 h) = 6 kWh
Resolução:

9.2. O horsepower e o cavalo-vapor Dados: L = 1 mm = 10-3 m; m = 50g = 50 ∙ 10-3 kg; h =


10% L = 0,1(10-3) m = 10-4; g = 10 m/s2
Por razões históricas, duas unidades de potência que não
pertencem ao SI ainda são utilizadas: o horsepower (po- O trabalho realizado pela força tensora exercida pela fibra
tência de um cavalo), cujo símbolo é HP, e o cavalo-va- é igual ao ganho de energia potencial.
por, cujo símbolo é cv. As relações entre essas unidades tP = mgh = 50 ∙ 10-3 ∙ 10 ∙ 10-4 ⇒ τF = 5 ∙ 10-5 J.
e o watt são:
Alternativa C
1 cv ≅ 735
2. (FMP) Um objeto de massa m, que pode ser tratado
1 HP ≅ 746 W W
   como uma partícula, percorre uma trajetória retilínea, e
sua velocidade varia no tempo, de acordo com a função

10. Rendimento
cujo gráfico está descrito na figura a seguir.

A figura a seguir ilustra uma máquina qualquer que recebe


uma potência total (Pt). Para executar a tarefa especí-
fica para a qual a máquina foi planejada, apenas uma par-
te dessa potência total é utilizada. Essa parte é a potência
útil (Pu). A outra parte da potência é perdida: trata-se da
denominada potência dissipada (Pd).

Considere os três instantes assinalados na figura: o ins-


tante t0, no qual a velocidade do objeto vale v0, o instan-
te t1, no qual a velocidade vale -v0, e o instante t2, para o
qual a velocidade do objeto continua valendo -v0.
Os trabalhos realizados pela força resultante sobre o
Pt = Pu + Pd objeto entre os instantes t0 e t1 (τ1), e entre os instantes
O rendimento (h) é definido pela razão entre a potência t1 e t2 (τ2), valem:
útil e a potência total: a) τ1 < 0 e τ2 < 0.
b) τ1 > 0 e τ2 < 0.
P
h = __
​  u ​  c) τ1 = 0 e τ2 = 0.
Pt d) τ1 > 0 e τ2 = 0.
e) τ1 = 0 e τ2 < 0.

Aplicação do conteúdo Resolução:

1. (Unicamp) Músculos artificiais feitos de nanotubos Pela segunda Lei de Newton da dinâmica:
de carbono embebidos em cera de parafina podem su-
FR = m ∙ a
portar até duzentas vezes mais peso que um músculo
natural do mesmo tamanho. Considere uma fibra de O trabalho de uma força para um deslocamento retilíneo é:
músculo artificial de 1 mm de comprimento, suspensa
verticalmente por uma de suas extremidades e com τ=F∙d

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Para a força resultante: P = F ∙ vm = F ∙ ___ ​ ∆v ​ 
2
τ=m∙a∙d E pela segunda Lei de Newton:
De acordo com a figura a seguir, a área amarela é compos- F = m ∙ a = m ∙ ___ ​ ∆v ​ 
∆t
ta de dois triângulos de mesma área, sendo uma negativa
Assim,
e outra positiva. Essas áreas correspondem ao desloca- (∆v)2
mento do objeto de massa m. ​ ∆v ​ ∙ ___
P = m ∙ ___ ​ ∆v ​ [ P = m ∙ ____
​   ​  
∆t 2 2∆t
Então, substituindo os valores:
(30 m/s)2
P = 1450 kg ∙_______​   ​  
 P = 163 ∙ 125 W = 1,63 ∙ 105 W
[
2∙4s
Alternativa B
4. (Enem) Para irrigar sua plantação, um produtor rural
construiu um reservatório a 20 metros de altura a par-
tir da barragem de onde será bombeada a água. Para
alimentar o motor elétrico das bombas, ele instalou um
painel fotovoltaico. A potência do painel varia de acor-
do com a incidência solar, chegando a um valor de pico
Assim, o trabalho da força resultante entre t0 e t1 (W1) será de 80 W ao meio-dia. Porém, entre as 11 horas e 30
nulo devido aos deslocamentos opostos: minutos e as 12 horas e 30 minutos, disponibiliza uma
potência média de 50 W. Considere a aceleração da gra-
τ1 = m ∙ (- a) ∙ (d – d) = 0 vidade igual a 10 m/s2 e uma eficiência de transferência
energética de 100%.
Em que cada deslocamento refere-se à área de um triân-
Qual é o volume de água, em litros, bombeado para o
gulo, com os valores iguais em módulo, mas de sinais di-
reservatório no intervalo de tempo citado?
ferentes.
a) 150.
Já em relação à área azul, tem-se um movimento com ve- b) 250.
locidade constante, ou seja, a força resultante é nula e a c) 450.
aceleração também, resultando em trabalho nulo. d) 900.
e) 1.440.
τ2 = m ∙ (a) ∙ (d) = 0 (a = 0)
Resolução:
Portanto, em todo o trecho, o trabalho realizado pela força
resultante é nulo. A potência da bomba é usada na transferência de energia
potencial gravitacional para água.
Alternativa C Epot
Pm = ___
​   ​  ⇒ Epot = Pm∆t ⇒ mgh = Pm∆t ⇒
3. (IFBA) Uma campanha publicitária afirma que o veícu- ∆t
lo apresentado, de 1.450,0 kg, percorrendo uma distân- P ∆t ________
cia horizontal, a partir do repouso, atinge a velocidade m =​  _____
m
= ​ 50 ∙ 3600
 ​    ​  
= ​ 1800
 ____  ​  ⇒ m = 900 kg ⇒
gh 10 ∙ 20 2
de 108,0 km/h em apenas 4,0 s. Desprezando as forças
dissipativas e considerando g = 10 m/s2, podemos afir- V = 900 L
mar que a potência média, em watts, desenvolvida pelo Alternativa D
motor do veículo, nesse intervalo de tempo é, aproxi-
madamente, igual a: 5. (UEL) Leia o texto a seguir.
Um dos principais impactos das mudanças ambientais
globais é o aumento da frequência e da intensidade de
fenômenos extremos, que quando atingem áreas ou re-
giões habitadas pelo homem, causam danos. Responsá-
veis por perdas significativas de caráter social, econô-
a) 1,47 ∙ 105. mico e ambiental, os desastres naturais são geralmente
b) 1,63 ∙ 105 . associados a terremotos, tsunamis, erupções vulcânicas,
c) 3,26 ∙ 105. furacões, tornados, temporais, estiagens severas, ondas
d) 5,87 ∙ 105. de calor etc.
e) 6,52 ∙ 105. (Disponível em: <www.inpe.br>. Acesso em: 20 maio 2015.)
Resolução: É possível relacionar o caos de um desastre natural com
o fenômeno de um terremoto. O sismógrafo vertical,
A potência média é dada pelo produto entre o módulo da representado na imagem a seguir, é um dos modelos
força e a velocidade escalar média: utilizados para medir a intensidade dos tremores.

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A massa que está na ponta da haste tem 100 g e o com-
primento da haste, da ponta até o pivô de articulação,
é de 20 cm. Durante um tremor, a haste se move para
baixo e isso causa um deslocamento de ​ π__  ​rad entre a
6
sua posição de equilíbrio e a nova posição.

Considerando que sen ​​  π


6 (  )
__  ​  ​ = ​ 1
__  ​, assinale a alternativa
2
que apresenta, corretamente, a energia despendida no
processo.
a) 0,01 J.
b) 0,10 J.
c) 1,10 J.
d) 10,001 J.
e) 100,10 J.
Resolução:

Usando a trigonometria, é possível obter a altura h (ca-


teto oposto ao ângulo dado) com o cateto fornecido
(cateto adjacente) através __ da tangente.
π h √
​ 3 ​
tg __
​   ​  = _____
​      ​ ⇒ ___  
​   ​  = h/20 cm [ h = 11,5 cm
6 20 cm 3
= 0,115 m
Com o deslocamento vertical h, pode-se calcular o trabalho
da força peso
τp = mgh ⇒ Ep = 0,100 kg ∙ 10 m/s2 ∙ 0,115 m
τp = 0,115 J
Alternativa B

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VIVENCIANDO

Antes da Primeira Revolução Industrial, o processo industrial era artesanal, exigindo gasto energético do homem para
produzir todos os objetos manufaturados. A revolução industrial impulsionou e foi impulsionada por invenções de
máquinas capazes de realizar trabalhos de forma muito mais eficiente.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

A palavra “trabalho”, quando utilizada no cotidiano, não possui o mesmo significado de quando é utilizada dentro
do vocabulário técnico das ciências exatas. Os dicionários definem o trabalho como:
1. conjunto de atividades, produtivas ou criativas, que o homem exerce para atingir determinado fim; e
2. atividade profissional regular, remunerada ou assalariada.
Entretanto, na Física o trabalho é definido como “uma medida da energia transferida pela aplicação de uma força ao
longo de um deslocamento”. Por isso, deve-se tomar cuidado com a utilização das palavras a depender do contexto
em que é empregada.

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ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

Habilidade
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implica-
23 ções éticas, ambientais, sociais e/ou econômicas.

A habilidade 23 é aqui empregada na identificação do tipo de trabalho, do cálculo da potência energética e do rendi-
mento, uma vez que potência e rendimento são grandezas relevantes no cotidiano moderno, repleto de equipamentos
eletrônicos.

Modelo
(Enem) Para reciclar um motor de potência elétrica igual a 200 W, um estudante construiu um elevador e verificou
que ele foi capaz de erguer uma massa de 80 kg a uma altura de 3 metros durante 1 minuto. Considere a aceleração
da gravidade 10,0 m/s2.
Qual a eficiência aproximada do sistema para realizar tal tarefa?
a) 10%
b) 20%
c) 40%
d) 50%
e) 100%

Análise expositiva - Habilidade 23: Essa é uma questão rápida para os moldes do Enem, mas nem por isso é
B fácil. O aluno deve ser capaz de encadear as passagens matemáticas para resolver a questão sobre rendimento.
Trabalho da força-peso realizado pelo motor:
t = mgh = 80 ⋅ 10 ⋅ 3 ⇒ t = 2400 J
Potência necessária para produzir o trabalho por 1 min:
​  t  ​ = _____
P = ___ 2400
​   ​  ⇒
  P = 40 W
∆t 60
Portanto, a eficiência do sistema é de:
​ 40  ​  
η = ____ = 0,2
200
∴ η = 20%
Alternativa B

17
DIAGRAMA DE IDEIAS

TRANSFORMA A
TRABALHO
ENERGIA MECÂNICA

FORÇA CONSTANTE t = F · D · COS θ

FORÇA TOTAL t TOTAL t = tFR


TOTAL

FORÇA VARIÁVEL ÁREA DO GRÁFICO FXD

FORÇA - PESO |t| = P · h

FORÇA CENTRÍPETA t =0

t = − kx2
2
FORÇA ELÁSTICA

RAPIDEZ DE REALIZAÇÃO
POTÊNCIA
DO TRABALHO

POTÊNCIA MÉDIA PM = t
Dt

POTÊNCIA
P = F · v · cos θ
INSTANTÂNEA
1 HP j 746 W

CONVERSÕES 1 CV j 735 W

1 kWh j 3,6 · 106 J

PU
RENDIMENTO h=
PT

18
AULAS Energias cinética, potencial e mecânica
37 e 38
Competências: 3, 5 e 6 Habilidades: 8, 17 e 23

1. Energia O caso de um automóvel em movimento é outro exemplo


que ilustra a transformação de energia. Para se movimen-
A energia é uma grandeza fundamental na Física. No en- tar, o automóvel necessita de algum tipo de combustível
tanto, o conceito de energia pode não ser muito claro. Um (álcool, gasolina, gás ou óleo diesel). O motor do automó-
motivo para isso é o fato de existirem diversas formas de vel funciona devido à queima do combustível em uma câ-
energia; daí a dificuldade de apresentar uma definição que mara de combustão. A energia da explosão do combustível
abranja todas elas. Não obstante, existe uma característica nessa câmara é transformada em movimento, que é trans-
importante envolvendo a energia: o total de energia do Uni- mitido para as rodas. Assim, o combustível possui energia,
verso se mantém constante. Assim, ocorrem transformações pois é capaz de produzir movimento. A energia armazena-
de energia, ou seja, mudanças de uma forma de energia em da no combustível é denominada energia química, pois
outra, enquanto a energia total se mantém constante. sua liberação ocorre por meio de reações químicas entre
A definição de energia a seguir, embora não seja totalmen- as moléculas do combustível e do oxigênio (esse tema é
te satisfatória, serve para um grande número de situações estudado em detalhes nas aulas de Química).
do dia a dia.
No caso do automóvel, parte da energia química do com-
bustível transforma-se em calor. Por essa razão, os automó-
Quando um conjunto formado por um ou mais corpos
veis se aquecem quando estão em funcionamento. Além
pode produzir, de algum modo, o movimento de obje-
disso, parte da energia também é transformada em ener-
tos, esse conjunto tem energia.
gia elétrica e é consumida pelos faróis e por outros equi-
pamentos elétricos instalados no veículo (rádio, limpadores
de parabrisa, etc.).
1.1. Exemplos de
transformação de energia
Na figura, existem duas bolas de aço, A e B, sobre uma
superfície plana. A bola A se move com velocidade vA em
direção à bola B, que está em repouso. Depois da colisão, a
bola B passa a se movimentar com velocidade vB, enquanto
a bola A passa a ter outra velocidade, v’A.

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Energia – nerdologia

Esse exemplo ilustra o fato de que, por estar em movimento,


2. Teorema da energia cinética
a bola A foi capaz de movimentar a bola B; ou seja, a bola Considere o movimento de uma partícula ao longo de uma
A possui energia de movimento, também denominada ___› figura a seguir. No ponto A, a
trajetória qualquer, como ​_na
energia cinética (a palavra “cinética” vem do grego kin- velocidade da partícula é v​ A ​,   e, depois
​____›
de certo intervalo de
neticos, que significa “movimento”). tempo, a velocidade no ponto B é v​ B ​.  

19
vA

O trabalho total tAB realizado pelas forças sobre a partícula, Pela equação, pode-se observar que, no SI, a unidade de
entre os pontos A e B, é: energia cinética e trabalho é a mesma, o joule (J).

mv​  2 ​  mv​  A2​  
tAB = ___
​   ​B  – ___
​   ​    Aplicação do conteúdo
2 2
1. Um automóvel tem massa de 800 kg e se move a 10
m/s. A energia cinética Ec do automóvel é (utilizando a
Na equação, é importante observar que o trabalho depen-
equação anterior):
de das velocidades apenas do início e do fim do trajeto.
A energia cinética (Ec) de uma partícula de massa m e
velocidade v é dada por:

​ mv   ​ 
2
EC = ___
2

Assim, é possível calcular a energia cinética da partícula


Resolução:
nos pontos A e B.
(800)(10)2
​ mv ​  =________
2

No ponto A, a energia cinética é: EC = ___ ​   ​   = 4,0 ∙ 104


2 2
mv​ A 2​   EC = 4,0 ∙ 104 joules = 4,0 ∙ 104 J
EC = ___
​   ​   
A 2
De modo semelhante, no ponto B: Considere o caso particular do movimento de um corpo em
mv​ B 2​   uma trajetória retilínea sob a ação de uma força resultante
EC = ___
​   ​    constante. Será demonstrado o teorema da energia cinéti-
B 2
Assim, o teorema da energia cinética pode ser expresso com: ca para esse caso.
A figura a __​seguir ilustra o deslocamento de um corpo por
tAB = EC – EC = DEC ›
B A uma força F ​
​  entre
____ os pontos A e B. No ponto A, a____velocida-
​ › ​›
Em que a variação de energia cinética entre os pontos A e de do corpo é v​ A ​,  e, no ponto B, a velocidade é v​ B ​. 
B é igual DEC.

vA vB

F F

Pela equação de Torricelli, a aceleração do corpo e as velocidades nos ponto A e B estão relacionadas por:
v​ B 2​ = v​ A 2​ + 2ad

​ F  ​.  Assim, substituindo na equação anterior, obtém-se:


Pela segunda Lei de Newton, a aceleração é dada por a = __
m
F
v​ B 2​ = v​ A 2​ + 2​ __
m  ​d 
Nesse caso, porém, o trabalho da força entre os pontos A e B (tAB) é igual a F ∙ d. Assim, a equação anterior pode ser escrita:
mv​  2​  mv​ A 2​ 
F ∙ d = ___
​   ​B  – ___
​   ​  
2 2

20
Então: EC – EC = tP + tN + tFat
mv​  2​  mv​ A 2​ 
B A

τAB = ___
​   ​B  – ___
​   ​   128 – 18 = 200 + 0 + tFat
2 2
Essa última expressão é a fórmula que foi vista anterior- tFat = – 90 J
mente do teorema da energia cinética.
3. A figura ilustra o movimento de um bloco e o gráfico
mv​  2​  mv​ A 2​  da força que age sobre o bloco em ​_função
_› da distância.
Se o trabalho tAB for positivo, significa que ___​   ​B  > ___
​   ​,  ou A massa do bloco é m = 6,0 kg e ​F ​   é a resultante de
2 2
seja, a energia cinética aumentará entre os pontos A e B. todas as forças que atuam no bloco. No ponto s = 0, a
mv​  2​  mv​ A 2​  velocidade do bloco é v0 = 5 m/s.
Se o trabalho tAB for negativo, então ___​   ​B  < ___
​   ​,  e nesse
2 2 v0 v
caso a energia cinética entre os pontos A e B diminuirá.
2. Um bloco de massa m = 4,0 kg é abandonado do alto F
de um tobogã. Ao passar pelo ponto A, a velocidade do
bloco é vA = 3,0 m/s. No final do tobogã, no ponto B, a
velocidade do bloco é vB = 8,0 m/s. A força-peso, a força
normal e a força de atrito agiram sobre o corpo durante
o movimento. Sendo g = 10 m/s2, calcule o trabalho da 0 2 4 6 8 s (m)
força de atrito no trecho AB. F(N)
A
60

vA
30
h=5m
B
vB
2 4 6 8 s (m)

Resolução: Calcule a velocidade do bloco ao passar pela posição


s = 8 m e a força média no percurso.
Como a trajetória é curva, a força normal não se mantém
constante durante o movimento do corpo. Mesmo se o co- Resolução:
_​›_
eficiente de atrito m fosse conhecido, o trabalho não pode- O trabalho da força resultante F ​
​   é, numericamente, igual à
ria ser calculado pela fórmula t = F . d . cos q, pois a força área da região colorida na figura. O cálculo da área pode
de atrito não seria constante. Nesse caso, deve-se utilizar o ser feito, simplificadamente, dividindo a região em um re-
teorema da energia cinética. tângulo e em um triângulo. Assim, esse é o trabalho da
FN força entre a posição inicial s = 0 m até a posição s = 8 m.
FA 4 ∙ (30)
tF = (8)(30) + ​ ______
 ​  = 300 ⇒ τF = 300 J
2
F(N)

60

P
30

Nos pontos A e B, as energias cinéticas do bloco são:


mv​  2​   (4,0)(3,0)2
EC = ___
​   ​A  =________
​   ​   
= 18  EC = 18 J 2 4 6 8 s (m)
A 2 2 A
mv​   A​   (4,0)(8,0)2
2
EC = ___
​   ​  =________
​   ​   = 128  EC = 128 J Aplicando o teorema da energia cinética, obtém-se a velo-
B 2 2 B
cidade em s = 8 m:
​____›
O trabalho de F​N ​  é nulo (sempre perpendicular ao movi- mv​ 2​  
​ mv ​  – ___
2
tF = ___ ​   ​0  ⇒ 300
mento) e o trabalho do peso é: 2 2
(6,0) ∙ v2 ________
(6,0) ∙ (5)2 __
tP = P ∙ h = mgh = (4,0)(10)(5,0) = 200 J = ​ _______
 ​   – ​   ​   ⇒ v = 5​√5 ​ m/s
2 2 ​___
Então: ›
A intensidade da força média (​Fm )  corresponde a uma força
tFR = tP + tN + tFat constante agindo sobre o corpo que realizaria o mesmo

21
trabalho nesse percurso. Sendo Fm constante e paralela ao O valor exato da energia potencial depende da diferença
deslocamento, tem-se: de energia potencial entre dois pontos. Nesse caso, o va-
lor foi calculado em relação ao ponto A, distante de h em
Fm ∙ d = tF → Fm ∙ (8,0) = 300 → Fm = 37,5 N
relação à superfície (solo). Contudo, outro plano de refe-
rência poderia ter sido escolhido. Na análise de um mo-
vimento, depois que um plano de referência for escolhido,
ele deverá ser mantido até o fim da análise do movimento.

Aplicação do conteúdo
1. Uma partícula de massa m = 5,0 kg está 6,0 m acima
de um plano a paralelo ao solo. O plano a, por sua vez,
está distante 3,0 m do solo. Calcule a energia potencial
gravitacional da partícula.
m
multimídia: vídeo
g
Fonte: Youtube
O Brasil que o Brasil Quer – ENERGIA SUS- 6,0 m
TENTÁVEL

α
3. Energia potencial
3,0 m
gravitacional solo

Considere, como na figura a seguir, que um objeto de massa a) em relação a a;


m é solto, a partir do repouso, de uma altura h em relação b) em relação ao solo.
à superfície da Terra. Na posição inicial, de onde é solto, o
objeto não possui energia cinética, uma vez que sua veloci- Resolução:
dade é nula. Entretanto, ao cair, a velocidade do objeto au- m
menta como consequência da aceleração causada pela ação
da força-peso. Assim, no ponto inicial (ponto A), apesar de
não possuir energia cinética, o objeto possui energia po-
tencial, ou seja, o objeto possui energia que pode ser trans- 6,0 m
formada em energia cinética, caso o objeto possa se mover
pela ação da força-peso. Pelo teorema da energia cinética, o 9,0 m
trabalho da força-peso é igual à energia potencial. α

v0 = 0
3,0 m
A
g solo

a) A partícula está a uma altura h = 6,0 m acima de


a. Assim, em relação a a, a energia potencial gravita-
h
cional da partícula é:
Ep = mgh = (5,0 kg)(10 m/s2)(6,0 m) ⇒
Ep = 3,0 ∙ 102 joules = 3,0 ∙ 102 J
b) A particular está a uma altura h’ = 3,0 + 6,0 = 9,0
m em relação ao solo. Portanto, a energia potencial
gravitacional da partícula em relação ao solo é:
energia potencial = tP = Ph = mgh E’p = mgh’ = (5,0 kg)(10 m/s2)
(9,0 m) ⇒ E’p = 4,5 ∙ 102 J
Representando a energia potencial por Epg, tem-se:
A energia potencial associada ao peso é denominada
Epg = mgh energia potencial gravitacional, pois o peso é a
força exercida pela massa da Terra, a força de gravidade.

22
A energia potencial gravitacional de um corpo é cal-
culada pelo trabalho da força-peso sobre o corpo no
movimento de um certo ponto até um referencial.
Uma característica importante é que o trabalho inde-
pende da trajetóri; dessa forma, em um dado ponto,
o valor da energia potencial é único em relação a esse
referencial. Isso não ocorreria caso o trabalho do peso
dependesse da trajetória. Ao longo do curso, serão
analisadas outras forças, cujo trabalho entre dois
pontos também não depende da trajetória. Para cada
uma delas é possível definir uma energia potencial.

multimídia: livros
Geração de energia elétrica: fundamentos, de
Paulo Cesar Marques de Carvalho e Manuel
Rangel Borges Neto
O livro apresenta as formas de geração de Pela Lei de Hooke, a força elástica e a deformação se rela-
energia comuns ao mundo atual, dando ên- cionam por:
​___›
fase aos impactos sociais e ambientais acu- |F​ E ​|   = k|x|
sados pelas fontes de energia não renováveis
Assim, o trabalho da força elástica para ir de xA até O
e às vantagens do uso de fontes de energia
(tA → 0) é dado pela área da região colorida na figura a
não convencionais.
seguir. Sendo EP a energia potencial em A, tem-se:
A

4. Energia potencial elástica


O trabalho da força elástica não depende da trajetória. Assim,
a força elástica é uma força conservativa. Em consequência, a
energia potencial elástica é a energia potencial associada
à força elástica. O referencial para calcular a energia potencial
elástica será a posição na qual a mola não tem deformação.
Na figura a seguir, um corpo está preso em uma mola de
constante elástica k, inicialmente na posição (O) de equilí- (x )(kx ) kx​ A 2​  
brio, ou seja, a deformação x da mola é nula. Em seguida, a EP = tA → 0 = ______ ⇒ EP = ___
​  A  ​A    ​   ​   
A 2 A 2
mola está em uma configuração contraída e a deformação
EP = ​ kx
2
é negativa (xB < 0). Na terceira situação, a mola está esti- ___ ​  
2
cada e a deformação é positiva (xA > 0).
No entanto, a força elástica tenta restaurar o sistema para
a posição de equilíbrio, e, assim, o sentido da força elástica Aplicação do conteúdo
aponta para a posição O, tanto quando a deformação é
1. (IMED) Em uma perícia de acidente de trânsito, os pe-
positiva (na posição xA) como quando é negativa (na posi- ritos encontraram marcas de pneus referentes à frena-
ção xB). Assim, os trabalhos para ir de A ou de B até O serão gem de um dos veículos, que, ao final dessa frenagem,
positivos em qualquer uma das situações. estava parado. Com base nas marcas, sabendo que o

23
coeficiente de atrito cinético entre os pneus e o asfal- Admita 1 cal = 4 J e a aceleração da gravidade = 10 m/s2.
to é de 0,5 e considerando a aceleração da gravidade Com base nos dados, julgue as afirmativas.
igual a 10 m/s2, os peritos concluíram que a velocidade
( ) Se a quantidade de energia solar absorvida por esse
do veículo antes da frenagem era de 108 km/h.
painel em 2 minutos for de 20 kcal/cm2, a potência ge-
Considerando o atrito dos pneus com o asfalto como rada por ele será inferior a 200 W.
sendo a única força dissipativa, o valor medido para as ( ) A energia necessária para que o barco, partindo do re-
marcas de pneus foi de: pouso, atinja a velocidade de 20 m/s é superior a 3 . 105 J.
a) 30 m. ( ) Supondo-se que o painel de células solares forne-
b) 45 m. cesse 200 W para que o barco fosse acelerado a partir
c) 60 m. do repouso até atingir a velocidade de 72 km/h seriam
d) 75 m. necessários mais de 15 minutos.
e) 90 m. ( ) Para uma potência de 400 W gerada pelas células
solares, teremos uma energia correspondente de 100
Resolução: cal por segundo.
Pelo teorema da energia cinética, sabe-se que o trabalho ( ) O rendimento do painel solar prevê que, para cada
10 J de energia solar, 2,5 J são convertidos em energia
realizado pela força de atrito é igual à variação da ener-
elétrica.
gia cinética desenvolvida pelo corpo. Nesse caso, a força
é resistiva, ou seja, é contrária ao movimento do corpo e, Resolução:
portanto, tem sinal negativo.
mv​0 2​   Falsa. A potência é dada pela razão entre a energia e o
​ mv ​  – ___
2
τ = ∆EC ⇒ - Fat ∙ d = ___ ​   ​    tempo: P = __​ E ​ 
2 2 t
Como a velocidade final é nula, vem: Assim:
mv​ 2​   mv​0 2​   mv​0 2​  
–Fat ∙ d = – ___​   ​0  ⇒ d = ________
​    ​  [ d = ______
​    ​   P = E/t ⇒
2 2µC∙ m ∙ g 2 µC ∙ g
(  )
2
​ kcal2 ​ ∙______
​ 10 cal ​  ​ 10 cm ​  4 J    ​
3 2
Utilizando os dados do problema com a velocidade no SI, 20 ____ ∙ ​______
   ​   ​ ∙ 2m2 ∙ ____

tem-se que a distância medida da frenagem será: cm 1 kcal
_____________________________
P =    
​     1 m  ​ ∙ 0,25 1cal
​  60s  ​  
2 min ∙ _____
d = _____
 2​  
v​
0
​     ​  
(
⇒ d = ​ _________________
    
​  1 m/s 
​ 108 km/h ∙ _______
3,6 km/h
 ​⇒
) 2
 ​   ​ 1 min
[ P = 3,33 ∙ 106 W
2µC ∙ g 2 ∙ 0,5 ∙ 10 m/s2
Falsa. Desconsiderando os atritos:
​ 900 m /s2 ​ 
2 2
d = _______  
[ d = 90 m
10 m/s 1000 kg ∙ (20 m/s)2
Alternativa E EC = mv2/2 ⇒ EC = ______________
  
​   ​  [ EC = 2 ∙ 105 J
2
2. (Fepar) Um barco movido à energia solar tem gran- Verdadeira. A velocidade final no SI será:
des limitações para transportar passageiros e cargas. O ​  1 m/s 
v = 72 km/h ∙ _______  ​ 
= 20 m/s
maior dos problemas é o baixo rendimento das células 3,6 km/h
solares, que em sua maioria atingem 25% – convertem Usando a energia para esse valor de velocidade já calcu-
em energia elétrica apenas 25% da energia solar que lado:
absorvem. Outro grande problema é que a quantidade
​ 2 ∙ 10  ​J 
5
de energia solar disponível na superfície da Terra de- t = E/P ⇒ t =_______  
[ t = 1000 s
200 W
pende da latitude e das condições climáticas. = 16,67 min = 16 min 40s
Verdadeira. P = 400 W = 400 J/s ∙ ____ ​ 1 cal
 ​   [ P = cal/s
4J
Verdadeira. 25% de 10 J é 2,5 J
3. (Unisc) Um corpo de massa m1 e animado de uma ve-
locidade V1 possui uma energia cinética EC1 = ​ 1
__  ​ m V​2   ​. Se
1
2
a massa inicial for quadruplicada enquanto que a velo-
cidade inicial for reduzida pela metade, a nova energia
cinética EC2 em relação à primeira, vale:
a) o dobro;
b) o triplo;
Considere um barco movido a energia solar, com massa
c) a metade;
de 1.000 kg e um painel de 2 m2 de células solares, com
rendimento de 25% localizado em sua proa. Desconsi- d) a mesma;
dere as perdas por atrito de qualquer espécie. e) o quádruplo.

24
Resolução: a) mgL.

O aumento da massa em quatro vezes é justamente o in- b) __​ 1 ​  mgL.


2
verso do que acontece com o quadrado da velocidade e, __2
c) ​   ​  mgL.
portanto, não haverá mudança alguma. 3

Outra forma de resolução seria dividir as duas energias d) __ ​ 3 ​  mgL.


2
cinéticas entre si: e) 2 mgL.

E
___
__
​ 2
​  C2 ​ = ________
(  )
​  1 ​ 4 m​ __
V 2
​  1 ​  ​ E
2 ​    ___

​  1 ​ 4 m __
__
​ 2
​  C2 ​ = _______
V​ 2​  
​  1  ​ E
4 ​  [ ___
​  C2 ​ = 1
Resolução:
EC1 __1
​   ​ mV​ ​   E __1
​   ​ m V​1 ​   E
2 C1 2 C1 Pelo teorema da energia cinética, tem-se que τ = ∆EC.
2 1 2
Alternativa D Analisando a questão, verifica-se que existem 3 forças atu-
ando no sistema: tração, peso e atrito.
A tração faz a função da força centrípeta, portanto, não
executa trabalho.
O peso realiza trabalho e o seu módulo é exatamente a
variação da energia potencial do movimento.
O atrito também realiza trabalho.

Assim:

∆EC = - (τpeso + τatrito)


multimídia: vídeo Visualizando o plano inclinado de lado, tem-se:
Fonte: Youtube
Por que a energia solar não está em todos
os telhados?

4. (UFPR) Um objeto de massa m está em movimento cir-


cular, deslizando sobre um plano inclinado. O objeto está Do triângulo,
preso em uma das extremidades de uma corda de com-
primento L cuja massa e elasticidade são desprezíveis. A sen(30º) = h/2L = 1/2
outra extremidade da corda está fixada na superfície de h=L
um plano inclinado, conforme indicado na figura a seguir.
O plano inclinado faz um ângulo u = 30º em relação ao Assim:
plano horizontal. Considerando g a aceleração da gravi-
1 __  ​o coeficiente de atrito cinético entre τpeso = m ∙ g ∙ h
dade e µ = ​ ____
π​√3 ​  τpeso = m ∙ g ∙ L
a superfície do plano inclinado e o objeto, assinale a
alternativa correta para a variação da energia cinética e τatrito = Fat ∙ d ∙ µ ∙ N ∙ d
do objeto, em módulo, ao se mover do ponto P, cuja
velocidade em módulo é vP ao ponto Q, onde sua velo- Por ser um plano inclinado → N = P ∙ cos (30º)
cidade tem módulo vQ. = m ∙ g ∙ cos (30º)
Por ser uma trajetória circular (meia volta) → d = π ∙ L
Assim, __

​  1__   ​ ∙ m ∙ g ∙ ___
τatrito = ____ ​ ​ 3 ​ ​   ∙ π ∙ L

π​ 3 ​  2
τatrito = __ ​ 1 ​ ∙ m ∙ g ∙ L
2
Por fim,
Na resolução
​√3 ​ 
1
__
__ desse problema, considere sen 30º = ​    ​ e
2 ( 
∆Ec = – ​ m ∙ g ∙ L + __ ​ 1 ​ m ∙ g ∙ L  ​
2 )
cos 30º = ​ ___ ​.  ∆Ec = – __​ 3 ​ m ∙ g ∙ L
2 2

25
Como a questão pede somente a variação, pode-se assu-
mir o módulo do valor encontrado.
Alternativa D

multimídia: sites
www.sofisica.com.br/conteudos/Mecanica/
Dinamica/energia2.php
multimídia: vídeo www.sofisica.com.br/conteudos/Mecanica/
Fonte: Youtube Dinamica/energia.php
Como gerar energia só com água (Gerador www.coladaweb.com/fisica/mecanica/ener-
Termoelétrico) gia-cinetica-potencial-e-mecanica

VIVENCIANDO

A busca por fontes renováveis de energia é uma das grandes preocupações do século XXI e tema de discussão
entre os acadêmicos de todo o mundo, pois a obtenção de energia não renovável está relacionada ao alarmante
aquecimento global. Boa parte da matriz energética mundial funciona à base de combustíveis fósseis que, quando
utilizados, geram os chamados gases do “efeito estufa”.
Existe uma intensa pesquisa científica para a obtenção de uma matriz energética mais sustentável. O Brasil, em
comparação ao restante do mundo, possui uma matriz energética das mais sustentáveis.

26
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

Habilidade
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéti-
8 cos ou matérias-primas, considerando processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.

A habilidade 8 é empregada na identificação correta do tipo de energia envolvida, podendo tratar dos diferentes tipos
de energia, como mecânica, química, elétrica, magnética, eólica, solar, etc.

Modelo 1
(Enem) A energia elétrica nas instalações rurais pode ser obtida pela rede pública de distribuição ou por dispositi-
vos alternativos que geram energia elétrica, como os geradores indicados no quadro.

Tipo Geradores Funcionamento


I A gasolina Convertem energia térmica da queima da gasolina em energia elétrica.
II Fotovoltaicos Convertem energia solar em energia elétrica e armazenam-na em baterias.
III Hidráulicos Uma roda-d’água é acoplada a um dínamo, que gera energia elétrica.
IV A carvão Com a queima do carvão, a energia térmica transforma-se em energia elétrica.

Os geradores que produzem resíduos poluidores durante o seu funcionamento são:


a) I e II.
b) I e III.
c) I e IV.
d) II e III.
e) III e IV.

Análise expositiva - Habilidade 8: Somente há formação de resíduos poluidores nos processos em que
C ocorrem reações químicas como subprodutos da combustão, como no caso da queima da gasolina e do carvão.
Alternativa C

Modelo 2
(Enem) A usina termelétrica a carvão é um dos tipos de unidades geradoras de energia elétrica no Brasil. Essas usinas
transformam a energia contida no combustível (carvão mineral) em energia elétrica.
Em que sequência ocorrem os processos para realizar essa transformação?
a) A usina transforma diretamente toda a energia química contida no carvão em energia elétrica, usando reações de fissão
em uma célula combustível.
b) A usina queima o carvão, produzindo energia térmica, que é transformada em energia elétrica por dispositivos deno-
minados transformadores.
c) A queima do carvão produz energia térmica, que é usada para transformar água em vapor. A energia contida no vapor
é transformada em energia mecânica na turbina e, então, transformada em energia elétrica no gerador.
d) A queima do carvão produz energia térmica, que é transformada em energia potencial na torre da usina. Essa energia
é então transformada em energia elétrica nas células eletrolíticas.

27
e) A queima do carvão produz energia térmica, que é usada para aquecer água, transformando-se novamente em energia
química, quando a água é decomposta em hidrogênio e oxigênio, gerando energia elétrica.

Análise expositiva - Habilidade 8: Nas usinas termelétricas (a diesel ou a carvão), é usada a energia térmica
C produzida na queima do combustível para aquecer água, gerando vapor a alta pressão, movimentando as turbi-
nas acopladas aos geradores de energia elétrica.
Alternativa C

DIAGRAMA DE IDEIAS

PRINCÍPIO DE
ENERGIA CONSERVAÇÃO
DA ENERGIA

ASSOCIADA AO
ENERGIA CINÉTICA
MOVIMENTO

PODE SE
ENERGIA POTENCIAL TRANSFORMAR EM
ENERGIA CINÉTICA

ENERGIA POTENCIAL INTERAÇÃO


GRAVITACIONAL GRAVITACIONAL

INTERAÇÃO COM
ENERGIA
UMA MOLA OU
POTENCIAL ELÁSTICA
ELASTÔMERO

TEC – TEOREMA DA
ENERGIA CINÉTICA

28
AULAS Energia mecânica
39 e 40
Competências: 3, 5 e 6 Habilidades: 8, 17 e 23

1. Princípio da Depois de a energia elétrica ser gerada por alguma dessas


usinas, seu uso é bastante diversificado, e novas transfor-
conservação da energia mações de energia ocorrem. Em uma residência, o liquidi-
ficador transformará a energia elétrica em energia cinética;
Os diversos tipos de movimentos e atividades observados uma lâmpada, em energia térmica e luminosa; um rádio,
no dia a dia ocorrem devido à transformação de uma for- em energia sonora, etc.
ma de energia em outra.
A energia solar é uma fonte vital de energia para o planeta.
“A energia não é criada, a energia não é perdida, a A radiação do Sol é responsável pela produção dos alimen-
energia apenas se transforma de um tipo em outro, em
tos vegetais, pelo ciclo da água, dos ventos, etc.
quantidades iguais.”
Antoine Lavoisier

Quando uma pessoa corre, nada ou levanta determinado


peso, uma energia armazenada pelo corpo é transformada
em calor e movimento. Essa energia é proveniente dos ali-
mentos ingeridos. Por sua vez, a energia armazenada em
alimentos como os vegetais verdes é obtida pelo processo
de fotossíntese. No corpo, essa energia é retirada dos ali-
mentos e armazenada nas células, podendo ser utilizada
para a realização de atividades musculares.
O Sol é fundamental no cultivo de flores.

Mas qual é a origem da energia solar? A energia do Sol


existe devido às reações exotérmicas de fusão nuclear.
Esses exemplos ilustram a afirmação inicial de que a ener-
gia total no Universo é sempre conservada, sendo esse um
dos princípios básicos da Física.

A energia dos alimentos é transformada em calor e energia química e


permite que os músculos se movimentem.

A energia elétrica é obtida de diversas maneiras por meio


das transformações de energia. Nas usinas hidrelétricas,
a energia potencial da água é utilizada para movimentar
turbinas acopladas a geradores elétricos. Assim, a energia
cinética é transformada em energia elétrica. Nas usinas ter-
moelétricas, as turbinas são movimentadas por um fluxo de
multimídia: vídeo
vapor de água. A energia necessária para aquecer a água Fonte: Youtube
e obter o fluxo de vapor provém da queima de combustí- Minigerador eólico - transforme vento em
veis derivados do petróleo ou carvão. Nas usinas nucleares, energia elétrica!
o elemento químico urânio é utilizado como combustível.

29
2. Forças conservativas Assim, igualando as equações e manipulando, tem-se:
Ec – Ec = Epg – Ep
Uma força é conservativa quando o trabalho realizado por 0 0 g

ela não depende da trajetória descrita pelo objeto, mas Ec + Ep = E + Ep


0 g c
0 g
apenas dos pontos inicial e final. A força gravitacional, a Analisando a expressão, é possível perceber que a soma da
força elástica e a força elétrica são exemplos de forças con- energia cinética inicial com a energia potencial gravitacional
servativas. Na figura a seguir, pode-se observar que, inde- inicial resulta no mesmo valor que a soma da energia cinéti-
pendentemente da trajetória descrita pelo corpo I ou II, o ca final com a energia potencial gravitacional final. De modo
trabalho realizado pela força-peso depende não da trajetó- geral, essa ideia pode ser aplicada sempre que existam ape-
ria, mas da altura h, que, por sua vez, depende apenas do
nas forças conservativas atuando sobre o corpo estudado.
ponto inicial e do ponto final.

A 3. Energia mecânica
A energia mecânica (EM) de um corpo é igual à soma da
energia cinética com todas as energias potenciais do corpo:
P
EM = EC + EP
h II
Na equação, Ec é a energia cinética do corpo e Ep é a ener-
I gia potencial desse corpo (incluindo-se todas as energias
potenciais).

B
Quando o corpo está sujeito apenas à ação de forças con-
servativas, pode-se afirmar que o trabalho da força resul-
tante é igual à variação da energia cinética. No caso ante-
rior, a única força que atua no corpo é a força-peso, então
o trabalho da resultante é o trabalho da força-peso.
τFr = Ec – Ec
0

τp= Ec – Ec
0

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Energia Mecânica - Sistema Dissipativo de
Energia

É possível demonstrar a seguinte propriedade:

A energia mecânica de um corpo é constante se, dentre


multimídia: vídeo todas as forças que atuam nesse corpo, as forças conser-
Fonte: Youtube vativas forem as únicas a realizarem trabalho não nulo.
As diferentes formas de produção de ener-
gia elétrica e o impacto ambiental Essa proposição é denominada princípio da conserva-
ção da energia mecânica.

Também é possível dizer que o trabalho da força-peso é Aplicação do conteúdo


igual à diferença da energia potencial inicial e final.
1. No tobogã, sem atrito, ilustrado na figura a seguir,
τp = Ep - Ep um bloco de massa m = 6,0 kg é abandonado do topo
g0 g

30
numa região onde g = 10 m/s2. Ao passar pelo ponto A, mecânica não se conserva, pois, nesse caso, ocorre defor-
a velocidade vA do bloco é 4,0 m/s. Calcule a velocidade mação permanente do chão ao ser penetrado pela estaca,
do bloco ao passar pelo ponto B, sabendo que a altura
e as superfícies que se chocam sofrem aquecimento, além
h, entre o pontos A e B é igual 0,60 m.
dos ruídos produzidos no instante do choque.

Resolução:
Como não existe atrito, as únicas forças que atuam no bloco
são o peso e a força normal. No entanto, a força normal
não realiza trabalho e, desse modo, o trabalho é realizado
apenas pela força-peso, que é uma força conservativa. Nessa
situação, pode-se aplicar o princípio da conservação da ener-
gia mecânica: a energia mecânica em A é igual à energia
mecânica em B.

Nessa transformação de energia, a variação da energia


potencial gravitacional e a variação da energia cinética
não são iguais. A energia cinética do bloco que caiu foi
transformada em energia sonora, energia térmica e em
deformação permanente do solo e da estaca; portanto, a
energia mecânica do sistema não é conservada.
EC + EP = EC + EP De modo semelhante, quando um garoto desce escorre-
A A B B

Para calcular a energia potencial, pode-se usar tanto o gando por um tobogã, não ocorre conservação da energia
ponto A como o ponto B como referência. No entanto, esse mecânica. A energia potencial gravitacional é transforma-
é um caso em que é mais vantajoso considerar o referencial da em calor e em energia cinética. O calor é devido à dissi-
da figura (altura do ponto B). Em relação a esse referencial, pação, em forma de calor, da energia térmica pelo atrito do
as alturas dos pontos A e B são hA = 0,60 m e hB = 0, res- garoto com a superfície do tobogã.
pectivamente. Assim, aplicando o princípio da conservação Se as forças de atrito não existirem, a conservação da ener-
da energia mecânica: gia mecânica se torna possível. Nesse caso, afirma-se que
o sistema é conservativo, ou seja, a variação de energia
EC + EP = EC + EP
v__2A
A A B
v2B
B cinética deve-se apenas ao trabalho realizado por forças
__
⇒ m · ​   ​ + m · g · hA = m · ​   ​ + m · g · hB
2 2 conservativas.
⇒ (4,0)2 + 2 · (10)(0,60) = v2B + 2 · (10)(0) Por exemplo, no vácuo, um corpo em queda livre está sujeito
v = 28
2 apenas à ação da força-peso, que é uma força conservativa.
B
O trabalho da força-peso, no trecho AB da trajetória, indica-
⇒ vB = 2​dXX
7 ​ m/s do na figura a seguir, pode ser calculado em função da va-
riação da energia cinética e da variação potencial do corpo.
Para as forças conservativas, o trabalho entre dois pon-
tos não depende da trajetória. Quando essas forças são
as únicas que realizam trabalho sobre um corpo, a
energia mecânica do corpo se conserva.

Observe o bate-estaca da figura a seguir. A energia poten-


cial do bloco ao cair é transformada em energia cinética.
Quando ocorre a colisão do bloco com a estaca, a energia

31
tAB = EC – EC ou tAB = EP – EP
B A A B

Como os trabalhos são iguais, tem-se:


EM = EM
A B

Assim, nos dois instantes da queda, no ponto A e no ponto


B, a energia mecânica do corpo é a mesma. Depois dessa
demonstração, o princípio da conservação da energia me-
cânica pode ser reafirmado como:

Num sistema conservativo, a energia mecânica total


permanece constante qualquer que seja a transfor-
mação do sistema.
a) 25.
b) 5.
c) 3,5.
Aplicação do conteúdo d) 40.
1. Um trecho de uma montanha russa, representada e) 10.
na figura a seguir, foi projetado para que os ocupantes Resolução:
de cada carrinho não experimentem uma força normal
contra seu assento de intensidade maior do que 3,5 ve- Considerando o nível de referência indicado na figura para
zes seu próprio peso. Considerando que a velocidade calcular a energia potencial e as forças que agem sobre o
dos carrinhos no início da descida é de 5 m/s e que os
atritos sejam desprezíveis, qual o menor raio de curva- ocupante de um carrinho.
tura R (em m) que o trilho deve ter no seu ponto mais
baixo para satisfazer a condição acima?

A energia mecânica é conservada, então:


EM = EM
A B
v 2
v2
⇒ m · __
​   ​ + m · g · hA = m · __
A
​  B ​ + m · g · hB
2 2
m ·
_____
⇒ ​   ​   52
​ m · ​
+ m · 10 · 30 = _____ v2  
2 2
v = 25 m/s
No ponto mais baixo:
v2 ​ 
FC = N – P = m​ __
p R
Como o limite da força normal é N = 3,5P, então:
25 ​
3,5P – P = m​ ___
2
  
R2
25 ​  
2,5m · g = m​ ___
R
R = 25 m
Alternativa A

32
2. Na figura a seguir, o carrinho de uma montanha russa
tem velocidade igual a zero na posição 1, e desliza pelo
trilho, sem atrito, até a posição 3, depois de passar pelo
círculo.

Desprezando-se qualquer tipo de atrito, avalie as afir-


mações a seguir e assinale (V) para as verdadeiras ou
(F) para as falsas.
( ) O alcance horizontal da bola a partir da saída da
mesa é de 5,00 metros.
( ) Abandonado-se a bola a partir do repouso da borda
da mesa, o tempo de queda até o solo é também de
Qual a menor altura h, em metros, em que o carrinho
1,00 s.
deve iniciar o movimento para não perder contato com
o trilho na posição 2? ( ) Para se calcular o tempo de queda da bola a partir da
saída da mesa, é necessário conhecer a massa da bola.
a) 36.
( ) Para se calcular o alcance da bola a partir da saída da
b) 48.
mesa, é necessário conhecer a altura da mesa.
c) 60.
A sequência correta encontrada é:
d) 72.
a) F, F, V, V.
Resolução: b) V, V, F, F.
A menor altura h é aquela que permitirá que o carrinho c) F, V, F, V.
passe pela posição (2) com a velocidade mínima permitida d) V, F, V, F.
para um círculo vertical (no limite de perder contato com a Resolução:
pista), ou seja, a força normal que a pista aplica​___no carri-
(  ) (Verdadeira) Cálculo da velocidade de saída, pela con-

nho é nula. Assim, a força resultante centrípeta ​R ​
​ c    ​ nessa
servação da energia mecânica, tomando como referência
posição (2) é o próprio peso do carrinho.
a superfície da mesa.
Fcp = P ____
fin  ​ = E​   ​ mv ​  = mgh ⇒ v = √
in  ​  ⇒ ___ 2
  
E​mec ​ 2gh ​  
​ m · ​
_____v2  
=m·g mec
________ 2
R =√​ 2 · 10 · 1,25 ​ ⇒  v = 5 m/s.
v2 = R · g
Como a componente horizontal da velocidade não varia e
Pela conservação da energia mecânica entre as posições
o tempo de queda é 1 s, o alcance horizontal é:
(1) e (2):
DS = vt = 5 · 1 = DS = 5 m
E(1)
POT
= E(2)
CIN
+ E(2)
POT
m ·
_____v 2 (Verdadeira) Para a queda livre, tem-se:
m · g · h = ​   ​   + m · g · 2R
2 ​ 1 ​ gt2
h = __
2gh = v2 + 4Rg 2 ___
Substituindo, t = ​ ___√
​  2h
g ​ ​  
2h = R + 4R Portanto, o tempo de queda depende apenas da altura de
queda e da intensidade do campo gravitacional local. En-
​ 5R ​ 
h = ___
2 tão, o tempo de queda também é igual a 1 s.
h = 2,5 · (24)
(Falsa) Conforme demonstrado acima.
h = 60 m
(Falsa) Quando se conhece o tempo de queda, não é ne-
Alternativa C cessário conhecer a altura de queda para determinação do
alcance horizontal, como confirma a primeira afirmativa.
3. (CFTMG) A figura a seguir exibe uma bola que é
abandonada de uma rampa curva de 1,25 de altura Alternativa B
que está sobre uma mesa nas proximidades da Terra.
Após liberada, a bola desce pela rampa, passa pelo 4. (UPE-SSA) Desejando ampliar seus conhecimentos
plano horizontal da mesa e toca o solo 1,00 s após sobre conservação da energia mecânica, um estudante
passar pela borda. observa o movimento de um pequeno carro, de massa

33
250 g, ao longo2 de uma trajetória que é descrita pela energia potencial diminuía ou aumentava, respectivamen-
x2   ​ + ​  y__ ​ = 1, onde x e y são medidos em metros.
equação ​  ___ te. Graficamente, é possível representar essa transforma-
25 4
Se no ponto A de coordenada horizontal x = RA = – 3,0 m ção de energia da seguinte maneira.
o carro foi arremessado com velocidade inicial de
módulo vA = 3,0 m/s, qual é a velocidade do carro
no ponto B de coordenada horizontal xB = 0,0 m?
Considere que o carro pode ser tratado como partí-
cula e despreze os efeitos do atrito.

a) 0,0 m/s multimídia: sites


b) 1,0 m/s
c) 3,0 m/s www.resumoescolar.com.br/fisica/teore-
d) 6,2 m/s ma-da-energia-mecanica-sistemas-conser-
e) 8,4 m/s vativo-e-nao-conservativo-e-atrito/
Resolução: www.colegioweb.com.br/energia-mecani-
ca/sistema-nao-conservativo.html
Por conservação da energia mecânica, tem-se:
www.infoescola.com/fisica/forcas-conserva-
EM(A) = EM(B) tivas-e-nao-conservativas/
Assim,
m . vA2 m· vB2
m · g · yA + _____
​   ​    m · g · yB + _____
= ​   ​    4.1. Primeiro caso: energia cinética
2 2
Simplificando a massa e isolando vB:
______________
e energia potencial gravitacional
VB = ​√2g
   . (yA – yB) + VA2 ​ No caso em que um corpo cai em queda livre, tem-se a
Determinando as posições verticais nos pontos A e B: transformação de energia potencial gravitacional em ener-
________
gia cinética.
y

2
​  x   ​ + __ ​   ​ = 1 → y = ​ ​  100 – ​ ​
4x2 
2
___ _______  
25 4 25 E
EM
E
EM
Para o ponto A: ________ EPG EPG


yA = ​ _______
​ 
100 – 4(-3)2
25
 ​ ​ 
 ∴
 yA = 1,6 m ou

EC
EC
Para o ponto B: ________


0A B C v 0C B A h
100 – 4(0)2
yB = ​ _______
​   ​ ​  ∴ yB = 2 m

25 Seja em função da velocidade ou da altura, a energia me-
Substituindo os valores de g, de yA e de yB na equação de cânica permanece constante durante toda a queda. A ener-
vB, tem-se: gia potencial gravitacional começa com seu valor máximo
________________ _____ __
vB = ​√2  
. 10 . (1,6 - 2) + 32 ​= ​√–8 + 9 ​ = ​√1 ​ = VB = 1 m/s caindo até o mínimo, e a energia cinética começa com seu
Alternativa B valor mínimo até atingir seu máximo.
Nota: no primeiro diagrama, a energia cinética e a ener-

4. Diagramas de energia gia potencial estão em função da velocidade v; como a


energia cinética varia com v², fica fácil perceber que o
Nos exercícios anteriores, a energia mecânica permane- diagrama corresponde a um trecho de uma parábola.
ceu constante durante todo o tempo, enquanto a energia No segundo diagrama, as energias variam com a altura;
cinética e a energia potencial (gravitacional e elástica) va- como a energia potencial gravitacional varia com h, fica
riaram. No entanto, a quantidade que a energia cinética fácil perceber que o diagrama corresponde a um trecho
aumentava ou diminuía era a mesma quantidade que a de uma reta.

34
4.2. Segundo caso: energia cinética Em que:

e energia potencial elástica § Em0 é a energia mecânica inicial;

Muito parecido com o caso anterior, tem-se a transforma- § EmF é a energia mecânica final;
ção de energia cinética em energia potencial elástica, mas § tFat é o trabalho da força de atrito.
de tal modo que a energia mecânica do sistema permane-
Repare que o trabalho da força de atrito tFat está sendo
ça constante.
somado com a quantidade de energia mecânica inicial.
E E
EM EM Lembre-se de que todo trabalho das forças dissipativas
EC EC
é negativo, e, dessa forma, ao se somar esse trabalho ao
termo de correspondência da energia mecânica inicial,
ou
retira-se a energia dissipada da energia que havia inicial-
EPEI EPEI mente. A energia restante será igual à energia mecânica
0A B C v 0C B A x
final. Geralmente, a energia dissipada acaba por se trans-
formar em energia térmica, o que causa um aquecimento
Nota: no primeiro diagrama, a energia cinética e a ener- dos corpos.
gia potencial elástica estão em função da velocidade v;
como a energia cinética varia com v², fica fácil perceber
que o diagrama corresponde a um trecho de uma pará-
bola. No segundo diagrama, as energias variam com a
deformação x; uma vez que a energia potencial elástica
varia com x², o diagrama também será um trecho de pa-
rábola.

multimídia: livros
Processos de energias renováveis, de Aldo Viei-
ra da Rosa
Os temas energia sustentável e segurança
estão na linha de frente dos discursos públi-
cos em todo o mundo. Por isso, há uma pres-
são para que seja encontrado um entendi-
mento sobre fontes limpas e alternativas de
multimídia: vídeo energia, como energia solar e energia eólica.
Fonte: Youtube Esse livro contém os detalhes técnicos neces-
Trabalho da Força Peso e da força elástica sários para a compreensão dos princípios de
engenharia que governam as aplicações da
energia renovável em diferentes níveis.

5. Sistemas não conservativos


Os exemplos anteriores do bate-estaca ou do garoto em Aplicação do conteúdo
um tobogã são casos em que o sistema não é conservativo.
1. Um corpo com 1 kg de massa se desloca com veloci-
Existes diversos outros casos em que nem sempre existem dade de 5 m/s sobre uma superfície plana e rugosa. De-
apenas forças conservativas no sistema. Em geral, é muito vido à ação de forças dissipativas, a velocidade diminui
comum exercícios no quais há uma força de atrito atuan- para 2 m/s durante um deslocamento de 3 metros. Cal-
do sobre o corpo, e a força de atrito não é conservativa. cule o coeficiente de atrito entre o corpo e a superfície.
Nesses casos em que a energia mecânica não se conserva,
Resolução:
pode-se montar a seguinte equação:
Como se trata de um caso com ação de forças dissipativas,
pode-se dizer que:
Em0 + tFat = EmF
Em0 + tFat = EmF

35
Dessa forma:
m·v2
_____ m · vF2
​   ​0    + tfat = _____
​   ​   
2 2
(5)2 1 · (2)2
1 · ___
​   ​  – m · N · 3 = ______
​   ​   
2 2
​ 21 ​ 
m · N · 3 = ___
2
Nesse caso, como N = P, tem-se:
m · 10 · 1 · 3 = ___ ​ 21 ​ 
2
m = 0,35
Considere a existência de atrito entre o bloco e o plano
2. (UERN) Um objeto de 200 g é abandonado do alto inclinado e despreze quaisquer outras formas de resis-
de uma torre e, durante a sua queda, a dissipação de tência ao movimento. Sabendo que o bloco retorna ao
energia devido à resistência do ar é constante e igual a ponto A, a velocidade com que ele passa por esse pon-
20 J. Se a velocidade do objeto ao atingir o solo é de 30 to, na descida, em m/s vale:
m/s, então a altura dessa torre é de:
a) 4. __
(Considere: g = 10 m/s2) b) 2​√2 ​. 
a) 38 m c) 2.__
b) 46 m d) ​√3 ​.

c) 51 m
d) 55 m
Resolução:

Resolução: Com o gráfico, deve-se extrair a aceleração a e a distância


percorrida sobre o plano inclinado DS.
Analisando o enunciado, é possível perceber que: (0 – 4) m/s
a = ___
​ Dv ​ = ________
​   ​  ∴ a = –8 m/s2

Emi + Ed = Emf Dt 0,5 s
4m/s . 0,5 s
Em que Ed é a energia dissipada devido à resistência do ar. DS = __________
​   ​   ∴ DS = 1m

2
Assim, segue que: Usando a trigonometria, determina-se a diferença de altura
v2 Dh entre as posições A e B:
m · g h = m · ___ ​  f ​  + Ed
2
0,2 . 302 Dh = DS · sen 37º ⇒ Dh = 1 m · 0,6 ∴ Dh = 0,6 m
0,2 · 10 · h – 20 = _______
​   ​  

2 Como existe atrito entre o bloco e o plano inclinado, deve-
​ 90 + ​
h = _______ 20   -se calcular o valor do coeficiente de atrito cinético mc e a
2 força normal N utilizando o diagrama de corpo livre com as
h = 55 m
componentes da força peso Px, e Py..
Alternativa D
3. (Epcar (Afa)) Um bloco de massa 2 kg desliza sobre
um plano inclinado, conforme a figura seguinte.
Quando necessário, use:
g = 10 m/s2
sen 37º = 0,6
cos 37º = 0,8

Aplicando o princípio fundamental da dinâmica nos eixos x


e y, primeiramente deve-se igualar as forças em
N = Py = m · g · cos 37º = 2 · 10 · 0,8 ∴ N = 16 N
Em x, tem-se:
Fat + Px = FR
O gráfico v × t a seguir representa a velocidade desse Px = –m · g · sen 37º = –2 · 10 0,6 ∴ Px = –12 N
bloco em função do tempo, durante sua subida, desde o
ponto A até o ponto B. FR = 2 · (–8) = –16 N

36
Assim, a força de atrito será:
Fat = FR – Px
Fat = –16 – (–12) ∴ Fat = –4 N
Usando a conservação de energia entre os pontos A e B na
descida, pode-se calcular a velocidade que o bloco passa
em A, pois a energia potencial gravitacional em B somada
à energia dissipada pelo atrito no trajeto AB é igual à ener-
gia cinética em A.
Ep(B) + Ed = Ec(A)
Sabendo que a energia dissipada é:
Ed = Fat . Ds ∴ Ed = –4 J
E a energia potencial gravitacional em B:
Ep(B) = m · g · h ⇒ Ep(B) = 2 · 10 · 0,6 ∴ Ep(B) = 12 J
Portanto, a energia cinética em A é:
EC(A) = 12 – 4 ∴ EC(A) = 8 J
E, finalmente: ______
m .
EC(A) = _____v2
​   ​  
2 √ 2 . Ec(A)
⇒ v = ​ ______
​  m ​ ​   ∴
__
  v = 2​√2 ​ m/s

Alternativa B

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
AES Eletropaulo nas Escolas apresenta: Os
impactos da geração de energia elétrica

37
VIVENCIANDO

O conceito de energia em Física é fundamental, sendo capaz de relacionar diferentes conteúdos num mesmo exercí-
cio. Pode ocorrer transformação de energia mecânica em energia térmica ou em energia elétrica, e vice-versa. Histo-
ricamente, o conceito de energia foi fundamentado durante o desenvolvimento da termodinâmica. Assim, a segunda
lei da termodinâmica permeia toda a Física.
“A energia não é criada, a energia não é perdida, a energia apenas se transforma de um tipo em outro, em quanti-
dades iguais.”
A frase acima, que deriva da frase original de Lavoisier, abrange uma ideia que remonta desde Tales de Mileto, na
Antiguidade, passando por Galileu, Laplace, Joule e tantos outros. A partir dela é possível perceber a importância do
conceito de energia.
A transformação de um tipo de energia em outro é o que possibilita as mudanças que ocorrem no Universo. Mesmo
agora, enquanto você lê este texto, em seu corpo ocorre a transformação de energia química, contida nos alimentos
que você ingeriu, em energia mecânica, utilizada nos batimentos de seu coração, ou ainda em impulsos elétricos em
seus neurônios.
Em busca de praticidade, a humanidade constrói máquinas capazes de realizar trabalhos com mais eficiência do que
um homem comum. Isso foi importante para a transformação da humanidade. Assim como as máquinas elétricas
foram e ainda são responsáveis por mudanças na vida cotidiana.

38
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

Habilidade
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implica-
23 ções éticas, ambientais, sociais e/ou econômicas.

A habilidade 23 é referente às transformações dos diferentes tipos de energia entre si, sendo o conceito de conversão
fundamental para esse tipo de relação.

Modelo 1
(Enem) Um garoto foi à loja comprar um estilingue e encontrou dois modelos: um com borracha mais “dura” e ou-
tro com borracha mais “mole”. O garoto concluiu que o mais adequado seria o que proporcionasse maior alcance
horizontal, D, para as mesmas condições de arremesso, quando submetidos à mesma força aplicada. Sabe-se que a
constante elástica kd (do estilingue mais “duro”) é o dobro da constante elástica km (do estilingue mais “mole”).
D
A razão entre os alcances ___
​  d, ​ referentes aos estilingues com borrachas “dura” e “mole”, respectivamente, é igual a:
Dm
a) 1/4.
b) 1/2.
c) 1.
d) 2.
e) 4.

Análise expositiva - Habilidade 23: Dados: kd = 2 km; Fd = Fm


B Calculando a razão entre as deformações:
Fd = Fm ⇒ kdxd = kmxm ⇒ 2kmxd = kmxm ⇒ xm = 2xd
Comparando as energias potenciais elásticas armazenadas nos dois estilingues:

Considerando o sistema conservativo, toda essa energia potencial é transformada em cinética para o objeto lançado.
Assim:

Supondo lançamentos oblíquos, sendo q o ângulo com a direção horizontal, o alcance horizontal (D) é dado pela
expressão:
D = Vo² · sen(2θ)/2 · g
Dd/Dm = 1/2
Alternativa B

39
Modelo 2
(Enem) Um automóvel, em movimento uniforme, anda por uma estrada plana, quando começa a descer uma ladeira,
na qual o motorista faz com que o carro se mantenha sempre com velocidade escalar constante.
Durante a descida, o que ocorre com as energias potencial, cinética e mecânica do carro?
a) A energia mecânica mantém-se constante, já que a velocidade escalar não varia e, portanto, a energia cinética é constante.
b) A energia cinética aumenta, pois a energia potencial gravitacional diminui e quando uma se reduz, a outra cresce.
c) A energia potencial gravitacional mantém-se constante, já que há apenas forças conservativas agindo sobre o carro.
d) A energia mecânica diminui, pois a energia cinética se mantém constante, mas a energia potencial gravitacional diminui.
e) A energia cinética mantém-se constante, já que não há trabalho realizado sobre o carro.

Análise expositiva - Habilidade 23: Energia potencial: Ep = mgh. Sendo uma descida, a altura diminui, a energia
D potencial diminui.
mv
Energia cinética: EC =____
2
​    ​ . Sendo constante a velocidade, a energia cinética também é constante.
2
Energia mecânica: EM = EC + Ep. Se a energia potencial diminui e a energia cinética é constante, a energia mecânica
diminui.
Alternativa D

40
DIAGRAMA DE IDEIAS

PRINCÍPIO DA CONSERVAÇÃO
ENERGIA MECÂNICA
DA ENERGIA

ENERGIA CINÉTICA ENERGIA POTENCIAL

ENERGIA MECÂNICA
FORÇAS CONSERVATIVAS
SE CONSERVA

TRABALHO NÃO DEPENDE


SISTEMA CONSERVATIVO
DA TRAJETÓRIA

FORÇAS NÃO ENERGIA MECÂNICA


CONSERVATIVAS NÃO SE CONSERVA

TRABALHO DEPENDE SISTEMA NÃO


DA TRAJETÓRIA CONSERVATIVO

41
AULAS Impulso e quantidade de movimento
41 e 42
Competências: 5e6 Habilidades: 17, 20 e 23

1. Quantidade de Observe que a grande quantidade de movimento é uma


grandeza vetorial; assim, todas as análises ou operações se
movimento de um corpo fazem dentro do conceito de vetores.

No exemplo​__ a seguir, uma partícula de massa m tem uma



​___› Exemplo
velocidade v ​​   arbitrária. A quantidade de movimento Q ​
​   
Na situação representada pela figura a seguir, um auto-
dessa partícula é, por definição:
móvel tem massa m = 800 kg e velocidade de módulo
v = 10 m/s. A quantidade​___› de movimento (ou momento li-
near) do carro é o vetor Q ​
​ ,   tal que:

​___› _​_›
Q ​
​   = m · v ​​   
​___› _​›_
_​›_ Q ​
​   = m · v ​
​   
​___› _​›_
_​__› a massa m é uma grandeza positiva, os vetores v ​​   
Como
O vetor Q ​
​   tem a mesma direção e sentido de v ​
​   e seu mó-
e Q ​
​    sempre terão a mesma direção e o mesmo sentido.
dulo é:
A quantidade de movimento também é denominada mo-
mento linear. Q = m · v = 800 kg · 10 m/s = 8.000 kg · m/s
A unidade de quantidade de movimento não tem uma de-
nominação específica. No SI, tem-se:
​___ __
2. Quantidade de
[​Q ​  ​›  ]​= [m] · [​ v ​ ​​›  ]​
​___ movimento de um sistema
[​Q ​  ​›  ]​= kg · m · s–1
O conceito de quantidade de movimento é muito útil para
a análise de movimentos de um conjunto de corpos (ou
sistema), como será visto adiante.
A figura a seguir ilustra um sistema formado por n partícu-
las. No instante_​___t› qualquer,
_​___› _​___› as_​___partículas

têm quantidades
de movimento Q ​ 1 ​,  Q​ 2 ​,  Q
​ 3 ​,   ..., Q
​ n ​.  

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Quantidade de movimento 1
Sistema formado por várias partículas.

42
A quantidade de _​movimento
__› total do sistema, no
instante t, é o vetor Q ​
​   dado pela soma vetorial das quanti-
dades de movimento de cada partícula: ____
___ ____ ____ ____
​› ​ › ​ › ​ › ​ ›
Q ​
​   = Q
​ 1 ​  + Q
​ 2 ​  + Q
​ 3 ​  + ... + Q
​ n ​  

Aplicação do conteúdo
1. O sistema de partículas ilustrado na figura a seguir
é formado por duas partículas que se movem em ​____ traje-
e perpendiculares. Supondo ​ ​Q1  ​  ​= 30

tórias retilíneas
​____
kg · m/s e ​ ​Q​___2  ​  ​= 40 kg · m/s, calcule a quantidade de

› ​___› ​____› ​____›


​   2​ = ​ Q
​ 1 ​   2​ + ​ Q
​ 2 ​   2​
movimento ​Q ​   do sistema.
​ Q ​ 
​___›
​ Q ​ 
​   2​ = (30)2 + (40)2
​___
​ Q ​ ​ ›  ​= 50 kg · m/s

3. Impulso de uma
força constante
No estudo do conceito de impulso, considere inicialmente
Resolução: um caso particular de uma força constante agindo sobre
um corpo. Como exemplo, observe a situação representada
A quantidade de movimento do sistema é dada pela soma
na figura a seguir: um automóvel _​›_ acelera em um trecho
das quantidades de movimento de cada partícula; assim,
retilíneo de uma estrada, sendo F ​ ​   a resultante das forças
deve-se ter:
​___› ​____› ​____› que atuam no​___›
automóvel. No instante t i , o automóvel
_​___› tem
Q ​
​   = Q
​ 1 ​  + Q
​ 2 ​   velocidade v​i ​   e quantidade de movimento Q ​ i ​.   Depois_​__de
​____› ​____› ›
A operação de adição dos vetores Q ​ 1 ​  e Q
​ 2 ​  está represen- um intervalo de tempo, no instante_​___› tf, a velocidade é v​f ​  e
a quantidade de movimento é Q ​ i ​.   Aplicando a segunda Lei
tada na figura a seguir.
​___›
Pelo triângulo colorido, calcula-se o
de Newton nessa situação, obtém-se:
módulo do vetor Q ​​ :  

​_›_
_​__› _​__› _​___› ​____› ​___›
_​›_ _​__› m · v​  ​
 – m · ​v  ​   Q ​  ​
 – Q
​  ​

        Q ​   
​ D​v ​ ​   = ​ ___________
D​
F ​ ​   = m ___
​   = m · a ​ f
 ​i   = ______
  ​  f  ​i    = ___
​   ​ 
Dt Dt Dt Dt
Assim:
​__› ​___›
​   · Dt = D​Q ​   
F ​
_​›_ ​___›
Essa última equação relaciona o produto F ​​   · Dt com a variação da quantidade de movimento D​Q ​.  
_​›_
Devido à importância
​_›_
do conceito de quantidade de movimento, a quantidade dada pelo produto F ​​   · Dt recebeu o nome de
impulso da força F ​
​   durante o intervalo de tempo Dt. Assim:
_​›_ _​›_
O impulso (​I ​)   de uma força constante F ​
​ ,   durante o intervalo de tempo Dt, é dado por:
_​›_ _​_›
​   = F ​
I ​ ​   · Dt
_​›_ _​›_
Como o intervalo de tempo é positivo, Dt > 0, os vetores I ​
​   e F ​
​   devem ter a mesma direção e o mesmo sentido.
Com essa definição, a equação:

43
​__› ​___› _​›_ ​___›
​   ·
F ​ Dt = D​Q ​   ainda que o teorema do impulso I ​​  = D​Q ​  continua válido
Obtida acima, pode ser reescrita assim: quando a força é variável.

_​›_ _​__›
I ​​   = D​Q ​   

O enunciado anterior é conhecido pelo nome de teorema


de impulso.

_​›_
O impulso de uma força constante F ​
​  ,  em um intervalo
de tempo Dt, é igual à variação da quantidade de mo-
vimento, durante esse intervalo de tempo, produzida
por essa força.

O módulo do impulso é matematicamente equivalente


A unidade de impulso não tem denominação específica. igual à área abaixo do gráfico:
Assim, no SI: __​›
_​›_ ​_›_ | I ​
​   | = Área
[  ] [  ]
​I ​ ​   ​= ​F ​ ​   ​· [Dt] = N · s
Caso a força alterne de sentido, ainda é possível calcular
O teorema do impulso permite observar que as unidades de a área; no entanto, por convenção, a área acima do eixo
impulso e de quantidade de movimento são equivalentes: horizontal é dita positiva e a área abaixo é negativa. Desse
1 N · s = 1 kg · m/s modo, impulso equivale à soma algébrica das áreas.

multimídia: vídeo No caso do gráfico, a área 1 (A1) é positiva, enquanto a


Fonte: Youtube
área 2 (A2) é negativa.
Impulso e quantidade de movimento - Mãoz-
inha em Física 17

4. Impulso de força variável


A definição de impulso pode ser estendida para o caso de
uma força variável. Nesse caso, o intervalo de tempo é di-
vidido em uma quantidade grande de intervalos menores;
para cada um deles, considera-se a força como constante.
Assim, para cada um desses
​_›_ ​_intervalos
›_
menores, calcula-se
o impulso pela equação I ​
​   = F ​​   · Dt. O impulso total é igual multimídia: vídeo
à soma de cada um dos impulsos parciais.
Fonte: Youtube
Seguindo esse procedimento, demonstra-se que, no caso Física - Impulso e Quantidade de Movimen-
em que a direção da força é constante, o impulso é dado to - Q1
pela área sob o gráfico de F em função de t. Demonstra-se

44
​____› _​__›
Q
​ f ​  = m · v​ f ​  
Aplicação do conteúdo ​____› ​___›
Q
​ 0 ​  = m · v​ 0 ​  
1. Uma bola de beisebol de massa 150 gramas se apro-
xima do rebatedor, com velocidade de módulo v1 = 30 Assim, a equação anterior fica:
_​__ _​__ _​›_
m/s. Logo após a rebatida, o módulo da velocidade da _​›_ m · v​ › ​  – m · v​ › ​   _​__›
F ​​   = ​  ___________
f
 ​  i
  ___v ​
= m · ​   ​   = m · a ​
D​ ​   
bola é v2 = 50 m/s. Dt Dt
Nesse caso, considere que o tempo de contato entre a Portanto, a equação final é um caso particular da equação
bola e o taco foi de 0,002 s. Calcule o impulso da força
que o taco exerceu sobre a bola e o valor médio da
apresentada no início, valendo quando a massa do corpo
força exercida pelo taco sobre a bola. é constante. Entretanto, há situações em que a massa do
corpo é variável. O exemplo mais comum é o caso de um
Resolução: foguete. Durante seu movimento, a massa do foguete dimi-
Sendo Q1 e Q2 as quantidades de movimento da bola antes nui devido à queima de combustível. Nesse caso, o estudo
e depois da batida (considerando m = 150 gramas = 0,15 do movimento de um foguete deve ser feito utilizando-se a
kg), tem-se: equação dada pela quantidade de movimento.
​____›
​ Q
​ 1 ​   ​= m · v1 = (0,15)(30) = 4,5 kg · m/s
​____›
Aplicação do conteúdo
​ Q
​ 2 ​   ​= m · v2 = (0,15)(50) = 7,5 kg · m/s 1. (UPE-SSA) “Ao utilizar o cinto de segurança no ban-
Escolhendo o eixo orientado para a direita como referência, co de trás, o passageiro também está protegendo o
tem-se: motorista e o carona, as pessoas que estão na frente
do carro. O uso do cinto de segurança no banco da
frente e, principalmente, no banco de trás pode evitar
muitas mortes. Milhares de pessoas perdem suas vidas
no trânsito, e o uso dos itens de segurança pode re-
Q1 = 4,5 kg · m/s  e  Q2 = –7,5 kg · m/s duzir essa estatística. O Brasil também está buscando,
cada vez mais, fortalecer a nossa ação no campo da
Assim: prevenção e do monitoramento. Essa é uma discussão
I = DQ = Q2 – Q1 = (–7,5) – (4,5) = –12 kg · m/s que o Ministério da Saúde vem fazendo junto com ou-
tros órgãos do governo”, destacou o Ministro da Saú-
​ I ​= 12 kg · m/s de, Arthur Chioro.
Desprezando a ação do peso da bola, tem-se: Estudo da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego
(Abramet) mostra que o cinto de segurança no banco
​ I ​= Fm · Dt da frente reduz o risco de morte em 45% e, no banco
traseiro, em até 75%. Em 2013, um levantamento da
12 = Fm · 0,002
Rede Sarah apontou que 80% dos passageiros do ban-
Fm = 6 · 103 N co da frente deixariam de morrer, se os cintos do banco
de trás fossem usados com regularidade.

5. Impulso e a segunda Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/ultimas-noticias/1596-


metade-dos-brasileiros-nao-usa-cinto-de-seguranca-no-

Lei de Newton
banco-detras Acesso em: 12 de julho de 2015.

Em uma colisão frontal, um passageiro sem cinto de


Inicialmente, a​___segunda Lei de Newton foi apresentada segurança é arremessado para a frente. Esse movi-
​_›_
› mento coloca em risco a vida dos ocupantes do veí-
como F ​
​   = m · a ​
​ .   Foi comentado que essa equação é uma
culo. Vamos supor que um carro popular com lotação
simplificação do enunciado dado por Newton para a lei. máxima sofra uma colisão na qual as velocidades ini-
Newton fez o enunciado utilizando o conceito de quanti- cial e final do veículo sejam iguais a 72 km/h e zero,
dade de movimento. respectivamente. Se o passageiro do banco de trás do
_​›_
veículo tem massa igual a 80 kg e é arremessado con-
Considere uma força constante F ​ ​   agindo sobre um corpo
tra o banco da frente, em uma colisão de 400 m/s de
de modo que, num determinado ​____› instante, a quantidade duração, a força média sentida por esse passageiro é
de movimento do corpo é Q ​ 1 ​,   e, após um intervalo _​de ___› igual ao peso de:
tempo Dt, a quantidade de movimento passa a ser Q ​ 2 ​.  
a) 360 kg na superfície terrestre.
Newton afirma que:
​___› _​___› _​___› b) 400 kg na superfície terrestre.
​_›_
D​Q ​   Q ​  ​  – Q
​ 0 ​  
F ​​   = ___
​   ​ =______ ​  f  ​    c) 1.440 kg na superfície terrestre.
Dt Dt d) 2.540 kg na superfície terrestre.
Para o caso em que o corpo tem massa constante m, tem-se: e) 2.720 kg na superfície terrestre.

45
Resolução: Admitindo que não há perdas no sistema, estime, em N ∙ s
a impulsão fornecida pela máquina no intervalo entre 5 e
Transformando a velocidade e o tempo para o Sistema In-
105 segundos.
ternacional de unidades:
1 m/s  ​  Resolução:
vi = 72 km/h · ​ ________ = 20 m/s
3,6 km/h
No gráfico da força pelo tempo dado no enunciado, sa-
​  1 s   ​ 
Dt = 400 ms · _______ = 0,4 s be-se que a área sob a curva é numericamente igual ao
1000 ms
impulso (I) gerado pela força (F) durante o tempo t.
Utilizando a definição de impulso e o teorema do impulso,
tem-se a relação entre a força média e a variação da quan- Como é pedido o impulso no intervalo de tempo compre-
tidade de movimento: endido entre 5 e 105 segundos, pode-se concluir que a
DQ m . (vf - vi) área do retângulo da figura a seguir é numericamente
I = DQ = Fm · Dt ⇒ Fm = ___ ​   ​ =________
​   ​
  
Dt At igual ao impulso no mesmo intervalo de tempo.
80 kg . (0 – 20 m/s)
Fm =______________
  
​   ​   ∴ Fm = 4000 N
0,4s
E essa força média equivale a uma massa no campo gravi-
tacional terrestre de:
F
​ gm ​  ⇒ m = ​ 4000 N
m = ___ ______  ​ ∴ m = 400 kg
10 m/s2
Alternativa B
2. (Mackenzie) Um móvel de massa 100 kg, inicialmente
em repouso, move-se sob a ação de uma força resultan-
te, constante, de intensidade 500 N, durante t = 4,00 s.
A energia cinética adquirida pelo móvel, no instante
t = 4,00 s em joule (J) é:
a) 2,00 ∙ 103. Assim, pode-se escrever:
b) 4,00 ∙ 103. I = área = 100 ∙ 100
c) 8,00 ∙ 103.
d) 2,00 ∙ 104. I = 10.000N ∙ s
e) 4,00 ∙ 104. 4. (FGV) Um brinquedo muito simples de construir, e que
Resolução: vai ao encontro dos ideais de redução, reutilização e
reciclagem de lixo, é retratado na figura.
Aplicando o teorema do impulso de uma força:
I = DQ
F ∙ Dt = m ∙ v
Assim, tem-se a velocidade ao final de 4 segundos: A brincadeira, em dupla, consiste em mandar o bólido
de 100 g, feito de garrafas plásticas, um para o outro.
v = ​ F____
. Dt 500 N . 4s∴
________
m ​  ⇒ v = ​  100 kg ​  
 v = 20 m/s Quem recebe o bólido, mantém suas mãos juntas, tor-
A energia cinética será, nando os fios paralelos, enquanto que, aquele que o
manda, abre com vigor os braços, imprimindo uma for-
100 kg ∙ (20m/s)2
Ec = ​ m . v2
____
 ​  ⇒ Ec = _____________
  
​   ​  ∴ Ec = 2,00 ∙ 104 J ça variável, conforme o gráfico.
2 2
Alternativa D
3. (UERJ) Observe o gráfico a seguir, que indica a força
exercida por uma máquina em função do tempo.

Considere que:

§ a resistência ao movimento causada pelo ar e o atrito


entre as garrafas com os fios sejam desprezíveis;

46
§ o tempo que o bólido necessita para deslocar-se de
um extremo ao outro do brinquedo seja igual ou su-
perior a 0,60 s.
Dessa forma, iniciando a brincadeira com o bólido em
um dos extremos do brinquedo, com velocidade nula,
a velocidade de chegada do bólido ao outro extremo,
em m/s, é de:
a) 16.
b) 20.
c) 24.
d) 28.
e) 32.
Resolução:
No gráfico da força pelo tempo apresentado no enunciado,
o impulso é numericamente igual à área do gráfico.
0,6(8)
I = _____
​   ​  = 2,4 N ∙ s
2
Pelo teorema do impulso: o impulso da força resultante é
igual à variação da quantidade de movimento (DQ)
I = DQ = m Dv ⇒ 2,4 = 0,1 (v – 0) ⇒ v = 24 m/s.
Alternativa C

multimídia: sites
www.sofisica.com.br/conteudos/Mecanica/
Dinamica/impulso.php
www.sofisica.com.br/conteudos/Mecanica/
Dinamica/quantmov.php
brasilescola.uol.com.br/fisica/impulso.htm

47
DIAGRAMA DE IDEIAS

QUANTIDADE DE
MOMENTO LINEAR
MOVIMENTO

GRANDEZA VETORIAL

SOMATÓRIA DE QUANTIDADE
PARA UM SISTEMA
DE MOVIMENTOS

IMPULSO DE TEOREMA DO
UMA FORÇA IMPULSO

ALTERA A QUANTIDADE
DE MOVIMENTO

2ª LEI ÁREA DO GRÁFICO


FORÇA VARIÁVEL
DE NEWTON FXT

48
Conservação da quantidade
AULAS
de movimento
43 e 44
Competências: 5e6 Habilidades: 17, 20 e 23

1. Quantidade de movimento ​___›


 ​
Q

​___›
​  sistema =  ​
Q

​  0
sistema

em um sistema de partículas
Foi visto anteriormente que a quantidade de movimento de
um corpo é dada___
​›
pelo___produto de sua massa e sua veloci-
​›
dade vetorial: Q
 ​

​  = m ∙  ​v ​ ;  agora, considere uma situação em
que, num dado sistema, existem várias partículas. A quanti-
dade de movimento total do sistema em um dado instante
será igual à soma vetorial da quantidade de movimento de
cada partícula individual até a enésima.
___
​› ___
​› ___
​› ___
​› ___
​›
​  ​sistema =  

Q ​  ​1 +  
Q
  ​  ​2 +  
Q
  ​  ​3 + ... +  
Q
  ​  ​n
Q

___
​› multimídia: vídeo
​  1
Q ​
Fonte: Youtube
1 2 ___ Impulso e quantidade de movimento
​›
​  ​2
Q 

3
​___›
2. Princípio da conservação
​  ​3
Q  da quantidade de movimento
Assim, pode-se aplicar, numa situação em que esse sistema
A análise do movimento de um sistema de corpos exige a
passe por mudanças, o teorema do impulso.
__​› ___
​› ___
​ › ___
​› separação das forças que atuam nos corpos em dois con-
  = D​Q
I ​ ​ sistema  ​
 sistema
  =Q  ​

​  – Q
 ​

​ 0  juntos: um conjunto das forças internas e um conjunto
___
​›
F ∙ Dt = Dt = D​Q
 ​
 sistema
  das forças externas. Uma força é chamada de interna
quando é exercida por um corpo do sistema sobre outro
Analisando o primeiro membro da equação, a força res- corpo do mesmo sistema. Uma força é denominada ex-
ponsável pela mudança na quantidade de movimento du- terna quando é exercida por um corpo fora do sistema.
rante o intervalo de tempo é a soma das forças externas
desse sistema. Dessa forma, pode-se reescrever a equação Numa situação em que não existe nenhuma força externa,
da seguinte maneira: ou seja, a resultante das forças externas é nula, afirma-se
___
​› que o sistema é isolado de forças externas ou simples-
Fexterna ∙ Dt = D​Q
 ​
 sistema

mente que o sistema é isolado.
No caso em que a força externa é nula, ou a soma vetorial
de todas as forças externas resulta no vetor nulo, ou ainda Em um sistema isolado, a quantidade de movimento é
se for desprezível, pode-se dizer que Fexterna = 0, e, conse- constante.
quentemente, a variação da quantidade de movimento
também é. Esse enunciado constitui o princípio da conservação
___
​›
D​Q
 ​
 sistema
  =0 da quantidade de movimento.
Ou seja, a quantidade de movimento do sistema perma- Em um sistema isolado, como não existe força externa, o
nece constante. impulso também é nulo, e, consequentemente, a variação

49
da quantidade de movimento também é nula, ou seja, a com velocidades vA = 6,0 m/s e vB = 4,0 m/s sobre uma
quantidade de movimento é constante. superfície horizontal, sem atrito. Sendo vA > vB, após um
certo intervalo de tempo, o carrinho A colide com o car-
rinho B e, durante a colisão, um dispositivo de engate faz
Aplicação do conteúdo com que os __​carrinhos permaneçam unidos. Determine a

velocidade (​v ​ ) do conjunto (carrinhos A e B unidos) de-
1. Como mostra a figura a seguir, dois carrinhos, A e B, de
pois da colisão.
massas mA = 7,0 e mB = 3,0 kg, movem-se inicialmente

Resolução:
____
​ › __
​› ____
​ ›
Os carrinhos
__
​›
A e B formam o sistema. No carrinho A, atuam o peso P​ A ​ e a normal F ​ ​ N  ; no carrinho B, atuam o peso P​ B ​ e a
A
normal F ​ ​ N  .
B

__
​›
Durante a colisão, além dessas forças, o carrinho __A exerce a força F ​
​  sobre o carrinho B, e, pela ação e reação, o carrinho B
​__› ​› ​__›
aplica a força –​F ​ sobre o carrinho A. Essas forças F ​
​  e – F ​
​  são forças internas
____ exercidas entre os carrinhos. As forças externas
​ › ____
​ ›
são as forças exercidas por corpos que estão fora do sistema: os pesos P​ A ​ e P​ B ​ e as forças normais FN e FN são exercidas
A B
pela Terra.
Como a resultante das forças externas é nula, uma vez que a força normal anula a força-peso, o sistema é isolado. Adicio-
nalmente, o atrito também foi desprezado.
Assim, pode-se aplicar o princípio da conservação da quantidade de movimento: a quantidade de movimento total antes da
colisão deve ser igual à quantidade de movimento depois da colisão:
​___› ​___› ​___›
 ​
Q

​ A  + Q
 ​

​ B  =  ​
Q

​ 
__
​› __
​› __
​›
mA ·  ​v ​ A  + mB · v ​ ​ B  = (mA + mB) ·  ​ v​  

Como todos os vetores têm mesmo sentido, pode-se trabalhar com os módulos:
(7,0)(6,0) + (3,0)(4,0) = (7,0 + 3,0) · v
42 + 12 = 10 · v
v = 5,4 m/s
2. As bolas A e B de massas mA = 12 kg e mB = 5,0 kg, sobre uma mesa, movem-se inicialmente uma em direção à
outra, com as velocidades indicadas na figura.

50
Depois de colidirem, as duas bolas continuam a se mo- energia cinética total é a mesma antes e depois da colisão;
vimentar sobre a mesma reta, mas de modo que a bola essas colisões são denominadas colisões elásticas. Um
B vai para a direita com velocidade 3,0 m/s. Determine exemplo de colisão elástica é a colisão entre duas bolas de
o módulo e o sentido da velocidade da bola A depois
da colisão.
marfim (como as bolas de bilhar).

Resolução:
Como as velocidades têm a mesma direção, pode-se traba-
lhar utilizando os módulos das velocidades.
Escolhendo uma orientação para a reta da direção de mo-
vimento das bolas e atribuindo sinais às velocidades:

multimídia: vídeo
Situação inicial → vA = +2,0 m/s e vB = –6,0 m/s Fonte: Youtube
Colisão Elástica e Coeficiente de Restituição
Situação final → v’A = ? e v’B = +3,0 m/s
A quantidade de movimento do sistema antes da colisão
deve ser igual à quantidade de movimento depois da colisão: Na colisão elástica, os corpos necessariamente se separam
depois da colisão. Se, depois de uma colisão, os corpos se
unirem, ocorrerá obrigatoriamente perda de energia cinética.
Dependendo da conservação ou não da energia cinética,
as colisões podem ser classificadas em três tipos:
§ colisão elástica: a energia cinética se conserva e os
corpos se separam depois da colisão;
mAvA + mBvB = mAv’A + mBv’B
§ colisão parcialmente elástica: os corpos se sepa-
(12)(2,0) + (5,0)(–6,0) = 12 · v’A + (5,0)(+3,0)
ram depois da colisão, mas existe perda de energia
v’A = –1,75 m/s cinética;
Como a velocidade v’A é negativa depois da colisão, a bola § colisão inelástica: os corpos permanecem unidos
A se move para a esquerda, ou seja, no sentido oposto à depois de colidirem e existe perda de energia cinéti-
orientação do eixo, como ilustra a figura a seguir. ca; esse tipo de colisão também é denominado colisão
anelástica.

3. Colisão e energia cinética


Na colisões de corpos macroscópicos, uma certa quantida-
de de energia cinética de cada um dos corpos geralmente
é perdida. Dessa energia perdida, uma parte deve-se ao
trabalho realizado pelas forças que causam a deformação
dos corpos, e parte é transformada em outras formas de
energia, como energia térmica e energia vibratória (o som
de uma colisão é produzido pela energia vibratória).
Existem alguns casos nos quais essa energia perdida é bas-
tante pequena e pode ser desconsiderada, de modo que a

51
4. Conservação em
sistemas não isolados
O princípio da conservação da quantidade de movimento
também pode ser aplicado em algumas situações em que a
resultante das forças externas não é nula. O princípio pode
ser utilizado, por exemplo, no caso de explosões, pois as
explosões ocorrem em um intervalo de tempo muito cur-
to e envolvem forças internas muito mais intensas do que
as forças externas. Assim, um instante um pouco antes da
explosão, a quantidade de movimento total é aproximada-
multimídia: vídeo
mente igual à quantidade de movimento total um pouco Fonte: Youtube
depois da explosão. Colisões elásticas e inelásticas - Mãozinha
Um outro caso em que é possível utilizar o princípio ocorre em Física 020
quando o sistema não é isolado, mas, em uma certa direção,
a resultante das forças externas é nula. Para essa direção em
que a resultante da forças externas é nula, pode-se aplicar o
princípio da conservação da quantidade de movimento.

5. Casos particulares de colisão


5.1. Colisão frontal e elástica
A colisão frontal e elástica ocorre quando a direção de movimento dos corpos, antes e depois da colisão, é a mesma
(uma reta).
Para simplificar, considere uma colisão frontal e elástica entre duas partículas de massas iguais. Sendo A e B as par-
tículas que colidem, as velocidades das partículas depois da colisão são trocadas (permuta de velocidades), ou seja:
Velocidade final de A = velocidade inicial de B
Velocidade final de B = velocidade inicial de A
Observe alguns exemplos:

52
6. Esfera que incide 02) Pode-se dizer que esse tipo de colisão é uma co-
lisão perfeitamente inelástica.
04) Tomando-se o referencial do piloto Felipe Mas-
perpendicularmente em sa, pode-se dizer que a velocidade da mola era de
–270 km/h.
uma superfície fixa 08) Considerando que o intervalo de tempo do
A figura a seguir ilustra uma bolinha lançada contra uma impacto (a duração do impacto) foi de 0,5 s, a
​ aceleração média da mola foi de 150 m/s2.
parede
__› S. Ao atingir a superfície, a velocidade da bolinha é​
v ​ i , perpendicular a S. Supondo que a bolinha não grude na 16) Considerando que, após o final da colisão, a ve-
locidade da mola em relação ao piloto é nula, e to-
parede, em um instante imediatamente posterior à colisão,
​__› mando o referencial do piloto Felipe Massa, pode-se
a velocidade da bolinha é  ​v ​ f . Experimentalmente, Newton afirmar que a função horária da posição da mola,
descobriu que existe uma relação entre essas velocidades, após o final da colisão, foi de segundo grau.
e essa relação depende dos materiais de que são feitos
os corpos que colidem. Essa relação é denominada coefi- Resolução:
ciente de restituição (e) e é dada por: Analisando as afirmações, tem-se:
|v | 01) Incorreta. Dados: m = 800 g = 0,8 kg; v0 = 0;
e = ___
​  f  ​   v = 270 km/h = 75 m/s
|vi|
Depois da colisão, a mola tem velocidade igual à do
capacete.
Q = m(v – v0) = 0,8(75 – 0) = 60 kg · m/s
02) Correta. A mola fica incrustada no capacete
após a colisão, caracterizando uma colisão perfeita-
mente inelástica.
__ __ 04) Correta. As velocidades relativas entre dois
​› ​›
No caso em que ​  ​v ​ i ​= ​  ​v ​ f  ​, a colisão é elástica e tem-se e corpos têm mesma intensidade de sentidos opostos.
= 1. Se a colisão for parcialmente elástica, ocorrerá per- 08) Correta. Dados: v0 = 0; v = 270 km/h = 75 m/s;
__
​› __
​› Dt = 0,5 s
da de energia cinética e, como consequência, ​  ​v ​ i ​> ​ ​v f  ​, e, am = ​ ___
Dv ​ = 75/0,5 = 150 m/s2
__
​› Dt
assim, 0 < e < 1. No caso de colisão inelástica, ​ v ​ ​ f  ​ = 0, e,
16) Incorreta. A função somente seria do segundo
portanto, e = 0. grau se o módulo da aceleração da mola fosse cons-
Para o caso de colisão entre duas esferas A e B, o coefi- tante, e isso não se pode afirmar.
ciente de restituição pode ser calculado da seguinte forma: 2. (UPE) Na figura a seguir, observa-se que o blo-
co A de massa ma = 2,0 kg, com velocidade de 5,0
vf – vf v (afastamento) m/s, colide com um segundo bloco B de massa mb =
e = ​ ______
B A
vi – vi  ​ 
= _______________
​  rel
    ​ 8,0 kg, inicialmente em repouso. Após a colisão, os
A B vrel (aproximação)
blocos A e B ficam grudados e sobem juntos, numa
rampa até uma altura h em relação ao solo. Despre-
ze os atritos.
Aplicação do conteúdo
1. (UEM) Durante o treino classificatório para o Gran-
de Prêmio da Hungria de Fórmula 1, em 2009, o pilo-
to brasileiro Felipe Massa foi atingido na cabeça por
uma mola que se soltou do carro que estava logo à sua
frente. A colisão com a mola causou fratura craniana,
uma vez que a mola ficou ali alojada, e um corte de 8
cm no supercílio esquerdo do piloto. O piloto brasileiro Analise as proposições a seguir e conclua.
ficou inconsciente e seu carro colidiu com a proteção de
pneus. A mola que atingiu o piloto era de aço, media 12 ( ) A velocidade dos blocos, imediatamente após a coli-
são, é igual a 1,0 m/s.
cm de diâmetro e tinha, aproximadamente, 800 g. Consi-
derando que a velocidade do carro de Felipe era de 270 ( ) A colisão entre os blocos A e B é perfeitamente
km/h, no instante em que ele foi atingido pela mola, e inelástica.
desprezando a velocidade da mola e a resistência do ar, ( ) A energia mecânica do sistema formado pelos blocos
assinale o que for correto. A e B é conservada durante a colisão.
01) A quantidade de movimento (momento linear) ( ) A quantidade de movimento do bloco A é conserva-
transferida do piloto para a mola foi de, aproximada- da durante a colisão.
mente, 75 kg ∙ m ∙ s-1. ( ) A altura h em relação ao solo é igual a 5 cm.

53
Resolução: 4. (Espcex) Dois caminhões de massa m1 = 2,0 ton e m2
= 4,0 ton, com velocidades v1 = 30 m/s e v2 = 20 m/s,
As figuras mostram as situações inicial e final dos blocos, respectivamente, e trajetórias perpendiculares entre si,
antes e após a colisão, perfeitamente inelástica, e colidem em um cruzamento no ponto G e passam a se
após terem subido a rampa. movimentar unidos até o ponto H, conforme a figura a
seguir. Considerando o choque perfeitamente inelásti-
co, o módulo da velocidade dos veículos imediatamen-
te após a colisão é:

A quantidade de movimento total se conserva. Assim:


___
​› ___
​›
 ​
Q
  ​ TI  → (mA + mB) · v = mA · v0
​ TF  = Q
 ​

v = 1,0 m/s
a) 30 km/h.
Depois da colisão, no processo de subida da rampa, a ener- b) 40 km/h.
gia mecânica se conserva, e, portanto: c) 60 km/h.
d) 70 km/s.
​  1 ​ Mv2 = Mgh → h = 5,0 cm
ETF = ETI → __
2 e) 75 km/s.
(V) observe a explicação acima;
Resolução:
(V) por definição;
Para essa análise, é necessário analisar as quantidades de
(F) nas colisões inelásticas existe redução de energia;
movimento dos dois caminhões vetorialmente, conforme a
(F) o que se conserva é a quantidade de movimento total figura a seguir.
do sistema;
(V) h = 5 cm.
3. (UFJF-PISM) Uma aranha radioativa de massa ma = 3,0 g
fugiu do laboratório e foi parar na sala de aula. Ela está
parada e pendurada no teto através de um fio fino feito
de sua teia, de massa desprezível. Um estudante, mas-
cando um chiclete com massa mc = 10,0 g, se apavora e
atira o chiclete contra a aranha com uma velocidade
de vc = 20 m/s. Considere que a colisão entre o chicle-
te e a aranha é totalmente inelástica e que possa ser Assim, segue que:
tratada como unidimensional. Com base nessas infor- _______
mações, calcule: Qi = √
​ Q12 + Q22  
______________
a) os módulos dos momentos lineares da aranha e do  ​Qi = √
​ (m
   . v1)2 + (m2 . v2)2
1
chiclete, imediatamente antes da colisão; ___________________
b) a velocidade final do conjunto aranha-chiclete ime-  ​Qi = √
​ (2000
   . 30)2 + (4000 . 20)2 ​
diatamente após a colisão. ______________
Qi = √
​ (60000)
   2
+ (80000)2
Resolução:
 ​Qi = 100 · 103 kg · m/s
a) Em unidades do Sistema Internacional:

{ }
Qa = 0 Dessa forma, é possível encontrar a velocidade dos dois
Q = mv ​              
​      m ​ . ​  ​
Qc = 10 x 10-3 ∙ 20 ⇒ Qc = 0,2 kg​ __
s
caminhões após a colisão.
b) Considerando o sistema mecanicamente isolado, Qi = Qf
pela conservação da quantidade de movimento, vem:
Qi = Qf ⇒ mc vc = (ma + mc) · vf ⇒ vf 10(20) Qf = m · vf
Qi
​ 200 ​ ⇒ vf = 15,4 m/s
= 13vf ⇒ vf = ___ vf = ________
​     
13 (m1 + m2)

54
​ 100 . 10
3
 ​vf =_______  ​ 

6 . 10 3

​ 100
vf = ___  ​  m/s
6
ou
vf = 60 km/h
Alternativa C
5. (UFG) Uma experiência comum utilizando um acele-
rador de partículas consiste em incidir uma partícula
conhecida sobre um alvo desconhecido e, a partir da
análise dos resultados do processo de colisão, obter in- a) 3.000 km/h
formações acerca do alvo. Um professor, para ilustrar de b) 3.200 km/h
forma simplificada como esse processo ocorre, propôs a c) 34.000 km/h
seguinte situação em que uma partícula de massa m1 = d) 3.600 km/h
0,2 kg colide com um alvo que, inicialmente, estava em e) 3.800 Km/h
repouso, conforme a figura.
Resolução:
Pela conservação do momento linear, tem-se que:
Qfog = Qest + Qcap.
M ∙ vfog. = mest. ∙ vest. + mcap. ∙ vcap.
Em que:
vfog = 3.000 km/h
mest. = 0,75 ∙ M
vest. = V – 800
Após a colisão, obteve-se como resultado que as compo-
nentes y das velocidades são respectivamente v1y = 5m/s mcap. = 0,25 ∙ M
e v2y = –2 m/s. Nesse caso, a massa do alvo, em kg, é:
vcap. = v
a) 0,08.
b) 0,2. Assim:
c) 0,5. 3.000 ∙ m = 0,75 ∙ (v – 800) + (0,25 ∙ M) ∙ v
d) 0,8.
3.000 = 0,75 ∙ v – 600 + 0,25 ∙ v
e) 1,25.
v = 3.600 km/h
Resolução:
Alternativa D
Como o movimento, antes da colisão, era estritamente
sobre o eixo x, a componente da quantidade de movi- 7. (IFCE) Uma esfera A é largada, a partir do repouso, do
mento no eixo y é nula. Pela conservação da quantidade ponto mais alto de uma calha, cujo trilho possui uma
de movimento, tem-se, então: parte em forma de “looping” (círculo), como mostra a
figura 1.
Qyfinal = Qyinicial ⇒ m1v1y + m2V2y = 0 ⇒ 0,2 ∙ 5 + m2 (–2) =
0 ⇒ m2 = 0,5 kg
Alternativa C
6. (PUC-PR) Um foguete, de massa M, encontra-se no
espaço___
​ ›e na ausência de gravidade com uma veloci-
dade (​V ​  0) de 3.000 km/h em relação a um observador
na Terra, conforme ilustra a figura a seguir. Num dado
momento da viagem, o estágio, cuja massa representa
75% da massa do foguete, é desacoplado da cápsula.
Devido a essa separação, a cápsula do foguete passa a
viajar 800 km/h mais rápido que o estágio.
Qual a velocidade da cápsula do foguete, em relação a
um observador na Terra, após a separação do estágio?

55
A distância horizontal atingida pela esfera A até tocar o
solo é X0 = 1 m. Em seguida, a mesma esfera A é largada
do mesmo ponto anterior, a partir do repouso, e colide
frontalmente com uma segunda esfera B colocada em
repouso na extremidade horizontal da calha (ponto C
na figura 1). Ambas atingem as distâncias horizontais
XA = 0,3 m e XB = 0,6 m, respectivamente.
Desprezando-se a resistência do ar e considerando-se a
aceleração da gravidade g constante, o coeficiente de
restituição do choque, entre as duas esferas, vale:
a) 0,3.
b) 0,5.
c) 0,7.
multimídia: vídeo
d) 0,9. Fonte: Youtube
e) 1,0. Teorema do Impulso - Mãozinha em Física
Resolução: 018
O tempo de queda é o mesmo nos três casos, pois inde-
pende da massa e da velocidade inicial, como mostrado
a seguir: ___
​ 1 ​ g Dt2 ⇒ Dt = ​ ___
h = __
2
​ 2h
g ​ ​   √
Depois de abandonar a calha, a velocidade horizontal de
cada esfera permanece constante para os três lançamen-
tos, sendo igual a razão entre a distância horizontal percor-
rida e o tempo de queda.
Assim, tem-se:

{ }     
X
v0 = ___
​  0  ​ = ___
Dt
​  1  ​ ;
Dt
multimídia: sites
X 0,3
​ ​ va = ___
​    ​ = ___
0
​   ​ ; ​    

     Dt Dt
guiadoestudante.abril.com.br/estudo/
X 0,6
vB = ___
​  0  ​ = ___
​   ​  resumo-de-fisica-quantidade-de-movimen-
Dt Dt
to-impulso-e-colisoes/
O coeficiente de restituição no choque é dado pela razão
mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/teo-
entre velocidades relativas de afastamento (vB – vA) e de
rema-impulso.htm
aproximação (v0).
alunosonline.uol.com.br/fisica/teorema-im-
___ 0,6 0,3
v_____ ​   ​ – ___
– vA _______ ​   ​  0,3 pulso.html
B
= ​  Dt  ​=
e = ​  v  ​   Dt  
  ___
​   ​  ⇒ e = 0,3 brasilescola.uol.com.br/fisica/colisoes.htm
0 __1
​    ​   1
Dt www.infoescola.com/mecanica/colisoes/
mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/coli-
Alternativa A
soes-elasticas-inelasticas.htm

56
VIVENCIANDO

O estudo sistematizado de colisões não tem aplicabilidade somente na teoria de partículas. No “mundo macroscópi-
co”, a colisão entre veículos, infelizmente, é questão de utilidade e segurança pública.
Durante um impacto, a utilização do cinto de segurança passa a ser questão vital para a sobrevivência dos ocupantes
de um veículo. Sua utilização interfere na diminuição do impulso atuante no corpo dos passageiros.

57
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

Habilidade
20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

No estudo de colisões entre os corpos, emprega-se a habilidade 20 tanto pela caracterização da causa quanto pela
descrição dos efeitos do movimento em si.

Modelo 1
(Enem) O trilho de ar é um dispositivo utilizado em laboratórios de física para analisar movimentos em que corpos de
prova (carrinhos) podem se mover com atrito desprezível. A figura ilustra um trilho horizontal com dois carrinhos (1
e 2) em que se realiza um experimento para obter a massa do carrinho 2. No instante em que o carrinho 1, de massa
150,0 g, passa a se mover com velocidade escalar constante, o carrinho 2 está em repouso. No momento em que o
carrinho 1 se choca com o carrinho 2, ambos passam a se movimentar juntos com velocidade escalar constante. Os
sensores eletrônicos distribuídos ao longo do trilho determinam as posições e registram os instantes associados à
passagem de cada carrinho, gerando os dados do quadro.

Carrinho 1 Carrinho 2
Posição (cm) Instante (s) Posição (cm) Instante (s)
15,0 0,0 45,0 0,0
30,0 1,0 45,0 1,0
75,0 8,0 75,0 8,0
90,0 11,0 90,0 11,0

Com base nos dados experimentais, o valor da massa do carrinho 2 é igual a:


a) 50,0 g.
b) 250,0 g.
c) 300,0 g.
d) 450,0 g.
e) 600,0 g.

58
Análise expositiva - Habilidade 20: A velocidade do carrinho 1 antes do choque é:
C
O carrinho 2 está em repouso: v2 = 0.
Depois da colisão, os carrinhos seguem juntos com velocidade v12, dada por:

Como o sistema é mecanicamente isolado, ocorre conservação da quantidade de movimento.

:
Alternativa C

Modelo 2
(Enem) Durante um reparo na Estação Espacial Internacional, um cosmonauta, de massa 90 kg, substitui uma bomba
do sistema de refrigeração, de massa 360 kg, que estava danificada. Inicialmente, o cosmonauta e a bomba estão em
repouso em relação à estação. Quando ele empurra a bomba para o espaço, ele é empurrado no sentido oposto. Nesse
processo, a bomba adquire uma velocidade de 0,2 m/s em relação à estação.
Qual é o valor da velocidade escalar adquirida pelo cosmonauta, em relação à estação, após o empurrão?
a) 0,05 m/s
b) 0,20 m/s
c) 0,40 m/s
d) 0,50 m/s
e) 0,80 m/s

Análise expositiva - Habilidade 20: Quando se trata de um sistema mecanicamente isolado, ocorre conserva-
E ção da quantidade de movimento.
Assim:

Alternativa E

59
DIAGRAMA DE IDEIAS

CONSERVAÇÃO DA QUANTIDADE
DO MOVIMENTO

QUANTIDADE DE SOMATÓRIA DAS


MOVIMENTO QUANTIDADES
DE UM SISTEMA DE MOVIMENTO

SE CONSERVA

QUANTIDADE DE
SISTEMA ISOLADO MOVIMENTO CONSTANTE

COLISÕES

ENERGIA CINÉTICA
ELÁSTICA
SE CONSERVA

PARCIALMENTE HÁ PERDA DE
ELÁSTICA ENERGIA CINÉTICA

HÁ PERDA DE CORPOS UNIDOS


INELÁSTICA
ENERGIA CINÉTICA APÓS COLISÃO

60

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