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Física 10º

1. Energia e Sua Conservação

1.1 Energia e Movimentos

Energia é uma quantidade que se conserva.

A energia é transferida das fontes para os recetores, onde é transformada em energia útil.
Mas, nestes processos, uma parte da energia é degradada, isto é, não se transforma na forma
pretendida, dissipando-se, geralmente, como calor.

Fig. 2, pág. 116

No estudo de um processo físico é importante começar por identificar:


- sistema: corpo, corpos ou parte do Universo que é objeto de estudo, perfeitamente limitado
por uma fronteira;
- fronteira: superfície real ou imaginária, bem definida, que separa o sistema das suas
vizinhanças;
- vizinhança: corpos ou parte do Universo que envolve o sistema e com o qual pode interagir.

Lei da Conservação de Energia – a energia pode transferir-se entre corpos, mas não se pode
criar nem destruir.

Unidade SI – joule, J

1.1.1 Energia e tipos fundamentais de energia. Energia interna

Energia relacionada com os fenómenos observáveis – energia química, elétrica, térmica, etc.
Energia relacionada com a respetiva fonte – energia eólica, geotérmica, hídrica, etc.

Existem apenas 2 tipos fundamentais de energia: a energia cinética, Ec, associada ao


movimento, e a energia potencial, Ep, associada à interação com outros sistemas.

A energia cinética de translação de um corpo define-se pela expressão:

Ec = 1/2mv2 m(kg) v(ms-1) Ec(J)

A energia cinética será tanto maior quanto maior for a massa do corpo, m, e maior a sua
velocidade, v.

A energia potencial não tem diretamente a ver com o movimento, mas sim com a possibilidade
ou potencialidade de ele se alterar devido a interações (ou forças).
Existem vários tipos de energia potencial:

Energia potencial gravítica


Existe quando há forças gravíticas entre corpos.
Por exemplo, entre um corpo que está a uma certa altura do solo e a Terra, ou entre um
planeta, como a Terra e o Sol.
O sistema corpo + Terra ou o sistema Terra + Sol têm energia potencial gravítica.

Energia potencial elétrica


Existe quando há forças elétricas entre corpos ou partículas com carga elétrica.
É o que acontece, por exemplo, no modelo proposto por Bohr para o átomo de hidrogénio:
entre o protão e o eletrão exercem-se forças elétricas de atração.
O sistema protão + eletrão tem energia potencial elétrica.

Energia potencial elástica


Existe quando há forças elásticas entre corpos.
Por exemplo, quando pressionamos uma bola e esta comprime uma mola, o sistema mola +
bola adquire energia potencial elástica, que será tanto maior quanto maior for a compressão
da mola.
Esta energia está na origem do movimento da bola e da mola quando se solta a bola.

A nível microscópico, a energia de um sistema designa-se por energia interna.


A energia interna é a soma da energia potencial, resultante das interações entre as partículas
constituintes do sistema (átomos, moléculas e iões), e da energia cinética, associada ao
permanente movimento das partículas.
A energia interna de um dado sistema depende da sua massa (quanto mais massa, mais
partículas, mais energia) e está também relacionada com a temperatura.
A temperatura é a manifestação macroscópica da maior ou menor agitação das partículas.
Quanto maior dor essa agitação – chamada agitação térmica – maior será a energia cinética
das partículas constituintes e maior será a temperatura do corpo
O aquecimento ou arrefecimento de um sistema faz variar a sua energia cinética.

Esquema, pág. 13

1.1.2 Sistema mecânico redutível a uma partícula

Um automóvel, por exemplo, é um sistema termodinâmico muito complexo, mas quando se


pretende analisar apenas o seu movimento, não se consideram as alterações de energia
interna. Consideram-se apenas as quantidades de energia útil e dissipada associadas ao
movimento – o automóvel é assim um sistema mecânico.
Um sistema mecânico em que não se consideram quaisquer efeitos térmicos pode ser
representado por um só ponto, o centro de massa.

Centro de massa (CM): ponto que representa um sistema e a que se associa a massa desse
sistema. Consideram-se aplicadas nesse ponto todas as forças que atuam sobre o sistema.
O modelo do centro de massa (redução do sistema a uma partícula) aplica-se:
- quando não se têm em conta variações de energia interna do sistema (o sistema é mecânico);
- quando o sistema, indeformável, apenas tem movimento de translação.

Este modelo não permite o estudo dos movimentos de rotação, nem das deformações do
sistema.

1.1.3 Transferências de energia por ação de forças. Trabalho de uma força constante.

O trabalho de uma força ou trabalho mecânico mede a quantidade de energia transferida


para um sistema (um corpo), em situações que envolvam forças e movimentos.

Consideremos um carrinho que parte do repouso puxado por uma força F->, de intensidade
constante: para a mesma força aplicada, quanto maior for o deslocamento do carrinho, d,
maior será a velocidade por ele adquirida, ou seja, maior será a sua energia cinética.

Fig. 12, pág. 18

Quanto maior for a força aplicada no carrinho, para o mesmo deslocamento, maior será a sua
velocidade e, portanto, maior será a sua energia cinética.

Fig. 13, pág. 18

Ou seja, a energia cinética adquirida pelo carrinho depende da intensidade da força aplicada,
F, e do deslocamento do seu ponto de aplicação, d. Uma vez que o trabalho da força mede a
energia transferida, o mesmo se aplica para este.

O trabalho realizado por uma força constante, F->, com a direção e sentido do deslocamento, é
dado por:

WF-> = F d

Quando sobre um corpo atua uma força não colinear com o deslocamento, isto é, cuja direção
define um ângulo alfa qualquer com a direção do deslocamento, apenas a componente da
força com a direção deste realiza trabalho.

Fig. 9, pág. 120

Para determinar o trabalho realizado por uma força não colinear com o deslocamento, tem de
se decompor a força em duas componentes: uma com a direção do deslocamento, F x,
responsável pelo trabalho realizado, e a outra que lhe é normal ou perpendicular, F y.

Fig. 10, pág. 120


O trabalho realizado pela componente vertical é nulo, pois é perpendicular ao deslocamento,
logo, o trabalho de uma força é igual ao trabalho realizado pela componente F-> x, a sua força
eficaz, F->ef. Assim tem-se que:

W = WF->ef = Fef x d

A intensidade da componente F->x calcula-se utilizando a definição do cosseno do ângulo


formando pelas direções da força e do deslocamento:

Cos alfa = cateto adjacente / hipotenusa = F x / F ou Fx = F cos alfa

Multiplicando a intensidade de F->x pelo deslocamento obtém-se:

Trabalho de uma força


WF-> = F d cos alfa W(J), F(N), d(m)

Fig. 11, pág. 121

Na situação A a força e o deslocamento têm o mesmo sentido, a velocidade do corpo aumenta,


logo, aumenta a sua energia cinética (variaçãoE c > 0).
Na situação B a força e o deslocamento têm sentidos opostos, logo, a velocidade diminui, bem
como a energia cinética (variaçãoEc < 0).
Na situação C a força é perpendicular ao deslocamento, não contribui para a alteração da
velocidade, logo a energia cinética não se altera por ação desta força (variaçãoE c = 0).
Na situação D a velocidade do corpo é nula, o corpo não sofre qualquer deslocamento, pelo
que a variação de energia cinética também é nula (variaçãoE c = 0).

- se 0* <= alfa < 90*, então cos alfa > 0. Logo, o trabalho realizado pela força é positivo e
designa-se por trabalho potente ou motor. A força contribui para o movimento e apresenta
máxima eficácia na realização de trabalho potente quando alfa = 0*, pois cos 0* = 1.
- se alfa = 90*, como cos 90* = 0, ou se d = 0, então o trabalho é nulo.
- se 90* < alfa <= 180*, cos alfa < 0, então o trabalho realizado pela força é negativo e designa-
se por trabalho resistente. A força opõe-se ao movimento do corpo e apresenta a máxima
eficácia na realização de trabalho resistente quando alfa 0 180*, pois cos 180* = -1.

Se, sobre um corpo, atuar mais do que uma força, a alteração da sua energia é igual ao
trabalho total realizado por todas as forças.
- o trabalho total é a soma dos trabalhos realizados individualmente por cada força:
Wtotal = WF->1 + WF->2 + Wf->3 + … + WF->n
Wtotal = somatório WF->i
- o trabalho é igual ao trabalho realizado pela resultante das forças, que é igual à soma vetorial
de todas as forças :
F->R = F->1 + F->2 + … + F->n ; e Wtotal = WF->R
Wtotal = FR variação r cos alfa

1.1.4 Trabalho do peso


P=mg
g = 10 m s-2
g – aceleração gravítica

Fig. 18, pág. 21

O trabalho do peso num plano inclinado:

Fig. 20, pág. 22

sin alfa = cateto oposto / hipotenusa = P x / P ou Px = P sin alfa

Fig. 21, pág. 22

Num plano inclinado, o trabalho do peso é igual ao trabalho da sai componente eficaz, P-> x:
WP-> = WP->x
Também podemos relacionar o deslocamento, d, como o desnível, h, através da definição de
seno de um ângulo:

Sin alfa = h / d ou h = d sin alfa

Fig. 22, pág. 22

Fig. 23, pág. 23

Trabalho do peso
- é sempre potente quando o corpo desce: W P-> = m g h
- é sempre resistente quando o corpo sobe: W P-> = - m g h

No caso de uma rampa, como h = d sin alfa, o trabalho do peso é o mesmo quando um corpo
sobe (ou desce) planos com diferentes comprimentos e inclinações desde que tenham a
mesma altura (desnível) h.

Fig. 24, pág. 23

O que significa uma inclinação de 6%? Significa que, para subirmos (ou descermos) 6 m em
altura. Teremos de percorrer 100 m sobre a estrada. Este valor não é mais que o seno do
ângulo de inclinação da reta, em percentagem:

Sin alfa = h / d = 6 / 100 = 0,06

Fig. 26, pág. 24

1.1.5 Teorema da Energia Cinética (ou Lei do Trabalho-Energia)


Fig. 21, pág. 125

A variação da velocidade do corpo resulta, em termos energéticos, numa variação da sua


energia cinética, cujo valor é igual à energia cinética final, E cf, menos a energia cinética inicial,
E0:
VariaçãoEc = Ef – E0
VariaçãoEc = ½ m v2f - ½ m v20
O trabalho realizado pela resultante de todas as forças que atuam sobre um corpo é igual à
variação da sua energia cinética – Teorema da Energia Cinética.
WF->R = variaçãoEc

1.1.6 Forças conservativas e não conservativas

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