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DOSSIÊ DO PROFESSOR – RUMO À FÍSICA 11

10.º ANO EM RESUMO


DOMÍNIO 1: ENERGIA E SUA CONSERVAÇÃO
SUBDOMÍNIO 1: ENERGIA E MOVIMENTOS

1.1 TRANSFORMAÇÕES DE ENERGIA NUM SISTEMA MECÂNICO REDUTÍVEL AO SEU


CENTRO DE MASSA
Para analisar a energia é necessário confinar o estudo a um corpo, a uma região ou a um conjunto de
partículas, ou seja, ao objeto de estudo que, em termos físicos, é designado sistema.
Qualquer que seja a forma como a energia se manifeste (química, nuclear, térmica, mecânica, elétrica
ou magnética) a sua unidade no SI é o joule (J) e podem considerar-se apenas duas formas básicas
de energia:
Energia cinética ( Ec ) Energia potencial ( E p )
Energia associada ao estado de movimento de Energia armazenada num sistema em
um objeto. consequência da sua posição ou condição.
Unidades no SI: Exemplo:
Ec (energia cinética) – J (joule)  Energia potencial elétrica
1 2 devida à interação entre
Ec = mv m (massa) – kg (quilograma)
2 partículas com carga elétrica
como os eletrões.
v (velocidade) – m s−1 (metro
por segundo)
A energia cinética é diretamente proporcional ao  Energia potencial elástica
quadrado da velocidade, por isso a linha de um devida à alteração da forma
2
gráfico Ec =f (v ) é uma reta que passa pela de uma mola.
1
origem, sendo o declive igual a m. A linha de
2
um gráfico Ec =f ( v) é uma parábola.  Energia potencial gravítica (
E pg ) devida à posição relativa
do sistema em relação à
Terra.

A soma da energia cinética com a energia potencial de um sistema designa-se energia mecânica ( Em
) de um sistema.
Em =Ec + E p

A energia interna ( Ei ) é a energia que tem em conta a estrutura do sistema, constituído


microscopicamente por muitas partículas. Corresponde à soma da energia potencial interna com a
energia cinética interna de um sistema. Um aumento da massa ou da temperatura contribui para o
aumento da energia interna do sistema.
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Energia potencial interna Energia cinética interna


Energia que resulta das várias interações entre Energia associada ao movimento das partículas
as partículas que constituem o sistema a nível que constituem o sistema a nível microscópico.
microscópico.
Quanto maior é a temperatura (T), maior é a
Quanto maior é a massa (m), maior é o número agitação das partículas e maior é a energia
de partículas que constitui o sistema e, portanto, cinética média interna dessas partículas.
maior é o número de interações, logo, uma maior
massa implica uma maior energia potencial
interna.

Os sistemas em que as variações de energia interna não são tidas em conta, ou seja, em que se
estudam apenas alterações na energia mecânica, são designados sistemas mecânicos.
O estudo de um sistema mecânico indeformável que possua apenas movimento de translação pode
ser reduzido ao de uma única partícula com a massa do sistema, estando a partícula localizada num
ponto designado centro de massa. Este modelo tem a designação de modelo da partícula material.

1.2 O TRABALHO COMO MEDIDA DA ENERGIA TRANSFERIDA POR AÇÃO DE FORÇAS


A transferência de energia do sistema para o exterior, ou do exterior para o sistema, pode ser feita
através da aplicação de uma força (⃗F ), uma grandeza física vetorial que resulta da interação entre
dois corpos.
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Entre as várias forças que podem ser aplicadas destacam-se, por serem mais frequentes:

a força normal (⃗N ), uma força que a superfície a força gravítica (⃗


F g), ou, vulgarmente, peso do
do chão exerce no corpo, sempre que o corpo corpo que resulta da força atrativa que a Terra
esteja em contacto com o chão, e é exerce sobre todos os corpos com massa.
perpendicular à superfície;
A força gravítica apresenta uma direção que
a força de atrito (⃗
F a), uma força que a superfície corresponde sempre à vertical do lugar, um
exerce no corpo e que contraria o movimento sentido dirigido para o centro da Terra, um ponto
entre o corpo e a superfície, é sempre paralela de aplicação no centro de massa do corpo e uma
à superfície e tem o sentido contrário ao intensidade dada por:
movimento;
F g=mg
a resistência do ar (⃗
F ar ), que também atua no
Onde o módulo da aceleração gravítica (g), tem
sentido contrário ao movimento e que resulta
um valor aproximado de 10 m s−2, podendo
do movimento do corpo através do ar;
considerar-se constante para pequenos
deslocamentos próximos da superfície terrestre.

O trabalho (W) é a energia transferida pelo ou para o sistema através da atuação de uma força sobre
o mesmo, sendo a sua unidade coincidente com a da energia, ou seja, o joule (J).
O trabalho realizado por uma força é uma grandeza escalar e está relacionado com a intensidade da
força aplicada (F), com o valor absoluto do deslocamento efetuado (Δr) e com o ângulo existente entre
a direção da força e a direção do deslocamento (α).
Unidades no SI:
W (trabalho) – J (joule)
W ⃗F =F Δ r cos α Δ r (módulo do deslocamento) – m (metro)
F (intensidade da força) – N (newton)
α (ângulo entre ⃗
F e Δ ⃗r) – rad (radiano)
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Trabalho de forças constantes


1.ª Força constante que atua na mesma direção 2.ª Força constante que atua na mesma direção,
e sentido do deslocamento do corpo. mas sentido oposto ao deslocamento do corpo.

α =0 ° ⇒ cos α=1 α =180 °⇒ cos α =−1


A força realiza um trabalho positivo, o sistema A força realiza um trabalho negativo, o sistema
recebe energia – trabalho potente e máximo. cede energia – trabalho resistente e máximo.
3.ª Força constante que atua numa direção 4.ª Força constante que atua segundo um
perpendicular ao deslocamento do corpo. ângulo em relação à direção do deslocamento
do corpo.

α =90 ° ⇒ cos α=0 Se 0 ° <α <90 °, a força realiza um trabalho


positivo e o sistema recebe energia – trabalho
A força não realiza trabalho, o sistema nem potente.
recebe nem cede energia – trabalho nulo.
Se 90 ° <α <180 °, a força realiza um trabalho
negativo e o sistema cede energia – trabalho
resistente.

Em situações semelhantes ao último exemplo apresentado, a força (⃗F ) pode ser decomposta em duas

componentes, uma na direção do deslocamento ( F x ) e uma na direção perpendicular ao deslocamento
(⃗
F y ), em que:
F y =F sen α

F =⃗
F x +⃗
Fy
F x =F cos α

O trabalho, ou seja, a energia transferida, será tanto maior quanto maior for a componente da força na
direção do movimento (⃗ F x ), uma vez que é a única responsável pelo trabalho realizado sobre o centro
de massa.
Trabalho realizado pelo peso
A intensidade da força gravítica, vulgarmente designada por peso do corpo, pode ser determinada
pela expressão:
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F g=mg
Apesar de o peso atuar em todos os sistemas, nem sempre realiza trabalho.
O trabalho do peso é:
 negativo (resistente) na subida, positivo (potente) na descida e nulo no movimento horizontal;
 independente da trajetória do corpo;
 dependente só da distância percorrida na vertical, h, entre a posição mais alta e a posição mais
baixa.
Para movimentos próximos da superfície, o trabalho realizado pelo peso pode ser determinado pela
expressão:
Unidades no SI:
W ⃗F (trabalho da força gravítica) – J (joule)
g

W ⃗F =−mg Δ h
g
m (massa) – kg (quilograma)
g (aceleração gravítica) – m s−2 (metro por segundo quadrado)

Δ h (variação da altura) – m (metro)

Num plano inclinado W ⃗F =W ⃗F =F g Δ r cos α


g g ,x

A determinação do ângulo α entre o peso e o deslocamento num plano inclinado é mais fácil se se
representar o sistema de forças nas extremidades do plano inclinado.
De A para B (descida): α =90 °−θ=β De B para A (subida): α =90 °+θ
Num sistema, como o representado na figura seguinte, sujeito a várias forças, o trabalho total, que
corresponde ao trabalho da resultante das forças ( W ⃗F ) aplicadas sobre o corpo, pode ser
R

determinado:
 pela soma dos trabalhos realizados por cada uma das forças aplicadas:
W ⃗F =∑W =W ⃗F + W ⃗F +W ⃗N +W ⃗F
R g a

ou
 a partir da intensidade da resultante das forças do conjunto de
forças que atuam no corpo:
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W ⃗F =F R Δ r cos α
R

onde α é o ângulo que a resultante das forças faz com o deslocamento.


O gráfico seguinte representa a intensidade da componente da resultante das forças ( F R ) na direção
do movimento (força eficaz, F R , ef ) em função da posição do corpo ao longo de uma trajetória retilínea.

Considerando apenas o movimento de r i para r f , o trabalho efetuado pela força nesse deslocamento (
Δ r ) corresponderá a W =F R , ef Δ r ou seja, ao valor da área que está sombreada.

1.3 TEOREMA DA ENERGIA CINÉTICA


De acordo com o Teorema da Energia Cinética, a variação da energia cinética é igual ao trabalho da
resultante das forças aplicadas num sistema redutível a uma partícula.
1
W ⃗F =∑W = Δ Ec ⇔ W ⃗F = m ( v f −v i )
2 2
R
2 R

Então:

 Se a partícula recebe energia: W ⃗F >0 ⇒ Δ Ec >0 ⇒ Ec , f > E c, i (o módulo da velocidade aumenta);


R

 Se a partícula cede energia: W ⃗F <0 ⇒ Δ Ec <0 ⇒ Ec , f < E c, i (o módulo da velocidade diminui);


R

 Se a energia da partícula não varia: W ⃗F =0 ⇒ Δ E c =0 ⇒ Ec , f =E c ,i (o módulo da velocidade


R

mantém-se constante).
O facto de o trabalho da resultante das forças ser nulo pode não implicar que as forças aplicadas não
realizem trabalho, mas sim que os seus trabalhos se anulam.

1.4 FORÇAS CONSERVATIVAS E FORÇAS NÃO CONSERVATIVAS


Forças conservativas Forças não conservativas
Forças cujo trabalho realizado para mover uma Forças cujo trabalho realizado numa
partícula entre duas posições é independente trajetória fechada é não nulo e depende da
da trajetória do movimento e nulo se essa trajetória descrita pela partícula.
trajetória for fechada.
Exemplos: Força gravítica;
Exemplos: Resistência do ar;
Força elástica
Força de atrito.
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A energia potencial gravítica de um sistema Terra + corpo, resultante da interação atrativa entre
corpos com massa por ação da força gravítica é diretamente proporcional à altura, medida em relação
a um nível de referência, podendo determinar-se pela expressão:
Unidades no SI:
E pg (energia potencial gravítica) – J (joule)
E pg=mgh m (massa) – kg (quilograma)
g (aceleração gravítica) – m s−2 (metro por segundo quadrado)
h (altura) – m (metro)
A energia potencial gravítica não é uma grandeza absoluta, pois o seu valor depende do nível de
referência escolhido, que vai determinar o valor da altura h onde se vai considerar que a energia
potencial gravítica é zero.
O trabalho realizado pelo peso, que é uma força conservativa, é simétrico da variação da energia
potencial gravítica:
W ⃗F =−Δ E pg
g

Esta relação verifica-se qualquer que seja o tipo de movimento ou trajetória de um corpo:

 Movimento ascendente ⇒ h f >h i ⇒ E pg aumenta ⇒ Δ E pg> 0 ⇒ W ⃗F <0 g

 Movimento descendente ⇒ h f <h i ⇒ E pg diminui ⇒ Δ E pg< 0 ⇒ W ⃗F >0 g

1.5 CONSERVAÇÃO DA ENERGIA MECÂNICA

De acordo com o Teorema da Energia Cinética: W ⃗F =∑W = Δ Ec R

Considerando uma partícula material em que atuam apenas forças conservativas ou em que, para
além das forças conservativas, atuam forças não conservativas que não realizam trabalho,
¿0

W ⃗F conservativas

+W ⃗
F
= Δ Ec ⇒ W ⃗F
não conservativas conservativas
=Δ E c

Como o trabalho realizado pelas forças conservativas na partícula material corresponde ao trabalho do
peso, que é igual ao simétrico da variação da sua energia potencial gravítica, então:
−Δ E pg=Δ E c ⇔ Δ E pg + Δ E c =0
Sendo a soma das duas formas básicas de energia igual à energia mecânica pode concluir-se que:
Δ E m=0 ⇒ E m=constante
Quando apenas as forças conservativas realizam trabalho sobre o sistema, há conservação da
energia mecânica, ocorrendo apenas a transformação de energia potencial gravítica em energia
cinética e vice-versa.

1.6 VARIAÇÃO DA ENERGIA MECÂNICA


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De acordo com o Teorema da Energia Cinética: W ⃗F =∑W = Δ Ec R

Se atuarem forças conservativas e forças não conservativas, o trabalho total será a soma dos
trabalhos destes dois tipos de forças.
W ⃗F =W ⃗FR conservativas
+W ⃗F não conservativas

Como o trabalho realizado pelas forças conservativas, nos sistemas em estudo, é o trabalho do peso
que corresponde ao simétrico da variação da sua energia potencial gravítica.
W ⃗F conservativas
=− Δ E pg

Então:
−Δ E pg+W ⃗F nãoconservativas
=Δ E c

Numa partícula material em que atuam forças não conservativas:


W ⃗F não conservativas
=Δ Ec + Δ E pg=Δ E m

 se W ⃗F não conservativas
>0 ⇒ Δ Em >0 ⇒ E m aumenta, o sistema recebe energia.

 se W ⃗F não conservativas
=0 ⇒ Δ E m=0 ⇒ Em mantém-se constante.

 se W ⃗F não conservativas
<0 ⇒ Δ Em <0 ⇒ E m diminui, o sistema cede energia.

As forças não conservativas que realizam um trabalho resistente, como é o caso da força de atrito ou
da resistência do ar, dizem-se dissipativas, pois provocam uma diminuição da energia mecânica por
dissipação de energia na partícula onde atuam.
Edissipada =−W ⃗F dissipativas
=|Δ E m|

O trabalho indica a quantidade de energia transferida entre sistemas, no entanto, nada revela acerca
da rapidez com que essa transferência se processa.
A potência (P) é a grandeza física que relaciona a energia transferida com o intervalo de tempo da
transferência, ou seja, corresponde à energia transferida por unidade de tempo, sendo a unidade no SI
o watt (W).
E
P=
Δt
Sendo o trabalho uma medida da energia transferida de ou para um sistema, quando esta
transferência ocorre no intervalo de tempo, Δ t , a potência média, P, pode ser definida como:
W
P=
Δt
Para se saber a eficiência de uma transformação ou transferência de energia, recorre-se ao conceito
de rendimento (η), que corresponde à razão entre a energia útil e a energia mecânica disponível. A
razão entre a potência útil e a potência total também corresponde ao rendimento.
Eútil Eútil
η= ou, expresso em percentagem, η ( % )= ×100
E total Etotal
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Quanto maior for o rendimento de um sistema, maior é a quantidade de energia útil que ele produz ou
maior será a energia mecânica que se conserva e, consequentemente, menor a energia dissipada –
processo mais eficiente.
Subdomínio 2: Energia e fenómenos elétricos
2.1 CORRENTE ELÉTRICA E DIFERENÇA DE POTENCIAL
Um circuito elétrico é um conjunto de componentes elétricos ligados entre si.
Para facilitar a representação dos circuitos e tornar os esquemas mais universais, usam-se símbolos
elétricos que representam os diferentes componentes elétricos.
Símbolos utilizados na representação de circuitos elétricos

Resistência Díodo
Resistência
Pilha variável: emissor de
fixa
Reóstato luz

Resistência
Bateria ou Painel
variável: Lâmpada
pilhas fotovoltaico
Potenciómetro

Interruptor
Aberto (a) Gerador Amperímetro Voltímetro
Fechado (b)
O conceito de carga elétrica (Q) propriedade elétrica das partículas atómicas que compõem a
matéria, é fundamental para explicar todos os fenómenos elétricos. No SI é medida em coulomb (C).
Corpos que possuem quantidades consideráveis de partículas livres com carga (eletrões ou iões), que
facilmente estabelecem um movimento ordenado de cargas elétricas (uma corrente elétrica) por
aplicação de forças elétricas, são considerados bons condutores elétricos. É o caso dos:
 Condutores metálicos que apresentam um
grande número de eletrões livres (eletrões
da camada de valência que se libertam
facilmente da ação do núcleo atómico,
podendo deslocar-se livremente no
material).

 Condutores iónicos compostos por iões positivos e negativos


que, em solução aquosa, no estado gasoso ou quando fundidos,
também possuem partículas carregadas que se movimentam
livremente e são facilmente orientadas.
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Corrente elétrica
A grandeza elétrica, que avalia a intensidade da corrente elétrica que se estabelece num circuito
elétrico, isto é, que mede a quantidade de carga (Q) que atravessa a secção transversal de um
condutor por unidade de tempo ( Δ t ), é a corrente elétrica (I). Tem como unidade base no SI o
ampere (A), mede-se com um amperímetro instalado em série no circuito e pode expressar-se
matematicamente por:
Unidades no SI:

Q I (corrente elétrica) – A (ampere)


I=
Δt Q (carga elétrica) – C (coulomb)
Δ t (intervalo de tempo) – s (segundo)

Ainda antes da descoberta do eletrão, a comunidade científica convencionou que as cargas num
circuito se moviam para o polo negativo. Ficou, assim, estabelecido que o sentido convencional para
a corrente elétrica é do polo positivo para o polo negativo, ainda que, num condutor metálico ligado a
uma pilha, a corrente elétrica seja, na realidade, estabelecida pelo fluxo de eletrões do polo negativo
para o polo positivo.

Diferença de potencial elétrico


A diferença de potencial elétrico ou tensão elétrica (U) corresponde ao trabalho realizado pela
força elétrica para deslocar uma carga unitária entre dois pontos, ou seja, a energia transferida por
unidade de carga no deslocamento da carga, e tem como unidade no SI o volt (V). Mede-se com um
voltímetro instalado em paralelo no circuito e pode expressar-se matematicamente por:
W ⃗F Unidades no SI:
U= e

ΔQ U (diferença de potencial ou tensão elétrica) – V (volt)


W ⃗F (trabalho realizado pela força elétrica) – J (joule)
e
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Q (carga elétrica) – C (coulomb)

Corrente contínua e corrente alternada


O tipo de corrente elétrica que se estabelece no circuito depende da diferença de potencial fornecida
pelo gerador de tensão:
Corrente contínua (CC ou DC) Corrente alternada (AC)
Ocorre quando a tensão elétrica nos terminais Ocorre quando a tensão elétrica inverte,
de um gerador de tensão apresenta sempre a repetidamente ao longo do tempo, a sua
mesma polaridade fazendo com que o polaridade pelo que o movimento dos eletrões,
movimento dos eletrões, num fio condutor num fio condutor metálico ligado aos seus
metálico ligado aos seus terminais, seja efetuado terminais, também irá inverter o sentido com a
sempre no mesmo sentido, corrente mesma periodicidade.
unidirecional (DC), e quando se mantém a
quantidade de carga por unidade de tempo. É o caso dos geradores das centrais elétricas,
que convertem energia mecânica em energia
É o caso da corrente elétrica estabelecida por elétrica, que é transferida à rede pública.
pilhas, baterias ou painéis fotovoltaicos.

2.2 RESISTÊNCIA DE CONDUTORES FILIFORMES


Bons condutores elétricos Semicondutores Maus condutores elétricos
Materiais, como os metais, Materiais com uma Materiais com uma baixa
onde é possível estabelecer condutividade inferior e que, condutividade elétrica. No caso
uma corrente de eletrões com dependendo das condições, em que a condutividade elétrica
facilidade, porque oferecem podem atuar como condutores é desprezável designam-se por
uma oposição reduzida ao fluxo ou isoladores. isoladores elétricos.
de eletrões (condutividade
elétrica elevada).
Exemplo: Exemplo: Exemplo:
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Resistência elétrica
Existem componentes especificamente projetados para oferecer um determinado valor da resistência
elétrica. Podem ser utilizados em circuitos para limitar a corrente elétrica, variar a tensão elétrica e, em
certos casos, transferir energia sob a forma de calor. Entre os muitos tipos de resistências, podem
distinguir-se; as fixas, as variáveis e as que apresentam um valor que varia com uma propriedade do
sistema, como a temperatura ou a intensidade da luz.
A resistência elétrica (R) é a grandeza que avalia a oposição que um material oferece à passagem
da corrente elétrica e tem como unidade no SI o ohm (Ω). Pode medir-se diretamente com um
ohmímetro ou, indiretamente, pela expressão.
Unidades no SI:
U (tensão elétrica) – V (volt)
U =RI
R (resistência elétrica) – Ω (joule)
I (corrente elétrica) – A (ampere)
Um ohm é definido como a resistência elétrica de um material que, quando percorrido por uma
corrente elétrica de intensidade um ampere, apresenta aos seus terminais uma diferença de potencial
elétrico de um volt.
A lei de Ohm afirma que, para uma dada temperatura, a tensão elétrica entre os terminais de uma
resistência é diretamente proporcional à corrente elétrica que a atravessa. No entanto, a afirmação só
é válida para alguns dispositivos.
Um dispositivo que obedece a esta lei é, Um dispositivo não linear ou não óhmico será
normalmente, designado como linear ou aquele que não obedece à lei de Ohm.
óhmico.
Pode aplicar-se a equação anterior, mas o valor
A curva num gráfico I = f(U) é uma linha reta que da resistência encontrado só será válido para um
passa pela origem, sendo a constante de determinado valor de tensão aplicada nos seus
proporcionalidade o inverso de valor da terminais.
resistência elétrica, que é constante.

Tratando-se de um condutor filiforme, homogéneo e de secção constante, a resistência elétrica


depende da natureza do condutor, da temperatura a que este se encontra e das respetivas
características geométricas.
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A resistividade (ρ) depende da natureza e da temperatura do material e avalia a dificuldade com que
os eletrões se podem deslocar através desse material. A sua unidade no SI é o ohm metro (Ω m).
Quanto menor a resistividade do material, maior a condutividade do material, logo, a resistividade de
condutores é inferior à apresentada pelos semicondutores que, por sua vez, é inferior à dos maus
condutores e isoladores.
Resistividade de alguns materiais comuns, a 20 °C
Material Resistividade (Ω m) Característica
Prata 1,64 ×10
−8
Condutor

Cobre 1,72 ×10


−8
Condutor

Germânio 4,7 × 10
−1
Semicondutor

Silício 6,4 × 102 Semicondutor

Vidro 10
12
Isolador

Teflon 3 ×10
12
Isolador

De um modo geral, a resistividade dos metais aumenta quase linearmente com o aumento da
temperatura, enquanto num semicondutor a resistividade diminui quase exponencialmente com o
aumento da temperatura.
Assim, a resistência de um condutor filiforme é:
 diretamente proporcional à resistividade do material que o
constitui.
 diretamente proporcional ao comprimento (ℓ) do material, mas
é inversamente proporcional à área da sua secção
transversal (A).
E pode ser expressa matematicamente por:
Unidades no SI:
R (resistência elétrica) – Ω (ohm)
l
R=ρ ρ (resistividade) – Ω m (ohm metro)
A
l (comprimento) – m (metro)
A (área da secção transversal) - m 2 (metro quadrado)

2.3 EFEITO JOULE


Potência elétrica
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A grandeza que mede a energia elétrica transferida por unidade de tempo é a potência elétrica (P),
mas, nos circuitos elétricos, pode ser expressa pelo produto da tensão elétrica nos terminais de um
componente elétrico pela corrente elétrica que o atravessa.
Unidades no SI:
P (potência elétrica) – W (watt)
P=UI
U (tensão elétrica) – V (volt)
l (corrente elétrica) – A (ampere)
Para condutores óhmicos, em que se pode aplicar a Lei de Ohm, a potência dissipada pela resistência
também pode ser dada por:
2
2 U
P=R I ou P=
R

Energia dissipada por efeito Joule


O efeito Joule corresponde ao efeito térmico provocado pela passagem de corrente elétrica através
de um condutor elétrico, devido aos choques entre os eletrões livres e os cernes dos átomos do
condutor que, além de condicionar a corrente elétrica, conduz ao aumento da temperatura do condutor
provocando uma dissipação de energia como calor para a vizinhança.
E
Se a potência corresponde à energia transferida por unidade de tempo, P= , a energia dissipada
Δt
como calor por um condutor puramente resistivo no intervalo de tempo em que é atravessado pela
corrente elétrica, pode ser determinada pela expressão:
Edissipada =U / Δt
Para condutores óhmicos, em que pode ser aplicada a Lei de Ohm, a energia dissipada pode ser
expressa por:
2
Edissipada =R I Δt
Quanto maior a energia dissipada por efeito Joule por um componente elétrico menor será a energia
útil disponível. Além disso, existe um limite para a quantidade de calor que um condutor consegue
transferir sem sofrer danos do calor gerado.

Já no caso de elementos puramente resistivos, como resistências de aquecimento, o efeito Joule é o


único efeito pretendido e quanto mais calor conseguirem transferir maior será a sua eficiência.
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2.4 GERADORES DE CORRENTE CONTÍNUA


Num circuito elétrico, é o gerador elétrico o componente elétrico responsável pela aplicação de uma
diferença de potencial elétrico capaz de criar corrente elétrica no circuito. É o caso das pilhas e
baterias que aplicam uma diferença de potencial constante, originando uma corrente contínua no
circuito.
A força eletromotriz (ε) de um gerador corresponde à energia total por unidade de carga transferida
do gerador para as cargas que se movem no circuito. Coincide com a diferença de potencial elétrico,
nos terminais do gerador, em circuito aberto.
Um gerador que não apresenta nenhuma resistência ao movimento de cargas, possui uma diferença
de potencial elétrico nos seus terminais independentes da corrente elétrica que percorre o circuito a
que está ligado designando-se gerador elétrico ideal.

Um gerador real possui uma resistência interna (r) que provoca dissipação de energia e é
responsável pela diminuição da energia que o gerador em funcionamento, em circuito fechado, pode
transferir para o circuito.
Em circuito aberto Em circuito fechado

A diferença de potencial elétrico entre os pontos


A e B corresponde à tensão elétrica nos
terminais da pilha, ou seja, à força eletromotriz A diferença de potencial elétrico entre os pontos
da pilha. A e B corresponde à diferença entre a força
eletromotriz da pilha e a tensão elétrica
decorrente da sua resistência interna.
U AB=U Pilha=ε Pilha U =ε−rI
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Num gerador real, para valores de correntes elétricas muito baixas, a tensão elétrica depende da
corrente fornecida de um modo linear. Nestas condições, o gráfico da diferença de potencial em
função da corrente elétrica, designado curva característica de um gerador, corresponde a uma reta
que se traduz pela expressão U =ε−rI .

Na curva característica de um gerador, o módulo do declive da curva e a ordenada na origem


correspondem, respetivamente, à resistência interna e à força eletromotriz do gerador – as duas
características de um gerador.
Designa-se por corrente de curto-circuito a corrente elétrica que atravessa o gerador quando a
resistência do circuito onde o gerador está incluído é praticamente nula. Nesses casos a tensão
elétrica anula-se, e a energia dissipada no gerador é máxima.
Num circuito elétrico há conservação de energia, isto é, a energia transferida do gerador para as
cargas que se movem no circuito é igual à energia recebida pelos recetores.

Eútil , gerador =Erecetor =R I 2 Δt


Tratando-se de um gerador ideal, a energia total fornecida pelo gerador seria convertida em energia
útil. Contudo, tratando-se de um gerador real, que apresenta resistência interna ao movimento das
cargas elétricas, a energia útil será inferior, pois dentro do próprio gerador haverá energia dissipada
por efeito Joule:

⏟ ⏟
Eútil ,gerador =E ⏟
total , gerador −E dissipada, gerador
2
U / Δt ε / Δt r I Δt

Sudominio 3: Energia, fenómenos térmicos e radiação


3.1 TEMPERATURA E EQUILÍBRIO TÉRMICO
Quando se fala em transferências de energia, está a considerar-se:
 o sistema – corpo, região ou um conjunto de partículas que são o
objeto de estudo.
 a vizinhança – todas as regiões e corpos do Universo que não
pertencem ao sistema.
 a fronteira – o limite, real ou virtual, que separa sistema e vizinhança.
Assim, para estudar qualquer sistema é possível definir uma energia
desprezando a maior parte do Universo.
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Consoante a interação com a vizinhança, os sistemas podem ser classificados em:


Sistema Aberto Sistema Fechado Sistema Isolado
Permite troca de energia, Não permite troca de energia nem de matéria
Permite troca de matéria e de
mas não de matéria com com a vizinhança (ou essa troca não é
energia com a vizinhança.
a vizinhança. significativa no intervalo de tempo considerado).
Ex.: copo de água
Ex.: garrafa água fechada Ex.: garrafa térmica fechada

Um sistema termodinâmico é um sistema em que é apreciável a variação da energia interna do


mesmo, pelo que não pode ser desprezada.
As transferências de energia provocam variações da energia interna do sistema que se traduzem,
muitas das vezes, numa variação da sua temperatura.
A temperatura é uma propriedade que determina se um sistema está ou
não em equilíbrio térmico com outros. O aumento da temperatura do
sistema implica, em geral, um aumento da energia cinética das suas
partículas.

Maior energia cinética


Maior agitação Maior
média interna das
das partículas temperatura
partículas

Quando dois corpos a temperaturas diferentes são colocados em contacto, há transferência de


energia do corpo a temperatura superior para o corpo a temperatura inferior até atingirem uma
situação de equilíbrio térmico, que corresponde à igualdade de temperaturas. A igualdade de
temperatura é a única exigência para o equilíbrio térmico.

Note-se que:
 A temperatura de um corpo é uma propriedade física que é comum a corpos em equilíbrio térmico
com esse corpo.
 O equilíbrio térmico entre dois sistemas implica que ambos tenham a mesma temperatura, mas não
necessariamente a mesma energia interna, uma vez que podem ter massas diferentes.
A maneira mais fiável de medir a temperatura de um sistema é recorrendo a escalas termométricas.
Estas são construídas partindo do pressuposto que algumas das propriedades físicas de um corpo
sofrem alterações quando são sujeitas a aquecimento ou arrefecimento, nomeadamente, por
expansões e compressões.
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São as situações de equilíbrio térmico que permitem estabelecer escalas de temperatura.


A temperatura pode ser medida em grau Celsius (°C) ou em kelvin (K), sendo a primeira a mais usada
no dia a dia e a segunda a unidade no SI.

 Um grau Celsius e um kelvin têm a mesma dimensão, pelo que as diferenças de temperatura nas
duas escalas são coincidentes.
Δ T / K= Δ t /° C
 Como as duas escalas só diferem no valor escolhido como zero, para converter a temperatura (t)
em grau Celsius para a temperatura (T) em kelvin podemos usar:
T / K=t /° C +273,15

3.2 RADIAÇÃO
Quando, por exemplo, se mergulha um cilindro de cobre quente em água fria, é transferida energia do
sistema a temperatura mais elevada (cilindro de cobre) para o de menor temperatura (água) até se
atingir o equilíbrio térmico. Nestes casos é transferida energia como calor.
O calor é a energia transferida entre sistemas vizinhos que se encontram a diferentes temperaturas,
sendo a unidade no SI o joule (J).
 O calor flui sempre de uma região a temperatura mais elevada para outra a menor temperatura.
 A quantidade de calor recebida por um dos corpos é simétrica da quantidade de calor cedida pelo
outro, se o conjunto for um sistema isolado.
 Por convenção, o calor é negativo se é transferido do sistema para o exterior e é positivo se é
transferido do exterior para o sistema.
A transferência de energia como calor pode ocorrer por: condução, convecção ou radiação.
O processo de transferência de energia por radiação pode fazer-se sem haver contacto entre os
sistemas, uma vez que ocorre por emissão e absorção de radiação eletromagnética, que pode
propagar-se em regiões com total ausência de matéria (no vazio), enquanto a condução e a
convecção exigem contacto entre sistemas.
Todos os corpos emitem radiação e, à temperatura ambiente, emitem predominantemente no
infravermelho, sendo os termómetros de infravermelho ou os óculos de visão noturna exemplos de
aplicações que se baseiam nesse fenómeno.
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Quando a radiação incide na superfície de um corpo, ela pode ser absorvida, refletida ou
transmitida através do corpo.

De acordo com o Princípio da Conservação da Energia, a soma das três parcelas de energia será
igual à energia incidente.
Eincidente =Erefletida + Etransmitida + E absorvida ¿
¿

A radiação visível que é refletida pelo corpo é responsável pela cor dos objetos. Quando a luz branca,
resultante da combinação de todas as radiações da zona do visível, incide sobre um corpo, este
absorve parte dessas radiações, chegando apenas aos olhos do observador as outras cores, as que
foram refletidas pelo corpo.
As superfícies brancas refletem a radiação visível
Um objeto que seja branco reemite toda a radiação visível que incide sobre ele e não absorve
nenhuma.

As superfícies pretas são absorsoras de radiação visível


Um objeto preto, absorve toda a radiação visível que incide sobre ele. Como nenhuma radiação visível
é refletida pelo objeto, este apresenta-se preto.
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 Os corpos pretos registam temperaturas mais elevadas que os corpos brancos, quando expostos,
durante um certo intervalo de tempo, à radiação visível.
 De um modo geral, os corpos opacos e escuros são bons absorsores da radiação visível, enquanto
os corpos claros e polidos são maus absorsores.
Designa-se por irradiância ( Er ) a energia radiante incidente por unidade de tempo (a potência
radiante) e unidade de área, e pode ser determinada pela expressão:
Unidades no SI:

P Er (irradiância) – W m−2 (watt por metro quadrado)


Er =
A P (potência radiante) – W (Watt)
A (área) – m2 (metro quadrado)

Painel solar fotovoltaico


Um painel fotovoltaico é um sistema que converte a energia transferida sob a forma de radiação em
energia elétrica, através da criação de uma diferença de potencial elétrico nos seus terminais.

De forma a maximizar o rendimento de um sistema fotovoltaico é necessário dimensionar a área


atendendo à irradiância solar média no local da instalação, ao número médio de horas de luz solar por
dia e à potência a debitar.
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3.3 RADIAÇÃO
Condução
Mecanismo de transferência de energia como calor que ocorre
devido à transferência de energia das partículas mais agitadas
(a maior temperatura) para as mais lentas (a menor
temperatura).
As partículas mais agitadas propagam a agitação às partículas
vizinhas havendo assim transferência de energia sem transporte
de matéria.
A condutividade térmica (k), que mede a capacidade de uma
substância para conduzir calor, é uma constante que depende
do material de que é feito o corpo sendo, portanto, uma propriedade do mesmo. Relaciona-se com a
taxa temporal de transferência de energia como calor por condução, sendo a unidade no SI o watt por
metro e kelvin (Wm−1 K−1).
Um material que transfere facilmente energia por condução é um bom condutor de calor ou condutor
térmico e tem um elevado valor de condutividade térmica. Um material com condutividade térmica
baixa é mau condutor de calor ou isolador térmico.

Convecção
Mecanismo de transferência de energia como calor que ocorre
em fluidos (líquidos e gases) acompanhado de movimentos do
próprio fluído, corrente “quente” ascendente do fluído menos
denso e corrente “fria” descendente do fluído mais denso, que
são designados de correntes de convecção.

Coletor solar
O Sol é, por excelência, a fonte de energia da Terra. Um coletor solar pode transformar energia solar
em energia térmica para fornecer água quente (sanitária, para aquecimento central ou, ainda, para
aquecimento de piscinas). De uma forma simples, um coletor plano é constituído por:
 uma placa absorsora metálica e negra que permite uma boa condução térmica e uma absorção
significativa da radiação solar incidente.
 uma placa isoladora que se situa entre a placa absorsora e o fundo da caixa e que impede as
perdas de energia sob a forma de calor, do interior do coletor para o exterior, por condução.
 uma serpentina de tubos metálicos para que a energia seja facilmente conduzida para o fluido de
transferência térmica.
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 uma zona de vácuo entre a cobertura


e a placa absorsora que reduz as
perdas de energia sob a forma de
calor por condução e por convecção.
 uma cobertura, geralmente de vidro,
transparente à radiação solar
incidente e opaca à radiação
infravermelha emitida no interior.

3.4 CAPACIDADE TÉRMICA MÁSSICA


A energia que um sistema recebe (cede), mantendo o estado físico, é diretamente proporcional ao
aumento (à diminuição) de temperatura que se quer provocar à massa do sistema e é dependente da
substância que constitui o sistema:

Unidades no SI:
E (energia) – J (joule)
m (massa) – kg (quilograma)
E=mc ΔT
c (capacidade térmica mássica) – Jk g−1 K −1 (joule por quilograma e
kelvin)
Δ T (variação de temperatura) – K (kelvin)

A capacidade térmica mássica (c), depende do material e indica a variação de energia por unidade
de massa e de variação de temperatura da substância.
 Quanto maior for a capacidade térmica mássica de uma substância, maior será a energia que é
necessário fornecer a uma amostra dessa substância para lhe provocar uma determinada
variação de temperatura.
 Fornecendo a mesma energia a duas amostras com a mesma massa, mas de substâncias
diferentes, a amostra com a substância de maior capacidade térmica mássica sofrerá uma
menor variação de temperatura
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O gráfico de E=f ( ΔT ) apresenta uma linha Já a linha do gráfico de Δ T em função de E


reta que passa na origem, o que traduz a também é uma reta que passa na origem, mas
proporcionalidade direta destas grandezas, 1
nesse caso o declive é igual a .
sendo o declive igual a m c. mc

Para duas amostras com a mesma massa, quanto maior for a capacidade térmica mássica, maior será
o declive do gráfico E=f ( Δ T ) e menor será o declive do gráfico Δ T =f (E).

3.5 VARIAÇÃO DE ENTALPIA MÁSSICA DE FUSÃO E DE VAPORIZAÇÃO


A figura mostra como varia a temperatura em função do tempo de aquecimento, com uma fonte de
energia de potência constante, para uma quantidade de água, desde que foi retirada do congelador, à
temperatura de − 20 °C, até se encontrar no estado gasoso.

Analisando o gráfico:
A. A temperatura começa por aumentar uniformemente ao longo do tempo até atingir 0 °C.
A energia transferida para o gelo pode ser calculada através da expressão:
E=mc gelo ΔT
B. Atingida a temperatura de 0 °C, inicia-se a fusão do gelo e a temperatura mantém-se constante
durante todo o processo. A mudança de estado físico implica quebra das ligações entre as
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partículas da substância que constitui o sistema, ou seja, a energia recebida é utilizada na


variação da energia potencial interna;

C. Já no estado líquido, a temperatura do sistema volta a aumentar desde 0 °C até 100 °C.
A energia fornecida ao sistema leva novamente ao aumento da energia cinética das partículas
do sistema, sendo dada pela expressão:
E=mc água ΔT
D. Atingida a temperatura de ebulição da água, ocorre a transição do estado líquido para o estado
gasoso, e a temperatura volta a permanecer constante.
Num dado estado físico, a energia transferida para o sistema conduz a uma variação da energia
cinética interna, o que se traduz numa variação da temperatura.
Durante as transições de estado físico, a temperatura mantém-se constante, mas a transferência
de energia não cessa, conduz a uma variação da energia potencial interna.
A energia a transferir, sob a forma de calor, para que uma amostra mude de estado físico, é
diretamente proporcional à massa de substância, de acordo com a expressão:
Unidades no SI:
E (energia) – J (joule)
E=m Δ h
m (massa) – kg (quilograma)
Δ h (variação de entalpia mássica) – J k g−1 (joule por quilograma)

A variação de entalpia mássica (Δh) é a constante de proporcionalidade da


expressão e indica a energia que é necessário fornecer à unidade de massa de
uma substância para mudar de estado físico.
O gráfico de E=f ( m) apresenta uma linha reta que passa na origem, o que
traduz a proporcionalidade direta destas grandezas, sendo o declive igual a Δh.
A variação de entalpia mássica apresenta valores característicos para cada
substância e para cada estado físico.
Os valores de variação de entalpia mássica de fusão e de vaporização (positivos porque ocorrem com
absorção de energia) para uma dada substância são simétricos, respetivamente, aos valores de
variação de entalpia mássica de solidificação e de condensação (negativos porque ocorrem com
libertação de energia).

3.6 PRIMEIRA LEI DA TERMODINÂMICA


A Primeira Lei da Termodinâmica diz que a energia se conserva devendo-se a variação da energia
interna de um sistema às transferências de energia sob a forma de calor e/ou trabalho para o sistema,
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ou seja:

Unidades no SI:
Δ U (variação de energia interna) – J
Δ U =W +Q (joule)
W (trabalho) – J (joule)
Q (calor) – J (joule)

Nesse balanço energético convencionaram-se:


 positivos, os valores de trabalho e de calor fornecidos ao sistema;
 negativos, os valores de trabalho e calor cedidos pelo sistema ao exterior.

Esta lei está perfeitamente de acordo com a Lei da Conservação da Energia.


 Num sistema isolado, a soma do trabalho e do calor é nulo uma vez que não há trocas com o
exterior e a energia interna do sistema mantém-se constante ( Δ U =0 J ).
 Num sistema não isolado, havendo transferência de energia, sob a forma de trabalho e/ou calor,
há variação da energia interna do sistema mantendo-se, contudo, constante o valor da soma da
energia do sistema com a energia da vizinhança.
 Se Δ U > 0 a energia interna do sistema aumenta e se Δ U < 0 a energia interna do sistema
diminui.

3.7 SEGUNDA LEI DA TERMODINÂMICA


A Segunda Lei da Termodinâmica enuncia:
 Os processos que ocorrem espontaneamente na natureza conservam a energia, mas “degradam-
na”, ou seja, levam a uma diminuição da energia útil do Universo.
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 Nenhuma máquina térmica pode converter em trabalho útil todo o calor que recebe de uma fonte
“quente”. Tem de existir energia dissipada para uma fonte “fria” e, consequentemente, o rendimento
da máquina é sempre inferior a 100 %.

O rendimento (η) para uma máquina térmica é dado pela razão entre a energia sob a forma de
trabalho realizado sobre o meio exterior (que corresponde à energia útil) e a energia sob a forma
de calor extraída da fonte “quente” (que corresponde à energia fornecida).

Unidades no SI:

W η (rendimento) – adimensional
η=
Qq W (trabalho) – J (joule)
Qq (calor da fonte “quente”) – J (joule)

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