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Esta nota é baseada principalmente no livro texto Raymond A. Serway e John W. Jewett, Jr.
Princípios de Física 5ª edição, Vol. 2 ( 16.4, 16.5), e minhas próprias adições. Para parte A
teoria cinética dos gases, seguimos parcialmente a derivação no livro H. M. Nussenzveig, Curso
de Física Básica: Fluidos, Oscilações e Onda, Calor, 4ª edição, Vol. 2 (Ch. 11). Se vocês
descobrem algo que não faz sentido, é muito provável que seja meu erro. Por favor me escrevam
sheng.fong arroba ufabc.edu.br.
Contato térmico: Corpos que podem trocar energia uns com os outras (por meio de calor
ou radiação electromagnética) estão em contato térmico.
Temperatura: Quando dois corpos estão em equilíbrio térmico um com o outro, estão na
mesma temperatura ou vice versa.
Lei zero da termodinâmica: Se os corpos A e B estão separadamente em equilíbrio térmico
com um terceiro corpo C, então A e B estão em equilíbrio térmico um com o outro.
O limite inferior de temperatura é zero absoluto quando TC = −273, 15◦ C. Usamos esta
temperatura como ponto zero para a escala Kelvin (K) de temperatura:
TC = T − 273, 15.
Nos Estados Unidos, é comum usar a escala Fahrenheit que relaciona com as escalas de
temperatura Celsius como:
9
TF = TC + 32◦ F.
5
1
Para um sólido, a alteração de qualquer dimensão ∆L ≡ Lf −Li da mudança em temperatura
∆T ≡ Tf − Ti :
∆L = αLi ∆T,
onde α coeciente médio de expansão linear. Podemos mostrar que a área mudará
é
dele como Af − Ai = γAi ∆T onde γ = 2α (coeciente médio da expansão de área) e o
volume dele mudará como Vf −Vi = βVi ∆T onde β = 3α (coeciente médio da expansão
volumétrico).
Para um líquido, como ele não possui uma forma bem denida, consideramos apenas a
mudança de volume dele Vf − Vi = βVi ∆T .
são tão pequenos que ocupam uma fração ínma do volume do seu recipiente.
N
n = . (2)
NA
2
Figure 1: Podemos descrever as propriedades de um gás ideal com quantidades macroscópicas
pressão P, volume V, temperatura T e o número de mols n.
Se cada entidade elementar (átomos, moléculas) de uma substância tem massa m0 , a massa molar
da substância é:
M = NA m0 . (3)
Por exemplo, a massa molar do hidrogênio átomo H é 1,0 g/mol, do hidrogênio molecular H2 é
2,0 g/mol, do oxigênio molecular O2 é 32,0 g/mol etc. Se existirem N moléculas, cada uma com
massa m0 , a massa total é m = N m0 . Portanto, também temos:
N m0 m
n = = . (4)
NA m0 M
Em resumo, podemos descrever um gás ideal com seguintes quantidades macroscópicas: P, V , T
e n conforme a Figura 1.
Para um gás ideal de n mols connado a um recipiente cujo volume pode ser variado, verica-se
empiricamente que:
3
Essa observações podem ser resumidas pela seguinte equação de estado, conhecida como lei dos
gases ideais:
PV = nRT, (5)
e é chamada de constante universal dos gases, pois limP →0 PnTV tende ao mesmo valor R para
todos os gases. Usando n = N/NA , podemos escrever a equação (5) como:
N
PV = RT ≡ N kB T, (7)
NA
onde kB é chamada de constante de Boltzmann, que tem o valor:
R
kB = = 1, 38 × 10−23 J/K. (8)
NA
Ex. 1: Um cozinheiro coloca 9,00 g de água em uma panela de pressão de 2,00 L que é aquecida a
◦
500 C. (A massa molar de água é 18,0 g/mol.)
m 9, 00 g
n = = = 0, 500 mol.
M 18, 0 g/mol
◦
(b) Qual é a pressão dentro da panela a 500 C?
Aplicando a lei dos gases ideais, temos:
nRT
P =
V
(0, 500 mol) (8, 314 J/mol · K) (773, 15 K)
=
2000 × 10−6 m3
6
= 1, 61 × 10 Pa.
◦
Ex. 2: Um gás é contido em um recipiente de 8,00 L a uma temperatura de 20,0 C e pressão de
9,00 atm.
4
(a) Determine o número de mols de gás no recipiente.
Aplicando a lei dos gases ideais, temos:
PV
n =
RT
(9, 00 × 1, 013 × 105 Pa) (8, 00 × 10−3 m3 )
=
(8, 314 J/mol · K) (293, 15 K)
= 2, 99 mol.
N = nNA
= 2, 99 mol × 6, 022 × 1023 /mol
= 18, 0 × 1023 .
3
Ex. 3: Um tanque rígido com um volume de 0,100 m contém gás hélio a 150 atm. Quantos balões
podem ser enchidos abrindo a válvula o máximo possível? Cada balão cheio é uma esfera de
0,300 m de diâmetro numa pressão absoluta de 1,20 atm. Suponha que a temperatura do
gás no tanque e nos balões são a mesma.
Aplicando a lei dos gases ideais, a quantidade de gás hélio no tanque é ntanque RT = Ptanque Vtanque
e a quantidade de gás hélio em cada balão é nbalão RT = Pbalão Vbalão . Portanto, o número de
balões que podem ser enchidos é:
Ex. 4: O manômetro de um tanque registra a pressão manométrica, que é a diferença entre a pressão
interior e a exterior. Quando o tanque está cheio de oxigênio (O2 ), ele contém 12,0 kg do
gás à pressão manométrica de 40,0 atm. Determine a massa de oxigênio que foi retirada do
tanque quando a leitura da pressão era 25,0 atm. Suponha que a temperatura do tanque
permaneça constante.
O volume V e a temperatura T do tanque são xa. Aplicando a lei dos gases ideais, temos,
inicialmente
Pi V
ni = .
RT
5
Finalmente, temos:
Pf V
nf = .
RT
Portanto, temos:
Pf
nf = ni ,
Pi
mf Pf m i
= ,
M Pi M
Pf
mf = mi .
Pi
A massa que foi retirada do tanque é:
Pf
mi − mf = 1− mi
Pi
25, 0 atm + 1, 00 atm
= 1− (12, 0 kg)
40, 0 atm + 1, 00 atm
= 4, 39 kg.
1. Um gás consiste em um número grande de moléculas idênticas e a distância média entre elas
é grande em comparação com as suas dimensões.
6
Figure 2: Uma molécula tem uma colisão elástica com a parede do recipiente.
Vamos considerar N moléculas de um gás ideal, cada um com massa idêntica m0 , em um recipiente
de volume V (consideramos um gás em repouso, o que signica o movimento líquido dele é zero).
Concentramos a nossa atenção em i-ésima molécula que colide elasticamente com uma parede como
na Figura 2. Como a colisão é perfeitamente elástica, sua componente de velocidade perpendicular
à parede vxi é invertida (porque a massa da parede é muito maior que a massa da molécula),
1
enquanto suas componentes vyi e vzi permanecem a mesma. Portanto a mudança do momento da
molécula i na direção x é:
1 Parater uma intuição melhor, vamos considerar uma colisão entre uma molécula de massa mg e um parede
de massa mp em uma dimensão. Inicialmente, a molécula tem velocidade vg,i e a parede está em repouso. Pela
conservação de momento, temos:
mg vg,i = mg vg,f + mp vp,f
mg
=⇒ vp,f = (vg,i − vg,f ) .
mp
7
Pela conservação de momento, a mudança do momento da parede por causa da essa colisão deveria
ser:
Vamos considerar entre N = N1 +N2 +N3 +... moléculas, N1 tem velocidade ~v1 = (vx1 , vy1 , vz1 ),
N2 tem velocidade ~v2 = (vx2 , vy2 , vz2 ), N3 tem x velocidade ~v3 = (vx3 , vy3 , vz3 ), etc. Seja dA um
elemento de superfície da parede no plano yz como na Figura 2, o número total de moléculas com
vx1 > 0 que colidem com dA durante intervalo dt é:2
1 N1
dN1 = vx1 dtdA. (11)
2V
Da equação (10), cada colisão transfere à parede um momento ∆px1 = 2m0 vx1 . Logo o momento
total transferido pelas colisões é:
dpx1
dFx1 =
dt
m0 2
= N1 vx1 dA. (13)
V
Portanto, temos:
mg 2 2
m2g 2
vg,i − vg,f = (vg,i − vg,f ) ,
mp m2p
mg 2
(vg,i − vg,f ) (vg,i + vg,f ) = (vg,i − vg,f ) .
mp
Vemos que vg,f = vg,i é uma solução mas isso signica a molécula continue se move sem colisão. Outra possibilidade
é vg,f 6= vg,i e temos:
mg
vg,i + vg,f = (vg,i − vg,f )
mp
m
−1 + mpg
=⇒ vg,f = m vg,i .
1 + mpg
8
A pressão é a força por unidade de superfície:
dFx1
P1 =
dA
m0 2
= N1 vx1 . (14)
V
Esta é a pressão devido às colisões das moléculas com vx1 > 0. Portanto, a pressão total devido
às colisões com todas as moléculas na parede deveria ser:
X m0 X 2
P = Pi = Ni vxi . (15)
i
V i
Mesma que consideramos essa pressão num elemento dA da parede no plano yz . Numa situação
estável, essa pressão deveria ser igual às pressões nas todas as paredes no recipiente. Em seguida,
2
P
queremos reescrever i Ni vxi em termos da média da velocidade quadrada das moléculas.
Primeiramente, o valor médio de vx2 é:
2
P
i Ni vxi
vx2 = . (16)
N
Logo, a equação (15) é igual:
N
P = m0 vx2 . (17)
V
O quadrado da velocidade da molécula com velocidade ~vi é:
vi2 = vx,i
2 2
+ vy,i 2
+ vz,i . (18)
Se tiramos a média dos dois lados desta equação, temos a média da velocidade quadrada das
moléculas:
Como o movimento das moléculas é isotrópico, temos vx2 = vy2 = vz2 que implica:
v 2 = 3vx2 . (20)
Finalmente, temos:
1N
P = m0 v 2 . (21)
3V
9
A energia cinética (translacional) média da cada molécula é:
1
E = m0 v 2 . (22)
2
Logo, também podemos escrever:
2N
P = E. (23)
3V
Essa relação vincula a pressão de gás (um propriedade macroscópico ) com a densidade de energia
NE
cinética total de gás (física microscópico )!
V
Se tiver uma mistura de gases (gás 1 com energia total N1 E 1 , gás 2 com energia total N2 E 2 ,
etc.) que não reagem quimicamente entre si, contida num recipiente de volume V, a pressão total
da mistura é:
2 N1 E 1 + N2 E 2 + ...
P =
3 V
= P1 + P2 + ..., (24)
onde P1 , P2 , ... são as pressões parciais que os gases 1, 2, ... exerceriam se cada um ocupasse
sozinho todo o volume V. Esse é a lei de Dalton que foi descoberta experimentalmente em 1802
e é explicada simplesmente pela teoria cinética dos gases.
2E
T = . (25)
3kB
Temos uma relação entre a temperatura de gás com a energia cinética média de gás! Também
podemos escrever energia cinética média por molécula como:
3
E = kB T. (26)
2
Note que
1 2
vx2 = vy2 = vz2 =
3
v , cada grau de liberdade translacional contribui com uma
quantidade igual de energia para o gás:
1 1 1 1
m0 vx2 = m0 vy2 = m0 vz2 = kB T. (27)
2 2 2 2
10
O generalização desse resultado é:
Teorema de equipartição de energia: Cada grau de liberdade contribui com 12 kB T para a
energia de um sistema, em que possíveis graus de liberdade são aqueles associados à translação,
rotação e vibração das moléculas.
1 5
Eint = N × (3 + 2) × kB T = nRT. (gás monoatômico) (29)
2 2
Se a temperatura for suciente alta, temos que incluir a contribuição da vibração também. Vemos
isso de novo mais para frente.
A raiz quadrada de v 2 é chamada valor médio quadrático (vmq) da velocidade das moléculas.
Da equação (25), temos:
r r
p 3kB T 3RT
vvmq = v2 = = . (30)
m0 M
Note que em uma determinada temperatura, moléculas mais leves (com massa molar M menor)
se movem mais rapidamente, em média, do que moléculas mais pesadas. A Tabela 3 lista as
◦
velocidades vmq para várias moléculas a 20 C.
3
Ex. 5: Um tanque usado para encher balões de hélio tem um volume de 0,300 m e contém 2,00 mol
◦
de gás hélio a 20,0 C. Suponha que o hélio se comporte como um gás ideal.
3
Eint = nRT
2
3
= (2, 00 mol) (8, 314 J/mol · K) (293, 15 K)
2
= 7, 30 × 103 J.
11
Figure 3: O valor médio quadrático da velocidade de alguns gases.
3
E = kB T
2
3
1, 38 × 10−23 J/K (293, 15 K)
=
2
= 6, 07 × 10−21 J.
Ex. 6: Um cilindro de volume 4, 00 m3 contém uma mistura de hélio e argônio em equilíbrio a 150◦ C.
(MHe = 4, 00 g/mol e MAr = 40, 0 g/mol)
(a) Qual é a energia cinética média para cada tipo de molécula do gás?
12
Ambos são gases monoatômicos em equilíbrio, pois têm a mesma energia cinética média:
3
E = kB T
2
3
1, 38 × 10−23 J/K (423, 15 K)
=
2
= 8, 76 × 10−21 J.
r
3RT
vvmq =
MHe
s
3 (8, 314 J/mol · K) (423, 15 K)
=
4, 00 × 10−3 kg/mol
= 1, 62 × 103 m/s.
r
3RT
vvmq =
MAr
s
3 (8, 314 J/mol · K) (423, 15 K)
=
40, 0 × 10−3 kg/mol
= 5, 14 × 102 m/s.
(c) Dado que temos nHe = 2, 00 mol de hélio e nAr = 1, 50 mol de argônio no cilindro, quais
são as pressões parciais e total de gases?
As pressões parciais são:
13