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O que é um gás ideal? Gás ideal é um nome dado a um modelo de estudo, em que são
feitas algumas aproximações no comportamento dos gases para facilitar o estudo. Mas que
aproximações são essas? Consideramos que as moléculas desse gás possuem tamanho
desprezível e que não existe interacção química entre elas. Desta forma, pensamos que elas
estão tão afastadas umas das outras que podem se movimentar livremente e preencher todo o
espaço disponível. Esse modelo de gás ideal facilita muito nossos cálculos e ainda nos permite
encontrar resultados muito próximos dos gases reais.
𝑃 = 𝑓(𝑇, 𝑉, 𝑛) (2.1)
Esta equação nos assegura que basta determinar três destas variáveis, para que esteja também
determinada a quarta.
𝑃. 𝑉 = 𝑛. 𝑅. 𝑇 (2.2)
TPC: Encontre outros valores da constante dos gases perfeitos (em varias unidades).
Exercício 1
1 – Calcule R, sabendo que 1 mol de gás ideal ocupa um volume de 22,4 L á 1 atm e 273,15 K
(CNTP).
2 – Calcule o número de mols contidos numa amostra de um gás ideal cujo volume é 0,452 L
á 87 0C e 0,620 atm. (R:0,00948 mol)
3 – Uma certa amostra de gás ocupa um volume de 0,452 L, á 87 0C e 0,620 atm. Qual será o
seu volume á 1 atm e 0 0C. (R: 0,213 L)
a. Isotérmica
Esse é o caso em que a temperatura é constante. Se pensarmos em um mesmo gás ideal
sofrendo transformação de um estado 1 para um estado 2, a temperatura dele não irá se alterar.
Sendo assim, analisaremos qual é a relação entre o volume e a pressão desse gás nos dois
estados. Matematicamente, essa relação pode ser deduzida a partir da Lei dos Gases Ideais.
Outra informação muito importante nessa transformação é o gráfico! Sabendo que o produto
pressão por volume é constante, este gráfico forma um tipo de hipérbole muito importante,
chamada de isoterma:
Em outras palavras, podemos dizer que, se aumentarmos a pressão sobre o gás, o seu volume
diminuirá, e vice-versa.
Exercício 2
1 – Um gás foi comprimido isotermicamente do volume inicial V1= 8 L até ao volume V2= 6
L. A pressão aumentou, durante este processo, em ∆P = 4 kPa. Qual era a pressão inicial. (R:
12 kPa)
b. Isocórica ou Isovolumétrica
Esse é o caso em que o volume é constante. Como o volume é constante, estamos
interessados na relação entre a temperatura e a pressão. Assim, se conhecermos a pressão
inicial, podemos utilizar uma relação proveniente da Lei dos Gases Ideias para encontrar a
pressão após a transformação. Em outras palavras, podemos dizer que, se aumentarmos a
temperatura do gás, sua pressão também irá aumentar. Pensando novamente em um gráfico
pressão por temperatura, a representação dessa transformação será apenas uma linha recta
vertical (Lei de Charles).
Exercícios 3
1 – Num certo processo industrial, o nitrogénio é aquecido a 500 K num vaso de volume
constante. Se o gás entra no vaso a 100 atm e 300 K, qual a sua pressão na temperatura de
trabalho, se o seu comportamento fosse o do gás perfeito? (R: 167 atm)
c. Isobárica
Aqui a pressão é constante. Aqui, analisaremos a relação entre o volume e a temperatura.
Podemos pensar novamente em um gás ideal sofrendo uma transformação de um estado 1 para
um estado 2. Nesta transformação se aumentarmos a temperatura do sistema, o volume ocupado
pelo gás também aumentará. Por outro lado, com a diminuição da temperatura, o gás ocupará
um volume menor.
Equação (2.5)
Exercícios 4:
1 - Um gás ideal sofre uma transformação isobárica. Sabendo que o volume do gás aumentou
25% no processo, determine quanto a temperatura subiu de T1 para T2. (R: 0,25)
(R:2/3atm)
Se os dois gases ocuparem o mesmo vaso, a partir das duas últimas relações obtêm-se:
𝑅𝑇
𝑃 = 𝑃𝐴 + 𝑃𝐵 = (𝑛𝐴 + 𝑛𝐵 ) (2.8)
𝑉
Exercícios 5
1 – Um vaso de volume 10,0 l contém 1,0 mol de 𝑁2 e 3,0 mol de 𝐻2 a 298 K. qual a
pressão total, em atmosfera, na hipótese de cada gás e a mistura terem comportamento
perfeito. (R: 9,78 atm)
2- Calcular a pressão total quando se injectarem, no vaso mencionado no caso anterior,
contendo 1,00 mol de 𝑁2 e 2,00 mol de 𝑂2 , a 298 K. (17,1 atm)
𝑛𝑗
𝑥𝑗 = onde: 𝑛 = 𝑛𝐴 + 𝑛𝐵 + ⋯ (2.9)
𝑛
𝑛𝑗 𝑃𝑗 𝑉𝑗 %𝑉𝑗
Note que: 𝑥𝑗 = = = = Fonte: R. Feltre.p237
𝑛 𝑃 𝑉 100%
(2.9.1)
Exemplo: Uma mistura de 1,0 mol de 𝑁2 e 3,0 moles de 𝐻2 , com 4,0 moles no total, tem a
fracção molar do 𝑁2 igual a 0,25 e a do 𝐻2 igual a 0,75.
𝑥𝐴 + 𝑥𝐵 + ⋯ = 1 (2.10)
Definimos a pressão parcial, 𝑃𝑗 de um gás j numa mistura (de qualquer gás, não
necessariamente de um gás perfeito), como:
𝑃𝑗 = 𝑥𝑗 𝑃 (2.11)
Onde P é a pressão total da mistura. A partir das duas ultimas relações obtém-se:
𝑃𝐴 + 𝑃𝐵 + ⋯ = (𝑥𝐴 + 𝑥𝐵 + ⋯ )𝑃 = 𝑃 (2.12)
Note que:
(100𝑔)×0,755
𝑛(𝑁2) = = 2,69 𝑚𝑜𝑙
28,02 𝑔 𝑚𝑜𝑙 −1
(100𝑔) × 0,232
𝑛(𝑂2 ) = = 0,725 𝑚𝑜𝑙
32,00 𝑔 𝑚𝑜𝑙−1
(100𝑔) × 0,013
𝑛(𝑎𝑟) = = 0,033 𝑚𝑜𝑙
39,95 𝑔 𝑚𝑜𝑙−1
𝑁2 𝑂2 Ar
Fracção molar 0,780 0,210 0,0096
Pressão 0,780 0,210 0,0096
parcial/atm
O modelo mostra que a pressão que o gás exerce sobre as paredes do recipiente é uma
consequência da colisão das moléculas de gás com as paredes. A estrutura matemática e as
previsões feitas por esse modelo constituem o que é conhecido como a teoria cinética dos
gases. Com esta teoria, interpretaremos a pressão e a temperatura de um gás ideal em termos
de variáveis microscópicas. Em nosso modelo estrutural, fazemos as seguintes hipóteses:
5- O gás é puro, o que significa que todas as suas partículas são idênticas
Os gases reais exibem desvios em relação a leis dos gases perfeitos em virtude das
interacções moleculares. As forças repulsivas entre as molécula contribuem para expansões e
as atractivas para compreensões.
Os gases reais reflectem essas propriedades das forças intermolecular e essas influencias
exibem-se claramente no factor de compressibilidade Z que define-se por:
𝑃𝑉𝑚
𝑍= (2.20)
𝑅𝑇
Uma forma comum para uma equação de estado é chamada de equação de virial. Virial
vem de uma palavra latina para «força» e significa que os gases não são ideais por causa das
forças entre os seus átomos ou entre as suas moléculas. Equações viriais são uma maneira de
ajustar o comportamento de um gás real a uma equação matemática. Em termos de volume, a
compressibilidade dos gases reais pode ser escrita como:
Gás B
H2 O -1126
NH3 -265
Ar -16
Cl2 -299
CO2 -126
C2H2 -139
H2 15
N2 -4
CH4 -43
O2 -16
Fonte: BALL, D. W., Físico-Química, vol. 1, pagina 12
Em 1873, o físico holandês Johannes Van der Waals sugeriu uma equação mais simples para
os gases reais, e é chamada de equação de Van der Waals:
𝑎𝑛2
(𝑃 + ) (𝑉 − 𝑛𝑏) = 𝑛𝑅𝑇 (2.24)
𝑉2
Onde 𝑛 é o número de moles do gás, 𝑎 e 𝑏 são as constantes de Van der Waals para um
determinado gás. 𝑎 representa a correcção da pressão e esta relacionada á magnitude das
Diferentemente de uma equação virial, que expressa o comportamento dos gases reais
em uma equação matemática, a equação de Van der Waals é um modelo matemático que tenta
predizer o comportamento de um gás em termos dos fenómenos físicos reais (isto é, a
interacção entre moléculas do gás e os tamanhos físicos dos átomos).
Exemplo: Considere uma amostra de 1,00 mol de dióxido de enxofre, SO2, com uma pressão
de 5 atm e um volume de 10,0 L. Calcule a temperatura dessa amostra de gás, usando: a) Lei
dos gases ideais e, b) equação de Van der Waals. R: a) 609 K e b) 613 K
Observação: na equação de Van der Waals 𝑎 = 6,714 𝑎𝑡𝑚. 𝐿2 ⁄𝑚𝑜𝑙2 e 𝑏 = 0,005636 𝐿⁄𝑚𝑜𝑙
(valores tabelados, extraído Ball D.W., p14)
Exercícios I
1. Calcular a pressão exercida por 1 mole de CO2 comportando-se como (a) gás perfeito e (b)
gás de van der Waals, quando está confinado nas seguintes condições: T = 273.15 K e V =
22.414 L (Constantes da equação de van der Waals: a = 3.592 atm L2mol-2 e b = 4.267×10-2
Lmol-1.
2. Determinar o volume molar do azoto a 100 °C e 30.5 atm utilizando:
2.1. A equação dos gases perfeitos.
2.2. A equação de van der Waals (a = 1.35 dm6.atm.mol-2; b = 38.6×10-3 dm3.mol-1)
2.3. A equação do virial, Z = 1 – 5.3×10-4 P + 4.8×10-6 P2, com P em atm.
Exercícios II
Exercícios sobre Equação Geral dos Gases
1. Mediu-se a temperatura de 20 L de gás hidrogénio (H2) e o valor encontrado foi de 27
ºC a 700 mmHg. O novo volume desse gás, a 87 ºC e 600 mmHg de pressão, será de:
c. 28 L. e. 38 L.
a. 75 L.
d. 40 L.
b. 75,2 L.
2. Uma massa fixa de um gás perfeito passa pelo ciclo ABCD, como desenhado, dentro de
um pistão (cilindro com êmbolo). A temperatura em A é TA = 500 K.
3. Identifique o nome das transformações gasosas, respectivamente:
A → B; B → C; C → D; D → A.
a. Isotérmica, isocórica, isotérmica, isocórica.
b. Isotérmica, isobárica, isotérmica, isobárica.
c. Isocórica, isotérmica, isocórica, isotérmica.
d. Isobárica, isotérmica, isotérmica, isocórica.
e. Isotérmica, isotérmica, isotérmica, isobárica.
4. Um volume de 10 L de um gás perfeito teve sua pressão aumentada de 1 para 2 atm e
sua temperatura aumentada de -73 °C para +127 °C. O volume final, em litros, alcançado
pelo gás foi de:
a) 2,0 atm e o balão não c) 3,0 atm e o balão estoura e) 1,0 atm e o balão não
estoura d) 1,5 atm e o balão não estoura
b) 2,0 atm e o balão estoura estoura
6. Considere a seguinte transformação isocórica que ocorreu com uma amostra de gás
ideal de massa “m”:
1. ATKINS, P. W., Physical Chemistry, Traduzido, 9th Ed., Oxford University Press,
(2010).
2. FELTRE, R., Fundamentos da Química, Vol. Único, 3ª Ed. Revista e Ampliada, S.P.
Moderna, 2001
3. FERNANDES, F.A.N., Pizzo, S. M., Moraes Jr, D., Termodâmica Química, 1ª Ed,
2006
4. BALL, D. W., Físico-Química, vol. 1 e 2, trad., S.P. Pioneira Thomson, (2005).
5. PILLA, L., Físico-Química I - Termodinâmica e Equilíbrio Químico, 2 ª ed. rev. e
actualiz. por José Schifino, Porto Alegre, editora da UFRGS, (2006).
6. LEVENSPIEL, O., Termodinâmica amistosa para engenheiros, São Paulo, editora
Edgar Blucher, (2002).
7. SANDLER.S.I., Chemical and Engineering Thermodynamics. 3rd edition. John Wiley
& Sons, N.Y., (1999)
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