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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

FACULDADE DE METEOEOLOGIA
INTRODUÇÃO À FÍSICA DA ATMOSFERA
TURMA 2019 - 1

UNIDADE 3:
PROPRIEDADES FÍSICAS
DO AR
Professor:
Mateus da Silva Teixeira
UNIDADE 3 – PROPRIEDADES FÍSICAS DO AR
3.1. Equação do Estado
3.2. Propriedade Experimental dos Gases
3.2.1 Lei de Boyle
UNIDADE 3

3.2.2 Lei de Charles


3.2.3 Lei de Avogadro
3.2.4 Lei do Gás Ideal
3.2.5 Lei das Pressões Parciais de Dalton
3.3. Constante do Gás para o Ar Atmosférico
3.4. Equação do Estado para o Ar Úmido
3.4.1 Lei do Gás Ideal para o Vapor de Água
3.4.2 Razão de Mistura e Umidade Específica
3.4.3 Temperatura Virtual
3.5 Na Prática
3.5.1 Cálculos da Flutuação
3.1 EQUAÇÃO DO ESTADO

Para uma parcela de ar seca a variável de estado [forma intensiva] que nós vamos
considerar em primeiro lugar incluem a pressão p, a temperatura T, volume específico a e a
UNIDADE 3

densidade r; f (p, T, a, r). As duas últimas estão relacionadas por:

,+((+ 23
$ = %&'()*+*& = =
1 -./01& 14
r=
#
-./01& 14
∝= -./01& &(6&7í9)7. = =
,+((+ 23
Exemplo: a densidade do ar à pressão atmosférica padrão e à temperatura de 25°C
é de 1,2Kg/m³. O que temos de volume específico:
1 4 23=A
#= = 0,833 1
1,2 23. 1=4

Uma equação de estado é uma relação derivada, experimentalmente ou teoricamente, que


relaciona os valores de qualquer variável de estado (por ex. densidade) aos valores de todas
as outras variáveis de estado relevantes (por ex. temperatura e pressão).
3.2 Propriedade Experimental dos Gases
3.2.1 Lei de Boyle (Processo isotérmico)
UNIDADE 3

À pressão constante, o volume de uma amostra de gás varia inversamente proporcional


como a pressão. Isto é:

#$ Onde C1 é uma constante de


!= !% = #$ proporcionalidade (C1=f(T))
%
Por exemplo, se você duplicar a pressão
de um gás, mantendo a temperatura
constante, o volume reduzirá à metade.
Da mesma forma, se você comprimir
Alta Pressão Baixa Pressâo
isotermicamente um gás, para 1/3 de seu
volume inicial, a pressão final três vezes Temperatura
Constante
maior.
3.2.2 Lei de Charles (Processo isobárico)

A lei de Charles estabelece que à pressão constante, o volume de uma dada amostra de
UNIDADE 3

gás é proporcional à temperatura absoluta. Isto é,

!" !% onde C2 é uma constante de


= = &' ! = &'# proporcionalidade (C2=f(p))
#" #%

Por exemplo, se a temperatura absoluta


de um gás for isobaricamente
Baixa Alta
Temperatura aumentada de 200K para 300K, por um
Temperatura
Pressão fator de 1,5 – então o volume também
Constante
aumentará pelo mesmo fator de 1,5.
3.2.3 Lei de Avogadro

As leis de Charles e Boyle são então dadas pelas seguintes equações:


UNIDADE 3

!" = $%(') Essas podem ambas ser verdadeiras se houver


uma outra constante C de tal forma que :
" = $)(!)'

p" = $'

Note que C é atualmente constante para uma determinada amostra de um gás


particular, visto que ele depende tanto da massa como da composição da amostra.

Foi o cientista italiano Conde Amedeo Avogadro (1776-1856) [nome completo : Lorenzo
Romano Amedeo Carlo Avogadro di Quarengna e Cerreto] quem, em 1811, encontrou
experimentalmente que para uma pressão e temperatura fixas, o numero de moléculas
por unidade de volume de um gás é constante, independente da composição química.
Assim, um mol de um componente é a massa atual de uma amostra em gramas, dividida
pela sua massa molar padrão m. Um mol representa, portanto, um número de fixação de
moléculas (combinação definida de moléculas), que nós hoje conhecemos como número
de Avogadro NA=6,022 1026 kmol-1
UNIDADE 3
REVISÃO: NÚMERO DE MOL E MASSA MOLAR

Número de mol
UNIDADE 3

• Quantidade de matéria (tudo que ocupa lugar no espaço e tem massa);


• Representado pelo número proposto por Amedeo Avogadro = 6,02 x 1023 entidades

Ex: 1mol de H20 (moléculas) – 6,02 x 1023 moléculas


1mol de Ar (átomos) – 6,02 x 1023 átomos

Massa molar

• Massa presente em um mol

• 1 mol ----------- 6,02 x 1023 entidades -----------massa molar

Ex: H2SO4
Massa atômica dos elementos H = 1u; S = 32 u; O = 16u (2 . 1+ 1 . 32+ 4 . 16) = 98u (massa atômica)

1mol de H2SO4 ------------------- 6,02 x 1023 moléculas ----------------- 98 g


3.2.4 Lei do gás Ideal

Derivação
Pelo fato do volume, pressão e temperatura de um gás ideal estarem univocamente
UNIDADE 3

relacionados com um numero de moléculas em uma amostra, e não com a sua


composição, a equação do estado, conhecida como Lei do Gás Ideal, pode agora ser
escrita como:

pV = n R* T (3.7)

Onde n é o numero de kilomoles (kmol) na amostra e R* é conhecida como Constante


Universal dos Gases. O valor de R* foi originalmente determinado de forma experimental
- notando que a 00C, uma pressão atmosférica padrão de 1013,25 hPa, o volume de um
mol de um gás ideal é 22,4 litros (1000 litros = 1 m3). Isso corresponde a um valor de R*
de
R*= 8314,5 J K-1 kmol-1 (3.8)
A Forma Meteorológica da equação do estado

A equação (3.7) é provavelmente a forma da Lei do Gás Ideal que você aprendeu quando estudou
química. Ela não é a forma mais conveniente para os meteorologistas. Ao invés de trabalhar com
kilomoles e metros cúbicos de gás (ambas variáveis extensivas), preferimos trabalhar com volumes e
UNIDADE 3

densidades específicas, que são variáveis intensivas.


pV = n R* T (3.7)
Vamos supor que nós temos uma mistura de “k” gases, com o i-ésimo do qual contribui com “ ni ”
kilomes para o total. Então:
'
! = # !$
$%&

A fração molar de cada constituinte, que é também a fração por volume de acordo com a Lei de
Avogadro, é então:
'
!$
(= assim: # ($ = 1
!
$%&
A massa total de nossa amostra (em kg) é

'
! = # ($ )$ onde “ mi ” é a massa molar (unidades de kg kmol-1= “unidades
UNIDADE 3

$%&
de massa atômica ou amu) de cada constituinte.

Nós convertemos agora a Lei do Gás Ideal (3.7) para unidades intensivas dividindo tudo pela
massa M:

*+ ( ∗
= , . * ∝= ,.
! !

sendo:
'
,∗ ! ∑'$%& ($ )$
,= )
0= = )
0 = # 2$ )$
)
0 ( ( $%&
Lei das Pressões Parciais de Dalton
a pressão total exercida por mistura de gases é igual à soma das pressões parciais que seria exercida por cada
constituinte se sozinho preenchesse todo o volume, na temperatura da mistura.
UNIDADE 3

Isto é, para uma mistura de “ k ” componentes:


'

! = # !$
$%&

onde p é a pressão total e pi a pressão parcial de cada gás. Essas podem ser supostas obedecer separadamente a
Lei do Gás Ideal (3.7), e então:


-$ ∗
!$ ( = )$ * , = * ,
.$
onde V é o volume total da mistura, Mi a massa (kg) do i-ésimo constituinte e mi a fração molar.
Então:

!$ = /$ *$ ,

*∗
Onde *$ = é então a constante específica do i-ésimo constituinte.
.$
Constante do Gás para o Ar Seco

Armado com o conhecimento, sobre a composição do ar seco, podemos computar uma massa molar média md
e uma constante específica Rd para o ar seco.
UNIDADE 3

Tomando a fração do volume de apenas quatro constituinte principais, N2, O2 , Ar e o CO2 encontramos que:
E
!
@ = A FB !B
BCD

!" ≈ 0,7808 28,013 + 0,2095 31,999 + 0,0093 39,948 + 0,000383 44,010 = 28,966

Um valor mais preciso, considerando todos constituintes permanentes é: !" = 28,9655 12/1!45

Nós temos então a constante do gás para o ar seco

8
6∗ 8314,472
6" = = 1!45 9 = 287,047 J/(kg K)
!" 28,9655 12/1!45
Equação do Estado para o Ar Úmido
Como a presença do vapor de água afeta a equação do estado????

Lei do Gás Ideal para o Vapor de Água


UNIDADE 3

• Vamos considerar o vapor de água isolado


• Se nós podemos tratar o vapor de água como um gás ideal, então a Lei do Gás Ideal é tão
válida aqui quanto foi anteriormente para o ar seco:
!" = $%
Para o vapor de água, entretanto, é convencional identificar a pressão do vapor com o símbolo “e”
ao invés de “p”. usaremos o símbolo rv para denotar a densidade do vapor, mais comumente
conhecido pelos meteorologistas como umidade absoluta.

Podemos então escrever a Lei do Gás Ideal para o vapor de água como
$∗ onde mwé a massa molar da água (H2O) e é igual a cerca
& = '( $( % Onde:
$( =
*+ de 18,016 kg/kmol. Portanto,
1
$( = 461,5
234
Vamos agora generalizar o caso em que o vapor de água e os gases permanentes da atmosfera
coexistem em um mesmo volume

! = #$ %$ &
UNIDADE 3

É válida????

É claro, por que nós reconhecemos que a pressão do vapor “ e ” representa a pressão parcial do
vapor no ar e que a pressão total é dada pela Lei de Dalton como

Aqui pd é a pressão parcial do ar seco na mistura e está relacionada com a densidade do ar seco rd e a
temperatura T pela familiar constate para o ar seco.

Combinando as Leis do Gás Ideal para as duas componentes, temos que a pressão total do volume de
ar úmido é dada por:
Razão de Mistura e Umidade Específica

• Muitas vezes é conveniente usar a densidade do vapor de água rv ou pressão do vapor “ e “


para expressar o conteúdo relativo de uma massa de ar por que essas quantidades não são
UNIDADE 3

conservadas.
• Isto é, a pressão do vapor e a densidade ou crescem ou decrescem quando o ar contendo o
vapor é, respectivamente, comprimido ou expandido.
• Em contraste, a razão de mistura w de uma massa de ar é conservada desde que não esteja
ocorrendo condensação ou evaporação. A razão de mistura é definida por:

• Visto que há, geralmente, muito mais ar seco de ar que vapor em um dado volume da atmosfera, é
muitas vezes conveniente expressar w em unidades de gramas de vapor por kilograma de ar seco.
• Por exemplo, em uma massa de ar tropical úmida, a razão de mistura pode ser tão alta quanto 20
g/kg. Nas massas de ar mais frias, w é tipicamente de algumas gramas por kilograma.
Uma variável relacionada de forma bem aproximada com w é a umidade específica “ q “ que é definida
por:
UNIDADE 3

a seguinte relação pode ser usada: ou

Muitas vezes é necessário converter entre razão de mistura w ou umidade especifica q e pressão de
vapor “e”. Para w, isso pode ser feito observando nada mais que:

Em resumo, uma boa aproximação é


Temperatura Virtual

Já vimos que a pressão total do ar úmido é dado por


UNIDADE 3

Nós podemos fatorar a densidade do ar úmido r e a constante do gás para o ar seco Rd escrevendo:

Usando a definição de umidade especifica e , é fácil de mostrar que


Isso é idêntico à Lei do Gás Ideal para o ar seco, exceto pelo
aparecimento do fator entre colchetes do lado direito
UNIDADE 3

Como você deve interpretar esse fator? reflete a massa molar


média do ar, incluindo
• Lembrando que a Lei do Gás Ideal para o ar úmido é: não apenas os gases
permanentes, mas
também a distribuição
variável do vapor de água.

• Claramente Rm não é também constante mas depende do conteúdo de umidade do ar.

Sendo assim, podemos dizer que o termo entre colchetes


nos dá um meio conveniente de ajustar a constante dos
gases para o ar seco para levar em conta a presença do
vapor de água.
A temperatura virtual é simplesmente a temperatura que
uma parcela de ar seca teria para que a densidade da
parcela seja igual à densidade da parcela de ar úmida,
supondo com as mesmas condições de pressões.
UNIDADE 3

A Lei do Gás Ideal pode então ser escrita para o ar úmido como:

0,61

Para resumir, nós temos as duas seguintes versões equivalentes para a Lei do Gás Ideal para o
ar úmido:

ou
Cálculos da Flutuação
Princípio de Archimedes
O princípio de Archimedes estabelece que a força exercida para cima, sobre um objeto imerso
UNIDADE 3

em um fluido, é igual ao peso do fluido deslocado. A força resultante para baixo é então, é claro,
o próprio peso do objeto menos a força de flutuação acima.
Por exemplo, um navio flutuando na superfície de um corpo de água não apresenta nenhuma
força resultante (i.e. não afunda) por que - o peso da água deslocada pelo navio – balança,
exatamente, o peso do próprio navio. Qualquer objeto cuja densidade média é maior que a
densidade do fluido vizinho, não pode deslocar fluido suficiente que iguale seu próprio peso;
portanto ele afunda.

A força resultante para cima exercida por um objeto estacionário


imerso em um fluido é então dada pela seguinte expressão:

água Onde r’ é a densidade do fluido vizinho e V o volume total


deslocado pelo objeto, M a massa total do objeto.
Desloca uma
massa de água
Aceleração Vertical

Com base nas equações: e podemos escrever:


UNIDADE 3

Sendo meteorologista, entretanto, nós preferimos expressar a força de flutuação FB com unidades
intensivas dividindo tudo pela massa de um objeto, que no caso nos teremos a forca de flutuação
resultante por unidade de massa.

Com a ausência de outras forças (por ex. arrasto sobre objeto em movimento), !" é também a aceleração do
objeto.
Flutuação de Parcelas de Ar

Se um objeto que estamos considerando é uma parcela de ar, nos podemos usar a Lei do Gás
Ideal para expressar as densidades em termos de uma variável meteorológica mais comumente
UNIDADE 3

medida.

Substituindo essas duas em nossa expressão para !" , e cancelando as variáveis aparecendo em
ambos numerador e denominador para ter:

Nós exploramos o fato de que a pressão da parcela é a mesma que a do meio


ambiente no mesmo nível. Isso deve ser verdade se a parcela não estiver
confinada, como deveria - caso contrário expande ou comprime até que a pressão
se iguale.

Sendo assim, a força de flutuação é para cima quando e para baixo quando .
Quando as duas temperaturas virtuais forem iguais, não há força resultante, e a parcela é dita
neutramente flutuante.

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