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PECULATO ART 312 CP

1. Conceito - art. 327 CP

1.1 Funcionários públicos e particulares - os crimes contra a administração publica


podem ser praticados por funcionários públicos e particulares. Quando estamos diante
de um crime praticado pela administração publica, estes deverão serem considerados
crimes funcionais, que podem serem divididos em funcionais próprios e funcionais
impróprios.

2. Crimes funcionais - podem ser:


a- crimes funcionais próprios - são aqueles em que a qualidade de funcionário publico
é essencial para configurar o delito, não havendo figura semelhante que possa ser
praticada por quem não goza dessa qualidade a exemplo o crime de prevaricação (
art. 319 CP)

Os crimes funcionais próprios poderão , ser atribuído a terceiro que não goza dessa
qualidade, desde que seja de seu conhecimento que o outro agente se amolda ao
conceito de funcionário publico, aplicando-se a regra do concurso de pessoas - art. 30
CP.

b- crimes funcionais impróprios - pode ser praticado por funcionário publico e por
aquele que não goza desse status , a exemplo do que ocorre com o peculato de futro,
que encontra semelhança com o art. 155 CP. ( art. 312, § 1º, CP- ), importante frisar
a norma constante do art. 30 CP.

nos crimes funcionais impróprios a infração pode ser cometida por funcionário publico,
como por aquele que não goza desse status - ex peculato de furto que encontra
semelhança com o art. 312, § 1º, CP.

As duas modalidades do caput são previstas como peculato próprio. A modalidade do


parágrafo 1º e peculato impróprio.

b) funcionais impróprios: a ausência da condição de funcionário público desclassifica


a infração para outro tipo. Haverá uma atípicidade relativa. Exemplo: crime de
peculato-apropriação (art. 312. caput) para apropriação indébita (art. i68).

3. Modalidades de peculato previsto no art. 312 CP.


a. peculato apropriação - art. 312, , 1ª parte- ( crime funcional próprio)-
A conduta praticada pelo funcionário publico, em virtude da quebra ou abuso de
confiança nele depositada pela administração publica, sofre um juízo de reprovação
em muito superior aquele que é levado a efeito contra o particular ( apropriação
indébita- art. 168 CP).
O núcleo da 1ª parte - apropriar-se- deve ser entendido no sentido de tomar como
propriedade, tomar para si, apoderar-se, individualmente, de dinheiro, valor, ou
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qualquer outro bem móvel, publico ou particular, de que tem posse ou detenção ( o
artigo só faz menção a posse) em razão do cargo. Aqui o agente inverte o titulo da
posse, agindo como se fosse dono - o chamado animus rim sibi emende).
Dinheiro - cédulas e moedas aceitas em pagamento.
Valor- tudo que pode ser convertido em dinheiro. Nota promissória, ações, apólices).
Bem móvel- passível de remoção e consequentemente apreensão pelo agente.
Não importa a natureza do objeto se publico ou privado. Assim, pratica o delito de
peculato o funcionário publico que se apropria tanto de bem pertencente a
administração pública, quando de bem de natureza particular, que se encontra
temporariamente apreendido ou mesmo guardado. O importante, que seja ele publico
ou particular de que tem a posse em razão. Isso significa que o sujeito tinha uma
liberdade desvigiada, da coisa, em virtude do cargo por ele ocupado.
Dessa forma, posse e cargo devem ter uma relação direta.
Não é pelo fato de ser funcionário publico que o sujeito deva responder pelo delito de
peculato, mas sim, pela conjugação do fato de que somente obteve a posse da coisa
em virtude do cargo por ele ocupado. Aquele que não tinha atribuição pode praticar
outra infração que não o peculato ( podendo ser apropriação indébita, furto, peculato
de furto).
O agente deve ocupar legalmente um cargo publico, ter sido nele investido
corretamente, de acordo com as determinações legais, caso contrario não se
configura o crime.
b- peculato desvio - art. 312, 2ª parte CP_ aqui o agente não atua no sentido de
inverter a posse da coisa, agindo como se fosse dono, mas sim, de desviar o dinheiro,
valor, ou qualquer outro bem móvel em proveito próprio ou alheio.
Desviar - desencaminhar/ distrair - é a destinação diversa que o agente dá a coisa em
proveito próprio ou de outrem ao invés da administração publica.
Tal proveito pode ser :
Material - funcionário que empresta e recebe juros que tem sob sua guarda.
Moral - empréstimo de dinheiro sem juros visando o funcionário recompensa de outra
natureza.
As modalidades do caput são peculato próprio.

c- ( peculato de furto)- peculato impróprio- art. 312, § 1º, CP-


Delito funcional imprório- o funcionário deverá valer-se da facilidade que lhe
proporciona essa qualidade, pois, caso contrario há desclassificação para o delito de
tipificação no artigo 155 CP.
O artigo 312, § 1º utiliza não somente o verbo subtrair, mas também concorrer para
que seja subtraído o objeto material.
Exemplo:o agente leva a efeito a subtração ou concorre para que o terceiro subtraia.
A exemplo daquele que convence o vigia de determinada repartição a sair do local
onde o bem é guardado com a desculpa de ir tomar café para que terceira pessoa
possa ingressar e dali subtrair o bem.
No peculato furto ( impróprio ) basta que o agente , funcionário publico tenha se valido
dessa qualidade para fim de praticar a subtração ou concorrido para que o terceiro
tenha êxito.
Funcionário que arromba porta e subtrai esta praticando furto.
Na mesma hipótese, exemplo: funcionário que se apresenta a vigia que já o conhecia
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alegando ter esquecido documento e pratica furto de leptop, nesse caso, o agente se
beneficia dessa qualidade de subtração, razão pela quilo deverá ser responsabilizado
pelo delito de peculato.

4. Modalidade culposa- art. 312, § 2º, CP- o empregado deixa de observar o


cuidado objetivo
O empregado age com culpa e não com dolo.
Para que ocorra a modalidade de peculato culposa não há necessidade de que o
delito principal seja praticado por funcionário publico.

5- extinção da punibilidade - art. 312, § 3º CP

6- causas de aumento de pena- art. 327, § 2º CP

Peculato de uso - não responde penalmente, podendo responder


administrativamente.

7. Classificação doutrinaria
Crime próprio ( sujeito ativo) ,Crime comum ( sujeito passivo), comissivo ( podendo
ser via omissão imprópria), material, de forma livre, instantâneo, monossubjetivo,
plurissubsistente, transeunte ( possível de realização de prova pericial).

8. Sujeito ativo e passivo


Sujeito ativo - funcionário publico.

Sujeito passivo - é o Estado e a entidade de direito publico prejudicada, secundaria


e eventualmente , também o particular que sofreu prejuízo.

9. Objeto material e bem jurídico protegido


Bem jurídico - a administração publica
Objeto material é o dinheiro , valor ( títulos , apólices, ações) ou qualquer outro bem
móvel publico ou particular.

10. Consumação e tentativa


No peculato apropriação o delito se consuma quando o agente inverte a posse, agindo
como se fosse dono.
No peculato desvio, seu momento consolativo ocorre quando o agente, dá a coisa
destino diverso, quando emprega para fins outros que não o próprio ou regular agindo
em proveito dele ou mesmo de terceiro.
Já o peculato furto, ocorre a consumação quando o agente consegue levar a efeito a
subtração de dinheiro, valor ou bem, desde que mantenha a posse tranqüila sobre a
coisa, mesmo que por curto espaço de tempo.
Tratando-se de delitos plurissubsistentes admite-se a tentativa.

11. Elemento subjetivo


Na modalidade de peculato apropriação, na modalidade de peculato desvio e peculato
furto podem ser praticados dolosamente.
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Admite-se a modalidade culposa no § 2º, CP

12. Ação penal


Ação penal de natureza publica incondicionada.

PECULATO MEDIANTE ERRO DE OUTREM - ART 313 CP

Peculato estelionato-
O núcleo do verbo é apropriar-se, que deve ser entendido no sentido de tomar como
propriedade, tomar para si, apoderar-se indevidamente. Essa conduta tem como
objeto material o dinheiro, isto é, as cédulas e moedas aceitas com o pagamento, ou
qualquer utilidade, vale dizer, tudo aquilo que pode servir para uso, consumo e
proveito econômico ou que pode ser avaliado em dinheiro,
O dinheiro ou a utilidade deve ter sido recebido pelo agente, em virtude de erro de
outrem. O erro aqui mencionado deve a seu turno, ser entendido como conhecimento
equivocado da realidade. A vitima acreditando que por exemplo, estivesse levando a
efeito corretamente o pagamento de um tributo, a quem de direito, o entrega ao
agente, que não tinha competência para recebe-lo
A maioria dos doutrinadores, a exemplo o próprio Hungria, entende que o erro deve
ser espontâneo, isto é, não provocado pelo sujeito ativo, pois, caso contrario, poderia
haver desclassificação pra outra figura típica, a exemplo estelionato ou concussão.
Greco ( contudo, discordo dessa posição. Isto porque, a lei penal não limita que o
mencionado erro seja espontâneo, somente fazendo menção ao fato de que o agente
tenha recebido o dinheiro ou qualquer utilidade mediante erro de outrem.
É importante que o agente, saiba que se apropria de coisa que lhe foi entregue
indevidamente por erro. Caso contrario seu dolo ficará afastado.
O agente deve receber o dinheiro ou a utilidade por ele recebida em virtude do
exercício do cargo, mesmo que momentaneamente, esteja fora do exercício do cargo,
o delito poderá se configurar em estelionato.

1.O núcleo do tipo é apropriar-se, que deve ser entendido no sentido, de tomar
como propriedade, tomar para si, apoderar-se indevidamente.

1.1. Recebimento no exercício do cargo-o dinheiro ou qualquer utilidade que tenha


recebido no exercício do cargo. Deve a utilidade ser uma coisa móvel de natureza
patrimonial.
1.2. O erro que incidiu a vitima pode versar:
a. sobre a coisa que é entregue;
b. sobre a obrigação que deu causa a entrega;
c. sobre a pessoa a quem se faz a entrega - vitima entrega a funcionário publico
incompetente para recebê-lo.

1.3. Particular pode ser participe do fato


O sujeito ativo é o funcionário publico ( crime próprio). Admite a participação.
. Quando o funcionário pensa em restituir o dinheiro e é desaconselhado por um
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amigo, não funcionário publico, acabando por dividirem entre si o dinheiro, há
concurso.

2. Classificação doutrinaria
Crime próprio ( sujeito ativo, só funcionário publico pode praticar) ,Crime comum (
sujeito passivo, pois não somente a administração publica pode figurar neste pólo,
como também, qualquer pessoa que tenha sido prejudicada com o comportamento
praticado pelo agente), comissivo ( podendo ser via omissão imprópria), material, de
forma livre, instantâneo, monossubjetivo, plurissubsistente, transeunte .

3. Sujeito ativo e passivo


Crime próprio- sujeito ativo é o funcionário publico
Sujeito passivo - é o Estado, bem como a pessoa física ou jurídica prejudicada pelo
comportamento do agente.

4. Consumação e tentativa
O delito se consuma quando o agente efetivamente se apropria de dinheiro ou
utilidade que, no exercício do cargo ou função, recebeu por erro de outrem.
É admissível tentativa.

5. Elemento subjetivo
O dolo é o elemento subjetivo, não havendo previsão para a modalidade culposa.

6. Objeto material e bem jurídico


Bem jurídico- administração publica.
Objeto material - é o dinheiro ou qualquer outra utilidade que tenha apropriado por
funcionário publico.

7. Ação penal - iniciativa publica incondicionada

Emprego irregular de verbas ou rendas publicas - art. 315 do CP

1. Objetividade jurídica
A regularidade da administração publica, sob o prisma da necessidade de aplicação
dos recursos públicos de acordo como os termos da lei.

2. Tipo objetivo
- pressuposto do crime: a existência de uma lei regulamentando o emprego de
verba ou renda publica - o agente dolosamente as empregue de maneira contraria
aquela lei.
- nesse delito o funcionário publico não se apropria ou subtrai as verbas em proveito
dele ou de terceiro.
- O crime se caracteriza pelo emprego de verbas ou rendas publicas em beneficio da
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própria administração publica
- o funcionário emprega as verbas de forma diversa da prevista em lei;

Exemplo. Funcionário que deveria empregar dinheiro publico na obra A e


dolosamente emprega no obra b.

3. Sujeito ativo
Pode ser apenas o funcionário publico que tem poder de disposições de verbas ou
rendas publicas.

4. Sujeito passivo
O Estado e a entidade de direito publico lesada pelo desvio.

5. Consumação e tentativa
Trata-se de crime formal- com o efetivo emprego irregular da verba ou renda publica,
ainda que não haja prejuízo para administração publica.
Tentativa- possibilita-se, cuja a execução acaba sendo impedida.

6.açao penal - publica incondicionada.

CONCUSSÃO - ART 316 CP

1. Introdução
Podemos dizer que concussão e corrupção passiva são irmãos. ( a grosso modo). A
diferença fundamental entre as duas condutas reside no modo em que são praticadas.
1.1. O núcleo exigir é utilizado no sentido de impor, ordenar, determinar.
Formulada diretamente, a viso aperto ou facie ad faciem, sob ameaça explicita ou
implícita de represálias ( imediata ou futura) ou indiretamente, servindo-se o agente
de interposta pessoa, ou de velada pressão , ou fazendo-se supor, com maliciosa ou
falsas interpretações, ou capiciosas sugestões, a legitimidade da exigência. Não se
faz mister a promessa de infligir um mal determinado: basta o temor genérico que a
autoridade inspira.

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Para que o receio seja incutido, não é necessário que o agente se ache na atualidade
no exercício de função: não deixará de ocorrer ainda quando o agente se encontre
licenciado ou até mesmo quando, embora já nomeado, ainda não haja assumido a
função ou tomado posse do cargo. O que se faz indispensável é que a exigência se
formule em razão da função. Cumpre que o agente proceda, franca ou tacitamente,
em função de autoridade, invocando ou insinuando a sua qualidade.

Devemos olhar com mais cuidado para a expressão ainda que fora da função ou
antes de assumi-la, mas em razão dela. Isso porque devemos afirmar que o agente
quando da pratica do comportamento típico, já gozava do status de funcionário
publico, mesmo não estando no exercício da função. O importante, frisamos, é que
ele seja considerado funcionário publico, utilizando-se para tanto o conceito do art.
327, CP e seu parágrafo 1º.

Dessa forma, não poderá ser condenado pelo crime de concussão o funcionário
aposentado, devendo responder este por crime de extorsão.

Discute-se ainda, a respeito da natureza indevida da vantagem exigida pelo


funcionário. Alguns doutrinadores, a exemplo o damásio, aduzem que a vantagem
pode ser patrimonial ou econômica presente ou futura beneficiando o próprio agente
ou terceiro.

Mirabete preconiza que, referindo-se a lei a qualquer vantagem enao sendo a


concussão crime patrimonial, entendemos que a vantagem pode ser expressa por
dinheiro ou qualquer outra utilidade, seja ou não de ordem patrimonial,
proporcionando um lucro ou proveito.

Concordamos ( greco) com a segunda posição, que adota um conceito amplo de


vantagem indevida ( pois não estamos diante de capitulo de crimes patrimoniais) o
que nos permite o raciocínio de que a vantagem indevida pode ser de qualquer
natureza ( sentimental, moral, sexual etc.)

1. Núcleo do tipo:
Exigir- impor, ordenar, determinar ( imposição do funcionário publico para obtenção
de vantagem indevida.

- direta ou indiretamente

- não é necessário estar na atualidade no exercício da função.


- é nesse
ssário ser em razão da função.

- o agente deve ser considerado funcionário publico

-vantagem indevida -( qualquer vantagem expressa por dinheiro ou outra utilidade que
proporcione lucro ou proveito).

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2. Excesso de exação ( art. 316, § 1º, CP)-
Um dos significados da palavra exação é cobrança rigorosa de impostos.

1º hipótese - o funcionário exige- determina o recolhimento do tributo ou


contribuição social que sabe ou deveria saber indevido. - deveria saber- o agente
tem duvidas quanto a sua exigência, mas não se importa se estiver errado.

2º hipótese - o tributo ou contribuição social devido- o agente emprega meio vexatório


ou gravoso que a lei não autoriza.
Nestas duas hipóteses o agente não visa o obtenção de vantagem para si ou para
outrem, a sua finalidade é que o tributo ou contribuição sejam recolhidos aos cofres
públicos.

3. Modalidade qualificada -art. 316 § 2º, CP:


- se o funcionário desvia em proveito próprio ou de outrem o que recebeu
indevidamente para recolher aos cofres públicos.

4. Causa especial de aumento de pena - art. 327, § 2º, CP

5. Classificação doutrinaria
Crime próprio ( sujeito ativo) ,Crime comum ( sujeito passivo), doloso,
formal,comissivo ( podendo ser via omissão imprópria), material, de forma livre,
instantâneo, monossubjetivo, unissubsistente ou plurissubsistente ( dependendo do
modo que é praticado poderá ou não ter o iter criminis fracionado), transeunte .

6. Sujeito ativo e passivo


Sujeito ativo - crime próprio- funcionário publico
Sujeito passivo - é o Estado, bem como a pessoa física ou jurídica diretamente
prejudicada.

7. Objeto material e bem jurídico protegido


Bem jurídico - administração publica
Objeto material -é a vantagem indevida.

8. Consumação e tentativa
Sendo um delito formal, o delito se consuma quando o agente exige, para si ou para
outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas
em razão dela vantagem indevida. Assim, caso venha a receber vantagem indevida,
tal fato, será considerado mero exauri mento do crime, que se consumou no momento
da sua exigência.
No caso concreto, verifica-se a possibilidade de fracionamento do iter criminis, para
verificar a tentativa.

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9. Elemento subjetivo - Dolo , não havendo previsibilidade para a modalidade
culposa.

10. Açao penal - publica incondicionada.

Corrupção Passiva - ART 317 CP

1. Conceito art. 317 CP

1.1. Elementos do tipo:


a) solicitar - pedir, manifestar.
1- não há emprego de qualquer ameaça explicita ou implícita
2- a vitima cede por deliberada vontade.
3- para a configuração basta a solicitação pelo funcionário publico.

b) ou receber - aceitar, entrar na posse.


1)Sem essa oferta pelo particular, não há como falar em recebimento de vantagem.
2) atitude parte do terceiro e funcionário adere
3) figura precedente do crime de corrupção ativa ( art. 333)

c) ou aceitar a promessa de recebe-la:


1) basta que o funcionário concorde com o recebimento de vantagem.
2) deve haver a proposta formulada por terceiro a qual adere o funcionário.
3) figura precedente do crime de corrupção ativa.

1.2. Corrupção ativa ou passiva ( art. 333, 317)


1.2.1. Corrupção- não é crime necessariamente bilateral. Nem sempre a configuração
do crime de corrupção passiva dependerá do crime de corrupção ativa.
a. corrupção ativa- oferecimento de vantagem indevida pelo particular,
independente, de aceitação pelo funcionário publico.
b. corrupção passiva- solicitação de vantagem indevida ao particular.

Exceção a teoria monista adotada pelo CP, no concurso de pessoas. O legislador


abraçou a teoria pluralística , em que cada um dos participantes responde por
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condutas diversas.

Embora não seja a corrupção um crime bilateral, poderá haver concomitantemente a


corrupção ativa e passiva. Na modalidade oferecer vantagem indevida a funcionário.

1.3. Corrupção própria ou imprópria.


a. corrupção própria - o ato a ser praticado pode ser ilegítimo, ilícito ou injusto.
Ex. funcionário de cartório que recebe vantagem para suprimir vantagem indevida.

b. corrupção imprópria- o ato a ser praticado é legitimo, licito, justo.


Exemplo: oficial de justiça que solicita vantagem econômica a advogado a fim de dar
cumprimento a oficial de justiça.

2. Causas de aumento de pena art. 317, § 1º, CP -é quando o crime se exaure o


qual constitui condição de maior punibilidade.
A conduta vai alem do recebimento da vantagem indevida: retarda a pratica do ato ou
abstem-se da pratica de um ato infringindo um dever funcional.

3. Forma privilegiada- art. 317, § 2º, CP.


Trata-se de conduta de menor gravidade, cedendo a pedido ou influencia de outrem,
pois não em recebimento de vantagem econômica.

4. Causas de aumento de pena- art. 327, § 2º, CP.

5.Classificação doutrinaria
Crime próprio ( sujeito ativo) ,Crime comum ( sujeito passivo), doloso,comissivo (
podendo ser via omissão imprópria), material, de forma livre, instantâneo,
monossubjetivo, unissubsistente ou plurissubsistente , transeunte ( como regra) .

6. Sujeito ativo e passivo


Sujeito ativo - crime próprio- funcionário publico
Sujeito passivo - é o Estado, bem como a pessoa física ou jurídica diretamente
prejudicada.

7. Objeto material e bem jurídico protegido


Bem jurídico - administração publica
Objeto material -é a vantagem indevida.

8. Consumação e tentativa
O delito de corrupção passiva pode se consumar em três momentos diferentes,
dependendo do modo como o crime é praticado.
Dependendo da hipótese em concreto, poderá ou não ser fracionado o iter criminis e,
consequentemente, poderemos cogitar ou não da possibilidade da tentativa.

1. Elemento subjetivo - Dolo , não havendo previsibilidade para a modalidade


culposa.

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10. Açao penal - publica incondicionada.

Facilitação ou contrabando ou descaminho - art. 318 CP

1. Conceito -art. 318 CP

1.1. Contrabando ou descaminho


Contrabando é a exportação ou importação de mercadorias cuja a entrada ou saída
do país e totalmente ou relativamente proibida.

Descaminho - é toda a fraude empregada para iludir, total ou parcialmente o


pagamento de impostos de importação, exportação. ( cobrável na própria aduana
antes do desembaraço das mercadorias importadas)

2. Elemento do tipo
Facilitar- auxiliar, tornar fácil, remover obstáculos.
- o auxilio pode se dar de forma ativa ou omissiva
- aquele que indica ao autor do contrabando ou descaminho as vias mais seguras para
entrada ou saída de mercadoria, como o aquele que propositalmente não efetua as
diligencias de fiscalização destinadas a evita-lãs.

3. Elemento normativo
Com infração do dever funcional. ( dessa forma o funcionário publico ao praticar o
contrabando ou descaminho deve estar violando o dever funcional. Sem essa
transgressão, o funcionário publico será considerado participe do crime previsto no
art. 334, CP.

4. Sujeito ativo e passivo


Trata-se de crime próprio, somente o funcionário publico com dever funcional de
repressão ao contrabando ou descaminho pode praticar. O funcionário publico poderá
configurar como participe do crime do art. 334, CP se praticar o contrabando ou
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descaminho sem infringir o dever funcional.
Se contudo, um funcionário, auxiliar outro funcionário, que tem o dever funcional, o
primeiro deverá configurar como participe do art. 318, CP.
Sujeito passivo- é o Estado.

5. Elemento subjetivo
Dolo, deve ter o agente consciência de estar violando o dever funcional. Ausente essa
consciência deve responder como participe do crime de contrabando ou descaminho
( art. 334 CP)

6. Consumação e tentativa
Crime formal, consuma o delito com a facilitação, independente da pratica efetiva do
contrabando ou descaminho.
Basta comprovar o auxilio prestado pelo funcionário publico na pratica do contrabando
ou descaminho.
A tentativa é admissível somente na pratica comissiva.

7. Causa de aumento de pena-


art. 327, § 2º, CP.

8. Açao penal e competência


Açao penal publica incondicionada.
Competência - É da justiça federal, ainda, que o funcionário publico seja Estadual.
Policia Federal - o art. 144, § 1º, II, da CF, assevera, destinar-se à policia federal
dentre outras funções, a de prevenir e reprimir o contrabando e descaminho.
A sumula 151 do STJ dispõe: “ a competência para o processo e julgamento por crime
de contrabando ou descaminho define-se pela prevenção do juízo federal do lugar da
apreensão dos bem”.

Prevaricação - art. 319 CP

1. Conceito art. 319, CP

1.1. Prevaricação é a infidelidade ao dever do oficio, a função exercida. É o não


cumprimento das funções exercidas movido o agente por interesse ou sentimento
próprios.
Não se fala em prevaricação se o ato praticado, omitido ou retardado não insere-se
no âmbito da competência funcional do funcionário publico.

Ex: funcionário publico que deixa de expedir documento judicialmente requisitado por
não ter competência não pratica o crime

1.2. Elemento do tipo


a) retardar- ( atrasar, adiar, deixar de praticar ato de oficio dentro do prazo
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estabelecido na lei ( crime omissivo)- inadmite tentativa é unsisssbusistente.
A intenção do agente é protelar, prorrogar, a pratica do ato.
Ainda que o ato possa ser praticado após a expiração do prazo sem acarretar
invalidade, haverá a configuração da prevaricação.
Não caracteriza o crime em tela se na administração publica não possuir materiais
para a realização do ato.

b) deixar de praticar- é o animo definitivo de não praticar o ato de oficio ( omissivo)-


ao contrario do verbo retardar que não há animo definitivo de não praticar o ato de
oficio. Inadmite tentativa na omissão é crime unissubsistente.

c) praticar- contra disposição expressa em lei ( o agente executa o ato só que de


forma contraria). Admite tentativa é plurissubsistente.

1.3. Sujeito ativo e passivo


Crime próprio, admite-se participação de terceiro.
Sujeito passivo o Estado.

1.4. Elemento subjetivo


É o dolo. O agente deve ter conhecimento de que a omissão é indevida ou de que o
ato praticado é contrario a lei, ausente esta consciência o fato é atípico.
Exige-se também a vontade de satisfazer sentimento pessoal
A obtenção de vantagem pode ser patrimonial ou moral, sem que haja intervenção
alheia.
No crime de prevaricação a obtenção de vantagem patrimonial pelo funcionário, não
deve estar ligada a qualquer oferecimento de vantagem ou entrega de vantagem pelo
particular em troca da açao ou omissão funcional.
O desleixo ou negligencia do funcionário com intuito de sentimento pessoal não
configura o crime em tela, mas sim ato de improbidade administrativa ( art. 11 da lei
8429/92).

2. Sentimento pessoal
Abrange o espírito de vingança, amizade, piedade, caridade, ódio, realização
profissional.

Exemplo- funcionário que deixa de expedir um alvará por ser o solicitante seu inimigo.
Ex. funcionário que por prepotência deixa de atender os contribuintes no seu horário
de trabalho.

É pacifico na jurisprudência que o MP ao formular a denuncia deve descrever o


sentimento pessoal do funcionário publico, caso contrario, será inepta.

3. Classificação doutrinaria
Crime de mão própria ( sujeito ativo) ,Crime comum ( sujeito passivo), doloso,
,comissivo e omissivo, de forma livre, instantâneo, monossubjetivo, unissubsistente
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ou plurissubsistente , transeunte .

4. Sujeito ativo e passivo


Sujeito ativo - crime de mão própria- funcionário publico
Sujeito passivo - é o Estado, bem como a pessoa física ou jurídica diretamente
prejudicada.

5. Objeto material e bem jurídico protegido


Bem jurídico - administração publica
Objeto material -é o ato de oficio que fora retardado, ou deixado de ser praticado, bem
como aquele praticado contra disposição expressa de lei.

6. Consumação e tentativa
Na primeira modalidade, o delito se consuma quando o funcionário publico,
indevidamente, retarda a pratica do ato de oficio, ou seja, deixa de praticá-lo no tempo
previsto, atrasando-o. Na segunda modalidade, quando o agente, efetivamente, não
pratica o ato a que estava obrigado; na ultima hipótese, quando o sujeito pratica o ato
contra disposição expressa de lei. Deve ser frisado que, em todos os casos, o agente
deve atuar com a finalidade de satisfazer interesse ou sentimento pessoal.
Dependendo do modo como delito for praticado, poderá ser reconhecida a tentativa.
Se, no caso, concreto, for possível o fracionamento do iter criminis, poderá se cogitar
do conatus; caso contrario, ficará inviabilizada a hipótese da tentativa.

7. Elemento subjetivo - Dolo , não havendo previsibilidade para a modalidade


culposa.

8. Açao penal - publica incondicionada.

Condescendência criminosa - art. 320 CP

1. Objetividade jurídica
A probidade e a regularidade administrativa

2. Tipo objetivo - caráter omissivo


a- deixar o superior hierárquico de responsabilizar o funcionário autor da infração
penal

b- deixar o superior hierárquico de levar o fato ao conhecimento de autoridade


competente, quando lhe falte autoridade para punir o funcionário infrator

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- Tendo o funcionário publico no exercício de suas funções, cometido infração
administrativa ou penal, que deva ser objeto na esfera da administração, constituirá
crime a omissão por parte de seu superior hierárquico que, por clemência ou
tolerância, deixe de tomar as providencias a fim de responsabilizá-lo.

- pressupõe que o agente ciente da infração do subordinado e por clemência ou


tolerância, deixe de atuar.
- se a intenção de não agir for outra, haverá prevaricação ou corrupção passiva.

3. Sujeito ativo - o superior hierárquico que dolosamente se omite ( o funcionário


publico beneficiado não responde pela omissão.
Sujeito passivo- O Estado.

4. Consumação -
quando o superior toma conhecimento da infração e não promove a
responsabilização do infrator ou não comunica o fato a autoridade competente.
Não admite tentativa

5. Açao penal publica incondicionada

Advocacia administrativa - art. 321 CP

1. Objetividade jurídica
A moralidade administrativa

2. Tipo objetivo
Patrocinar- defender, pleitear, advogar, junto a companheiros e superiores
hierárquicos, o interesse particular.
- Não é necessário que o delito seja cometido por advogado.
A infração se configura quando o funcionário publico, valendo-se de sua condição (
cargo, amizade, prestigio junto a outros funcionários), defende interesse alheio (
particular), legitimo ou ilegítimo perante a administração publica.

Se o interesse for ilegítimo- aplica-se a qualificadora descrita no art. 321 , parágrafo


único.

Não existe infração penal quando o funcionário publico patrocina interesse próprio ou
de outro funcionário publico.
É indiferente que o funcionário publico tenha realizado a conduta pessoalmente ou
por interposta pessoa, uma vez que a lei pune a advocacia administrativa praticada
direta ou indiretamente.
15
Não é requisito do crime a obtenção de vantagem pessoal ou econômica.

3. Sujeito ativo
É o funcionário publico, também responde pelo delito o particular que o auxilia,
atuando como testa de ferro. Sujeito passivo, O Estado.

4. Consumação
No momento que o agente realiza o ato de patrocinar o interesse alheio, por escrito
ou oralmente, ainda que não obtenha êxito em beneficiar o particular. Crime formal.
Admissível tentativa.

5. Açao penal
Publica incondicionada.

Violência arbitraria - art. 322, CP.

1. Divergência acerca da revogação implícita do art. 322, CP , pela lei 4.898/65 (


que trata os crimes contra o abuso de autoridade).

2. STF- entendeu que não houve revogação, posicionando-se contrario do Tribunal


de Alçada Criminal de São Paulo, no sentido de que a revogação efetivamente
ocorreu.

3. Núcleo- Praticar ( violência no exercício da função ou a pretexto de exerce-a.


A violência deve ser arbitraria, ou seja abusiva, sem razão legal, devendo ocorrer no
exercício da função ou sob pretexto de exerce-la real ou supostamente.
Na primeira hipótese o funcionário deve estar no pleno exercício da sua função, e na
segunda hipótese deve usar de artifício de praticar a violência em nome dessa função.
Entende-se por violência o uso de força física.
4. Classificação doutrinaria
Crime próprio ( sujeito ativo) ,Crime comum ( sujeito passivo), doloso,comissivo (
podendo ser via omissão imprópria), de forma livre, instantâneo, monossubjetivo,
plurissubsistente não transeunte .
5. Sujeito ativo e passivo
Sujeito ativo - crime próprio- funcionário publico
Sujeito passivo - é o Estado, bem como a pessoa física ou jurídica diretamente
prejudicada.
6. Objeto material e bem jurídico protegido
Bem jurídico - administração publica
Objeto material -é a pessoa contra a qual é praticada a violência arbitraria pelo
funcionário publico.
7. Consumação e tentativa
O delito se consuma quando o agente, abusivamente, pratica o ato de violência no
exercício de função ou a pretexto de exerce-la.
16
Tratando-se de delito plurissubsistente, torna-se possível o raciocínio relativo a
tentativa.

8. Elemento subjetivo - Dolo , não havendo previsibilidade para a modalidade


culposa.

9. Açao penal - publica incondicionada.

Abandono de função - artigo 323, CP

1. Objetividade jurídica
Protege a lei nesse dispositivo a regularidade e o normal desempenho das atividades
publicas, no sentido de evitar que os funcionários públicos abandonem seus postos
de forma a gerar a pertubarçao ou até mesmo a paralisação do serviço publico.

2. Tipo objetivo
Abandonar- deixar o cargo
Para que esteja configurado o abandono é necessário que o agente se afaste do seu
cargo por tempo juridicamente relevante de forma a colocar em risco a regularidade
do serviço prestado.
Não há crime na falta eventual, bem como no desleixo na realização de parte do
serviço, que caracterizam apenas falta funcional punível na esfera administrativa.

3. Elemento subjetivo
Crime doloso, o crime não ocorre quando o abandono ocorre em razão de força maior
( prisão, doença)
A doutrina tem sustentado que o crime não ocorre na suspensão, ainda que
prolongada, do trabalho por parte de funcionário publico - mesmo que de função
essência - quando se trate de ato coletivo na luta por reivindicações da categoria,
ou seja, nos casos de greve ( enquanto não declarada ilegal).

4. Sujeito ativo
Apesar do delito seja abandono de função, o crime só existe quando ocorre abandono
de cargo, não prevalecendo a regra do art. 327 do CP, que define funcionário publico
ocupante de cargo ou emprego ou função publica. Assim, pode-se concluir que o
sujeito ativo desse crime pode ser apenas quem ocupa cargo publico ( criado por lei
com denominação própria, numero certo e pago pelos cofres públicos). Sujeito
passivo- o Estado

5. Consumação
Trata-se de crime formal. Com abandono do cargo por tempo juridicamente relevante,
17
ainda, que não decorra efetivo prejuízo para administração publica.
Não admite tentativa, por tratar-se de crime omissivo.

6. Figura qualificada
O parágrafo 1º, traz a forma qualificada, quando o abandono traz como conseqüência
prejuízo ao erário.
No parágrafo 2º, a figura é qualificada em razão do local, a pena será
consideravelmente maior, se o fato ocorrer em local compreendido na faixa de
fronteira ( faixa de 150 Km ao longo das fronteiras nacionais -Lei 6634/79)

7, Açao penal - Publica incondicionada

Usurpação de função publica art. 328 CP

1. Crime praticado por particular contra a administração publica ( não estamos


diante de delitos próprios funcionais)- a lei visa as condutas praticadas por particular
que coloquem em risco o regular e normal funcionamento da atividade administrativa.
Nad
a impede que o funcionário publico seja sujeito destes delitos na condição de
particular, que não atue no desempenho de qualquer função publica.

2. Elemento do tipo
Usurpar- tomar, apoderar-se.
- particular executa, ilegitimamente, atos de oficio, sem que detenha a qualidade de
funcionário publico.
- é necessário que pratique algum ato funcional.
- a mera atribuição da qualidade de funcionário publico ( art. 45, LCP)
- funcionário publico pode praticar o delito, exercendo função distinta da sua.
- não é necessário que a usurpação acarrete dano a administração publica

3. Elemento subjetivo - dolo.

4. Consumação e tentativa - consuma-se com a pratica de algum ato como se fosse


legitimo, é necessário a efetiva pratica do ato funcional.
Tentativa possível.

5. Forma qualificada- vantagem ( material ou moral que o agente pode obter para si
ou para outrem.

6. Ação penal - publica incondicionada

18
Dos crimes praticados por particular contra a administração em geral

São crimes comuns, podem ser praticados por qualquer pessoa, razão pelo qual não
se inserem no rol dos crimes funcionais.
É de ressaltar também que tais crimes também podem ser praticados por funcionários
públicos, desde que se apresentem na qualidade de particulares, ou seja, não estejam
investido s na função publica desempenhada.

Resistência art. 329, CP.

1. Introdução
A resistência é a forma mais grave da desobediência, tipificado pelo artigo 330 CP,
em razão do emprego de em sua pratica de violência ou ameaça.
Na clássica definição de Francesco Carrara “ é a luta dos particulares contra os
agentes da força publica, com a finalidade de impedir um ato de justiça.”
Significa, pois, um ato de violência contra um ato da autoridade, um antagonismo entre
duas forças físicas: a da autoridade publica e a do particular. Representa, pois, uma
violência contra autoridade do funcionário publico, que tem por finalidade submeter a
autoridade do Estado dentro do âmbito de sua função.

1. Tipo objetivo
Pressuposto do crime- oposição à execução de ato legal ( decretação de prisão);
Opor-se- No sentido de obstruir a execução de ato legal.
Essa oposição reclama um caráter militante, ou seja, atuação positiva do
sujeito ativo, pois, concretiza-se mediante emprego de violência ou ameaça ao
funcionário público competente ou a quem lhe preste auxilio.
Excepcionalmente, o delito poderá ser cometido por omissão, quando o sujeito
ostentar o dever de agir para impedir o resultado nos termos do art. 13, § 2º, CP.
Grande parte da doutrina não admite violência empregada contra a coisa. Violência
contra a coisa trata-se de dano qualificado ( art. 163, parágrafo único, inciso III CP.
Violência contra a coisa: derrubar a escada que o policial pretende subir para
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cumprir ordem legal, ou se é morto o cavalo onde o policial pretende galgar para
cumprir um mandado.

Ameaça, é a promessa de mal injusto, passível de realização e apto a amedrontar


uma pessoa normal ( homem médio) .
Basta que seja dotada de poder intimidatório, independente do seu grau, pois, o tipo
refere-se unicamente a ameaça, e não a grave ameaça, como preferiu o CP em outros
delitos como roubo, estupro etc.

Não se caracteriza o delito quando o sujeito roga pragas contra o funcionário publico
ou contra quem lhe auxilia, pois, não há possibilidade deste suposto mal.

Ameaça pode ser de duas espécie:


A) real - apontar uma arma na direção de alguém.
b) verbal - dizer para a pessoa que vai mata-la em breve.

1.1. Classificação doutrinaria


Crime comum, doloso, de forma livre, comissivo ( podendo ser praticado via omissão
imprópria), instantâneo, monossubjetivo, plurissubsistente e unissubsistente,
transeunte e não transeunte.

2. Consumação e tentativa
Crime formal, de consumação antecipada ou de resultado cortado. Consuma-se com
emprego de violência ou ameaça contra o funcionário publico competente para a
execução do ato legal ou quem lhe esteja prestando auxilio, pouco importando se
assim agindo o sujeito vem a impedir a atuação estatal.
Tentativa- admissível se o meio praticado for a violência.( delito plurissubsistente).
Tentativa admissível na ameaça somente se o meio utilizado for algum
escrito ( delito unissubsistente)

3. Forma qualificada art. 329, § 1º CP


O legislador previu como qualificadora o exaurimento do crime.Pois em razão da
resistência o ato legal não se executa, elevando-se a pena em abstrato.

2. Concurso de crimes- art. 329, § 2º , CP.

É obrigatório ( jamais será absolvido) o concurso material de crimes e aqueles que


resultarem o emprego de violência contra o funcionário ( ex, lesão corporal). Se a
violência for empregada em face de mais de um funcionário constitui crime único.
Esta regra somente se aplica, na hipótese de resistência cometida mediante violência
à pessoa. O crime de ameaça é absolvido pela resistência, uma vez que funciona
como seu meio de execução e não há previsão legal de concurso material obrigatório.

5. Sujeito ativo e passivo


Trata-se de crime comum, qualquer pessoa pode praticar o delito.
Sujeito passivo, o Estado e também o funcionário ou seu auxiliar competente para a
20
execução do ato legal.

6. Elemento subjetivo
Dolo, acompanhado com o especial fim de agir ( elemento subjetivo especifico)
consistente em impedir a execução de ato legal. não admite culpa.

7. Ação penal - publica incondicionada

Desobediência art. 330 CP

1. Tipo objetivo
Desobedecer- não cumprir, não atender dolosamente a ordem legal do funcionário
publico.
Pode ser por ação ( a ordem judicial determina que o destinatário se abstenha de
determinado ato e ele vem a pratica-lo); ou omissão, quando o destinatário se recusa
a praticar determinado ato.
Não pode ocorrer violência ou ameaça ao funcionário publico.
Se a norma extra penal ( administrativa, civil, processual) não fizer menção à
aplicação cumulativa da sanção civil ou administrativa com o crime de desobediência,
o descumprimento da norma não configurará o crime me tela; exemplo o art. 219 CPP.

1.1. Requisitos
a) Haver uma ordem ou determinação; o mero pedido ou solicitação é atípico;
b) A ordem deve ser legal
c) A ordem deve ser emanada de funcionário publico competente

1.2. Sujeito ativo e passivo


Crime comum qualquer pessoa pode ser sujeito ativo.
Sujeito passivo é o Estado e o funcionário competente para emitir a ordem
( a equiparação do art. 317, § 2º não aplica-se ao sujeito passivo, somente ao sujeito
ativo do crime.)

1.3. Consumação ou tentativa


Ocorre com a ação ou omissão do desobediente. Tentativa somente é possível na
forma comissiva.

1.4. Elemento subjetivo


Dolo, não admite culpa

1.5. Ação penal


Publica incondicionada

21
DESACATO - ART 331 CP

1. Introdução
Todo o funcionário publico do mais humilde ao mais graduado, representa o
Estado, agindo em seu nome e em seu beneficio, buscando sempre a consecução do
interesse publico. Consequentemente, no exercício legitimo de seu cargo, o agente
deve estar protegido contra investiduras violentas o ameaçadoras. Esta é a razão da
criação do art. 331 CP.
1.1. Núcleo do tipo
Desacatar- deve ser entendido no sentido de faltar com o devido respeito,
afrontar, menosprezar, desprezar.

Nelson Hungria “ a ofensa constitutiva do desacato é qualquer palavra ou ato


redundante em vexame, humilhação, desprestigio, ou irrelevância ao funcionário.
Podendo consistir em palavras injuriosas, difamatórias ou caluniosas, vias de
fato, ameaças, gestos obscenos, gritos agudos etc.”
Para que ocorra o delito faz-se necessário a presença do funcionário publico,
não exigindo que a ofensa possa ser proferida face a face, bastando que de alguma
forma possa escutá-la, presencia-la, ou que seja por ele percebida.
Não é desacata a ofensa feita por via telefônica, imprensa, por qualquer modo
na ausência do funcionário publico ( em tais casos poderá configurar, injuria, calunia,
difamação, ameaça ).
As ofensas devem ser feita contra o funcionário publico no exercício da função
ou em razão dela.
A conduta de desacatar deve dizer respeito ao funções exercidas pelo
funcionário publico, que atingem diretamente a administração publica ( nexo funcional
a ofensa seja exercida no exercício da função ou seja perpetrada em razão dela.

2. Classificação doutrinaria
Crime comum ( sujeito ativo ), próprio ( passivo) doloso, forma livre, comissivo (
podendo ser via omissão imprópria), instantâneo, monos subjetivo, unissubsistente ou
plurissubsistente, transeunte.

3. Sujeito ativo e passivo


Qualquer pessoa sujeito ativo o delito pode ser praticado até mesmo por outro
funcionário publico ( havendo controvérsia doutrinaria, no entanto, quando o
funcionário publico desacatado for hierarquicamente inferior ao agente).
O sujeito passivo é o Estado , de forma secundária o funcionário publico.
4. Objeto material e bem jurídico
Bem jurídico - administração publica.
Objeto material- é o funcionário publico desacatado no exercício de sua função ou em
razão dela.
5. Consumação e tentativa

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Crime formal de consumação antecipada. Consuma-se no instante que o
agente pratique o comportamento em desprezo para com a administração pública, ali
representada através de seu funcionário, independente, do funcionário se sentir
desacatado.A tentativa depende da forma, no entanto, a maioria são unissubsistente
não admitindo a tentativa.

6. Elemento subjetivo
Dolo, não havendo previsão para a forma culposa.

7. Ação penal
Ação penal publica incondicionada.
Trafico de Influência art. 332 CP

1. Introdução

O nomen iuris “ trafico de influência” e atual redação do art. 322, CP foram criados
pela lei 9.127/95. Antes da denominação o delito em apreço era denominado de “
exploração de prestigio”, nada obstante existisse crime homônimo no art. 357 do CP,
com a diferença que este ultimo diz respeito a administração da justiça.

1.1. Núcleo do tipo:


O tipo penal contem quatro núcleos: solicitar, exigir, cobrar ou obter.
- solicitar- pedir, pleitear, requerer.
-exigir- ordenar ou determinar;
-cobrar- é reclamar pagamento ou cumprimento de algo.
-Obter- alcançar, conseguir.

Todos esses comportamentos devem ser dirigidos no sentido de que o agente


imponha para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, que poderá ou
não ter o caráter econômico, poderá ter também o caráter sexual, haja visto não ter
qualquer limitação interpretativa para efeitos de seu reconhecimento.

Estes verbos conjugam com a conduta influir (inspirar, incutir).


O objeto das ações, é a vantagem ou promessa de vantagem relacionada ao ato
praticado por funcionário publico no exercício da função.
A Expressão pretexto de influir demonstra que, na verdade, o agente age como
verdadeiro estelionatário, procurando, por meio ardil enganar a vitima. Nesse sentido
Magalhães Noronha “ o crime realmente é um estelionato, pois, o agente ilude e
frauda o pretendente ao ato ou providencia governamental, alegando um prestigio que
não possui e assegurando-lhe um êxito que não está a seu alcance....”

A pretexto de influir no comportamento do funcionário publico. Ele não influi realmente


no ato funcional, mesmo porque não tem como faze-lo.
Exemplo: “A” alegando ser amigo de um delegado de policia, sem realmente sê-lo,
solicita de “B” a entrega de determinada quantia em dinheiro, para supostamente
convencer a autoridade policial a não instaurar o inquérito, visando apuração do crime
cometido pelo seu filho. Para o STJ: “ É despiciendo para a caracterização, em tese,
23
do delito de tráfico de influencia, que o agente de fato venha a influenciar no ato a ser
praticado por funcionário publico...”
Com efeito se o agente realmente possuir influencia perante o funcionário
publico, e vier a corrompe-lo , deverá ser responsabilizado pelo crime de corrupção
ativa ( art. 333).
Destarte, no trafico de influencia o agente dirige sua atuação no sentido de ludibriar
o “ comprador” do ato de oficio, com ele negociando uma vantagem ao mesmo tempo
que desacredita a seriedade da administração publica. Razão de esta conduta ser
doutrinariamente conhecida como “ jactância enganosa”, gabolice mendaz ou bazófia
ilusória.

- cuida-se de tipo misto alternativo, crime de ação múltipla ou de conteúdo variado-


quando o agente realiza mais de uma conduta no mesmo contexto fático ( no tocante
a mesma vantagem ou promessa de vantagem).

Não há necessidade de que o agente tenha efetivamente recebido a vantagem por


ele solicitada, exigida ou cobrada, bastando tão somente que o sujeito ativo tenha
prometido.
Note-se que, também, como ocorre no crime de estelionato ( art. 171 caput) no trafico
de influencia o sujeito se vale de fraude para enganar a vítima, induzindo-a ou
mantendo-a em erro obtendo vantagem ilícita ou prejuízo alheio,. Todavia a fraude
aqui há de ser obrigatoriamente, o falso argumento ( a mentira é o maior corriqueiro
exemplo) do agente no sentido de possuir prestigio perante um funcionário publico.
O funcionário público em relação a quem o sujeito garante exercer influencia pode
realmente existir, ou então ser uma pessoa imaginaria. Em qualquer hipótese é
preciso sua individualização pelo criminoso. Contudo, se for individualizado no caso
concreto, e posteriormente restar apurado que tal pessoa não ostenta a qualidade de
funcionário publico, estará configurado o delito de estelionato.

2. Bem jurídico- protegido é o prestigio da administração publica.

3.1 objeto material - é a vantagem ou promessa de vantagem de qualquer natureza.

4. Sujeito ativo - crime comum ou geral - pode ser praticado por qualquer pessoa,
inclusive pelo funcionário publico.
Sujeito passivo- É o Estado e, mediatamente o comprador da influencia.

obs. Mesmo na hipótese em que o comprador da influencia objetiva um beneficio


ilícito, ainda assim, ele será vítima do crime definido no art. 352. Em outras palavras,
a coexistência da sua fraude ( torpeza bilateral) não afasta sua posição de vitima.

5. Elemento subjetivo - dolo .

6. Consumação - solicitar, exigir, cobrar ( crime formal)


Obter- crime material.
Tentativa- quando apresentar-se plurussubsistente, não admite tentativa quando
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apresentar-se unis subsistente.

6. Causas de aumento de pena - art. 332, parágrafo único


Obs. Se ficar provado que a vantagem se destina ao funcionário publico ( art. 317); o
entregador da vantagem o intermediador ( art. 333).
7. Trafico de influencia em transação comercial internacional - art. 337- C CP
Esse crime muito se assemelha ao delito tipificado no art. 332 do CP, diferencia-se,
em razão de dois elementos especializastes:
a) a qualidade de funcionário publico, necessariamente estrangeiro.
b)O objeto da transação comercial internacional, e não mais ato funcional.

Corrupção Ativa art. 333 CP

1. Núcleo do Tipo
No crime de corrupção ativa, pune-se o particular que toma a iniciativa de
oferecer ou prometer alguma vantagem indevida a um funcionário público a fim de se
beneficiar, em troca, com alguma ação ou omissão desse funcionário.
Na oferta, o agente coloca dinheiro ou valores à imediata disposição do
funcionário. Na promessa, o agente compromete a entregar posteriormente a
vantagem ao funcionário.

“ Pratica o delito de corrupção ativa quem oferece certa importância em


dinheiro a funcionário incumbido da fiscalização do transito com o propósito de levá-
lo a omitir o ato de atuação pela falta cometida” ( TJRS –RT , 569/376)

2.Sujeito Ativo e Passivo


Sujeito Ativo, qualquer pessoa, inclusive o funcionário público que não esteja no
exercício de sua função.
Sujeito Passivo é o Estado.

3.Tipo misto alternativo, crime de ação múltipla ou de conteúdo variado


Haverá um só crime quando o particular, relativamente ao mesmo ato de oficio,
promete vantagem indevida e depois a oferece ao particular.

4. Elemento subjetivo – dolo .

5.Crime impossível ( art 17 CP)


Ocorre no oferecimento ou promessa de vantagem indevida a funcionário publico que
não tenha poderes legítimos para a pratica do ato visado.

6.Ação penal – pública incondicionada

Contrabando (art 334-A e Descaminho art. 334, CP ( lei 13008\14)


25
1. Objetividade jurídica
O controle do poder judiciário sobre a entrada e saída de mercadorias no País, e o
interesses em termos de tributação da Fazenda Nacional.

1.1. Núcleo do tipo:


Iludir- enganar, mascarar, simular. ( no todo ou em parte o pagamento do imposto)
Comissivo- o agente evidencia a mercadoria A como mercadoria B.
Omissivo- O agente se omite sobre o objeto tributável.

Contrabando - é a clandestina importação ou exportação de mercadorias, cuja a


entrada no País ou saída dele é absolutamente ou relativamente proibido.

- não se enquadra nos delitos de natureza fiscal


-fato é ilícito ( não é um fato gerador de tributo)
- norma penal em branco

Descaminho- é a fraude tendente a frustrar total ou parcialmente, o pagamento de


direitos de importação ou exportação, ou do imposto de consumo , a ser cobrando na
própria aduaneira, sobre a mercadoria.

- frauda os tributos- é crime de sonegação fiscal, de natureza tributaria, pois, atenta


contra o erário publico
- aplica-se o principio da insignificância- doutrina majoritária , será matéria
penalmente irrelevante se o valor do tributo devido for igual ou inferior ao mínimo
exigido para execução fiscal.

1.2. Consumação e tentativa ( admissível crime plurissubsistente)


Descaminho - com a liberação, a fraude surtiu efeitos, entrando na posse da coisa o
destinatário sem pagamento de tributos.

Na exportação - requer para consumar a ultrapassagem da linha fronteiriça com o


término da zona fiscal.

Na importação - se consuma nos limites da zona fiscal, não se cogitando do agente


ter ultrapassado a fronteira.
1.3. Elemento subjetivo dolo

1.4. Modalidade assemelhado ao descaminho - art. 334 parágrafo 1º. e


contrabando 334-A § 1)

1.5. Competência para julgamento .


Sumula 151 do STJ “ juízo federal no lugar da apreensão dos bens.

1.6. Principio da insignificância


26
Tem sido aplicado pelos tribunais superiores.
Analisam o art. 20 da lei 10522/02, ( valor de 20.000,00)

1.7. Classificação doutrinária


Comum ( ativo) próprio ( passivo), doloso, forma livre, comissivo, omissivo ( via
omissão imprópria)efeitos permanentes, instantâneo, plurissbusistente, monos
subjetivo e não transeunte.

1.8. Ação penal publica incondicionada


Art. 335 – Impedimento, perturbação ou fraude de concorrência

Revogado pela lei 8.666/93, pelos tipos penais constantes dos artigos 93 e 95, que
regulamentou o art 37, XXI, da CF, e instituiu normas de licitações e contratos da
administração pública.

Art . 336- Inutilização de Edital ou de Sinal

Duas são as condutas típicas:


a) Inutilização de edital, que vem expressos pelos verbos rasgar ( partir, cortar
total ou parcialmente), inutilizar ( tornar imprestável) e conspurcar ( sujar, macuar).

Edital, é uma comunicação oficial escrita, que visa dar ciência de alguma coisa a
todos, e é fixada em local público, por ordem de funcionário publico competente.

b) Violação de selo ou sinal, que vem expressos pelos verbos violar ou inutilizar (
romper, devassa o selo ou sinal referido) e tem a finalidade de identificar, lacrar
qualquer coisa, móvel ou imóvel, determinada por lei e originaria de funcionário público
competente com seu carimbo ou assinatura.

Art. 337- Subtração ou inutilização de livro ou documento

Subtrair (retirar) objeto que esteja sob os cuidados de funcionario publico ( ou


cuidados de particular a serviço publico), ou inutilizar ( ( imprestável) tal objeto ( livro
oficial, processo ou documento).

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Art. 339- Denunciação Caluniosa

A denunciação caluniosa é formada pela fusão do crime de calunia ( CP art. 138) com
a conduta licita de noticiar a autoridade publica ( magistrado, delegado de policia,
representante do MP etc), a pratica de crime ou contravenção penal e sua respectiva
autoria. Trata-se portanto, de crime complexo em sentido amplo.
Se a pessoa limita-se a imputar falsamente a alguém a pratica de crime, deve ser
responsabilizado pelo delito de calunia. De outro lado, se ela leva a conhecimento da
autoridade estatal a infração penal e a pessoa nesta envolvida atual dentro dos limites
permitidos pelo art 5º, parágrafo 3º, CPP.
A combinação, de tais circunstancias, importa no surgimento de denunciação
caluniosa, capitulada entre os crimes contra a administração da justiça.

Denunciação caluniosa , crime de ação penal publica incondicionada, o sujeito faz


imputação falsa de crime ou de contravenção penal pra movimentar o aparelho
estatal, sendo crime de elevado ( imputação de crime) ou médio ( imputação de
contravenção penal), potencial ofensivo, na injuria ( crimes contra a honra art. 138 CP)
é crime de ação penal privada, o sujeito faz a imputação falsa de crime unicamente
para ofender a honra objetiva da vitima, sendo infração de menor potencial ofensivo.

Art. 340 – Comunicação falsa de crime ou contravenção

Em uma analise precipitada, a comunicação falsa de crime ou de contravenção muito


se assemelha à denunciação caluniosa ( CP art 339). No entanto, as diferenças entre
tais delitos são incontestáveis.
Na comunicação falsa de crime ou contravenção, o sujeito limita-se a comunicar
falsamente a ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não ter se verificado,
assim, provocando a ação da autoridade. No entanto, o agente não acusa falsamente
nenhuma pessoa, seja por se tratar de individuo indeterminado e indeterminável , seja
por referir-se a pessoa que não existe.

Como já decidiu o STF:

“ se o agente individualiza o autor do suposto crime, sabendo-o inocente, responde,


em tese, por denunciação caluniosa e, não pelo delito de comunicação falsa de crime
ou de contravenção .”
28
Se o sujeito arrepender-se depois de efetuada a comunicação falsa de crime ou de
contravenção, e em razão disso impedir a ação da autoridade no sentido de apurar a
infração penal e sua autoria, estará caracterizado o arrependimento eficaz, nos
moldes do art. 15, CP, acarretando a atipicidade do fato.

Quando o agente comunica a ocorrência de fato atípico, são hipóteses que se


manifesta o crime impossível ( art. 17 CP).
Art. 341- Autoacusação falsa

É a autoacusação falsamente prestada perante a autoridade, é dizer, a declaração


contaminada pela mentira.
O núcleo do tipo, é acusar-se, ou seja, imputar ou atribuir a si próprio a pratica de
crime. Pune o comportamento de pessoa que se auto incrimina, invocando para si a
responsabilidade por crime que não praticou, seja porque o fato não existiu, seja
porque foi praticado por outra pessoa.

Como a lei fala em crime inexistente ou praticado por outrem, duas conclusões lógicas
podem ser extraídas:

a) Não se configura o delito definido no artigo 341 CP, na autoacusação falsa de


contravenção penal inexistente ou praticada por outrem;

b) O sujeito não pode apresentar nenhum tipo de envolvimento com o fato


comunicado a autoridade , seja como autor, co autor ou participe do crime anterior.

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Falso testemunho ou falas perícia - art. 342 CP
1. Objetividade jurídica
Evitar que a prestação jurisdicional seja prejudicada por falsos depoimentos ou
perícias falsas

2. Tipo objetivo
As condutas incriminadas são:
a) fazer afirmação falsa ( conduta comissiva)- significa afirmar inverdade
b) negar a verdade ( conduta comissiva) o sujeito diz não saber o que, em verdade
sabe;
c) calar a verdade ( conduta omissiva) silenciar-se a respeito do que sabe
Para que ocorra o crime de falso testemunho, a falsidade deve ser relativa ao fato
juridicamente relevante, ou seja, deve referir-se a assunto discutido nos autos.
Não existe falsa testemunha, por exemplo, quando narra fatos ao juiz referente ao
caso concreto; mas quando indagado sobre o que fazia no local, refere-se que estava
sozinho bebendo, pois na realidade estava com a amante.
Para a configuração do falso, não é necessário que o depoimento tenha
necessariamente influenciado na decisão, bastando a possibilidade de influir no
resultado da causa.

Exemplo, quando alguém fornece álibi falso ao réu, dizendo que estava com ele em
outro local no momento do crime, ainda que a vitima o reconheça como autor do delito
e seja condenado por tal.
Testemunha que mente por estar sendo ameaçada de morte ou de algum outro mal
grave, não responde por falso testemunho. ( autor da ameaça responde pelo art. 344
CP)
Não há crime quando o sujeito mente para evitar que se descubra fato que pode
levar a sua própria incriminação.
A mentira de qualificação pessoal ( nome, profissão etc.) não tipifica falso testemunho
( art. 307 do CP)
Sedes do falso testemunho: para que o falso caracterize crime deve ser cometido em
:
a) processo judicial - abrange todos os processos ( civil, trabalhista, penal etc.)
b) inquérito policial - comum ou militar
c) processo administrativo - transgressões disciplinares ou administrativa.
d) juízo arbitral ( lei 9307/96).

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Art. 345- Exercício Arbitrário das Próprias Razões

1. Introdução
A partir do momento em que foi superado o estagio da vingança privada para
solução dos conflitos de interesses entre as pessoas, a ninguém é dado o direito de
ser simultaneamente juiz e parte. No atual momento da civilização, se alguém tem
direito a uma pretensão legitima, que quer fazer valer, deve levá-la a apreciação do
poder judiciário.

O núcleo do tipo é fazer justiça pelas próprias mãos, no sentido de satisfazer


pretensão pessoal sem socorrer-se ao Estado, mediante atuação do poder judiciário.
Trata-se de crime de forma livre, compatível com qualquer meio de execução. Sendo
assim, o agente pode se valer de violência contra a pessoa ou contra a coisa, grave
ameaça, fraude, ou ainda outro meio cabível, para satisfazer pretensão que reputa ser
legitima.

Pretensão é um direito ou interesse que o sujeito tem ( pretensão legitima), ou


acredita ter ( pretensão supostamente legitima). Constitui na verdade como
pressuposto do crime. A pretensão pode relacionar-se a qualquer direito, ligado ou
não a propriedade .

Consumação, há duas posições sobre o assunto, crime material ou causal e


crime formal, de consumação antecipada ou resultado cortado.
É possível tentativa, qualquer que seja a teoria adotada na seara do momento
consumativo.

Elemento normativo, salvo quando a lei o permite.

Ação penal , em regra é privada. Contudo em consonância com o parágrafo


único do art 345 do CP, a ação penal será publica incondicionada se presente a
violência na execução do crime.

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Favorecimento Pessoal - art. 348 CP

1. Introdução
O favorecimento pessoal, também conhecido como homizio, consiste no auxilio
prestado para que o autor de crime não seja alcançado pela autoridade pública,
mediante a dissimulação do criminoso ou facilitação de sua fuga.
A incriminação limita-se à assistência prestada ao criminoso para subtrair-se da açao
do representante do Estado.

2. Núcleo do tipo
Auxiliar ( conjugado com a expressão subtrair-se_:
O favorecimento dirige-se ao criminoso, para sua fuga ou ocultação e, JAMAIS, ao
crime. Não há contribuição alguma
Pressupõe auxilio ao criminoso . Este auxilio não pode ocorrer a qualquer tempo, a
verificação ocorre após a consumação do crime praticado pelo favorecido, em outras
palavras já consumado o crime, o sujeito auxilia o autor a subtrair-se da açao da
autoridade pública.

Pune-se a conduta de quem idoneamente ajuda o autor do crime a fugir, esconder-


se, ou de qualquer modo evitar a ação da autoridade pública.
Não é necessário que o autor do crime esteja sendo perseguido ou procurado pela
autoridade publica no momento em que o auxilio lhe é prestado. Basta a possibilidade
de vir faze-lo, a qual é inquestionável justamente em decorrência da pratica do delito.
A palavra autor do crime deve ser interpretada em sentido amplo ( autor, co autor e
partícipe). Conclusão é a redação do artigo 348 é anterior a reforma da parte geral
pela lei 7209/84 em que não se falava em participação, mas somente em autoria e co
autoria.
Fáçil perceber, portanto, que não se amolga ao tipo penal o comportamento de
simplesmente induzir, instigar, o autor do crime a furtar-se da ação da autoridade
publica, como por exemplo, o advogado que orienta cliente a fugir até a extinção da
punibilidade.
No entanto, é perfeitamente possível a participação tanto pelo induzimento, e
instigação ao auxilio prestado por outra pessoa ao criminoso. O crime de
favorecimento pessoal, somente, pode ser praticado por ação( crime comissivo). Não
há como auxiliar por omissão.
É atípico, o fato de não comunicar à autoridade pública o local em que se encontra o
autor de crime, ainda que esta circunstancia seja de conhecimento do agente.

3. Favorecimento pessoal e pratica anterior de um crime.


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O favorecimento pessoal depende da pratica anterior de um crime. Trata-se, pois, de
um crime acessório, de fusão ou parasitário.
Esse crime pode ser de qualquer natureza: doloso, culposo, de açao publica ou
privada.
Não há favorecimento pessoal o fato de auxiliar menor ou outro inimputável, em
decorrência da impossibilidade de aplicação de medidas de segurança ou sócio
educativas.

4. Espécies de favorecimento pessoal


Qualquer crime abre ensejo ao favorecimento pessoal. Entretanto, a natureza e (não
quantidade ) da pena cominada ao delito antecedente autoriza a divisão tipificada no
art. 348, em duas espécies:

a) favorecimento pessoal simples: ao crime anterior é cominada pena de reclusão


( art. 348 caput).
b) favorecimento pessoal privilegiado: ao crime anterior é cominada pena de
reclusão ( art. 348 § 1º).

5. Viabilidade do crime anterior


Não basta a existência de crime anterior, este delito deve se revestir de viabilidade
jurídica, no sentido de permitir a prolação de sentença condenatória ao seu
responsável.

Não ocorre favorecimento pessoal:


a) causa excludente da ilicitude, não se pode falar na existência de crime anterior (
art. 23, CP)...Não há crime.....

b) causa excludente da culpabilidade- Causalista ( conceito tripartido)- não há crime.


Finalista ( conceito bipartido) há crime, mas o Estado não pode punir o seu
responsável.

c) causa extinção de punibilidade- art. 107 CP.

6. Sujeito ativo - crime comum. Não configura o delito quando presente o


autofavorecimento, isto é, alguma situação do crime praticada em concurso de
pessoas na qual um dos agentes auxilia um dos comparsas, a subtrair-se da
autoridade policial.
Sujeito passivo - Estado.

7. Favorecimento pessoal e advogados


Não há qualquer espécie de imunidade, podem ser autores de favorecimento pessoal,
desde que auxiliem seus clientes a subtraírem-se da ação da autoridade publica.

8.A vitima do crime anterior como sujeito ativo do favorecimento pessoal


Trata-se de crime contra a administração da justiça, motivo pelo qual o ofendido não
tem o direito de invocar questões pessoais para auxiliar seu algoz a furtar-se da ação
da autoridade publica.
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A titulo ilustrativo a vitima de extorsão mediante seqüestro ( art. 159 CP), depois de
libertada e acometida de “ síndrome de Estocolmo), engana os policiais transmitindo
falsas informações para que o seqüestrador tenha êxito na fuga.

9. Consumação - crime material. É possível tentativa em face do caráter


plurissubsistente. Ação penal é publica incondicionada.

10. Escusa absolutória- art. 348, § 2º CP.


Rol exemplificativo, cabível, portanto, analogia in bonam partem, na união estável,
adoção.
O favorecimento pessoal inter próximo está amparado nos laços de afeto , é
obrigatório a isenção de pena, não há interesse apto de iniciar a persecução penal.
Não há como obrigar, ainda que juridicamente uma pessoa negar auxilio ao familiar
próximo ou cônjuge.

11. Favorecimento pessoal e corrupção passiva. art. 317 § 1º CP.


Se o funcionário publico alem de omitir-se, também auxilia o criminoso a subtrair-se
da açao de outra autoridade publica, haverá concurso material entre corrupção
passiva e favorecimento pessoal.

12. Favorecimento pessoal e fuga de pessoa presa ou submetida à medida de


segurança
No favorecimento pessoal, o auxilio a fuga deve ser prestado a criminoso solto, isto é,
em liberdade. Se o favorecido encontrar-se legalmente preso ou submetido a medida
de segurança, e o agente promover ou facilitar a sua fuga, estará caracterizado o
crime do art. 351 do CP.

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Favorecimento real - art. 349 CP

1. Introdução
No artigo 349, CP, prevê mais uma espécie de favorecimento.
Cuida-se de delito acessório, de fusão ou parasitário,´pois, reclama a pratica de um
crime anterior, de qualquer natureza.
No favorecimento real o agente não se preocupa em proteger a pessoa do criminoso,
aqui, o auxilio é efetuado com o propósito de tornar seguro o proveito do crime, como
medida de gentileza ou de amizade com o autor do crime antecedente.

2. Núcleo do tipo:
Prestar- ajuda, presta assistência a criminoso, visando tornar seguro o proveito do
crime.
Cuida-se de crime de forma livre: esconder o bem subtraído, comprar um automóvel
com o dinheiro do estelionato, aplicar em banco valores de peculato.
Somente, pode ser praticado por ação ( crime comissivo), consequentemente, é
atípico, o fato de não comunicar a autoridade policial o local onde se encontra o
proveito do crime, ainda, que o agente tenha ciência dessa circunstancia.
Se o sujeito ostentar a condição de funcionário publico possuindo o dever de agir para
evitar o resultado, sua omissão importará em , art. 319,prevaricação ou corrupção
passiva ( 317).

3. Diferenças entre o crime de favorecimento pessoal ( art. 348 ) e favorecimento


real ( art. 349 CP).
- Favorecimento pessoal
 Auxilio destinado a subtrair o autor de crime anterior de autoridade publica;
Previsão de escusa absolutório quando o sujeito é descendente, cônjuge , irmão do
autor do crime; Desaparece o delito nas hipótese de excludente de ilicitude,
culpabilidade, extinção de punibilidade; O crime anterior pode ter sido consumado ou
tentado; O crime anterior pode ser de qualquer natureza
-favorecimento Real
 Auxilio destinado a tornar seguro o proveito do crime; Não há escusa
absolutória em nenhuma hipótese; Em qualquer caso, subsiste o crime, salvo, se a
extinção de punibilidade ocorreu em razão de abolitio criminis, anistia, pois, nesses
casos o crime anterior deixa de existir;
O crime anterior deve ter alcançado a consumação; O crime anterior há de ter
proporcionado alguma espécie de proveito ao seu autor.

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Art. 349-A- favorecimento Real Impróprio

1. Denominação
O crime do artigo 349, foi introduzido pela lei 12.012/09, não contem nomen
iuris, isto é, a lei não lhe atribuiu denominação oficial. Em razão disso, tem sido alvo
de diversos nomes, tais como favorecimento real nos estabelecimentos prisionais,
etc.
Tais rótulos são aceitáveis, pois, o legislador no momento que deixou de
conferir rubrica original, transferiu esta tarefa à doutrina e jurisprudência.

Núcleo do tipo, contém cinco núcleos:


Ingressar ( fazer entrar, introduzir, o aparelho móvel no estabelecimento
prisional.
Promover é diligenciar, no sentido de adotar providencias.
Intermediar é interceder positivamente, ou seja, o agente estabelece a ligação
entre o preso e uma terceira pessoa que irá colocar o aparelho no estabelecimento
prisional.
Auxiliar é ajudar alguém a introduzir o aparelho no sistema prisional.
Facilitar, consiste em simplificar a entrada do aparelho de comunicação no
sistema prisional, diminuindo as chances de fracasso do delito.

Tais condutas são essencialmente comissivas.


Elemento normativo do tipo, a expressão, sem autorização legal.

2. A finalidade da lei 12.012/09


Finalmente o legislador emprenhou-se em combater comportamentos, em
regra comandados por organizações criminosas, destinados a perpetuação de delitos
mesmo com a prisão de diversas pessoas situadas a margem da lei. O vácuo
legislativo abria enorme via pra “ autorias de escritorio”, nas quais os lideres de
facções criminosas, embora presos, orientavam a atuação nas ruas.

3. Tipo misto alternativo, crime de ação múltipla ou de conteúdo variado


A realização de mais de um núcleo em ralação ao mesmo objeto material configura
crime único.
Trata-se de crime formal, de consumação antecipada ou de resultado cortado.

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Referencias Bibliográficas:

1. JESUS, Damásio Evangelista de. Direito Penal. São Paulo: Saraiva, 2018.
2. MARQUES, José Frederico. Curso de Direito Penal . São Paulo: Saraiva.
3. MIRABETE, Júlio Fabrini. Manual de Direito Penal. São Paulo: Atlas, 2019.
4. COSTA JR., Paulo José de. Direito Penal: curso completo. São Paulo. Saraiva.
5. Zaffaroni , Eugenio Raul e Pierangeli, José Henrique, Manual de direito penal
brasileiro, RT, 2017.
6. Masson, Cleber, Direito Penal, parte Geral. São Paulo. Metodo. 2013
7. Capez, Fernando, Direito Penal , vol I, Saraiva, 2018.
8. Greco, Rogério, Direito penal, vol I, Impetus, 2018.
9. Nucci, Guilherme de Souza, Manual de Direito Penal, RT, 2018.

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