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RESENHA “A DAMA DOURADA”

O filme “A Dama Dourada”, lançado no ano de 2015, dirigido por Simon Curtis, conta
a história de Maria Altmann, uma mulher judia que luta contra o governo da Áustria
para recuperar a pintura A Dama Dourada, obra de arte conhecida como “O retrato de
Adele Bloch-Bauer”, de Gustav Klimt, sendo a pintura mais famosa austríaca.
A pintura pertencia a família de Altmann, e fora tomada pelos nazistas durante a
Segunda Guerra Mundial, o enredo do filme nos traz uma história baseada em fatos
reais, retratando a vida de uma família judia que teve sua dignidade violada.
Maria Altmann, sobrinha de Adele Bloch-Bauer, saiu de Viena, para fugir dos horrores
da guerra, e reconstruiu sua vida nos EUA, anos depois recebeu a notícia que teria uma
herança deixada por sua tia, na qual eram incluídas as obras de arte pintadas por Klimt.
Porém, as obras teriam sido confiscadas pelos nazistas e retiradas da casa de sua família
em Viena. Em 1988, foi elaborada uma lei pela Áustria, sob uma visão a respeito dos
direitos humanos, onde as obras "retiradas" das famílias austríacas deveriam ser
restituídas. 
Vemos no filme que Maria Altmann abre um pedido administrativo na Áustria, para que
fosse devolvido todo o acervo de obras de arte que era de sua família, que era o objetivo
do testamento.
Maria propôs em reunião administrativa com o governo austríaco em deixar a obra de
arte na Áustria, com a condição de que o governo reconhecesse que o quadro havia sido
retirado de forma ilegal de sua família, porém o pedido foi negado, então ela passou a
exigir que o  governo lhe devolvesse os quadros que pertenciam a sua família.
Porém para abrir o processo na justiça, era necessário ser efetuado um depósito de 1,8
milhões de dólares, valor que correspondia a uma parcela do valor da pintura, mas nem
o advogado Randol e nem Maria tinham.
O advogado Randol, adquire um carinho por Maria, fazendo com que comece a
pesquisar maneiras de recuperar o quadro, portanto, reunir provas suficientes para fazer
valer o direito de recuperar a obra de arte.
Vemos uma cena em que o advogado encontra um livro sobre as obras de Gustav Klimt,
ou seja, o museu austriaco havia iniciado atividade comercial com os EUA, neste
momento encontra uma prova para que Maria pudesse processar o governo da Áustria
nos Estados Unidos, vez que com a atividade comercial a Áustria não agiu enquanto
Estado, consequentemente fez com que a Áustria perdesse sua imunidade de jurisdição.
Com essa prova Randol passa a se dedicar exclusivamente ao caso de Maria; a justiça
americana entende e declara que a Áustria não possui sistema adequado para julgar o
caso, então o caso chega à Suprema Corte dos Estados Unidos.
O resultado da sentença foi no sentido de recuperação do quadro de Adele por Maria,
que está exposto desde 2006 na Neue Galerie, em Nova Iorque. Maria Altmann vendeu
o quadro para o cofundador da Neue Galerie pelo valor de 135 milhões de dólares,
doando toda a quantia para instituições de caridade e continuou vivendo uma vida
simples no interior dos EUA.
Por fim, vemos que a análise jurídica do filme “A Dama Dourada”, demonstra a
importância da transdisciplinaridade no Direito, para compreendermos o instituto do
ônus da prova no processo administrativo e judicial.

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