UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUI – UESPI

Aluno(a): Vanessa Lobo da Silva

Data: 19/09/2023
Direito Internacional Público Prof.ª Msc. Juliana Jéssica Fernandes

ATIVIDADE DISSERTATIVA

1. No filme "A DAMA DOURADA", como o sistema legal internacional,

representado pela Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, influencia a
busca de Maria Altmann por justiça e restituição das obras de arte roubadas pelos
nazistas durante a Segunda Guerra Mundial? Discuta como as relações
internacionais desempenham um papel fundamental na resolução de disputas
culturais e de propriedade em nível global.

A Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas estabelece princípios

fundamentais e regras amplamente aceitas e respeitadas na comunidade internacional,
incluindo a imunidade de jurisdição de bens culturais e museus mantidos por governos
estrangeiros em seus territórios.

Por conta disso, Maria Altman baseou-se na Convenção de Viena para contestar
a posse das obras de arte, que estavam sob a guarda do governo austríaco. Ela
argumentou que a imunidade de jurisdição não deveria se aplicar a obras de arte
roubadas durante a guerra e que, portanto, tinha o direito de levar seu caso aos tribunais.
Ou seja, a Convenção de Viena, desempenhou um papel fundamental na busca pela
justiça histórica, ajudando-a a buscar apoio do governo dos Estados unidos e enfrentar o
governo austríaco, bem como a indústria de museus renomados mundialmente para
recuperar as pinturas roubadas de sua família. Esse filme retrata o poder das leis e da
diplomacia na busca por restituição e justiça histórica.

2. Qual é a importância do conceito de repatriação de bens culturais em "A DAMA

DOURADA"?
Analise como o filme aborda questões éticas e legais relacionadas à restituição de
artefatos culturais a seus legítimos proprietários e como isso se relaciona com o
Direito Internacional, especialmente no que diz respeito ao patrimônio cultural e
à memória histórica.

A repatriação de bens culturais na trama é importante, por ser o principal

instrumento utilizado pela protagonista e seu advogado na luta pelo resgate da memória,
da verdade e da justiça relacionado a todo o contexto em torno das obras de arte.

O foco não se concentrava somente na restituição das obras para as mãos dos
verdadeiros donos, como sinônimo de justiça. Voltava-se, principalmente, a busca por
reparação histórica, através da demonstração da verdade e desmascaramento de
mentiras vistas como verdadeiras até então. O que reflete à preservação de memória
cultural em duas vertentes: primeira, como algo que nunca deve ser esquecido; segunda,
como algo que jamais volte acontecer.

Em outras palavras, para Maria Altmann e sua família, a repatriação das obras de
arte não representou somente uma vitória legal, mas principalmente uma vitória moral e
simbólica sobre a justiça perpetrada pelos nazistas e pelas autoridades austríacas que
mantiveram ilicitamente as obras de arte por décadas, embora soubessem da verdade
velada.

Para mais, a trama demonstra como o conceito de repatriação é complexo,

envolvendo questões diplomáticas, legais e políticas. Além de ilustrar como a
Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas e a cooperação diplomática
internacional são fundamentais para: a) a abertura e manutenção de debates entre nações
com interesses conflitantes; b) a resolução de conflitos de forma mais pacífica e justa
possível; e c) reconhecimento dos direitos dos proprietários originários, mesmo que
residentes em outros continentes.