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Balanço de massa

e energia
Prof. Julliana Paixão
Balanço de massa
• É denominado processo químico qualquer operação que
envolva transformação física e/ou química em um
material. O balanço de massa é utilizado para análise do
sistema ̶ fundamental para compreensão de processos de
engenharia. Ele baseia-se na teoria de conservação de
massa, chamada Lei
• de Lavoisier, que diz: “a massa não pode ser criada nem
destruída, porém, pode ser transformada”.
• Os objetivos de se realizar um balanço de massa são:
• Adequar o dimensionamento de equipamentos.
• Controlar o processo de produção.
• Otimizar processos.
• Medir resultados.
• Quantificar a produção.
Alguns conceitos básicos de balanço de
massa
• Existe uma série de conceitos que são muito utilizados por
profissionais que calculam e estudam o balanço de massa
em processos industriais. Veja alguns deles descritos
abaixo.
• Sistema: conforme afirma Silva (2013, p. 7), “É definido
como um espaço selecionado da natureza, que pode ser
sujeito à definição e à apreciação de propriedades físicas,
químicas, bioquímicas e/ou biológicas.”.
• Processo: é uma das etapas que compõem o sistema.
Pode ser classificado em batelada, contínuo ou
semicontínuo. O processo de batelada é caracterizado pelo
fato de que todos os produtos são retirados ao mesmo
tempo, ou seja, a matéria-prima é introduzida no sistema
de uma única vez, a reação ocorre, e os produtos são
retirados.
Alguns conceitos básicos de balanço de
massa
• No processo contínuo, tanto a alimentação quanto a saída
dos produtos ocorrem continuamente, ou seja, há
constante passagem de matéria nas fronteiras (entrada e
saída) do sistema. É um processo típico de bombeamento
de mistura de líquidos a uma vazão constante.
• Processo semicontínuo, também denominado
semibatelada, é qualquer processo que não seja
classificado nem como contínuo e nem como batelada.
• Fronteiras: são os limites físicos ou conceituais que
separam o sistema do ambiente externo.
• Volume de controle: é uma área específica do sistema em
que é aplicado o balanço de massa, conforme
representação na Figura 1.
Tipos de balanço de massa
• Existem dois tipos de balanço de massa: integral e diferencial.
• O balanço de massa do tipo integral descreve o que acontece
entre dois instantes de tempo. Cada um dos termos do balanço
é quantificado em unidades correspondentes como Quilograma
(kg), Litro (l), tonelada (ton) e metros cúbicos (m³). É
normalmente utilizado em processos do tipo Batelada.
• O balanço de massa do tipo diferencial refere-se a um
determinado instante de tempo. Neste caso, os termos da
equação são taxas, ou seja, sempre em relação ao tempo, como
kg/h, ton/h, m³/h, L/h, etc. Conforme afirma Felder (2008, p.
86), “cada termo da equação do balanço é uma velocidade (de
entrada, geração, etc.) e é dado em unidades de quantidade
equilibrada dividida pela unidade de tempo. Este é o tipo de
balanço que geralmente aplica-se a um processo contínuo.”.
Tipos de balanço de massa
• Para que o balanço de massa seja realizado, é necessário
compreender que toda matéria que entra em um processo
sai em mesma quantidade, ou seja, nada é perdido, mas
transformado. Observe a Figura 2:
Tipos de balanço de massa
• Percebe-se que parte do composto que é alimentado sai
no fluxo de concentrado e parte no fluxo de rejeito. Se
classificar o fluxo de alimentação como corrente A, fluxo
de concentrado como corrente C e fluxo de rejeito como
corrente R, você tem:

• A=C+R

• Para facilitar a compreensão desta relação, considere o


processo de peneiramento de pó de madeira, conforme
mostrado na Figura 3. Observe que a soma das vazões de
saída corresponde ao total da vazão de entrada.
•A=B+C
• 20 kg/h = 5 kg/h + 15 kg/h
• 20 kg/h (entrada) = 20 kg/h (saída)
Tipos de balanço de massa
• Sendo assim, em termos gerais, pode-se definir a equação de
balanço de massa conforme mostrado na Equação 1:
• (Taxa de entrada) = (Taxa de saída) + (Taxa de conversão) +
(Taxa de acumulação)
• Mazzucco (2013) orienta que sejam seguidos alguns passos
para o equacionamento de questões de fluxo de massa:

1. Formar um diagrama detalhado do processo.


2. Delimitar, com uma linha tracejada, a parte do processo que será
estudada.
3. Quantificar todas as correntes conhecidas, bem como de seus
constituintes.
4. Reunir todas as equações possíveis, relacionando os diversos
constituintes de todas as correntes.
5. Reunir informações complementares.
6. Escolher uma base de cálculo para iniciar os balanços.
Tipos de balanço de massa
• É possível que seja feito, além do balanço de massa
global, o balanço de massa individual por componente.
Quando se opta pelo balanço individual, se obtém uma
série de equações independentes que, quando somados,
constituem o balanço global. O balanço de massa global
considera as quantidades totais de correntes que fluem no
processo. Em todo balanço, é preciso que esteja
identificado as origens e destinos das correntes.
• Os balanços de massa são classificados como “Estado
Estacionário” quando não apresentam variação ao longo
do tempo. Em casos em que o tempo é relevante, diz-se
que o sistema está sob Estado Transiente.
Balanço de massa com reação química
• Os balanços de massa com reação química funcionam do
mesmo modo que os sem reação, a diferença é que se faz
necessário incluir um termo de geração.
• Este termo advém da necessidade de determinar uma
equação que leve em consideração a velocidade do
consumo ou a formação da espécie em balanço, a partir
da Equação Cinética da Reação.
• A equação cinética é em função do tipo de reator utilizado
para a reação.
• Abaixo estão descritas informações básicas de fluxos de
entrada e saída de reatores do tipo batelada, CSTR e PFR.
Batelada
• Conforme afirmado por Mazzucco (2013, p. 20),
• É um reator que não apresenta fluxos de entrada ou saída.
Comumente, empregado em pequenas produções ou na
fabricação de produtos de alto valor agregado.
Consideramos que um reator batelada é perfeitamente
misturado, ou seja, espacialmente uniforme. Como em um
reator batelada não existe fluxo de massa, temos que Fj
ENTRA = Fj SAI = 0.
CSTR
• Este tipo de reator consiste de um tanque com entrada e
saída contínuas, conforme mostrado na Figura 5.

• Neste caso, a Equação cinética é:


• Fj ENTRADA + GJ = Fj SAÍDA
• Considera-se o “j” como o fluxo molar da espécie em
questão, e GJ como a taxa molar da reação.
PFR
• Sua estrutura é formada por um tubo cilíndrico (Figura 6),
geralmente operado em estado estacionário. Os reagentes
inseridos na alimentação são consumidos à medida que
avançam no interior do tubo, o que faz com que sua
concentração seja decrescente.
PFR
• O balanço de massa deste modelo é mostrado abaixo:
• Fj ENTRADA + GJ = Fj SAÍDA
• 96 Processos de fabricação química
• Para este modelo de reator, GJ é uma função de um ponto
do reator que está sendo analisada a concentração da
espécie “j”.
• Conforme afirmaMazzucco (2013, p. 22),
• O termo de geração (ou reação), Gj, pode ser determinado
de várias formas. Para processos contínuos em estado
estacionário, pode-se utilizar a tabela estequiométrica
(GA=FA-FAo) ou uma expressão cinética (rjV). Para
sistemas abertos ou fechados em estado transiente deve
ser utilizado o produto da equação cinética pelo volume do
reator (rjV).
Balanço de energia
• O balanço de energia é uma forma de exibir a sistemática
dos fluxos e transformações de energia do sistema de
maneira quantitativa. Baseia-se na primeira lei da
termodinâmica, que afirma que, do mesmo modo que no
cálculo de massa, a energia não pode ser criada nem
destruída, apenas modificada em estado e forma. Em
outras palavras, significa dizer que a quantidade total de
energia é constante.
• Ao avaliar uma propriedade específica, você deve levar em
conta a sua classificação. São consideradas propriedades
extensivas aquelas que são dependentes da massa do
material, como número de mols, volume, vazão mássica,
molar e volumétrica, entre outras. As propriedades
intensivas são aquelas que independem da quantidade de
material, como temperatura, pressão e densidade.
Balanço de energia em sistema
fechado
• Um sistema é classificado como fechado quando não há
massa atravessando as fronteiras do sistema, como no
processo em batelada. Considerando que a energia não
pode ser criada nem destruída, temos a Equação 2:

• SAÍDA = ENTRADA + ACÚMULO

• Por mais que o sistema seja fechado e não esteja entrando


e nem saindo fluxos de material, no caso do balanço de
energia é possível transferir energia na forma de calor e
trabalho nas fronteiras. O termo acúmulo, por sua vez, é a
diferença entre o fluxo final e o inicial, que é justificado
pela energia que foi consumida internamente no processo.
A soma de energia no processo deve considerar três
formas de energia: interna, cinética e potencial.
Balanço de energia em sistema aberto

• Os processos mais utilizados e mais importantes são


aqueles em que há escoamento permanente de fluidos
através de um ou mais equipamentos. Neste tipo,
classificam-se os processos contínuo e semicontínuo. Por
definição, há fluxo de massa nas fronteiras, e o trabalho
pode ser feito para forçar a passagem dos fluidos pelo
sistema.
• O balanço de energia para sistemas abertos em regime
permanente é compreendido pela Equação 3:
• ENTRADA = SAÍDA
• Neste caso, não são considerados acúmulos, já que, por
ser considerado estado estacionário, a geração ou
consumo de energia é igual a zero. A taxa de entrada
significa o total de transporte de energia cinética, potencial
e interna. O que sai é a velocidade do transporte de
energia através das correntes de saída.
• O processo de dessalinização de água salgada pode ser conduzido de
diversas formas e pode ser utilizado com dois objetivos: produção de sal
(NaCl) e produção de água dessalinizada para posterior utilização pela
comunidade.
• A produção de sal (NaCl) a partir da água do mar envolve a concentração da
água salgada até a sua saturação, quando inicia a precipitação do sal, que é
então separado. Em função das características climáticas no Brasil, aqui, este
processo é conduzido utilizando energia solar como fonte de energia para o
processo de evaporação da água do mar. O local onde ele é conduzido é
chamado de salina, sendo praticamente uma atividade artesanal.
• Por outro lado, a grande produção de água dessalinizada a partir da água do
mar é comum nos países do Oriente Médio, onde os recursos hídricos são
escassos e há grande disponibilidade de combustíveis fósseis. Com este
objetivo, a água do mar é evaporada formando duas correntes: uma de água
salgada (salmoura), com uma concentração de sal acima da água do mar
alimentada, que é retornada ao mar, e outra de vapor livre do sal, que é
posteriormente condensado formando a corrente de água dessalinizada.
• Considere que a fração mássica de sal na água do mar seja igual a 0,035.
Determine a quantidade de água do mar que é necessária para produzir
1.000 kg/h de água dessalinizada (em função de problemas relacionados à
corrosão dos equipamentos envolvidos no processo, a fração mássica na
salmoura descartada está limitada a 0,07). Resposta = 2000 Kg/h
Exercício
• Uma unidade industrial produz uma corrente aquosa de
vazão 10 kg h-1 contendo um sal de baixa solubilidade em
água. Visando a recuperar o sal, inicialmente empregou-se
um processo de filtração. A corrente de filtrado obtida
apresentou apenas água e vazão de 6 kg h-1. Por sua vez,
a corrente de concentrado foi encaminhada a uma etapa
de evaporação, ao final da qual se obteve uma corrente
contendo apenas vapor d’água com vazão de 1 kg h-1 e
outra corrente contendo apenas o sal.
• Qual a concentração percentual de sal na corrente inicial?
• Resposta = 30%
Exercício
• 3000 Kg de semente de soja contendo 10% de água (em
massa) foram secas utilizando com ar quente contendo
5% em massa de água. O produto final deve apresentar
1% de massa de umidade, e o ar que sai do secador
apresenta 40% em massa de água. Calcular a massa de ar
quente necessária.
• Resposta M2=467 Kg

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