ruralização do cristianismo, demostrando o motivo para tal mudança e como ela influenciou a sociedade da Europa ruralizada.
Com as invasões dos povos germânicos, o cristianismo
se vê obrigado a se transformar junto com a sociedade que estava no começo da formação de um sistema rural, portanto, esse estudo buscará compreender esse processo e como o cristianismo se adequou a ele, se mantendo firme e presente na vida cotidiana.
Durante a ruralização, o cristianismo se fortaleceu,
formando alianças com reis germânicos que acabaram se convertendo ao cristianismo durante seu fortalecimento nessa nova formação de uma sociedade feudalista. O artigo também abordará como a igreja católica se manteve presente em um momento onde o Estado se tornou uma imagem do passado, se mostrando influente sobre uma Europa recém-mudada por uma ruralização.
1. As Invasões germânicas
As invasões dos povos germânicos foi um processo
lento, durando vários séculos, possuindo uma imigração progressiva, se instalando dentro do Império, se aproveitando de suas habilidades com o artesanato para servir a Roma, absorvendo parte de sua cultura e costumes. O fortalecimento das invasões dos povos germânicos e a diminuição da mão de obra escrava nas terras romanas, levaram a crise do Império romano, juntando com outros problemas, resultaram em sua queda.
Originalmente, a palavra ''‘bárbaro’'' era imposta a todos
aqueles que não eram gregos. Porém, dentro dessa palavra existe uma conotação negativa. É um termo pejorativo, onde os gregos eram vistos como o ideal de uma civilização, de um povo, um padrão a ser seguido pelos outros que os rodeavam, o auge da humanidade. Então, seus inimigos não eram nada diante a grandeza deles – pelo menos era isso o que eles achavam – . E o termo bárbaros nada mais é que a prova desse achismo, onde ele significava que os inimigos dos gregos eram atrasados, não tinham organização, eram a terra debaixo dos pés da civilização grega:
‘’A tradicional expressão ‘’invasões bárbaras'' (que eram,
normalmente, julgadas pela queda do Império Romano do Ocidente) convida a uma dupla crítica. ‘’Bárbaro’’: na origem, a palavra designa apenas os não-gregos e, depois, os não-romanos. Mas a conotação negativa adquirida por este termo torna difícil empregá-lo hoje sem reproduzir um julgamento de valor que faz de Roma o padrão da civilização e de seus adversários os agentes da decadência, do atraso e da incultura.''
(BASCHET, Jérôme. A Civilização Feudal, 2006)
1. A ruralização do cristianismo
Não foi apenas uma causa, ou apenas a invasão dos
povos germânicos que levaram a queda do Império Romano. Foram diversos fatores que interferiram para o Impedimento de Roma se manter firme. A crise escravista afetou a economia romana, junto com as invasões dos povos germânicos, portanto, manter o império romano se tornou uma tarefa difícil e amarga.
Com esse processo de queda, uma das maiores
transformações possíveis desse acontecimento foi o processo de ruralização da Europa. Com a queda do Império, a população foi sendo empurrada para fora os campos, esvaziando as cidades, entrando para a vida no interior, forçando o processo de ruralização. Nesse cenário, a igreja católica se vê presente em um contexto diferente do que já estava acostumada. Tentando se manter firme, a igreja católica se juntou aos reis germânicos, adquirindo forças para expandir a fé cristã. A formação dos reinos germânicos serviu para consolidar esse processo de ruralização:
‘’(..) Ao mesmo tempo, ocorria o fortalecimento do cristianismo
que, pouco a pouco, se impunha à nova sociedade em formação. Vários reinos germânicos converteram-se à doutrina cristã, destacando-se o dos francos.’’
(Cláudio Vicentino – Bruno Vicentino, Olhares da
História, Volume 1, 2016)
Quando o Império de Roma se desintegrou, a imagem
do rei, o sistema antes que era conhecido com bons olhos, era agora relacionado ao fracasso. Portanto, com a ruralização, a ideia de Estado foi desaparecendo, perdendo seu poder e influência, dando espaço para o cristianismo atingir o seu poder ao máximo. Através da ruralização, a terra começou a ser distribuída entre o clero e nobreza, fazendo a figura do rei se tornar frágil entre a população, dando assim, espaço para a figura da igreja tomar o lugar de poder, se tornando tão influente quanto o Estado já foi. Com os antigos costumes de um império decaído, a igreja viu uma bela oportunidade para se fazer ainda mais presente no novo cotidiano da população da Europa. Poderíamos dizer que a igreja possuía uma população fragilizada em suas mãos. Com a queda do império e a mudança drástica de ares, indo das cidades para os campos, a população europeia daquela época estava frágil e subjetiva a qualquer coisa que desse algo a eles, algo que eles pudessem se arragar. E é com a fé que a igreja católica entra. Portanto, essa ausência de poder politico irá ser preenchido pela igreja católica, se consolidando como responsáveis por essa nova estrutura. Portanto, o poder da igreja católica começou a ser construído, começou a ser visto como um poder político, como o centro das cidades. Sua influência era enorme, então, a idade média ficou marcada, além pelo processo de ruralização, também pelo crescimento da igreja católica.
Uma das formas de influência que a igreja possuía
durante a idade média era a subordinação: ‘’O triunfo do cristianismo na fase final do Império Romano do Ocidente foi a base da religiosidade que marcou a Idade Média. A influência do cristianismo passou a afetar todas as esferas da vida cotidiana. Presentes em todos os níveis sociais, os membros do clero difundiam valores de subordinação: tanto espirituais (que significavam subordinação das pessoas ao próprio clero, que, no sentido religioso, protegia as "almas" da população) quanto aos senhores feudais (nobres, que protegiam os "corpos" da população fornecendo trabalho e abrigo).
(Cláudio Vicentino – Bruno Vicentino, Olhares da
História, Volume 1, 2016)
Como já mencionado neste presente artigo, a igreja
pegou uma população fragilidade pela brutalização de uma transformação na ordem social, usando a fé cristã como subordinação para um maior controle e influência sobre a sociedade europeia. Porém, o seu campo não se limitava apenas na questão da fé e religiosidade. A Igreja católica detinha o maior número de terras, estabelecendo assim um forte vínculo com esse novo sistema do feudalismo e possuindo um domínio maior sobre a ordem mais avantajada. Com o tempo, as igrejas, mosteiros e abadias se tornaram os principais centros de cultura e educação para a população feudal, abrigando escolas e bibliotecas, exercendo seu domínio através da cultura e educação.
A visão renascentista enxergava a idade medieval como
a idade das trevas, um período sem luz, um período onde a igreja detinha o monopólio de informações culturais e educativas, por conseguinte, os humanistas enxergavam isso como o resultado de um período onde não houve uma evolução da sociedade.
Porém, no fim do século XII, surgiu a universidade, um
legado que, até hoje, é desfrutado. Contudo, sabemos que a idade média, além de sua riqueza cultural, filosófica, proporcionou importantes técnicas de agricultura, como a rotação de campos. Temos ainda, praticamente, a redefinição de relação entre igreja e Estado, algo muito interessante a ser estudado e compreendido, onde a igreja católica esteve em seu auge de poder. Conclusão
A jornada da cristandade é longa e perpetua. Se
mantendo firme até os dias atuais. Sua jornada durante a ruralização foi um marco em seu legado, levando a igreja católica ao seu ápice de controle e influência sobre uma sociedade fragilidade por uma drástica mudança.
Com esse estudo, conseguimos entender a formação da
ruralização na Europa e o motivo para tal transformação. Ligado a isso, podemos compreender o fortalecimento do cristianismo através da igreja católica, exercendo o poder politico nessa fase.
Conseguimos compreender como a igreja católica se
aproveitou da instabilidade de uma transição, com a imagem do Estado e do rei em baixa, se solidificando como um dos maiores poderes da ruralização da Europa, detendo não só uma grande quantidade de terras, como também o monopólio, tanto cultural, como também politico da sociedade. Bibliografia
BASCHET, Jérôme. A Civilização Feudal: do ano mil à
colonização da América. São Paulo: Globo, 2006.
LE GOFF, Jaques. A Civilização do Ocidente Medieval.
Bauru: EDUSC, 2005.
JUNIOR, Hilário Franco. A Idade Média – Nascimento do
Ocidente. São Paulo: Editora Brasiliense, 1986
WICKHAM, Chris. Europa Medieval. Lisboa: Edições 70,
2019.
VICENTINO, BRUNO – VICENTINO, CLÁUDIO. Olhares da
história, Brasil e mundo, Volume 1. 1ª edição. São Paulo,
LIMONGI, Fernando Papaterra. O Federalista: Remédios Republicanos para Males Republicanos. In: WEFFORT, Francisco C. (Org.) Os Clássicos Da Política. São Paulo, Editora Ática, 2004, Vol. 1.