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A influência do cristianismo e igreja católica,

durante os séculos V e VI, em uma sociedade


recém-ruralizada.

Caroline Almeida
Rio de Janeiro
2021
Introdução

Esse presente estudo irá a abordar o processo de


ruralização do cristianismo, demostrando o motivo para tal
mudança e como ela influenciou a sociedade da Europa
ruralizada.

Com as invasões dos povos germânicos, o cristianismo


se vê obrigado a se transformar junto com a sociedade que
estava no começo da formação de um sistema rural, portanto,
esse estudo buscará compreender esse processo e como o
cristianismo se adequou a ele, se mantendo firme e presente
na vida cotidiana.

Durante a ruralização, o cristianismo se fortaleceu,


formando alianças com reis germânicos que acabaram se
convertendo ao cristianismo durante seu fortalecimento nessa
nova formação de uma sociedade feudalista.
O artigo também abordará como a igreja católica se
manteve presente em um momento onde o Estado se tornou
uma imagem do passado, se mostrando influente sobre uma
Europa recém-mudada por uma ruralização.

1. As Invasões germânicas

As invasões dos povos germânicos foi um processo


lento, durando vários séculos, possuindo uma imigração
progressiva, se instalando dentro do Império, se aproveitando
de suas habilidades com o artesanato para servir a Roma,
absorvendo parte de sua cultura e costumes.
O fortalecimento das invasões dos povos germânicos e a
diminuição da mão de obra escrava nas terras romanas,
levaram a crise do Império romano, juntando com outros
problemas, resultaram em sua queda.

Originalmente, a palavra ''‘bárbaro’'' era imposta a todos


aqueles que não eram gregos. Porém, dentro dessa palavra
existe uma conotação negativa. É um termo pejorativo, onde
os gregos eram vistos como o ideal de uma civilização, de um
povo, um padrão a ser seguido pelos outros que os
rodeavam, o auge da humanidade. Então, seus inimigos não
eram nada diante a grandeza deles – pelo menos era isso o
que eles achavam – . E o termo bárbaros nada mais é que a
prova desse achismo, onde ele significava que os inimigos
dos gregos eram atrasados, não tinham organização, eram a
terra debaixo dos pés da civilização grega:

‘’A tradicional expressão ‘’invasões bárbaras'' (que eram,


normalmente, julgadas pela queda do Império Romano do
Ocidente) convida a uma dupla crítica. ‘’Bárbaro’’: na origem, a
palavra designa apenas os não-gregos e, depois, os não-romanos.
Mas a conotação negativa adquirida por este termo torna difícil
empregá-lo hoje sem reproduzir um julgamento de valor que faz de
Roma o padrão da civilização e de seus adversários os agentes da
decadência, do atraso e da incultura.''

(BASCHET, Jérôme. A Civilização Feudal, 2006)


1. A ruralização do cristianismo

Não foi apenas uma causa, ou apenas a invasão dos


povos germânicos que levaram a queda do Império
Romano. Foram diversos fatores que interferiram para o
Impedimento de Roma se manter firme. A crise escravista
afetou a economia romana, junto com as invasões dos
povos germânicos, portanto, manter o império romano se
tornou uma tarefa difícil e amarga.

Com esse processo de queda, uma das maiores


transformações possíveis desse acontecimento foi o
processo de ruralização da Europa.
Com a queda do Império, a população foi sendo
empurrada para fora os campos, esvaziando as cidades,
entrando para a vida no interior, forçando o processo de
ruralização.
Nesse cenário, a igreja católica se vê presente em um
contexto diferente do que já estava acostumada. Tentando se
manter firme, a igreja católica se juntou aos reis germânicos,
adquirindo forças para expandir a fé cristã.
A formação dos reinos germânicos serviu para consolidar
esse processo de ruralização:

‘’(..) Ao mesmo tempo, ocorria o fortalecimento do cristianismo


que, pouco a pouco, se impunha à nova sociedade em formação.
Vários reinos germânicos converteram-se à doutrina cristã,
destacando-se o dos francos.’’

(Cláudio Vicentino – Bruno Vicentino, Olhares da


História, Volume 1, 2016)

Quando o Império de Roma se desintegrou, a imagem


do rei, o sistema antes que era conhecido com bons olhos,
era agora relacionado ao fracasso. Portanto, com a
ruralização, a ideia de Estado foi desaparecendo, perdendo
seu poder e influência, dando espaço para o cristianismo
atingir o seu poder ao máximo.
Através da ruralização, a terra começou a ser distribuída
entre o clero e nobreza, fazendo a figura do rei se tornar frágil
entre a população, dando assim, espaço para a figura da
igreja tomar o lugar de poder, se tornando tão influente
quanto o Estado já foi.
Com os antigos costumes de um império decaído, a
igreja viu uma bela oportunidade para se fazer ainda mais
presente no novo cotidiano da população da Europa.
Poderíamos dizer que a igreja possuía uma população
fragilizada em suas mãos. Com a queda do império e a
mudança drástica de ares, indo das cidades para os campos,
a população europeia daquela época estava frágil e subjetiva
a qualquer coisa que desse algo a eles, algo que eles
pudessem se arragar. E é com a fé que a igreja católica entra.
Portanto, essa ausência de poder politico irá ser
preenchido pela igreja católica, se consolidando como
responsáveis por essa nova estrutura. Portanto, o poder da
igreja católica começou a ser construído, começou a ser visto
como um poder político, como o centro das cidades. Sua
influência era enorme, então, a idade média ficou marcada,
além pelo processo de ruralização, também pelo crescimento
da igreja católica.

Uma das formas de influência que a igreja possuía


durante a idade média era a subordinação:
‘’O triunfo do cristianismo na fase final do Império Romano do
Ocidente foi a base da religiosidade que marcou a Idade Média. A
influência do cristianismo passou a afetar todas as esferas da vida
cotidiana. Presentes em todos os níveis sociais, os membros do
clero difundiam valores de subordinação: tanto espirituais (que
significavam subordinação das pessoas ao próprio clero, que, no
sentido religioso, protegia as "almas" da população) quanto aos
senhores feudais (nobres, que protegiam os "corpos" da população
fornecendo trabalho e abrigo).

(Cláudio Vicentino – Bruno Vicentino, Olhares da


História, Volume 1, 2016)

Como já mencionado neste presente artigo, a igreja


pegou uma população fragilidade pela brutalização de uma
transformação na ordem social, usando a fé cristã como
subordinação para um maior controle e influência sobre a
sociedade europeia. Porém, o seu campo não se limitava
apenas na questão da fé e religiosidade. A Igreja católica
detinha o maior número de terras, estabelecendo assim um
forte vínculo com esse novo sistema do feudalismo e
possuindo um domínio maior sobre a ordem mais avantajada.
Com o tempo, as igrejas, mosteiros e abadias se
tornaram os principais centros de cultura e educação para a
população feudal, abrigando escolas e bibliotecas, exercendo
seu domínio através da cultura e educação.

A visão renascentista enxergava a idade medieval como


a idade das trevas, um período sem luz, um período onde a
igreja detinha o monopólio de informações culturais e
educativas, por conseguinte, os humanistas enxergavam isso
como o resultado de um período onde não houve uma
evolução da sociedade.

Porém, no fim do século XII, surgiu a universidade, um


legado que, até hoje, é desfrutado. Contudo, sabemos que a
idade média, além de sua riqueza cultural, filosófica,
proporcionou importantes técnicas de agricultura, como a
rotação de campos. Temos ainda, praticamente, a redefinição
de relação entre igreja e Estado, algo muito interessante a ser
estudado e compreendido, onde a igreja católica esteve em
seu auge de poder.
Conclusão

A jornada da cristandade é longa e perpetua. Se


mantendo firme até os dias atuais. Sua jornada durante a
ruralização foi um marco em seu legado, levando a igreja
católica ao seu ápice de controle e influência sobre uma
sociedade fragilidade por uma drástica mudança.

Com esse estudo, conseguimos entender a formação da


ruralização na Europa e o motivo para tal transformação.
Ligado a isso, podemos compreender o fortalecimento do
cristianismo através da igreja católica, exercendo o poder
politico nessa fase.

Conseguimos compreender como a igreja católica se


aproveitou da instabilidade de uma transição, com a imagem
do Estado e do rei em baixa, se solidificando como um dos
maiores poderes da ruralização da Europa, detendo não só
uma grande quantidade de terras, como também o
monopólio, tanto cultural, como também politico da
sociedade.
Bibliografia

BASCHET, Jérôme. A Civilização Feudal: do ano mil à

colonização da América. São Paulo: Globo, 2006.

LE GOFF, Jaques. A Civilização do Ocidente Medieval.

Bauru: EDUSC, 2005.

JUNIOR, Hilário Franco. A Idade Média – Nascimento do

Ocidente. São Paulo: Editora Brasiliense, 1986

WICKHAM, Chris. Europa Medieval. Lisboa: Edições 70,

2019.

VICENTINO, BRUNO – VICENTINO, CLÁUDIO. Olhares da

história, Brasil e mundo, Volume 1. 1ª edição. São Paulo,

2016.

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