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Por que o yao usa ṣáorò contra-egun(Lodi sí egún), umbigueira(íkan) e mokan ?

O xaorô (ṣáorò) é primordialmente usado em honra a Yemonjá, a mãe de todas as cabeças, e a


Obaluaiyê. Um dos símbolos da iniciação, serve para que os movimentos do yaô sejam
seguidos, facilitando a sua localização. Conta um itan que foi Yemonjá quem confeccionou o
sáorò e o colocou em Obaluaiyê, seu filho adotivo, para poder encontrá-lo e, assim, cuidar de
seus ferimentos. O sáorò, o contra-egum(Lodi sí egún) , a umbigueira(ìha) e o mokan só são
utilizados após serem sacralizados com banhos de folhas frescas e outros elementos.
Composto de um ou dois guizos, o sáorò é preso com fios trançados de palha-da-costa no
tornozelo do yaô. É colocado na perna esquerda, se o órìsá for masculino, e na perna direita,
se o órìsá for feminino. Em alguns axés não se coloca o sáorò, usa-se uma pulseira, (um idé)na
cor preferida do órìsá da pessoa, sem distinção do sexo da divindade. Em outras casas, se o
órìsá for masculino, usa-se o sáorò no tornozelo esquerdo, e se o órìsá for feminino, é
colocado um idé no tornozelo direito. O contra-egum serve para proteger e resguardar o corpo
do yaô da aproximação de eguns, das ajés, dos oxôs e dos ajás. Confeccionado com fios de
palha da costa trançados, forma um bracelete, é colocado nos dois braços do yaô, quase na
altura do ombro. Este artefato também é usado pelos iniciados e por adeptos em vários outros
preceitos e segmentos da religião. A umbigueira (íkan) também é feita com fios de palha da
costa trançados e é colocada ao redor da cintura. Simboliza uma proteção para a parte central
do corpo humano. Estes e outros objetos tem como objetivo resguardar o corpo inteiro do yaô
na sua iniciação e na complementação desta. O ojá, pano branco usado na cabeça, traz
proteção para o seu orí, o contra-egum para os membros superiores, a umbigueira para os
órgãos reprodutores e demais órgãos centrais , o sáorò, para os membros inferiores. Produz-se
assim, uma parede de quatro lados que rechaça todas as negatividades. O mokan é um colar
feito com fios de palha da costa trançados. Tem a representação circular da ligação do òrun
com o áiyé unindo o yaô com seu órìsá. Em seu fechamento tem duas pontas em forma de
vassourinha, diametralmente opostas entre si, ligando-o com a ancestralidade. Peça
fundamental para todos os iniciados na religião, é usado durante todo o processo de feitura,
sem sair do pescoço do iniciado em nenhum momento. A partir daí, irá acompanhá-lo em
todas as suas obrigações, durante o seu período de yaô. Nos dias atuais é difícil ver um iniciado
usando seu mokan, porque muitos acreditam que somente os yaôs devem usá-lo! Existem
grandes sacerdotes e sacerdotisas, antigos, de grandes axés, que ainda usam seus mokan. Esta
é uma atitude de humildade e de respeito pelo seu órìsá e de amor a um símbolo sagrado da
religião. O grande valor do mokan é que ele só pode ser usado por quem é iniciado. O mokan é
companheiro da pessoa durante toda a sua existência no àiyé mas também estará presente,
junto com demais objetos, no momento do Axexê, liturgia que encerra o ciclo religioso do
candomblecista!

Fonte: Livro candomblé bem explicado

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