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Resumo
Este texto tem como objeto de investigação a produção científica brasileira e busca responder
a alguns questionamentos acerca de como se apresenta a produção científica nas
universidades brasileiras e em relação à produção internacional. Para tanto foi realizada uma
investigação no Plano Nacional de Pós-Graduação (2005-2010) além de publicações de
órgãos federais que tratam da pesquisa no país, bem como de documento da UNESCO. A
partir das informações coletadas observa-se que a produção científica brasileira está
concentrada em poucas universidades, sendo que mais de 90% dos artigos indexados foi
gerada em universidades públicas, expondo a pouca participação das universidades
particulares na produção efetiva. Esta faceta da produção científica atual soma-se à
constatação da concentração de produção científica nos programas de pós-graduação do país.
Embora se pretenda que as universidades desenvolvam pesquisa já no nível da graduação,
como posto pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei nº 9394/96 em que se
propõe a indissociabilidade ensino/pesquisa/extensão, a produção científica está estreitamente
vinculada aos programas de pós-graduação stricto sensu. Assim, somente o pequeno número
de alunos que conseguem chegar ao mestrado e doutorado no país é, efetivamente, preparado
para a pesquisa, o que acaba trazendo outras conseqüências para a natureza da pesquisa, como
uma concentração desta prática nas universidades e ainda muito pouco em instituições de
ensino de educação básica e em empresas. Constata-se ainda que embora o sistema de
avaliação da pós-graduação stricto sensu seja reconhecido como o mais sofisticado da
América Latina, apresenta fragilidades, motivo pelo qual tem recebido críticas, em especial,
por gerar uma espécie de "produtivismo" nocivo à qualidade verdadeira dos programas e da
produção científica, o que evidencia a necessidade do seu aprimoramento.
Introdução
12.596 publicações de acordo com o Institute for Scientific Information – ISI (In: BRASIL,
2005) No mesmo período de 2003 constatamos um aumento da publicação em periódicos de
circulação internacional, chegando a um número de 12.627 publicações. Em comparação com
a América Latina, este número representou 44,4% de toda a publicação da América Latina;
porém, comparado com o restante do mundo, este número representa 1,56% da produção
científica mundial de acordo com Institute for Scientific Information – ISI (In: BRASIL,
2005).
Segundo artigo veiculado na Folha de São Paulo (2009) verifica-se que, de 2007 para
2008, a produção científica brasileira cresceu 56% em termos gerais e o país passou da 15ª
para a 13ª colocação no ranking mundial de artigos publicados em revistas especializadas. O
artigo, porém aponta que a qualidade dessa produção continua abaixo da média mundial. Para
o ministro da Educação Fernando Haddad, contribuiu para esse resultado o aumento do
número de mestres e doutores no Brasil, e o crescimento das bolsas concedidas pela CAPES
(Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior). Porém, ainda que os
números de artigos científicos e doutorados finalizados a cada ano tenham aumentado –
medido, por exemplo, por número de artigos científicos em periódicos indexados pelo
Thomson Reuter’s Science Citation Index (2008) – é possível notar falta de homogeneidade
na distribuição regional dos profissionais acadêmicos e na base de conhecimentos do país:
60% de todos os artigos científicos se originaram em apenas sete universidades, sendo que
quatro delas estão no Estado de São Paulo. Também há uma falta de homogeneidade nos
campos das diferentes disciplinas.
Esta concentração de produção científica reflete-se em outras análises de
produtividade, como a lista das 500 universidades mais produtivas do mundo elaborada pela
Universidade de Comunicações de Xangai (Shangai Jiao Tong University – SJTU). A lista
(2010) divulga uma lista com as melhores universidades do mundo e é elaborada com base
em critérios de produção científica, desde 2003. Com isso, ficam bem cotadas as
universidades que apresentarem maior número de pesquisadores citados em trabalhos
acadêmicos, bem como alunos e professores vencedores do Prêmio Nobel. Seis universidades
brasileiras aparecem na lista chinesa de 2011. No entanto, este ano, nenhuma delas ficou entre
as cem melhores instituições de ensino do mundo. As universidades brasileiras que figuram
são: USP (entre as 101 a 150 posições), seguida pela Universidade Estadual de Campinas,
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UFMG, UFRJ e UNESP (entre as 201 e 300 posições) e a UFRGs (entre as 401 e 500
posições). Verifica-se a ausência de universidades de iniciativa privada neste ranking.
Já a listagem elaborada contendo a produção científica Ibero-americana disponível no
site da Universia (2011) coloca o Brasil em uma boa posição, alcançando o segundo lugar no
Ranking Iberoamericano SIR (SCImago Research Institutions), realizado pelo Grupo
SCImago. Com a publicação de 163 mil artigos entre 2005 e 2009, o país ficou atrás apenas
da Espanha. Neste caso, as universidades que mais se destacaram para a elevação do ranking
brasileiro também foram as públicas.
Parte deste resultado deve-se a que grande parte dos programas de pós-graduação está
localizados dentro de Universidades Públicas, principalmente, no âmbito federal. O universo
das IES privadas que investem em programas de pós-graduação stricto sensu ainda é muito
pequeno, o que faz com que grande parte dos recursos financeiros seja destinada às IES
públicas. Tal situação ocorre porque em grande parte as IES privadas sobrevivem de
mensalidades e o custo para a pesquisa científica é elevado. Isso leva as IES privadas a buscar
recursos em órgãos de fomento, tendo que, na maioria dos casos concorrer para isso com as
IES públicas, que por apresentarem outro perfil, mais livre e fundamentada em pesquisa,
historicamente mais consolidadas, sem preocupação com mensalidades, acabam por receber
os devidos recursos. Visto este cenário, observa-se que as universidades privadas, dificilmente
podem concorrer em termos de produção com universidades do porte das públicas do estado
de São Paulo, mas buscam um crescimento na área de produção científica.
Neste esforço de aumento da produção, as instituições privadas de ensino superior
procuram conjugar suas necessidades financeiras para manter o ensino com os investimentos
em pesquisa. Baseadas no conceito primordial de Universidade passam a exigir, além de
ensino com qualidade, a produção de conhecimento dentro de suas instituições. Com isto dão
relevo à atividade de pesquisa de seus professores e não apenas considerando a docência
como função preferencial desses profissionais. Desta forma começam a apresentar uma
contribuição qualitativa e quantitativa de relevo para o esforço nacional em ciência e
tecnologia. De fato, os indicadores de produção confirmam esta tendência.
Virmond (2006) exemplifica este crescimento, demonstrando que entre 1998 e 2002 o
incremento de publicações em meios indexados (SCIE/ISI) das universidades públicas no
Estado de São Paulo foi de 62,3%. Para o mesmo período e para este mesmo indicador, as
universidades privadas apresentaram o expressivo crescimento de 164,6% (FAPESP, 2004).
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Esse crescimento, em parte, pode ser devido a um maior entrosamento entre as instituições
publicas e privadas. Na área de pesquisa, percebe-se um crescente estabelecimento de
relações de investigação compartilhada entre pesquisadores ou mesmo entre laboratórios das
entidades públicas e as particulares. Outras duas razões para este crescimento podem ser
detectadas: a necessidade de suprir uma redução da produção das universidades públicas e a
consolidação, nas universidades privadas, do tríduo básico necessário para que mereça o
nome de Universidade: o ensino, a extensão e a pesquisa.
Considerações finais
Os números apontados demonstram que o setor público está mais estruturado para a
pesquisa do que o setor privado, o que resulta, em parte, das políticas educacionais
implantadas no país. Por exemplo, no período da ditadura militar no Brasil houve um grande
investimento a pesquisa na IES públicas, pois se tinha a intenção de alavancar a mão-de-obra
no país. No governo de Fernando Henrique Cardoso, embora tenha havido um maior
incentivo às privadas não era destinado para a pesquisa, pois se focou mais na formação
profissional (INSTITUTO LOBO, 2008).
De modo geral no país, independente do tipo de universidade, pública ou privada; a
pesquisa requer ainda um maior investimento, pois segundo o “Relatório UNESCO sobre
Ciência 2010” o número de pedidos de patentes
REFERÊNCIAS
GOIS, Antônio. Produção científica cresce 56% no Brasil. Folha de São Paulo. Disponível
em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u561181.shtml. Acesso em: 22/08/201.