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DOI:10.34117/bjdv6n4-386
ABSTRACT
The continuing education of teachers is a fundamental factor for their professional
performance. Some academic programs have invested in teaching qualifications in different
areas. The Postgraduate Course of the Professional Master's in the Teaching of Biology in
Network - PROFBIO, based at UFPB, offers professional training focused upon innovative
education through Active Methodologies (AM). These AM aim to fill a gap that traditional
education is unable to do, which is to keep up with the demands of young people and today's
society. Through AM the student is the protagonist of their own learning process. However,
in the reality of basic education, many challenges are still encountered in achieving
methodological innovations. The research sought to identify the difficulties faced by basic
education teachers regarding the implementation of active methodologies in teaching biology
in public schools in the state of Paraíba. It was a quantitative and qualitative study. It involved
basic education biology teachers, who are Master’s students of PROFBIO at UFPB. The data
was collected through online questionnaires - Google forms tool. The sample consisted of 26
teachers. The results reveal the challenges to be overcome by school teachers for the
implementation of active methodologies such as: overcoming the traditional teaching model
and dealing with the critical school infrastructure and also the lack of pedagogical training to
support curricular activities. Such factors directly compromise the quality of teaching, making
the learning process more difficult. The need for the school space to be changed is evident,
with technical and pedagogical investments to develop the new educational scenarios,
adapting to the emerging demands in the education of school students and to the challenges of
contemporary society.
Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.4,p.21959-21973 apr. 2020. ISSN 2525-8761
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Keywords: Active Methodologies; Science teaching; Basic education; Public schools.
1 INTRODUÇÃO
A sociedade vive em constante processo de mudança em todos os seus âmbitos, e com
o ambiente escolar não poderia ser diferente. As escolas seguem um padrão de organização
que há anos não é modificado, e o mesmo não se adequa mais para o modelo de sociedade
vigente. Os métodos tradicionais de ensino, centrados na figura autoritária do professor, na
transmissão de conteúdos e na passividade do alunado, não têm atendido as demandas dos
jovens estudantes. Diante disso, surge a necessidade de um aperfeiçoamento das práticas
docentes e que seja implantado um método de ensino em que o aluno seja o protagonista do
processo de ensino aprendizagem e que ele atue na construção do seu próprio conhecimento,
fazendo da sala de aula um ambiente mais interativo e atrativo.
O ensino de biologia à luz das atuais conjecturas da sociedade contemporânea e das
inovações técnicas e científicas passa a ter diferentes conotações na formação do cidadão,
tornando pouco significativa a simples memorização de conceitos sobre a vida e sobre os seres
vivos. Por outro lado a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) (BRASIL,
1996); as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio e para a Educação Básica
(BRASIL, 2010); e as propostas contidas nos PCN+ (BRASIL, 2002), e mais atualmente na
Base Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL, 2018) são referências para a formulação
e implementação de novas práticas pedagógicas que conduzam o ensino de Biologia através
da investigação científica, despertando assim a curiosidade e o interesse dos alunos em seu
processo de aprendizagem.
Para que o ensino de biologia cumpra seu papel, ele precisa desenvolver no educando a
criticidade, a autonomia, a capacidade de entendimento do seu contexto social, a resolução de
problemas, etc. fazendo uso de conhecimentos que o aluno já possui para a construção de
novos conhecimentos. Nesse contexto é que se inserem as metodologias ativas, pois elas são
fundamentais para desenvolver competências e habilidades necessárias à formação do aluno.
É de responsabilidade do professor de Biologia que o ensino dos conceitos biológicos
possa compor a base de formação científica dos estudantes, para que estes compreendam o
mundo e possam atuar nele com competência e de forma crítica. Nesta perspectiva, cabe-lhe
envolver seus alunos na construção do conhecimento para que eles façam parte desse processo,
Esta concepção é complementada por Bastos (2006, p.10) quando explica que as MA
são “processos interativos de conhecimento, análise, estudos, pesquisas e decisões individuais
ou coletivas, com a finalidade de encontrar soluções para um problema”.
Apesar das inúmeras contribuições teóricas e orientações pedagógicas, os professores
têm encontrado muitos desafios para a adoção dessas metodologias, uma vez que é requerido
que estes profissionais possuam estudo para que as devidas medidas possam ser tomadas para
sua própria superação, de modo a contribuir para a melhoria do ensino da educação básica.
O Curso de Pós-Graduação do Mestrado Profissional em Ensino de Biologia em Rede –
PROFBIO, sediado na UFPB, oferece capacitação profissional voltada ao ensino inovador por
meio de Metodologias Ativas (MA). Atua na formação continuada de professores que estão
em ativo exercício na Educação Básica, contribuindo de forma positiva para o
aperfeiçoamento da prática docente e consequentemente para a melhoria do ensino de biologia.
Com isso, ele proporciona uma constante atualização e aprofundamento dos conteúdos que
são pertinentes à docência no ensino básico, além do contato com metodologias ativas,
diferenciadas e inovadoras que atuam junto as estratégias de facilitação no processo de ensino-
aprendizagem.
Há uma necessidade evidente que os professores estejam em constante processo de
formação para que possam aprimorar seu desempenho em sala de aula e acompanhar as
mudanças constantes da dinâmica da mesma. A sociedade está em constante interatividade e
em meio a tantos estímulos como rede sociais, aplicativos diversos, conversas entre amigos,
etc., o interesse dos jovens pela aula tem ficado em segundo plano. Diante disso, o ensino
Nesse contexto situamos as metodologias ativas, nas quais os estudantes ocupam o papel
central do processo de ensino aprendizagem e a construção do conhecimento acontece de
forma colaborativa, sendo levado em consideração as suas experiências, opiniões e
conhecimentos. Por meio de MA o aluno passa a ter uma participação efetiva na sala de aula,
já que essa interação exige dele ações e construções diversificadas, como por exemplo:
pesquisa, comparação, observação, imaginação, obtenção e organização dos dados, elaboração
e confirmação de hipóteses, classificação, interpretação, crítica, busca de suposições,
construção de sínteses e aplicação de fatos e princípios a novas situações, etc (SOUZA, et al.,
2015, p. 289).
A fim de auxiliar na interpretação dos dados, também foi realizada a frequência relativa
dos dados e fez-se uso do programa computacional Excel como ferramenta de apoio durante a
análise.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 CARACTERIZAÇÃO DOS DOCENTES INVESTIGADOS
O aprimoramento da prática docente implica num constante processo de ação e reflexão
sobre o ato e a mobilização de saberes em diversas dimensões (TARDIF, 2002). No entanto,
uma formação inicial deficitária, pouca valorização da carreira docente e duplas jornadas de
trabalho são fatores que influenciam na atitude do próprio professor frente ao seu processo de
atualização e desenvolvimento profisssional. Diante disso, identificar as motivações
provenientes do público da formação continuada torna-se um passo importante para esclerecer
às demandas advindas da reflexão sobre si e seu fazer docente. Nessa direção, 42,31% dos
professores ao ingressar no PROFBIO tinham a expectativa de aprofundar conhecimentos,
melhorar e aplicar novas metodologias de ensino, 34,62% almejaram melhorar sua prática
docente, 15,38% buscaram qualificação profissional e 3,85% ansiavam pela utilização do
programa como meio para troca de experiências.
Tais resultados revelam uma atenção por partes dos docentes investigados em aprimorar
as práticas a partir dos conhecimetos mobilizados através do PROFBIO, correspondendo com
os objetivos dos programas de formação continuada, pois visam oferecer suporte para o
desenvolvimento e atualização dos conhecimentos que são indispensáveis para esse perfil
profissional, propiciando, dessa maneira, uma formação mais alinhada às demandas que
emergem do atual cenário social (ANDRÉ, 2010).
A preocupação com a formação para além da graduação também pode ser elucidada
através de outros dados, pois 73,08% dos docentes possuem outra pós graduação, além do
mestrado profissional em ensino de Biologia, nos quais 68,42% destes é na área de educação.
Evidencia-se, desse modo, que o público alvo dessa pesquisa se matém atento à sua tajetória
profissional, mas mesmo assim, como visto anteriormente, ainda notam a necessidade de
adquirir novas habilidades e competências.
Por isso, é preciso garantir um processo de construção da identidade docente baseada na
perspectiva de constante redescoberta e questionamento sobre sua ação, calcada numa filosofia
que oriente uma atitude crítica e reflexiva sobre o contexto profissional ao qual está inserido,
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visando identificar as lacunas e demandas existentes no cenário em que vivenciam suas
práticas, bem como compreender suas percepções sobre a formação continuada. Nesse estudo,
34,62% dos mestrandos percebem a formação continuada como importante e necessária para
o desenvolvimento profissional e consequentemente melhoria da educação, 30,77% atribuem
a uma atualização de conteúdos e práticas pedagógicas e compartilhamento de experiências,
23,08% enxergam como uma oportunidade de aperfeiçoamento e revisão das práticas
pedagógicas e 7,69% depreendem como um meio para atualizar os conhecimentos e se adaptar
às mudanças que ocorrem na sociedade contemporânea no contexto educacional.
Nota-se, mais uma vez, nas concepções dos respondentes, que a formação continuada
passa a ser um de dialógo entre teória e prática, que contribui para a aquisição de novos
saberes, além de ofertar um espaço para as inter-relações com os demais participantes, fator
importante por garantir a troca de vivências e fortalecer o espírito de coletividade na carreira
docente (NÓVOA, 2002).
A formação inicial de professores “[...] justifica-se pela necessidade de uma qualificação
profissional para o exercício da função docente, devendo estar, no entanto, adequada às
exigências educativas e de ensino [...]” (MARÇAL, 2012, p. 6). Contudo, essas exigências se
alteram ao longo do tempo, e para que o professor consiga atender às novas demandas dos
jovens e da sociedade, carece de capacitação profissional. Tendo em vista que, quanto maior
o tempo de atuação de um professor em sala de aula, maior o período que este se encontra sem
contato com novas metodologias de ensino provenientes de sua formação. Nesse cenário,
26,92% dos mestrandos ensinam biologia entre 5 e 10 anos, 46,15% entre 10 e 15 anos,
15,38% entre 15 e 20 anos e 11,54% há mais de 20 anos. Estes resultados demonstram a
importância da formação continuada, uma vez que uma grande parcela destes professores têm
um tempo de sala de aula superior há 10 anos. Logo, faz-se necessário um aperfeiçoamento
dos saberes necessários à atuação docente.
Todavia, 38% dos participantes responderam que a escola oferece subsídios para a
realização de MA, mas é notável em suas colocações que há a necessidade de materiais ou
outros recursos, como é colocado pelo A14: “A gestão escolar deixar bem à vontade para
utilizar os espaços para realizar atividades diversas, porém sofre com grande carência de
recursos materiais e pedagógicos".
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Um ponto em comum as duas colocações, refere-se ao apoio da gestão escolar, pois no
primeiro caso, o trecho mostra que a gestão escolar não compreende as atividades realizadas
com metodologias ativas, enquanto no segundo trecho, a gestão escolar deixa o professor à
vontade para realização das suas atividades nos diferentes espaços da escola. Essa falta de
apoio da gestão escolar em algumas escolas é explicada por Moura (2014, p. 1):
[...] as vezes sinto que preciso dominar mais as práticas pedagógicas com
metodologias ativas, e quando utilizo, não sei se estou sendo coerente com o conceito
de metodologia ativa. Por vezes, a prática de ensino que é diferente da cópia e da
exposição é vista como enrolação, falta de domínio e preguiça do professor.
4 CONCLUSÃO
Apresentamos nessa pesquisa as principais dificuldades apontadas por professores do
PROFBIO para o uso de metodologias ativas em escolas de rede pública. Os resultados
alcançados foram de extrema relevância para o entendimento da realidade em que os
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professores estão inseridos, assim como os desafios enfrentados durante o processo, e as
possibilidades para superá-los.
De forma geral, os professores participantes demonstraram preocupação em aprimorar
as suas práticas docente através da formação continuada, a concebendo como um de dialógo
entre teória e prática que contribui para a aquisição de novos saberes. Apesar da unanimidade
quanto a importância das MA em sala de aula, a limitação de recursos para a realização das
atividades, assim como a falta de tempo e a inflexibilidade da comunidade escolar acabam por
dificultar e, muitas vezes, inviabilizar a realização de aulas com MA. Contudo, foi possível
constatar que grande parte dos alunos demonstram interesse em aulas em que os aspectos
tradicionais não são hegemônicos e uma grande parcela dos professores buscam alternativas
para viabilizar a realização aulas com MA.
O estudo realizado contribuiu para evidenciar a existência de muitos desafios a serem
superados para que ocorra a inserção de novas metodologias de ensino, pois os fatores que
influenciam nessa problemática estão associados a diversas variavéis. Entretanto, ficou
evidente que o ensino tradicional tornou-se obsoleto frente às mudanças sociais, tencológicas
e científicas dos ultimos séculos, dessa maneira, não atendendo as demandas dos alunos da
atualidade, sendo necessário traçar novas alternativas para superação desses desafios, para só
assim, poder utilizar as metodologias ativas como instrumento no processo de ensino e
aprendizagem, contribuindo para sanar as necessidades advindas dos novos perfis do alunado
das escolas brasileiras.
Programas como PROFBIO oferecem para os professores de Ciêncais e Biologia a
oportunidade de tecer novas relações com sua carreira e se adequar as novas demandas da
educação contemporânea, aproximando a escola da universidade em uma mediação feita pelos
docentes em formação continuada, que recebem formas de aperfeiçoar suas práticas por meio
da mobilização de conhecimentos estratégicos que viabilizam minimizar problemas
complexos que estão arraigados a sua atividade, construindo um espaço que fortaleça a
trasformação social por meio da educação.
REFERÊNCIAS
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KRASILCHIK, M. Prática de Ensino de Biologia. 4. ed. São Paulo, SP: EDUSP, 2011.
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