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Revista Campo da História

DOI: 10.55906/rcdhv7n1-012
153-166, 2022
ISSN: 2526-3943

AVALIAÇÃO ESCOLAR PÓS-PANDEMIA: PESQUISA COM OS


PROFESSORES

POST-PANDEMIC SCHOOL EVALUATION PANDEMIC: TEACHER


SURVEY

Recebimento do original: 08/08/2022


Aceitação para publicação: 08/09/2022

Regiane Cardoso de Andrade


Pós-Graduada pela Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP)
Endereço: PR - 160, KM 0, Cornélio Procópio - PR, CEP: 86300-000
E-mail: regi_anecp@hotmail.com

Daniela Paula da Silva Mariano Moreira


Pós-graduada pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR)
Endereço: Avenida dos Pioneiros, 3131, Londrina - PR, CEP: 86036-370
E-mail: dah_daniela93@hotmail.com

RESUMO: Esse estudo caracterizou-se sobre a avaliação escolar pós-pandemia, buscando


compreender os olhares dos professores da Educação Básica sobre a volta das aulas presenciais
e como está sendo a avaliação escolar pós-pandemia em sala de aula. Diante do exposto, temos
a seguinte indagação, de que forma se dará a avaliação pós-pandemia a fim de superar o período
das escolas sem alunos presentes, sem o contato físico entre professor e aluno e o processo de
ensino e aprendizagem? Tendo como objetivo geral levantar resultados sobre a avaliação
escolar pós-pandemia por meio da pesquisa de coleta de dados com os professores da Educação
Básica, e objetivos específicos, I. Promover reflexões sobre a importância da avaliação escolar
pós-pandemia, II. Identificar os procedimentos avaliativos adotados por professores da
Educação Básica com retorno das atividades presenciais, III. Relacionar dados recolhidos com
bases teóricas vigentes. Para que realizássemos a entrevista com os docentes da Educação
Básica, recorremos a tecnologia, usamos como recurso o google forms e ele foi disponibilizado
por meio do link aos professores. Os resultados apontam que a avaliação escolar pós-pandemia
é urgente nas escolas brasileiras, os professores devem conhecer as formas de avaliação a ser
aplicada em sala de aula, não a vendo como punitivas, mas sim, como um processo de ensino e
de aprendizagem. Dos vinte e um professores entrevistados, dezenove relataram que a avaliação
é contínua, mas que ainda é necessário recuperar esses alunos do período de aulas remotas,
principalmente os discentes das escolas públicas brasileiras.

PALAVRAS-CHAVE: Educação Remota. Avaliação Escolar. Pandemia. Professores.

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ABSTRACT: This study was characterized on the post-pandemic school evaluation, seeking
to understand the views of teachers of Basic Education about the return of classroom lessons
and how is the post-pandemic school evaluation in the classroom. In view of the above, we
have the following question: how will the post-pandemic evaluation take place in order to
overcome the period of schools without students present, without physical contact between
teacher and student, and the process of teaching and learning? Having as a general objective to
raise results about school evaluation after the pandemic through a research of data collection
with Basic Education teachers, and specific objectives, I. Promote reflections about the
importance of school evaluation after the pandemic, II. Identify the evaluation procedures
adopted by Basic Education teachers returning from classroom activities, III. To relate collected
data with current theoretical bases. In order to carry out the interview with the Basic Education
teachers, we resorted to technology, we used google forms as resource, and it was made
available through a link to the teachers. The results point out that the post-pandemic school
evaluation is urgent in Brazilian schools, teachers must know the forms of evaluation to be
applied in the classroom, not seeing it as punitive, but as a teaching and learning process. Of
the twenty-one teachers interviewed, nineteen reported that the evaluation is continuous, but
that it is still necessary to recover these students from the remote class period, especially the
students from Brazilian public schools.

Keywords: Remote Education. School Evaluation. Pandemic. Teachers.

1. INTRODUÇÃO

No ano de 2020 o mundo se via diante de algo desconhecido e temido por todos, a
Covid-19, chegando ao Brasil no mês de março, o que fez com que imediatamente as aulas se
tornassem remotas, evitando o maior contato físico possível.
Hoje, com a volta das aulas presenciais, o processo de avaliação é um fator importante
para medirmos a que nível se encontra a educação brasileira, principalmente a pública,
mencionamos ainda que esta avalição não seria vista como um processo punitivo, mas sim,
como uma forma de avaliar o ensino e aprendizagem dos discentes, antes fora e agora dentro
da sala de aula. Estudos realizados envolvendo a temática apresentaram conteúdos que servem
como base para este estudo. Dentre eles pode-se destacar: Zabala (1998); Moreira (2020);
Arruda (2021); Siqueira (2021).
A avaliação pós-pandemia é necessária para que identifiquemos as dificuldades, para
iniciar o processo de estudos e aprendizagem destes alunos a fim de sanar as dificuldades nos
anos que virão, almejamos estes sem a situação de pandemia.

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Diante do exposto, tem-se como problema de pesquisa de que forma se dará a avaliação
pós-pandemia, a fim de superar os períodos das instituições sem alunos presentes, sem o contato
físico entre professor e aluno e o processo de ensino e aprendizagem? Tendo como objetivo
geral, levantar resultados sobre a avaliação pós-pandemia por meio da pesquisa de coleta de
dados com os professores da Educação Básica, os objetivos específicos são: I. Promover
reflexões sobre a importância da avaliação pós-pandemia, II. Identificar os procedimentos
avaliativos adotados por professores da Educação Básica com retorno das atividades
presenciais. III. Relacionar dados recolhidos com bases teóricas vigentes.
Assim, diante das marcas deixadas pela pandemia, este documento tem o intuito de
sintetizar conhecimentos por meio da fundamentação teórica e análise dos dados de uma
investigação realizada com professores da educação básica para reconhecer os procedimentos
avaliativos utilizados pelos professores e refletir sobre as práticas avaliativas atuais.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O ano de 2020 foi turbulento, com a chegada da pandemia da COVID-19 que provocou
mudanças com abrangência global, afetou a vida de todos de maneira significativa, com a
recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre a necessidade de
distanciamento social como alternativa para barrar a transmissão do vírus, que afetou
principalmente o meio educacional. No Brasil as aulas presenciais foram suspensas em meados
do mês de março sem previsão de retorno, a partir daí muitas mudanças ocorreram, muitos
estudos foram realizados sobre formas de ensinar, mesmo que a distância.
Deste modo, de acordo com a Portaria nº 343, onde o Ministério da Educação (MEC)
anuncia a substituição de aulas presencias para aulas não presenciais por meio de recurso
digitais, assim, foram utilizados como alternativa recursos tecnológicos para a realização de
atividades não presenciais como: plataformas digitais, ensino remoto por meio dos aplicativos
meet e zoom, atividades disponibilizadas no google sala de aula, textos para leitura no google
drive, vídeos enviados com explicação de professores por meio de grupos criados no aplicativo
whatsapp e para os que não tinham acesso a estes materiais e as atividades eram enviadas para
a realização em casa sem acesso a explicações.
De acordo com uma pesquisa realizada por (Mattos e Pereira, 2020) que explana as
“Plataformas Digitais, produção de Vídeo e WhatsApp são os recursos mais utilizados para
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potencializar as aulas” durante a pandemia. Assim, a tecnologia foi uma grande aliada neste
momento, pois, possibilitou a continuidade das aulas, e os professores precisaram se reinventar
para se apropriar de conhecimentos referentes ao uso desses recursos.

Com a chegada dos recursos tecnológicos nas escolas, exige-se dos educadores uma
nova postura frente à prática pedagógica. Conhecer as novas formas de aprender,
ensinar, produzir, comunicar e reconstruir conhecimento, é fundamental para a
formação de cidadãos melhor qualificados para atuar e conviver na sociedade,
conscientes de seu compromisso, expressando sua criatividade e transformando seu
contexto. (CARVALHO p.10 2007).

Os professores buscaram se adaptar por meio de cursos online na busca por estratégias
metodológicas, produção e edição de vídeos com o intuito de produzir vídeos atrativos para
prender a atenção dos alunos, houve grande esforço por parte dos docentes em preparar
atividades de forma sistematizada que fizesse com que o aluno atingisse os objetivos propostos,
assim, o professor precisou ser eficiente para abrir espaço para a inovação (Darling-Hammond
e Bransford 2019).
Vale destacar, que as questões socioeconômicas foram decisivas neste momento, os
alunos com mais recursos financeiros tiveram mais oportunidades para continuar o processo de
aprendizagem. De acordo com o (IBGE, 2018) dados de uma pesquisa apresentam que 12,6
milhões de domicílios brasileiros não tem acesso a internet, dados que revelam a interferência
na aprendizagem dos alunos que fazem parte desta relação.
Além da crise sanitária causada pela pandemia o país passa por uma grande crise
econômica e política. A falta de direcionamento em relação ao gerenciamento da educação no
país durante o período pandêmico, por parte do governo federal fez com que estados e
municípios se organizassem de diferentes maneiras de modo que as atividades à distância
acontecessem da melhor forma possível.
Essa adaptação se deu com professores, gestores, coordenadores, orientadores e alunos,
muitas mudanças no decorrer desse período. Sem dúvida um grande desafio para se adaptarem
a esta nova realidade. Uma pesquisa realizada pelo observatório Febraban/Ipesp, com três mil
pessoas de cinco regiões do Brasil, expõe que 57% dos entrevistados apresentaram perdas na
saúde mental e emocional durante a pandemia.
Nesta perspectiva, começa a preocupação com a saúde emocional dos alunos, com a
volta do ensino presencial a fragilidade do momento exige práticas de acolhimento que os
auxiliem em suas dificuldades, ansiedade, medo e insegurança. O cenário atual desperta muitas
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dúvidas e incertezas, uma dessas dúvidas é como avaliar os alunos no período pós-pandemia?
O processo de avaliação educacional é sem dúvida um dos fatores mais preocupantes neste
retorno, sabendo da insegurança que assola o emocional dos estudantes neste momento.
Logo, a ação docente deve ser pautada no processo avaliativo com clareza nos objetivos. A
avaliação educacional apesar de ser vista por muitos como uma ação de atribuir notas, está
ligada à construção do processo de ensino de modo a repensar a ação pedagógica e aperfeiçoá-
la.

A avaliação é uma tarefa complexa que não se resume a realização de provas e


atribuição de notas. A mensuração apenas proporciona dados que devem ser
submetidos a uma apreciação qualitativa. A avaliação, assim, cumpre funções
pedagógico-didáticas, de diagnóstico e de controle em relação as quais se recorrem a
instrumentos de verificação do rendimento escolar. (LIBÂNEO, 1994, p. 195).

O processo de avaliação acontece na vida de todos a todo momento, avaliamos e somos


avaliadas sem ao menos perceber, é importante destacar que o fato de saber que estamos sendo
avaliados causa insegurança e medo.

Sendo uma importante dimensão da mediação pedagógica do professor, as práticas de


avaliação envolvem, sensivelmente, a dimensão afetiva, não se restringindo apenas
aos aspectos cognitivos. Desta forma, devem ser planejadas e desenvolvidas como um
instrumento sempre a favor do aluno e do seu processo de apropriação do
conhecimento (KAGER e LEITE, 2009)

Diante de tanta fragilidade com a volta ao presencial é indispensável promover debates


e reflexões em torno do processo avaliativo para professores da educação básica, é necessário
repensar as práticas avaliativas, para discorrer sobre o processo de avalição, é preciso
reconhecer o processo de avaliação educacional como um processo contínuo em que atualmente
envolvem grandes debates sobre a importância da avaliação diagnóstica e formativa para o
processo de ensino aprendizagem.
Então, com o retorno das aulas presencias a avaliação diagnóstica deve ser essencial
para o professor se situar, nortear seu planejamento e reconhecer os conhecimentos prévios dos
alunos, para assim, adotar estratégias de ensino e ajudá-lo na construção de conhecimentos.
Lukesi (1984) defende a avaliação como um processo diagnóstico para o crescimento do aluno,
identificando a necessidade específica de cada um.

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Para (Zabala 1998) o esquema de avaliação formativa contempla a avaliação inicial, a avaliação
reguladora e avaliação final tendo como finalidade fundamental a formação integral do
indivíduo, neste sentido, o professor deve considerar os conhecimentos prévios dos alunos.

Portanto, a primeira necessidade do educador é responder às perguntas: Que sabem os


alunos em relação ao que quero ensinar? Que experiências tiveram? O que são capazes
de aprender? Quais são seus interesses? Quais são seus estilos de aprendizagem?
(ZABALA p.04 1998).

A prática avaliativa escolar deve considerar o contexto em que o aluno está inserido,
quais foram as vivências, como se deu o processo de aquisição de conhecimento, se o aluno
realmente foi participativo durante as aulas não presenciais, para que se conheça a realidade de
cada aluno é necessário a realização de uma avaliação diagnóstica.
Por meio da avaliação formativa professor deve utilizar diferentes instrumentos
avaliativos buscando a eficácia do ensino para mensurar a aprendizagem dos alunos,
abrangendo diferentes aspectos de modo a obter feedbacks e identificar diferentes formas de
aprendizagem, observando a trajetória da apropriação do conhecimento durante atividades
realizadas em sala de aula.

[...] ela é uma possibilidade oferecida aos professores que compreenderam que
podiam colocar as constatações pelas quais se traduz uma atividade de avaliação dos
alunos, qualquer que seja a sua forma, a serviço de uma relação de ajuda. É a vontade
de ajudar que, em última análise, instala a atividade avaliativa em um registro
formativo. (HADJI, 2001, p. 22)

O professor durante o processo avaliativo deve ter empatia, colaboração e afetividade


com o aluno, em suma, reconhecer a diversidade de possibilidades avaliativas que contemple
aspectos necessários para a qualidade do ensino, enfim, o momento é de reflexão de repensar o
contexto de práticas educativas reconhecendo o cenário atual para traçar metas com foco nos
objetivos a serem atingidos.

3. PROCEDIMENTO METODOLÓGICO

Este estudo caracteriza como sendo exploratória e descritiva, realizou-se uma pesquisa
com os docentes da Educação Básica. Segundo Gil a pesquisa descritiva (2010 p.42) “têm como
objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou,

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então, o estabelecimento de relações entre variáveis”. Já a pesquisa exploratória ainda segundo
Gil (2010 p.05) “têm como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com
vistas a torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses. Pode-se dizer que estas pesquisas têm
como objetivo principal o aprimoramento de ideias ou a descoberta de intuições”.
Percorreu também os caminhos de análise de dados, que segundo o mesmo autor Gil
(2010 p.07) ‘’Consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira
que permita seu amplo e detalhado conhecimento, tarefa praticamente impossível mediante
outros delineamentos já considerados”. A pesquisa contou com professores da Educação
Básica, versou sobre a avaliação escolar pós-pandemia, o resultado se encontra a seguir, no
corpus da pesquisa.

4. ANÁLISE DOS RESULTADOS

Nesta seção serão avaliados os resultados da entrevista realizada com os professores da


Educação Básica em relação a avaliação escolar pós-pandemia, por meio do google forms. Por
questão do distanciamento por consequência da Covid-19 a tecnologia nos auxiliou para que
pudéssemos realizar a coleta de dados. O questionário contou com seis questões sendo duas
objetivas e quatro dissertativas, obtivemos o resultado ao todo de vinte e um professores.
A primeira questão versou sobre a quanto tempo os professores retornaram com seus
alunos de forma presencial, oito professores afirmaram que retornaram há mais de quatro
meses, doze professores a cerca de três meses e um professor retornou há um mês. Depois de
dezesseis meses sem aula presencial, não cabe aqui discutir, mas vale ressaltar que os resultados
pós-pandemia do processo de ensino e aprendizagem pode ser devastador.

Os efeitos advindos da pandemia afetam não só as pessoas infectadas, pois cerca de


1,5 bilhão de estudantes chegaram a ficar com aulas suspensas ao redor do mundo, o
que representa mais de 90% de todos os estudantes do planeta, de acordo com uma
atualização realizada pela Unesco. (ARRUDA E SIQUEIRA 2021 p.02)

Com o início da vacinação no Brasil houve rumores de que as aulas presenciais deveriam
voltar, de um lado a educação privada requerendo a volta de imediato, e do outro as políticas
públicas educacionais incentivando a volta as aulas em todas as redes no país, municipal,
estadual e federal. Atualmente somente a instância federal ainda não retornou presencialmente.
No estado do Paraná as aulas estão acontecendo presencialmente há cerca de dois meses.
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A segunda questão versou sobre o nível da Educação Básica e qual disciplina o professor
leciona, obtivemos a resposta de dezesseis professores dos anos iniciais, quatro da educação
infantil um do fundamental II, docente de matemática.
A terceira questão buscava respostas em relação quais estratégias metodológicas foram
utilizadas durante a pandemia para que houvesse a relação professor-aluno-escola e
aprendizagem.
“WhatsApp, vídeos, material impresso e áudio/vídeo aulas pelo WhatsApp, atividades
remotas e grupo de WhatsApp, Meet com metodologias ativas e ferramentas metodológicas,
aulas gravadas e ao vivo, atividades e recursos lúdicos e práticas afetivas por meio da
plataforma digitais online. No momento crítico da pandemia tivemos que reinventar a maneira
de passar conhecimento, sanar dúvidas, acalmar a angústia de pais que precisavam ajudar seus
filhos e em muitos casos nem sabiam como, então lá fomos nós os professores criar vídeos
incríveis e de forma lúdica e tentando ser prazerosa passar os conteúdos propostos, tentando ser
breve e pelo WhatsApp, que se tornou nosso elo com as turmas, alunos e família”.
Percebe-se que o que uso da tecnologia se fez e ainda faz muito presente em relação as
atividades desenvolvidas em tempos de pandemia. Salienta-se que no ano de 2020 os alunos
que não têm acesso a internet, celular, o Estado do Paraná disponibilizou aulas pela televisão
no chamado Aula-Paraná , transmitida por meio de um aplicativo e canais de TV vinculados a
RIC, afiliados da Rede Recod do Paraná, tendo acesso todos os alunos da escola pública do
Estado do Paraná.

As aplicações de ensino em épocas de pandemias devem levar a informação a todas


as camadas sociais do país, objetivando o ensino de qualidade. Em locais menos
favorecidos, deve-se ainda, compreender a situação socioeconômica e desenvolver
habilidades para que estes alunos não sejam prejudicados (MOREIRA et al 2020 p.08)

As habilidades foram desenvolvidas, os professores se reinventaram para que pudessem


dar suas aulas, seja de forma on-line, atividades impressas, e como no caso do Estado do Paraná,
aulas ofertadas pela televisão e aplicativos. Mas isso ainda não foi o suficiente pois com a
pandemia a desigualdade aumentou, os alunos das camadas mais baixas e miseráveis não
tiveram tanto acesso à educação escolar neste processo de esperar as aulas retornarem.
A quarta questão versou sobre em como está ocorrendo a avaliação em sala de aula com
o retorno presencial dos alunos, dois participantes não se sentiram livres para respondê-la, então
obtivemos dezenove respostas, como podemos ver abaixo.
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“Avaliação diagnóstica e avaliações de desempenho diárias, com a observância de
competência do ano escolar anterior, que precisa ser recuperado. Observação, trabalhos e
avaliação escritos. Avaliação contínua. Ainda temos alunos remotos e atividade impressas. O
estado tem o projeto se liga para reavaliar e recuperar os alunos. Diagnóstica. Por meio da
observação do que o aluno consegue fazer sozinho, avaliação diagnóstica, oral e contínua.
Através da observação do desenvolvimento do aluno. Avaliação diagnóstica em primeiro lugar,
depois avaliação contínua das atividades com ajuda da professora individualmente.
Observação. Infelizmente da mesma forma que acontecia antes do início da pandemia. Normal.
Avaliação contínua. Nossa avaliação ocorre durante todas as aulas por meio das atividades
propostas em trabalhos e com uma avaliação principal no final do bimestre. Mas são feitas de
forma agradável e os alunos participam com entusiasmo. As avaliações estão sendo
individualmente com auxílio dos professores. Trabalhos complementares. Avaliação contínua
por meio da participação dos alunos, levando em consideração o que são capazes de assimilar
em tão pouco tempo. Através de observação e experiência seguindo o regimento da escola.
Avaliação de acordo com o avanço e aprendizagem de cada aluno. A avaliação ocorre de forma
tradicional, utilizando provas impressas. Além disso, é levado em consideração toda a
participação do aluno durante o desenvolvimento das atividades.
Os professores apontam que a avaliação além de ser continua em sala de aula é
diagnóstica em relação a aprendizagem do aluno neste tempo que ficou em casa com aulas de
forma on-line. Observa-se também que um professor descreve que a avaliação se dá de forma
tradicional, com provas impressas, levando em consideração a participação do aluno no
desenvolvimento das atividades propostas, consideramos todas as formas de avaliação justa do
professor para o aluno, mas corroboramos com Zabala quando ressalta que quando houve
compreensão, capacidade de expor suas ideias e fatos, este aprendeu.

Considera que o aluno aprendeu quando este é capaz não apenas de repetir sua
definição, mas também a utilizar para a interpretação, compreensão ou exposição de
um fenômeno ou situação; quando é capaz de situar os fatos, objetos ou situações
concretas naquele conceito que os inclui. (ZABALA 1998 p.02)

A avaliação no processo de pós-pandemia deve ser entendida como uma das principais
ferramentas de diagnóstico da realidade da aprendizagem do discente, não como forma de
punição, mas sim de emancipação da linguagem cognitiva do aluno.

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A quinta questão versou sobre quais estratégias avaliativas mais tem usado, dois
professores não se sentiram livres para responderem essas questões, então obtivemos dezenove
respostas, como descritas abaixo.
Atividades complementares, mediação e observação, trabalhos, avaliações., aplicação
de sequência didática e observação, avaliação do aluno ao decorrer da aula, em relação a atenção
e dedicação para realizar as atividades. Participação dos alunos nas atividades propostas em
sala e atividades de casa.
participação e desenvolvimento em aula, nivelar os alunos, provas impressas.
Observação, atividades escritas entre outras estratégias. Trabalho, pesquisa, entrevistas e dos
conteúdos através de atividades elaboradas, como no primeiro ano não ocorre a avaliação como
forma de promoção, as avaliações são feitas por meio de observações e relatórios, avaliação
formativa em sala de aula. Aulas práticas e atividades lúdicas e interativas, participação e
desenvolvimento nas aulas. Atividades do cotidiano da sala de aula, avaliação diagnóstica.
Todas possíveis. Depois de toda fase crítica da pandemia, precisamos avaliar cada um de forma
separada, cada um teve um acompanhamento diferenciado pela forma que assistiu as aulas e
agora com o retorno de todos os alunos precisamos ter cautela na maneira de avaliar, levando
os alunos a descobrirem onde encontram dúvidas e como podem sanar as mesmas. A avaliação
não pode ser temida e sim uma estratégia satisfatória para os alunos, tudo que for feito agora na
pós pandemia deve ter como maior objetivo uma forma de reiniciar as convivências e
socialização com cautelas.
Um professor descreve que é preciso avaliar cada aluno de forma separada, pois cada
um aprendeu de uma maneira quando o ensino estava sendo on-line, sequenciando com a ideia
deste professor salientamos o que Zabala nos orienta em relação ao trabalho individual, Zabala
(1998 p.05) “o trabalho individual é especialmente útil para memorização de fatos, para o
aprofundamento da memorização posterior de conceitos, e, especialmente, para a maioria dos
conteúdos procedimentais”. Não sendo uma avaliação temida por todos, mas sim entendida
como parte do processo de ensino e de aprendizagem do aluno, é importante que esta avaliação
seja de forma individual sim, mas o coletivo também auxilia para práticas sociais de
convivência e aprimoramento da linguagem.
A sexta questão versou sobre quais são as considerações dos professores entrevistados
sobre a avaliação em sala de aula, pensando nela sendo contínua pós-pandemia, esta questão

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era objetiva, com cinco questões de múltipla escolha, excelente, muito bom, bom, regular e
péssimo.

Figura 1- Captura da tela do google forms

Fonte: dados dos autores (2022)

A maioria dos professores avaliam como sendo regular, isso nos mostra o quão
preocupante tem sido a avaliação escolar pós-pandemia em sala de aula, em um pequeno grupo
de entrevistados nos alarmam para resultados que podemos obter no ano de dois mil e vinte e
dois.
Diante da respostas dos professores entrevistados, podemos analisar que a avaliação
escolar pós-pandemia mesmo que ainda esteja no começo nos mostra que o retomar conteúdos,
metodologias de ensino, processo de ensino e aprendizagem necessitará se reinventar para
“resgatar” os que talvez tenha se perdido, o fato de ficar meses sem alunos na escola nos trouxe
realidades diferentes sobre a forma como o aluno aprendeu, em que tempo aprendeu e
principalmente, o porquê aprendeu, isso se considerarmos se houve ou não aprendizagem
significativa.

5.CONSIDERAÇÕES FINAIS

Uma escola que supre as necessidades dos alunos em tempo de pandemia e fora dela é
uma escola preocupada com os resultados obtidos durante o tempo que a escola ficou sem esses
discentes. Cerca de dezesseis meses com aulas a distância, sem o contato físico, sem o momento
de sentar ao lado do aluno para sanar suas dúvidas, de aprimorar sua linguagem e suas relações

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sociais. Com a volta mesmo que lenta da volta presencial é como a partir de agora “resgatar”
todos os anseios de todos este tempo longe.
Hoje, estar em sala de aula deve ainda mais fazer sentindo ao professor e ao aluno,
principalmente em relação a avaliação escolar pós-pandemia, tão necessária e urgente,
momento de avaliar quais são as consequências da pandemia referente as aprendizagens
significativas destes alunos.
A maioria dos participantes relataram que a avaliação escolar pós-pandemia está
acontecendo continuamente, e muitos com a recuperação dos alunos, entendem que a corrida
para “recuperar” esses alunos será corriqueira, e que serão necessários muitos suportes
metodológicos para se ter uma boa avaliação escolar pós-pandemia.
Concluímos que tratar do assunto avaliação escolar pós-pandemia é de extrema
importância, principalmente nas escolas públicas brasileiras, pois como já mencionado, não é
somente o conhecimento cognitivo do aluno que passou por mudanças, mas em algumas
famílias toda sua estrutura familiar, financeira, social e emocional. Mais uma vez ressaltando,
é dever do Estado garantir uma educação de qualidade, e o acesso e a permanência dos
educandos na escola.

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