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Crescimento Da Igreja
Crescimento Da Igreja
Paulo fala em Efésios 4.15, que os crentes devem crescer “em tudo”. Em Colossenses fala em
crescer no “pleno conhecimento de Deus” (Cl 1.10) e em “ações de graça” (Cl 2.7). Em 1
Tessalonicenses da importância de crescer no amor de uns para com os outros (3.12). Em sua
segunda epístola o apóstolo Pedro exorta os cristãos a crescerem “na graça e no conhecimento” do
Senhor Jesus Cristo (2 Pe 3.18). Generalizando, pode-se dizer que os cristãos devem crescer,
progredir ou amadurecer em quatro áreas principais: adoração (devoção, culto), comunhão (amor,
companheirismo), testemunho (evangelização, discipulado) e serviço (diaconia, solidariedade).
Para haver verdadeiro crescimento ocorra, existem certas condições apontadas pelos textos
bíblicos. (a) O crescimento deve vir de Deus, não do mero esforço, diligência ou criatividade humana.
Daí, oração, fidelidade às Escrituras. Crítica ao movimento do “crescimento da igreja”. (b) O
crescimento exige submissão e obediência à Cabeça do corpo, Cristo. Ef 4.15b: “... cresçamos em
tudo naquele que é o Cabeça, Cristo.” O crescimento deve ser cristocêntrico, não antropocêntrico. (c)
O crescimento requer profunda união e coordenação entre os membros (Cl 2.19: “juntas e
ligamentos”). Ef 4.16: “... de quem todo o corpo, bem ajustado e consolidado, pelo auxílio de toda
junta, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio aumento...” (d) O crescimento
implica numa correta associação de verdade e amor: “... seguindo a verdade em amor, cresçamos em
tudo... para a edificação de si mesmo em amor” (Ef 4.15a,16b).
A igreja primitiva cresceu rapidamente porque os crentes, cheios do Espírito Santo, evangelizavam
todo o tempo (At 5.42; 8.4). Como resultado viu-se o vertiginoso crescimento registrado no livro de
Atos dos Apóstolos. A proclamação da Palavra de Deus promove o crescimento e a edificação da
igreja. (At 2.41,47; 4.4; 5.14; 9.31, 21.20).
Não se pode subestimar a influência de um líder, pois o mesmo procura conduzir pessoas,
motivando, influenciando as pessoas para voluntariamente contribuam para atingir os objetivos
propostos do grupo. O estilo de liderança cristã reflete os princípios bíblicos de lidar e considerar as
pessoas, bem como os motivos, ou as razões que norteiam a liderança devem ser fundamentadas
nas qualidades bíblicas.
A natureza espiritual da igreja necessita de uma liderança que esteja além dos limites do que é
puramente humano que esteja disposto a pagar o preço. Líderes espirituais não são constituídos por
eleição ou mesmo por instituições eclesiásticas, eles são forjados por Deus. Sobre este tipo de
liderança diz J. Oswald Sanders “a maior necessidade da igreja, para que cumpra suas obrigações
para com a presente geração, é uma liderança espiritual, sacrificial, plena de autoridade vinda do alto.
Plena de autoridade porque as pessoas gostam de ser lideradas por alguém que sabe aonde vai, e
que inspira confiança. Elas seguem quase sem questionar o líder que se mostra sábio e forte, que
age conforme com sua fé. Espiritual, porque uma liderança carnal, que pode ser explicada em termos
do natural, embora possa ser atraente e competente, resultará, contudo, apenas em esterilidade, e
em bancarrota moral e espiritual. Sacrificial, porque foi modelada segundo a vida daquele que se deu
a si mesmo em sacrifício pelo mundo todo, dando-nos um exemplo, para que seguíssemos seus
2
passos .”
Russel Shedd diz que “Um líder convence outras pessoas a segui-lo porque tem respostas e
soluções. Ele sabe o caminho a seguir ou, pelo menos, convence seus seguidores de que é
1
George Barna. O Poder da Visão, p35
Liderança pode ser definida como influência, ou seja, a habilidade de influenciar a outros. Alguém
só pode se considerar líder à medida que influencia outras pessoas a segui-lo. “O líder de igreja
eficiente é aquele que tem provado que sabe como trabalhar arduamente. Ele tem calosidade nas
4
mãos e aprendeu a disciplina do trabalho árduo e produtivo .” O general chinês destaca que “há três
tipos de pessoas no mundo: aquelas que não se mexem, as que são movíveis e as que movem os
5
outros” . O presidente dos Estados Unidos Harry Trumam definia o líder como alguém que tem “a
6
habilidade de fazer com que os outros façam o que não queiram fazer e gostem de fazê-lo. ”
3
Russel Shedd – O líder que Deus usa – pág.8
4
Cajado do Pastor – seção A1, pág. 5
5
Liderança Espiritual, pág. 20
6
I Liderança Espiritual, pág. 21
7
Liderança Espiritual, pág.20
8
Redescobrindo a alma da liderança pág. 118
9
Redescobrindo a alma da liderança pág. 119
As Escrituras e a história da igreja estão repletas de exemplos de pessoas que exerceram liderança
positiva, bem como, possui inúmeros exemplos daqueles que exerceram liderança negativa
procurando fazer o povo de Deus se desviar do caminho.
• Egoísmo
Quando o líder se preocupa mais com o seu conforto do que com as necessidades do rebanho de
Deus. A prioridade máxima do líder deve ser a de cuidar do rebanho e não de si mesmo. Cristo diz
que o bom pastor “dá a vida pelas suas ovelhas” (Jo 10.11).
• Negligência
Quando o líder não se preocupa com o rebanho, não se envolve com ele. Sendo que o que Deus
deseja é que o líder trate das ovelhas fracas, cuide das doentes, cure suas feridas, busque a
desgarrada e resgate a perdida. “Procura conhecer o estado das tuas ovelhas e cuida dos teus
rebanhos” (Pv 27.23).
• Brutalidade
“A fraca não fortalecestes, a doente não curastes, a quebrada não ligastes, a desgarrada não
tornastes a trazer e a perdida não buscastes; mas dominais sobre elas com rigor e dureza” (Ez 34.4).
• Incapacidade de agregar
Uma liderança negativa pode afetar o rebanho, quando o líder negligencia o seu grupo, o mesmo
freqüentemente se dispersa, o que também traz conseqüências amargas para o líder “Assim diz o
SENHOR Deus: Eis que eu estou contra os pastores e deles demandarei as minhas ovelhas; porei
termo no seu pastoreio, e não se apascentarão mais a si mesmos; livrarei as minhas ovelhas da sua
boca, para que já não lhes sirvam de pasto” (Ez 34.10).
A liderança exige acima de tudo confiança. Um grupo somente crerá em um líder que deu mostras
de visão e propósito, dando razões ao grupo para confiar, e a confiança está estritamente ligada ao
caráter.
• Santidade
A santidade é um quesito fundamental na vida de um líder cristão mais do que nunca, pois até
mesmo no mundo religioso nunca se observou tamanha insegurança. As profecias bíblicas que
apontam apostasia e indiferença para com os crentes professos cumprem-se cabalmente em nossos
dias, entretanto, daqueles que permanecem firme em seu propósito de servir ao Mestre e a sua
igreja.
Ser cheio do Espírito de Deus era requisito básico para a eleição de um diácono na igreja primitiva
(At 6.3). É o poder do Espírito Santo que enche o líder de ousadia, impregna no coração do líder
paixão pelas almas. Diz Hernandes Dias Lopes: ”No Pentecoste, o Espírito desceu sobre os
discípulos em chamas como de fogo. Deus é fogo consumidor. O trono de Deus é fogo. A Palavra de
Deus é fogo. Ele faz dos seus ministros labaredas de fogo. Jesus batiza com fogo. Sempre foi desejo
de Jesus lançar fogo sobre a terra: "Eu vim para lançar fogo sobre a terra e bem quisera que já
estivesse a arder" (Lc 12.49).”
• Sabedoria
No homem nem sempre conhecimento e sabedoria estão juntos. Um analfabeto pode ser mais sábio
que um erudito. O conhecimento é adquirido por estudo, ao passo que a sabedoria é resultado de
uma compreensão intuitiva das coisas. Ambos no homem são imperfeitos, mas em Deus são
perfeitamente absolutos.
• Fé
As Escrituras ensinam que “sem fé é impossível agradar a Deus” (Hb 11.6). Os líderes do AT e do
NT viam o decurso da história sob o prisma da fé num Deus soberano sobre tudo e sobre todos, cuja
providência abrange todas as coisas, não viam como os historiadores de hoje de um prisma
puramente secular. Da mesma forma hoje um líder de fé ultrapassa obstáculos que os líderes que
não entendem o campo da fé não ultrapassam. Líderes de fé surgem no vácuo daqueles que
fracassaram exatamente por lhes faltar fé para vencer barreiras. Muitas igrejas fracassam porque os
seus líderes deixaram de crer e tornaram-se mestres em narrar desgraças ao invés de olharem com
os olhos da fé as crises como oportunidades de crescimento. Um grande desafio para a liderança
eclesiástica é o viver por fé, o que é marcado pela fé na providência, que produz convicção inabalável
de que Deus é o Senhor de tudo e Senhor da igreja.
• Amor
Diz Russel Shedd que “Uma liderança sem amor é como um corpo sem o coração. Morta e sem
10
sentido, ela promove vaidade, em vez de maturidade cristã” . James C. Hunter diz em seu livro “O
monge e o executivo que: "Liderança não é estilo, liderança é essência, isto é, caráter. Liderança e o
amor são questões ligadas ao caráter. Paciência, bondade, humildade, abnegação, respeito,
generosidade, honestidade, compromisso. Estas são as qualidades construtoras do caráter, são os
hábitos que precisamos desenvolver e amadurecer se quisermos nos tornar líderes de sucesso, que
vencem no teste do tempo".
• Serviço
11
O ideal de Cristo para o seu povo é o de uma comunidade servindo-se mutuamente . “Pois o próprio
Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos”
(Mc 10.45). O apóstolo Paulo dizia: “sede, antes, servos uns dos outros, pelo amor” (Gl 5.13). O
serviço do crente deve ser estendido ao mundo necessitado, infelizmente na cristandade hodierna
são poucos aqueles que querem servir a muitos.
Shedd lembra que “A mãe de Tiago e João esperava por posições maiores de liderança para seus
filhos no reino que Jesus planejava inaugurar. Não somente os filhos de Zebedeu creram que o poder
e a felicidade fossem sinônimos, mas também, os outros dez discípulos tornaram-se ressentidos
quando eles perceberam que as duas maiores posições na organização tinham sido solicitadas. Eles
também estavam tão animados quanto Tiago e João para alcançar a autoridade e o poder no Reino.
12
Jesus, porém, comparou o conceito mundano de "grandeza" a sua própria definição” .
Cristo rejeitou todos os conceitos mundanos de liderança: “Mas Jesus, chamando-os para junto de
si, disse-lhes: Sabeis que os que são considerados governadores dos povos têm-nos sob seu
domínio, e sobre eles os seus maiorais exercem autoridade. Mas entre vós não é assim; pelo
Cristo ensina que há um preço caro a ser pago por uma liderança marcante “Mas Jesus lhes disse:
Não sabeis o que pedis. Podeis vós beber o cálice que eu bebo ou receber o batismo com que eu sou
batizado?” (Mc 10.38), o que se pode aprender também é que só se alcança a excelência na
liderança mediante o espírito de servo, ou seja, somente se exerce o primeiro lugar quando tornar-se
servo de todos. Quando se fala em “espírito de servo” não se tem em vista meros atos de serviço,
pois muitas vezes tais atos são praticados por motivações errôneas.
• Visão
Ninguém vai além de sua visão. Ninguém seguirá alguém que não sabe como fazer e nem aonde
vai. Visão sem paixão faz do líder apenas um visionário, paixão sem visão torna o líder num fanático.
A visão se constitui em previsão, ou a visão de coisas e pessoas e visão interna, visão realista de si
mesmo. Em outras palavras, visão é saber discernir o que vem pela frente. O líder responsável
sempre olhará para frente, para tentar saber como suas decisões irão repercutir não apenas as
pessoas hoje, mas também as gerações vindouras.
Russel Sheed chama a atenção “O homem que Deus usa necessita ter uma visão do alvo e dos
objetivos finais da organização. Ele precisa, em oração, olhar para o futuro com sua imaginação e
perceber o propósito central que trouxe a igreja ou o grupo à existência. Ele vê claramente o final
para o qual ela existe. Cada investimento em tempo, em dinheiro, em pessoas e em sacrifício
13
necessitam mover na direção daquele objetivo” . O gerenciamento eficiente sem a liderança eficiente
é, como um autor escreveu, "como arrumar cadeiras do convés no Titanic".
14
“Olhos que olham são comuns, olhos que vêem são raros .” Sanders diz que visão inclui otimismo e
esperança. “Jamais um pessimista tornou-se líder. O pessimista vê uma dificuldade em cada
oportunidade. O pessimista, sempre vendo dificuldades antes das possibilidades tende a refrear o
15
homem de visão que deseja deslanchar. ”
• Disciplina
13
O líder que Deus usa, pág.36
14
Oswald Sanders – Liderança Espiritual, pág. 49
15
Liderança Espiritual, pág.50
Somente a pessoa disciplinada tem condições de atingir os patamares mais altos, pois é alguém que
aprendeu a dominar-se a si mesmo. O verdadeiro líder é quem aprendeu a submeter-se de bom
grado, aprendendo a obedecer. Quem se rebela contra a autoridade, raramente estará qualificado
para exercer uma liderança de primeira linha. Muitos que abandonam o ministério não o fazem
porque lhes faltaram dons espirituais, mas porque certamente certas áreas de suas vidas não foram
entregues ao Espírito Santo. O líder cheio da unção do Espírito Santo jamais recua diante das
dificuldades, tampouco, de pessoas problemáticas, antes com serenidade e equilíbrio aplicará
disciplina bondosa quando os interesses do Reino exigem.
• Autoridade
A autoridade exercida pelos líderes da igreja é autoridade delegada pelo próprio Senhor Jesus:
“Tendo chamado os seus doze discípulos, deu-lhes Jesus autoridade sobre espíritos imundos para os
expelir e para curar toda sorte de doenças e enfermidades” (Mt 10.1). “Eis aí vos dei autoridade para
pisardes serpentes e escorpiões e sobre todo o poder do inimigo, e nada, absolutamente, vos
causará dano” (Lc 10.19).
Na acepção bíblica, o pastor é alguém que está disposto a dar a sua vida pelas ovelhas, totalmente
dedicado a proteger, servir e alimentar o rebanho de Deus. Não apenas alguém encarregado de
governar, mas alguém que se importa, cuida e ama. “O bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas” (Jo
10.11). Quando um pastor ou obreiro recebe a responsabilidade por uma congregação de crentes, ele
recebe autoridade para alimentar, visitar, defender, proteger, cuidar e disciplinar as ovelhas de Deus
com amor. Assim, os líderes figuram como representantes de Deus, como embaixadores de Cristo (2
Co 5.20). Entretanto, aqueles que receberam a autoridade delegada devem agir nas diversas
situações como Cristo estivesse presente pessoalmente.
• Decisão
Uma das mais acentuadas qualidades da liderança é a capacidade de decisão firme e rápida.
Quando o líder possui uma visão ele precisa fazer algo para que a visão se transforme em ação.
Quando o líder cristão está convicto da vontade de Deus ele sem se importar com as conseqüências
perseguirá o seu ideal sem queimar etapas. Moisés esteve apto para a liderança somente quando
avaliou os custos de abandonar o fausto da corte do Egito para identificar-se com o povo de Deus em
seus sofrimentos (Hb 11.24-27). Todos os heróis da fé listados em Hebreus 11 foram homens de
decisão.
O líder precisa resistir a tentação de adiar a resolução de problemas, porque uma decisão
precipitada é melhor que nenhuma. Na maior parte das decisões a questão de ordem não é tanto o
que se deverá fazer, mas, estar preparado para enfrentar as conseqüências.
• Valores
O grupo para ter sua estima elevada precisa ser liderado por um homem que tenha valores
definidos. Paulo é um exemplo disso, para ele a liberdade era incomparavelmente melhor que a
escravidão. Por isso, o apóstolo dos gentios proclamou vigorosamente a verdade da liberdade em
Cristo aos crentes da Galácia (Gl 5.1-13). Para Paulo quando se perde a liberdade se perde tudo,
pois, a escravidão dos elementos do mundo não se compara ao caminho da liberdade do Espírito
Santo (Gl 4.8,9). Os pastores e os líderes devem constantemente ensinar os valores cristãos que
torna o crente diferente do mundo. O líder cristão precisa estar sempre reafirmando os valores que
configuram a identidade do cristianismo. O guia competente quando sabe o caminho, dá tanta
segurança ao grupo que faz com que a estrada certa pareça a mais natural e a melhor.
“Jesus convidou homens a segui-lo, contudo, não, cega ou ignorantemente. Os discípulos teriam que
negar a si próprios, tomar sua cruz diariamente e seguir cuidadosamente nos passos de Jesus (Lc
9.23). O valor que os seus seguidores ganhariam, contudo, seria inquestionavelmente digno disso.
Eles salvariam suas "vidas" (v. 24). Um bom líder necessita saber pelo que se é digno de viver ou de
morrer. É por isso que Jesus convidou os cansados e os oprimidos para aceitar o seu jugo (Mt 11.28).
Jesus modelou os valores centrais do Reino através de seu estilo de vida e de atitudes. Ele ainda
16
chama líderes para "aprender dele" (v. 29) ”.
• Administração
Diz Russel Shedd que “um homem que Deus usa necessita organizar e administrar as atividades e
ações de Deus na Terra. Ele precisa decidir o que será feito, e a seqüência de ações; ele planeja os
acontecimentos, dando prioridade ao que é necessário. Empurra os eventos e as atividades
desnecessárias para a periferia. O bom líder gasta pouco tempo apagando incêndios que irrompem
na organização. Ele se esforça muito mais no ensejo de tomar decisões que previnam as tensões e
17
os conflitos, do que nos problemas embrionários que poderão provocar incêndios” .
O líder eficaz possui habilidade administrativa, sabendo quando começar, quais os passos a serem
tomados e como atingir os objetivos propostos. Diz Eugene Habecker presidente da Sociedade
Bíblica Americana que “processos e estruturas organizacionais precisam ser regularmente
18
avaliados .”
Dizem alguns que um bom líder revela-se após sua morte ou saída do campo. Ele preparou outros
líderes? Enquanto liderou liberou a igreja para trabalhar? Liderar não é simplesmente mandar.
Biblicamente, liderar é: capacitar; liberar os discípulos para que estes trabalhem; supervisionar os
resultados e refinar o ensino motivador (Lc 10.1-20). Líderes lideram ao mesmo tempo em que
liberam.
•
20
Coragem
Não importa se o líder sentir medo, a exortação de Deus é para que tenha bom ânimo (Js 1.9). Os
discipulos de Cristo estavam acovardados, reunidos a portas fechadas com medo dos judeus (Jo
20.19), mas ao serem cheios do Espírito Santo proclamaram a mensagem salvadora de Cristo com
intrepidez (At 4.13). Quando o líder é guiado pelo Espírito de Deus, ele é domindo não pelo “espírito
de covardia” mas de poder (2 Tm 1.7).
19
Citado em Redescobrindo a alma da liderança, pág.120
20
Coragem é a habilidade de confrontar o medo, a dor, o perigo, a incerteza ou a intimidação. Pode ser dividida em física e
moral. O homem sem medo motiva-se a ir mais além. Enfrenta os desafios com confiança e não se preocupa com ior. O
medo pode ser constante, mas o impulso o leva adiante. Coragem é a confiança que o homem tem em momentos de temor
ou situações difíceis, é o que faz viver lutando e enfrentando os problemas e as barreiras que colocam medo, é a força
positiva para combater momentos tenebrosos da vida.
•
21
Humildade
A humildade é uma caracteristica não muito apreciada pelo mundo, que preconiza a proeminência e
a publicidade. Para Deus é diferente, a humildade ocupa um lugar de destaque na sua escala de
valores. No mundo se busca autopromoção, diante de Deus o líder espiritual busca a autonegação.
Cristo ensina que o serviço cristão baseia-se na humildade e na servitude (Mt 20.25-27). Contudo, a
humildade é uma qualidade que vai desenvolvendo-se gradualmente na vida do líder quando mais
perto de Cristo o lider chega mais humilde se torna.
21 Humildade vem do latim humus que significa "filhos da terra". Refere-se à qualidade daqueles que não tentam se projetar
sobre as outras pessoas, nem mostrar ser superior a elas. A Humildade é a virtude que dá o sentimento exato da nossa
fraqueza, modéstia, respeito, pobreza, reverência e submissão.
PARTE 2
Crescimento da Igreja têm sido um tema muito em voga tanto no meio teológico, quanto no meio dos leigos
cristãos de um modo geral. Sendo assim, muito tem se falado sobre o assunto, entretanto pouco tem se
compreendido sobre o mesmo. Alguns devido à falta de compreensão acabam por alijar-se das discussões,
outros possuem uma compreensão errônea que acaba por afetar a aplicação e a transmissão, de forma que a
mensagem é negativamente deturpada. São poucos os que realmente possuem um entendimento claro do
assunto, no entanto muitas vezes são estes poucos que têm feito a diferença no meio evangélico de modo
geral. Não obstante, são estes últimos que contribuem direta e seriamente para a reflexão e mudança de
rumos na igreja evangélica atual.
É neste contexto, por exemplo, que Gruner nos diz que “são poucos os ministros ou leigos
cristãos que compreendem a verdadeira dinâmica do crescimento da igreja” (Gruner, 1984, p. 8).
Este trabalho não objetiva esgotar o assunto em questão. Visa em primeiro lugar conduzir a
um entendimento pleno, correto e integral dos fundamentos inerentes a um crescimento sólido da
igreja evangélica. Assim, esperamos obter uma compreensão correta do que é realmente crescer
como corpo de Cristo.
A compreensão do que é crescer, tem sido no geral deturpada e errônea. Muito tem sido falado,
porém pouco tem realmente sido compreendido em sua plenitude. Têm havido várias linhas de
pensamento, sendo difícil identificar claramente qual delas é a correta.
Alguns pregam que o correto é copiar o modelo de igrejas que crescem, outros acreditam possuir a
única visão correta e ainda outros defendem a realização de pequenas adaptações, dando sua
própria cara ao projeto. Todavia, existem alguns que acreditam ser melhor encontrar os princípios por
trás dos modelos, aplicando-os então na igreja. Qual destas posições é a correta? O que realmente é
crescer? Como alcançar um crescimento integral? Estas são alguns dos questionamentos que
tentaremos responder ao longo deste estudo.
Para Rick Warren crescer é uma conseqüência e não um fim em si mesmo. Assim sendo,
crescimento é o resultado natural de uma igreja sadia e igreja sadia é aquela que mantêm uma
mensagem bíblica e uma missão equilibrada. Em segundo lugar, Warren descreve que crescimento
não é fruto de um único fator, mas sim de um conjunto de fatores que cooperam entre si.
Já Aguilera vê que crescer é acima de tudo trabalhar ministerialmente, especialmente no que tange
ao cumprimento da Grande Comissão. Sendo assim, crescer é envolver toda a igreja no cumprimento
da ordem do Senhor: “fazer discípulos”. Diz-nos também Aguilera que crescer é desenvolver a igreja
como um todo e não somente um parte dela, um departamento ou ministério. Todavia, para que isto
seja realmente uma realidade faz-se necessário o estabelecimento de estratégias específicas,
visando tornar a igreja um ambiente efetivamente propício ao crescimento.
b) O fundamental são os princípios e não os modelos
Um dos grandes problemas do crescimento de igreja reside no fato de que muitos supervalorizam os
modelos de igrejas que crescem. Desta forma alguns líderes de igreja repassam seus “modelos de
crescimento”, como sendo um princípio universalmente válido para qualquer igreja ou situação. Não
obstante, algumas igrejas simplesmente copiam estes modelos, sem preocuparem-se em identificar
até que ponto sua realidade assemelha-se à realidade da igreja modelo. No entanto, Schwarz
conduz-nos à visão de que o que importa não são os modelos das igrejas que crescem, mas os
princípios bíblicos norteadores que se encontram por traz destes modelos, em seu livro ele nos diz
que:
Aprender de igrejas que crescem significa observar de perto a sua prática do ponto de
vista de princípios universais. Não significa, no entanto, aceitar e adotar
incondicionalmente os modelos explicativos que os líderes dessas igrejas querem nos
transmitir como o “segredo do sucesso”. (Schwarz, 1996, p. 17)
Aguilera também parece valorizar os princípios, especialmente quando nos diz que devemos estuda-
los com atenção. Indo mais longe ele nos diz que os princípios são aplicáveis a diferentes igrejas e
denominações, acarretando benefícios em todas elas.
Não obstante, Warren diz que métodos são mutáveis, enquanto princípios nunca mudam. Sendo
assim, quando um princípio é realmente bíblico ele é universalmente aplicável a qualquer situação e
em qualquer lugar.
CAPÍTULO II
Existe uma forte relação entre o crescimento da igreja e a forma como ela é administrada.
Pressupõe-se por crescimento integral uma administração dinâmica, consistente, organizada e
também equilibrada, visando o desenvolvimento e o envolvimento de todos e não somente de uma
parte do todo.
E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para
evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas aos aperfeiçoamento dos
santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo. (Ef
4:11,12)
Crescer de forma integral envolve participação de todos e não somente da liderança da igreja.
Todos devem ser treinados, capacitados e aparelhados para contribuir no trabalho da igreja. No
entanto, na prática não é isto que vem acontecendo nas igrejas de um modo geral. Compete aos
pastores e líderes conscientizar e preparar seus liderados, conduzindo-os ao desenvolvimento de
“uma mentalidade de crescimento ou reprodutora” (Aguilera, 1995, p. 36).
Caio Fábio expõe, por exemplo, que a liderança deve iniciar uma mobilização no povo de
Deus, motivando-os a exercer o sacerdócio universal de forma plena e consistente. Já Moore nos diz
que “o plano de Deus é que a Igreja multiplique trabalhadores para a seara” (Moore, 1983, p. 115).
Assim sendo, pressupõe-se que compete à igreja não somente ganhar vidas para Cristo, mas
também treina-las e envia-las para ganhar outras vidas.
Concordando com Aguilera pode-se dizer que em Ef 4:11,12 temos a descrição da real
função do pastor e dos líderes. A eles compete equipar e preparar os santos para o desempenho do
serviço do Senhor, edificando o corpo de Cristo, a Igreja. Para Miranda Jesus Cristo é o maior
exemplo do que é aperfeiçoar os santos. Jesus ensinou e treinou seus discípulos, capacitando-os ao
cumprimento da Grande Comissão.
Schwarz, por sua vez, qualifica a liderança capacitadora como sendo uma das principais marcas de
qualidade das igrejas que crescem. Segundo ele estes líderes são bem sucedidos por, “concentrar
esforços em capacitar outras pessoas para o ministério” (Schwarz, 1996, p. 22).
Grande parte das igrejas tradicionalmente tem sido dirigida de forma departamentalizada, sem uma
visão integradora e edificante para o todo. A escolha dos líderes de departamento normalmente não
leva em conta o perfil, o dom e a paixão de cada um, de forma que não poucas vezes as pessoas
estão nos lugares errados. No entanto, a nova visão é de uma organização ministerial, onde não
existam mais partes estanques, mas um todo unido e edificante. A escolha dos líderes ou ministros
passa a ser feita considerando-se em primeiro lugar o dom e a paixão de cada um. Assim estaremos
alocando as pessoas certas, nos lugares certos pelas razões certas, como nos diz o lema da Rede
Ministerial de Hybels.
Neste contexto Warren nos mostra que cada crente é um ministro em potencial, possuindo cada um
seu grau de importância no corpo. Não existe mais uma mera divisão departamental, mas uma
unidade ministerial, onde cada um exerce seu dom de forma a edificar o corpo como um todo.
Todavia, Schwarz alerta que a orientação ministerial pelos dons foi mal interpretada nos últimos
tempos. Era tida como um mero modismo ligado a métodos de crescimento de igreja, enquanto na
verdade tratava-se de um dos pontos chaves para este crescimento. Já Hybels mostra que para o
crente ser frutífero e realizado em seu ministério, ele deve estar contribuindo para a edificação do
corpo. Isto vem através do exercício de sua paixão e de seus dons espirituais.
Por traz de toda igreja existe algo que a dirige ou motiva. Ainda que não esteja explícito ou escrito,
este algo realmente existe e direciona o funcionamento da igreja como um todo. Segundo Warren,
existem vários tipos de igreja, segundo aquilo que as dirige (tradição, personalidade, finanças,
programas, construções, eventos e etc.), no entanto, para ele existe um único modelo bíblico e este é
o de uma igreja dirigida por propósitos. O resto é passageiro, porém o propósito de Deus prevalece.
Para a construção de uma igreja sadia e para o alcance de um crescimento pleno, faz-se necessário
esclarecer a motivação da existência da igreja. Este esclarecimento, por sua vez, consiste em
identifica o que a igreja deve fazer, qual o seu propósito. Para Aguilera “a declaração de propósito
confirma e esclarece a filosofia de ministério da igreja” (Aguilera, 1995, p. 71). O propósito deve ser
claro e curto o suficiente para ser facilmente lembrado por todos, produzindo benefícios para a igreja
e o envolvimento amplo de toda a membresia.
Ao descobrir qual o propósito de Deus, a igreja deve articular-se de forma a estabelecer metas e
alvos a serem alcançados. Assim, a declaração de propósitos será o guia para implementação,
avaliação e controle dos ministérios, programas e atividades. Em Warren nota-se o estabelecimento
de alguns propósitos básicos aos quais a igreja deve atentar, a saber:
• Fazer discípulos
• Batizar
• Ensinar a obedecer
Para serem efetivamente norteadores os propósitos devem em primeiro lugar ser corretamente
comunicados à igreja, conscientizando-a de sua necessidade e importância. Em segundo lugar a
igreja deve organizar-se em função deles, evitando desvios. E em terceiro lugar os propósitos devem
ser integrados a cada área e aspecto da vida na igreja, ou seja, os ministérios devem estar em
sintonia.
Deve-se considerar ainda que a aplicação dos propósitos não é algo automático, é lenta e
progressiva, no entanto fortalecendo cada dia mais a igreja como um todo.
CAPÍTULO III
ALCANÇANDO A CIDADE
A igreja para crescer precisa sair das quatro paredes. Precisa de estratégias que viabilizem
efetivamente o crescimento e o desenvolvimento, alcançando novas vidas para Cristo. Entretanto,
não basta alcançar novas vidas, é preciso trabalhar com elas, instruindo-as e solidificando-as nos
ensinamentos e princípios bíblicos. É preciso criar oportunidades para que os novos convertidos não
somente se integrem ao corpo, mas nele trabalhem, crescendo e amadurecendo em Espírito e em
Verdade.
a) Evangelismo e discipulado
A Grande Comissão descrita em Mt 28:28-20, sintetiza a essência da missão da igreja de Cristo. Para
Miranda, “Na missão da igreja a evangelização tem prioridade” (Miranda, 1989, p. 46). No entanto,
Moore frisa que não basta evangelizar, deve haver ensino e instrução através do discipulado. Para
ele “Discipulado é a forma mais rápida de multiplicar líderes” (Moore, 1983, p. 32).
Discipular deve ser visto como uma tarefe de todos, e não de uma pequena parte do todo. O exercício
do discipulado não é obrigação apenas dos pastores e líderes, mas de toda igreja, enquanto corpo de
Cristo. Desta forma os resultados serão sólidos e o exercício do sacerdócio universal uma realidade.
Existe, sem dúvidas uma estreita relação entre evangelismo, discipulado e crescimento. O
evangelismo traz novas pessoas ao corpo, no entanto é através do discipulado que estes são
efetivamente integrados, conduzindo ao amadurecimento e desenvolvimento. Isto fica nítido, por
exemplo, nas seguintes palavras escritas por Rosa “Discipular não consiste somente no ato de
comunicar as boas novas de salvação, mas também na integração do convertido à igreja local” (Rosa,
1998, p. 7).
Sobre comunhão, Kornfield e Araújo dizem que “Através dos Grupos Familares as pessoas se
aproximam mais. Há oportunidade para um conhecimento mais íntimo dos irmãos, nascem laços de
amizade; a comunhão fica mais forte.” (Kornfield e Araújo, 2000, p. 57). Assim, na visão de Kornfield
e Araújo através dos grupos familiares a evangelização e o discipulado são mais efetivos e
completos. Conquanto, acontecem através da construção e solidificação de relacionamentos
pessoais.
Conforme At 2:42-47 vemos que a Igreja Primitiva era uma igreja que se reunia nos templos e nas
casas. Segundo Neumann, deve ser assim também em nossos dias. “Um dos critérios para existência
de uma célula é que esteja integralmente relacionada a uma igreja local.” (Neumann, 1993, p.19).
Podemos então dizer que as células ou grupos familiares são importantes, mas em momento algum
devem substituir a igreja. Ambas devem estar unidas, contribuindo e convergindo para o crescimento
integral do corpo.
Schwarz por sua vez expõe que em sua pesquisa sobre igrejas que crescem, conclui-se que “a
multiplicação constante dos grupos familiares e um princípio universal de crescimento da igreja. “
(Schwarz, 1996, p. 32). Todavia, ele diz que a característica marcante destes grupos é a produção
freqüente de novos líderes. Nos grupos familiares ou células os cristãos podem exercitar e
desenvolver seus dons, aprendendo através do serviço aos demais participantes do grupo.
Vimos anteriormente que crescer de forma integral, envolve participação de todos e não somente dos
pastores e líderes. Assim sendo, todos devem ser treinados para exercer sua função no corpo.
O corpo humano é composto de vários membros, onde cada um exerce uma função específica, à
qual foi destinado. O mesmo acontece com a igreja, enquanto corpo de Cristo, pois cada membro
possui uma função específica a desempenhar.
Entretanto, muitas vezes inexistem na igreja oportunidades reais para o exercício pleno do sacerdócio
universal. Desta forma, muitos tem sido conduzidos a uma mortificação de seus dons e
potencialidades dadas por Deus, pelo simples fato de nunca terem oportunidade de exerce-los
efetivamente. À igreja compete não somente identificar os dons, mas também criar oportunidades
para que haja um crescimento efetivo do corpo, com a contribuição e envolvimento de todos.
d) Relacionamento e comunhão
Schwarz aponta que uma das marcas inerentes à igrejas que crescem é o exercício prático do amor
fraternal. De acordo com sua visão existe uma “correspondência significativa entre o riso e o
crescimento qualitativo e numérico da igreja.” (Schwarz, 1996, p. 36).
A questão unidade é um dos pontos chave para a obtenção de um crescimento integral. Sem unidade
não pode haver crescimento, pois unidade esta ligado não somente a intimidade e comunhão, mas
especialmente à convergência e busca de um propósito único. Sem unidade o alcance pleno do
propósito ou alvo estabelecido pela igreja fica prejudicado, de forma que todo planejamento acaba
vindo por terra.
Para Neumann “a comunhão bíblica acontece quando as pessoas relacionam-se de tal forma que
servem umas às outras, alegrando-se e chorando umas com as outras.” (Neumann, 1993, p. 30). Ele
reforça dizendo que as células são ideais para o cumprimento e alcance pleno deste propósito.
Para Kivitz paradigmas podem ao mesmo temo “estabelecer limites e referencias de segurança e
transformar-se em bloqueios para projetos benéficos. (Kivitz, 1995, p.13). Assim sendo, podemos
dizer que ao mesmo tempo que paradigmas traçam limites de segurança, podem também
transformar-se em barreiras que retardam e bloqueiam o crescimento e o desenvolvimento.
Schwarz diz que “o maior obstáculo ao desenvolvimento estratégico da igreja são os bloqueios
teológicos profundamente arraigados” (Schwarz, 2001, p. 7). Para ele, um desenvolvimento integral
da igreja somente pode ser obtido através de mudanças ainda mais radicais que as da Reforma
Protestante. É preciso aplicar o que Paulo nos diz em Romanos 12, quando admoesta-nos a provar
uma renovação de mente.
Na busca de um crescimento pleno, verdadeiro e integral a igreja deve suplantar as barreiras e
bloqueios inerentes aos falsos paradigmas. Na visão de Kivitz a igreja deve espelhar-se na Igreja
Primitiva descrita em Atos, “saindo dos limites de culto-clero-domingo-templo” (Kivitz, 1995, p. 97). O
culto-clero-domingo-templo são estruturas que cumprem papel de importância para a vida cristã. Nem
por isso podemos dizer serem estes limites suficientes, pois não o são.
Schwarz não qualifica a plantação de novas igrejas como uma marca inerentes às igrejas que
crescem. No entanto, ele diz que a plantação de novas igrejas é o resultado da existência destas
marcas, que identificam igrejas que crescem. Sendo assim, podemos dizer que na visão de Schwarz,
igrejas realmente sadias tendem a se reproduzir em outras igrejas, em um processo contínuo e
crescente.
Miranda, por sua vez, assevera que “A igreja não precisa somente de um crescimento em número de
pessoas, mas também em número de congregações ou igrejas novas” (Miranda, 1989, p. 181).
Partindo deste pressuposto ele diz que a vontade de Deus é que ocorra a plantação de novas igrejas
e não que a igreja cresça infinitamente sem expandir-se.
O crescimento para ser integral deve ser abençoado por Deus. Sem a benção de Deus o crescimento
não é real, pois estará firmado unicamente no homem, que é fraco e pecador por natureza.
Quando Deus não encontra-se à frente, não há unidade, compromisso e envolvimento. Sem Deus
aquilo que o homem constrói é passageiro e inconsistente. No entanto, quando Deus assume a
direção, as portas se abrem, os propósitos são alcançados e o inimigo é plenamente derrotado.
Pressupõe-se por crescimento integral um crescimento pleno em todas as áreas. De nada adianta
apresentar um crescimento numérico ou quantitativo, se o crescimento qualitativo estiver esquecido.
Da mesma forma de nada adianta utilizar-se do subterfúgio da qualidade para explicar a falta de
crescimento numérico. Não adianta também desenvolver o lado espiritual esquecendo-se de investir
ou aprimorar o institucional. É errado também valorizar o institucional ou organizacional esquecendo-
se de trabalhar o espiritual.
Segundo Aguilera “quando uma igreja é saudável, ela cresce em três formas: quantidade, qualidade e
estrutura”. (Aguilera, 1995, p. 65). Entende-se por qualidade o crescimento espiritual ou a maturidade
obtida pelos membros da igreja. Já por estrutura Aguilera identifica não somente a liderança da igreja,
mas também as instalações em si. Com relação à liderança ele diz que esta deve ser treinada e
capacitada para comportar e administrar o crescimento, já as instalações devem ser expandidas e
aprimoradas, de forma a comportar o crescimento numérico.
Keyes ao citar Tippet enfatiza que “Uma igreja precisa crescer em três dimensões: quantitativamente,
qualitativamente e organicamente. Deve haver um equilíbrio neste crescimento.” (Keyes, s/d, p. 4). O
próprio Tippet diz que “o crescimento quantitativo e o qualitativo devem caminhar juntos. “ (Tippet,
1970, p. 29)
O crescimento para ser integral deve ser em todos os sentidos. A igreja deve buscar crescer
numericamente, todavia, deve também propiciar o desenvolvimento da qualidade ou maturidade de
seus membros. Não se esquecendo também de desenvolver as estruturas eclesiologicas e
institucionais, de forma a apoiar o crescimento em questão.
b) O amadurecimento na fé, na espiritualidade e na vida cristã
McGavran demonstra que “o crescimento da Igreja acontece sempre que existe fidelidade dos
cristãos em alcançar os perdidos” (McGavran, 2001, p. 29). Segundo sua forma de encarar o
crescimento de igreja, ele estabelece que “quem deseja entender o crescimento da Igreja precisa
encara-lo como fidelidade a Deus” (McGavran, 2001, p. 28). Assim sendo, a vontade de Deus é que a
igreja cresça e fomentar ou buscar este crescimento é ser fiel à vontade do próprio Deus.
Tanto Moore quanto Aguilera enfatizam que crescer deve ser visto como cumprir integralmente a
Grande Comissão. Crescer é então cumprir a Palavra de Deus no tocante à ordem de fazer
discípulos.
A igreja descrita em Atos dos Apóstolos era uma igreja que primava pelo cumprimento da Grande
Comissão, fazendo discípulos em todos os lugares. Por conta disto a Igreja Primitiva deve ser nosso
exemplo de crescimento, tendo como base a Grande Comissão e em especial o fazer discípulos.
Vejamos, por exemplo, o que nos declara Miranda “temos evidência escriturística de que a igreja do
primeiro século funcionava no estrito cumprimento da Grande Comissão” (Miranda, 1989, p. 17). O
cerne da Grande Comissão é o fazer discípulos, conduzindo vidas a Cristo.
CAPÍTULO V
CONCLUSÃO
Para concluir, gostaria de utilizar algumas palavras de Donald McGavran, onde ele diz que:
“Crescimento de igreja é muito mais do que a ampliação do rol de membros” (McGavran, 2001, p. 16).
Conforme vimos na introdução, um dos grandes problemas do crescimento de igreja reside na falta
de compreensão para com o assunto, tanto de pastores e lideres quanto de leigos cristãos.
Pode haver crescimento sem que este seja realmente integral. Pressupõe aqui que crescimento
integral é aquele que vêm de Deus, sendo essencialmente equilibrado na Palavra de Deus e na
unção do Espírito. Quando dizemos que pode haver crescimento sem que este seja integral, estamos
dizendo que muitas vezes o crescimento é estribado unicamente no homem e suas idéias, isto tanto
no meio evangélico quanto fora dele.
Schwarz, por exemplo, assevera que não necessariamente igrejas grandes são sadias. Muitas das
megaigrejas pesquisadas por ele, encontravam-se enfermas em boa parte dos fatores de qualidade.
Estas igrejas crescem em número, no entanto trata-se de um crescimento sem qualidade e quase
nada efetivo. Da mesma forma que muitas pessoas entram através da conversão, muitos também
saem, pois não encontram um propósito ou diferencial que os faça ficar.
Warren, por sua vez mostra-nos que algumas igreja crescem apenas por transferências de membros
e não por novas conversões. A Grande Comissão não consiste em buscar crentes de outras igrejas,
mas em evangelizar, converter e discipular não crentes.
Já Oliveira procura mostrar que muitas seitas tem apresentado crescimento vertiginoso. Entretanto
não se trata de um crescimento integral, pois contraria a Palavra e até mesmo a essência do
cristianismo: morte e ressurreição de Cristo. Vejamos o que ele nos diz sobre o crescimento de
algumas destas seitas: “O Espiritismo é, sem dúvida, uma das heresias que mais cresce no mundo
hoje.” (Oliveira, 1998, p. 39); “As Testemunhas de Jeová formam uma das seitas que mais crescem
atualmente.” (Oliveira, 1998, p. 79); “A Congregação Cristã no Brasil, durante anos esteve entre as
igrejas que mais crescem no Brasil.” (Oliveira, 1998, p. 141).
Podemos então concluir que pode haver crescimento sem que este seja de Deus e sem que este seja
integral. O crescimento só pode ser visto como integral, aos olhos da Palavra de Deus, quando é
estribado nos princípios bíblico norteadores da vida cristã.
b) Crescer deve ser desenvolver
Crescimento não pode ser visto somente como quantitativo ou numérico. Crescer é em primeiro lugar
desenvolver o caráter cristão, através de uma renovação de mente e de uma santificação diária,
buscando aproximar-se de Deus. Em segundo lugar crescer é desenvolver a prática do amor fraternal
para com o próximo, onde ocorra a edificação e ajuda mútua.
Conforme nos diz a carta de Tiago, a Palavra de Deus não deve ser somente ouvida ou lida. Ela deve
principalmente ser vivenciada e praticada, como um testemunho vivo da ação de Cristo no viver
humano.
O princípio reformado de Sola Sciptura afirma-nos que “As Escrituras Sagradas constituem-se numa
regra completa de fé e prática” (Anglada, 1998, p. 73). A Palavra de Deus é a única regra infalível de
fé e prática, esta é a síntese do princípio de Sola Scriptura. As autoridades e tradição são falíveis e
até mesmo passageiras, no entanto a Palavra de Deus é infalível e eterna em sua totalidade.
A Palavra deve ser a base ou o parâmetro para o viver do homem de Deus. Ela deve ser vista como
norteadora do caráter cristão de modo geral.
Sem a Palavra de Deus não pode haver crescimento integral. Vimos que o crescimento para ser
integral deve ser abençoado e dirigido por Deus. Todavia, em se ignorando, reduzindo ou deturpando
a Palavra de Deus pode até haver crescimento, no entanto este nunca será integral. Conquanto
somente Deus, Pai e Criador, pode trabalhar o homem em sua integralidade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Bíblia de Estudo Almeida. (1998). Traduzida em português por João Ferreira de Almeida,
Bugbee Bruce & Bispo, Armando (2001). Como Descobrir Seu Ministério No Corpo: Uma
Hybels, Bill, Bugbee Bruce & Cousins, Don (1996). Rede Ministerial: Guia do Consultor.
São Paulo: Editora Vida.
Hybels, Bill, Bugbee Bruce & Cousins, Don. (1996). Rede Ministerial: Guia do Líder.
Hybels, Bill, Bugbee Bruce & Cousins, Don (1996). Rede Ministerial: Guia do
Rosa, Pérsio C. & Day, Jackson.(1998). Os Desafios de Uma Grande Cidade: Fundamentos
José Miguel Mendoza Aguilera nasceu no Chile, na cidade de Lota. É bacharel em Teologia
pela Faculdade Teológica Batista de São Paulo. É Mestre em Ciências da religião pelo Instituto
Metodista de Ensino Superior – SBC/SP. Cursou Especialização em Estudos Brasileiros na
Universidade Mackenzie. Segundo informações obtidas, é mestrando em Educação Cristã pela
Faculdade Teológica Batista de Brasília.
Pastoreou a Igreja Batista no Jardim do Lago e a Igreja Batista em jardim Rodolfo Pirani, das quais foi
a
fundador. Também pastoreou a Igreja Batista Novas da Paz, Igreja Batista em Parque Capuava e a 1
a
Igreja Batista em Jaboticabal – SP. Atualmente Aguilera faz parte da equipe pastoral da 1 Igreja
Batista de Campo Grande-MS, onde vem atuando no Ministério de Ensino e Capacitação Cristã.
É casado com Roseli Kiselar Aguilera e tem três filhas: Tabitha Raisa, Maressa Rachel e Hadassa
Nathaly.
1) Em termos de igreja, o que é crescer para você? Qual sua visão de crescimento?
Muitas das perguntas sobre crescimento de igreja devem ser respondidas a luz de uma definição:
Entendo que “crescimento de igreja” esta relacionada ao crescimento numérico e de maturidade. É
impossível mensurar este crescimento, pois os números nos podem enganar e em termos de
maturidade não temos nenhum “medidor” confiável, talvez algumas marcas. Assim o crescimento da
igreja vive em um constante dialogo “quantidade vs. Qualidade. Um sozinho não é crescimento. É
como uma nota de moeda se faltar um dois lados perde o seu valor. O crescimento da igreja deve ser
dinâmico, integral e saudável. Em termos numéricos podemos saber quanto uma igreja cresceu mas
em termos de qualidade cabe a cada comunidade “visualizar” com objetivo o “cristão ideal” e nesta
tipologia poderá viabilizar aproximadamente como esta a qualidade
3) Para a obtenção de um crescimento sólido, integral e sadio qual seria o papel do pastor e lideres
da igreja?
Entendo que o pastor pelo seu oficio deve ser um treinador e “ensinador”. A luz de Efésios 4:1-13ss
tenho que todo pastor é um Mestre. O problema moderno está em que as igrejas pensam que todo
cristão que tem um pouco de desenvoltura, um bom domínio na pregação e desenvolvimento pessoal
este deve ser “consagrado pastor”, mesmo que seja incapaz de treinar e preparar lideres. Este neo-
pastor se torna centralizador. Por isso o pastor-mestre-treinador é peça fundamental para o
crescimento da igreja e assim deve ser um homem de visão, descentralizador, treinador, que treina os
seus líderes para a obra do ministério e todos treinam a igreja. Um pastor que não se atualiza nas
estratégias verá a sua igreja penar. O lidere devem ser: Fiel, Disponível e Ensinavél
A igreja moderna precisa entender (e graças a Deus está começando embora muito incipiente) que os
líderes devem ser colocados de acordo aos seus dons. O Corpo de Cristo biblicamente é apresentado
funcionando nas bases dos dons e não a base da eleição. Cabe ao pastor-treinador entender que
Deus deu para a Igreja “homens-dons” para que esta se auxilie mutuamente. É muito triste e
vergonhoso ver algumas igrejas todo fim do ano criando comissões para indicar e correra atrás de
pessoas para ocuparem determinados “cargos”. Dificilmente é questionado se existem os “dons” na
igreja para estabelecer determinado ministério ou cargo ( particularmente rejeito a nomenclatura
“cargo” dá a idéia de peso, de obrigação de “status”. Ministério da a visão bíblica de serviço).
Algumas igrejas criam “os cargos” porque a denominação ou outra igreja tem. O ministério dever ser
criado havendo o dom. Quando se trabalha nesta filosofia, o crescimento é genuíno e mais fácil de
acontecer. Oferecer as pessoas a possibilidade de sentirem-se útil no ministério, pois edificam de
acordo as suas ferramentas dadas por Deus, o crescimento virá sem grande “eventos” ou até meio
ilícitos
6) Hoje esta muito em voga o assunto dos grupos familiares ou células. Para você existe alguma
relação entre eles e o crescimento?
Atualmente faço parte de uma igreja que está em transição para uma igreja em células. Eu
particularmente estou vendo esta maneira de ser da igreja como uma resposta ao homem pós-
moderno. A maioria dos problemas não são gerados pelo “modelo” que é usado mas na forma que
a
este sistema é implantado. Atualmente estamos no terceiro ano em células. Vivemos na 3 . etapa do
processo (criado segundo o nosso contexto) e recém sentimos que estamos na metade do processo.
A forma de implantar deve ser feito com sabedoria e inteligência. Somente assim haverá um
crescimento integral
7) Vínculos de relacionamento e comunhão são importantes para um crescimento integral?
Sim. Por isso muitas igrejas estão crescendo até rapidamente. Usaram o sistema celular com um
método, como uma ferramenta, como um meio e não como um fim. Células trabalha com
relacionamentos e comunhão mas não é o fim mas o meio para alcançar outro objetivo MAIOR ainda
Nas perguntas 1 a 4 já falei alguma coisa. Qualidade e quantidade são faces da mesma moeda =
crescimento integral-dinâmico-saudável. A estrutura deve facilitar o crescimento integral da igreja e
não emperrar. A estrutura está a serviço da igreja. Neste ponto surge a necessidade de organizar
uma igreja de acordo aos dons existentes na mesma, desta forma, ela desenvolvera uma
espiritualidade bíblica e sadia. Entendo que a igreja terá o seu crescimento espiritual se esta criar
uma filosofia de ministério na qual considere os dons ministeriais dado a igreja.
9) Alguns acham que se esta crescendo, a benção do Senhor esta ali. Será que todo crescimento
vem de Deus?
Não. Claro que não. Mas também não podemos dizer que a falta de um crescimento numérico seja a
marca de um crescimento qualitativo. A afirmação que muitos fazem que estão mais preocupados
como a qualidade e não com números, nada mais é uma mera desculpa para conservar um modelo
de igreja tipo “gueto”. Uma igreja sadia ela deve, ou melhor, TEM que crescer, senão esta doente.
Em Atos 2:41 temos um acréscimo de um grande numero de cristãos a igreja em Jerusalém. Mesmo
não sabendo o tempo que vai de um versículo a outro. Este texto aponta que embora grande a
comunidade tinha estratégias para manter uma comunhão
10) Segundo alguns autores existem paradigmas nas igrejas que prejudicam o crescimento. Qual
seria seu ponto de vista sobre a questão?
Fala-se muito em paradigmas, quebrar paradigmas. Mas um paradigma leva muito tempo para se
estabelecer como tal. O que hoje esta sendo quebrado não são paradigmas, creio eu, o que está
sendo usado hoje são novas maneiras de fazer ou de atuação no mundo. Estes ainda não são novos
paradigmas, mas podem chegar a ser. O que se quebrou são idéias, ou preconceitos. Estas idéias ou
preconceitos são bloqueadores do crescimento integral dinâmico e saudável
crescimento integral?
Entendo que toda estratégia ou base para um crescimento deve ter como fundamento a bíblia. Mas
entendo que a “base fundamental” em termos verticais deve ser “preocupação pela necessidade do
ouvinte” ou do ser humano. Significa responder as questões que a sociedade ou ser humano deseja
ter resposta. O homem pós-moderno tem uma visão diferente do ser humano. Mas nós continuamos
com resposta para o homem moderno. Algumas igrejas estão respondendo às questões que ninguém
está perguntando. Às igrejas que respondem a estas questões “pós-modernas” crescem e aquelas
que não crescem “julgam” suas irmãs apontando desvio da “sã doutrina”
12) Como você classificaria o crescimento da Igreja Primitiva, descrita no livro de Atos?
O livro de Atos é um livro “perigoso”. Alguns querem viver o livro de Atos hoje, isso é uma visão
anacrônica da história. Outro grupo aponta o livro de Atos como um livro histórico, com informações
do crescimento da igreja. Dois extremos perigosos. O equilíbrio está no meio como diria um filosofo
grego. Para mim o crescimento do livro de Atos é “modelo ideal” e o chamo de crescimento
“dinâmico-saudável-integral”. Atos aponta para hoje que é possível crescer com qualidade e
quantidade. A igreja atendia as necessidades do momento e crescia. O modelo de igreja de Atos
está relacionada no fato de que ela estava inserida na realidade. A igreja brasileira precisa ver isto no
livro de Atos: é possível crescer desde que a igreja conheça e responda ao homem da sua época. Os
milagres, as intervenções divinas poderão surgir neste crescimento mas não é o foco principal.