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Direito Processual Penal I

16/9/2021
1º freq.- comentário do acórdão
Feito como se fosse um caso pratico
Data: Finais de novembro

2º freq.- matéria toda

Código processo penal


CRP

Bibliografia:
 sumários prof.
 Direito processo penal dr. Germano marques da silva 3 volumes (mais
pedagógico)
 Maria João Antunes (melhor)
 Paulo Sousa Mendes

23/9/2021

Entregue até 5 de novembro


Entregue via moodle
Organizados por grupos
Comentário de 3 a 4 páginas
Explicar se o tribunal andou bem na resolução do caso

Processo penal

O direito processual penal é uma espécie de amigo traiçoeiro. Porque


supostamente os direitos processuais são direitos usualmente mais descritivos
mais técnicos. Portanto, no fundo refletem um procedimento.

O problema é quando estamos a falar de um procedimento, portanto uma


lógica de uma sequência de atos, aliás qualquer sequência aliás quer seja
direito processual ou não mas o direito processual esconde uma série de crises
existenciais. Portanto processual penal é um direito que anda literalmente
acompanhado por psicólogos psiquiatras, porque tem internamente na sua
construção coisas com a mesma importância que se contradizem mutuamente.

2
O processo tem lá tudo basicamente. No processo penal a dificuldade é que se
assente que nós também podemos ter normas destas muito procedimentais
também temos normas muito curtinhas que usualmente são as mais traiçoeiras
e as mais difíceis. Nos quando avançamos para as normas do direito processo
penal temos que ter sempre com uma certa pré compreensão.

O Processo penal é o conjunto de normas jurídicas que disciplina a aplicação


do direito penal ao caso concreto. Esta definição é do dr. Germano marques da
silva
É um falso amigo. Parece simples, mas só esta definição tem uma serie de
implicações ou pré compreensões pressupostas que nos temos que começar
por descacar.

A primeira é percebermos o que é o objeto do processo penal.


De acordo com esta definição é precisamente esta logica da Aplicação e
realização de um certo direito que é o direito penal.
A diferença entre o direito penal e o processo penal não conseguem viver um
sem o outro.
Aquelas categorias de ter de haver facto que tem que ser ilícito, típico, culposo,
punível, isso só se vai perceber, é olhando para o procedimento que vai
permitir saber se o facto que existiu é ou não típico, é ou não ilícito, é ou não
culposo. É apenas através do processo penal que se descobre que existiu um
facto que se percebe quem foi o seu agente e que se vão definir as
consequências definíveis aplicáveis desse facto.

Quando nós falamos em normas jurídicas, nós também temos, os senhores


enquanto projetos de juristas, enquanto juristas em construção tem que ter um
serie de outras pré compreensões.

Porque se nós compreendemos a ideia de normas jurídicas temos de


automaticamente quando ouvimos pensar numa outra ideia fundamental que os
senhores ouvem desde o primeiro ano que é a ideia do Estado de direito.

Ou seja, do reconhecimento da lei e do primado da lei.


Como sabem nós temos nas nossas construções sociais na nossa sociedade
temos inúmeras normas: temos normas morais, sociais e de vários tipos.

Quando começamos a falar em normas jurídicas ate pela logica da sua


imperatividade, mas há uma ideia que está intimamente associada que é
precisamente aquela de estado de direito.

Porque como é evidente sem uma lógica de estado direito independentemente


de ser bom ou mau, a norma jurídica anda associada a esta logica do primado
da norma, anda associada ao Estado de direito.

Portanto como é evidente isto vai-nos automaticamente ainda, se juntarmos a


norma jurídica à ideia de aplicação que esta ideia básica também, estamos a
falar da aplicação de normas jurídicas, a aplicação de normas têm de seguir

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um certo ritual, ou seja, quando se fala em aplicação de direito está sempre
buscar o princípio que é o princípio da jurisdição.
Este princípio da jurisdição a lógica da aplicação das normas em processo
penal passa sempre por uma lógica de uma identidade (?) independente como
iremos ver com os tratados dos tribunais.
O código de processo penal é um diploma que durou muito tempo a fazer e que
tem com o pai. O pai do código processo penal é o dr. Figueiredo dias.
Tem uma conceção, ideia e tem objetivos. Para percebermos o que foi o
processo penal, temos de perceber o que é que estava entre aspas na cabeça
de quem propôs, quem o fez o que é queria, quais objetivos queria alcançar.

Quando falamos em processo penal falamos da sociedade em que queremos


viver.

O processo penal tem uma filosofia, uma forma de atuar que é tentar chegar a
perceber o que é que se passou para depois punir um agente.

diz-me com quem andas dir te ei quem és. No processo penal, diz-me como
tratas o teu arguido, dir- te ei quem és, dir- te- ei que sociedade é a tua.

Porque se eu tratar o arguido por exemplo sem direitos, se não oferecer armas
para ele se defender, se Eu não conseguir fazer isso trato mal o arguido. Quer
dizer que vive na sociedade que não respeita os direitos fundamentais ou
respeita menos.

Porque é que o processo nesta perspetiva é tão paradigmático? por que os


senhores certamente ouviram a doutora Alexandra a dizer que o representa o
ius puniendo do estado.

Só que o processo é o braço armado desse direito de punir literalmente. eé o


processo que não que nos entra em casa, é o processo penal vos apalpa
quando faz revista é o processo penal que ouve as vossas conversas sem
pedir autorização, é o processo penal que recolhe amostras da vossa saliva.
Não é o processo penal.

Portanto, o processo penal lida na sua forma de atuar é por definição quase
uma forma de apelar que vai bulir com direitos fundamentais. Se esse é o caso
a forma como o processo penal gera o equilíbrio entre por um lado os direitos
fundamentais dos cidadãos e a prossecução das suas próprias finalidades
acaba por ser um reflexo do tipo de sociedade que nós queremos, uma
sociedade respeitadora desses direitos ou que não.

Os senhores, nessa perspetiva tem que compreender que é certamente uma


das razões pelas quais o processo cativa, chama tanto a atenção até mesmo
do Público em geral mesmo que não estejam a aprender direito porque mexe
com aquilo que mais precioso em termos sociais. É precisamente a lógica de
nós sermos respeitados enquanto cidadãos.

A primeira lição tem de levar no processo penal é que arguido somos todos
nós. Não podemos ver no arguido um que não tem nada a ver connosco.

2
O arguido é o vosso colega do lado, é a professora que dá aulas, o arguido é o
senhor que atravessa a estrada, é o que compra café ca cafetaria.
É só na fixação deste mantra que compreendem a delicadeza de algumas
soluções e as implicações de outras não é que para os outros. Por isso mesmo
na exposição de motivos vem a ser explicado no projeto deste código na parte
1º, ponto 4. Não é a coisa pouca o código de processo penal não é coisa pouca
se propõe.

O direito penal sem o processo não é ninguém da mesma forma que o direito
penal sem o processo não é ninguém, ou seja, o processo penal serve para a
ativação do direito.

E isso torna notório se olharmos para o art. 2º do código do processo penal.

Esta ideia do casal de namorados significa que entre o direito penal e o


processo penal existe um direito uma unidade sentido, ou seja se quiserem os
2 fazem sentido em conjunto, transformam-se também numa unidade.
esta unidade de sentido criada pelo direito penal e pelo processo penal não
põe em causa a autonomia quer do quer do outro.

Isto quer significar que cada um também anda sozinho, tem os seus próprios
princípios, tem a sua própria dogmática, tem as suas próprias regras.

Art. 2º CPP- princípio da legalidade

O art. 2º volta a lembrar-nos da ideia de Estado de direito. O estado de direito


vive com o princípio da legalidade. É uma das implicações do princípio da
legalidade.
Não temos só o princípio da legalidade temos vários. Para já este é o princípio
da legalidade processual e é assim que deve ser tratado e conhecido.

Quer isto dizer que eu não posso exercer nem tomar a justiça pelas minhas
próprias mãos. Este princípio da lgalidade processual tem ainda âncora
constitucional.

O princípio da legalidade além de ter ancora no artigo 20º, depois vai ter um ?
muito grande a partir da logica daquilo que vão ser os princípios combinados
do artigo 32.
O princípio da legalidade do processo é autónomo do princípio da legalidade
criminal.
Princípio da legalidade criminal art. 29º
Princípio da legalidade do processo art. 20º CRP, art. 2º CPP

A ciência do direito penal de total ou conjunto de von list. Aquela festa privada
entre o direito penal, processo penal, a criminologia e a política criminal.

O processo penal e ate mais que o direito penal em algumas circunstancias é o


reflexo da criminologia. A criminologia que tem assim um passado duvidoso a
criminologia. É ciência social naturalmente autónoma com cerca de 250 anos

2
digamos que é uma filha rebelde da sociologia a que se dedica a estudar o
fenómeno criminosos. Só que a criminologia e a se quiserem é a teia, não tem
Deus nem credo. No fundo não diz se é bom ou mau, só quer explicar o porquê
do crime, não esta a fazer juízos de valor. No fundo determina ou explica
alguns fenómenos que vê acontecerem na sociedade que é relativamente ao
delinquente quer relativamente a vítima.

A partir do momento em que começam a estudar processo penal e criminologia


tem de nos interessar. Desde logo sem a criminologia não nunca
conseguiríamos fazer uma distinção operatória que identificamos no código de
processo penal e que vem explicada na exposição do motivo. Nomeadamente
na parte 2, ponto 6 alínea a.

Esta distinção tem a ver com o funcionamento da criminologia que vai


identificando categorias de tipo de criminalidade. Não esta a dizer se é
homicídio ou injuria. Esta a dizer as características deste tipo de criminalidade.
O processo penal a 1º coisa que faz é reconhecer essa distinção feita pela
criminologia.

E depois importa para o seu próprio funcionamento, criando essa distinção


como categoria operatória. Há um procedimento para um tipo de criminalidade,
outro procedimento excecional para a criminalidade mais grave que altera as
normas gerais. Portanto os senhores têm que perceber o que é que vão
buscar. Percebe-se que o código recebe estas distinções desde logo no
artigo1º no código de processo penal. Art. 1º CPP

Art. 1º alíneas j,l,m vemos que nestas alíneas não estão definidos tipos de
legais de crimes mas categorias de criminalidade. E nós quando falamos de
categorias de criminalidade estamos a falar de criminologia não estamos a falar
de direito.

Uma das coisas que é importante a partir da criminologia são também as


diferentes teorias. Mas há uma teoria na criminologia no fundo é uma teoria
que funciona como digo tanto para o arguido tanto para a vítima, a chamada
TEORIA DA ETIQUETAGEM.

Estamos a falar da etiqueta de criminoso e de vítima.


Ninguém quer ter etiqueta de arguido.
Da mesma maneira ninguém gosta da etiqueta de vítima. As vítimas de
violência doméstica têm muitas dificuldades em ser identificadas como vítimas.
por muitas de razões: quer dizer projeto familiar fracassados quer desde a
absoluta vergonha pela incapacidade de sair mais cedo da situação se
existiram outras consequências. E ninguém gosta de ser assassino nem vítima.

Sugestão de livro: a honra perdida de katarina...

Esta abordagem da criminologia também já teve um enorme reflexo no direito


penal quer quanto à possibilidade de acesso com o estatuto de sujeito depois
também usar os joelhos falar figura quer através do recente estatuto da vítima

2
de 2015 que segue precisamente, digamos as observações da criminologia a
propósito de modo de reserva e de salvaguarda da vitima.

Politica criminal

A política terminal a diferença em relação á criminologia é que a política


criminal como o próprio nome indica política portanto tenho intenções, tem
finalidades não é agnóstica. No contexto da política criminal nós temos por
exemplo a recente lei da política criminal em 2017 já tínhamos outra anterior e
vão saindo fora mais ou menos concatenada, dá as indicações gerais...eu
agora neste período nos próximos 3 anos vou andar atras dos corruptos ou
quero ir atrás do tráfico de drogas. Não vem explicar o que é o trafico de droga,
diz logo é mau portanto eu quero ir com mais força atras deste tipo de
criminalidade.

A política criminal já assenta numa lógica de juízos de valor bem e, portanto,


dá as grandes orientações, ou seja, para percebermos a maior parte das vezes
as alterações ao código processo não temos de ter ido ler a lei da politica
criminal para perceber porque é que essas alterações surgiram.

Há pouco falei-vos da criminalidade mais grave e aqui serve de exemplo forte


porque normalmente eu se vou atras de criminalidade mais grave tenho que ir
mais armada, com mecanismos e instrumentos que me permitam perseguir
melhor a criminalidade mais grave.

Quando o estado escuta normalmente só podem ser autorizadas escutas para


a criminalidade considerada mais grave. Se eu agora chamar alguém de parvo,
crime de injuria...isto tudo para dizer que naturalmente que eu vou usar armas
mais Fortes ao Estado para perseguir a criminalidade consoante a
criminalidade que estou a perseguir. Só que mais uma vez vamos imaginar são
amigos de alguém envolvido num esquema de corrupção e essa pessoa está a
ser escutada e, se quiserem, namora com esta pessoa que está sempre
escutada e gostam de fazer aquelas brincadeirinhas para telefone.

A pessoa que não cometeu crime nenhum também está a ver a sua intimidade
devassada. Portanto o estado para perseguir aquele crime da corrupção está a
fazer os chamados danos colaterais. Também está afetar a intimidade e a
reserva da vida privada que é um direito fundamental de um outro cidadão que
nada tem a ver com aquele processo. Portanto o estado para perseguir entra
pela vossa vida adentro enquanto cidadão. O estado para perseguir vai
afetar direitos fundamentais e por isso é que eu vos digo que o processo
penal é esquizofrénico.
Porque eu para perseguir tenho de ter armas mecanismos processuais para
poder fazer isto ou aquilo que significa, na maior parte das vezes, limitações de
direitos fundamentais que por sua vez, lembrem se daquilo que vos li a primeira
primeiro extrato da exposição de motivos, nós queremos o direito processual
assente no valor da liberdade que respeito direitos fundamentais. Portanto

2
se nós formos a ideia da proteção dos direitos do cidadão da perspetiva da
liberdade eu não posso deixar o estado entrar muito.

Mas se eu for na perspetiva dos direitos do cidadão, da perspetiva da


segurança, eu tenho que dar mais armas ao Estado para ele conseguir
perseguir esses mesmos crimes. Esta esquizofrenia latente vai nos conseguir
perceber melhor a dificuldade e o delicado, processo é como uma teia de
aranha. A teia de aranha parece uma estrutura muito forte, mas depois não é
nada. O processo penal é como a teia de aranha porque tem um xadrez uma
construção muito delicada que é robusta se for respeitada na sua arquitetura,
mas que não é preciso nada para estragar, qualquer coisa e aquilo rebenta.
Toda a estrutura é um equilíbrio lá está muito delicado que deriva da tal
esquizofrenia que vos falo.

Finalidades do direito penal


Nós chegamos às finalidades já detentores de uma certa pré compreensão das
dificuldades ainda assim de equilíbrio no processo penal e da última refração
do princípio da legalidade criminal que se devem lembrar que é nula poena sin
juridicio portanto não pode haver pena sem jurisdição. Nessa perspetiva as
finalidades do processo penal têm de ser compreendidas quer no contexto do
modo do seu exercício da sua efetivação quer no contexto desta dificuldade
face aos direitos dos cidadãos e assim conseguimos identificar 3 finalidades
ao processo penal.

 Realização de justiça e descoberta da verdade material. A primeira


finalidade normalmente é como um frigorífico combinado é um frigorífico
ou congelador.

A primeira finalidade é realização de justiça, mais descoberta da verdade


material, ou seja, aqui é o mais não é “e” é como se fosse uma soma que não
pode ser ? é uma finalidade combinada.

Esta soma, conjugação tem a ver com o seguinte. Se eu me limitasse á ideia


da descoberta da verdade material isso habilitava o estado a usar todos os
meios mais ou menos respeitadores direitos fundamentais.

A ideia do processo no período mediável, a ideia do processo era única


finalidade era única. E ra a descoberta da verdade material
independentemente do meio para lá chegar. O o que se queria na altura não
era a confissão que era a prova rainha. No contexto da realização de justiça dá
aquela ideia de que já vos falei que o estado tem que se auto impor limites,
portanto aquela ideia também consta das motivações da exposição dos
motivos, portanto nós temos uma certa forma de compreender o direito através
dos tribunais com respeito pelos direitos fundamentais v e essa ideia prévia
tem que condicionar as possibilidades de realização de justiça. É uma
finalidade única.

2
 A segunda finalidade é a proteção dos direitos fundamentais dos
cidadãos em especial do ? E proteção em que sentido? Perante o
próprio estado. O estado tem que garantir, digamos assim, que os
direitos fundamentais também estão suficientemente protegidos a
ingerência do Estado no contexto do processo não, mas acima de tudo
tem de dar armas suficientes ao arguido.

No processo pena, o combate é perfeitamente desigual. Não é como o


processo civil que as pessoas são tratadas como iguais. No processo penal, os
senhores, tem o estado á perna, não é uma pessoa. Por isso é que este
combate é tao desigual. E se é tao desigual o estado para garantir que o
arguido não é esmagado o estado tem naturalmente de lhe dar ferramentas
como a presunção de inocência. Umas armas de combate do arguido é a
presunção de inocência. Aqui a presunção de inocência é a bazuca do
arguido. Se o estado não fizer bem o seu papel o arguido ganha a batalha.

Isto é a lógica, são instrumentos de proteção de direitos fundamentais.

 Paz jurídica. A última finalidade. No processo penal, a finalidade última


a razão pela qual que ele dá armas a um tem armas para ele etc, por aí
fora, é precisamente para permitir a designada paz a jurídica. Porque
quando alguém dá um tiro na outra pessoa nós não ficamos bem
connosco se não acontecer qualquer coisa aquela pessoa que matou
outra razão que aparentemente nenhuma. Sentimo-nos mal a qualquer
coisa que é quebrada. esta em causa a paz jurídica. Esta em causa
aquilo que mais uma vez reflete a unidade de sentido tradicional entre o
processo penal e o direito penal. Esta em causa afetação dos tais
valores dos bens jurídicos considerados essenciais à nossa convivência
em comunidade.

Nos tínhamos visto as finalidades do processo penal e a dificuldade...se nos


começarmos a olhar para as finalidades percebemos que as mesmas são,
principalmente as primeiras duas e já vimos isso a propósito da verdade
material, que as mesmas são basicamente antinómicas entre si. Entram em
conflito.

Se quero dar poderes ao Estado para chegar à verdade, naturalmente estou a


invadida direitos fundamentais e se quero proteger direitos fundamentais estou
a cortar as pernas ao estado.
E, portanto, nós quer na aplicação quer na própria interpretação das normas
em processo penal temos o cuidado de perceber que praticamente todas as
normas refletem o princípio da concordância prática.

Ou seja, particularmente tem institutos mais delicados estou a pensar na prova,


nas medidas de cocção, nos direitos do arguido, nestes institutos, portanto
nestes blocos de normas os artigos, digamos assim do código, estão pensados
para dentro de um determinado equilíbrio permitir que cada uma destas
finalidades atinja o máximo de eficácia possível. O que não significa, todavia

2
que em alguns institutos do processo penal haja maior peso À Descoberta da
verdade material estou a pensar por exemplo na prova, e noutros institutos
não haja um maior peso da proteção dos direitos fundamentais pensado na
posição do estatuto processual do arguido. Portanto como vos dizia a bendita
esquizofrenia do processo é um resultado desta dificuldade em articular 2
coisas contraditórias entre si.

Uma das coisas normalmente também se deve referir é o fim do processo


penal. E no contexto fim qualquer processo como acontece no processo
administrativo, civil, fiscal, laboral, qualquer processo quer dizer o direito do
caso.

Só que dizer o direito ao caso, na situação especifica do processo penal tem


uma espécie de um foco tipo um foco de luz que acaba por iluminar esse fim
processual que é comum a todos os processos. E esse foco é precisamente a
descoberta da verdade material. E porque é que isto é importante?

No Processo civil a primeira coisa que sabemos é que no processo civil


existem factos.

Se eu celebrar um contrato com alguém e essa pessoa incumprir o contrato eu


só vou para tribunal se quiser, não sou obrigada a intentar uma ação de
incumprimento contra aquela pessoa. Portanto processo civil, não obstante
também ser direito Público como todos os processos é disponível porque é um
processo que tem em vista a litigância entre particulares.

No processo penal nós não temos partes. Temos sujeitos. Se eu der um tiro
a alguém, eu tenho escolha do Estado vir atras de mim ou não? Não.
O processo penal não é disponível. Não é disponível precisamente por causa
daquela última finalidade da paz jurídica.

Porque precisamente como está em causa a reconstrução do tecido


comunitário o processo penal tem que se conseguir afirmar dentro de uma
lógica percebesse efetivamente o cumprimento desse tecido social. Se existiu
um facto quem foi o seu agente, e se o facto pode ser ou não punível e qual a
consequência.

Por isso o processo penal tem sempre de perceber o que é que aconteceu,
portanto, funciona retrospetivamente com base no facto ocorrido no passado
precisamente para ter a certeza do que é que aconteceu para saber se tem ou
não de coser o tecido social.
E, portanto, tem esse intuito específico da descoberta da verdade material aqui
enquanto facto que ilumina o fim de aplicação do direito ao caso, mas lá está
uma condenação do inocente que também ninguém quer. Estão a perceber
porque é que é o foco da descoberta da verdade material? Não é só condenar
por condenar.

Quanto ao âmbito do processo penal.

2
Nós pensando a dinâmica do processo conhecemos tanto coisas como a
escola segura, ações que a polícia desenvolve tipo auto stop e depois vemos
nas notícias “está a ser julgado” “foi interrogado pelo juiz Carlos Alexandre” e
depois ouve-se a conversa de foi para a prisão.

Em termos de âmbito temos conseguir separar 3 direitos.


Se quiserem policial que é no fundo a atividade judicial da prática do crime.
Este direito policial termina onde começa a fase da repressão. De prevenir
passamos a perseguir. Temos aqui o direito processual penal.

Quando chegamos ao fim do processo penal temos uma sentença transitada


em julgado vamos imaginar uma sentença de condenação em pena de prisão
efetiva vamos executar assim a punição. E aqui temos o direito de execução de
penas e medidas de segurança.

Direito policial Direito processual Direito de execução de


penal penas

Leis proprias Leis proprias Leis proprias

Portanto o processo na aula não se ocupa da execução da pena. A execução


de penas está sujeita à legislação própria que é o código de execução de
penas e tem também finalidades próprias e problemas próprios precisamente
porque já não está em causa a descoberta da verdade material mas esta
em causa a boa execução da pena de acordo com os princípios próprios desse
direito.

além de que aí nesse período execução este direito muitos vezes também se
chama direito penitenciário.
Este direito execução de penas envolve depois há questões relacionadas não
só com a parte penal mas muito também com direito administrativo. Este direito
policial, em termos de natureza, é direito administrativo puro. Mexe com coisas
de penal mas é direito administrativo.

O processo é o maior e tao melhor que é no processo penal que se decidem


questões de direito civil, fiscal, porque numa imagem global de justiça, a ideia
transparece no artigo 7º do código processo penal que é o princípio da
suficiência.
Este princípio da suficiência vem nos dizer tudo que surja num processo
penal tem de ser ou pode ser resolvido no processo penal. O processo penal
pode em último caso não decidir ou não lidar apenas com questões de direito
penal. Claro que as decisões tomadas no contexto do processo penal tenham
carácter civil laboral fiscal etc só valem para aquele terceiro não são decisões
definitivas mas valem como decisões que servem para chegar à decisão final
daquele processo.

2
Fontes do processo penal

Quantos as fontes podemos utilizar uma linguagem mais formal mais material
ou a chamada abordagem dualista, ou seja, considerando sua respetiva
importância ou seja sua respetiva importância.

E é essa perspetiva vamos adotar aqui.

Fontes formais

Pensando nas Fontes formais nós podemos, pensando que o direito processo
penal é um direito fundamento territorial porque sendo processo rege se muito
pela lógica da territorialidade alias como o direito das contraordenações.

 Constituição da republica portuguesa

Nos no contexto das fontes formais naturalmente podemos fazer nos socorrer
daquela pirâmide que normalmente mete a Constituição no topo da pirâmide.

A nossa constituição é sem dúvida a primeira fonte formal do direito processo


penal. E sendo uma fonte formal do direito processual penal é um sentido
dúplice e dúplice porquê?
É enquanto fonte de todos os direitos mas porque a própria Constituição tem
uma espécie de Constituição processual penal.
Ou seja, temos normas da constituição que regulamentação detalhada de
institutos de direito processo penal. contrariamente aquilo que é normal porque
normalmente são normas mais abertas e gerais, na constituição processo
penal temos normas com aplicação direta ao processo porque se referem
diretamente ao processo penal. por exemplo art. 27º e 32º que são normas de
aplicação direta, ou seja, mesmo que não houvesse código aquelas normas
aplicavam se ao processo penal.

Nós temos o artigo 8º da Constituição que faz a receção do direito


internacional. E nós no contexto do direito Internacional temos que funcionar
mais em rede porque nem todos os instrumentos internacionais provêm das
mesmas instâncias internacionais. Desde logo naturalmente nós temos de
alguns instrumentos que estão recebidos no nosso ordenamento, mas não são
vinculativos são soft law.

2
Em termos internacionais existem as declarações que são princípios e os
instrumentos internacionais que são vinculativos, os chamados hard law que se
aplicam aos estados.

Para vos dar o exemplo de um instrumento Internacional de soft law que tem
importância para o processo penal é a declaração universal dos direitos
humanos.

Instrumentos Hard law:


 Convenção europeia dos direitos humanos, que tem normas especificas
aplicáveis ao processo penal dos estados que se encontram sujeitos e
portanto naturalmente Portugal;
 Temos o pacto dos direitos civis e políticos
 Temos ainda naturalmente passando União Europeia Carta dos direitos
fundamentais da União Europeia.

Praticamente todos os instrumentos internacionais mais relevantes para o


processo penal tem a ver com direitos fundamentais.

O que permite naturalmente acrescentar ainda uma outra nota quanto à


Constituição. As normas atinentes a direitos fundamentais são diretamente
aplicáveis vinculando entidades públicas e privadas. Não precisam de nada
pelo meio, assim sendo então também se aplica ao direito processual penal
portanto quando todas as normas atinentes aos direitos fundamentais.

De notar que se vos digo que a principal norma constitucional ou talvez é a


mais relevante é o artigo 32, o artigo 32 está precisamente no âmbito dos
direitos liberdades e garantias. As próprias garantias do processo criminal são
consideradas como direitos fundamental.

Já agora uma nota a propósito a epígrafe art. 32. Não podemos escrever
processo criminal. Se temos um sistema munista que trabalha com penas, é
direito penal e direito processo penal.
Portanto quanto à parte da Constituição ...está entrando na logica da lei
ordinária e como devem imaginar a principal fonte formal é código de processo
penal. É a principal fonte formal do direito processual penal, mas naturalmente
o código do processo penal não é a única legislação ordinária que existe e que
seja fonte do direito processual penal temos outras coisas:
 Estatuto da vítima
 Regime das ações encobertas
 lei da criminalidade organizada

São leis avulsas e extravagantes que desenvolvem ou criam institutos


específicos do processo penal para certos tipos de criminalidade pensando por
um lado ou de, digamos assim, combate ou perseguição do crime. Portanto
naturalmente temos também muitas leis ordinárias extravagantes são
inúmeras.

2
Fontes materiais

 Princípios

No contexto das fontes materiais, falemos dos princípios suprapositivos.

São princípios que por definição não têm de estar positivados, não têm
plasmados em instrumentos nenhum ou melhor me lembro que não tem de
estar escrito em lado nenhum mas que é evidente em todo o lado é o princípio
de justiça.
O princípio de justiça não esta plasmado em convenção nenhuma mas
ninguém questiona que o princípio existe. Naturalmente que esses princípios
naturalmente também vão servir de fonte material ao direito processual penal.

 Jurisprudência

Mas depois entramos naturalmente naquelas outras Fontes de materiais, falo


materiais neste sentido legalmente não podem valer fonts face ao exposto do
código civil mas para todos os efeitos acabam por influenciar o direito
processual.

Estou-me a referir naturalmente por um lado à jurisprudência e por outro lado à


doutrina.

No contexto da jurisprudência aqui é preciso fazer não obstante uma distinção


previa. É que no processo penal há jurisprudência e jurisprudência. Ou seja,
uma coisa é a jurisprudência de tribunais de 1 instancia, decisões dos
processos aquela massa, mas há certo tipo de acórdão que tem um valor
diferente.

Um deles de tipo nacional outros deles de tipo Internacional.

A jurisprudência em termos de massa não é fonte mas naturalmente que a


aplicação do direito também significa criação e realização do direito e portanto
nesse sentido acaba por ter um papel de influencia.

Quantos aos tais especiais, temos os acórdãos do tribunal europeu dos


direitos humanos.

Cada vez mais se vai vendo muito decisões não só de tribunais superiores
como a relação ou o supremo mas também as vezes tribunais de 1º instancia
que deferem decisões do tribunal europeu dos direitos humanos. Deferem nas
precisamente porque sendo a convenção vinculativa para o estado português e
havendo desenvolvimentos de princípios essenciais aplicáveis no contexto do
direito processo penal português, estou a pensar no artigo 6º da Convenção é
o talvez com mais refrações para o processo penal ainda que não seja o único.
A verdade é que esses acórdãos depois acabam por ter influência direta
digamos assim quer na possível construção de normas quer também nas

2
decisões sobre o caso concreto quer na compreensão de institutos de processo
penal.

Em termos nacionais temos 2 tipos de acórdãos, tem uma relevância bastante


diferente.

Por um lado, temos os Acórdãos do tribunal constitucional.

O direito processo penal quase pode dizer direito constitucional aplicado,


portanto como é evidente existem inúmeras normas que ao bulirem com
direitos fundamentais, ao afetarem direitos fundamentais tem reflexo direto com
problemas de constitucionalidade.
E por isso naturalmente que eram os acórdãos do Tribunal constitucional que
no fundo são acórdãos de recurso vem dizer é inconstitucional a interpretação
do artigo X do código de processo penal segunda a qual...mas declara uma
certa interpretação do artigo do código como inconstitucional isso vai ter um
efeito direto no direito processo penal.

Por outro lado, em termos de fiscalização sucessiva pode declarar uma


norma como inconstitucional não apenas uma interpretação mas uma norma
como inconstitucional e portanto dessa perspetiva pode remover ou mesmo
impedir que essa norma tenha as suas consequências. Nem sempre as normas
são ilhas, pode ter também efeitos no contexto do processo penal.

Em termos de fiscalização prévia não faz tanto sentido porque em regra a


norma não entrará em vigor.

Depois temos outros que são próprios do processo penal, que não existem
noutro âmbito que são os designados acórdão de fixação de jurisprudência.
São acórdãos neste caso do supremo tribunal de justiça e são acórdãos que
surgem quando 2 tribunais superiores, por exemplo, 2 tribunais da relação
tem interpretações contraditórias sobre uma mesma norma no contexto
de um caso.

Nestes casos acaba por ter de intervir o STJ no fundo para dizer que quanto á
norma A deve ser entender que a interpretação correta é tal.

Nós já tivemos até 1995 que é a figura dos assentos. Tinham valor de lei e
foram considerados inconstitucionais. Tinham o tribunal a emitir uma decisão
judicial, portanto naturalmente ofendia o princípio da separação dos poderes.
Sendo esse nasceu esta figura os acórdãos de fixação de jurisprudência que
também acabam naturalmente por ter uma enorme influência no direito
processual. Não deixam de ser decisões judiciais que só produzem efeitos
vinculativos no caso concreto mas lá está tem um regime que obriga a quando
algum tribunal quiser discordar da interpretação seguida pelo Supremo Tribunal
de justiça tenha de justificar porque é que discorda portanto acaba por ter essa
influencia.

 Doutrina

2
O pai do código do processo penal é o dr. Figueiredo dias,professor. Os
doutrinadores quando estudam os problemas vão escrevendo dando
sugestões. Não é que a doutrina dessa perspetiva seja uma fonte mas acaba
por condicionar muito as propostas de alteração ao código do processo penal.
Dou vos um exemplo, do atual contexto esteve durante bastante sempre em
consulta pública a estratégia nacional de combate à corrupção e a
coordenadora da equipa para delinear a estratégia opção foi dr. Maria João
Antunes e mais uma vez é professora. Naturalmente que a doutrina acaba
também por e foi também o estudo da Figueiredo dias que lhe permitiu
apresentar uma proposta de código como fez na altura da década de 80,
portanto acaba por também ter essa influência.

 Interpretação

A interpretação em direito penal é muito complicada especialmente por causa


da própria construção do tipo legal de crime. Estamos a falar do caso do
processo penal normas procedimentais, portanto esses problemas na maior
parte dos casos não existem e portanto a interpretação aqui naturalmente
segue as regras gerais de aplicação tal como plasmadas CC e com exigência
que é geral a todos os ramos de direito, sendo a interpretação
constitucionalmente conforme que no caso processo penal tem naturalmente
uma densidade termos de importância se calhar mais pesada do que noutras
áreas do direito.

 Integração de lacunas

Teoria dos círculos concêntricos

Art. 4º CPP- vem nos dar a teoria dos círculos concêntricos

O ART. 4º da nos a forma de conseguir integrar lacunas. A 1º coisa que ele diz
e ai se ve as diferenças abissais entre o processo penal e direito penal é que a
1º ferramenta que eu tenho para integrar a lacuna vai ser justamente o recurso
a analogia de normas do processo penal. É eu encontrar normas do processo
penal que possam servir para integrar aquela lacuna.

Isto significa que o passo seguinte que nos dá este artigo é o código do
processo civil e diz nos que quando não conseguir encontrar uma norma no

2
código de processo penal aí utilizo o código do processo civil. O processo civil
é o pai de todos.

Há uma coisa que o art. 4º não diz.

A compreensão entre o processo civil e do processo penal é completamente


distinta. Já vimos que não é disponível outro não é. Um tem a ver com a
litigância entre particulares e outros têm a ver com a perseguição da ofensa de
bens jurídicos fundamentais para descoberta da verdade material.

Portanto, enquanto por exemplo no processo civil o ónus da prova está


repartida entre as partes o autor e o réu tem que andar à batatada quem é que
consegue provar e o juiz fica quase sentadinha à espera, no processo penal o
arguido não como vimos há pouco tem a presunção de inocência. Portanto
ou o estado prova o arguido vai, fica livre. Tem essa arma da presunção de
inocência.

Se for uma lacuna de prova, de problemas de atribuição de ónus da prova faz


sentido aplicar a regra do processo civil em o que esta subjacente é
completamente diferente do que esta subjacente à prova no processo penal.
não faz sentido. Portanto, aqui as normas do processo civil só podem servir a
função de integração da lacuna quando tenham passado o filtro ... neste caso
aqui vou exercer uma função de controlo dos princípios gerais do processo
penal.

Eu para ir buscar a norma do processo civil tenho que 1º ver se essa norma
que eu vou buscar é compatível com os princípios gerais do processo. Ou seja,
aqui os princípios não estão a integrar a lacuna. Estão só a fazer o filtro para
perceber se a norma de processo civil que eu estou a ir buscar pode ou não
integrar a lacuna. Nesse caso se for uma norma do processo civil relativa a
atos de secretaria não há problema nenhum em ir buscar porque atos de
secretaria é uma coisa puramente procedimental. Mas se for uma coisa de
prova, uma norma de prova já é mais difícil ir buscar ao processo civil.

Finalmente o art. 4º refere nos os princípios gerais do processo penal. E


aqui sim com função integradora.

Ou seja, neste caso os princípios gerais do processo penal não estão a


controlar o recurso às normas do código do processo civil mas estão neles
mesmos na impossibilidade de encontrar uma norma de processo civil que
possa cumprir esta função integradora, estão eles mesmo a integrar a lacuna.

Aqui os princípios surgem com função de controlo e aqui surgem com função
de integração. Como o art. 4º só me está a dar a sequência como nós devemos
proceder à integração, só se refere o texto a esta parte.

Aplicação no tempo

2
Art. 5º- remissão art. 12º CC

O art. 5º nº1 do código de processo penal diz-se que a lei aplica-se para a
frente salvaguardando se a validade dos atos praticados ao abrigo da lei
anterior.

Neste sentido, em termos gerais a aplicação da lei processo penal no tempo


não levanta particulares dificuldades.

Todavia o nº2 estabelece se uma limitação e esta limitação tem a ver com 2
coisas. Tem a haver sendo processo penal um procedimento tem que ser uma
sequencia lógica de atos com vista o resultado final, se a alteração que sair
entretanto o processo se mediatamente aplicada puser em causa a própria
lógica dos atos que já foram praticados até aí no processo pendente... vamos
imaginar que o arguido já houve investigação, está a ser julgado portanto o
processo está a andar e estamos no momento do julgamento. O processo já
começou e aparece uma lei nova e a ideia se é aplicação imediata para a
frente quer dizer que se vai aplicar segundo o art. 5º nº1 por logica este
princípio geral vai-se aplicar também aos processos pendentes. Portanto já
começaram também se vai aplicar aí.

Exemplo: Vamos imaginar este senhor arguido que está já numa fase
relativamente adiantada do processo e, portanto, sai uma alteração ao código
do processo penal que vira o processo penal ao contrário. Aí não faz sentido
sob pena de até os atos já praticados nesse processo pendente perderem o
seu sentido enquanto lados. Não faz sentido nenhum aplicar essa alteração ao
processo que já está a correr, porque a diferença é tanta que dificilmente a lei
nova será compatível com aquilo que se fez ao abrigo da lei antiga e nesses
casos esse processo pendente vai continuar a ser julgado ao abrigo da lei
antiga.

Exemplo: Outra situação ligeiramente diferente tem um pouco também a


ver com o artigo 29º da Constituição.
Tem a ver com a própria compreensão do arguido e qual é a lei processual
penal mais desfavorável. Neste caso é um bocadinho a lógica da lei processual
penal mais desfavorável e agora já não estamos na limitação da aplicação
imediata da lei nova vindo da alínea b), tem a ver com esta lógica da quebra de
unidade e da harmonia do processo. o exemplo paradigmático aconteceu com
a revisão de 2007 por exemplo em que houve um paradigma que mudou
completamente, portanto essa lógica deixou de ser possível aplicar aos
processos que estavam pendentes

Mas situação diferente desta linha b) que tem a ver com a harmonia do
processo prende-se com a posição, o estatuto processual do arguido.
Isto quer dizer que a alínea a vai no fundo criar uma adaptação se quiserem
mitigada daquilo que os senhores já conhecem do artigo 29 da Constituição e
subsequentemente do art. 2º do código penal quanto a aplicação na lei no
tempo.

2
Se existir uma lei nova uma lei processual penal nova sendo imediatamente
aplicável piorar o estatuto processual do arguido num processo pendente essa
lei nova não pode ser aplicada imediatamente ao processo pendente.
Claro que vai ser aplicável aos processos que se iniciam entretanto, mas aos
processos pendentes não há aplicação imediata.
E aqui não estamos a falar de coisas dramáticas ou melodramáticas, ou seja,
coisas muito complicadas em que se veja literalmente que o arguido passou de
bestial a besta.

O melhor exemplo é o recurso.


Em processo penal a regra é, o prazo para interposição de recurso, de 30 dias.
De acordo com o artigo 32º nº1 da CRP o recurso que integra as garantias
fundamentais do arguido, faz parte do seu estatuto processual.

Vamos imaginar que sai uma lei nova que transforma esse prazo de 30 dias
num prazo de 15 agora voltamos a ver a ideia arguidos somos todos nós.

A lei nova não esta a mudar uma norma xpto, está a diminuir um prazo, mas
essa diminuição atendendo ao tipo de prazo que vai ter um impacto direto
daquilo que é o estatuto processual do arguido.
Naquele processo pendente começou o processo como arguido a poder ter 30
dias para ocorrer e se a lei nova se aplicarem imediatamente ele começou com
30 e vai ter só de 15.

Esta lei nova atendendo a que afeta fortemente o estatuto processual do


arguido quanto ao seu direito ao recurso que faz parte das suas garantias de
defesa, esta lei nova não se vai aplicar àquele processo pendente.
Nos temos de saber as implicações da alteração para saber se aplicamos ou
não o travão da alínea a.

Só uma nota quanto as normas processuais penais.


Porque é que isto é importante? É importante porque existem normas que
tendo implicação e aplicação direta no processo penal não estão previstas no
código do processo penal nem em leis avulsas. Estou me a refrir a normas por
exemplo sobre a prescrição do procedimento criminal.
Essas normas sobre os prazos de prescrição estão no código penal ou no
código de processo penal. Ainda que sejam normas que haver eu diria
fundamentalmente com a ideia de processo penal não obedecem por serem
normas materiais o que tem a ver com valores mais fundo essas normas
apesar de serem normas processuais mais também seguem o regime da
publicação no tempo constante do próprio código penal. Portanto aí acabam
por seguir o regime diferente daquele que vem previsto no art. 5º e sujeitando-
se normalmente ao regime do artigo 2º do código penal.

2
Aplicação da lei processual penal no espaço

Princípio da territorialidade

O direito processo penal não tem qualquer pretensão de uma aplicação


extraterritorial. O código processo não se quer aplicar fora ?. todavia que
naturalmente existem normas de cooperação internacional desde a decisão
europeia de investigação dentro da UE, desde institutos como a extradição ou
a transmissão de provas que também há convenções próprias, desde isso tudo
em que esses próprios instrumentos de cooperação internacionais que tem a
ver com a cooperação judiciaria em matéria penal.

A Alemanha quer vir buscar qualquer coisa de prova a Portugal, depois vem
definido se se aplica a lei alemã ou a portuguesa apesar do processo estar na
Alemanha. Nesse caso se se aplicar a lei portuguesa, vai se aplicar a lei
portuguesa ao processo estrangeiro.

Como tem a ver por exemplo com a recolha de prova as normas de recolha
não podem muitas vezes ser exportadas.

Não vamos dar esta parte da matéria.


princípio da territorialidade artigos 229º e ss.

Aplicação às pessoas

Nada diferente quanto ao que aprendemos em direito penal.

As imunidades aplicam se da Convenção de Viena para diplomatas e podem


existir limitações no contexto a certos titulares de cargos políticos como por
exemplo Presidente da República também têm normas especiais. De resto o
princípio geral é exatamente o mesmo direito penal aplica-se a todas as
pessoas independentemente da sua nacionalidade.
Nós vamos aprofundar uma das frases pelos senhores tenham pelo menos de
forma gráfica uma ideia mínima de como é que a tramitação qual é que é a ...

Fase
preliminar Instrução
Fase de Inquérito (facultativa) Julgamento Fase
(obrigatória) (fase recursória
Aquisição
Dirigida pelo obrigatória)
noticia do
Investigação dirigida JIC facultativa
crime
pelo MP

Investigação dos factos Apreciação dos factos

2
Temos a 1º fase que é a fase preliminar. E esta fase ainda não é um
processo penal propriamente dito porque tem a ver fundamentalmente que tem
que estar reguladas. Aparece um morto no Jardim, a polícia tem que por a
fitinha, tem que ver se há impressões digitais há pessoas que podem ser
paradas eu quero falar consigo alguma coisa não viu.

E, portanto, desta fase preliminar tem muito a ver com a aquisição da noticia do
crime, com as diligências de prova, com as medidas cautelares mas ainda não
entramos verdadeiramente no processo.

O processo inicia se com a abertura da 1º fase formal que é a fase de


inquérito.
Esta fase é uma fase por natureza de investigação é uma fase dirigida pelo
ministério publico.

Em termos de fase de investigação é aqui que o MP continua a arranjar prova


e toma no final da fase uma decisão se tem indícios suficientes para continuar
ou se não tem indícios suficientes para continuar.

No caso de considerar que os indícios são suficientes ele devera pronunciar


se por uma decisão de acusação do arguido.
No caso de não considerar que não tem indícios suficientes deverá
prounciar-se por uma decisão de arquivamento do processo.

Nós já vimos hoje que o nosso processo penal é fundamentalmente regido pelo
princípio da legalidade art. 2º mas nem todos os processos em todos ao
países se sujeitam a este princípio como nos. Existem países que no contexto
do processo penal rege se mais pelo princípio da oportunidade
maioritariamente nos EUA.

Ou seja, aquilo que nos vemos, se te chibares eu não te acuso, se me ajudares


eu não te faço, e muitos vezes o próprio MP pode brincar com a perseguição
penal ou não. Ele persegue o crime se for oportuno.

Nós não funcionamos assim é outro tipo de princípio da legalidade mas


também no contexto do princípio da legalidade processual penal. Só que
naturalmente como nós queremos uma justiça penal ágil se deu possibilidade
ao Ministério Público de vez em quando ter alguma margem de manobra que é
coisa que ele por regra não tem. E aí surgem figuras como a chamada
suspensão provisória do processo. Surgem figuras como arquivamento em
caso de dispensa de pena, ou seja, só um pequeno afloramento desta ideia de
oportunidade que acabam por dar outras alternativas ao Ministério Público.
Mas em termos mais rígidos pensando linearmente naquilo que é o processo
penal na forma mais pura aqui ou acusa ou arquiva.

Aqui não posso dizer que se segue certo porque esta fase pode não existir
porque é facultativa que é a fase da instrução. Ou seja, só tem início se um dos
sujeitos processuais a espoletar, a requerer a sua abertura.

2
E tanto pode ter início no caso de arquivamento como no caso da acusação
consoante o sujeito processual que a requer. Esta fase de instrução é dirigida
pelo juiz de instrução criminal JIC.

A seguir temos a fase de julgamento tal como a fase de inquérito é uma fase
obrigatória, mas neste caso já não é uma fase de investigação como o próprio
nome indica é uma fase de apreciação, julgamento. Esta fase é dirigida por um
juiz no tribunal.

Finalmente temos uma eventual fase também ela facultativa que é a fase de
recursória tem a ver com uma possibilidade que se abre após uma decisão
final sobre a culpa do arguido e nesse sentido só existe se alguém pedir que
ela se inicia. Também não é obrigatória e é dirigida pelo juiz do tribunal.

30/9/2021

Conformação constitucional do processo penal

A maneira que o um estado autoritário e um estado democrático tratam o


arguido é diferente, desde logo porque num estado democrático existem os
direitos, liberdades e garantias.
Quando nós temos um Estado autoritário significa que o arguido que serve o
cumprimento dos fins do Estado. O estado estabelece fins que quer
prosseguir define os fins que era perseguir e a partir daí coloca o arguido na
situação mais conveniente para o estado cumprir esses mesmos objetos.

Maria joao Antunes tem uma expressão que nos diz que o processo penal
como se fosse um sismógrafo da Constituição, portanto no fundo o processo
penal e a forma como ele está conformado ao ponto da regulação do processo
penal se percebe, digamos assim o modo como é tratado o arguido, são tudo
elementos que nos vão permitir perceber que tipo de Estado é que nós temos.
É uma espécie de prova dos 9 invertida.
Se nós olharmos para o processo penal que trata entre aspas mal o arguido
certamente não estaríamos no Estado democrático.

E, portanto, a nossa Constituição é também o reflexo disso mesmo. E nós


olhando para a nossa Constituição podemos basicamente identificar 2 pernas e
uma aula alma. A alma do processo penal é a alma da nossa Constituição.
Onde é que está a aula da nossa Constituição? É o artigo1º da dignidade da
pessoa humana.

A partir do momento em que a Constituição abre a sua proclamação com


obediência ao princípio da dignidade da pessoa humana isto significa se

2
mais não fosse isto tinha desde logo uma implicação direta para a legislação
ordinária. É que não podia processual, é que não podia existir ou não pode isso
nenhuma norma processual penal que não significa uma instrumentalização
dos sujeitos do processo aos fins do estado.

Mas como vos disse o processo na além desta alma tem também as chamadas
2 pernas e estas 2 pernas não são senão por um lado artigo 32, tem a ver com
a limitação que o estado faz assim mesmo ao estabelecer garantias
fundamentais no contexto do processo. Portanto no fundo se o processo é o
braço armado do Estado isto significa que quando o estado estabelece
garantias fundamentais no processo está a autolimitar, está a dar direitos ao
arguido.

E por outro lado temos também a outra perna que é o artigo 27.
E o artigo 27 funciona como outra perna precisamente porque o art. 27 vem
tratar daqueles que são os direitos fundamentais que mais diretamente,
digamos assim, encarnam aquilo que é o difícil equilíbrio do processo penal.

Por um lado, a situação de prever direito a liberdade e por outro lado prever o
direito à segurança. São estes 2 valores mais uma vez conflituantes que fazem
com que ou o modo como estes 2 valores da liberdade e a segurança são
regulados na Constituição fazem com que nós também percebamos aquilo que
tem de vir a ser o processo penal. E uma das coisas que é diferente no
processo do que é secalhar em outras áreas normativas, estou a pensar por
exemplo no processo civil, é que contrariamente ao processo civil, no processo
penal nós temos normas constitucionais de aplicação direta, ou seja, que
não precisam da mediação entre a Constituição e o código, ou seja, a
constituição aplica-se diretamente.

E isso é uma circunstância diferente, digamos assim daquilo que encontramos


noutros tipos processuais precisamente porque sendo sismógrafo da
Constituição ou noutra expressão também com popularizada direito
constitucional aplicado é precisamente o processo penal que vai refletir quer
o modelo político, quer o modelo ideológico do estado. Por isso mesmo nós
temos de perceber que sendo o braço armado do direito de punir, o processo
penal tem uma característica. É quando funciona praticamente ou quase
sempre está a bulir com direitos fundamentais. Está a afetar direitos
fundamentais, está se quiserem em último caso, a violar direitos fundamentais.
Esta é que é a dificuldade. Por isso é que nós precisamos das tais 2 pernas
que uma equilibra a outra.
Quer dizer desde logo, nós por exemplo, se olharmos para alguns artigos da
Constituição que estabelece direitos fundamentais e desde logo direitos
fundamentais que nós vamos a verificar vao ser seriamente afetados pelo
exercício do direito de punir, estou a pensar por exemplo no direito à
inviolabilidade do domicilio ou das comunicações, que Se Eu quiser investigar
um crime provavelmente vou ter de entrar em casa de alguém.

As buscas domiciliárias, ou seja quando entram autoridades do Estado em


vossa casa mesmo que vocês não queiram que elas entrem, estão a afetar, a
violar diretamente a inviolabilidade a domicílio. Quando entrando em vossas

2
casas encontram as vossas cartas de amor com pormenores escabrosos e as
levam para análise no processo...resta saber também olhando mais uma vez
por exemplo para o artigo 34 se essa correspondência acaba por ter de sofrer
como é uma correspondência pessoal um tratamento diferente daquilo que
acontece por exemplo com faturas da água, também são pessoais mas não
têm o mesmo nível.

E então procurando dar um exemplo dos equilíbrios antes de começarmos a


olhar para as normas constitucionais em concreto... se é certo que o estado
para investigar tem de entrar em nossas casas se não conseguirem entrar
dificilmente conseguirá obter prova para depois conseguir conduzir o processo,
também é verdade precisamente porque inviolabilidade do domicilio é um
direito fundamental protegido, nós não podemos aniquilar por completo no
exercício do poder punitivo.
Ou seja, uma coisa é nós assumirmos que no exercício do poder punitivo do
Estado, este vai ter de afetar ou violar direitos fundamentais, isso é uma coisa.
Outra coisa é eu aceitar que o estado faça tábua rasa desses direitos da
nossa pessoa.
Seria fazer tábua rasa literalmente apagar aquilo que é o direito fundamental à
inviolabilidade do domicílio.

Mas se nós admitimos que o estado pode entrar, também podemos limitar as
circunstâncias em que ele pode fazer. Por exemplo tornar a possibilidade de
entrada por regra geral dependente de um mandato policial.
Por outro lado, ainda também há uma limitação quantas horas. Por regra geral
em termos de busca judiciárias as autoridades só podem ajudar entre as 7 da
manhã das 9 da noite.

Isto significa também que há uma espécie de um travão implícito quando nos
assumimos o exercício do direito de punir é por definição uma violação de
direitos fundamentais. Só podemos ir até onde a proporção dos outros
interesses que estamos e tentar realizar nos permitir. No fundo o princípio da
proporcionalidade art. 18º, e por outro lado se temos que ser proporcionais
entre os interesses perseguidos e aqueles que estamos a violar naturalmente
nunca podemos fazer tabua rasa, nunca podemos ultrapassar aquele ?
essencial do direito fundamental.
Assim nós percebemos que nesta conformação constitucional temos de partir
para a sua analise e compreensão detentores da ideia da alma art. 1º, pernas
art. 27º e 32º e também esta limitação que não decorre diretamente de uma
norma que é não poder afetar o pelo núcleo essencial do direito fundamental e
naturalmente que qualquer intervenção sobre direitos liberdades e garantias ter
de obedecer ao art. 18º da CRP.

Isto são os pontos de partida. E enquanto pontos de partida importa nos olhar
para as normas constitucionais e vamos começar pelo art. 27º para nos
percebermos como é que trabalhamos a logica da conformidade constitucional
da constituição...

Podemos encontrar em termos de código 3 tipos de normas:

2
 Princípios programáticos
 Normas de incidência/aplicação direta
 Normas de incidência necessária

Mesmo molhando para o art. 27º vemos o princípio programático.


27º nº2- em que circunstâncias é que o direito à liberdade pode ser restringido
pelo estado,

O direito à liberdade pode ser restringido pelo Estado no contexto de uma


decisão judicial transitada. Já não tem possibilidade de recurso.

Se nós pensarmos na prisão preventiva estamos a pensar numa circunstância


em que ainda não há uma decisão de condenação. no fundo significa
necessariamente que eu estou a privar alguém da liberdade sem uma decisão
de culpa sobre essa pessoa. É durante o processo e não no final do processo.

Esta figura nós não tivéssemos mais nada seria uma contradição direta com
art. 27º ,ou seja se isto fosse assim basicamente mais valia nós pegarmos no
código processo penal e mandávamos lixo. Não podíamos fazer uso dele. Por
isso mesmo é que nós encontramos normas como o art. 28 da Constituição
que legislação específica a propósito da prisão preventiva, ou seja, um caso
especial de privação de liberdade e imediatamente a seguir ao artigo 27 e
temos por exemplo normas que mesmo em termos de redação já não são
programáticas são as tais de aplicação direta...mesmo no art. 27º nos
conseguimos identificar 2 tipos: o princípio programático nº1, mas se
olharmos para o art. 27º nº3 alínea b) da CRP reparam que essa norma já não
é propriamente uma norma programática. Já é uma norma processual.
Porque vem nos dizer que eu só posso prender alguém preventivamente se
tiver desde logo “fortes indícios da prática de crime doloso a que corresponda
pena de prisão cujo limite máximo seja superior a 3 anos “.

Ou seja, o detalhe desta norma faz com que a mesma não preciso, em último
caso, da mediação da norma ordinária do processo para ser diretamente
aplicável no processo penal. Significa que o código de processo penal acaba-
se por prever uma norma que não falasse quanta à admissibilidade da prisão
preventiva de fortes indícios mas apenas de indícios, portanto não
acrescentando a exigência do “forte”, essa norma seria materialmente
inconstitucional mas o problema já tinha solução na Constituição.

A primeira norma que invocamos em situações como a prisão preventiva não


é norma do código de processo penal é a norma da Constituição, porque esta é
uma norma de incidência direta no processo, não precisa da mediação do
processo penal.

A prisão preventiva tem esta particularidade de além de ter uma norma


constitucional própria, ter normas que são de aplicação a incidência direta
aplicação direta e a coisa é de tal forma grave em relação à liberdade que
mesmo no art. 28º encontramo-nos coisas tão estranhas como o prazo de 48
horas.

2
em que alguém por exemplo é apanhado com uma quantidade de álcool no
sangue acima da taxa legal estamos a falar de uma sexta-feira à noite, não
estamos em Lisboa quem pode não haver todos estamos numa Terra mais
perdida e tem que se esperar que venha o juiz basicamente validar ou não a
detenção por exemplo e depois de passarem por essa experiência eu vou
perguntar aos senhores se 8 horas é muito pouco.

De qualquer das maneiras, o cuidado da Constituição se nós olharmos para 28


número 1, basicamente é uma norma processual. Mesmo que não houvesse
uma norma no código ou mesmo que houvesse uma norma no código que
dissesse o contrário, esta norma sobrepor se ia sempre.

A preocupação da Constituição com a liberdade é de tal maneira que o estado


qualifica como abuso de poder todas as limitações de liberdade que não
sejam legitimadas e daí nasce uma figura que é a figura do habeas corpus
prevista no artigo 31 CRP.
Se nós quisemos perceber a triangulação do cuidado com a liberdade
encontramos normas destes 3 tipos, no contexto do art. 27º, 28º e 31º CRP.

Em segundo lugar, indo à segunda perna temos o artigo 32º estabelece


literalmente se quiserem o artigo 32 é nano código. É um nano código de
processo penal porque da literalmente todo o esqueleto do processo.

Art. 32º nº2, este é de tal talvez a porta pela qual nós devemos entrar no
processo penal. A primeira frase que fui dizendo do processo penal ser um
sismógrafo da Constituição, temos de perceber quando olhamos para o
processo penal como é que estão arrumados os sujeitos.
E naturalmente que é diferente perceber que um sujeito que tem direitos
fraquinhos que é o caso do arguido, o arguido possa ter direitos fraquinhos ou
que o arguido possa ter e isto esteja constitucionalmente consagrado a referida
presunção de inocência. É o ponto de equilíbrio entre Estado e o arguido.

Mas o nº2 do artigo 32 além da presunção de inocência também proclama


digamos outra garantia que a justiça célere mas isso não é tanta porta de
entrada.

Tendo nós passado a porta, a primeira coisa que temos de perceber, ou seja,
já um filtro de saber que tem essas garantias além da presunção de inocência
é dizer que o arguido tem todas as garantias de defesa incluindo o recurso
como vem no nº1.
Isto é importante porque se existisse uma lei ordinária que não consagre o
direito ao recurso esta norma ainda que não seja detalhada, consegue ter
aplicação direta portanto em último caso havia um recurso ad hoc mesmo que
não houvessse (?).

Alem disso esta previsão apesar de não ser detalhada como vimos por
exemplo artigo 27º do 3 alínea d que essa não precisava praticamente mais
nada; esta previsão do número 1 do artigo 32 basicamente diz nos ainda uma

2
outra coisa. Se existir uma alteração no código de processo penal que limite o
direito ao recurso essa alteração acaba por se tornar materialmente
constitucional.

Ainda no contexto do artigo 32º, encontramos também normas distintas. Já


tínhamos visto que existem normas muito concretas além do 3 alínea b, por
exemplo estou a pensar no nº4, no fundo é uma norma que também nos vai
dizer que direitos que o arguido tem quando passa a ser arguido.

...Lei ordinária vai naturalmente influenciar o modo de Constituição do arguido.

Mas também temos do artigo 38 estamos a ver outras informações


condicionam que são mais do programáticas, condicionam diretamente a forma
de conformação do processo.

 Art. 33º nº3 (remissão para o número 4 do artigo 27º)

O nº3 do artigo 32º diz 3 coisas distintas e não apenas uma coisa.
Diz nos desde logo que o arguido tem direito a ser assistido por defensor, diz
nos que em alguns casos, que a lei ordinária ira determinar, a assistência por
defensor é obrigatória.

E diz nos ainda que o arguido pode escolher o seu defensor, podendo se fazer
acompanhar por ele sempre que o queira ou seja mesmo que essa assistência
não seja obrigatória.

A lei ordinária, o código não o código não pode distorcer, digamos assim, este
imperativo constitucional. Outra das coisas que nós vamos tem a ver com o
número 5 a propósito da estrutura do processo penal, ou seja, a Constituição
não dá margem de manobra ao legislador ordinário para conformar o tipo de
estrutura que o processo deve ter. Impõe uma estrutura que é acusatória.

 Art. 32º nº8

Quanto ao processo propriamente dito, quanto à parte das provas.

Nós falamos da logica da verdade e isto artigo vem nos dizer que existem
limitações quanto ao modo de se chegar a essa mesma verdade.

 Art. 32º nº7


Para fechar o artigo 32 desta análise tópica, temos ainda o número 7. Ou seja
no fundo para dar a ideia que a própria Constituição, naturalmente está mais
preocupada com a liberdade, com o arguido, com o processo mas também
obriga o legislador ordinário, ainda que não especificando como, obriga o
legislador ordinário permitir a intervenção do ofendido.

2
Ou seja, ainda que nós quando estamos no processo administrativo, a em
relação é vertical, entre o estado e os cidadãos.
Quando estamos no processo civil, estamos a falar da relação entre
particulares.
Quando estamos no processo penal temos uma relação triangular. Porque
além do Estado e o arguido vamos ter também um terceiro elemento que a
Constituição obriga a ter em conta que é aquilo a que se chama ofendido, a
vítima, o assistente.

Isto significa que estas duas normas são normas que naturalmente definem
qualquer código de processo penal. Mas naturalmente temos outras são de
igual importância. Não são tão diretamente orientadas digamos assim para o
processo pena, aparentemente. Estão aparentemente só definir alguns direitos
fundamentais mas basta vermos os números 3 e 4 do artigo 34 da Constituição
para perceberem que temos logo aí no número 4 uma norma de incidência
que não é programática mas que remete para a regulamentação ordinário, não
é tao incisiva, estabelece as bases.
Não é programática mas é digamos uma projeção de princípio.

E temos uma norma direta em sentido próprio que é o número 3 que nos
faz lembrar aquilo que já lemos da alínea d) do nº 3 do artigo 27º, que é tão
detalhada não precisa de nenhuma norma ordinária para se perceber as
limitações por exemplo que estão ali em causa quanto aos direitos
fundamentais protegidos pelo artigo 34º.

Além destas normas temos outras que não estão naturalmente pensadas.
Portanto basicamente temos um 27,28, 31, 32 e 34.
Nestas normas com incidência direta, quer sejam de aplicação direta, quer seja
programáticas são no fundo a Constituição processo penal.

Temos claro o artigo 18 também já conhecemos, o artigo 27 e 28, 31 e 32.


Naturalmente que o nº 1 do art. 29º que já conhecem do direito penal também
tem a lógica de limitar a possibilidade de aplicação de pena, através de uma lei
previamente existente. O direito processual penal não pode aplicar uma lei
retroativamente em violação, coordenar o arguido por uma lei penal em termos
retroativos violando o princípio da legalidade criminal.
Mas não norma processual em sentido próprio. As outras temos estado a ver
perceberam que tem teor processual.
Mas temos normas constitucionais que têm naturalmente a chamada
incidência necessária, ou seja, não estão pensadas para o processo penal
mas a partir do momento em que o processo penal é um processo que
naturalmente se aplicam... e o exemplo mais evidente, o mais fácil é o artigo 20
que nos fala do acesso ao direito e tutela jurisdicional efetiva é um artigo que
não está pensando para o processo penal contrariamente ao que temos estado
a ver até aqui.
Mas naturalmente não conseguimos perceber o processo penal, portanto
porque é uma norma geral a todos os processos portanto todos os cidadãos
tem de ter acesso ao direito etc.

2
Tal como o artigo 20 temos outros exemplos: 272º, 219º, 215º, 216º , 203º,
202º portanto são tudo normas que não são pensadas especificamente para o
processo penal mas que tem incidência direta no processo penal.

Art. 206º audiência dos tribunais

Este artigo faz referência ao chamado princípio da publicidade da audiência,


ou seja, o julgamento na medida que trata da administração da justiça em
nome do povo tem de ser à porta aberta e não à porta fechada.

Este princípio da publicidade determina que a regra de orientação


...voltando ao artigo 206 do julgamento decorre dos ideias iluministas, o nosso
processo alias é muito influenciado dos ideias iluministas. Cesarea baccaria
escreveu o livro dos delitos e das penas e vem precisamente dizer que os
julgamentos sejam públicos para que o povo possa ver a justiça a ser feita
perante os seus olhos.

Além destes princípios, repito não sendo processuais penais tem incidência
necessária no processo penal temos pois uma outra ideia que temos de tratar
antes de fecharmos este ponto.

Responsabilidade penal das pessoas coletivas

Desde 1979, que o ordenamento jurídico português de forma até bastante


revolucionária introduziu uma primeira aproximação para o direito penal
extravagante, daquilo que hoje todos conhecem como responsabilidade penal
das pessoas colectivas.
Essa responsabilidade penal que foi alargada em 1984 ...até que em 2007 a
responsabilidade penal das pessoas coletivas passasse a ser expressamente
prevista no número 2 do artigo 11º do código penal prevendo-se mesmo para
as pessoas coletivas um catálogo de crimes bastante extenso relativamente
aos quais as mesmas podiam responder.

Se as pessoas coletivas respondem penalmente quer dizer que também virão a


ser arguidas em processo penal. Para aguem responder penalmente não pode
ser senão por via do processo penal. pela logica da batata frita, nós
deveríamos ter um código penal que não fosse centrado e pensado
praticamente de forma exclusiva para as pessoas físicas ou individuais
pessoas de carne e osso.
temos um problema das pessoas coletivas no processo penal.
Aquilo que temos estado a ver agora da perspetiva dos direitos fundamentais
tem estado a ser abordada a partir da lógica da pessoa física ou singular e
naturalmente importa inclusivamente também já falámos da prisão preventiva e
naturalmente que importa perceber em que medida é sendo as pessoas
colectivas arguidas em processo penal beneficiam ou não dos mesmos direitos
que as pessoas físicas.

2
Artigo 12º nº2 CRP, vem os dizer que às pessoas coletivas são reconhecidos
direitos fundamentais que sejam compatíveis com a sua natureza. Ora só para
nos entendermos lógica destas dificuldades, vou dar uns exemplos
relativamente aos quais há bastante jurisprudência do TC. Acabámos de ver no
contexto do artigo 34º nº3 algumas limitações quanto à possibilidade do
domicílio ser afetado no contexto do processo penal.

Claro que uma das questões que imediatamente se coloca é se faz sentido
aplicar o conceito de domicílio as pessoas coletivas. Isto é particularmente
importante como devem imaginar pensando na diferenciação do regime entre
as buscas em termos gerais e as buscas domiciliárias. As buscas gerais são
menos limitadas digamos assim porque as buscas domiciliárias têm mais
requisitos, mais pressupostos, são mais apertadas.

As pessoas coletivas beneficiam da proteção à inviolabilidade do


domicílio? Relativamente a isto já temos a posição do TC.
que nos vem dizer que atendendo às implicações do conceito de domicílio o
mesmo não é extensível às pessoas coletivas e portanto isto significa que as
pessoas coletivas não poderão beneficiar do regime artigo 177º que é mais
limitado e portanto as buscas que sejam ordenados não só às sedes, filiais etc
seriam sempre do regime geral de não do regime mais restrito das buscas
domiciliarias. Pensando nas pessoas coletivas esta proteção dos direitos
fundamentais não é tão linear como é relativamente as pessoas singulares.

Estrutura do processo penal

A estrutura do processo penal tem que ser compreendida como um longo


percurso que começa no sec. 13.

Objetivamente se não fosse o santo oficio da inquisição nos hoje dificilmente


teríamos processo.
Naturalmente que o santo oficio da inquisição tinha a ver com a ideia de
perseguição religiosa aqueles que não alinhassem com a religião ?, teve uma
característica ou iniciou uma preocupação que até esse momento ...
preocupação nessa altura legitimar o castigo porque precisamente antes disso
antes da inquisição, quando havia aquela lógica de dizer que alguém era erege
ou que tinha tido relações fora do casamento a verdade é que essa pessoa
pela mera indicação ou denuncia de outras normalmente eram denúncias
colocadas em bocas de pedra nas praças ou sussurradas ao ouvindo de um
qualquer agentes, essas pessoas imediatamente sem qualquer outra diligência
automaticamente iam parar à fogueira.

E, portanto, quando o santo oficio nasce porque nasce como instituição que se
pretendia ser séria, pretende-se legitimar, digamos assim, o castigo que era
infligido àqueles que não respeitavam sua religião católica.

2
E, portanto, institui se uma lógica de procedimento com vista à obtenção de
prova para o apuramento da verdade só que aqui a verdade que se pretendia
era a designada verdade histórica. Ou seja, o fim último e o fim único era
precisamente chegar à verdade independentemente daquilo que fosse um meio
para chegar a essa mesma verdade.

Nesse sentido, não obstante nós termos o tal procedimento, nos tínhamos uma
plena objetificação da pessoa acusada no contexto do processo.

Sendo por exemplo o rodrigo perseguido por erege, isto significava que os
inquisidores, e dai o processo ter o nome de estrutura inquisitória,
investigavam, ou seja, queimavam um bocado, punham no esticador e
claramente que falava mesmo que não tivesse feito nada. Porque a confissão
ao tempo era efetivamente o grande meio do próprio, ainda hoje tem um
tratamento privilegiado mas ao tempo era o grande meio de prova, a chamada
prova rainha.
Portanto uma vez com existindo confissão considerava-se que todos os factos
alegados se consideravam provados.

A vantagem deste primeiro momento é que nos traz a ideia de procedimento


probatório. Ou se quiserem a ideia de procedimento, se instituir uma coisa
entre a notícia do crime que era na altura “o rodrigo é erege” e a condenação
pelo crime que antigamente antes disto, antes do santo ofício, num dia é erge
no dia a seguir o rodrigo ardia.

Filme: da rosa.

Uma das desvantagens desta estrutura inquisitória é que era o inquisidor


que espacialmente uma primeira fase investigava, lá está inquiria, acusava e
depois também julgava. Portanto era a mesma pessoa no princípio ao fim.
Sendo que o arguido aqui era tratado lá está como mero objeto do
procedimento; não tinha quaisquer direitos protegidos, não tinha quaisquer
garantias processuais, portanto a única coisa que tinha que fazer era
apresentar-se ao processo.

Naturalmente que, este procedimento fica estranhamente cristalizado ainda


com algumas matizes fundamentalmente do século 16 mas ainda serve como a
lógica, não obstante o renascimento anda sempre com uma lógica muito
inquisitório, ou seja, muito opressiva da posição do arguido e de uma ideia de
preponderâncias precisamente quando se começa a dar um movimento da
publicização da administração de justiça, portanto quando começa a ser o
estado a administrar a justiça na igreja, porque a inquisição tem a ver com a
igreja e não com o estado.

Este movimento de publicização da administração da justiça quando


começa a ser estado, naturalmente acaba por pôr à frente de tudo o interesse
do Estado na descoberta da verdade. Entretanto eis que alguém aceda luz e
entramos no iluminismo.

2
Os ideias liberais naturalmente que acabam por ter um fortíssimo impacto no
âmbito do processo penal, da perseguição penal.

Desde logo que da mesma maneira a partir do século 15 somente


especialmente com a obra pico della mirandela sobre o ensaio sobre a
dignidade da pessoa humana, quando se começa a ensaiar esta ideia da
dignidade da pessoa, do valor intrínseco de cada, e isso dever ter
consequências jurídica no contexto do direito, a partir do momento em que isso
começa a ser assim, quando o iluminismo se instala basicamente o que
acontece é que passamos a ter um cidadão em relação com o Estado e já não
um objeto do estado ao serviço do seu fim.

Este cidadão passa a ter uma ajuda sendo reconhecida a presunção de


inocência. Só que como estamos em pleno liberalismo também isto significa
que o cidadão considerado homem livre e racional tem a mesma
responsabilidade probatória no processo que o estado, ou seja, consagra se
precisamente a partir daquela ideia do cidadão em relação com o que é o
princípio da igualdade de armas.

Só que esse princípio da igualdade de armas significava no período liberal,


portanto basicamente até ao final do século 19, significava uma
autorresponsabilidade probatória de ambas as partes, ou seja, do arguido que
era considerado parte do processo portanto em relação direta com o estado e
do estado em relação direta com o seu cidadão. Institui se ainda como grande
novidade o princípio da acusação ou a estrutura acusatória que vemos
ainda hoje consagrada nº5 art. 32º

E a estrutura acusatória tem muito a ver com a ideia de justiça na


administração da justiça, ou seja, quem julgava tinha de ser imparcial face
quem investigava.

Como é evidente se for a mesma pessoa que investiga, que recolhe a prova, e
depois julga não vai ser imparcial relativamente ao teor da própria acusação.
Portanto, naturalmente não vai dizer que vou mandar o trabalho todo que tive
para o lixo. Tornou-se evidente que era necessário separar a Entidade que
acusava da entidade que julgava e é isto que quer significar o princípio da
acusação ou a estrutura acusatória.

Entidade que acusa tem de ser sempre distinta da entidade que julga.

Em termos liberais, naturalmente nós podemos discutir se fazem muito sentido


todas as novidades, digamos assim, todas as novidades introduzidas no
processo penal quanto à sua estrutura.
E se é certo que nós não podemos senão deixar de concordar com presunção
de inocência, imediatamente os senhores compreenderão que há tanta
igualdade dada do processo penal como há no mundo, zero.

As posições não são as mesmas e isso também causava entre o ? e


discussões na própria administração da justiça, ou seja, se nós
considerássemos que o arguido estava na mesma posição que o estado, aqui

2
as relação não é horizontal como é o processo civil... as posições não são
iguais no processo penal e por isso mesmo também houve alguma insatisfação
com a lógica de a liberdade e a racionalidade do Homem de custar ser tão
responsável pela prova mesmo com os seus meios do que o estado.

Estavam os ilustres a discutir estas ideias quando no final do século 19 começa


a verificar-se em termos políticos também um crescimento que depois varreu a
Europa toda Dos Estado autoritários. Não são os absolutistas do tempo da
inquisição, mas os estados autoritários.

É um movimento que se verifica começando em finais sec. 19 mas que perdura


e acentua em boa parte no sec. 20 como na Alemanha, Itália, frança, Espanha,
brasil.
Naturalmente que os regimes autoritários não podiam aceitar uma estrutura
acusatória do processo que assentavam ideias opostas aquelas do liberalismo.

E, portanto, como é evidente existiram alguns ?.


Nós estamos perante uma encruzilhada nesta altura quando surgem os
Estados autoritários em que certos direitos já faziam parte do património,
digamos assim, social e, portanto, era muito difícil esmagá-los completamente.
Portanto voltar ao período da inquisição pura. Os Estados autoritários na sua
esmagadora maioria que criaram uma coisa que é a estrutura mista. Esta
estrutura mista que no fundo tem elementos basilares da estrutura acusatória
com traços característicos da estrutura inquisitória.

Então o que é que se fez? Eliminou o princípio da igualdade de armas como


estatuto do arguido e, portanto, deixou de ser considerado que arguido e
estado estavam em igualdade de armas. Deixou se de considerar e bem.
Isto foi uma coisa “boa” que decorreu desta estrutura mista.

Nós tínhamos uma estrutura acusatória aliás tínhamos as magistraturas todas


do Ministério Público instituídas o processo já corria dessa maneira e, portanto,
continuávamos a ter o Ministério Público a ser responsável pela fase inicial
investigação que ainda hoje designa fase inquisitória, que está a ser
investigado sendo que o tweak é que havia uma coisa que designou instrução
preparatória em que era o juiz que depois dizia o Ministério Público Se acusava
ou se não acusava.
Aparentemente havia separação entre entidade que acusa e entidade que
julga, materialmente era o juiz que decidia se havia ou não acusação. Foi uma
forma distorcer aquilo que era o princípio da acusação sem ostensivamente o
eliminar.

Claro que nos tivemos uma revolução em 74, e se na estrutura mista no código
de 29, naturalmente que o estado sendo autoritário, são os interesses do
Estado passam à frente dos interesses dos cidadãos é esta a lógica do Estado
autoritário, há também uma diminuição correspondendo dos direitos e garantias
dos cidadãos no processo penal. Portanto estava Toda A Gente chateada além
de muitas outras coisas, portanto arguidos cidadãos tudo do contra.

2
A dificuldade que acontece como devem imaginar é que não se faz um código
do dia para a noite. E, portanto, nós tivemos o código de 1929 muito adaptado
até 1987. O nosso código de processo penal é de 1987 desenhado pelo
professor Figueiredo dias.

A Constituição já dava as grandes linhas orientação de como teria de ser


necessariamente o processo penal tendo havido o cuidado de atendendo aos
abusos do regime anterior, estabelecendo normas aplicação direta que não
dependiam da reestruturação de um código de processo penal que as
respeitasse.
Por isso é por exemplo encontramos normas como a alínea b do número 3 do
art. 27º portanto uma espécie de pré código no código.

Em 1987, o que se procurou fazê-lo foi ir buscar o que era bom a cada um dos
grandes momentos históricos que tínhamos vivido ate ai.
Naturalmente que qualquer processo penal praticamente em qualquer parte do
mundo ocidental é devedor do santo de ofício, porque esta ideia de
legitimação através do castigo nasce do santo ofício.

Portanto, naturalmente nós vamos buscar ao Santo ofício a ideia de se terem


de recolher provas, por isso é que o nosso processo não começa logo por
julgamento, formalmente começa por uma fase de investigação, uma fase
inquisitória.

Mas objetivamente em termos estrutura nós não podíamos fazer assentar o


processo penal garantista numa estrutura inquisitória que já percebemos que
não corresponde aos ideais em que o nosso país assenta.

E, portanto, o nº5 do artigo 32 da CRP imediatamente estabelece como


estrutura constitucionalmente imposta a estrutura acusatória. Ou seja, a
imposição da separação, a imposição material da separação entre quem acusa
e quem julga.

Mas a verdade é que o dr. Figueiredo dias inspirado também em outros


modelos europeus, e pensando a verdade histórica não pode ser um fio último
e pensando que num estado democrático de direito, o estado liberal
democrático de direito, os direitos fundamentais são importantes, considerou
também que a verdade do processo não poderia ser a verdade histórica
ontológica e teria de ser a verdade material.
O que é que isto quer dizer a verdade material? É uma verdade que não é a
qualquer custo, é uma verdade, tal como nós vimos no nº8 do artigo 32º da
Constituição, é uma verdade tem de ser mantida dentro das limitações do
respeito pelos valores essenciais quer da dignidade da pessoa humana, quer
dos direitos fundamentais dos cidadãos.

Assassino o Rodrigo está a ser investigado como assassino psicopata. A Inês é


polícia e invoca o rodrigo para interrogatório. A Inês não obstante do seu
aspeto delicado pega num em pau em brasa, ferro em brasa e começa a ir
queimando o Rodrigo. e o Rodrigo diz logo que matou 32 pessoas. E matou as
mesmo.

2
Só que esta verdade histórica ontológica não pode ser verdade no processo
penal. É uma verdade que nunca será verdadeira no processo penal, porque a
forma de lá chegar é constitucionalmente proibida.

E é isto que quer significar a lógica da verdade material.

O que se tentou fazer na estrutura do processo foi fazer o equilíbrio entre por
um lado a tutela dos interesses do Estado, o estado continua a querer apurar a
verdade mas mete verdade material para não ser uma verdade histórica todo o
custo e o equilíbrio entre essa tutela da verdade que é o interesse do Estado e
a garantia dos direitos dos cidadãos.

Claro está se eu inchar os cidadãos e o arguido de direitos eu estou a castrar o


estado também. Isto aqui tem que haver aqui um equilíbrio qualquer.

Se encho o arguido de direitos e limito brutalmente do Estado não consigo


chegar à verdade porque reparem há aqui ainda outro ponto.

É que nós temos de perceber depois quais é que são os deveres de prova de
cada um dos intervenientes processuais. E continuamos a ter a presunção de
inocência, nasceu no liberalismo e continuou.

Então o que é que se faz para tentar o equilíbrio em termos de estrutura?

Faz se assentar até por imposição constitucional o processo penal na estrutura


acusatória, na ideia da separação de entidades, sendo que esta estrutura vai
ser mitigada por um princípio da investigação; e esta mitigação encontra-mo
-la desde logo por exemplo artigo 340º no código do processo penal.

Esse artigo vem nos dizer uma coisa que aparentemente é contraditória face
ao percurso que temos vindo a fazer até aqui. É que o juiz investiga. O juiz
ordena provas.

Porque é que isto é importante e quais é que são as limitações desde ter
de investigar?
MP JUIZ

Na estrutura acusatória mitigada pelo princípio da investigação temos que


imaginar que há uma divisão entre a entidade que acusa e a que julga.

2
Se olharmos 340 estes juízes estranhamente tem poderes para investigar e
nós precisamos de perceber... então se nós mandámos vir com a estrutura
inquisitória que o juiz podia fazer o que lhe apetecesse, acusava, julgava.

Agora supostamente num processo penal cheio de garantias parece que é um


retrocesso. Não é. Porquê
Desde logo, porque se ele atribui outro significado ou implicação em termos
probatórios à presunção de inocência.

O contexto da estrutura mista foi eliminada, digamos assim, a ideia de uma


igualdade de armas entre o arguido e o estado e essa ideia no fundo como é
que foi importada para o nosso processo penal?

Desde logo dizer se há uma presunção de inocência, o ónus prova pertence


ao Estado na medida em que o arguido beneficia dessa presunção, é o Estado
que tem de conseguir reunir provas suficiente para inverter a presunção da
qual beneficia o arguido. E portanto, o arguido deixa de ter a auto
responsabilidade probatória deixa ter obrigação de apresentar prova.

Além disso a forma de aproveitamento do princípio da igualdade de armas é


dizer que no contexto da atividade probatória...uma coisa é eu dizer que o
arguido não tem obrigação, e isso é garantista; Outra coisa é eu admitir que
querendo apresentar prova o arguido se encontra em igualdade de armas
relativamente à outra entidade, ao Estado. Ou seja, pode apresentar prova nas
mesmas circunstâncias também pode convocar testemunhas, pode apresentar
papéis, pode fazer em termos de prova aquilo que o estado também pode
fazer. E depois que isto funciona por uma razão relativamente simples.

Estrutura inquisitória:
Este juiz único começa por investigar a e descobre 4 coisinhas.
Mas, entretanto, durante a fase de julgamento chega a conclusão que são 6
coisinhas mas como ele tem legitimidade para acusar alarga e em vez de julgar
só pelas 4 coisinhas vai julgar pelas 6.

Ele pode chegar aqui e o nosso Rodrigo além de ser herege poderia
cumulativamente ser logo psicopata assassino.

Na lógica da cultura acusatória no sistema é um bocadinho diferente.


O Ministério Público descobre 2 coisinhas e, portanto, parece que fecha estas 2
coisinhas numa espécie de pacotinho e chuta quando acusa para o juiz.

Só que este juiz para ter a certeza que estas coisinhas são mesmo estas 2
coisinhas e a segunda coisinha não tem assim uns buracos por exemplo, vai
investigar só dentro destas coisinhas não pode acrescentar a terceira coisinha.
Esta limitado pelo designado objeto previamente definido pelo Ministério
Público. Isto chama se o princípio da vinculação temática. Ou seja o juiz
investiga dentro do tema, se quiserem, que lhe vem dado pela própria
acusação.
Não pode alargar esse objeto.

2
O juiz está vinculado ao Tema do processo que Ministério Público lhe dá.

Vamos imaginar que em pleno julgamento estamos a julgar o Rodrigo pelo


crime de heresia. De repente chega alguém e diz que o rodrigo matou meu
filho. Essa informação não pode ser tida nesse processo em que já em fase de
julgamento; é isso que isto quer dizer.

A única coisa a que o juiz não está vinculado é ao embrulho, digamos assim,
que o Ministério Público faz das coisinhas. Vamos imaginar que a Mariana tirou
computador ao Pedro e além disso deu 3 socos. portanto temos os 3 socos e o
computador e o Ministério Público vai dizer que há crime de furto e o crime de
ofensas à integridade física; as bolinhas são os socos e tirar o computador.

O juiz pode investigar se deu mesmo 3 socos, afinal foram 4. Mas ele olha
para as 2 bolinhas juntas e diz que isto não é furto mais ofensas à integridade
física. Diz que é crime de roubo.

Portanto enquanto que ele na investigação está limitado pelo teor dos factos
mandato pelo conjunto mandados pelo Ministério Público, portanto não pode
dessa perspetiva violar se o princípio da acusação; é a acusação que define
o Tema, portanto o princípio fica garantido e a estrutura é acusatória, há
separação de entidades; o juiz depois o que não precisa é de dever obediência
digamos assim, à qualificação que o Ministério Público possa ter feito em
termos jurídicos.

Mas isso é uma coisa diferente. Portanto aqui nós temos aqui então na
possibilidade da investigação a estrutura do processo penal português,
estrutura acusatória mitigada pelo princípio da investigação.

Isto significa que nós para percebermos a dinâmica do processo penal


português temos sempre de ter como linha de fundo 3 ideias em termos de
estrutura.

Tudo o que seja o alargamento do Tema do processo após a acusação, está


diretamente em colisão com o nº 5 do artigo 32 com a estrutura acusatória.
Tudo o que seja permitir ao juiz acrescentar bolinhas ou coisinha está a ir ao
arrepio deste nº 5 do artigo 32.

Por outro lado também é importante perceber o artigo 32 o que obriga é que
existe a estrutura acusatória, ou seja, que exista separação entre a Entidade
que acusa e a Entidade que julga mas desde que esta separação seja mantida
não obriga a que o modelo seja um modelo que acusatório puro e por isso
mesmo pensando na tutela, digamos assim, de equilíbrio entre os interesses do
estado e os direitos fundamentais, o modelo que nós temos é um modelo que
impede que o juiz não seja responsabilizado pelo próprio cumprimento dos fins
do Estado.
Ou seja, o próprio juízo o poder funcional, ou se quiserem de outra forma, o
poder dever de investigar. Dito ainda de outra maneira, ele não pode optar por
exercer ou não esse poder conforme lhe apeteça. O juiz tem a obrigação

2
apesar de chamar um poder de investigar é um poder funcional, é um poder
funcionalizada ao tal fim do Estado descoberta da verdade material.

Portanto o juiz tem de investigar, o juiz é responsável pela descoberta da


verdade por isso é que depois também se torna mais compreensível aquilo que
é a regulamentação, por exemplo da fase de julgamento em que parece às
vezes um episódio um bocadinho estranho; por regra os advogados não podem
fazer perguntas diretamente às testemunhas sem pedirem licença ao juiz.

Não há diálogo direto porque o responsável, bastião da verdade no tribunal e o


juiz, portanto não é inquirição direta.

Em suma.
Fazendo digamos sumário resumido, os senhores ficam com mais 2 elementos
importantes pensando aqui o teu percurso vamos iniciar na próxima semana
que tem a ver com os princípios.

Tem que ter a linha de conta agora que vamos avançar para os princípios 2
coisas.
Até aqui nós não temos estado a tratar de princípios processuais nem
processuais penais nem princípios do processo penal. Até aqui e Hoje
particularmente temos estado a falar de princípios e garantias
constitucionais.

coisa diferente é nós percebermos naturalmente estes princípios


constitucionais princípios regras já temos alguns não princípios, são regras,
estas estas normas constitucionais depois também vão ter reflexo naquilo que
é digamos cimento agregador do processo penal que são os princípios do
processo penal.

Naturalmente que o princípio da presunção da inocência que nós vemos


consagrado o nº2 art. 32 CRP vai ter evidentemente reflexo quando
chegarmos aos princípios relativos à prova por exemplo. Da mesma maneira
que o princípio do acusatório ou estrutura acusatória vai ter reflexo naquilo que
são os poderes do Ministério Público e do juiz na dinâmica processual, mas
estes são princípios que valem como princípios ou regras constitucionais não
confundir depois com digamos o modelo dos princípios de processo penal.

2
7/10/2021
07/10/2021

Em termos de processo penal nos já tínhamos visto que por exemplo os


princípios são importantes desde logo quando falamos na integração de
lacunas.

Não podemos despejar os princípios no teste sem ter de perceber a sua


utilidade.

Porque os princípios em processo penal além de terem utilidade para a prática


servir a integração de lacunas são ainda princípio que estão presentes ao
longo de toda a dinâmica do processo penal. E neste sentido são transversais,
ou seja, nós só conseguimos perceber as normas do código, se percebermos
previamente que essas mesmas normas, naturalmente tendo em atenção o tipo
de matéria que estão a regular, mas se percebermos, dizia eu, que essas

2
mesmas normas são como são porque já passaram o filtro, digamos assim, o
primeiro obstáculo de respeito de equilíbrio dos diversos princípios do processo
penal.

Este é o primeiro ponto.


O segundo ponto é que... mas quantos de vós imaginam a fazer julgamentos
direito penal?

a verdade é que se não souberem os princípios não sabem processo penal.


muitas vezes as melhores defesas não estão nos código estão nos princípios
que estão na possibilidade de alegação da violação do princípio ou no
desrespeito por um determinado princípio sendo que os senhores não se
podem esquecer, não obstante, termos feito a diferenciação entre os princípios
constitucionais ...não obstante nos termos princípios de facto alguns com
contornos constitucionais, todos os princípios do processo penal quer aqueles
que têm quer aqueles que não têm contornos constitucionais são princípios que
vão sempre servir, digamos assim, de degrau para a compreensão das
normas.

E portanto se nós não conhecemos os princípios não conseguimos perceber se


o magistrado do Ministério Público ou se o advogado está a torcer o sentido da
norma porque a norma procurou equilibrar e essa é a ideia primeira que vos
queri dar, procura equilibrar, passar o filme dos princípios primeiro portanto pôs
o normal e portanto se estivermos a ter interpretações contra os princípios ou
se estivermos a ter interpretações violadoras dos princípios são sempre
motivos para entrepor os recursos, por exemplo. Se for princípios com
contornos constitucional para irmos para o Tribunal Constitucional, por exemplo
e, portanto, como é evidente o domínio dos princípios é desde logo a vossa
melhor arma. Isto leva me à sistematização dos princípios.

A sistematização dos princípios


Em termos de sistematização, naturalmente que, eu tenho consciência que
vos recomendo diversos manuais e tendo essa consciência também sou
obrigada a dizer que existem sistematizações diversas nós aqui seguimos uma
mas nem todas são iguais portanto passa por uma necessidade explicação e
passa até perceberem também o facto de o facto de estar aqui a dizer de uma
maneira e não significa que outra esteja incorreta ou vice versa.

Usualmente a sistematização dos princípios é pensada de forma


quadripartida atendendo aos grandes momentos, aos grandes problemas do
processo penal.

Temos a:

1) promoção processual
2) prossecução processual
3) a prova

2
4) a forma

São as 4 grandes famílias de princípios.


E tradicionalmente em temos mais clássicos a maior parte dos autores seguem
esta sistematização quadripartida com 4 grandes famílias e arruma os
princípios de acordo com essas famílias, ou seja, nós sabemos por exemplo
estivermos a falar de uma questão de prova, os princípios que temos que ter
em conta são aqueles daquela família fundamentalmente.

Outros autores estou a pensar fundamentalmente no doutor germano Marques


da Silva não fazem a sistematização desta maneira, ou seja, acabam por referir
os mesmos princípios, ele encara os mesmos princípios, mas adotam uma
perspetiva que tem fundamentalmente em conta, não as grandes famílias os
grandes blocos, mas a estrutura do processo penal.

E, portanto, vai começar por, se quiserem, fazer os princípios de primeira linha,


aqueles que são fundamentais para a estrutura como a presunção de inocência
com a acusação e depois então à medida que a estrutura se vai desenvolvendo
e que vai referindo os outros.

Como vos dizia nós temos nós temos 4 grandes famílias de princípios. portanto
temos a, a, a prova e a forma.

A primeira coisa que tem que perceber é que esta arrumação não é à toa, ou
seja, esta arrumação procura responder a cada uma destas famílias de
princípio procura responder a uma pergunta fundo, a uma pergunta
fundamental, uma pergunta que nós dirigimos ao processo e que os princípios
respondem.

Promoção: A pergunta de quem deve ter o impulso processual.


Prossecução: A pergunta de como deve ser a dinâmica processual.
Prova: A pergunta como deve ser produzida a prova em processo penal
Forma: A pergunta como deve processo penal orientar-se em termos de forma,
qual é que deve ser o princípio principal da formalidade ou da oralidade.

Nós para percebermos estes princípios temos de nos lembrar sistematicamente


também daquilo que já sabemos quer quanto às finalidades do processo penal,
quer aquilo que também já conhecemos a propósito da conformação
constitucional do processo penal.

Portanto estas respostas só fazem sentido se nós nos lembrarmos dessas


matérias.

2
Vamos começar pelos princípios atinentes à promoção do processual.

A mnemónica para ajudar a decorar é OLA


Em termos de
promoção processual:
 O: princípio da
oficialidade
 L: princípio da
legalidade
Em termos de da
 A: princípio
prossecução:
acusação
 O princípio do
contraditório
 princípio da
investigação
 princípio da
Em termos de prova:
suficiência
 o princípio da
 O princípio da verdadeematerial
celeridade
 o princípio da livre apreciação da prova
concentração
 princípio in dúbio pro réu
 o princípio da imediação (de forma mais limitada)

Em termos de forma (POI):

 Princípio da publicidade
 Princípio da oralidade
 Princípio da imediação

Princípios atinentes à promoção processual

A promoção processual no fundo, é a pergunta que se dirige ao processo penal


quando se quer saber quem é que deve dar origem ao início do processo
penal, por exemplo de uma entidade privada ou entidade pública.

Princípio da oficialidade

No processo civil o impulso processual é de uma entidade privada é do


particular que intenta à ação. É um impulso que está na disponibilidade dos
particulares.

2
De outra maneira nós temos de perceber as finalidades do processo penal e
percebendo as finalidades do processo penal conjugando essas mesmas
finalidades, descoberta da verdade material e proteção de direitos
fundamentais, essas 2 principalmente, com a ideia do impulso nós
imediatamente ficaríamos com a pista que seria difícil o impulso pela
perseguição de crimes estar dependente ou exclusivamente dependente da
vontade dos particulares.

O artigo 219 nº1 da Constituição. Se abrirem esse artigo rapidamente


chegaram à conclusão que mesmo em termos constitucionais e percebendo
que... no contexto do processo e olhando para o artigo 219 nº1 da
Constituição imediatamente se percebem que a Constituição nos dá um
princípio de resposta ainda que não uma finalização de resposta que é dizer-
vos que compete ao Ministério Público a promoção ou o exercício da ação
penal e portanto basicamente nós vemos que seria difícil nós deixaremos na
mão dos particulares mesmo pensando o tipo de relação que está em causa no
processo penal deixarmos um impulso para a abertura do processo na mão de
um particular.

Se nós tivéssemos um processo total dependente de um particular eu era


detida? (na historia da prof matar aluna por não fazer processo penal) não.

Nós estamos a falar de um bem jurídico considerado essencial à convivência


comunitária. Se isto é assim e conjugando as finalidades e olhando para o
artigo 219 da Constituição é evidente não faria sentido deixar um impulso para
a abertura do processo penal, portanto o impulso inicial na dependência da
vontade particular é isso mesmo que nós no artigo 48 do código do processo
penal.

O Ministério Público enquanto entidade pública, não privada, defensora dos


interesses do Estado tem legitimidade o impulso, ou seja, a promoção da
ação penal.
Portanto diferentemente do que acontece no processo civil, o processo penal o
impulso inicial, por regra, tende sempre numa entidade pública o Ministério
Público.
Se olharem também para o artigo 53º veem numa lógica de escadinha agora
já há uma norma ainda mais concreta que vem dizer exatamente o mesmo,
estou-me a referir por exemplo ao artigo 53 número 2 alínea a), olharem para
esse artigo vem que o mesmo vem na sequência da lógica do art. 48 ou seja
dizer que o MP tem a bendita legitimidade como também lhes dar seguimento.
Só que o problema são as exceções.

O princípio da legalidade e a resposta por mesmo representa para a pergunta


que vos dizia a propósito da ? inicial, é uma resposta que não é completa
porque há pouco dei 2 exemplos de ofensa ao bem jurídico vida mas eu olho
só aqui na primeira fila vejo vários casos de pessoas que têm buracos no
corpo, buracos auto infligidos como brincos.

2
Quando nós cortamos o cabelo estamos a mexer na nossa integridade física e
isso já terão dado em direito penal.

Quando viram ao consentimento enquanto causa justificação foi vos explicado


que existem bens jurídicos que são disponíveis para o titular por isso é que os
senhores podem furar orelhas, cortar cabelos unhas mas tudo isso acabam
por ser ofensas consentidas a vossa integridade física da mesma maneira que
são opetados.

A danosidade social decorrente da ofensa à vida e a danosidade social


decorrente à integridade social não são exatamente a mesma coisa.

Até podíamos dar mais um passo e dizer que a danosidade social associada a
um crime injúria ... é um bem jurídico de fundo que nós percebemos que Eu
Não posso tratar todas as ofensas a bens jurídicos da mesma forma e isso
nota-se no próprio código penal.
No artigo 131 no código penal, a pena de prisão para o crime de homicídio é de
8 a 16 anos. Se nós formos às ofensas de integridade física simples, o artigo
143 nº1 vem-nos dizer por exemplo que pena de prisão é até ter 3 anos ou com
pena de multa.
Portanto a diferenciação no contexto da própria danosidade social das
condutas é feita desde logo no patamar das molduras penais.
Porque a danosidade social reflete-se não apenas na moldura penal, as
diferentes danosidades sociais e as implicações das mesmas no contexto da
própria tutela e da relação entre o titular do bem próprio, reflete-se não apenas
no contexto das molduras penais como também uma coisa que nos interessa
particularmente que é a natureza processual dos crimes.
No contexto da natureza processual dos crimes é digamos outra das linhas em
que é feita a bendita diferenciação entre esta danosidade social, ou seja, uma
das coisas que vos disse é que é difícil se não impossível compreender o
processo penal sem o direito penal e também já vos disse na maior parte das
vezes nós não conseguimos aplicar o processo penal sem normas do direito
penal e aqui chegamos a um desses casos.

Estas 2 ideias correm paralelamente: por um lado as molduras penais, e por


outro lado a natureza processual dos crimes. Ou seja, nós não conseguimos
saber a natureza processual dos crimes se não for ao código penal. É esse
exercício que temos de fazer para não ficarmos encalhados no artigo 48.

No artigo 131º, lê-se: quem matar outra pessoa é punido com pena de prisão
de 8 a 16 anos, não se acrescenta mais nada. Se olharmos para o artigo 143
nº2, lemos que o procedimento criminal depende de queixa. O outro exemplo
que vos falei: o crime de injúria como tipo legal de crime está previsto no artigo
181 do código penal mas a natureza processual do crime, portanto se nós
fizermos o mesmo exercício do artigo 181 que fizemos no artigo 131, podemos
ser induzidos em erro; é um exemplo de uma forma diferente como o código
penal nos indica a natureza processual dos crimes. Vimos que o 131 não tem
nada, vimos que o 143º nº 2 depende de queixa.
e se lermos o 181º não tem nada quanto à natureza processual.

2
Mas se formos do artigo 188 e epígrafe ajuda vemos que este é um exemplo
daqueles casos em que quando a tipologia dos crimes sendo conjuntamente
menos grave às vezes há uma norma final no respectivo capítulo do código que
estabelece a natureza processual relativamente a todos eles, em vez de dizer
quanto ao 180º 181º 182º, etc como são todos os crimes da mesma espécie e
todos igualmente pouco bravos neste caso, o regime geral vem no artigo 188.

E o artigo 188 cuja epígrafe nos ajuda, diz nos o procedimento criminal pelos
crimes previstos no presente capítulo depende de acusação particular.
portanto uma formulação diferente daquela que encontramos no contexto do
art. 143º nº2.

A propósito do princípio da legalidade tem limitações e tem exceções.

Já vos falei daquilo que os respetivos tipos legais dizem, dependem de queixa
quer crimes que dependem de acusação particular.

Dizia-vos eu a propósito da natureza processual dos crimes.


 Os crimes que dependem de queixa são designados os crimes semi
públicos.
 Os crimes que que dependem de acusação particular são os
designados crimes particulares.

Nós percebemos a diferença, se quiserem, percebemos a natureza processual


de cada um dos tipos legais de crimes, a partir daquilo que nos vem indicado
no código penal, ou seja, quando no código nos diz como acontece no patamar
do artigo 143º nº2, que o crime em causa melhor depende de queixa estamos
a falar de um crime semi Público.

Quando nos diz no código não eu referido crime depende de acusação


particular estamos a falar de crimes particulares.

Qual é a diferença e o que é que tudo isto tem a ver com o princípio da
oficialidade?

A propósito do princípio de oficialidade ficamos parados, passo a expressão no


artigo 48º agora do código de processo penal.
Que nos dizia que o Ministério Público tinha legitimidade para
prosseguir,portanto, para ser um impulso no processo penal.
A verdade é que basta olharem para as epígrafos dos artigos 40º e 49º e 50º
para imediatamente perceberem a relação que a natureza processual dos
crimes apresenta com a possibilidade de impulso por parte do Ministério
Público.

De Forma para já ainda muito simplificado.

2
Se o crime for semi Público significa que o impulso o primeiro passinho para
que possa haver processo penal já não é do Ministério; passa a ser do
particular.

Ou seja, se eu der um estalo à Márcia e esta com medo de represálias na


disciplina de processo não se quiseram chatear eu fico livre que nem um
passarinho não há processo que me valha porque ela não apresenta queixa
contra mim.

E, portanto, sem essa queixa o processo o Ministério Público sem a queixa da


pessoa ofendida no caso por exemplo tivemos a ver do 143º não pode dar
início ao processo penal por falta de legitimidade.

Só que como depois lerão no contexto do artigo 49º uma vez com a queixa na
mao o Ministério Público é outra vez dono e Senhor ou seja pode prosseguir
processo penal sem necessidade de ulterior intervenção do particular.

Coisa diferente é aquilo que vemos estipulado no artigo 50º do código de


processo penal que se refere aos crimes particulares como indica a epígrafe
crimes dependentes de acusação particular; neste caso o Ministério Público
não tem legitimidade própria, anda sempre a reboque do particular, quer
quando o impulso inicial porque o particular tem de apresentar queixa, quer
quanto ao impulso sucessivo portanto à continuação do bendito inquérito que
é a primeira fase do processo penal; por que o particular tem para que o
processo continua se constituir como assistente que é uma figura que vamos
dar tem que ser sujeito ativo no processo, quer quando inclusivamente ao
encerramento do inquérito.
Ou seja o Ministério Público não temos legitmidade para acusar sozinho só
acompanha querendo a acusação do particular.

E isto resulta em termos do regime destes crimes, resulta das disposições


conjugadas de vários artigos desde logo quanto à Constituição de assistente
temos artigo 78º nº2.
Depende também como vos dizia quanto ao encerramento que o particular
entretanto constituído assistente seja ele a decidir se acusa se não, nesse caso
a legitimidade pertence a ele. E isto resulta em termos depois mais
pragmáticos do 285º do código de processo penal.

Então vamos recapitular. Por princípio o princípio da oficialidade, não por regra,
diz nos que quem tem a legitimidade para o impulso processual é o
Ministério Público quer para o impulso inicial quer dizer eu também para o
impulso sucessivo.
O Ministério Público como é evidente além de dar início ao inquérito tem de
prosseguir também com o inquérito, deve continuar digamos assim o impulso
de ser ele o responsável pela abertura do mesmo.

Portanto princípio é este 219º nº1 da Constituição e 48º do código de


processo penal e se quiserem quanto ao encerramento do inquérito 283º.

2
Só que este princípio é limitado no caso dos crimes semi públicos, porque aqui
como nos diz o artigo 49 esta legitimidade do Ministério Público é limitada
pela necessidade de um impulso do particular que é a apresentação de
queixa.

E este princípio é excecionado, portanto, é exceção à regra no caso dos crimes


particulares, porque no caso dos crimes particulares o Ministério Público
não tem legitimidade promoção nem inicial nem sucessiva portanto não é uma
limitação do princípio, o artigo 50º configura uma verdadeira exceção ao
princípio.

Quanto à regra da oficialidade que é o facto de o Ministério Público ter essa


legitimidade...mas para verem como a regra é suposto ser tao intensa, todos já
ouviram falar de nulidades.
Portanto o processo penal como acontece em todas as áreas normativas
também tem nulidades e essas nulidades vêm especialmente previstas no
artigo seja 119º e no artigo 120º do processo penal.

Sendo que estes 2 artigos têm aquilo que os senhores também conhecem as
nulidades sanáveis e as insanáveis.

O artigo 119º no código PROCESSO PENAL, refere se concretamente às


nulidades insanáveis, portanto aquelas nulidades que não tem cura.
E se olharmos para o artigo 119º alínea t) do código de processo penal
chegarão à conclusão que é tão grave Ministério Público não promover o
processo que isso constitui uma nulidade insanável.

Entramos então agora no L, é o princípio da legalidade.

Princípio da legalidade

A primeira coisa é que o princípio da legalidade e o princípio da oficialidade não


devem ser confundidos, apesar de também muito se relacionarem com a
mesma entidade que é o Ministério Público não são a mesma coisa e não
respondem à mesma pergunta como vos disse relativamente ao princípio da
oficialidade, o princípio da oficialidade responde à pergunta quem é que
deve ter um impulso.

O princípio da legalidade é a resposta a uma outra pergunta. Se deve haver


ou não margem de decisão, discricionariedade na entidade responsável
pelo processo penal pela promoção do processo penal.
Ou seja, Se Eu posso ou não optar, se quero ou não dar início a um processo
penal.

Os americanos nas series aparece e começam a discutir grandes redes de


tráfico prova é o caso e aparece um tipo está disposto a chibar se do Patrão da

2
máfia o Ministério Público normalmente o que é que diz nesses filmes ou seja
faz um acordo com ele.
Nos filmes americanos estão a ver o retrato de um processo penal que tem
como base um princípio oposto ao nosso.
Ou seja eM muitos ornamentos de COMMON LAW, direito anglosaxonico em
que o próprio Ministério Público é politicamente indicado, não é uma
magistratura judiciária, como aqui não é judicial é judiciária mas é uma
magistratura, portanto é um funcionário do Estado, os procuradores que veem
séries e filmes americanos também sabem que até há campanhas para ser
eleito procurador são indicados politicamente, são cargos políticos.
E que também nos Estados Unidos por serem cargos políticos não há grande
diferença são quanto à lógica do advogado ou procuradora ou seja alguém que
seja advogado toda a sua vida pode se candidatar a procurador não é como
em Portugal tem que passar pelo CEJ.

Portanto são sistema que trabalham com uma lógica de oportunidade ou seja o
ministério publico porque responde pelas taxas de condenação, taxas de
sucesso etc tem margem de manobra, discricionariedade, não é arbitrariedade,
é discricionariedade quanto ao impulso inicial .

Ou seja, se o Ministério Público vir que ganha mais em proteger um agente no


crime um traficante menor conseguir ir pescar um peixe maior, o chefe da
quadrilha, o Ministério Público tem legitimidade para fazer essa opção.
Para não prosseguir com esse processo final e protegendo a pessoa que
testemunha, portanto, não ser julgada inclusivamente e ir atrás do peixe maior
com a garantia, digamos assim, de testemunho pois normalmente essa
garantia é uma garantia que a pessoa de facto não tinha mas é perseguida na
mesma pessoa neste caso o chibo tem de honrar o acordo feito pelo MP.

Nós não temos esse sistema. Temos um sistema oposto, ou seja, entre nós o
Ministério Público não tem margem de decisão quanto ao impulso inicial, ou
seja, a ideia do princípio da legalidade é uma ideia que nos devia agradar a
todos não há arguidos melhores que outros; todos os arguidos devem ser
perseguidos criminalmente. Por isso é que o artigo 262º nº2 do código
processo penal se diz quando o Ministério Público tem noticia de um crime
deve abrir o correspondente inquérito.
Portanto não dá esse artigo é uma uma manifestação evidente de que não há
margem de manobra para o Ministério Público. naturalmente que retornando ao
artigo 219º da Constituição por exemplo se forem a ler constituições também
se dirá este propósito que o próprio artigo 219º número 1 da lei fundamental
acaba por impor ele mesmo esta vinculação do Ministério Público à lei e
portanto esta ideia de que eu sei que houve um crime logo eu tenho de abrir
inquérito.

Este princípio da legalidade na promoção, atenção não confundir o princípio da


legalidade na promoção processual, com o princípio da legalidade que vimos
na primeira aula do artigo 2º. Eu avisei vos logo nessa aula que há mais
princípios da legalidade em processo penal do que cerejas na árvore.

2
Este princípio da legalidade o que nos vem dizer é que em obediência à
lei sempre que o Ministério Público tenha notícia de um crime tem de abrir
o inquérito, já sabemos que é ele que tem legitimidade, portanto é ele que tem
de abrir inquérito.
Significa também se olharem para o artigo 283º do código processo penal e no
patamar do impulso sucessivo e quando chega ao final do inquérito o artigo
283º nº1 é perentório, ou seja, vem nos dizer que se o Ministério Público tiver
indícios acusa; se não tiverem indícios não acusa. Portanto ele não pode
também aí, pelo menos nesta primeira formulação chegar ao final do inquérito
ter indícios suficientes como diz o artigo 283º nº1 ter indícios suficientes e não
acusar.
Lá está não tem margem de manobra. Era tão bom que fosse tao simples.

O sucesso da política criminal também não vem naturalmente por uma lógica
de obediência cega à lei, ou seja, nós não somos totós que não percebamos
que quer pensando artigo 40º do código penal quanto aos fins das penas se
fala em reintegração do agente na sociedade...vamos imaginar que eu pratico
um crime fiscal, esqueço me de pagar os meus impostos.

Faz algum sentido uma pessoa que está integrada na sociedade ter uma
profissão, trabalho etc de repente ir presa? A minha vida voltava a ser a
mesma? Não. Se nós fôssemos assim Se Eu fosse acusada e julgada era uma
chatice.

Portanto o que é que se fez? Quando nós falamos no princípio da legalidade


como vos dizia temos impulso inicial, portanto art. 272º\2 e temos o chamado
impulso sucessivo.

Em termos de impulso inicial aqui o Ministério Público objetivamente não tem


grande hipótese aquilo que o código lhe manda fazer é digamos imperativo:
sabes do crime, tens que abrir inquérito. Só que também já vos falei com 283º,
tem a ver com o impulso sucessivo, ou seja, no contexto do princípio da
legalidade o Ministério Público também se encontra adstrito ao cumprimento da
lei, quanto ao impulso sucessivo portanto quanto à forma como pode encerra
um inquérito aí o código da lhe e sempre lhe deu em termos tradicionais e
seguindo o princípio da legalidade 2 possibilidades:
 acusar 283º que é quando se diz que ele tem indícios suficientes
 ou arquivar art. 277º.

Se o mistério Público achar que não tem indícios suficientes vai arquivar o
inquérito e é suposto o processo não prosseguir.

Voltando ao exemplo de não pagar os impostos. Eu Não os paguei como digo a


prova aqui é mais ou menos evidente neste caso e, portanto, vamos ficcionar
que a pena para um crime de abuso de confiança fiscal era 5 anos na prisão.
se nós formos por aqui Ministério Público quanto a este no caso não tenho
grande hipótese não acusar-me e provavelmente vou ser julgado e condenada,
nesta ficção uma pena de prisão de 5 anos mas nunca me condenassem à

2
pena Máxima bastaria só eu passar nem que 6 meses que perdia emprego,
deixava de conseguir pagar a casa etc.

Portanto, nós voltamos à mesma se ainda que o princípio da legalidade seja de


algum modo a garantia que nós também conseguimos cumprir o princípio da
igualdade do artigo 13º ou seja não fazer discriminações entre arguido,
porque tratamos todos de igual forma, no contexto do impulso sucessivo as
coisas são um bocadinho diferentes é aí que temos mais problemas, porque
temos de pôr em cima da mesa e às vezes aqui neste contexto abre se uma
porta, não é secreta, é assumida é que tem a ver com as aproximações a
principios que naturalmente não fazem parte da nossa família jurídica como
direito continental que é o princípio da oportunidade.

O que é que isto quer dizer? Nós no âmbito da promoção processual


basicamente o que temos é no contexto do impulso sucessivo uma abertura a
possibilidades, no fundo, não são senão manifestações no princípio da
oportunidade em que o Ministério Público naquele caso vai fazer o Balanço,
mesmo tendo indícios suficientes, por exemplo, se não tomam outro caminho.

Ou seja, uma coisa é, e aqui naturalmente que o Ministério Público terá uma
margem discricionariedade, se olharem 283º nº1 do CPP...quem vê se os
indícios são suficientes ou não é o MP, ele é que faz essa análise mas a partir
do momento em que ninguém diz se tiver 3 indícios mais um são suficientes...
ele também tem a sua margem, mas a questão é só existisse este artigo, se só
tivéssemos artigo 283º ou estas lógicas 283º e 277º não havia hipótese
nenhuma alternativa.

O que é que o legislador procurou fazer?


Abre a porta a mecanismos que são afloramentos do princípio da oportunidade,
ou seja, é errado os senhores dizerem ao escrever em qualquer lugar que nós
temos princípio da oportunidade no processo penal português, nós não temos
esse princípio; o nosso princípio base não deixa de ser um princípio da
legalidade.
Temos é no contexto do impulso sucessivo afloramentos do princípio da
oportunidade.
Que afloramentos são estes? São:
 o arquivamento em caso de dispensa de pena
 a suspensão provisória do processo

Este patamar de discricionariedade ou de mecanismos de diversão e aqui


diversão no sentido de ser diverso, de diversidade, este género de soluções já
existem entre nós há qualquer coisa como 20 anos pelo menos, ou seja, são
casos... nós vamos perceber exatamente o que é que cada uma dessas figuras
quer dizer mas são casos em que o próprio código coloca ao Ministério Público
à disposição soluções alternativas quanto à forma de gerir o impulso sucessivo.

2
Coisa diferente, ou se quisermos manifestações diferentes de oportunidade é
aquilo que alguns de nós gostam mais do que de outros que se chama a justiça
premial ou negociada.
Que é o tal sistema de fazer um acordo que nós vemos logo no impulso inicial
nos Estados Unidos e que e por isso é que eu ando sempre com estas
preocupações... reparem é possível que nós hoje estejamos a dar estes
artigos e quando chegarmos ao processo penal 2 muitas coisas já não sejam
iguais, está a correr uma revisão muito grande para o projeto.

Para vos tentar explicar que mecanismos são estes ou como é que isto
funciona esta aproximação aos Estados Unidos, vamos pensar na área para a
qual estes mecanismos fundamentalmente estão pensados, tem a ver com o
chamado primo oculto, coisas como branqueamento de capitais, corrupção
nestes casos da corrupção é por exemplo... além de se conhecerem esses
sítios nas cidades o tráfico de droga muitas vezes é uma coisa visível a olho
nu, é uma transação económica que não é legal mas é uma transação
económica em que alguém está dinheiro e a outra pessoa dá um objeto ou o
que seja.

Isto vê-se, mas na corrupção não funciona assim, no branqueamento não


funciona assim. São tipos de criminalidade mais ocultos mesmo para a
proteção desta criminalidade são tipos de criminalidade mais ocultos e por isso
as autoridades no contexto destes crimes têm muita dificuldade em ter o
principal que é notícia do crime, saberem que o crime existiu.

Enquanto por exemplo, o Tráfico drogas também é um tipo de criminalidade


grave basta saber onde é que são os sítios às vezes ouvem falar daquelas
Rujas que são feitas pela polícia, na corrupção não há rusgas nem funciona.

O que está a fazer, o que está a tentar mexer no código, isto para vos tentar
dar um enquadramento mínimo, o que se está a tentar mexer no código é criar
mecanismos e abrir mais portas à negociação. Por um lado, permitir que os
bufos, as pessoas que estão dispostas a colaborar ativamente não só dizendo
eu fiz como dizendo o outro fez, tenham um qualquer prémio por terem
colaborado com as autoridades e isto é naturalmente uma intensificação de
mecanismos de oportunidade no nosso processo penal.

Portanto, o peso do princípio da oportunidade no processo penal hoje é um


provavelmente daqui a 6 meses ou daqui a 10 meses é capaz de ser outro.
Eu posso lhe dar um exemplo do que é que se pretende e nós para
percebemos a justiça premial ou negociada não podemos ficar só no código do
processo penal já percebemos muitas vezes que temos que ir ao código penal
para conseguirmos perceber a articulação entre os 2, já vimos isso por
exemplo quanto à natureza processual dos crimes; e as implicações
processuais muitas vezes também vêm no código penal. O melhor exemplo
que vos posso dar e mais simples precisamente porque estávamos a falar do
crime de corrupção é o artigo 374º b do código penal, que já existe, é uma
manifestação que nós já temos; está relacionada com este instituto também
vamos estudar.

2
Se começarem a a ler este artigo 374º b vão ver que se dá um prémio àquele
agente do crime que colabore com as autoridades, basicamente é essa a
Mensagem deste art.

Ou seja, para se perceber se ele colaborou não pelas autoridades têm se que ir
ao processo; para ele ter o prémio da dispensa tem de ter feito as coisas entre
aspas de acordo com aquilo que o processo penal diz que é a aquisição da
notícia do crime...etc.
nós para percebermos o processo penal também temos que ter sempre o
código penal à mão os 2 relacionam se.

O princípio da acusação.

Os princípios da acusação já o conhecem e já sabem também que encontra


consagração constitucional do artigo 32º número 5 da Constituição.
Vimos na semana passada a questão da estrutura acusatória do processo
penal e vimos também que o princípio da acusação não quer senão significar
uma estrutura acusatória, não quer senão significar que a entidade que acusa
tem que ser diferente da entidade que julga.

Mas este princípio da acusação, já fizemos alguma referencia à ideia da


vinculação temática, significa ainda outra coisa.

Contrariamente á perceção que pode existir que os tribunais é que mandam no


processo penal, a coisa não é bem assim. Quem manda no processo penal é o
MP. Isto porque o tribunal ou a jurisdição só pode intervir em processo penal
sobre aquilo relativamente ao qual é chamada.

O mp tem noticia de um crime vamos imaginar de crime de furto, e quando


começa a investigar a fundo descobre que esta associado a uma rede de
trafico de droga, mais de trafico de pessoas, crime de branqueamento de
capitais e também acaba por perceber que no âmbito da rede ocorreu um
homicídio.

Ou seja, quando o Ministério Público começa a investigar não tem barreiras.


Investiga e depois quando acha que não consegue nada é que fecha e chega à
conclusão de que são estes crimes. Portanto acusa e manda para a frente para
os tribunais.

O tribunal é chamado sobre os crimes que o MP decidiu. Portanto ele não pode
por auto recriação investigar fora da caixa, investigar fora daquilo leque.

2
Enquanto que o Ministério Público não tem limitações porque é ele que vai
definir no contexto da acusação vai definir o objeto do processo, a jurisdição
não intervém oficiosamente no contexto da investigação, ou seja, só intervém
oficiosamente depois de ter sido dado o objeto sobre o qual ela pode investigar.

Portanto quem manda nos tribunais é o MP. Eles são chamados a julgar
investigando são chamarmos de acordo com objeto definido pelo Ministério
publico. E isto é uma coisa que nem sempre é completamente claro e que
acaba por ter basicamente manifestações claras e implicações diretas .

Como acabei de vos dizer o tribunal não pode por exemplo por iniciativa própria
investigar crimes.
Só pode intervir na sequência digamos que o chamamento do chamamento do
Ministério Público e implica também que o tribunal ou o juiz só pode investigar
dentro do objeto previamente dado pelo Ministério Público.
Significa ainda que quem define o objeto, princípio da acusação, é o Ministério
publico. Ou seja, o tribunal não tem competência para definir o objeto.

A acusação define o objeto.


O tribunal investiga dentro do objeto
O tribunal não pode investigar oficiosamente.

Os artigos que vamos ver agora... servem só para ilustrar precisamente esta
ideia que decorre do princípio da acusação e nós vemos manifestações quer
do problema a vinculação temática ou seja o tribunal é chamado
pronunciar-se e pode investigar dentro do Tema previamente vinculado pela
acusação quer também a circunstância de o tribunal não poder mexer nesse
mesmo objeto.

As manifestações mais simples que nos encontramos já no código são para a


fase de instrução,o art. 309º e para a fase de julgamento o art. 359º basta
olharem para as primeiras palavras quais o primeiro número cada um desses
artigos, para imediatamente chegarem à conclusão de que o tribunal não pode
alterar os factos tenham sido dados... 309 e 359 dizem mais ou menos a
mesma coisa e são manifestações quer um quer outro desta ideia da
vinculação temática.

m relação à promoção processual ficamos por aqui.

Prossecução processual

Temos numa ordem mais ou menos aleatória:


 Princípio da investigação

2
 Princípio do contraditório
 Princípio da suficiência
 Princípio da celeridade e concentração

Estes 4 princípios da família da prossecução processual são os princípios que


nos devem acompanhar, digamos assim, na dinâmica processual e nós como
acabamos de dar o princípio da acusação, vamos começar nesta família pelo
princípio da investigação.

O princípio da investigação

O princípio da investigação é o outro lado do espelho, portanto são princípios


que são um reflexo oposto um do outro.

O princípio da investigação como já tínhamos visto na passada semana é um


princípio que se prende fundamentalmente com o poder funcional que é
atribuído ao juiz ou ao Tribunal no contexto da perseguição daquilo que é uma
das grandes finalidades do processo penal: a descoberta da verdade material.

Portanto como veem mais uma vez precisamos de ir às finalidades para


perceber os princípios etc.
Está tudo embrulhado e encaixado e tem de ficar clara para os senhores.

Uma das coisas que é particularmente importante no contexto da compreensão


do princípio da investigação é que nós normalmente gostamos muito de ter
algum poder. Mas este poder de investigação que é dado ao juiz é como
vos dizia um poder funcional como acontece por exemplo em alguns poderes
funcionais que nós encontramos em direito da família.
É um poder relativamente ao qual o juiz ou tribunal não tem opção quanto ao
seu exercício, ou seja, trata-se aqui se quiserem de um dever para o tribunal.

Agora há uma coisa que nós temos de perceber. Quem investiga é o Ministério
Público. Falamos em impulso, já falámos dos indícios pelo menos de forma
ainda muito ampla e agora estou vos a dizer, o código estava a dizer que o juiz
ou tribunal também investigam e devem investigar.
Não só investigam como devem investigar para chegar à verdade
material.

Naturalmente temos sempre aquela malta do contra que nos vem dizer que isto
aqui é um atentado contra o princípio do acusatório plasmado na
Constituição mas naturalmente que esta Malta do contra não tem razão, na
justa medida em que esta mitigação pelo princípio da investigação é
suficientemente controlada para não pôr em causa a estrutura acusatória,

2
portanto aquilo que é um desidrato da constituição está cumprido. Mas há
sempre Malta do contra.

A verdade é que nós estamos a dizer que esta entidade tem a obrigação de
investigar inclusivamente para definir o objeto do processo e agora estamos a
ver estamos a ver um princípio que nos diz precisamente que o tribunal tem de
investigar.
E além disso temos que perceber uma outra coisa é que nós temos lógicas de
interferência mútua de uns nos outros. Ou seja, em fase de inquérito quando se
quiser investigar através de mecanismos que ponham em causa direitos
fundamentais o JIC vai interferir no inquérito. O Ministério Público vai participar
na instrução, o ministério Público participa em todas as fases processuais.
Da mesma maneira o Ministério Público participa na fase de julgamento quer o
tribunal quer o JIC segundo princípio lógicas de investigação também.

Então como é que nós devemos perceber esta relação entre o Ministério
Público o JIC e o tribunal?
Ou seja, quem tem o dever funcional no sentido que é sua função investigar a
base para o processo ? é o ministério Público.
Isto significa que quando o JIC é chamado a intervir na fase de investigação
apesar do JIC também depois ter o dever de investigar, o poder funcional de
investigar na respectiva fase, o JIC não é suposto pôr se em bicos de pés e
mandar bitaites ao Ministério Público.

Se estivermos a falar de escutas telefónicas ou buscas domiciliarias as


mesmas lá está por interferir diretamente nos direitos fundamentais têm de ser
autorizadas pelo juiz de instrução criminal.
Não pode ser Ministério Público a decidir sozinho, precisamente por causa
desta colisão com os direitos fundamentais.
Não se pretende que o jic quando veem aqui esta fase não é suposto dizer
Não acho nada bem que usaste 3 escutas nesta matéria...devias investigar
assim e assado.
Ou seja, interferir naquilo que é a lógica inquisitória do Ministério Público, não é
isso que se quer.

Da mesma maneira Ministério Público quando intervém quer na instrução quer


no julgamento uma coisa é os princípios que nós vamos ver relativamente à
prova, portanto uma coisa é poder intervir oferecendo contraprova contestando
a prova apresentada por exemplo pelo arguido, outra coisa é questionar por
exemplo a prova ordenada pelo tribunal. Os dois trabalham para o mesmo.

Ou seja, a lógica do princípio da investigação é uma de conseguir alcançar


um desiderato, no fundo da finalidade do processo penal, da verdade material
e portanto não é de complementar nem é de contrariar a investigação realizada
pelo Ministério Público; é de permitir que estejam reunidas as condições
para poder ser tomada uma decisão assente na ideia de descoberta da
verdade material com elementos suficientes.

E por isso é que nós e encontramos no código processo penal em várias fases
manifestações dessa mesma lógica do princípio da investigação:

2
 Art. 288 nº4 código processo penal

Na fase de instrução que é uma fase facultativa vem nos claramente dizer que
o juiz la esta, vocês têm que ver aqui a verdade material como se fosse a
Estrela do norte ou a Estrela polar. Portanto no fundo em vez de serem os 3
reis magos e o Jic e o tribunal que andam atrás da estrelinha e a estrelinha é a
verdade material portanto tudo o que eles fazem tem de ser para encontrar
essa estrelinha.

Mas estas autorizações que se dão por exemplo artigo 288 nº 4 ou por
exemplo ainda no contexto do julgamento aquele artigo que já referimos o
artigo 340º.

Mas vemos também afloramentos desta mesma ideia estrepassa toda a


atuação do JIC ou neste caso estamos a falar do tribunal, da fase de
julgamento por exemplo o artigo 327º, nº 2 do artigo 327 por exemplo os
meios de prova que tenham sido oficiosamente produzidos pelo Tribunal. No
fundo é mais um artigo que nos vem dar esta ideia que o tribunal deve
investigar deve ter autonomia na investigação mas nenhum deles diz que se
deve substituir ao Ministério Público, nem impedir a atividade do investigação
do MP.

Vimos aqui que 327 e o art. 327 falamos da contraditoriedade.

Princípio do contraditório

O princípio do contraditório se recordam quando começarmos a olhar para a


estrutura do processo penal também falamos nesta ideia do contraditórios e tal
como aconteceu relativamente à organização dos princípios há também uma
consideração prévia que devo fazer.

Em primeiro lugar, dizer que este princípio do contraditório, e repito tendo


mandado diversos manuais eu tenho que dar estas cautela não sei qual deles é
que os senhores consultam...

O princípio do contraditório pode ter 2 variações. o que é que isto quer


dizer?
 O princípio do contraditório em sentido amplo e
 o princípio do contraditório em sentido estrito.

O princípio do contraditório em sentido amplo que muitas vezes por alguns


autores estou a pensar por exemplo no autor Paulo Sousa Mendes dá o nome
de direito de audição ou direito ao princípio consoante a perspetiva de audição
e defesa.

2
Em vez de chamar o princípio do contraditório em sentido amplo chama
direito de audição e defesa.
Este princípio do contraditório se encontra plasmado também no nº 5 artigo 32
da Constituição, e nós se olharmos para o nº5 do art. de 32 da Constituição
basicamente chegamos também a ideia que o que esta formulado na
Constituição e o princípio do contraditório em sentido amplo, é o princípio que
nos diz que a pessoa tem o direito a ser ouvida relativamente a qualquer
decisão que pessoalmente a afeta.

Só que há quem diga que este princípio não pode ser do contraditório porque o
princípio do contraditório só se aplica para a matéria probatória, matéria da
prova. E por isso é que nós fazemos a distinção quando utilizamos como é o
meu caso o princípio do contraditório para querer dizer tudo as duas coisas:
princípio do contraditório em sentido amplo que é o que vem no 32 º nº 5,
se lerem o que vem disposto no art. 32 / 5 veem não está circunscrito a
questões de prova, é literalmente o direito a ser ouvido e utilizamos o conceito
de princípio do contraditório em sentido estrito que é no contexto específicos da
prova.

Nos para já estamos a falar do princípio do contraditório em sentido amplo


e para percebermos que até o código nem sempre acerta a mão ou seja muitas
vezes também no código, também o legislador utiliza que indistintamente as 2
questões, as 2 formulações basta nos olhar por exemplo para o art. 194º nº4.

Refere se a questão, a problemática da aplicação de medidas de coação,


portanto no fundo quando alguém passa a fazer parte do processo penal, é
constituído arguido podem ser aplicadas medidas de coação, aquela mais
famosa e tornada famosa pela cmtv só é prisão preventiva, mas existem muitas
outras.

O que nos vem dizer o artigo 194 nº4 é que por princípio e tendo em conta o
princípio do contraditório em sentido amplo, o juiz de instrução, que é quem
aplica em primeira linha as medidas de coação, deve antes de aplicar ouvir a
pessoa interessada, ouvir neste caso o arguido.

Outro exemplo que nós temos numa perspetiva ligeiramente diferente é o art.
327º que vimos à pouco.
Este artigo tem uma vantagem de 2 em 1. Porque se refere ao princípio
contraditório em sentido amplo nº1, estamos a falar de questões incidentais e
seguidamente relacionadas com o próprio e a questões probatórias do nº 2
portanto utiliza o contraditório em sentido estrito e em sentido amplo.

Eu estou investigar o cristiano por terrorismo e constituo arguido portanto sabe


que está a ser investigado pelo MP e sei que está a pensar fazer explodir
qualquer coisa e então vou falar com o JIC e digo que eu queria ouvir as
conversas telefónicas que é para perceber onde ele vai por a bomba.

E o JIC diz está bem então deixa-me só chamar que é o Cristiano e perguntar-
lhe o que ele acha ele ser escutado, se nós levássemos o contraditório ao
limite era isto que fazia nos.

2
É verdade que a decisão do escutar o afeta, portanto de acordo com o princípio
do contraditório em sentido amplo o Cristiano teria direito a ser ouvido a
propósito desta decisão que o vai afetar. Basta este exemplo para os senhores
imediatamente perceberem que o contraditório não pode ter a mesma
intensidade ou a mesma aplicação em todas as fases do processo.

A lógica do contraditório é uma lógica crescente quanto mais andamos na


dinâmica processual mais o contraditório se afirma, ou seja, se quisermos, o
contraditório não quer dizer que não exista, já vamos ver exemplos claros em
como existe, mas se quisermos o contraditório em fase de inquérito que é a
fase que eu tenho que investigar não pode ter o meu mesmo significado do que
na fase de julgamento, em que é uma fase em que eu já investiguei que já se
sabe o que esta em causa.

E, portanto, como é evidente no inquérito temos o princípio do contraditório


não é mitigado coisa nenhuma, é um princípio muito enfraquecido que só existe
quando pode existir sob pena de frustrar a própria finalidade daquela fase
processual.

Portanto como é evidente e como vos disse é certo que nem todos os
princípios podem ter e este é a primeira grande manifestação disso, podem ter
a mesma intensidade em todos os momentos do processo penal.

Naturalmente o princípio da investigação que acabámos de ver também só


ganha força quando saímos da fase de inquérito, porque aí quem tem o dever
de investigar é o Ministério Público, só quando entramos na lógica da instrução
ou do julgamento é que o princípio da investigação se afirma, nem faz sentido
que ele existe na fase de inquérito porque ai o dever de inquirir é do Ministério
Público, não é suposto nem o JIC nem o tribunal ir chatear o MP.

Mas, naturalmente, os princípios perpassam, se forem ao artigo 61º a propósito


da Constituição de assistente, o facto de entrar mais uma pessoa no processo
que é um sujeito processual vai afetar o arguido e como é uma coisa que não
está diretamente relacionada com a investigação que o Ministério Público está
a levar a cabo, nessa questão podendo se aplicar o contraditório aplica-se o
contraditória é o que resulta dos números 3 e 4.

Da mesma maneira, que se alguém estiver prestes a bater a bota e não durar
até ao julgamento se calhar essa pessoa tem que ser ouvida na tes, mas se
calhar essa pessoa é tão importante que eu para saber se a posso ouvir antes
já com juízes e tudo também tenho de facto de na fase de inquérito ir fazer a
pergunta ao arguido, tenho teu ouvir.

Da maneira, num contexto como acabámos de ver no início, a aplicação de


medidas de coação por regra acontece sempre também um inquérito como é
uma coisa à parte que não tem a ver com a investigação o arguido tem direito a
ser ouvido. Portanto se no contexto da prova, ou seja, se quiserem um
contraditório em sentido estrito, ou mesmo no contexto do contraditório
sentido amplo tem por definição de algumas fases deste princípio ser um
bocadinho em encolhido nós vemos aqui ele não está apagado nem excluído

2
porque em todas as todos os casos, em todas as situações em que é possível
aplicá-lo, ele é aplicado.

Claro que o princípio do contraditório só atinge o seu clímax na fase de


julgamento, aí sim temos o contraditório pleno não só em sentido amplo como
em sentido estrito; não só em matéria geral como em matéria de prova.

Ou seja, nós vemos o artigo na fase de julgamento exemplo mais simples já


vimos é o 327º, nós vemos que esta ideia ser ouvido é fundamental para todos
os sujeitos em sentido geral, mas fundamentalmente para um deles que é o
arguido.
E por isso mesmo e esta é um dos traços distintivos do processo penal
português, é que o princípio do contraditório esse sentido amplo faz parte,
integra o estatuto processual do arguido, os senhores olha que se olharem
para o art 61 alíneas A e B são talvez os exemplos maios fáceis, verão que
estes direitos concedidos ao arguido não são senão reflexo de uma tradução,
digamos, concreta de lógica derivada do princípio do contraditório.

Além disso nós vemos também que nesta lógica crescente nas próprias
fases processuais, portanto, no contexto de por ex. a fase de inquérito temos
só pequeníssimos afloramentos do contraditório, basta avançarmos para a
instrução para começarmos a ver o contraditório a ganhar força desde logo o

Fase de instrução:

 Art. 289º nº1- Debate instrutório oral e contraditório


 Artigo 298º - discussão frente o juiz de forma oral e contraditória.
 Art. 301 nº2- o juiz assegura, todavia a contraditoriedade na produção
de prova, contraditório em sentido estrito.

Fase de julgamento:
 Art. 327º- único que tem como epigrafe contraditoriedade

Princípio da suficiência

O princípio da suficiência tem consagração legal, ou seja, dito de outra


bandeira tem cábula no código. Art. 7º CPP.

O princípio da suficiência vem nos dizer que as instâncias, portanto que o


processo penal tem competência para conhecer todas as questões que sejam
necessárias conhecer com vista a chegar à decisão penal.

Dito de outra maneira no art. 7º mas temos de perceber uma 1º coisa aqui.
O tribunal aqui está a decidir uma questão penal. O que este artigo está a
dizer é que Se Eu tiver que Tomar uma decisão intercalar sobre o direito do

2
trabalho ou direito fiscal para conseguir chegar à decisão penal eu posso fazê-
lo.

Não está a dizer que a decisão que o Tribunal Penal tomou sobre a questão do
direito do trabalho ou de direito fiscal é vinculativa para efeitos laborais ou para
feitos fiscais. Não é isto que o artigo 7º que está a dizer.

Crime de bigamia
Qual é o pressuposto para eu praticar este crime? casar e casar de novo sem
divorciar. O A casou se em Marrocos. Chega a Portugal conhece C vai ao
cartório tira certidão chama 2 testemunhas e casa se. C descobre e faz com.
Que seja detido pelo crime de bigamia.
Ou seja, nós para percebermos se A efetivamente praticou não o crime de
bigamia temos naturalmente de averiguar primeiro para todos os efeitos
correndo ao direito nacional privado se o A era ou não casado com B.
No fundo, o que o art. 7º esta a dizer é que o tribunal pode considerar o
casamento válido ou inválido para efeitos de análise do crime de bigamia.
Não significa todavia que a decisão do Tribunal penal seja efetiva para efeitos
de validade do casamento ou não.
Isso terá de ir ao Tribunal civil na mesma, não fica resolvido a questão civil em
sentido técnico. Fica resolvida a questão civil relacionada com a questão penal
que é necessário resolver digamos assim para resolver a questão penal.

Ora isto leva a outro exemplo, nós temos de perceber que aqui o processo
penal e processo civil têm comportamentos distintos.

O processo civil trabalha muito com o princípio da prejudicialidade das


questões prejudiciais e o processo não trabalha com a questão da suficiente ou
seja são perspetivas opostas.

Mas basta nós irmos a alguns artigos para percebermos imediatamente o


código penal, para percebermos que existem casos em que de facto se calhar
não é tão simples como este caso.
O exemplo É o artigo 227 o código penal que fala-nos de insolvência dolosa e
que a mesma só pode existir ..é punido se ocorrer a situação de insolvência e
esta vir a ser reconhecida judicialmente; ou seja eu preciso de um
reconhecimento judicial de insolvência por aqui este crime pode ser
considerado ter sido praticado e isto o tribunal penal não pode fazer, tem que
ser resolvida por um tribunal competente.
Portanto, nós temos na verdade apesar de trabalhar em processo penal com a
lógica de suficiência não deixamos de ter a problemática das designadas
questões prejudiciais.

2
Esquema:
Princípio da legalidade

Impulso incial impulso sucessivo


Art. 262º/2 283º e 277º. P.O. 280º e 281º

14/10/2021

Princípio da suficiência

O processo penal não se encontra subordinado aos outros processos, as


outras formas de processo.
O processo penal é autossuficiente.

As questões prejudiciais

As questões prejudicais são todas aquelas que tendo natureza diversa do


processo penal, constituem uma condição necessária para a resolução do
processo penal.

As características das questões prejudiciais são:

 Constituir um antecedente jurídico concreto da decisão principal . Isto


quer dizer que o problema da propriedade do livro tem que ser resolvido
à prior, antes de haver uma decisão. (tenho que saber a quem furtei o
livro antes da decisão final)
 Ser uma questão autónoma da decisão principal . Ou seja, a questão da
propriedade pode ser decidida independentemente de verificar se
efetivamente furtei o livro. Se quiséssemos apenas averiguar a quem
pertence a propriedade do livro podíamos fazê-lo.
 A terceira característica é ser uma questão necessária para a decisão
principal. Quando é proferida uma acusação tem que ter determinados
requisitos.

Ordenação das questões prejudiciais em tipos.

2
 Questões prejudiciais não penais em processo penal. Saber se
determinado objeto pertence a A ou a B. Casamento consumado,
bigamia, é uma prejudicialidade própria; e estas questões prejudiciais
dão origem a um incidente de suspensão art. 7ºnº2.
Se estiver em causa a qualidade de uma pessoa, se é ou não
funcionária, mas isto já será uma questão de direito administrativo.
Prejudicialidade própria que dão origem ao incidente de suspensão
previsto no art. 7º2.

No art. 7º2 existe uma condição para que o processo se suspenda:


“convenientemente”.

 Questões prejudiciais penais em processo não penal. Como é por


exemplo a falsificação em processo civil.

 Questões prejudiciais penais em processo penal. Num crime de


favorecimento pessoal art. 181º CP. No crime de injuria se a pessoa não
se sentir ofendida não existe processo.

Importa distinguir entre as condições objetivas de punibilidade das


questões prejudiciais.

É a verificação em processo anterior de uma determinada condição (no caso


da insolvência ser declarada dolosa) é necessário que no processo de
insolvência seja declarada insolvência dolosa para depois se dar início ao
processo penal.

No âmbito das questões prejudiciais depende da conveniência que existira ou


não em decidir a questão prejudicial. Não é obrigatório que o processo penal se
suspenda quando esta pendente uma questão prejudicial. O que quer dizer que
a devolução não é obrigatória. A devolução obrigatória não é princípio geral. O
juiz suspende se assim entender.

E porque é que não é obrigatória?

Porque Coloca em causa o princípio da suficiência, a boa administração da


justiça penal e a segurança jurídico penal que então nos permite
compreender o regime do art. 7º 2 a 4.

Art. 7º nº 3 e 4 remete para uma tese que é a Tese do conhecimento


obrigatório que fala Figueiredo Dias.

Se traduz no seguinte: No processo penal não devem ser suscitados


obstáculos à concentração e à continuidade do processo penal ainda com
intenção da obtenção da verdade material.

No art. 7ºnº4 o tribunal é livre, o tribunal pode suspender, remeter para o


tribunal competente se for conveniente.

2
Quando o tribunal considere que é pertinente remeter o processo para a
decisão da questão prejudicial para o tribunal competente para resolver aquela
matéria, o tribunal suspende o processo e tem que ser cumpridos os prazos.
A ação tem que ser resolvida no máximo de 1 mês e a suspensão só pode
durar 1 ano. Finda o prazo de suspensão se houver decisão, há, se não
houver será o tribunal penal a decidir.

A exceção a esta exceção é no caso de decorrido 1 mês de suspensão e a


ação não tiver sido proposta poderá também a decisão ser decidia no processo
penal.

Princípio da celeridade e concentração

Art. 32º nº2 CRP

Este princípio justifica se se pelo interesse que as partes tem, o arguido, o


ofendido, o estado da sociedade em geral tem em que a justiça que se
arraste, de forma muito morosa e permita a realização dos fins do direito
e das sanções penais.

No âmbito de um processo crime ...n faz sentido uma pessoa estar na condição
de arguido mais tempo que o necessário.

O código do processo penal prevê que sejam cumpridos os prazos, temos a


titulo de exemplo o artigo 105º do CPP do 108º e o 107º A.

Não só a celeridade está consagrada como também no processo pode ser


requerida.

Princípio da concentração.

Determina uma prossecução tanto quanto possível unitária e continuada de


todos os termos e atos processuais devendo o complexo destes em todas as
fases do processo desenvolver se na medida do possível concentradamente
seja no espaço seja no tempo. Noção de figueiredo dias

Este princípio grande particular relevância na fase de audiência, discussão e


julgamento articulado sempre com o princípio da oralidade e imediação.

2
Este princípio vem dar ideia que a audiência deve ser contínua apenas
interrompendo na medida do estritamente necessário.
Art. 328º nº1 e nº2 CPP.

Princípios relativos à prova

Princípio da Verdade material

Este princípio vem nos dizer que o tribunal tem o poder dever de investigar
independentemente das contribuições que a defesa e a acusação ofereçam ao
processo.

Neste sentido, as partes vão dar contributo para o processo. Vão carrear prova
para os autos. Mas o juiz não se tem que limitar a estes contributos.
O juiz pode e deve investigar dentro daquilo que é o objeto do processo.

Esta verdade material opõe se à verdade formal.

A verdade formal corresponde a uma reconstrução hipotética dos factos


trazidos para o processo pelas partes no contexto do processo civil.

No contexto do processo penal vigora a ideia da verdade material. Visa o


apuramento da verdade histórica.
Em 1º lugar implica que a defesa não tenha de produzir prova que lhe seja
favorável ou desfavorável. Não compete ao arguido provar ao tribunal que não
cometeu determinado crime. compete ao MP investigar e ao juiz decidir. O
arguido não tem que provar que não cometeu.

Em 2º lugar, que é o caso da confissão. A confissão não basta para que


exista uma condenação.
Art. 344º nº3 alinea b) CPP

A confissão por si não é prova plena.


O tribunal pode ordenar a junção de documentos que a acusação e a defesa já
perderam o direito de ?
O juiz pode oficiosamente poder ordenar a junção de um documento.
Artigos 165º e 164º nº2

2
Neste sentido temos 2 vertentes da verdade.
A 1º que passa pela reconstrução histórica das partes. O que é que o MP vai la
dizer e também o arguido e ofendido.

Uma 2º que vem consagrar então os poderes do juiz investigar o facto que
esta naquele momento sujeito a julgamento.
Por outras palavras, no processo civil o juiz apenas pode decidir sobre o que
as partes, o autor e o réu, lhe levam.
No processo penal as partes também pode levar esses factos pra o processo,
mas não obstante haver esse contributo o juiz pode investigar para la do
contributo que as partes oferecem no processo.

No processo civil existe a obrigação ...quem alega facto no processo civil tem
que fazer prova dele isso é que é o ónus.
No âmbito do processo penal este ónus não existe porque o arguido não tem
que fazer prova de que não praticou o crime.

Assim a verdade material tem um duplo sentido. Por um lado, é uma


verdade subtraída à influência do comportamento da acusação e da defesa e
por outro apesar de não ser uma verdade absoluta é uma verdade judicial
pratica que não é obtida a qualquer custo. É a chamada verdade
processualmente válida.

No âmbito do processo este princípio tem limitações.

Limitações ao princípio da verdade material que é a produção de prova


suplementar após o encerramento da discussão.

 art. 361º nº2,


 art. 126º,
 art. 32º nº8

Princípio da livre apreciação prova

Este Sistema de livre apreciação da prova contrapõe se ao sistema de prova


legal.

É atribuído um valor à prova com base em regras legais pré-determinadas.


Diferentemente no nosso regime que é da livre apreciação da prova assenta na
ideia de que o juiz pode valorar os meios de prova que lhe são trazidos
discricionariamente sempre em obediência ao princípio da verdade material.
Art. 127º CPP

O Princípio da livre apreciação da prova vai implicar que o julgador tenha


que fundamentar as suas decisões, alias tem que fundamentar a formação da
sua convicção para então decidir. E com esta fundamentação pretende evitar a
arbitrariedade nas decisões. Se o juiz não souber com a fundamentação das

2
decisões e com a livre apreciação da prova aquilo que se pretende é no fundo
dizer assim, o juiz tem a total liberdade para decidir se pretende valorar uma
testemunha ou documento ou de que forma o pretende valorar, pode só valorar
parcialmente.
A postura das testemunhas também diz muito ... ao ouvir as testemunhas nas
pode valorar de forma diferente o contributo que cada uma delas vem dar ao
processo. No entanto, e apesar de ter liberdade de decidir de que forma é que
vai laborar, o juiz tem que que fundamentar, ou seja, o juiz está vinculado as
regras da ciência da logica e da argumentação. E o que quer dizer isto, por
exemplo poder recorrer as regras da experiência. Se o juiz tiver um pai que é
engenheiro ele por causa disso pode perceber dessa área e utilizar esse
conhecimento no processo.

Relativamente as regras da experiência própria. Isto acaba por ser relevante


porque de um facto pode se retirar...a chamada Prova indiciária.

Uma prova indireta é uma prova que se consegue obter de um outro facto.
Imaginem 2 pessoas mortas pela mesma faca. Poder se a deduzir que a
pessoa que matou uma matou outra.

Logicamente que este princípio não seria princípio de processo penal se não
tivesse exceções.

Exceções ou limitações deste princípio.

Ainda agora falei que o juiz pode ser filho de um engenheiro.


Pode acontecer mas também pode não acontecer.

O juiz como não conhecimentos ou experiência para conhecer de um


determinado assunto, vai ter que estar obrigado a opinião dos outros, dos
peritos.

Art. 344 código processo penal


Art. 169º

A regra da livre apreciação da prova. A exceção é prova pericial. Mas também


a prova pericial tem uma exceção na livre convicção do julgador. Porque o juiz
do processo pode efetivamente afastar aquilo que é o entendimento do perito
nas condições determinadas no artigo 163 nº 2.

O que quer isto dizer que também estes meios faz prova plana, ou seja não se
basta a si própria. Podem ser contrariados.

Princípio in dúbio pro reo

Art. 32º nº2 CRP

2
Todo e qualquer arguido é inocente até que exista uma sentença transitada em
julgado sendo que, em caso de dúvida, esta irá operar em benefício do réu.

O juiz não consegue apurar que no momento em que foi praticado o crime, não
consegue colocar o arguido aquela hora no local do crime, beneficiando o réu.

O que é que este princípio quer dizer? Compete não ao arguido, mas sim ao
estado produzir prova que o arguido cometeu o crime. Tem que conseguir
produzir prova para lá de qualquer dúvida, a prova é não dúbia. Que permita
formar a convicção a pontes de ilidir a presunção que funciona a favor do
arguido.
Este princípio obriga o MP a produzir prova que não deixe duvidas, e tem de
ser suficientemente para ilidir o princípio da presunção de inocência.

Este princípio constitui também um limite à livre apreciação do julgador.


Por último, este princípio in dúbio pro reu vale em relação à prova da questão
de facto e não quanto à questão de direito.

Não é possível apurar considerando os factos que estão no processo que o


arguido cometeu o crime. Não há uma conexão entre o in dúbio pro reu e a
questão de direito.

21/10/2021

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