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16/9/2021
1º freq.- comentário do acórdão
Feito como se fosse um caso pratico
Data: Finais de novembro
Bibliografia:
sumários prof.
Direito processo penal dr. Germano marques da silva 3 volumes (mais
pedagógico)
Maria João Antunes (melhor)
Paulo Sousa Mendes
23/9/2021
Processo penal
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O processo tem lá tudo basicamente. No processo penal a dificuldade é que se
assente que nós também podemos ter normas destas muito procedimentais
também temos normas muito curtinhas que usualmente são as mais traiçoeiras
e as mais difíceis. Nos quando avançamos para as normas do direito processo
penal temos que ter sempre com uma certa pré compreensão.
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um certo ritual, ou seja, quando se fala em aplicação de direito está sempre
buscar o princípio que é o princípio da jurisdição.
Este princípio da jurisdição a lógica da aplicação das normas em processo
penal passa sempre por uma lógica de uma identidade (?) independente como
iremos ver com os tratados dos tribunais.
O código de processo penal é um diploma que durou muito tempo a fazer e que
tem com o pai. O pai do código processo penal é o dr. Figueiredo dias.
Tem uma conceção, ideia e tem objetivos. Para percebermos o que foi o
processo penal, temos de perceber o que é que estava entre aspas na cabeça
de quem propôs, quem o fez o que é queria, quais objetivos queria alcançar.
O processo penal tem uma filosofia, uma forma de atuar que é tentar chegar a
perceber o que é que se passou para depois punir um agente.
diz-me com quem andas dir te ei quem és. No processo penal, diz-me como
tratas o teu arguido, dir- te ei quem és, dir- te- ei que sociedade é a tua.
Porque se eu tratar o arguido por exemplo sem direitos, se não oferecer armas
para ele se defender, se Eu não conseguir fazer isso trato mal o arguido. Quer
dizer que vive na sociedade que não respeita os direitos fundamentais ou
respeita menos.
Portanto, o processo penal lida na sua forma de atuar é por definição quase
uma forma de apelar que vai bulir com direitos fundamentais. Se esse é o caso
a forma como o processo penal gera o equilíbrio entre por um lado os direitos
fundamentais dos cidadãos e a prossecução das suas próprias finalidades
acaba por ser um reflexo do tipo de sociedade que nós queremos, uma
sociedade respeitadora desses direitos ou que não.
A primeira lição tem de levar no processo penal é que arguido somos todos
nós. Não podemos ver no arguido um que não tem nada a ver connosco.
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O arguido é o vosso colega do lado, é a professora que dá aulas, o arguido é o
senhor que atravessa a estrada, é o que compra café ca cafetaria.
É só na fixação deste mantra que compreendem a delicadeza de algumas
soluções e as implicações de outras não é que para os outros. Por isso mesmo
na exposição de motivos vem a ser explicado no projeto deste código na parte
1º, ponto 4. Não é a coisa pouca o código de processo penal não é coisa pouca
se propõe.
O direito penal sem o processo não é ninguém da mesma forma que o direito
penal sem o processo não é ninguém, ou seja, o processo penal serve para a
ativação do direito.
Isto quer significar que cada um também anda sozinho, tem os seus próprios
princípios, tem a sua própria dogmática, tem as suas próprias regras.
Quer isto dizer que eu não posso exercer nem tomar a justiça pelas minhas
próprias mãos. Este princípio da lgalidade processual tem ainda âncora
constitucional.
O princípio da legalidade além de ter ancora no artigo 20º, depois vai ter um ?
muito grande a partir da logica daquilo que vão ser os princípios combinados
do artigo 32.
O princípio da legalidade do processo é autónomo do princípio da legalidade
criminal.
Princípio da legalidade criminal art. 29º
Princípio da legalidade do processo art. 20º CRP, art. 2º CPP
A ciência do direito penal de total ou conjunto de von list. Aquela festa privada
entre o direito penal, processo penal, a criminologia e a política criminal.
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digamos que é uma filha rebelde da sociologia a que se dedica a estudar o
fenómeno criminosos. Só que a criminologia e a se quiserem é a teia, não tem
Deus nem credo. No fundo não diz se é bom ou mau, só quer explicar o porquê
do crime, não esta a fazer juízos de valor. No fundo determina ou explica
alguns fenómenos que vê acontecerem na sociedade que é relativamente ao
delinquente quer relativamente a vítima.
Art. 1º alíneas j,l,m vemos que nestas alíneas não estão definidos tipos de
legais de crimes mas categorias de criminalidade. E nós quando falamos de
categorias de criminalidade estamos a falar de criminologia não estamos a falar
de direito.
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de 2015 que segue precisamente, digamos as observações da criminologia a
propósito de modo de reserva e de salvaguarda da vitima.
Politica criminal
A pessoa que não cometeu crime nenhum também está a ver a sua intimidade
devassada. Portanto o estado para perseguir aquele crime da corrupção está a
fazer os chamados danos colaterais. Também está afetar a intimidade e a
reserva da vida privada que é um direito fundamental de um outro cidadão que
nada tem a ver com aquele processo. Portanto o estado para perseguir entra
pela vossa vida adentro enquanto cidadão. O estado para perseguir vai
afetar direitos fundamentais e por isso é que eu vos digo que o processo
penal é esquizofrénico.
Porque eu para perseguir tenho de ter armas mecanismos processuais para
poder fazer isto ou aquilo que significa, na maior parte das vezes, limitações de
direitos fundamentais que por sua vez, lembrem se daquilo que vos li a primeira
primeiro extrato da exposição de motivos, nós queremos o direito processual
assente no valor da liberdade que respeito direitos fundamentais. Portanto
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se nós formos a ideia da proteção dos direitos do cidadão da perspetiva da
liberdade eu não posso deixar o estado entrar muito.
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A segunda finalidade é a proteção dos direitos fundamentais dos
cidadãos em especial do ? E proteção em que sentido? Perante o
próprio estado. O estado tem que garantir, digamos assim, que os
direitos fundamentais também estão suficientemente protegidos a
ingerência do Estado no contexto do processo não, mas acima de tudo
tem de dar armas suficientes ao arguido.
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que em alguns institutos do processo penal haja maior peso À Descoberta da
verdade material estou a pensar por exemplo na prova, e noutros institutos
não haja um maior peso da proteção dos direitos fundamentais pensado na
posição do estatuto processual do arguido. Portanto como vos dizia a bendita
esquizofrenia do processo é um resultado desta dificuldade em articular 2
coisas contraditórias entre si.
No processo penal nós não temos partes. Temos sujeitos. Se eu der um tiro
a alguém, eu tenho escolha do Estado vir atras de mim ou não? Não.
O processo penal não é disponível. Não é disponível precisamente por causa
daquela última finalidade da paz jurídica.
Por isso o processo penal tem sempre de perceber o que é que aconteceu,
portanto, funciona retrospetivamente com base no facto ocorrido no passado
precisamente para ter a certeza do que é que aconteceu para saber se tem ou
não de coser o tecido social.
E, portanto, tem esse intuito específico da descoberta da verdade material aqui
enquanto facto que ilumina o fim de aplicação do direito ao caso, mas lá está
uma condenação do inocente que também ninguém quer. Estão a perceber
porque é que é o foco da descoberta da verdade material? Não é só condenar
por condenar.
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Nós pensando a dinâmica do processo conhecemos tanto coisas como a
escola segura, ações que a polícia desenvolve tipo auto stop e depois vemos
nas notícias “está a ser julgado” “foi interrogado pelo juiz Carlos Alexandre” e
depois ouve-se a conversa de foi para a prisão.
além de que aí nesse período execução este direito muitos vezes também se
chama direito penitenciário.
Este direito execução de penas envolve depois há questões relacionadas não
só com a parte penal mas muito também com direito administrativo. Este direito
policial, em termos de natureza, é direito administrativo puro. Mexe com coisas
de penal mas é direito administrativo.
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Fontes do processo penal
Quantos as fontes podemos utilizar uma linguagem mais formal mais material
ou a chamada abordagem dualista, ou seja, considerando sua respetiva
importância ou seja sua respetiva importância.
Fontes formais
Pensando nas Fontes formais nós podemos, pensando que o direito processo
penal é um direito fundamento territorial porque sendo processo rege se muito
pela lógica da territorialidade alias como o direito das contraordenações.
Nos no contexto das fontes formais naturalmente podemos fazer nos socorrer
daquela pirâmide que normalmente mete a Constituição no topo da pirâmide.
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Em termos internacionais existem as declarações que são princípios e os
instrumentos internacionais que são vinculativos, os chamados hard law que se
aplicam aos estados.
Para vos dar o exemplo de um instrumento Internacional de soft law que tem
importância para o processo penal é a declaração universal dos direitos
humanos.
Já agora uma nota a propósito a epígrafe art. 32. Não podemos escrever
processo criminal. Se temos um sistema munista que trabalha com penas, é
direito penal e direito processo penal.
Portanto quanto à parte da Constituição ...está entrando na logica da lei
ordinária e como devem imaginar a principal fonte formal é código de processo
penal. É a principal fonte formal do direito processual penal, mas naturalmente
o código do processo penal não é a única legislação ordinária que existe e que
seja fonte do direito processual penal temos outras coisas:
Estatuto da vítima
Regime das ações encobertas
lei da criminalidade organizada
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Fontes materiais
Princípios
São princípios que por definição não têm de estar positivados, não têm
plasmados em instrumentos nenhum ou melhor me lembro que não tem de
estar escrito em lado nenhum mas que é evidente em todo o lado é o princípio
de justiça.
O princípio de justiça não esta plasmado em convenção nenhuma mas
ninguém questiona que o princípio existe. Naturalmente que esses princípios
naturalmente também vão servir de fonte material ao direito processual penal.
Jurisprudência
Cada vez mais se vai vendo muito decisões não só de tribunais superiores
como a relação ou o supremo mas também as vezes tribunais de 1º instancia
que deferem decisões do tribunal europeu dos direitos humanos. Deferem nas
precisamente porque sendo a convenção vinculativa para o estado português e
havendo desenvolvimentos de princípios essenciais aplicáveis no contexto do
direito processo penal português, estou a pensar no artigo 6º da Convenção é
o talvez com mais refrações para o processo penal ainda que não seja o único.
A verdade é que esses acórdãos depois acabam por ter influência direta
digamos assim quer na possível construção de normas quer também nas
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decisões sobre o caso concreto quer na compreensão de institutos de processo
penal.
Depois temos outros que são próprios do processo penal, que não existem
noutro âmbito que são os designados acórdão de fixação de jurisprudência.
São acórdãos neste caso do supremo tribunal de justiça e são acórdãos que
surgem quando 2 tribunais superiores, por exemplo, 2 tribunais da relação
tem interpretações contraditórias sobre uma mesma norma no contexto
de um caso.
Nestes casos acaba por ter de intervir o STJ no fundo para dizer que quanto á
norma A deve ser entender que a interpretação correta é tal.
Nós já tivemos até 1995 que é a figura dos assentos. Tinham valor de lei e
foram considerados inconstitucionais. Tinham o tribunal a emitir uma decisão
judicial, portanto naturalmente ofendia o princípio da separação dos poderes.
Sendo esse nasceu esta figura os acórdãos de fixação de jurisprudência que
também acabam naturalmente por ter uma enorme influência no direito
processual. Não deixam de ser decisões judiciais que só produzem efeitos
vinculativos no caso concreto mas lá está tem um regime que obriga a quando
algum tribunal quiser discordar da interpretação seguida pelo Supremo Tribunal
de justiça tenha de justificar porque é que discorda portanto acaba por ter essa
influencia.
Doutrina
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O pai do código do processo penal é o dr. Figueiredo dias,professor. Os
doutrinadores quando estudam os problemas vão escrevendo dando
sugestões. Não é que a doutrina dessa perspetiva seja uma fonte mas acaba
por condicionar muito as propostas de alteração ao código do processo penal.
Dou vos um exemplo, do atual contexto esteve durante bastante sempre em
consulta pública a estratégia nacional de combate à corrupção e a
coordenadora da equipa para delinear a estratégia opção foi dr. Maria João
Antunes e mais uma vez é professora. Naturalmente que a doutrina acaba
também por e foi também o estudo da Figueiredo dias que lhe permitiu
apresentar uma proposta de código como fez na altura da década de 80,
portanto acaba por também ter essa influência.
Interpretação
Integração de lacunas
O ART. 4º da nos a forma de conseguir integrar lacunas. A 1º coisa que ele diz
e ai se ve as diferenças abissais entre o processo penal e direito penal é que a
1º ferramenta que eu tenho para integrar a lacuna vai ser justamente o recurso
a analogia de normas do processo penal. É eu encontrar normas do processo
penal que possam servir para integrar aquela lacuna.
Isto significa que o passo seguinte que nos dá este artigo é o código do
processo civil e diz nos que quando não conseguir encontrar uma norma no
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código de processo penal aí utilizo o código do processo civil. O processo civil
é o pai de todos.
Eu para ir buscar a norma do processo civil tenho que 1º ver se essa norma
que eu vou buscar é compatível com os princípios gerais do processo. Ou seja,
aqui os princípios não estão a integrar a lacuna. Estão só a fazer o filtro para
perceber se a norma de processo civil que eu estou a ir buscar pode ou não
integrar a lacuna. Nesse caso se for uma norma do processo civil relativa a
atos de secretaria não há problema nenhum em ir buscar porque atos de
secretaria é uma coisa puramente procedimental. Mas se for uma coisa de
prova, uma norma de prova já é mais difícil ir buscar ao processo civil.
Aqui os princípios surgem com função de controlo e aqui surgem com função
de integração. Como o art. 4º só me está a dar a sequência como nós devemos
proceder à integração, só se refere o texto a esta parte.
Aplicação no tempo
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Art. 5º- remissão art. 12º CC
O art. 5º nº1 do código de processo penal diz-se que a lei aplica-se para a
frente salvaguardando se a validade dos atos praticados ao abrigo da lei
anterior.
Todavia o nº2 estabelece se uma limitação e esta limitação tem a ver com 2
coisas. Tem a haver sendo processo penal um procedimento tem que ser uma
sequencia lógica de atos com vista o resultado final, se a alteração que sair
entretanto o processo se mediatamente aplicada puser em causa a própria
lógica dos atos que já foram praticados até aí no processo pendente... vamos
imaginar que o arguido já houve investigação, está a ser julgado portanto o
processo está a andar e estamos no momento do julgamento. O processo já
começou e aparece uma lei nova e a ideia se é aplicação imediata para a
frente quer dizer que se vai aplicar segundo o art. 5º nº1 por logica este
princípio geral vai-se aplicar também aos processos pendentes. Portanto já
começaram também se vai aplicar aí.
Exemplo: Vamos imaginar este senhor arguido que está já numa fase
relativamente adiantada do processo e, portanto, sai uma alteração ao código
do processo penal que vira o processo penal ao contrário. Aí não faz sentido
sob pena de até os atos já praticados nesse processo pendente perderem o
seu sentido enquanto lados. Não faz sentido nenhum aplicar essa alteração ao
processo que já está a correr, porque a diferença é tanta que dificilmente a lei
nova será compatível com aquilo que se fez ao abrigo da lei antiga e nesses
casos esse processo pendente vai continuar a ser julgado ao abrigo da lei
antiga.
Mas situação diferente desta linha b) que tem a ver com a harmonia do
processo prende-se com a posição, o estatuto processual do arguido.
Isto quer dizer que a alínea a vai no fundo criar uma adaptação se quiserem
mitigada daquilo que os senhores já conhecem do artigo 29 da Constituição e
subsequentemente do art. 2º do código penal quanto a aplicação na lei no
tempo.
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Se existir uma lei nova uma lei processual penal nova sendo imediatamente
aplicável piorar o estatuto processual do arguido num processo pendente essa
lei nova não pode ser aplicada imediatamente ao processo pendente.
Claro que vai ser aplicável aos processos que se iniciam entretanto, mas aos
processos pendentes não há aplicação imediata.
E aqui não estamos a falar de coisas dramáticas ou melodramáticas, ou seja,
coisas muito complicadas em que se veja literalmente que o arguido passou de
bestial a besta.
Vamos imaginar que sai uma lei nova que transforma esse prazo de 30 dias
num prazo de 15 agora voltamos a ver a ideia arguidos somos todos nós.
A lei nova não esta a mudar uma norma xpto, está a diminuir um prazo, mas
essa diminuição atendendo ao tipo de prazo que vai ter um impacto direto
daquilo que é o estatuto processual do arguido.
Naquele processo pendente começou o processo como arguido a poder ter 30
dias para ocorrer e se a lei nova se aplicarem imediatamente ele começou com
30 e vai ter só de 15.
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Aplicação da lei processual penal no espaço
Princípio da territorialidade
A Alemanha quer vir buscar qualquer coisa de prova a Portugal, depois vem
definido se se aplica a lei alemã ou a portuguesa apesar do processo estar na
Alemanha. Nesse caso se se aplicar a lei portuguesa, vai se aplicar a lei
portuguesa ao processo estrangeiro.
Como tem a ver por exemplo com a recolha de prova as normas de recolha
não podem muitas vezes ser exportadas.
Aplicação às pessoas
Fase
preliminar Instrução
Fase de Inquérito (facultativa) Julgamento Fase
(obrigatória) (fase recursória
Aquisição
Dirigida pelo obrigatória)
noticia do
Investigação dirigida JIC facultativa
crime
pelo MP
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Temos a 1º fase que é a fase preliminar. E esta fase ainda não é um
processo penal propriamente dito porque tem a ver fundamentalmente que tem
que estar reguladas. Aparece um morto no Jardim, a polícia tem que por a
fitinha, tem que ver se há impressões digitais há pessoas que podem ser
paradas eu quero falar consigo alguma coisa não viu.
E, portanto, desta fase preliminar tem muito a ver com a aquisição da noticia do
crime, com as diligências de prova, com as medidas cautelares mas ainda não
entramos verdadeiramente no processo.
Nós já vimos hoje que o nosso processo penal é fundamentalmente regido pelo
princípio da legalidade art. 2º mas nem todos os processos em todos ao
países se sujeitam a este princípio como nos. Existem países que no contexto
do processo penal rege se mais pelo princípio da oportunidade
maioritariamente nos EUA.
Aqui não posso dizer que se segue certo porque esta fase pode não existir
porque é facultativa que é a fase da instrução. Ou seja, só tem início se um dos
sujeitos processuais a espoletar, a requerer a sua abertura.
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E tanto pode ter início no caso de arquivamento como no caso da acusação
consoante o sujeito processual que a requer. Esta fase de instrução é dirigida
pelo juiz de instrução criminal JIC.
A seguir temos a fase de julgamento tal como a fase de inquérito é uma fase
obrigatória, mas neste caso já não é uma fase de investigação como o próprio
nome indica é uma fase de apreciação, julgamento. Esta fase é dirigida por um
juiz no tribunal.
Finalmente temos uma eventual fase também ela facultativa que é a fase de
recursória tem a ver com uma possibilidade que se abre após uma decisão
final sobre a culpa do arguido e nesse sentido só existe se alguém pedir que
ela se inicia. Também não é obrigatória e é dirigida pelo juiz do tribunal.
30/9/2021
Maria joao Antunes tem uma expressão que nos diz que o processo penal
como se fosse um sismógrafo da Constituição, portanto no fundo o processo
penal e a forma como ele está conformado ao ponto da regulação do processo
penal se percebe, digamos assim o modo como é tratado o arguido, são tudo
elementos que nos vão permitir perceber que tipo de Estado é que nós temos.
É uma espécie de prova dos 9 invertida.
Se nós olharmos para o processo penal que trata entre aspas mal o arguido
certamente não estaríamos no Estado democrático.
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mais não fosse isto tinha desde logo uma implicação direta para a legislação
ordinária. É que não podia processual, é que não podia existir ou não pode isso
nenhuma norma processual penal que não significa uma instrumentalização
dos sujeitos do processo aos fins do estado.
Mas como vos disse o processo na além desta alma tem também as chamadas
2 pernas e estas 2 pernas não são senão por um lado artigo 32, tem a ver com
a limitação que o estado faz assim mesmo ao estabelecer garantias
fundamentais no contexto do processo. Portanto no fundo se o processo é o
braço armado do Estado isto significa que quando o estado estabelece
garantias fundamentais no processo está a autolimitar, está a dar direitos ao
arguido.
E por outro lado temos também a outra perna que é o artigo 27.
E o artigo 27 funciona como outra perna precisamente porque o art. 27 vem
tratar daqueles que são os direitos fundamentais que mais diretamente,
digamos assim, encarnam aquilo que é o difícil equilíbrio do processo penal.
Por um lado, a situação de prever direito a liberdade e por outro lado prever o
direito à segurança. São estes 2 valores mais uma vez conflituantes que fazem
com que ou o modo como estes 2 valores da liberdade e a segurança são
regulados na Constituição fazem com que nós também percebamos aquilo que
tem de vir a ser o processo penal. E uma das coisas que é diferente no
processo do que é secalhar em outras áreas normativas, estou a pensar por
exemplo no processo civil, é que contrariamente ao processo civil, no processo
penal nós temos normas constitucionais de aplicação direta, ou seja, que
não precisam da mediação entre a Constituição e o código, ou seja, a
constituição aplica-se diretamente.
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casas encontram as vossas cartas de amor com pormenores escabrosos e as
levam para análise no processo...resta saber também olhando mais uma vez
por exemplo para o artigo 34 se essa correspondência acaba por ter de sofrer
como é uma correspondência pessoal um tratamento diferente daquilo que
acontece por exemplo com faturas da água, também são pessoais mas não
têm o mesmo nível.
Mas se nós admitimos que o estado pode entrar, também podemos limitar as
circunstâncias em que ele pode fazer. Por exemplo tornar a possibilidade de
entrada por regra geral dependente de um mandato policial.
Por outro lado, ainda também há uma limitação quantas horas. Por regra geral
em termos de busca judiciárias as autoridades só podem ajudar entre as 7 da
manhã das 9 da noite.
Isto significa também que há uma espécie de um travão implícito quando nos
assumimos o exercício do direito de punir é por definição uma violação de
direitos fundamentais. Só podemos ir até onde a proporção dos outros
interesses que estamos e tentar realizar nos permitir. No fundo o princípio da
proporcionalidade art. 18º, e por outro lado se temos que ser proporcionais
entre os interesses perseguidos e aqueles que estamos a violar naturalmente
nunca podemos fazer tabua rasa, nunca podemos ultrapassar aquele ?
essencial do direito fundamental.
Assim nós percebemos que nesta conformação constitucional temos de partir
para a sua analise e compreensão detentores da ideia da alma art. 1º, pernas
art. 27º e 32º e também esta limitação que não decorre diretamente de uma
norma que é não poder afetar o pelo núcleo essencial do direito fundamental e
naturalmente que qualquer intervenção sobre direitos liberdades e garantias ter
de obedecer ao art. 18º da CRP.
Isto são os pontos de partida. E enquanto pontos de partida importa nos olhar
para as normas constitucionais e vamos começar pelo art. 27º para nos
percebermos como é que trabalhamos a logica da conformidade constitucional
da constituição...
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Princípios programáticos
Normas de incidência/aplicação direta
Normas de incidência necessária
Esta figura nós não tivéssemos mais nada seria uma contradição direta com
art. 27º ,ou seja se isto fosse assim basicamente mais valia nós pegarmos no
código processo penal e mandávamos lixo. Não podíamos fazer uso dele. Por
isso mesmo é que nós encontramos normas como o art. 28 da Constituição
que legislação específica a propósito da prisão preventiva, ou seja, um caso
especial de privação de liberdade e imediatamente a seguir ao artigo 27 e
temos por exemplo normas que mesmo em termos de redação já não são
programáticas são as tais de aplicação direta...mesmo no art. 27º nos
conseguimos identificar 2 tipos: o princípio programático nº1, mas se
olharmos para o art. 27º nº3 alínea b) da CRP reparam que essa norma já não
é propriamente uma norma programática. Já é uma norma processual.
Porque vem nos dizer que eu só posso prender alguém preventivamente se
tiver desde logo “fortes indícios da prática de crime doloso a que corresponda
pena de prisão cujo limite máximo seja superior a 3 anos “.
Ou seja, o detalhe desta norma faz com que a mesma não preciso, em último
caso, da mediação da norma ordinária do processo para ser diretamente
aplicável no processo penal. Significa que o código de processo penal acaba-
se por prever uma norma que não falasse quanta à admissibilidade da prisão
preventiva de fortes indícios mas apenas de indícios, portanto não
acrescentando a exigência do “forte”, essa norma seria materialmente
inconstitucional mas o problema já tinha solução na Constituição.
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em que alguém por exemplo é apanhado com uma quantidade de álcool no
sangue acima da taxa legal estamos a falar de uma sexta-feira à noite, não
estamos em Lisboa quem pode não haver todos estamos numa Terra mais
perdida e tem que se esperar que venha o juiz basicamente validar ou não a
detenção por exemplo e depois de passarem por essa experiência eu vou
perguntar aos senhores se 8 horas é muito pouco.
Art. 32º nº2, este é de tal talvez a porta pela qual nós devemos entrar no
processo penal. A primeira frase que fui dizendo do processo penal ser um
sismógrafo da Constituição, temos de perceber quando olhamos para o
processo penal como é que estão arrumados os sujeitos.
E naturalmente que é diferente perceber que um sujeito que tem direitos
fraquinhos que é o caso do arguido, o arguido possa ter direitos fraquinhos ou
que o arguido possa ter e isto esteja constitucionalmente consagrado a referida
presunção de inocência. É o ponto de equilíbrio entre Estado e o arguido.
Tendo nós passado a porta, a primeira coisa que temos de perceber, ou seja,
já um filtro de saber que tem essas garantias além da presunção de inocência
é dizer que o arguido tem todas as garantias de defesa incluindo o recurso
como vem no nº1.
Isto é importante porque se existisse uma lei ordinária que não consagre o
direito ao recurso esta norma ainda que não seja detalhada, consegue ter
aplicação direta portanto em último caso havia um recurso ad hoc mesmo que
não houvessse (?).
Alem disso esta previsão apesar de não ser detalhada como vimos por
exemplo artigo 27º do 3 alínea d que essa não precisava praticamente mais
nada; esta previsão do número 1 do artigo 32 basicamente diz nos ainda uma
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outra coisa. Se existir uma alteração no código de processo penal que limite o
direito ao recurso essa alteração acaba por se tornar materialmente
constitucional.
O nº3 do artigo 32º diz 3 coisas distintas e não apenas uma coisa.
Diz nos desde logo que o arguido tem direito a ser assistido por defensor, diz
nos que em alguns casos, que a lei ordinária ira determinar, a assistência por
defensor é obrigatória.
E diz nos ainda que o arguido pode escolher o seu defensor, podendo se fazer
acompanhar por ele sempre que o queira ou seja mesmo que essa assistência
não seja obrigatória.
A lei ordinária, o código não o código não pode distorcer, digamos assim, este
imperativo constitucional. Outra das coisas que nós vamos tem a ver com o
número 5 a propósito da estrutura do processo penal, ou seja, a Constituição
não dá margem de manobra ao legislador ordinário para conformar o tipo de
estrutura que o processo deve ter. Impõe uma estrutura que é acusatória.
Nós falamos da logica da verdade e isto artigo vem nos dizer que existem
limitações quanto ao modo de se chegar a essa mesma verdade.
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Ou seja, ainda que nós quando estamos no processo administrativo, a em
relação é vertical, entre o estado e os cidadãos.
Quando estamos no processo civil, estamos a falar da relação entre
particulares.
Quando estamos no processo penal temos uma relação triangular. Porque
além do Estado e o arguido vamos ter também um terceiro elemento que a
Constituição obriga a ter em conta que é aquilo a que se chama ofendido, a
vítima, o assistente.
Isto significa que estas duas normas são normas que naturalmente definem
qualquer código de processo penal. Mas naturalmente temos outras são de
igual importância. Não são tão diretamente orientadas digamos assim para o
processo pena, aparentemente. Estão aparentemente só definir alguns direitos
fundamentais mas basta vermos os números 3 e 4 do artigo 34 da Constituição
para perceberem que temos logo aí no número 4 uma norma de incidência
que não é programática mas que remete para a regulamentação ordinário, não
é tao incisiva, estabelece as bases.
Não é programática mas é digamos uma projeção de princípio.
E temos uma norma direta em sentido próprio que é o número 3 que nos
faz lembrar aquilo que já lemos da alínea d) do nº 3 do artigo 27º, que é tão
detalhada não precisa de nenhuma norma ordinária para se perceber as
limitações por exemplo que estão ali em causa quanto aos direitos
fundamentais protegidos pelo artigo 34º.
Além destas normas temos outras que não estão naturalmente pensadas.
Portanto basicamente temos um 27,28, 31, 32 e 34.
Nestas normas com incidência direta, quer sejam de aplicação direta, quer seja
programáticas são no fundo a Constituição processo penal.
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Tal como o artigo 20 temos outros exemplos: 272º, 219º, 215º, 216º , 203º,
202º portanto são tudo normas que não são pensadas especificamente para o
processo penal mas que tem incidência direta no processo penal.
Além destes princípios, repito não sendo processuais penais tem incidência
necessária no processo penal temos pois uma outra ideia que temos de tratar
antes de fecharmos este ponto.
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Artigo 12º nº2 CRP, vem os dizer que às pessoas coletivas são reconhecidos
direitos fundamentais que sejam compatíveis com a sua natureza. Ora só para
nos entendermos lógica destas dificuldades, vou dar uns exemplos
relativamente aos quais há bastante jurisprudência do TC. Acabámos de ver no
contexto do artigo 34º nº3 algumas limitações quanto à possibilidade do
domicílio ser afetado no contexto do processo penal.
Claro que uma das questões que imediatamente se coloca é se faz sentido
aplicar o conceito de domicílio as pessoas coletivas. Isto é particularmente
importante como devem imaginar pensando na diferenciação do regime entre
as buscas em termos gerais e as buscas domiciliárias. As buscas gerais são
menos limitadas digamos assim porque as buscas domiciliárias têm mais
requisitos, mais pressupostos, são mais apertadas.
E, portanto, quando o santo oficio nasce porque nasce como instituição que se
pretendia ser séria, pretende-se legitimar, digamos assim, o castigo que era
infligido àqueles que não respeitavam sua religião católica.
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E, portanto, institui se uma lógica de procedimento com vista à obtenção de
prova para o apuramento da verdade só que aqui a verdade que se pretendia
era a designada verdade histórica. Ou seja, o fim último e o fim único era
precisamente chegar à verdade independentemente daquilo que fosse um meio
para chegar a essa mesma verdade.
Nesse sentido, não obstante nós termos o tal procedimento, nos tínhamos uma
plena objetificação da pessoa acusada no contexto do processo.
Sendo por exemplo o rodrigo perseguido por erege, isto significava que os
inquisidores, e dai o processo ter o nome de estrutura inquisitória,
investigavam, ou seja, queimavam um bocado, punham no esticador e
claramente que falava mesmo que não tivesse feito nada. Porque a confissão
ao tempo era efetivamente o grande meio do próprio, ainda hoje tem um
tratamento privilegiado mas ao tempo era o grande meio de prova, a chamada
prova rainha.
Portanto uma vez com existindo confissão considerava-se que todos os factos
alegados se consideravam provados.
Filme: da rosa.
2
Os ideias liberais naturalmente que acabam por ter um fortíssimo impacto no
âmbito do processo penal, da perseguição penal.
Como é evidente se for a mesma pessoa que investiga, que recolhe a prova, e
depois julga não vai ser imparcial relativamente ao teor da própria acusação.
Portanto, naturalmente não vai dizer que vou mandar o trabalho todo que tive
para o lixo. Tornou-se evidente que era necessário separar a Entidade que
acusava da entidade que julgava e é isto que quer significar o princípio da
acusação ou a estrutura acusatória.
Entidade que acusa tem de ser sempre distinta da entidade que julga.
2
as relação não é horizontal como é o processo civil... as posições não são
iguais no processo penal e por isso mesmo também houve alguma insatisfação
com a lógica de a liberdade e a racionalidade do Homem de custar ser tão
responsável pela prova mesmo com os seus meios do que o estado.
Claro que nos tivemos uma revolução em 74, e se na estrutura mista no código
de 29, naturalmente que o estado sendo autoritário, são os interesses do
Estado passam à frente dos interesses dos cidadãos é esta a lógica do Estado
autoritário, há também uma diminuição correspondendo dos direitos e garantias
dos cidadãos no processo penal. Portanto estava Toda A Gente chateada além
de muitas outras coisas, portanto arguidos cidadãos tudo do contra.
2
A dificuldade que acontece como devem imaginar é que não se faz um código
do dia para a noite. E, portanto, nós tivemos o código de 1929 muito adaptado
até 1987. O nosso código de processo penal é de 1987 desenhado pelo
professor Figueiredo dias.
Em 1987, o que se procurou fazê-lo foi ir buscar o que era bom a cada um dos
grandes momentos históricos que tínhamos vivido ate ai.
Naturalmente que qualquer processo penal praticamente em qualquer parte do
mundo ocidental é devedor do santo de ofício, porque esta ideia de
legitimação através do castigo nasce do santo ofício.
2
Só que esta verdade histórica ontológica não pode ser verdade no processo
penal. É uma verdade que nunca será verdadeira no processo penal, porque a
forma de lá chegar é constitucionalmente proibida.
O que se tentou fazer na estrutura do processo foi fazer o equilíbrio entre por
um lado a tutela dos interesses do Estado, o estado continua a querer apurar a
verdade mas mete verdade material para não ser uma verdade histórica todo o
custo e o equilíbrio entre essa tutela da verdade que é o interesse do Estado e
a garantia dos direitos dos cidadãos.
É que nós temos de perceber depois quais é que são os deveres de prova de
cada um dos intervenientes processuais. E continuamos a ter a presunção de
inocência, nasceu no liberalismo e continuou.
Esse artigo vem nos dizer uma coisa que aparentemente é contraditória face
ao percurso que temos vindo a fazer até aqui. É que o juiz investiga. O juiz
ordena provas.
Porque é que isto é importante e quais é que são as limitações desde ter
de investigar?
MP JUIZ
2
Se olharmos 340 estes juízes estranhamente tem poderes para investigar e
nós precisamos de perceber... então se nós mandámos vir com a estrutura
inquisitória que o juiz podia fazer o que lhe apetecesse, acusava, julgava.
Estrutura inquisitória:
Este juiz único começa por investigar a e descobre 4 coisinhas.
Mas, entretanto, durante a fase de julgamento chega a conclusão que são 6
coisinhas mas como ele tem legitimidade para acusar alarga e em vez de julgar
só pelas 4 coisinhas vai julgar pelas 6.
Ele pode chegar aqui e o nosso Rodrigo além de ser herege poderia
cumulativamente ser logo psicopata assassino.
Só que este juiz para ter a certeza que estas coisinhas são mesmo estas 2
coisinhas e a segunda coisinha não tem assim uns buracos por exemplo, vai
investigar só dentro destas coisinhas não pode acrescentar a terceira coisinha.
Esta limitado pelo designado objeto previamente definido pelo Ministério
Público. Isto chama se o princípio da vinculação temática. Ou seja o juiz
investiga dentro do tema, se quiserem, que lhe vem dado pela própria
acusação.
Não pode alargar esse objeto.
2
O juiz está vinculado ao Tema do processo que Ministério Público lhe dá.
A única coisa a que o juiz não está vinculado é ao embrulho, digamos assim,
que o Ministério Público faz das coisinhas. Vamos imaginar que a Mariana tirou
computador ao Pedro e além disso deu 3 socos. portanto temos os 3 socos e o
computador e o Ministério Público vai dizer que há crime de furto e o crime de
ofensas à integridade física; as bolinhas são os socos e tirar o computador.
O juiz pode investigar se deu mesmo 3 socos, afinal foram 4. Mas ele olha
para as 2 bolinhas juntas e diz que isto não é furto mais ofensas à integridade
física. Diz que é crime de roubo.
Portanto enquanto que ele na investigação está limitado pelo teor dos factos
mandato pelo conjunto mandados pelo Ministério Público, portanto não pode
dessa perspetiva violar se o princípio da acusação; é a acusação que define
o Tema, portanto o princípio fica garantido e a estrutura é acusatória, há
separação de entidades; o juiz depois o que não precisa é de dever obediência
digamos assim, à qualificação que o Ministério Público possa ter feito em
termos jurídicos.
Mas isso é uma coisa diferente. Portanto aqui nós temos aqui então na
possibilidade da investigação a estrutura do processo penal português,
estrutura acusatória mitigada pelo princípio da investigação.
Por outro lado também é importante perceber o artigo 32 o que obriga é que
existe a estrutura acusatória, ou seja, que exista separação entre a Entidade
que acusa e a Entidade que julga mas desde que esta separação seja mantida
não obriga a que o modelo seja um modelo que acusatório puro e por isso
mesmo pensando na tutela, digamos assim, de equilíbrio entre os interesses do
estado e os direitos fundamentais, o modelo que nós temos é um modelo que
impede que o juiz não seja responsabilizado pelo próprio cumprimento dos fins
do Estado.
Ou seja, o próprio juízo o poder funcional, ou se quiserem de outra forma, o
poder dever de investigar. Dito ainda de outra maneira, ele não pode optar por
exercer ou não esse poder conforme lhe apeteça. O juiz tem a obrigação
2
apesar de chamar um poder de investigar é um poder funcional, é um poder
funcionalizada ao tal fim do Estado descoberta da verdade material.
Em suma.
Fazendo digamos sumário resumido, os senhores ficam com mais 2 elementos
importantes pensando aqui o teu percurso vamos iniciar na próxima semana
que tem a ver com os princípios.
Tem que ter a linha de conta agora que vamos avançar para os princípios 2
coisas.
Até aqui nós não temos estado a tratar de princípios processuais nem
processuais penais nem princípios do processo penal. Até aqui e Hoje
particularmente temos estado a falar de princípios e garantias
constitucionais.
2
7/10/2021
07/10/2021
2
mesmas normas são como são porque já passaram o filtro, digamos assim, o
primeiro obstáculo de respeito de equilíbrio dos diversos princípios do processo
penal.
Temos a:
1) promoção processual
2) prossecução processual
3) a prova
2
4) a forma
Como vos dizia nós temos nós temos 4 grandes famílias de princípios. portanto
temos a, a, a prova e a forma.
A primeira coisa que tem que perceber é que esta arrumação não é à toa, ou
seja, esta arrumação procura responder a cada uma destas famílias de
princípio procura responder a uma pergunta fundo, a uma pergunta
fundamental, uma pergunta que nós dirigimos ao processo e que os princípios
respondem.
2
Vamos começar pelos princípios atinentes à promoção do processual.
Princípio da publicidade
Princípio da oralidade
Princípio da imediação
Princípio da oficialidade
2
De outra maneira nós temos de perceber as finalidades do processo penal e
percebendo as finalidades do processo penal conjugando essas mesmas
finalidades, descoberta da verdade material e proteção de direitos
fundamentais, essas 2 principalmente, com a ideia do impulso nós
imediatamente ficaríamos com a pista que seria difícil o impulso pela
perseguição de crimes estar dependente ou exclusivamente dependente da
vontade dos particulares.
2
Quando nós cortamos o cabelo estamos a mexer na nossa integridade física e
isso já terão dado em direito penal.
Até podíamos dar mais um passo e dizer que a danosidade social associada a
um crime injúria ... é um bem jurídico de fundo que nós percebemos que Eu
Não posso tratar todas as ofensas a bens jurídicos da mesma forma e isso
nota-se no próprio código penal.
No artigo 131 no código penal, a pena de prisão para o crime de homicídio é de
8 a 16 anos. Se nós formos às ofensas de integridade física simples, o artigo
143 nº1 vem-nos dizer por exemplo que pena de prisão é até ter 3 anos ou com
pena de multa.
Portanto a diferenciação no contexto da própria danosidade social das
condutas é feita desde logo no patamar das molduras penais.
Porque a danosidade social reflete-se não apenas na moldura penal, as
diferentes danosidades sociais e as implicações das mesmas no contexto da
própria tutela e da relação entre o titular do bem próprio, reflete-se não apenas
no contexto das molduras penais como também uma coisa que nos interessa
particularmente que é a natureza processual dos crimes.
No contexto da natureza processual dos crimes é digamos outra das linhas em
que é feita a bendita diferenciação entre esta danosidade social, ou seja, uma
das coisas que vos disse é que é difícil se não impossível compreender o
processo penal sem o direito penal e também já vos disse na maior parte das
vezes nós não conseguimos aplicar o processo penal sem normas do direito
penal e aqui chegamos a um desses casos.
No artigo 131º, lê-se: quem matar outra pessoa é punido com pena de prisão
de 8 a 16 anos, não se acrescenta mais nada. Se olharmos para o artigo 143
nº2, lemos que o procedimento criminal depende de queixa. O outro exemplo
que vos falei: o crime de injúria como tipo legal de crime está previsto no artigo
181 do código penal mas a natureza processual do crime, portanto se nós
fizermos o mesmo exercício do artigo 181 que fizemos no artigo 131, podemos
ser induzidos em erro; é um exemplo de uma forma diferente como o código
penal nos indica a natureza processual dos crimes. Vimos que o 131 não tem
nada, vimos que o 143º nº 2 depende de queixa.
e se lermos o 181º não tem nada quanto à natureza processual.
2
Mas se formos do artigo 188 e epígrafe ajuda vemos que este é um exemplo
daqueles casos em que quando a tipologia dos crimes sendo conjuntamente
menos grave às vezes há uma norma final no respectivo capítulo do código que
estabelece a natureza processual relativamente a todos eles, em vez de dizer
quanto ao 180º 181º 182º, etc como são todos os crimes da mesma espécie e
todos igualmente pouco bravos neste caso, o regime geral vem no artigo 188.
E o artigo 188 cuja epígrafe nos ajuda, diz nos o procedimento criminal pelos
crimes previstos no presente capítulo depende de acusação particular.
portanto uma formulação diferente daquela que encontramos no contexto do
art. 143º nº2.
Já vos falei daquilo que os respetivos tipos legais dizem, dependem de queixa
quer crimes que dependem de acusação particular.
Qual é a diferença e o que é que tudo isto tem a ver com o princípio da
oficialidade?
2
Se o crime for semi Público significa que o impulso o primeiro passinho para
que possa haver processo penal já não é do Ministério; passa a ser do
particular.
Só que como depois lerão no contexto do artigo 49º uma vez com a queixa na
mao o Ministério Público é outra vez dono e Senhor ou seja pode prosseguir
processo penal sem necessidade de ulterior intervenção do particular.
Então vamos recapitular. Por princípio o princípio da oficialidade, não por regra,
diz nos que quem tem a legitimidade para o impulso processual é o
Ministério Público quer para o impulso inicial quer dizer eu também para o
impulso sucessivo.
O Ministério Público como é evidente além de dar início ao inquérito tem de
prosseguir também com o inquérito, deve continuar digamos assim o impulso
de ser ele o responsável pela abertura do mesmo.
2
Só que este princípio é limitado no caso dos crimes semi públicos, porque aqui
como nos diz o artigo 49 esta legitimidade do Ministério Público é limitada
pela necessidade de um impulso do particular que é a apresentação de
queixa.
Sendo que estes 2 artigos têm aquilo que os senhores também conhecem as
nulidades sanáveis e as insanáveis.
Princípio da legalidade
2
máfia o Ministério Público normalmente o que é que diz nesses filmes ou seja
faz um acordo com ele.
Nos filmes americanos estão a ver o retrato de um processo penal que tem
como base um princípio oposto ao nosso.
Ou seja eM muitos ornamentos de COMMON LAW, direito anglosaxonico em
que o próprio Ministério Público é politicamente indicado, não é uma
magistratura judiciária, como aqui não é judicial é judiciária mas é uma
magistratura, portanto é um funcionário do Estado, os procuradores que veem
séries e filmes americanos também sabem que até há campanhas para ser
eleito procurador são indicados politicamente, são cargos políticos.
E que também nos Estados Unidos por serem cargos políticos não há grande
diferença são quanto à lógica do advogado ou procuradora ou seja alguém que
seja advogado toda a sua vida pode se candidatar a procurador não é como
em Portugal tem que passar pelo CEJ.
Portanto são sistema que trabalham com uma lógica de oportunidade ou seja o
ministério publico porque responde pelas taxas de condenação, taxas de
sucesso etc tem margem de manobra, discricionariedade, não é arbitrariedade,
é discricionariedade quanto ao impulso inicial .
Nós não temos esse sistema. Temos um sistema oposto, ou seja, entre nós o
Ministério Público não tem margem de decisão quanto ao impulso inicial, ou
seja, a ideia do princípio da legalidade é uma ideia que nos devia agradar a
todos não há arguidos melhores que outros; todos os arguidos devem ser
perseguidos criminalmente. Por isso é que o artigo 262º nº2 do código
processo penal se diz quando o Ministério Público tem noticia de um crime
deve abrir o correspondente inquérito.
Portanto não dá esse artigo é uma uma manifestação evidente de que não há
margem de manobra para o Ministério Público. naturalmente que retornando ao
artigo 219º da Constituição por exemplo se forem a ler constituições também
se dirá este propósito que o próprio artigo 219º número 1 da lei fundamental
acaba por impor ele mesmo esta vinculação do Ministério Público à lei e
portanto esta ideia de que eu sei que houve um crime logo eu tenho de abrir
inquérito.
2
Este princípio da legalidade o que nos vem dizer é que em obediência à
lei sempre que o Ministério Público tenha notícia de um crime tem de abrir
o inquérito, já sabemos que é ele que tem legitimidade, portanto é ele que tem
de abrir inquérito.
Significa também se olharem para o artigo 283º do código processo penal e no
patamar do impulso sucessivo e quando chega ao final do inquérito o artigo
283º nº1 é perentório, ou seja, vem nos dizer que se o Ministério Público tiver
indícios acusa; se não tiverem indícios não acusa. Portanto ele não pode
também aí, pelo menos nesta primeira formulação chegar ao final do inquérito
ter indícios suficientes como diz o artigo 283º nº1 ter indícios suficientes e não
acusar.
Lá está não tem margem de manobra. Era tão bom que fosse tao simples.
O sucesso da política criminal também não vem naturalmente por uma lógica
de obediência cega à lei, ou seja, nós não somos totós que não percebamos
que quer pensando artigo 40º do código penal quanto aos fins das penas se
fala em reintegração do agente na sociedade...vamos imaginar que eu pratico
um crime fiscal, esqueço me de pagar os meus impostos.
Faz algum sentido uma pessoa que está integrada na sociedade ter uma
profissão, trabalho etc de repente ir presa? A minha vida voltava a ser a
mesma? Não. Se nós fôssemos assim Se Eu fosse acusada e julgada era uma
chatice.
Se o mistério Público achar que não tem indícios suficientes vai arquivar o
inquérito e é suposto o processo não prosseguir.
2
pena Máxima bastaria só eu passar nem que 6 meses que perdia emprego,
deixava de conseguir pagar a casa etc.
Ou seja, uma coisa é, e aqui naturalmente que o Ministério Público terá uma
margem discricionariedade, se olharem 283º nº1 do CPP...quem vê se os
indícios são suficientes ou não é o MP, ele é que faz essa análise mas a partir
do momento em que ninguém diz se tiver 3 indícios mais um são suficientes...
ele também tem a sua margem, mas a questão é só existisse este artigo, se só
tivéssemos artigo 283º ou estas lógicas 283º e 277º não havia hipótese
nenhuma alternativa.
2
Coisa diferente, ou se quisermos manifestações diferentes de oportunidade é
aquilo que alguns de nós gostam mais do que de outros que se chama a justiça
premial ou negociada.
Que é o tal sistema de fazer um acordo que nós vemos logo no impulso inicial
nos Estados Unidos e que e por isso é que eu ando sempre com estas
preocupações... reparem é possível que nós hoje estejamos a dar estes
artigos e quando chegarmos ao processo penal 2 muitas coisas já não sejam
iguais, está a correr uma revisão muito grande para o projeto.
Para vos tentar explicar que mecanismos são estes ou como é que isto
funciona esta aproximação aos Estados Unidos, vamos pensar na área para a
qual estes mecanismos fundamentalmente estão pensados, tem a ver com o
chamado primo oculto, coisas como branqueamento de capitais, corrupção
nestes casos da corrupção é por exemplo... além de se conhecerem esses
sítios nas cidades o tráfico de droga muitas vezes é uma coisa visível a olho
nu, é uma transação económica que não é legal mas é uma transação
económica em que alguém está dinheiro e a outra pessoa dá um objeto ou o
que seja.
O que está a fazer, o que está a tentar mexer no código, isto para vos tentar
dar um enquadramento mínimo, o que se está a tentar mexer no código é criar
mecanismos e abrir mais portas à negociação. Por um lado, permitir que os
bufos, as pessoas que estão dispostas a colaborar ativamente não só dizendo
eu fiz como dizendo o outro fez, tenham um qualquer prémio por terem
colaborado com as autoridades e isto é naturalmente uma intensificação de
mecanismos de oportunidade no nosso processo penal.
2
Se começarem a a ler este artigo 374º b vão ver que se dá um prémio àquele
agente do crime que colabore com as autoridades, basicamente é essa a
Mensagem deste art.
Ou seja, para se perceber se ele colaborou não pelas autoridades têm se que ir
ao processo; para ele ter o prémio da dispensa tem de ter feito as coisas entre
aspas de acordo com aquilo que o processo penal diz que é a aquisição da
notícia do crime...etc.
nós para percebermos o processo penal também temos que ter sempre o
código penal à mão os 2 relacionam se.
O princípio da acusação.
O tribunal é chamado sobre os crimes que o MP decidiu. Portanto ele não pode
por auto recriação investigar fora da caixa, investigar fora daquilo leque.
2
Enquanto que o Ministério Público não tem limitações porque é ele que vai
definir no contexto da acusação vai definir o objeto do processo, a jurisdição
não intervém oficiosamente no contexto da investigação, ou seja, só intervém
oficiosamente depois de ter sido dado o objeto sobre o qual ela pode investigar.
Portanto quem manda nos tribunais é o MP. Eles são chamados a julgar
investigando são chamarmos de acordo com objeto definido pelo Ministério
publico. E isto é uma coisa que nem sempre é completamente claro e que
acaba por ter basicamente manifestações claras e implicações diretas .
Como acabei de vos dizer o tribunal não pode por exemplo por iniciativa própria
investigar crimes.
Só pode intervir na sequência digamos que o chamamento do chamamento do
Ministério Público e implica também que o tribunal ou o juiz só pode investigar
dentro do objeto previamente dado pelo Ministério Público.
Significa ainda que quem define o objeto, princípio da acusação, é o Ministério
publico. Ou seja, o tribunal não tem competência para definir o objeto.
Os artigos que vamos ver agora... servem só para ilustrar precisamente esta
ideia que decorre do princípio da acusação e nós vemos manifestações quer
do problema a vinculação temática ou seja o tribunal é chamado
pronunciar-se e pode investigar dentro do Tema previamente vinculado pela
acusação quer também a circunstância de o tribunal não poder mexer nesse
mesmo objeto.
Prossecução processual
2
Princípio do contraditório
Princípio da suficiência
Princípio da celeridade e concentração
O princípio da investigação
Agora há uma coisa que nós temos de perceber. Quem investiga é o Ministério
Público. Falamos em impulso, já falámos dos indícios pelo menos de forma
ainda muito ampla e agora estou vos a dizer, o código estava a dizer que o juiz
ou tribunal também investigam e devem investigar.
Não só investigam como devem investigar para chegar à verdade
material.
Naturalmente temos sempre aquela malta do contra que nos vem dizer que isto
aqui é um atentado contra o princípio do acusatório plasmado na
Constituição mas naturalmente que esta Malta do contra não tem razão, na
justa medida em que esta mitigação pelo princípio da investigação é
suficientemente controlada para não pôr em causa a estrutura acusatória,
2
portanto aquilo que é um desidrato da constituição está cumprido. Mas há
sempre Malta do contra.
A verdade é que nós estamos a dizer que esta entidade tem a obrigação de
investigar inclusivamente para definir o objeto do processo e agora estamos a
ver estamos a ver um princípio que nos diz precisamente que o tribunal tem de
investigar.
E além disso temos que perceber uma outra coisa é que nós temos lógicas de
interferência mútua de uns nos outros. Ou seja, em fase de inquérito quando se
quiser investigar através de mecanismos que ponham em causa direitos
fundamentais o JIC vai interferir no inquérito. O Ministério Público vai participar
na instrução, o ministério Público participa em todas as fases processuais.
Da mesma maneira o Ministério Público participa na fase de julgamento quer o
tribunal quer o JIC segundo princípio lógicas de investigação também.
Então como é que nós devemos perceber esta relação entre o Ministério
Público o JIC e o tribunal?
Ou seja, quem tem o dever funcional no sentido que é sua função investigar a
base para o processo ? é o ministério Público.
Isto significa que quando o JIC é chamado a intervir na fase de investigação
apesar do JIC também depois ter o dever de investigar, o poder funcional de
investigar na respectiva fase, o JIC não é suposto pôr se em bicos de pés e
mandar bitaites ao Ministério Público.
E por isso é que nós e encontramos no código processo penal em várias fases
manifestações dessa mesma lógica do princípio da investigação:
2
Art. 288 nº4 código processo penal
Na fase de instrução que é uma fase facultativa vem nos claramente dizer que
o juiz la esta, vocês têm que ver aqui a verdade material como se fosse a
Estrela do norte ou a Estrela polar. Portanto no fundo em vez de serem os 3
reis magos e o Jic e o tribunal que andam atrás da estrelinha e a estrelinha é a
verdade material portanto tudo o que eles fazem tem de ser para encontrar
essa estrelinha.
Mas estas autorizações que se dão por exemplo artigo 288 nº 4 ou por
exemplo ainda no contexto do julgamento aquele artigo que já referimos o
artigo 340º.
Princípio do contraditório
2
Em vez de chamar o princípio do contraditório em sentido amplo chama
direito de audição e defesa.
Este princípio do contraditório se encontra plasmado também no nº 5 artigo 32
da Constituição, e nós se olharmos para o nº5 do art. de 32 da Constituição
basicamente chegamos também a ideia que o que esta formulado na
Constituição e o princípio do contraditório em sentido amplo, é o princípio que
nos diz que a pessoa tem o direito a ser ouvida relativamente a qualquer
decisão que pessoalmente a afeta.
Só que há quem diga que este princípio não pode ser do contraditório porque o
princípio do contraditório só se aplica para a matéria probatória, matéria da
prova. E por isso é que nós fazemos a distinção quando utilizamos como é o
meu caso o princípio do contraditório para querer dizer tudo as duas coisas:
princípio do contraditório em sentido amplo que é o que vem no 32 º nº 5,
se lerem o que vem disposto no art. 32 / 5 veem não está circunscrito a
questões de prova, é literalmente o direito a ser ouvido e utilizamos o conceito
de princípio do contraditório em sentido estrito que é no contexto específicos da
prova.
O que nos vem dizer o artigo 194 nº4 é que por princípio e tendo em conta o
princípio do contraditório em sentido amplo, o juiz de instrução, que é quem
aplica em primeira linha as medidas de coação, deve antes de aplicar ouvir a
pessoa interessada, ouvir neste caso o arguido.
Outro exemplo que nós temos numa perspetiva ligeiramente diferente é o art.
327º que vimos à pouco.
Este artigo tem uma vantagem de 2 em 1. Porque se refere ao princípio
contraditório em sentido amplo nº1, estamos a falar de questões incidentais e
seguidamente relacionadas com o próprio e a questões probatórias do nº 2
portanto utiliza o contraditório em sentido estrito e em sentido amplo.
E o JIC diz está bem então deixa-me só chamar que é o Cristiano e perguntar-
lhe o que ele acha ele ser escutado, se nós levássemos o contraditório ao
limite era isto que fazia nos.
2
É verdade que a decisão do escutar o afeta, portanto de acordo com o princípio
do contraditório em sentido amplo o Cristiano teria direito a ser ouvido a
propósito desta decisão que o vai afetar. Basta este exemplo para os senhores
imediatamente perceberem que o contraditório não pode ter a mesma
intensidade ou a mesma aplicação em todas as fases do processo.
Portanto como é evidente e como vos disse é certo que nem todos os
princípios podem ter e este é a primeira grande manifestação disso, podem ter
a mesma intensidade em todos os momentos do processo penal.
Da mesma maneira, que se alguém estiver prestes a bater a bota e não durar
até ao julgamento se calhar essa pessoa tem que ser ouvida na tes, mas se
calhar essa pessoa é tão importante que eu para saber se a posso ouvir antes
já com juízes e tudo também tenho de facto de na fase de inquérito ir fazer a
pergunta ao arguido, tenho teu ouvir.
2
porque em todas as todos os casos, em todas as situações em que é possível
aplicá-lo, ele é aplicado.
Além disso nós vemos também que nesta lógica crescente nas próprias
fases processuais, portanto, no contexto de por ex. a fase de inquérito temos
só pequeníssimos afloramentos do contraditório, basta avançarmos para a
instrução para começarmos a ver o contraditório a ganhar força desde logo o
Fase de instrução:
Fase de julgamento:
Art. 327º- único que tem como epigrafe contraditoriedade
Princípio da suficiência
Dito de outra maneira no art. 7º mas temos de perceber uma 1º coisa aqui.
O tribunal aqui está a decidir uma questão penal. O que este artigo está a
dizer é que Se Eu tiver que Tomar uma decisão intercalar sobre o direito do
2
trabalho ou direito fiscal para conseguir chegar à decisão penal eu posso fazê-
lo.
Não está a dizer que a decisão que o Tribunal Penal tomou sobre a questão do
direito do trabalho ou de direito fiscal é vinculativa para efeitos laborais ou para
feitos fiscais. Não é isto que o artigo 7º que está a dizer.
Crime de bigamia
Qual é o pressuposto para eu praticar este crime? casar e casar de novo sem
divorciar. O A casou se em Marrocos. Chega a Portugal conhece C vai ao
cartório tira certidão chama 2 testemunhas e casa se. C descobre e faz com.
Que seja detido pelo crime de bigamia.
Ou seja, nós para percebermos se A efetivamente praticou não o crime de
bigamia temos naturalmente de averiguar primeiro para todos os efeitos
correndo ao direito nacional privado se o A era ou não casado com B.
No fundo, o que o art. 7º esta a dizer é que o tribunal pode considerar o
casamento válido ou inválido para efeitos de análise do crime de bigamia.
Não significa todavia que a decisão do Tribunal penal seja efetiva para efeitos
de validade do casamento ou não.
Isso terá de ir ao Tribunal civil na mesma, não fica resolvido a questão civil em
sentido técnico. Fica resolvida a questão civil relacionada com a questão penal
que é necessário resolver digamos assim para resolver a questão penal.
Ora isto leva a outro exemplo, nós temos de perceber que aqui o processo
penal e processo civil têm comportamentos distintos.
2
Esquema:
Princípio da legalidade
14/10/2021
Princípio da suficiência
As questões prejudiciais
2
Questões prejudiciais não penais em processo penal. Saber se
determinado objeto pertence a A ou a B. Casamento consumado,
bigamia, é uma prejudicialidade própria; e estas questões prejudiciais
dão origem a um incidente de suspensão art. 7ºnº2.
Se estiver em causa a qualidade de uma pessoa, se é ou não
funcionária, mas isto já será uma questão de direito administrativo.
Prejudicialidade própria que dão origem ao incidente de suspensão
previsto no art. 7º2.
2
Quando o tribunal considere que é pertinente remeter o processo para a
decisão da questão prejudicial para o tribunal competente para resolver aquela
matéria, o tribunal suspende o processo e tem que ser cumpridos os prazos.
A ação tem que ser resolvida no máximo de 1 mês e a suspensão só pode
durar 1 ano. Finda o prazo de suspensão se houver decisão, há, se não
houver será o tribunal penal a decidir.
No âmbito de um processo crime ...n faz sentido uma pessoa estar na condição
de arguido mais tempo que o necessário.
Princípio da concentração.
2
Este princípio vem dar ideia que a audiência deve ser contínua apenas
interrompendo na medida do estritamente necessário.
Art. 328º nº1 e nº2 CPP.
Este princípio vem nos dizer que o tribunal tem o poder dever de investigar
independentemente das contribuições que a defesa e a acusação ofereçam ao
processo.
Neste sentido, as partes vão dar contributo para o processo. Vão carrear prova
para os autos. Mas o juiz não se tem que limitar a estes contributos.
O juiz pode e deve investigar dentro daquilo que é o objeto do processo.
2
Neste sentido temos 2 vertentes da verdade.
A 1º que passa pela reconstrução histórica das partes. O que é que o MP vai la
dizer e também o arguido e ofendido.
Uma 2º que vem consagrar então os poderes do juiz investigar o facto que
esta naquele momento sujeito a julgamento.
Por outras palavras, no processo civil o juiz apenas pode decidir sobre o que
as partes, o autor e o réu, lhe levam.
No processo penal as partes também pode levar esses factos pra o processo,
mas não obstante haver esse contributo o juiz pode investigar para la do
contributo que as partes oferecem no processo.
No processo civil existe a obrigação ...quem alega facto no processo civil tem
que fazer prova dele isso é que é o ónus.
No âmbito do processo penal este ónus não existe porque o arguido não tem
que fazer prova de que não praticou o crime.
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decisões e com a livre apreciação da prova aquilo que se pretende é no fundo
dizer assim, o juiz tem a total liberdade para decidir se pretende valorar uma
testemunha ou documento ou de que forma o pretende valorar, pode só valorar
parcialmente.
A postura das testemunhas também diz muito ... ao ouvir as testemunhas nas
pode valorar de forma diferente o contributo que cada uma delas vem dar ao
processo. No entanto, e apesar de ter liberdade de decidir de que forma é que
vai laborar, o juiz tem que que fundamentar, ou seja, o juiz está vinculado as
regras da ciência da logica e da argumentação. E o que quer dizer isto, por
exemplo poder recorrer as regras da experiência. Se o juiz tiver um pai que é
engenheiro ele por causa disso pode perceber dessa área e utilizar esse
conhecimento no processo.
Uma prova indireta é uma prova que se consegue obter de um outro facto.
Imaginem 2 pessoas mortas pela mesma faca. Poder se a deduzir que a
pessoa que matou uma matou outra.
Logicamente que este princípio não seria princípio de processo penal se não
tivesse exceções.
O que quer isto dizer que também estes meios faz prova plana, ou seja não se
basta a si própria. Podem ser contrariados.
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Todo e qualquer arguido é inocente até que exista uma sentença transitada em
julgado sendo que, em caso de dúvida, esta irá operar em benefício do réu.
O juiz não consegue apurar que no momento em que foi praticado o crime, não
consegue colocar o arguido aquela hora no local do crime, beneficiando o réu.
O que é que este princípio quer dizer? Compete não ao arguido, mas sim ao
estado produzir prova que o arguido cometeu o crime. Tem que conseguir
produzir prova para lá de qualquer dúvida, a prova é não dúbia. Que permita
formar a convicção a pontes de ilidir a presunção que funciona a favor do
arguido.
Este princípio obriga o MP a produzir prova que não deixe duvidas, e tem de
ser suficientemente para ilidir o princípio da presunção de inocência.
21/10/2021