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1.DAMÁSIO E. DE JESUS.
Para Damásio de Jesus, a justiça Restaurativa deve ser analisada sob uma
perspectiva adotada por Paul McCold e Ted Wachtel, sendo esta considerada como
um “processo colaborativo”.
todas as partes interessadas principais "precisam de uma oportunidade para expressar seus
sentimentos e ter uma voz ativa no processo de reparação do dano"."As vítimas são
prejudicadas pela falta de controle que sentem em consequência da transgressão. Elas
precisam readquirir seu sentimento de poder pessoal. Esse fortalecimento é o que
transforma as vítimas em sobreviventes. Os transgressores prejudicam seu relacionamento
com suas comunidades de assistência ao trair a confiança das mesmas. Para recriar essa
confiança eles devem ser fortalecidos para poder assumir responsabilidade por suas más
ações. Suas comunidades de assistência preenchem suas necessidades garantindo que algo
seja feito sobre o incidente, que tomarão conhecimento do ato errado, que serão tomadas
medidas para coibir novas transgressões e que vítimas e transgressores serão reintegrados
às suas comunidades. As partes interessadas secundárias, que não estão ligadas
emocionalmente às vítimas e transgressores, não devem tomar para si o conflito daqueles a
quem pertence, interferindo na oportunidade de reconciliação e reparação. A resposta
restaurativa máxima para as partes interessadas secundárias deve ser a de apoiar e facilitar
os processos em que as próprias partes interessadas principais determinam o que deve ser
feito. Estes processos reintegram vítimas e transgressores, fortalecendo a comunidade,
aumentando a coesão e fortalecendo e ampliando a capacidade dos cidadãos de solucionar
seus próprios problemas."
Todas as partes interessadas, diretas e indiretas, desde que haja consenso, são
chamadas a buscar, em conjunto, uma solução efetiva para o conflito, de modo a preencher
suas necessidades emocionais. Os três grupos devem ter participação ativa e se engajar no
processo de conciliação.
"A justiça requer que o dano seja reparado ao máximo. [...] A justiça restaurativa é
2. MARÍLIA MONTENEGRO.
Marília Montenegro trata do assunto destacando os atributos da justiça
restaurativa, de que forma enxergar o crime e como as partes interessadas devem
ser levadas em consideração, tendo como maior objetivo recuperar os danos
causados pelo crime não ignorando a vítima nem o transgressor.
(...)”Um dos principais atributos da justiça restaurativa é que ela enxerga o crime como uma
violação contra pessoas “reais” no lugar de uma violação dos interesses abstratos do Estado
ou de normas jurídicas abstratas. Assim, no modelo restaurativo de justiça criminal, o Estado
não tem mais o monopólio sobre a tomada de decisões” e “os principais tomadores de
decisão são as próprias partes” (MORRIS; YOUNG, 2000, p. 14). Isto é, os conflitos são
devolvidos a quem pertencem (vítimas, infratores e comunidade), e a lógica da justiça
criminal é invertida: no lugar da repressão contra o inimigo (o infrator), a busca é pelas
respostas mais significativas de reparação (dos danos advindos do crime) e, se possível, de
reconciliação (entre as partes em conflito).” (MONTENEGRO, 2015, p. 103)
“Nesse sentido, a justiça restaurativa envolve um processo que permite e viabiliza o efetivo
engajamento das partes; um processo no qual todos os participantes ajudam a definir o mal
provocado pelo delito e a desenvolver um plano para a reparação desse mal. E quanto mais
inclusivo for esse processo, melhor – quer dizer, quanto mais pessoas (atingidas pelo crime)
forem incluídas, quanto mais cedo elas forem envolvidas, e quanto mais efetiva for a
participação de cada uma delas ao longo do processo, maior será o potencial restaurativo
desse processo. É principalmente por essa razão que o modelo ideal ou “purista” (MCCOLD,
2000) de justiça restaurativa é de um processo em que as partes envolvidas se encontram
“cara-a-cara”. Isto é, na prática, os programas de justiça restaurativa devem envolver,
sempre que possível, um (ou alguns) encontro(s) “ao vivo” entre as partes afetadas pela
ocorrência criminosa, para que todos tenham a oportunidade de expressar seus sentimentos
e partilhar suas opiniões sobre como enfrentar as consequências do crime (MORRIS;
YOUNG, 2000; ZINSSTAG, 2012)” (MONTENEGRO, 2015, p. 104)
Por fim, Fernanda Cruz conclui que a justiça restaurativa inclui a vítima em
“seu processo”, dando voz a ela, pois é comum que o crime seja tratado e julgado
por ser contra o Estado, desconsiderando a vítima. A justiça restaurativa, assim,
considera ambas as partes envolvidas, tratando não somente de ajudar somente a
vítima e punir o transgressor, mas envolvendo as partes no real processo
restaurativo.
Nesse contexto, cabe destacar a importância dada ao papel da vítima nos processos
restaurativos. Porque o crime é tradicionalmente concebido como uma infração
contra o Estado, “não é de se estranhar que as vítimas são tão consistentemente
deixadas de fora do processo [penal] e que suas necessidades e desejos são tão
pouco atendidos” (ZEHR, 1990, p. 82). De fato, o modelo tradicional de justiça
criminal, ao conservar uma mentalidade orientada para o castigo, onde a ênfase é
colocada na “justa medida da pena”, acaba por negligenciar “as mais complexas e
não retributivas necessidades das vítimas” (DZUR; OLSON, 2004, p. 91). Nesse
contexto, as pesquisas vitimológicas têm reiteradamente revelado o que as vítimas
de crime mais querem do sistema de justiça criminal: mais informações sobre o “seu”
caso, mais “voz” dentro do “seu” processo, mais atenção aos danos emocionais e
psicológicos decorrentes da “sua” experiência de vitimização, e assim por diante
(STRANG; SHERMAN, 2003). Para os proponentes da justiça restaurativa, há fortes
razões para acreditar que o sistema restaurativo de abordagem dos conflitos é mais
benéfico para as vítimas do que a míope tradição de punição e retribuição
profundamente arraigada no sistema de justiça criminal (HOYLE, 2002). Com efeito,
existe crescente evidência empírica de que: diante do real envolvimento da vítima no
processo, os programas de justiça restaurativa criam mais oportunidades para que
elas fiquem sabendo sobre o andamento do “seu” caso; os processos restaurativos
permitem a ativa participação. (MONTENEGRO, 2015, p. 18 e 19.)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.