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CDD: 610
Prefácio
INTERPROFISSIONALIDADE E
COLABORATIVIDADE NA FORMAÇÃO
E NO CUIDADO NO CAMPO DA
ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
3 BARROS, M. Meu quintal é maior do que o mundo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2015. p.
152.
Profissional da Rede Nordeste de Formação em Saúde da Famí-
lia, desvelam inúmeras possibilidades de compreendermos e fa-
zermos interprofissionalidade e colaboratividade, e destacam: quan-
do a educação popular em saúde nos territórios se faz presente,
desenvolvemos programas de residências multiprofissionais;
exercemos a preceptoria; tratamos de integração ensino-serviço;
vivenciamos a cogestão e formação em saúde; descobrimos as
potencialidades nos diversos grupos e, em especial, nos grupos
educativos. Quando fazemos visitas domiciliares, focamos na
produção do cuidado em idosos; buscamos métodos para a me-
lhoria da produção do cuidado e da gestão do trabalho; descobri-
mos a corresponsabilização entre as equipes de Atenção Básica e
Núcleos Ampliados de Saúde da Família; criamos grupos on-li-
ne para a promoção da saúde de gestantes; quando construímos
caminhos possíveis para o cuidado de pessoa idosa na Atenção
Primária à Saúde; quando buscamos, na visão de usuários e pro-
fissionais, suas percepções do que compreendemos, somos, e fa-
zemos; quando usamos o teleatendimento como ferramenta para
a atenção em saúde na Atenção Básica em tempos de pandemia.
Essas possibilidades nos colocam em estado de reflexibilidade
de poder ser, ter sido ou vir a ser a interprofissionalidade e a co-
laboratividade e, consequentemente, ajudam-nos a superar even-
tuais confusões conceituais em torno da temática, fazendo-nos
dialogar com diversos autores em uma discussão e aprofunda-
mento. Nesse sentido, os autores reafirmam conceitos, mas tam-
bém trazem para a discussão alguns aspectos pouco lembrados
em outras obras do mesmo assunto. Entre eles, destaco o pla-
nejamento como fundamental em uma prática interprofissional
colaborativa.
Os autores evidenciam a importância do planejamento para
que, em todas as possibilidades, interprofissionalidade e colaborati-
vidade estejam presentes, representadas nas suas três dimensões
essenciais e diversos níveis, inclusive nos projetos pedagógicos
dos cursos técnicos, graduação e pós-graduação. Desse modo,
eles defendem o planejamento [como] parte importante de qualquer
atividade de educação em saúde, pois é através dele que a equipe conse-
gue direcionar seus esforços para objetivos e metas definidos. Os textos
também trazem como referência a intencionalidade como algo
essencial neste momento. Ainda reconhecem o planejamento
como importante espaço de diálogo, de escuta, de partilha e de cons-
trução. Espaço também para o manejo das situações de conflito e geren-
ciamento de poderes, o que auxilia nas relações que se estabelecem no
interior da equipe e ajuda a melhorar a tomada de decisão. Isso nos fez
lembrar que, mesmo vislumbrando a interprofissionalidade e a co-
laboratividade, muitas vezes, as abordagens de planejamento que
escolhemos vão em sentido contrário, não aderem à participação,
tornando inviável o diálogo entre profissionais; distanciando-se
da participação, conforme Benincá4, ao postular o argumento de
que, “[...] para ter parte na ação, é necessário ter acesso ao agir e
às decisões que orientam o agir, porque somente quem for sujei-
to da ação tem parte nela, e só será sujeito da ação quem puder
decidir sobre ela”.
Ao ler um dos textos e parar o olhar, destaquei a “humilda-
de”, citada pelos autores como necessária para que a interprofis-
sionalidade e a colaboratividade se instaurem, mas ela também é
pouco lembrada nos textos que tratam da temática em foco, até
porque não está no rol das competências preestabelecidas, mas,
segundo Paulo Freire5, o “[...] diálogo, como encontro dos ho-
mens para a tarefa comum de saber agir, se rompe, se seus polos
ou um deles perdem a humildade”. E interroga-nos com vários
questionamentos no livro Pedagogia do oprimido, em indagações
bem pertinentes para acrescentarmos nestas reflexões, inclusive:
“Como posso dialogar, se me sinto participantes de um gueto de
homens puros, donos da verdade e do saber, para quem todos os
que estão fora são ‘esta gente’, ou são nativos inferiores?”.
Para finalizar este compartilhar, expresso minha gratidão aos
organizadores e autores da obra, pela generosidade em ofertar a
grandiosidade das suas palavras ao se dizer ao mundo em seus
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Na multidão, as entrecenas são momentos de recolhi-
mento, de configuração do “menor que a multidão”, geo-
grafias menores. Entrecenas são núcleos de comum ou
comunidades de efeito da diversidade, da pluralidade,
campos da “pequena ordem”. Não chegam a ser o meio,
situam-se entre. Espaço de emoções, tensões, vibração sen-
sível. As entrecenas dizem das cenas da vigência e das ce-
nas em campo de possível, em devir, do que poderia vir à
vigência. Na vigência, já não mais seriam devir, passariam
à forma. É aí que recomeça a resistência ao devir. Queremos
mudar, mas realizada a mudança, está pronto. Gostamos
das estratificações, mais que das entrecenas. Resistimos a
que as entrecenas gerem realidades e, mais ainda, a nos de-
pararmos com (deixarmos ver, fazermos ver) novas e outras
entrecenas. Contudo, muito da nossa produção científica é
emitir, deixar ver e fazer ver as entrecenas. No aprender
e fazer saúde, poderíamos citar inúmeras entrecenas e sa-
bemos de quantos resistem à sua introdução de pequenas
formas, pequenas ordens, geografias menores. Sobrevém a
captura em uma forma fixa, disciplinariza-se, em uma ver-
dade, em uma fragmentação do múltiplo e da multidão, re-
movendo emoção, tensão, vibração, desativando o máximo
de interfaces (porque são rastilhos de devir).
Do aprender e fazer em saúde, recolhemos o trabalho e
o coletivo: trabalhar de comum acordo ou trabalhar-com o
outro? Práticas fortemente colaborativas ou de ativa coo-
peração armam melhor as fronteiras interprofissionais ou
interrogam essas fronteiras no interior de seus respectivos
saberes-fazer? A definição de atribuições privativas das
profissões serve ao projeto de formação e desenvolvimento
profissional ou serve à delimitação de exclusividade sobre
determinados campos de prática e, portanto, à perenidade
das profissões? A profissionalização representa delimita-
ção precisa de territórios de atuação ou capacidade de co-
nexão com demandas pelos saberes profissionais? A atua-
ção por categoria profissional responde à necessidade de
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dade? São caminhos entre outros, mas que têm afrontado
com propostas os dilemas perpetrados por tais perguntas.
Entrecenas se insinuam.
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trabalhadores, docentes e pesquisadores, assim como bus-
cado as evidências empíricas e históricas do caráter coleti-
vo das atividades de cuidado e terapêuticas em unidades
assistenciais do setor sanitário. A pesquisadora demons-
trou as distinções entre uma “equipe agrupamento” e uma
“equipe integração”, assim como os aspectos de comple-
mentaridade e interdependência, não só na atuação de ge-
neralistas, mas dos trabalhadores especializados. Ao longo
de sua produção intelectual, tem mostrado que, no bojo da
relação entre intervenção profissional e interação entre os
agentes (trabalhadores de todos os âmbitos e os usuários),
os profissionais constroem consensos interdisciplinares
que configuram projetos assistenciais interprofissionais.
Pode-se concluir, com base na leitura da autora, que na “in-
tegração de equipe”, como parte do “desenvolvimento do
trabalho”, ocorre a articulação dos trabalhadores e se am-
plia a sua autonomia técnica. Também se compreende que a
desigualdade valorativa na diferença técnica dos trabalhos
especializados é aquilo que diminui a integração possível,
mas que a reciprocidade entre intervenção e interação con-
duz ao trabalho coletivo, promovendo uma práxis inter-
profissional, ou seja, uma “atuação local” e uma “educação
situada”, ambas centradas na cena de atenção (PEDUZZI,
1998; 2001).
Um pensador do trabalho e da formação em saúde,
Merhy mostra como o conjunto dos trabalhos em saúde
produz um produto, os atos de saúde, cada profissional
considerado capaz de intervir naquilo que se denomina
por problema de saúde. Contudo, supor que este processo
permita a produção da saúde pode não ser verdadeiro, pois
nem sempre esse processo produtivo impacta ganho dos
graus de autonomia do usuário. Para atender em saúde, são
mobilizados intensamente conhecimentos sob a forma de
saberes profissionais, inscritos na forma de cada profissio-
nal pensar os casos de saúde e organizar a atuação sobre
eles; entretanto, em qualquer abordagem assistencial de
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represente domínio ocupacional em fazeres regulamenta-
dos). Ao propor uma pedagogia universitária pela interdis-
ciplinaridade, as Diretrizes enunciaram a colaboração inter-
profissional, articulando a interdisciplinaridade no campo
epistemológico, devido à integração de conhecimentos, e
a interprofissionalidade no campo pragmático, segundo a
colaboração que tem lugar no exercício do trabalho. Mesmo
no componente de núcleo, aquelas Diretrizes afirmavam,
em parágrafo único, uma noção que superava a de trabalho
individual por profissão, afirmando o trabalho em equipe,
a convergência das várias profissões, em favor da maior
abrangência em acolhimento de necessidades e segundo a
composição em ato das possibilidades à resolubilidade as-
sistencial (BRASIL, 2001).
Quando as Diretrizes Curriculares Nacionais de 2001
vieram, parecia que saltávamos das problematizações a
uma estratificação que fosse patamar às problematizações
de superior intensidade, tamanha sua defesa em projetos
disruptores e que desdobravam os autores recém-citados.
O que se foi vendo foi uma queixa insistente de não im-
plementação e não implantação, necessidade de expansão e
recriação até que, em desfecho, foram vistos dois processos:
de um lado, diversas profissões copiando o trecho “em co-
mum” para que pudessem usufruir das prerrogativas ofer-
tadas pelo ordenamento da formação vigente no Sistema
Único de Saúde (bolsas, estágios, programas de residência,
oportunidades formativas e ocupacionais em serviço etc.),
de outro, novas diretrizes com exatamente o abandono da
noção de conhecimentos e práticas “em comum”, assim
como o abandono da noção de conhecimentos e práticas de
núcleo submetidos à noção de “em meio ao comum”. As
profissões retomaram o “cérebro” monoprofissional.
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conhecimentos e práticas, retira limites e habita potências
de criação (CECCIM, 2017).
Aceitar que é assim e aprender a viver assim vai requerer
a experiência da educação interprofissional. Não se derru-
ba imaginários tradicionais sem práticas educativas corres-
pondentes. Já a intersecção dos conhecimentos e habilida-
des das várias categorias profissionais responde ao objetivo
de atender às necessidades em saúde, proteger estados sau-
dáveis e promover a qualidade de vida. Não se prenuncia
alguma forma de atuar que implique o abandono do núcleo
de conhecimentos de cada categoria profissional da saúde,
senão que atuem em compatibilidade e compartilhamen-
to da integralidade da atenção e do acolhimento. A lógica
interprofissional cria condições mais favoráveis para o tra-
balho em equipe e permite tirar o melhor proveito possível
dessa condição. Por si só, a expressão “práticas colaborati-
vas” já diz muito (CECCIM, 2017).
Se o campo comum tende a ser aceito na noção de campo
da saúde, o núcleo em comum entre as profissões ainda soa
estranho, por isso, a linguagem da interprofissionalidade
oferta exequibilidade e operacionalidade quanto ao agir
profissional. Campo e núcleo apresentam faces em comum
na elaboração de diagnósticos, indicação de condutas e rea-
lização de procedimentos de cuidado e tratamento; de edu-
cação, promoção e proteção da saúde ou de planejamento,
gestão e avaliação em saúde. Ocorre um entrecruzamento
das noções de disciplina, profissão, trabalho, uma vez que
estes não são conceitos fixos. Pode-se “caminhar” com a
noção de disciplina nas ciências (referida ao campo episte-
mológico, ou seja, ao conhecimento), sabidamente um re-
corte dos saberes em racionalidades, métodos e retórica; e
com a noção de profissão no trabalho (referida ao campo
pragmático, ou seja, ao fazer). Assim, assiste-se à separação
dos conhecimentos em “áreas” e do fazer em “categorias
ocupacionais técnico-científicas”. O tanto de sobreposição,
intersecção e mesmo de identidade entre os conhecimentos
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profissão, mas “desconforto intelectual” com a ciência po-
sitiva e com a regulamentação das profissões, ou seja, de-
fesa da ousadia e usufruto da autonomia intelectual para
explorar as fronteiras usuais do conhecimento e das pro-
fissões (CECCIM, 2004). Retomei o tema em “O sistema de
saúde e as práticas educativas na formação dos estudantes
da área” (CECCIM, 2017). O desconforto intelectual é o es-
tranhamento com regras e fronteiras, a efetiva problemati-
zação do sentido, da necessidade e da função das regras e
fronteiras. A ousadia da autonomia intelectual é o acolhi-
mento da inteligência que sobrevém da problematização:
toda fronteira é uma “política de fronteira”, a imposição
de uma realidade. A ousadia é assumir o valor da variação
e criação do devir, nas ciências e em profissões, reconhe-
cer contradições, paradoxos e conflitos, não pela dialética,
mas pela virada nas políticas do poder, sua desengrenagem
(CECCIM, 2018a).
Quando pensar e fazer dependem do criar, temos um
agir: não temos as garantias do já sabido, experimentamos
a potência do novo ou do atual. O prefixo “inter” indica no
“interior de dois”, o prefixo “entre” não tem interior: entre-
cena. No “entre”, a vibração do que finda, sem dizer tudo
a que veio, e a vibração do que se anuncia, em expectativa
e desejo, sem se saber o que virá. No entre somente existem
as pistas do desejo e o jogo de quem habita a cena. A noção
de entredisciplinaridade desafia ao exercício profissional
em “zonas de intercessão”, não zonas de intersecção inter-
disciplinar ou interprofissional, antes a perda das linhas de
fronteira quando se está em equipe, zona de tensão em fa-
vor da disruptura das formas prévias e zona de exigência
de criação, assim como a ideia de uma clínica da integrali-
dade. Não uma Clínica Ampliada, mas a da Grande Saúde,
como em Friedrich Nietzsche, ou da Saúde como aconteci-
mento, como em Jacques Derrida (BIATO, 2021).
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Antecedentes brasileiros foram intensos em projetos
de ação, pesquisas, elaboração de teorias, formação do-
cente, implementação de oficinas e congressos nacionais,
registrando uma história material em favor da multipro-
fissionalidade e interdisciplinaridade: Rede IDA, Projetos
UNI, Rede UNIDA – desde 1985. O 1º Congresso da Rede
UNIDA ocorreu em 1989. Um dos desafios da díade mul-
tiprofissionalidade e interdisciplinaridade ao longo desse
tempo tem sido constituir consistência à interprofissiona-
lidade: entendimento de que o trabalho em saúde requer
uma equipe com a presença de várias profissões no campo,
em atuação interdisciplinar e em construção contínua das
práticas compartilhadas.
Na base nacional, com a criação da Secretaria de Ges-
tão do Trabalho e da Educação na Saúde, no Ministério
da Saúde, alguns marcadores registram a maior história
da díade multiprofissionalidade e interdisciplinaridade
em constituição de consistência à interprofissionalidade: a
Política Nacional de Educação Permanente em Saúde, os
Programas de Residência Integrada Multiprofissional em
Saúde e os Projetos de Educação pelo Trabalho em Saúde
orientados à Interprofissionalidade (PET-Saúde/Interpro-
fissionalidade). Futuras atividades de desenvolvimento de
capacidades interprofissionais, interdisciplinares, de inte-
gralidade da atenção, sob a integração ensino e sistema de
saúde e sob a interação universidade-sociedade represen-
tarão parceria embasada em realizações passadas e atuais.
Se já estavam e seguem em cena a proposta de campo e
núcleo de conhecimentos e práticas como indicação viável
à melhor organização da ação assistencial; a equipe inte-
gração em lugar da equipe agregado, a ênfase na dimensão
cuidadora das intervenções, escapando do trabalho centra-
do nas doenças, mas não nas necessidades/direitos, pro-
cedimento-centrado e médico-centrado, como também o
reconhecimento das competências e habilidades gerais (campo
da saúde) e das competências e habilidades específicas (núcleos
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prática em equipe e assuma que ela deve envolver na pro-
dução do comum as práticas privativas. Se não há prática
colaborativa comprometendo componentes privativos de
uma profissão ou, na pior das hipóteses, os componentes
típicos ou identitários de uma profissão entre certos dois
(no mínimo) profissionais de diferentes profissões não está
havendo prática interprofissional. Nenhuma prática inter-
profissional nesse escopo, entretanto, acontece de modo
espontaneísta, improvisado ou acrítico, acontece de modo
regulado, regulamentado e acreditado. Quanto mais prati-
camos a colaboração interprofissional, mais sabemos sobre
o que ela significa e até onde ela pode chegar. Assumir de
antemão que a colaboração interprofissional não cogita in-
terface com as práticas privativas é, desde antemão, estan-
car a potência de sua introdução no mundo das disciplinas
e das pragmáticas.
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de abalo no sistema cognitivo, um regime de verdade que
desaba e permite que outros regimes ganhem passagem
(VARELA, 1992). A competência ética não é antecedente e
nem é dada; é emergência em meio à aprendizagem, é ne-
cessário um processo de problematização e disruptura para
atingir o aprender que é próprio da competência ética. Isso
inclui acompanhar os enunciados ainda permeados de dú-
vidas e hesitações. Podemos dizer que há entre disciplina-
rização e problematização um movimento da fragmentação
à ativação de interfaces, resultando na construção singular
do aprender e fazer saúde: maneiras de pensar, agir e sen-
tir, bem como produzir ensino, conhecimento e trabalho:
entrecenas se insinuam.
REFERÊNCIAS
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FOUCAULT, M. A hermenêutica do sujeito. São Paulo:
Martins Fontes, 2010.
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