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PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA

Portal Educação

CURSO DE
DOENÇAS VIRAIS SEXUALMENTE
TRANSMISSÍVEIS

Aluno:

EaD - Educação a Distância Portal Educação

AN02FREV001/REV 4.0

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CURSO DE
DOENÇAS VIRAIS SEXUALMENTE
TRANSMISSÍVEIS

MÓDULO I

Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do
mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são
dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.

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SUMÁRIO

MÓDULO I
1 INTRODUÇÃO E CONCEITO DE DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS
1.1 HISTÓRIA
1.2 COMO SURGIU A CAMISINHA
2 IMPORTÂNCIA DOS VÍRUS NA DISSEMINAÇÃO DESSAS DOENÇAS
2.1 IMUNOLOGIA
2.2 COMO UTILIZAR A CAMISINHA
3 VÍRUS HERPES
3.1 HISTÓRICO DO HERPES
3.2 CLASSIFICAÇÃO
3.3 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
3.3.1 Primoinfecção
3.3.2 Herpes recidivante
3.3.3 Gengivoestomatite herpética primária
3.3.4 Herpes genital
3.3.5 Herpes oral
3.3.6 Herpes labial
3.3.7 Herpes simples neonatal
3.3.8 Ceratoconjuntivite herpética
3.3.9 Panarício herpético
3.3.10 Doença neurológica
3.3.11 Herpes simples em imunodeprimidos
3.4 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
3.4.1 Isolamento do vírus
3.4.2 Diagnóstico sorológico
3.4.3 Diagnóstico molecular
3.4.4 Diagnóstico diferencial
3.5 EPIDEMIOLOGIA

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4. CITOMEGALOVÍRUS
4.1 HISTÓRICO DO CITOMEGALOVÍRUS
4.2 CLASSIFICAÇÃO
4.3 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
4.3.1 Infecção em imunocompetentes
4.3.2 Infecção em imunoincompetentes
3.4.3 Infecção congênita
3.4.4 Infecção perinatal
4.4 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
4.4.1 Histopatologia
4.4.2 Sorologia
4.4.2.1 Teste de elisa
4.4.2.2 Diagnóstico diferencial
4.4.2.3 Antigenemia
4.4.3 Guthrie card
4.4.4 Microscopia eletrônica
4.4.5 Biologia Molecular
4.4.5.1 PCR
4.4.5.2 Captura híbrida
4.6 EPIDEMIOLOGIA
4.7 SÍNDROME DE BLUEBERRY MUFFIN BABY

MÓDULO II
5 VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA (HIV)
5.1 HISTÓRICO DA AIDS
5.2 CLASSIFICAÇÃO
5.3 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
5.3.1 Infecção aguda
5.3.2 Infecção assintomática
5.3.3 Sintomática inicial
5.3.4 Sintomática intermediária e sintomática tardia
5.3.5 Infecção avançada

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5.4 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
5.5 EPIDEMIOLOGIA
6 VÍRUS T-LINFOTRÓPICO HUMANO (HTLV)
6.1 HISTÓRICO DO HTLV
6.2 CLASSIFICAÇÃO
6.3 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
6.3.1 Leucemia de célula t do adulto (LTA)
6.3.2 Paraparesia espástica tropical mielopatia associada ao HTLV-1 (PET/MAH)
6.3.3 Leucemia atípica de células T pilosas
6.3.4 Outras doenças associadas ao HTLV-1
6.4 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
6.4.1 Ensaios sorológicos
6.4.2 Detecção dos antígenos virais
6.4.3 Ensaios de Biologia Molecular
6.5 EPIDEMIOLOGIA
6.6 DIFERENÇA ENTRE PETÉQUIA, EQUIMOSE, PÚRPURA E HEMATOMA

MÓDULO III
7 VÍRUS DAS HEPATITES
7.1 INTRODUÇÃO
7.2 HISTÓRICO E CLASSIFICAÇÃO
8 VÍRUS DA HEPATITE B (HBV)
8.1HISTÓRICO DAS HEPATITES
8.2 CLASSIFICAÇÃO
8.3 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
8.3.1 Hepatite aguda pelo HBV
8.3.2 Hepatite crônica pelo HBV
8.3.3 Hepatite fulminante
8.4 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
8.4.1Exames laboratoriais inespecíficos
8.4.2 Exames laboratoriais específicos
8.4.3 Exames adicionais

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8.5 EPIDEMIOLOGIA
9 VÍRUS DA HEPATITE C (HCV)
9.1 HISTÓRICO
9.2 CLASSIFICAÇÃO
9.3 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
9.3.1 Manifestações extra-hepáticas
9.4 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
9.4.1Exames laboratoriais inespecíficos
9.4.2Exames laboratoriais específicos
9.4.2.1 Diagnóstico sorológico
9.4.2.2 Diagnóstico molecular
9.5 EPIDEMIOLOGIA
9.6 SÍNDROME DE SJÖGREN
9.6.1 Diagnóstico da Síndrome de Sjögren
10 VÍRUS DA HEPATITE D (HDV)
10.1 HISTÓRICO
10.2 CLASSIFICAÇÃO
10.3 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
10.4 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
10.5 EPIDEMIOLOGIA

MÓDULO IV
11 VÍRUS DO PAPILOMA HUMANO (HPV)
11.1HISTÓRICO E APRESENTAÇÃO
11.2 CLASSIFICAÇÃO
11.3 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
11.4 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
11.4.1 Citopatologia
11.4.2 Microscopia eletrônica
11.4.3 Histopatologia
11.4.4 Colposcopia
11.4.5 Genitoscopia

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11.4.6 Imuno-histoquímica
11.4.7 Biologia molecular
11.5 EPIDEMIOLOGIA
GLOSSÁRIO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Olá!
Obrigada por você adquirir o nosso material!
Ao realizar o nosso curso você estará adquirindo um excelente guia para
suas consultas. Um ótimo auxílio para o seu estudo e aprendizado. O curso é
composto de material atualizado. Observe nas Referências Bibliográficas ao final do
curso. Além disso, foram utilizados trabalhos de grandes autores. Muitos destes são
“autores de referência” nos assuntos aqui abordados. Na obra, cada infecção será
abordada desde a sua descoberta. Em muitos casos seguirá inclusive uma foto do
pesquisador que contribuiu para a sua descoberta. Outro ponto de destaque em
nosso curso é que logo no início do programa você encontrará um pequeno
dicionário. No qual estão presentes alguns termos de utilização comum no mundo da
Virologia. Mas que são raros entre outras populações. Enfim, espero que goste e
aproveite o material. Boa sorte! E mãos à obra.

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MÓDULO I

1 INTRODUÇÃO E CONCEITO DE DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS

As doenças sexualmente transmissíveis estão entre os problemas de saúde


pública com enorme destaque no Brasil e no mundo. Nos países desenvolvidos
surge um novo caso de DST em cada cem pessoas por ano. Enquanto nos países
em desenvolvimento, essas doenças estão entre as cinco principais causas de
procura de serviços de saúde.
As Doenças Sexualmente Transmissíveis, ou DSTs, são doenças
infecciosas que podem ser transmitidas por meio do contato sexual. Essas doenças
estão entre os maiores problemas de saúde pública em todo o mundo. Entretanto,
pouco se sabe a respeito dos agentes causadores, de como essas doenças podem
ser evitadas e até mesmo sobre a gravidade da contaminação.
Muitos dessas doenças podem estar presentes entre as diversas
populações, mesmo antes da conscientização dos indivíduos acometidos. É de
grande importância que a população seja orientada quanto à possibilidade dessas
infecções. Profissionais da área de saúde são os grandes responsáveis por essas
informações.
Após o início da epidemia de AIDS, as Doenças Sexualmente
Transmissíveis voltaram a ter grande importância entre os diferentes grupos de
pessoas. Junto a isso, foi observada a facilidade de práticas sexuais com diferentes
parceiros e foram verificados o baixo nível econômico e rebaixado grau de
informação cultural de grande parte da população.
Tudo isso tornou evidente a má qualidade dos serviços de saúde e a
educação sexual pouco orientada. Além de, principalmente, comprovar a não
utilização de métodos preventivos. O que determina aumento da possibilidade de
acontecimento das DSTs. A facilidade de propagação dessas doenças deve ser bem

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compreendida pela população geral. O profissional de saúde tem o dever de
espalhar o seu conhecimento perante a população.

1.1 HISTÓRIA

As DSTs são reconhecidas desde os povos mais antigos que ocupavam a


Mesopotâmia, a Grécia e o Egito. Antigamente, eram denominadas “doenças
venéreas” ou “doenças de Vênus”, nome que foi dado em homenagem às
sacerdotisas da Grécia antiga que se prostituíam no Templo da Deusa do Amor
como forma de adoração. A FIGURA 1 apresenta a imagem de Vênus, considerada
a Deusa do Amor.

FIGURA 1 - VÊNUS, A DEUSA DO AMOR

FONTE: <Disponível em: http://shw.namaste.fotopages.com/4475792/Venus-a-deusa-do-amor.html.>


Acesso em: 2 ago. 2012.

Como citado, antigamente, as doenças sexualmente transmissíveis, DSTs,


eram reconhecidas por doenças venéreas. Hoje, são consideradas infecções
sexualmente transmissíveis, ISTs. Devido à observação de que vários agentes
infecciosos podem determinar o desenvolvimento de doenças por meio desta via.

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Há muito tempo essas doenças são vistas como um grave problema de
saúde pública. Pois, afetam muitas pessoas. Os sinais e sintomas são de difícil
identificação e o acesso ao tratamento correto também.
Atualmente, as DSTs são infecções graves que movimentam e preocupam
os diferentes órgãos da Saúde Pública. No mundo, cerca de 333 milhões de novos
casos de DSTs acontecem a cada ano, o que representa a segunda maior causa de
perda de vida saudável entre as mulheres de 15 a 49 anos. As DSTs estão entre as
cinco principais causas de procura pelos serviços de saúde.
A contaminação por essas DSTs pode acontecer de vários modos. Seja de
maneira direta ou indireta. O modo direto é o mais divulgado. É aquele que acontece
por meio de relações sexuais. Nesse caso, porém, há necessidade de o parceiro ou
a parceira ser portador da doença.
A forma indireta é como o próprio nome diz: é aquela que acontece pelo
contato indireto com o agente. Devido ao compartilhamento de objetos pessoais mal
higienizados ou pela manipulação de objetos contaminados, como lâminas e seringas.
A FIGURA 2 mostra com simplicidade duas formas de disseminação de DSTs.

FIGURA 2 - MODO DE DISSEMINAÇÃO DE DOENÇAS SEXUALMENTE


TRANSMISSÍVEIS

FONTE: Disponíveis em: <http://docelandiamm.blogspot.com.br> e


<http://sterneventos.blogspot.com>. Acesso em: 2 ago. 2012.

Em muitos casos essas doenças não apresentam manifestações visíveis. No


homem ou até mesmo na mulher. De qualquer forma, possuem grande possibilidade

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de se espalhar na população. Além de causar sérios problemas de saúde. O que
aponta para o alerta de que, se for feito sexo sem camisinha, o serviço de saúde
deve ser consultado. É necessário o aconselhamento com um profissional de saúde
periodicamente.
Estas doenças devem ser diagnosticadas e tratadas a tempo. Em caso
diferente podem evoluir para complicações graves. No corpo humano, doenças
deste tipo podem ocasionar sérios problemas de saúde. Como comprometimento do
aparelho reprodutor, infertilidade, doenças neonatais, câncer e até mesmo levar à
morte do indivíduo.
O tratamento deve ser de modo rápido e correto. Com o auxílio do
profissional de saúde apropriado. O que deve incluir aconselhamento para que a
doença não volte a acontecer, para a necessidade de visitas de acompanhamento e
para a possibilidade de contaminação das pessoas envolvidas no relacionamento. E
deve ser feito o direcionamento para utilização da prática de sexo seguro.
Os principais agentes causadores de doenças sexualmente transmissíveis
são os vírus, as bactérias, os protozoários e os fungos. Observe os exemplos destes
agentes e suas doenças na FIGURA 3.

FIGURA 3 - EXEMPLOS DE VÍRUS, BACTÉRIAS E PROTOZOÁRIOS


CAUSADORES DE DSTS

Treponema
Vírus herpes simplex – pallidum - sífilis Trichomonas vaginallis
herpes genital - tricomoníase

FONTE: Disponíveis em: <http://html.rincondelvago.com/herpes-genital_3.html>;


<http://drcarlosrey.blogspot.com.br/2012/06/sifilis.html>;
<http://www.britannica.com/EBchecked/media/7837/Trichomonas-vaginalis>. Acesso em: 2 ago. 2012.

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QUADRO 1 - VÍRUS CAUSADORES DE DOENÇAS SEXUALMENTE
TRANSMISSÍVEIS
VÍRUS SIGLA DOENÇA

Vírus herpes simples HSV Herpes genital

Citomegalovírus CMV Citomegalovirose

Vírus da imunodeficiência humana HIV AIDS

Vírus T linfotrópico humano HTLV Leucemia de células T do adulto

Vírus da hepatite B HBV Hepatite B

Vírus da hepatite C HCV Hepatite C

Vírus da hepatite Delta HDV Hepatite Delta

Vírus do papiloma humano HPV Condiloma acuminado e câncer de colo uterino


FONTE: Arquivo pessoal do autor.

As doenças virais sexualmente transmissíveis estão relacionadas no


QUADRO 1, ao lado das principais doenças por eles causadas, observe.
Após sabermos o que são doenças sexualmente transmissíveis, a
frequência que estas doenças acontecem, quais os agentes causadores e,
principalmente, que elas podem levar a graves consequências, vamos falar um
pouco mais sobre as DSTs e em seguida sobre a importância dos vírus no contexto
destas infecções.
Os acontecimentos em busca da liberação sexual que ocorreram no século
passado trouxeram grandes transformações no comportamento humano. Nos dias
atuais, as doenças sexualmente transmissíveis afetam igualmente homens e
mulheres de todas as idades, etnias e classes sociais. Entretanto, adolescentes e
adultos jovens são mais frequentemente afetados por causa da maior frequência de
relações sexuais e do maior número de parceiros. O que torna esta população o
público-alvo das informações dos profissionais de saúde.
O número de pessoas acometidas aumenta a cada dia. Algumas destas
infecções podem causar problemas sérios de saúde para toda a vida.
Em 1996, o Center for Disease Control and Prevention (CDC) estimou cerca
de 500 mil novos casos por ano de infecção pelo HPV, 80 mil casos de AIDS, em

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torno de 300 mil de herpes, 100 mil casos de sífilis e 800 mil casos de gonorreia. Na
ocasião, os índices de HPV, reconhecido como agente etiológico do câncer de colo
uterino ficavam abaixo apenas das infecções por Chlamydia sp e Trichomonas sp.
Em 2003, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou a prevalência de
aproximadamente 536 milhões de casos de herpes genital no mundo. Com maior
número de casos no sexo feminino.
Recentemente, a OMS e o Programa de HIV/AIDS das Nações Unidas
(UNAIDS) demonstraram a existência de 33,4 milhões de pessoas no mundo
infectadas pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV). No Brasil, o estudo mostrou
730 mil pessoas infectadas.
É importante, porém, que a população esteja ciente de que é possível se
prevenir dessas doenças praticando sexo seguro; com a utilização do preservativo
em todas as relações sexuais.

1.2 COMO SURGIU A CAMISINHA

A propósito, você sabe como surgiu a camisinha?


É interessante saber como surgiu algo tão comum nos dias atuais. Pensar
que em algum momento não existia. Tudo começou há tanto tempo que nem
acreditamos que precisou ser inventada. Pois bem! Vamos lá.
Desde as civilizações mais antigas, a humanidade convive com os
problemas da gravidez indesejada. Doenças decorrentes do sexo sem proteção
também já acometiam a humanidade. Todos esses problemas comuns aos
desinformados de hoje já causavam preocupação nos povos mais antigos.
Sendo assim, a criação de métodos eficientes de evitar gravidez indesejada,
o surgimento de doenças transmitidas pelo sexo, além do nascimento de filhos fora
de uma união oficial – que sempre foi razão de escândalo social – geravam a
preocupação dos indivíduos em criar métodos eficientes para evitar esses
problemas. Sem, contudo, prejudicar o prazer sexual.

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Na Antiguidade, as mulheres colocavam na vagina produtos capazes de
bloquear ou matar os espermatozoides. Para isso, faziam uso de fezes de crocodilo,
as quais possuem o pH alcalino dos espermicidas atuais.

FIGURA 4 - PROTETORES PARA O PÊNIS NO EGITO ANTIGO

FONTE: Disponível em: http://www.giv.org.br/dstaids/camisinha.htm. Acesso em: 18 ago. 2012.

Enquanto isso, os homens possuíam protetores para o pênis. Estes eram


confeccionados a partir de intestinos de animais ou até mesmo em linho. Porém,
possuíam a função de proteger o pênis. Era como se fosse um estojo. Não
funcionavam como contraceptivos. Observe na representação da FIGURA 4 essa
função de proteção peniana.
Os primeiros preservativos foram criados pelos chineses. Esses eram
envoltórios de papel de seda untados com óleo. Entretanto, desde 1850 a.C., os
egípcios já faziam uso de contraceptivos.
A camisinha foi trazida para o Mundo Ocidental pela mitologia grega. Tudo
começou com as farras de Minos, um rei casado com Pasiphe, filho de Zeus e
Europa. Entretanto, Minos era famoso pelo fato de possuir uma infinidade de
amantes. Possuía grande paixão pelo sexo feminino. Devido a isso, Pasiphe
articulou um feitiço, em que apenas ela era imune. Com este, Minos passou a
ejacular lacraias e serpentes. As quais matavam todas as mulheres que com ele se
deitassem. O feitiço, porém, tornou o rei incapaz de procriar.
Entretanto, o feitiço não impediu que o rei se apaixonasse. De maneira que o
coração de Minos foi flechado pelo amor de Procris. Apaixonada e para evitar a

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morte, devido à relação, Procris introduziu uma bexiga de cabra na vagina. De tal
modo que os pequenos monstros ficavam presos na bexiga. Assim, Minos retomou o
poder de ter filhos.

FIGURA 5 - FOTOS DE GABRIELLE FALLÓPIO E DA PRIMEIRA CAMISINHA.

FONTE: Disponível em: <http://socuriosidades.blogspot.com.br/2008/01/origem-do-


preservativo.html>. Acesso em: 18 ago. 2012.

Todavia, foi o anatomista e cirurgião Gabrielle Fallopio que confeccionou a


primeira camisinha (veja a foto da FIGURA 5). O que descreveu como uma "bainha
de tecido leve, sob medida para proteção das doenças venéreas". Foi confeccionada
de um forro de linho do tamanho do pênis e embebido em ervas.
No final do século XVI, os preservativos de linho passaram a ser embebidos
em soluções químicas. Em seguida, estes eram secos. Eram as precursoras dos
espermicidas modernos. Até alcançarmos os preservativos atualmente utilizados,
muito foi modificado. O comércio diversificou a industrialização das camisinhas. Nos
dias atuais, encontramos camisinhas com formatos especiais, texturizadas,
lubrificadas, coloridas, com sabor, perfume etc.
A FIGURA 6 apresenta uma camisinha e o símbolo utilizado atualmente nas
campanhas contra as DSTs.

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FIGURA 6 - SÍMBOLO ATUALMENTE UTILIZADO NAS CAMPANHAS
CONTRA AS DSTS

FONTE: Disponível em: <http://sepahnews.blogspot.com.br/2010/03/103-milhoes-de-brasileiros-com-


dst.html>. Acesso em: 18 ago. 2012.

2 IMPORTÂNCIA DOS VÍRUS NA DISSEMINAÇÃO DESSAS DOENÇAS

Com a popularização dos meios de comunicação, tornou-se possível a


transmissão de conhecimento entre as diversas sociedades. Porém, observa-se que
além do acesso a informação há necessidade também que haja conscientização por
parte da população.
Acredita-se que poucos indivíduos estejam conscientes da importância dos
vírus na transmissão dessas doenças. Na população geral, quando se fala em vírus
que podem causar infecções desse tipo, é comum que apenas o vírus da AIDS seja
lembrado. Porém, as infecções virais de transmissão sexual causam doenças sérias.
São de tratamento difícil, prolongado e até mesmo desconhecido até o momento.
Uma das principais preocupações relacionadas às DSTs ocorre pelo fato de
que o indivíduo acometido por qualquer uma destas facilita a transmissão sexual do
HIV. Pois, a aquisição de DST comprova a realização de sexo sem proteção.

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Existem casos de transmissão de DSTs virais da mãe para o bebê. Nestes,
a infecção do bebê pode acontecer ainda no período da gravidez ou até mesmo
durante o parto. Estas infecções podem também ocasionar a interrupção
espontânea da gravidez. Quando atingem o feto durante seu desenvolvimento,
podem causar lesões. Podem causar o nascimento de crianças com problemas de
grave má-formação.
Há infecção de DSTs virais no período intraparto ou até mesmo durante o
aleitamento materno. São infecções que podem atingir o recém-nascido, causando
doenças em diversos órgãos. Em algumas destas, o desenvolvimento da doença
pode ocorrer já na idade adulta. O HTLV-1 é um destes exemplos.
Outras DSTs virais podem também ser transmitidas por transfusão de sangue
contaminado ou compartilhamento de seringas e agulhas, principalmente no uso de
drogas injetáveis; como ocorre com o vírus da hepatite B e até mesmo com o HTLV.
Há DSTs virais que se não forem tratadas e/ou acompanhadas podem levar
o indivíduo ao desenvolvimento de câncer. É o caso do HPV, considerado fator
importante no desenvolvimento de câncer de colo uterino.
Sendo assim, observa-se que a ausência de diagnóstico e de tratamento, no
momento adequado, são fatores que podem contribuir para a evolução de formas
graves dessas doenças e até mesmo morte dos indivíduos acometidos.
Diante do exposto, torna-se comprovado que o acesso sem restrição das
pessoas ao diagnóstico precoce e tratamento adequado de todas as DSTs é
fundamental. O que confirma a necessidade de informação aos indivíduos por meio
do estudo proposto.

2.1 IMUNOLOGIA

Vamos dar uma “passadinha” na imunologia?


Você está lembrado que:
 o diagnóstico sorológico das doenças infecciosas é realizado para
verificar a presença e a concentração dos anticorpos das classes IgM e IgG,

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produzidos pelo organismo de uma pessoa em resposta a um dado agente
infeccioso;
 em geral, nas infecções primárias o primeiro anticorpo a ser produzido é
da classe IgM, que em seguida é acompanhado pela produção de anticorpos
da classe IgG.
Porém, os anticorpos IgM ficam presentes no organismo das pessoas por
um curto período de tempo, e normalmente desaparecem após três a seis meses da
infecção. Enquanto isso, os anticorpos da classe IgG permanecem presentes por
longo período. Em muitos casos para o resto da vida.
Sendo assim, a presença de anticorpos IgM é indicativa de infecção aguda
ou recente. Enquanto a presença apenas de IgG, é indicativo de infecção passada.
Observe a FIGURA 7, a seguir, para melhor compreender a síntese de anticorpos
IgG e IgM em infecções.

FIGURA 7 - REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DO TEMPO EM SEMANAS DO


APARECIMENTO DE ANTICORPOS DO TIPO IGG E IGM EM INFECÇÕES

FONTE: Disponível em: <http://www.biomedicinapadrao.com/2011/08/teste-de-avidez-igg.html>.


Acesso em: 14 ago. 2012.

É válido você saber também que com a utilização de métodos mais


sensíveis no diagnóstico dos processos infecciosos, o conceito de que:
 a presença de anticorpos IgM é indicativa de infecção aguda ou recente,
e a presença somente de IgG é indicativo de infecção passada, foi alterado;
agora é possível a detecção de IgM por um período de tempo mais longo.

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 esses anticorpos IgM, (mais tardios) são denominados residuais e
podem ser detectados, geralmente, em valores baixos, até 18 a 24 meses
após a infecção;
 a presença desses anticorpos IgM, no mesmo momento dos anticorpos
IgG, por vezes, dificulta a interpretação do tempo de infecção;
 em alguns casos de reinfecção ou de reativação de processos
infecciosos, os anticorpos IgM também podem ser detectados, bem como
em reações cruzadas;
 nos últimos tempos, foi desenvolvido um ensaio imunoenzimático que
possui a capacidade de diferenciar uma infecção recente de uma infecção
passada, com a presença de IgM residual;
 essa diferenciação dessas infecções é feita pela utilização de testes que
avaliam a capacidade de ligação dos anticorpos IgG;
 essa capacidade de ligação, denominada AVIDEZ, é diretamente
proporcional ao tempo de infecção (veja na FIGURA 8).

FIGURA 8 - REPRESENTAÇÃO DA AVIDEZ DA IGG DE ACORDO COM O TEMPO

FONTE: Disponível em: <http://www.biomedicinapadrao.com/2011/08/teste-de-avidez-igg.html>.


Acesso em: 14 ago. 2012.

Além disso, existem casos em que quadros infecciosos com até três a quatro
meses de evolução, há presença de IgG de baixa avidez. Enquanto, em outras

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infecções com mais de quatro meses de evolução, os anticorpos IgG apresentam
alta avidez.
Porém, em algumas situações os anticorpos IgG podem apresentar avidez
intermediária. São os casos em que a definição segura do tempo de infecção torna-
se dificultada.
Desta forma, o teste de avidez para anticorpos IgG é de enorme valor,
especialmente nos caso de pacientes grávidas que possuem anticorpos das classes
IgM e IgG, simultaneamente, no exame pré-natal para as doenças infecciosas que
acometem o feto.
Em pacientes grávidas, a determinação do tempo de infecção possui grande
valor. Pois, pode definir se há necessidade de tratamento. Nos casos em que a
infecção ocorre durante a gravidez. Além de oferecer tranquilidade para o médico e
para a gestante, nos casos em que a infecção ocorreu antes da gravidez.

2.2 COMO UTILIZAR A CAMISINHA

Agora que você já sabe como surgiram as primeiras camisinhas, está na


hora de aprender como utilizá-la.
A camisinha é confeccionada em látex, material elástico, derivado da
borracha. É relativamente resistente. Envolve os genitais masculinos, modo mais
comum, ou feminino durante a relação sexual. Utilizada para impedir o contato entre
os fluidos corporais das pessoas que estão praticando um relacionamento íntimo.
Atualmente, as camisinhas protegem contra as DSTs. Além de constituírem
um método anticoncepcional seguro. Mas, lembre-se de que a proteção será
conferida apenas quando a utilização ocorrer de maneira adequada.
Observem na FIGURA 9 alguns modelos do preservativo encontrados
atualmente no mercado.

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FIGURA 9 - OS DIVERSOS FORMATOS DE CAMISINHA DISPONÍVEIS NO
MERCADO ATUALMENTE

FONTE: Disponíveis em: <http://todaela.uol.com.br/sexo/galerias/camisinhas-bizarras-para-todos-os-


gostos>; <http://www.dst.com.br/seguro.htm>; <http://todaela.uol.com.br/sexo/galerias/camisinhas-
bizarras-para-todos-os-gostos>. Acesso em: 18 ago. 2012.

Agora, aprenda como deve utilizá-la.


 escolha uma marca de sua confiança;
 possua sempre uma com você. Porém, é recomendável ter sempre uma
ou mais unidades de reserva;
 conserve sempre protegidas do calor;
 utilize sempre dentro do prazo de validade;
 abra a embalagem com delicadeza. Tenha cuidado para não danificar.
 coloque com o pênis ereto (duro);
 deixe um pequeno espaço na ponta da camisinha – importante. O que
pode ser conseguido pela compressão da extremidade da camisinha entre o
polegar e o indicador durante a colocação.
 encoste a camisinha enrolada na ponta da glande e vá desenrolando até
a base do pênis;
 se a camisinha não for lubrificada, utilize somente lubrificantes a base de
água, aplicados sobre o pênis antes da colocação e/ou diretamente na
camisinha depois de colocada;

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 após o uso, retire a camisinha. Dê um nó na extremidade aberta e jogue-
a no lixo. Não jogue no vaso sanitário, pois irá entupi-lo;
 camisinha é descartável, deve ser usada somente uma vez.
 IMPORTANTE!!! Caso a camisinha se rompa ou saia durante a relação,
despreze e coloque uma nova.

3 VÍRUS HERPES

Em nossos dias, o herpes é a infecção viral mais comum, após as infecções


respiratórias. A infecção tem como agente causador o vírus herpes simples do tipo 1
(HSV 1) e o vírus herpes simples do tipo 2 (HSV 2). Na região genital, o herpesvírus
do tipo 2 é mais comum.
No Brasil, mais de 500 mil novos casos de herpes genital são diagnosticados
anualmente. A doença é considerada endêmica em todo o mundo. O que torna as
infecções pelos vírus herpes um grande problema de saúde pública. Porém,
somente após o conhecimento da AIDS, essas infecções passaram a ter maior
impacto entre as autoridades.

3.1 HISTÓRICO DO HERPES

As infecções pelos vírus herpes em seres humanos foram descritas pela


primeira vez por Hipócrates, médico da Grécia Antiga, que denominou o herpes. O
termo herpes tem como origem o grego herpein, que significa rastejar, devido ao
aparecimento de vesículas na pele. Heródoto, médico e historiador grego, descreveu
sobre a capacidade de a doença causar febre e pequenas vesículas na boca.
Quando recebeu a denominação de herpes febrilis. Desde então, a palavra herpes
passou a ser utilizada para as doenças da pele. Veja a FIGURA 10 com a
apresentação de Hipócrates e Heródoto.

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FIGURA 10 - HIPÓCRATES E HERÓDOTO

HIPOCRATES (460 - 377 a.C.) HERÓDOTO (484 - 425 a.C.)


.
FONTE: Disponíveis em: <http://doceesujo.blogspot.com.br/2009/11/hipocrates-vida-e-cozinhar-
saude-e.html>; <http://www.portalplanetasedna.com.ar/herodoto.htm>. Acesso em: 16 ago. 2012.

Entretanto, a natureza infecciosa passou a ser considerada por Vidal, em


1873. Ao demonstrar que a doença podia ser transmitida de uma pessoa para a outra.
A existência de dois tipos de vírus herpes foi observada pelos experimentos
de Nahmia e Dowdle, em 1968, quando fizeram a associação das infecções não
genitais, acima da cintura, para o vírus herpes do tipo 1. Enquanto o vírus herpes do
tipo 2 foi associado às infecções genitais, que causam lesão da cintura para baixo. A
FIGURA 11 mostra a imagem do herpesvírus tipo 2.

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FIGURA 11 - MICROGRAFIA ELETRÔNICA DO HERPESVÍRUS TIPO 2

FONTE: Disponível em: <http://hypescience.com/mesmo-sem-sintomas-portadores-do-virus-da-


herpes-podem-contaminar-parceiros-sexuais/>. Acesso em: 16 ago. 2012.

3.2 CLASSIFICAÇÃO

Atualmente, a família dos herpesvírus é composta por mais de 200 vírus. Os


quais possuem a capacidade de infectar diferentes espécies. Apenas oito destes
causam doenças em seres humanos.
Os vírus herpes são atualmente classificados na família Herpesviridae,
subfamília Alphaherpesvirinae, gênero Simplexvirus, tipos 1 e 2: Tipicamente
reconhecidos como herpesvírus humano 1 (HHV 1) e .herpesvírus humano 2 (HHV
2). Porém, são mais reconhecidos como human simplex vírus (HSV). Embora a
terminologia oficial reconheça como herpes vírus humano (HHV).
O QUADRO 2 apresenta a classificação dos vírus herpes que causam
infecção em seres humanos.

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QUADRO 2 - APRESENTAÇÃO DOS HERPESVÍRUS QUE CAUSAM DOENÇA EM
SERES HUMANOS
CLASSIFICAÇÃO DOS HERPESVÍRUS HUMANOS (HHV)

TIPO SINÔNIMO SUBFAMÍLIA PATOLOGIA

HHV 1 Vírus herpes simplex tipo 1 Alfa Herpes orofacial e / ou genital


(HSV 1) α (predomínio de orofacial)
HHV 2 Vírus herpes simplex tipo 2 Alfa Herpes orofacial e / ou genital
(HSV 2) α (predomínio de genital)
HHV 3 Vírus varicela-zoster Alfa Varicela zoster
(VZV) α
HHV 4 Vírus Epstein- Barr Gama Mononucleose infecciosa, linfoma
(EBV) γ de Burkitt, linfoma do SNC em
pacientes com AIDS, carcinoma de
nasofaringe, síndrome
linfoproliferativa pós-transplante
HHV 5 Citomegalovírus Beta Síndrome mononucleose –like,
(HCMV) β infecções congênitas, retinite,
pneumonia
HHV 6 Beta Exantema súbito (sexta doença ou
HHV 7 Roseolovírus β roseola infantum)
HHV 8 Herpesvírus associado ao Gama Sarcoma de Kaposi, linfoma
Sarcoma de Kaposi γ primário de efusão, Doença de
Castleman
FONTE: Adaptado de SANTOS, N. S. O: Introdução à Virologia Humana, 2002.

A partícula dos herpesvírus possui aproximadamente 100 a 150 nm de


diâmetro. São vírus frágeis, devido à presença do envelope lipídico. Pois este torna
o vírion suscetível a tratamento químico com solventes orgânicos, detergentes e
proteases. São sensíveis também a tratamento físico do tipo calor (60ºC) ou
radiação ionizante e não ionizante. Apresentam capsídeo de formato icosaédrico. O

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ácido nucleico é do tipo DNA, linear de fita dupla. Entre o envelope e o capsídeo, há
um tegumento que contém enzimas codificadas pelo vírus. Observe o esquema de
um herpesvírus na FIGURA 12.

FIGURA 12 - ESQUEMA ILUSTRATIVO DA PARTÍCULA DE UM HERPESVÍRUS

Envelope

Tegumento

Capsideo

Ácido nucleico

FONTE: Disponível em: <http://stdgen.northwestern.edu/stdgen/bacteria/hhv2/herpes.html>.


Acesso em 16 ago. 2012.

3.3 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

Em geral, a transmissão dos HSVs dos tipos 1 e 2 ocorre pelo contato


sexual, sendo comum por meio do contato orogenital. Também há casos de
transmissão da mãe para o filho durante o parto. E ainda pelo contato direto com
lesões ou objetos contaminados. Porém, é importante que todos saibam que em
muitas ocasiões a forma de contaminação não é bem definida. Pois, há possibilidade
de a pessoa contrair herpes no contato com alguém com as lesões ou sem lesões.
Mas o principal alerta fica mesmo para a possibilidade de contaminação em
uma relação na qual uma pessoa é portadora do vírus e não sente nada, e, portanto,
está assintomática. Estes são os principais indivíduos da cadeia de propagação de
uma virose.
A transmissão por pessoas assintomáticas acontece porque, em muitos
casos, apesar de a pessoa ter se contaminado pelo contato direto com o líquido das

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vesículas, o vírus replica no seu local de entrada. O vírion e/ou o nucleocapsídeo
são transportados por via nervosa e ficam escondidos, de modo latente. No período
de latência, o vírus não é transmissível. Mas em alguns casos, as partículas virais
começam a replicar. Os sintomas não aparecem, mas a transmissão pode
acontecer.
A infecção surge pelo aparecimento das lesões vesiculosas. Depois de
alguns dias, estas se transformam em pequenas úlceras que surgem após ardência,
prurido e dor. A FIGURA 13 apresenta algumas lesões típicas da manifestação
clínica de infecção pelos herpesvírus 1 e 2.

FIGURA 13 - FOTOS DE LESÕES POR INFECÇÃO COM O HSV

A B
Em A, lesões vesículosas. Em B, lesões após o rompimento das vesículas.
FONTE: Disponíveis em: <http://toqueginecologico.blogspot.com.br/2011/07/herpes-genital.html>.
Acesso em: 18 ago. 2012.

Apesar de, geralmente, o tipo 1 ser responsável por infecções na face e no


tronco (acima da cintura), enquanto o tipo 2 está relacionado às infecções da região
genital (ou abaixo da cintura), ambos os vírus podem infectar qualquer área da pele
ou das mucosas. As manifestações clínicas irão depender principalmente das
características do vírus, da imunidade do hospedeiro e até da genética.

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3.3.1 Primoinfecção

Geralmente é assintomática. Porém, em alguns casos a infecção pode se


manifestar de modo inespecífico. São comuns os casos que acontecem sem
sintomas que caracterizem um quadro de herpes. Embora a replicação primária do
vírus no sítio da infecção possa levar a doença grave e até a sequela do sistema
nervoso central. Em geral, o vírus se estabelece de modo latente para o resto da
vida do hospedeiro. Nos casos de reativação por qualquer causa, o vírus migra. A
migração ocorre através do nervo periférico. Depois o vírus retorna à pele ou
mucosa e produz a lesão do herpes simples recidivante.

3.3.2 Herpes recidivante

É aquela que ocorre após a infecção primária por HSV 1 ou 2. Nesta, os


pacientes desenvolvem novos episódios nos primeiros 12 meses, por reativação. Há
casos em que a recorrência das lesões está associada a alguns fatores, tais como:
febre, exposição à radiação ultravioleta, estresse físico ou emocional, menstruação,
imunodeficiência, traumatismos e até mesmo o uso prolongado de antibióticos. Em
geral, o quadro clínico das recorrências é de intensidade menor do que aquele que
ocorreu na primoinfecção. Entretanto, é normalmente precedido de período
prodrômico característico, no qual ocorre aumento de sensibilidade, “queimação”,
prurido, mialgias e “fisgadas” nas pernas, quadris e região anogenital.

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3.3.3 Gengivoestomatite herpética primária

É a forma mais comum de infecção primária sintomática pelos vírus herpes.


Frequente em crianças entre um ano e cinco anos, embora aconteça em
adolescentes e adultos jovens.
Inicialmente na mucosa afetada surgem vesículas que se rompem
rapidamente e formam lesões pequenas e avermelhadas. Em seguida, há formação
de úlceras de fundo amarelado com edema e eritema ao redor, com formação de dor
local. Podem ocorrer sangramento e edemas na gengiva.
O vírus parece permanecer latente a espera de condições que favoreçam
nova manifestação. O período de duração da doença é de duas a três semanas.

3.3.4 Herpes genital

Em geral são infecções causadas pelo HSV 2. Mas também acontecem pelo
HSV 1. É normal que nas infecções primárias aconteça formação de vesículas que
persistem por até três semanas. Com excreção de grande quantidade de vírus.
Podem acontecer febre, disúria, linfadenopatia inguinal e mal-estar.
É importante que todos saibam que na presença de infecção ativa há maior
probabilidade de transmitir o vírus.
Nos homens, é comum a formação de vesículas na glande ou corpo do
pênis. Além das nádegas, períneo ou coxas. Enquanto as complicações podem ser
retenção urinária, neuralgia e até meningoencefalite. Lesões anais e perianais estão
mais associadas a homossexuais masculinos.
Em mulheres, as lesões frequentemente envolvem a vulva, períneo, vagina,
nádegas, linfadenopatia e disúria com envolvimento da cérvice. As complicações
são em geral meningite asséptica e retenção urinária. Muitas vezes, as lesões

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cervicais do tipo cervicite herpética, frequentes na primoinfecção, acontecem em
associação a corrimento genital aquoso.
Na FIGURA 14, estão representadas algumas infecções pelos herpesvírus
dos tipos HSV 1 e HSV 2. Observe que são todas visualmente semelhantes.

FIGURA 14 - REPRESENTAÇÃO FOTOGRÁFICA DE LESÃO GENITAL POR


HERPESVIRUS

FONTE: Disponíveis em: <http://toqueginecologico.blogspot.com.br/2011/07/herpes-genital.html>;


<http://xega.org/xega/publicaciones/guia_de_sexo_mas_seguro/herpes_genital>;
<http://www.urologiarecife.com.br/infeccoes_urologicas.php>; <http://www.herpes-
coldsores.com/std/genital_warts_pictures.htm>.
Acesso em: 18 ago. 2012.

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3.3.5 Herpes oral

Quando ocorre em indivíduos adultos, surge faringite associada a uma


síndrome semelhante à mononucleose. Caso que deve ser identificado por
diagnóstico diferencial. Pode ser pelo HSV 1 ou HSV 2. Em geral, quando é pelo
HSV 1 há comprometimento da orofaringe. O período de incubação é de dois a 12
dias. As infecções podem ser assintomáticas. Mas podem surgir quadros
combinados de febre, úlceras na garganta, lesões vesiculares e ulcerativas,
gengivoestomatite, anorexia e/ou dor.

3.3.6 Herpes labial

Mais frequente na área de vermelhidão do lábio. Atinge também a região da


pele próxima aos lábios. É o modo mais frequente de infecção pelo vírus herpes.
Pode ser detectado em saliva e sangue de pacientes com infecções ativas.
Vários fatores favorecem o surgimento: estresse, febre, trauma físico, luz
ultravioleta, menstruação e imunossupressão.
No período que antecede o aparecimento das lesões, denominado período
prodrômico, ocorrem pontadas, prurido, ardência e eritema. Em seguida, as
vesículas surgem múltiplas pequenas e eritematosas. Depois coalescem, se rompem
e formam úlceras recobertas por crostas, que cicatrizam no período de 10 a 14 dias,
sem deixar cicatriz.

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3.3.7 Herpes simples neonatal

É a que ocorre quando a parturiente apresenta herpes genital com


contaminação do neonato durante o parto. Normalmente ocorre intraútero, mas há
casos de infecção periparto. Em geral, as infecções são pelo herpes simples tipo 2.
A transmissão vertical é mais frequente na infecção primária do que na
recorrente. O que pode ser explicado pela maior viremia na infecção primária. Pelo
maior número de lesões. Além da ausência de proteção imunológica. Porém, o risco
de infecção para o recém-nascido é maior quando a mãe apresenta infecção
primária adquirida no 3º trimestre de gestação. No entanto, 5% dos recém-nascidos
de mães imunossuprimidas com infecção recorrente desenvolvem a doença.
A infecção do recém-nascido possui altas taxas de mortalidade e apresenta
alta morbidade quando há acometimento do sistema nervoso central (SNC). A
mucosa dos olhos e da boca ou a pele lesada podem ser portas de entrada do vírus.
Em geral, as manifestações clínicas incluem lesões de pele e de mucosas. Podem
ocorrer casos de encefalite, com ou sem acometimento epitelial. As infecções
sistêmicas podem ter o acometimento de múltiplos órgãos: como o SNC, pulmão,
fígado, adrenal e cutânea. As principais sequelas são devido ao acometimento do
SNC. Principalmente com atraso do desenvolvimento, quadriplegia, microcefalia,
cegueira e crises convulsivas.

3.3.8 Ceratoconjuntivite herpética

Em geral, é causada pelo HSV 1, mas em casos de comprometimento agudo


da retina pode ser pelo HSV 2 com vesículas e erosões na conjuntiva e córnea. É a
causa mais comum de cegueira em adultos.
É comum em crianças recém-nascidas.

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Está associada à conjuntivite unilateral ou bilateral. A recorrência geralmente
é apenas em um olho. Há casos em que após a regressão, podem surgir as
recidivas. Estas determinam ulcerações profundas, que eventualmente evoluem
para cegueira. As lesões desaparecem em aproximadamente um mês.

3.3.9 Panarício herpético

É uma infecção recidivante pelo vírus herpes. Atinge os dedos das mãos e pés.
Na primoinfecção, o quadro inicial é de vesículas que coalescem. O que
pode levar a formação de uma única bolha, com adenopatia e, eventualmente, febre.
Após a cura da primoinfecção, ocorrem recidivas locais.

3.3.10 Doença neurológica

É de ocorrência comum, pois, o vírus é neurotrópico. Podem ocasionar


complicações do sistema nervoso central, como meningite, encefalite, radiculopatia
e mielite transversa.
Em adultos e crianças mais velhas os sintomas variam. Podem ocorrer
desde encefalite focal com febre até alteração de consciência, desordem mental e
alterações neurológicas.
Conduz a uma elevada taxa de mortalidade em pessoas não tratadas.
Podem ocorrer casos de meningite.

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3.3.11 Herpes simples em imunodeprimidos

É uma das complicações mais comuns na AIDS. O vírus herpes simples em


latência surge, de modo frequente, em indivíduos com imunodepressão, leucemia e
mieloma, além daqueles que se submeteram a transplantes ou que apresentam
doenças crônicas. Em muitos casos, pode levar ao desenvolvimento de encefalite.
Resumindo, normalmente as infecções genitais pelos herpesvírus ocorrem
pelo HSV-2. Porém, atualmente tem sido observada a existência de novos casos
de infecções genitais com envolvimento do HSV-1. Pois, os indivíduos que
possuem anticorpos para o HSV-1 podem infectar-se com HSV-2, e vice-versa.
Observa-se, porém, que os casos de infecções com HSV-1 na região genital são
menos severos, menos frequentes e em geral não causam recorrência. Casos de
infecções orais com HSV-2 também podem ocorrer, e geralmente são
acompanhadas de lesões genitais. Porém, o HSV-2 é transmitido quase sempre
por via sexual. Desta forma, é comum que este tipo de infecção aconteça em
indivíduos adultos, devido à prática sexual.
Outro fato de importância que merece destaque é que, em geral, as
infecções primárias são mais graves. Especialmente nos casos de infecção
neonatal. A duração da doença é de aproximadamente duas semanas. São
infecções mais frequentes em mulheres do que em homens. As manifestações de
febre, disúria e mal-estar, também são mais frequentes em mulheres do que em
homens. Além disso, as complicações mais comuns destas infecções incluem
meningite asséptica e lesões extragenitais.

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3.4 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

O diagnóstico das infecções pelos herpesvírus é feito pela associação das


características clínicas com os exames de laboratório. O diagnóstico laboratorial
para as infecções dos HSV tem aplicação complementar para as manifestações
comuns causadas pelo vírus. A importância dos testes laboratoriais está nas
pessoas que possuem algum tipo de imunossupressão, sujeitas a transplante,
gestantes, recém-nascidas e em suspeita de encefalite.
Há necessidade da realização de um diagnóstico diferencial. Pois este
afasta a possibilidade de outras doenças que causam lesões semelhantes na área
genital. Apesar de ser comum a presença de outra DST.
O diagnóstico laboratorial das infecções pelos herpesvírus pode ser
realizado de várias formas. Os laboratórios atuais fazem uso do citodiagnóstico, da
sorologia e dos testes moleculares.
Clinicamente, o diagnóstico deve incluir toda a região genital, perigenital e
perianal do indivíduo. A pesquisa deve ser feita pela observação de lesões
características. Estas podem estar presentes em diferentes fases evolutivas, como
máculas eritematosas e vesículas agrupadas, erosões, crosta e reparação.
As vesículas agrupadas, inicialmente de conteúdo claro, podem não se
apresentar íntegras. Pode haver associação com infecção bacteriana, principal
complicação local do herpes genital.
A extensão e gravidade das lesões estão diretamente relacionadas ao
inóculo viral, imunidade do hospedeiro e predisposição genética. Podem existir
manifestações sistêmicas graves.

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3.4.1 Isolamento do vírus

É um método lento e trabalhoso. Mas que sempre apresenta boa


sensibilidade. Ainda é considerado o diagnóstico laboratorial de eleição.
Baseia-se na observação do efeito citopático do vírus com o auxílio do
microscópio óptico. As células infectadas são visualizadas pela formação do que se
chama efeito citopatogênico (CPE). Aqui, o efeito é de degeneração balonizante.
Uma característica de infecção por herpesvírus.
Para visualização do efeito utiliza-se o citodiagnóstico de Tzank. A coleta de
material é realizada com o auxílio de um swab. Para retirada de material do interior
das vesículas íntegras. Em seguida, o material é corado pelo método de Giemsa. À
microscopia são vistas células epiteliais gigantes multinucleadas com inclusões
intracelulares.
Veja na FIGURA 15 cultura de células com diagnóstico positivo para
infecção por herpesvirus.

FIGURA 15 - OBSERVAÇÃO DE CULTURA DE CÉLULAS COM INFECÇÃO


POR HERPESVÍRUS

A B
Em A, coloração de Tzank, que mostra a presença de degeneração balonizante, efeito citopático dos
herpesvírus: Em B, imunofluorescência com demonstração de antígenos de HSV.
FONTE: Disponíveis em:
<http://www.medicalservices.com.br/representanteonline/pdf/Segredos%20em%20PED%20Doencas
%20Infecciosas.pdf>. Acesso em: 18 ago. 2012. PEREIRA, SRFG et al. An Immunofluorescence test
for diagnosis of ophtalmic herpes in a mouse corneal model, 2007.

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O líquido das vesículas pode também ser visualizado por imunofluorescência
para detecção de antígenos específicos do HSV. Diretamente ou após inoculação em
cultura de células. Nesse caso, utiliza-se a imunofluorescência direta. A qual é
utilizada para confirmação e sorotipagem do HSV proveniente de isolamento do vírus
em cultura de células. Observe a imagem da imunofluorescência na FIGURA 15B.

3.4.2 Diagnóstico sorológico

Os testes sorológicos são principalmente indicados nos casos em que uma


pessoa é infectada, mas não se observa a presença clínica de lesões
características. Devem ser realizados entre a 12ª e 16ª semana após a exposição
ao vírus.
Os testes podem ser realizados de modo separado ou em conjunto, para os
HSV 1 e HSV 2. Os métodos realizam pesquisa de anticorpos do tipo IgM e IgG.
Normalmente, são utilizados Western blotting, imunofluorescência, ELISA e
immunoblot.
O diagnóstico sorológico apresenta interpretações diferenciadas para as
diversas fases da vida. Assim, nas duas primeiras semanas de vida a presença
de anticorpos do tipo IgM estabelece o diagnóstico de infecção congênita. No
caso de infecção neonatal, os anticorpos são detectados de duas a quatro
semanas após a infecção.
Em outras fases da vida, a detecção de IgM pode estar presente ou não nas
recorrências. A IgM servirá como indicativo de infecção aguda. As infecções
recorrentes devem ser confirmadas pela presença de IgG.
Porém, em caso de quadro clínico sugestivo da infecção por herpesvírus, o
recomendável é a realização de sorologia pareada. Na qual é feita a coleta de duas
amostras de soro. A primeira na fase aguda da infecção. Enquanto a segunda
deverá ser realizada no intervalo de 15 dias, a fase convalescente da doença. O
resultado é dado pela observação de conversão sorológica, ou seja, um aumento
de quatro vezes no título do soro da fase convalescente em relação ao soro da
fase aguda.

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A realização da sorologia no diagnóstico dos herpesvírus é de enorme
importância. Sendo fundamental no caso de mulheres que possuem intenção de
engravidar, no tratamento de pessoas que apresentam úlceras genitais recorrentes,
mas que apresentam diagnóstico negativo em cultura, em estudos epidemiológicos
(para observação da presença de anticorpos nas populações), no monitoramento
dos níveis de anticorpos específicos (de pessoas que trabalham em laboratórios de
diagnóstico ou de pesquisa). Além do enorme valor para a identificação de sorotipo
em infecções primárias.
Sendo assim, essas técnicas sorológicas, por oferecer detecção de
anticorpos, garantem vantagens adicionais no diagnóstico. Especialmente por
apresentar alta sensibilidade e rapidez na detecção desses vírus. O que é de
importância fundamental nos casos graves e sistêmicos da infecção.

3.4.3 Diagnóstico molecular

A reação em cadeia da polimerase (PCR) é o método mais utilizado, pois é


altamente sensível na detecção dos herpesvírus. Pode ser usado nos casos de
pacientes sintomáticos ou até mesmo assintomáticos. Entretanto, o teste oferece
grande possibilidade de contaminação. Sendo assim, requer pessoal técnico bem
treinado para utilização em rotina. A maior desvantagem do teste reside no alto
custo e na necessidade de laboratório especializado.
O uso da PCR é necessário em diversos casos. Na encefalite herpética é
considerado método "padrão-ouro". Sendo recomendado para uso no diagnóstico.
Pois apresenta grande sensibilidade em detectar o DNA do HSV no liquor.
Recomendado também nos casos de síndromes neurológicas associadas a
pacientes com AIDS ou nos pacientes com meningites recorrentes. Há
recomendações de uso também em casos de suspeita de herpes neonatal e em
presença de lesões cutâneas de etiologia indefinida ou duração prolongada.

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3.4.4 Diagnóstico diferencial

O diagnóstico diferencial como o próprio nome diz, tem o valor diferencial.


Este inclui várias doenças que apresentam lesões dolorosas e/ou ulceradas na
região anogenital. O maior destaque é para o diagnóstico da sífilis precoce, uma
doença que cursa com úlceras e adenomegalias, normalmente indolores. Em alguns
casos, a candidíase também pode apresentar fissuras recorrentes que chegam a ser
dolorosas. Porém, não há formação de vesículas e o corrimento vaginal é comum.
De qualquer forma, a presença de coinfecção com o HSV é uma
possibilidade para qualquer uma das infecções do trato genital. Outras causas, não
associadas à transmissão sexual, são menos prováveis, mas também devem ser
avaliadas.
Em laboratórios de análise clínica existe o exame específico para o
diagnóstico diferencial. Reconhecido como TORCH, o exame serve como triagem
para detecção da presença de qualquer um dos anticorpos para várias destas
infecções. O nome é dado pela letra inicial de cada infecção para a qual é oferecido
o diagnóstico: toxoplasmose, outras (sífilis e varicela zoster), rubéola,
citomegalovírus, herpes simples e HIV.
Este tipo de diagnóstico deve ser indicado em todos os casos de adultos
jovens, mulheres grávidas ou pacientes imunocomprometidos. Pacientes que devem
receber tratamento imediato para qualquer uma destas infecções. Pois, nestes
casos, a ausência de tratamento oferece risco à vida, para eles mesmos ou para
outros, como é o caso das grávidas.

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3.5 EPIDEMIOLOGIA

As infecções pelos herpesvírus ocorrem em todo o mundo. Sua


disseminação na natureza pode ser observada nos mais diversos grupos humanos.
É uma infecção de caráter comum. Que está presente nos países industrializados e
naqueles em desenvolvimento.
A doença causada pelo herpes genital é do tipo infectocontagiosa. Há
possibilidade do acontecimento de recidivas. Entretanto, existem duas cepas
diferentes do vírus herpes simples, tipo 1 e tipo 2. Ambas relacionadas com a
doença. Sabe-se, porém, que a grande maioria dos casos tem como etiologia o
HSV-2. Mas, a prevalência do HSV 1 tem se mostrado em elevação. Merecendo
destaque para os jovens e para a prática de sexo oral. Os casos de superinfecção
pelos HSV 1 e HSV 2 também já foram mencionados. Entretanto, tem sido
observado que a maioria das pessoas que demonstram sorologia positiva para
herpes genital desconhecem possuir o vírus.
O estudo epidemiológico das doenças relacionadas com o herpes genital é
dificultado. Pois existem as formas assintomáticas ou de sintomas inespecíficos. O
que acaba por subestimar o número total de acometidos pela infecção.
A doença apresenta distribuição universal. A detecção de anticorpos
circulantes contra o HSV 1 está entre 50% e 90% na população de adultos e, para o
HSV 2, está entre 20% e 30%. No Brasil, os dados reais destas infecções não são
demonstrados. Porém, a literatura internacional observa que há aumento contínuo.
A capacidade de latência dos HSVs no tecido nervoso e gânglios sensitivos
é a sua principal característica biológica do grupo. Pois, é esta que transforma seu
portador em um potencial propagador da infecção. Tanto em viremia como em
períodos de reativação da doença.
Estudos mostram que a infecção pelo HSV 2 é mais prevalente entre as
mulheres. O que pode ser justificado pelas diferenças anatômicas entre os sexos.
Determinando favorecimento da infecção feminina. Outra justificativa deve-se à

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tendência atual dos relacionamentos de mulheres jovens com homens mais velhos,
população cuja prevalência do herpesvírus é maior.
Outros estudos mostram que há maior probabilidade de transmissão de
herpesvírus do homem para a mulher, quando se compara com a transmissão da
mulher para o homem.
Nos países em desenvolvimento, a soroconversão para o HSV 1 ocorre na
primeira infância. Já nos países desenvolvidos, essa soroconversão acontece na
adolescência. Quanto aos dados do HSV 2, os fatores determinantes da
soroconversão estão relacionados ao início precoce da vida sexual, à quantidade de
parceiros e à promiscuidade.
Em relação à idade, nos EUA foi realizado um estudo que demonstrou que
aproximadamente 45 milhões de americanos com mais de 12 anos são soropositivos
para o HSV 2.
Grande número das infecções neonatais ocorre de mães que não possuem
histórico de doença prévia e não fazem acompanhamento médico pré-natal. O que
aumenta o número de casos de neonatos com infecção primária, ativa ou subclínica
no periparto – devido à liberação do vírus através do canal do parto.
Pesquisas apontam atualmente que uma infecção prévia pelo HSV 1 atua
como fator de proteção. Talvez, devido à imunidade cruzada.
O estudo da epidemiologia e o impacto das doenças sexualmente
transmissíveis nas populações poderão impulsionar o interesse governamental, e a
distribuição de recursos. De modo que proporcionem mudanças de comportamento
entre os indivíduos.

4. CITOMEGALOVÍRUS

Os citomegalovírus estão presentes em todas as regiões do mundo em que


foram pesquisados. Sua prevalência varia de acordo com as condições
socioeconômicas locais. São vírus espécie-específicos. Sua infecção é comum, e
ocorre na maioria da população. Entretanto, quanto à doença propriamente dita, que
acontece devido à infecção, esta é relativamente rara. Sabe-se, porém, que ocorre

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em cerca de 1% de todos os recém-nascidos, nos quais 10% são sintomáticos ao
nascimento. São vírus também reconhecidos como HCMV, citomegalovírus humano
ou herpesvírus humano do tipo 5 (HHV-5).

4.1 HISTÓRICO DO CITOMEGALOVÍRUS

A primeira descrição de inclusão citomegálica foi apresentada por Ribbert,


em 1881 (observe a FIGURA 16), ao comprovar a presença de células citomegálicas
em rins de uma criança com sífilis congênita. Enquanto a etiologia viral para a
citomegalia só veio a ser proposta em 1921, ano em que recebeu a denominação de
Doença de Inclusão Citomegálica. A seguir, uma imagem de células apresentando
citomegalia.

FIGURA 16 - FOTO DE RIBBERT E MICROSCOPIA DE INCLUSÃO


CITOMEGÁLICA

A B
Em A, foto de Hugo Ribbert, primeiro cientista a observar células citomegálicas. Em B, célula
citomegálica com núcleo excêntrico (seta), circundado por halo claro e apresentando inclusão nuclear.
FONTE: Disponíveis em: <http://appserv5.phheidelberg.de/onlinelex/index.php?id=722>.
Acesso em: 1 Ago. 2012. E Rev. Saúde, 2011.

Entretanto, apenas no início do último século, Josionek e Kiolemenoglou


descreveram a partícula viral.

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43
4.2 CLASSIFICAÇÃO

Os citomegalovírus humanos ou animais pertencem à família Herpesviridae,


subfamília Betaherpesvirinae, gênero Citomegalovirus.
O vírion do HCMV, citomegalovírus humano, mede cerca de 110 nm de
diâmetro. São vírus de morfologia complexa, semelhante aos outros membros da
família dos herpesvírus. Possuem capsídeo de formato icosaédrico composto por
162 capsômeros. O ácido nucleico do tipo DNA linear de fita dupla. A partícula viral
completa é cercada por um envelope glicolipídico, do qual partem espículas de
glicoproteínas. Entre o envelope e o capsídeo, possuem um tegumento formado de
proteínas. Observe a seguir na FIGURA 17 o esquema da partícula completa do
HCMV.

FIGURA 17 - ESQUEMA DO CITOMEGALOVÍRUS E SUAS ESTRUTURAS

CAPSÍDEO ICOSAEDRICO

DNA VIRAL

TEGUMENTO

MEMBRANA

GLICOPROTEÍNA

FONTE: Disponível em: <http://en.citizendium.org/wiki/File:CMV_structure.jpg>.


Acesso em 28 ago. 2012.

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44
4.3 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

O HCMV acomete, principalmente, indivíduos entre 15 e 25 anos de idade.


Geralmente, de modo assintomático. Porém, há forma sintomática em indivíduos
imunocompetentes, o quadro é semelhante ao de mononucleose. A sintomatologia
comum é de febre, linfadenopatia, alterações hematológicas do tipo leucopenia e
trombocitopenia. Podem ocorrer também sinais e sintomas hepáticos, neurológicos,
pulmonares ou gastrintestinais, além de erupção cutânea e comprometimento da
orofaringe – sob a forma de faringoamigdalite exsudativa.
Sua transmissão pode ocorrer pela via transplacentária, oral, respiratória ou
sexual. Além de ser possível também a transmissão por meio do aleitamento,
transplante de órgãos e transfusão sanguínea.
A seguir, são apresentadas as infecções mais comumente encontradas nas
diversas populações, infecção em imunocompetentes, imunoincompetentes, além
das infecções congênitas e perinatais.

4.3.1 Infecção em imunocompetentes

A citomegalovirose é uma DST. A concentração de vírus no sêmen é maior


do que a observada em outras secreções orgânicas. Em geral, as infecções são
mais prevalentes em indivíduos de nível socioeconômico mais baixo. Os quais vivem
em condições de aglomeração.
Em adultos, as infecções são geralmente assintomáticas. Entretanto,
existem os casos momonucleose-like. Nos quais a sintomatologia é semelhante à
observada nas infecções pelo vírus Epstein Bar (EBV). Sem os quadros graves de
aringite e linfadenopatia.
A infecção promove linfocitose atípica – aumento das células T. De modo
semelhante a das infecções pelo EBV. Porém, não há anticorpos heterofilos. Os

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chamados anticorpos de Paul Bunnel, característicos da infecção por EBV. Sendo
assim, há de se suspeitar de infecção por HCMV nos casos em que o indivíduo
apresenta quadro de mononucleose heterofilo negativa. Além dos quadros de
hepatite que apresentam negatividade para os vírus A, B e C. Outros sintomas
são febre durante mais de dez dias, mal-estar, mialgia, fadiga e dor de cabeça.
Alguns pacientes apresentam hepatoesplenomegalia e exantema. As
complicações são raras.

4.3.2 Infecção em imunoincompetentes

As manifestações mais importantes são as doenças do SNC, especialmente


encefalite, síndrome de Gillain-Barre e mielite transversa. Pneumonia intersticial,
artrite, cardite, coriorretinite e hepatite também são comuns.
Nos casos de AIDS, o HCMV pode provocar doença disseminada.
Especialmente quando a contagem de linfócitos TCD4 se apresenta abaixo de 50
células/mm3. Nos quais a retinite e a enterite são as mais frequentes.
Em transplantados, a infecção em geral oferece grande complicação. Devido
à utilização de fármacos imunossupressores. A infecção primária é mais grave do
que a reativação ou reinfecção. Embora, haja diferença de acordo com o órgão
transplantado e o grau de imunossupressão.
Indivíduos portadores de neoplasias também representam um grupo de alto
risco para infecções mais graves.

3.4.3 Infecção congênita

O HCMV é a principal causa de infecção congênita, em todo o mundo. O


valor está acima de 2% dos nascidos vivos em todo o mundo. Nas diferentes classes
socioeconômicas. A alta incidência se deve ao fato de que a transmissão materno-
fetal pode ocorrer após a infecção primária ou recorrente. Entretanto, após a

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infecção recorrente a probabilidade é muito menor. Em uma taxa abaixo de 1%.
Enquanto devido à infecção primária chega a 39% em grupos sociais mais elevados.
Os anticorpos maternos reduzem as possibilidades de infecção, mas não evitam a
transmissão para o feto e a probabilidade de sequelas.
Menos de 10% dos recém-nascidos infectados desenvolvem sintomas de
doença no período neonatal. Porém, o índice de mortalidade entre aqueles afetados
de modo grave pode atingir 30%.
Clinicamente, icterícia e hepatoesplenomegalia são os sinais mais
frequentes. Sinais não específicos como microcefalia, hipotonia, convulsões,
espasticidade e hemiparesia também são observados.
As sequelas mais frequentes são surdez neurossensorial, alterações
oculares do tipo coriorretinite, estrabismo, retinite pigmentar e atrofia óptica.
Laboratorialmente, os exames de imagem podem mostrar calcificações
cerebrais, dilatação ventricular ou anomalias da substância branca. Pode ocorrer
elevação de transaminases, trombocitopenia, hiperbilirrubinemia e anemia
hemolítica.
Porém, em cerca de 90% dos casos, os recém-nascidos permanecem
assintomáticos no período neonatal. Um risco de 10% a 15% das manifestações
tardias da doença persiste. Nos três primeiros anos de vida podem surgir algumas
manifestações. Surdez, corio retinite, atraso no desenvolvimento psicomotor,
convulsões e atrofia do nervo óptico são os achados mais frequentes.
A infecção pode ser transmitida também após o parto. Pela amamentação
ou até mesmo pela saliva. Nos três primeiros meses de gravidez a infecção é
potencialmente teratogênica.

3.4.4 Infecção perinatal

É resultante da exposição da criança à secreção cervical durante o trabalho


de parto ou ao leite materno nas primeiras três semanas de vida. São, em geral,
assintomáticas. O período de incubação varia de acordo com o momento da

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47
infecção. Se esta ocorreu durante o trabalho de parto ou no aleitamento a excreção
prolongada do vírus pode ocorrer, semelhante ao que ocorre na infecção congênita.
O conhecimento da frequência das infecções perinatais é de grande
importância. Pois, crianças infectadas são importante fonte de contaminação para
outras crianças e mulheres soronegativas.
A soropositividade materna é a principal fonte de infecção perinatal. Por
meio do aleitamento, secreções cervicais, saliva e/ou urina. Mas a infecção por
transfusão sanguínea também acontece.
As manifestações clínicas mais frequentes são pneumonia e hepatite.

4.4 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

Antigamente, o diagnóstico das infecções pelo HCMV era baseado apenas


em dados clínicos. Nos dias atuais, há uma grande variedade de técnicas
laboratoriais. De tal maneira que, os diagnósticos são baseados em resultados
clínicos e imunológicos. Aqui, vamos tentar abordar a maioria dos métodos utilizados
para detecção do CMV em análises clínicas.
O exame laboratorial das citomegaloviroses é de grande utilidade não só
para confirmar uma infecção, ou uma suspeita clínica. São úteis também para
identificar o tipo de agente causal e fase da doença. Além de esclarecerem
infecções com sintomas e sinais clínicos confundíveis, como hepatites e HCMV.
Em pacientes imunocompetentes, quando há suspeita de HCMV, devem-se
realizar os testes para as hepatites virais A, B, e C. Além da comprovação de
negatividade para anticorpos heterófilos, característicos de mononucleose por EBV.
Enquanto em pacientes imunoincompetentes, o diagnóstico é dificultado. Pois,
além de detectar o vírus, é necessário comprovar que ele é o causador da doença.
As técnicas de resultado mais rápido e de baixo custo são as preferidas
pelos laboratórios atuais. Nestes, são utilizados métodos de diagnóstico direto ou
indireto. Os métodos indiretos mais utilizados são a histologia e a sorologia.
Enquanto os diretos são a microscopia eletrônica e os que utilizam a biologia

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molecular. Observe no QUADRO 3 um pequeno resumo dos testes de laboratório
utilizados no diagnóstico do CMV na prática clínica.

QUADRO 3 - RESUMO DAS TÉCNICAS UTILIZADAS NO DIAGNÓSTICO


LABORATORIAL DO CMV
CARACTERÍSTICA DIAGNÓSTICO TÉCNICA FUNDAMENTO
Histologia Presença de inclusões observadas através de
INDIRETO CÉLULAR colorações
Elisa Presença de antígenos virais ou anticorpos
SOROLÓGICO Imunofluorescência (de fase aguda ou convalescente) no soro
Imunoperoxidase
MICROSCÓPICO Óptica Alterações morfológicas e presença da
DIRETO Eletrônica partícula viral (ME)
BIOLOGIA Captura híbrida Hibridização
MOLECULAR PCR Amplificação
FONTE: Arquivo pessoal do autor.

4.4.1 Histopatologia

A histopatologia é a análise microscópica de tecidos que são removidos de


pacientes quando é realizada uma biópsia. A infecção pelo HCMV pode ser
facilmente observada com a utilização de técnicas de coloração, como hematoxilina-
eosina (HE) ou papanicolau. O exame revela a presença de células infectadas em
qualquer tecido corporal, no sedimento urinário, lavado gástrico e broncoalveolar e
outros materiais.
Histologicamente, a infecção pelo HCMV é comprovada pela presença de
células citomegálicas com um denso corpúsculo de inclusão intranuclear basofílico e
central em olho de coruja ou owl’s eye. Um método altamente específico para
determinação do envolvimento do HCMV no tecido pesquisado.
As grandes vantagens desta técnica são simplicidade, rapidez, baixo custo e
possibilidade de execução em qualquer laboratório. Porém, há grande incidência de
falsos resultados negativos e por isso deve ser complementada com técnicas mais

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sensíveis. Observe na FIGURA 18 as imagens de lâminas de tecidos com
características típicas de infecção por citomegalovírus.

FIGURA 18 - IMAGEM DE LÂMINAS COM INCLUSÃO CARACTERÍSTICA DE CMV

A B
Em A, imagem de citomegalia. Em B, imagem de corpúsculo de inclusão do tipo olho de coruja.
FONTE: Disponível em: <http://anatpat.unicamp.br/lamresp17.html>. Acesso em: 1 ago. 2012.

4.4.2 Sorologia

Os métodos que utilizam a sorologia para comprovar infecção por


citomegalovírus apresentam enorme valor. Pois demonstram a presença de
anticorpos IgM ou IgG contra o HCMV no soro de pacientes. O que é de grande
importância no diagnóstico em Virologia, pois, diferencia infecções agudas de
infecções crônicas.
Além disso, a realização do diagnóstico do HCMV com a utilização da
sorologia pode também comprovar a existência da conversão sorológica. O que irá
determinar a formação de anticorpos para a infecção em questão. Para tal, é
necessária a investigação no soro do paciente em dois momentos, com um intervalo
de pelo menos 10 a 12 dias entre as duas coletas. Sendo, portanto, um
representante da fase aguda da doença e o outro da fase convalescente. Um
aumento de pelo menos quatro vezes no título de anticorpos específicos entre essas
duas fases, indica que a infecção ocorreu com o agente pesquisado.
O antígeno do HCMV pode ser detectado já a partir da 4a semana pós-
infecção, ainda no período de incubação. Na fase aguda, o vírus pode ser
identificado em diferentes secreções corporais. Os anticorpos da classe IgM

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50
aparecem logo no início da fase aguda. Enquanto os da classe IgG, uma semana
mais tarde.
É válido ressaltar que a resposta imunológica contra o HCMV envolve a
síntese de anticorpos da classe IgM, algumas semanas após a infecção. Em
seguida, ocorre a síntese de anticorpos da classe IgG. Entretanto, em geral, os
níveis de IgM anti-HCMV aumentam por algumas semanas. E, a sua redução
acontece lentamente no decorrer de quatro a seis meses. Pesquisadores admitem
ainda a possibilidade da permanência de IgM na circulação durante anos.
O grande valor clínico dos testes sorológicos ocorre em pessoas doadoras
de sangue e órgãos e na avaliação pré-transplante de possíveis receptores. Pois
em caso de positividade há indicação do Ministério da Saúde para o descarte
desse material.
Porém, a utilização dos métodos sorológicos admite algumas limitações de
interesse. Pacientes imunossuprimidos podem apresentar infecção grave. Em
acordo com o grau de imunossupressão, podem resultar em diagnósticos falso-
negativos. Em muitos casos, há necessidade de acompanhamento com repetição
periódica. Devido à impossibilidade de detecção precoce para definição diagnóstica.
Os testes sorológicos utilizados para pesquisa de infecção por HCMV são a
antigenemia (imunofluorescência indireta ou imunoperoxidase), ELISA e
radioimunoensaio.
O teste de ELISA é o mais utilizado na grande maioria dos laboratórios de
análises clínicas. Sendo realizado para determinação dos níveis de anticorpos
específicos IgM e IgG. Anticorpos que indicam a presença de infecção aguda e
crônica, respectivamente.
Além destes, embora o teste de avidez esteja em uso no diagnóstico de
numerosas doenças infecciosas, atualmente, a sua maior aplicação é no diagnóstico
da toxoplasmose, rubéola e citomegalovirose, principalmente em gestantes.

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4.4.2.1 Teste de elisa

O enzyme linked immunosorbent assay, reconhecido por ELISA, é um teste


utilizado para pesquisa de anticorpos ou antígenos, no qual são utilizados anticorpos
ligados a enzimas. A alteração de cor produzida pela atuação da enzima sobre seu
substrato irá determinar o resultado.
O teste pode ocorrer de modo qualitativo (quando o diagnóstico é dado
apenas pela observação da mudança de cor) ou por avaliação quantitativa (quando
é realizado com o auxílio de um espectrofotômetro).
Os anticorpos para o HCMV são detectados logo após o aparecimento dos
primeiros sintomas clínicos. Primeiro, surgem altos títulos de anticorpos IgM.
Enquanto os anticorpos IgG são detectáveis em altos níveis entre duas e três
semanas e permanecem detectáveis ao longo da vida. Contudo, anticorpos IgM
desaparecem entre 6 a 12 semanas após a infecção.
Em pacientes transplantados, títulos de IgM podem ser detectados a até dois
anos ou mais. Em reativações aumentam os níveis de anticorpos IgG, e
frequentemente anticorpos IgM são detectados.
Em alguns casos, um resultado positivo para IgM é consequência de
resposta imune heterotípica para uma infecção com Toxoplasma gondii. EBV,
caxumba, Chlamydia ou Legionella pneumophila.
Sendo assim, os resultados obtidos com esses testes podem causar alguma
confusão. E, portanto, devem ser vistos com muita cautela. Em geral, a utilização de
apenas uma amostra de soro é de pouca eficiência. Nestes casos, o diagnóstico
sorológico deve ser aliado à história do paciente.

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QUADRO 4 - RESULTADOS CONFLITANTES NO DIAGNÓSTICO DO HCMV
PELO TESTE DE ELISA

RESULTADOS POUCO CONCLUSIVOS NO ELISA PARA CITOMEGALOVÍRUS

IgG negativo – em geral, indica que a imunidade não foi adquirida; mas não exclui uma
infecção aguda, a menos que o teste de IgM também seja negativo.

IgM positivo – em geral, indica infecção recente ou infecção secundária, por reativação
do vírus latente ou reinfecção.

IgM negativo – não indica que uma infecção aguda deve ser descartada; podemos estar
diante de uma infecção em estágio inicial, quando o paciente ainda não foi
capaz de sintetizar IgM específica para o HCMV, ou, ainda, quando o
paciente se apresenta imunocomprometido.

FONTE: Arquivo pessoal do autor.

O que nos permite concluir que a coleta de amostras de soro em duas fases
da infecção é de grande importância. Observe no QUADRO 4 os exemplos de
resultados pouco conclusivos no ELISA para citomegalovírus.
Em resumo, é sempre bom lembrar que o diagnóstico eficiente de infecção
para HCMV em apenas uma amostra de soro pode ser realizado. Mas, neste caso,
há necessidade do conhecimento da história prévia do paciente. Pois os níveis
gerais de exposição da população ao citomegalovírus são bastante altos. Um
resultado de maior confiança é dado quando o diagnóstico é realizado com amostras
pareadas de soro do paciente. Uma coleta na fase aguda de doença e outra em fase
convalescente. Para melhor entender, a primeira coleta deve ocorrer na fase inicial
dos sintomas, ou primeiro dia. Enquanto a segunda deve acontecer duas semanas
após, ou em até no máximo quatro semanas.

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4.4.2.2 Diagnóstico diferencial

Para o HCMV, há ainda o chamado diagnóstico diferencial. Um ensaio que


também faz uso da sorologia. Deve ser realizado sempre que pacientes apresentam
sintomas da infecção. Como o próprio nome diz, o exame deve ser solicitado pelo
médico do paciente para diferenciar.
O exame permite ao médico afastar a possibilidade de o paciente possuir
outras doenças que apresentam sintomas semelhantes ao da citomegalovirose.
Mas, não podem ser tratados como se estivessem com HCMV, antes da sua
comprovação. Algumas destas doenças são de causa viral. Enquanto outras, apesar
de possuírem sintomas parecidos, são de causa não viral.
As doenças conhecidas que apresentam sintomas parecidos com o HCMV
são muitas. Entre as que são produzidas por vírus estão AIDS, mononucleose
infecciosa e hepatites A, B, ou C. Respectivamente induzidas pelos vírus da
imunodeficiência humana, Epstein Barr e das hepatites A, B, e C. Enquanto a
toxoplasmose, que também apresenta os mesmos sintomas, é induzida pelo
protozoário Toxoplasma gondii.
Em laboratórios de análise clínica existe um exame específico para o
diagnóstico destas doenças. Este é reconhecido como TORCH. O exame serve
como triagem para detecção da presença de qualquer um dos anticorpos para estas
infecções. O exame é denominado pela representação da letra inicial de cada
infecção. toxoplasmose, outras (pelos vírus da hepatite B, EBV e varicela zoster),
rubéola, citomegalovírus, herpes simples e HIV.
Este tipo de diagnóstico deve ser solicitado nos casos de adultos jovens,
mulheres grávidas ou pacientes imunocomprometidos. Sempre que estes
apresentam sintomas de gripe ou outros que possam sugerir uma infecção por
HCMV.
Geralmente em pessoas saudáveis, a infecção por HCMV ocorre sem que
seja percebida ou envolve uma soroconversão leve. Mas, em alguns casos, pode

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54
haver o desenvolvimento de sintomas mais visíveis, como hepatite leve ou mesmo
febre prolongada.
No caso de pessoas com imunodeficiência em consequência da AIDS, a
correlação da doença com a quantificação da carga viral no sangue facilita o
diagnóstico.
Em grávidas estes testes devem ser realizados no primeiro trimestre de
gravidez, devido à possibilidade de comprometimento do feto. As formas mais
graves destas doenças no recém-nascido ocorrem no período inicial da gravidez.
Aumentando o risco de abortos espontâneos, morte fetal, prematuridade, retardo no
crescimento fetal e baixo peso.
A orientação e triagem antes e durante a gravidez desempenham um
importante papel na prevenção de infecções por transmissão vertical. A infecção
primária de mulheres grávidas pode levar a sérias consequências. Estas
representam perigo de alto grau devido ao curso clínico suave da doença.
O diagnóstico da infecção congênita em geral é feito pela detecção de
virúria, presença de vírus na urina, nas três primeiras semanas de vida. A técnica de
PCR é uma forma eficiente para demonstrar a presença do DNA viral no sangue.
Porém, o “Guthrie card”, também conhecido como Teste do Pezinho, é o método
mais utilizado. A sorologia torna-se eficiente para acompanhamento de infecção
congênita inaparente.
Os recém-nascidos também devem ser testados para os organismos
TORCH específicos. Nestes casos, a indicação deve ser baseada na história clínica
da gestante. A infecção congênita pelo HCMV deve ser diferenciada destas doenças
infecciosas que podem causar doença em grávidas. Além de causar defeitos
congênitos em seus recém-nascidos. Há recomendações específicas de uso. Apesar
do conhecimento da existência de complicações mais tardias da doença. Em geral,
as crianças sobrevivem com tratamento específico. Mas, existem casos em que o
resultado pode ser fatal.

O momento da liberação do resultado deve ser de muita atenção. Os


anticorpos do tipo IgM são formados temporariamente e especificamente para um
determinado tipo de patógeno. Porém, a resposta com anticorpos do tipo IgG
continua por um longo período de tempo. Por esta razão, o diagnóstico positivo para

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anticorpos do tipo IgM indica uma infecção aguda. Um diagnóstico de positivo para
anticorpos IgG, sem a presença de anticorpos IgM, é um sinal de infecção passada.

Preste bastante atenção na descrição do resultado. Pois, em pacientes


saudáveis, a infecção primária por HCMV é em geral assintomática após o período
de incubação de quatro a oito semanas. A manifestação clínica depende da idade e
da imunidade do paciente. Em imunodeprimidos como os recém-transplantados,
portadores de AIDS ou que possuem câncer, pode haver um quadro de infecção
severa por HCMV. Além disso, quando ocorrer no período da gravidez uma infecção
primária com transmissão intrauterina, pode haver sérios danos aos recém-nascidos.
Enquanto as infecções recorrentes na mãe são mais moderadas e apresentam
melhor prognóstico para o recém-nascido.
Sendo assim, pode haver variabilidade na resposta imune e à ocorrência de
processos sorológicos conflitantes devido à persistência, reativação ou ausência de
resposta IgM. Uma abordagem que pode muitas vezes levar a conclusões falsas.
Com a resposta de IgG há um aumento contínuo na avidez desses
anticorpos para um determinado antígeno. Em consequência, uma baixa avidez de
IgG geralmente está presente na infecção aguda. Enquanto a alta avidez de IgG
está presente quando a infecção acaba.
Sendo assim, o teste de avidez da IgG é de grande importância.
Especialmente no caso de pacientes grávidas que apresentam anticorpos do tipo
IgG e IgM ao mesmo tempo, em um exame pré-natal para as doenças infecciosas
que podem acometer o feto.
Quando houver confirmação de IgM positiva com IgG negativa, a indicação é
de infecção ativa. Nestes casos, a exigência será de testes mais específicos para o
HCMV. Pois, o teste TORCH serve apenas como triagem.
Em casos de positividade para IgG é necessário realizar o teste de avidez. O
que irá confirmar o resultado. O ensaio de avidez permite a triagem e a identificação
de anticorpos IgG e IgM contra diferentes grupos de antígenos específicos do
HCMV. O teste utiliza antígenos recombinantes altamente específicos da partícula
viral. De modo que a comprovação da presença de anticorpos direcionados a estes
antígenos permite a diferenciação entre uma infecção primária e reativação.
Os antígenos utilizados na reação são produzidos em diferentes momentos
da infecção. Estão presentes em diferentes estruturas do vírus. Possuem diferentes

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propriedades na partícula viral completa. Por isso, a detecção destes antígenos é
importante no processo infeccioso.
Vários são os antígenos recombinantes utilizados no teste de avidez dos
anticorpos IgG e IgM para o HCMV. O QUADRO 5 apresenta uma relação destes
antígenos com os respectivos locais de apresentação. Observe que estão presentes
em diferentes estruturas do HCMV.
Em seguida será apresentado um quadro relacionando estes antígenos com
o processo infeccioso. O que justifica a melhor interpretação dos diagnósticos pela
detecção destes antígenos recombinantes e seus respectivos anticorpos.

QUADRO 5 - ANTÍGENOS RECOMBINANTES DO CMV E ESTRUTURA


REPRESENTANTE

FONTE: Disponível em: <http://www.alka.com.br/site/files/upload/1514.pdf>.


Acesso em: 14 ago. 2012.

Após a observação dos antígenos recombinantes, observe no QUADRO 5 os


tipos de infecção que podem representar. A identificação do anticorpo para qualquer
um destes antígenos será de grande utilidade na avaliação do estado clínico do
paciente. Pois, a determinação de diferentes anticorpos em conjunto com um teste de
avidez irá permitir a diferenciação entre uma infecção primária e reativação.
Em resumo, para um diagnóstico sorológico seguro para citomegalovírus, o
paciente deve comprovar a presença da infecção por meio do exame clínico,
confirmar a infecção pela presença de anticorpo, garantir que o anticorpo é
representativo do HCMV e determinar com teste de avidez o tipo de anticorpo para
melhor caracterização da gravidade da infecção.

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QUADRO 6 - CORRELAÇÃO ENTRE OS ANTÍGENOS RECOMBINANTES E O
TIPO DE INFECÇÃO
PERÍODO QUE SURGE ANTICORPO ENCONTRADO
Produzido em cada infecção anti- p150 (pp150/UL32)
Após infecção primária anti-IE, anti-CM2 e anti-p65
Infecção primária anti-IE, anti-CM2 e anti-p65, anti-p150
na ausência de anti-gB1 e anti-gB2
Infecção passada anti-gB1 e anti-gB2 e p150
na ausência de resposta para IgM
Após infecção primária anti-gB1 e anti-gB2
Reativações do tipo IgG anti –p150 , gB1, gB2, CM2, p65 e/ou IE1
FONTE: Arquivo pessoal do autor.

4.4.2.3 Antigenemia

O teste de antigenemia é um método novo direto para diagnóstico de


infecção ativa por HCMV. A técnica faz uso de anticorpos monoclonais dirigidos
contra uma proteína específica do HCMV.
A proteína viral pp65 é um marcador precoce e específico de infecção ativa
pelo vírus. De tal maneira que o resultado é baseado na presença do antígeno pp65
da matriz do HCMV. O recurso é altamente sensível, rápido, quantitativo e apresenta
boa correlação clínica. Além de tornar possível a liberação do resultado em até três
horas. Sendo assim, os pacientes que apresentam resultados positivos podem ser
submetidos à terapêutica antiviral e a resposta a essa medida pode ser monitorada
periodicamente para demonstrar eficácia.
Para compreender melhor o teste é aconselhável que se observe a
localização do antígeno pp65 no HCMV conforme está representado na FIGURA 19.
É sempre bom que tenhamos em mente o local em que essas proteínas antigênicas
se apresentam. Isto facilita a compreensão de utilizá-las no diagnóstico.

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58
FIGURA 19 - ESQUEMA DA LOCALIZAÇÃO DAS PROTEÍNAS DO CMV

FONTE: Disponível em: Rev.Saude.Com 2011; 7(1): 44-57. Artigo de revisão.


Acesso em: 6 ago. 2012.

Os métodos utilizados para a detecção de antigenemia são


imunofluorescência indireta ou imunoperoxidase. Ambos são realizados em lâminas
de microscopia. Portanto, permitem detectar e localizar os antígenos ou anticorpos
em células ou tecidos.
A utilização da imunofluorescência torna-se mais limitada. Pois, para
liberação dos resultados há necessidade de microscópio de fluorescência, sala
escura para visualização da emissão da luz fluorescente e rapidez na análise dos
resultados, porque a fluorescência é gradualmente reduzida.
A avaliação dos resultados obtidos pela utilização de marcação enzimática e
imunofluorescente está representada na FIGURA 20.

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59
FIGURA 20 - LÂMINAS COM DIAGNÓSTICO PARA CMV.

A B
O diagnóstico do HCMV com a utilização de métodos de imunofluorescência e imunoperoxidase,
respectivamente em A e B.
FONTE: Disponíveis em: <http://www.millipore.com/catalogue/item/3247x#>; e
<http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/429>. Acesso em: 16 ago. 2012.

4.4.3 Guthrie card

Vamos fazer uma pequena pausa?


Acredito que muitos não sabem o que é o Guthrie card e muito menos qual a
sua utilidade.
Então, vamos aprender agora.
O “Guthrie card” é um exame de laboratório utilizado na triagem de doenças
neonatais. O ensaio detecta de modo precoce doenças genéticas, metabólicas e
infecciosas. As quais poderão ocasionar alterações neuropsicomotoras no bebê.
O teste atualmente é também reconhecido como o “Teste do Pezinho“. Foi
criado no ano de 1962, e tem o nome de seu inventor, Robert Guthrie, médico
bacteriologista.
No Brasil, o teste passou a ser obrigatório a partir dos anos 90. Veja abaixo
na FIGURA 21A, a foto do inventor do teste e o cartão utilizado para a sua
realização.

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60
FIGURA 21 - FOTO DE ROBERT GUTHRIE E CARTÃO PARA REALIZAÇÃO DO
TESTE DO PEZINHO

A B
FONTE: Disponíveis em: <http://labmed.ascpjournals.org/content/40/12/748.full>; e
<http://www.medicalautomation.org/2011/02/getting-more-out-of-guthrie-cards>. Acesso em: 28 out.
2012.

Para a realização do exame, é feita a coleta do sangue do bebê a partir de


um pequeno furo no calcanhar. Um local rico em vasos sanguíneos. Entretanto,
apesar de praticamente indolor, a coleta acarreta o choro dos bebês. Pois, estes
ainda estão em fase de experimentação e a dor é uma nova sensação para eles.
É um exame feito logo após o bebê completar 48 horas de vida. Antes
desse prazo não é aconselhável a sua realização. Pois, ainda há influência do
metabolismo da mãe. Além disso, é aconselhável a realização do teste até o
sétimo dia de vida do bebê.
No Sistema Único de Saúde (SUS) existe o Programa Nacional de
Triagem Neonatal. Por intermédio deste programa, o teste é oferecido
gratuitamente a toda população. A utilização do exame promove a identificação
de até quatro doenças: a fenilcetonúria, o hipotireoidismo congênito, a anemia
falciforme e a fibrose cística. Mas outras doenças também podem ser
diagnosticadas pelo método.

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61
Atualmente, uma versão ampliada do Teste do Pezinho possibilita a
identificação de mais de 30 doenças antes da manifestação dos sintomas. Mas o
recurso é ainda considerado sofisticado e caro. Portanto, ainda não se encontra
disponível na rede pública de saúde.
De qualquer forma, essa versão ampliada foi subdividida. Sendo assim,
sua utilização ocorre de modo variável. E, quanto maior o número de doenças
que puderem ser detectadas, mais caro o exame se tornará.
É um teste essencial para o desenvolvimento da saúde do bebê. O exame
convencional é obrigatório e gratuito. Lembre-se de que a saúde é direito de
todos.

4.4.4 Microscopia eletrônica

A microscopia eletrônica é um método considerado eficaz. Mas, exige um


equipamento sofisticado e pessoal altamente treinado.

FIGURA 22 - FOTOMICROGRAFIA ELETRÔNICA DO CMV

FONTE: Disponível em: <http://www.ceaclin.com.br/exames/citomegalovirus.shtml>.


Acesso em: 8 ago. 2012.

É um método que possui sensibilidade relativamente baixa, pois há


necessidade de altas concentrações virais nas amostras analisadas. O que torna
seu uso pouco comum no diagnóstico laboratorial de rotina. A FIGURA 22 exibe a
partícula do CMV ao microscópio eletrônico.

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62
4.4.5 Biologia Molecular

Atualmente, a Biologia Molecular está cada vez mais presente no


diagnóstico clínico. Um número crescente de doenças pode ser detectado e
monitorado em tempo capaz de produzir informações para melhor
acompanhamento.
A utilização dessas metodologias de Biologia Molecular pode, em geral,
determinar um diagnóstico qualitativo. Mas, em muitas situações, a determinação é
quantitativa. As técnicas de Biologia Molecular mais utilizadas para diagnóstico do
HCMV são a reação da polimerase em cadeia (PCR) e a captura híbrida.

4.4.5.1 PCR

A reação em cadeia da polimerase (PCR) é o método que se baseia na


amplificação seletiva de sequências específicas do ácido nucleico viral. O método
permite a detecção do DNA do citomegalovírus em amostras de pacientes.
O ensaio pode ser utilizado para detecção qualitativa ou quantitativa do
HCMV. A avaliação qualitativa é aquela em que se observa apenas a amplificação
de DNA viral, pela presença de reação positiva. A avaliação quantitativa é feita pela
medição da carga viral, quando se observa a proporção do nível de DNA viral na
amostra do paciente.
A realização de testes quantitativos para o HCMV merece atenção quando o
resultado da PCR é positivo. A maioria da população já foi infectada por HCMV e o
resultado positivo pode ocorrer em indivíduos assintomáticos. É comum infecção
inaparente em indivíduos imunocompetentes.
O maior valor clínico ocorre quando acomete mulheres grávidas. Nestas, o
HCMV pode ser causa de aborto ou de infecção fetal pela passagem do vírus
através da placenta. O diagnóstico de PCR positivo também merece atenção em

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63
recém-nascidos com possível infecção congênita, em pacientes transplantados,
imunossuprimidos e em indivíduos com AIDS.
A metodologia da PCR é uma técnica sensível e específica para o
diagnóstico da presença do HCMV nos líquidos e tecidos. Além da via sexual, o
HCMV pode ser transmitido de outras maneiras. Como a via respiratória, placentária,
leite materno, produtos sanguíneos e transplante de órgãos. Há indicação nos casos
onde a sorologia e métodos de isolamento do vírus são inconclusivos ou não podem
ser realizados.
Na avaliação qualitativa não há distinção entre infecção aguda ou
reinfecção, de uma forma latente. A utilização de métodos quantitativos permite a
avaliação e monitoramento da resposta terapêutica.

4.4.5.2 Captura híbrida

A captura hibrida para o CMV permite a detecção do DNA viral por meio da
hibridização molecular e leitura por quimioluminescência. O método exibe grande
sensibilidade. Além de também apresentar resultado do tipo quantitativo ou
qualitativo. A técnica é de indicação especial para grávidas e imunocomprometidos,
pacientes que necessitam de monitoramento terapêutico.
Atualmente, o ensaio está bem conhecido no mercado de análises clínicas. É
um método simples, rápido e não apresenta o risco de contaminação observado na
PCR. A leitura por quimiluminescência permite a utilização quantitativa do método.
O uso de modo quantitativo é de grande aceitação. Há indicação especial
para os casos de seguimento de pacientes transplantados. Na intenção de detectar
replicação do CMV antes do surgimento dos sintomas. Porém, ainda não existe uma
opinião acertada quanto ao nível de carga viral que se pode considerar uma pessoa
em risco para apresentação de sintomas de CMV. Há indicação também no
acompanhamento de pacientes imunossuprimidos para o controle da terapia a ser
aplicada. Entretanto, pesquisas ainda estão sendo feitas na intenção de relacionar a
carga viral do HCMV e a doença.

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64
4.6 EPIDEMIOLOGIA

Há um consenso entre os pesquisadores do assunto quanto à prevalência


elevada de anticorpos antiHCMV em populações e países menos desenvolvidos.
Estes destacam ainda que a disseminação precoce do vírus é facilitada pela má
higiene pessoal e a habitação comum.
Observa-se que o HCMV é endêmico em todo o mundo. Sua transmissão
pode ocorrer por via respiratória, oral, urinária, transplacentária, sexual. Além da
transmissão por meio da amamentação, por transfusão sanguínea e também por
transplante de órgãos.
O vírus pode ser identificado em todos os fluidos biológicos. Entretanto,
observa-se que a maioria das infecções evolui de forma assintomática.
É comum a ocorrência de infecções sintomáticas em indivíduos
imunodeprimidos, como os portadores de AIDs e os que possuem neoplasias.
Sendo também comum em pacientes pós-transplantes ou no pós-operatório de
pacientes que realizaram cirurgias cardíacas.
O período de incubação da doença é de 4 a 12 semanas, quando a
detecção do antígeno já pode acontecer. Em seguida, ocorre a fase aguda da
doença, na qual o vírus pode ser encontrado em secreções corporais. O que pode
permanecer por toda a vida.
A infecção pelo HCMV possui quadro semelhante ao da mononucleose
infecciosa. Na qual o indivíduo apresenta febre, alterações hepáticas, linfadenopatia.
Além de sintomas gastrointestinais, pulmonares ou neurológicos, leucopenia e/ou
trombocitopenia.
Após a infecção primária, o vírus persiste no organismo do hospedeiro de
modo latente. No qual, a viremia persiste, embora em níveis reduzidos. Da mesma
forma que acontece com os demais vírus representantes do grupo herpes, a
infecção pode permanecer latente por toda a vida. Contudo, podem ocorrer um ou
mais episódios de reativação. A imunidade desenvolvida se mantém pelo resto da

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vida do indivíduo. Mas a queda das defesas do organismo, seja por fatores
exógenos ou até mesmo endógenos, acarretam na replicação do vírus.
Os casos de infecção secundária em imunosuprimidos muitas vezes
acontecem devido à reinfecção por vírus exógenos.
Em cerca de 1% a 2% das mulheres grávidas a infecção primária se
desenvolve durante a gestação. São os casos em que há maiores danos para o feto.
Pois, observa-se que estes são contaminados em 30% a 50% das vezes. Enquanto
os casos de reativação nas mães ocorrem em 5% a 15% das gestações e a
transmissão para o feto acontece em cerca de 10%.
Sendo assim, observa-se que, no total, a infecção congênita por
citomegalovírus ocorre em 1% dos fetos. E, apenas entre 5% e 10% destes
desenvolvem alguma sintomatologia clínica. Destacando-se as lesões oculares,
cerebrais, e hepatoesplênicas nos diferentes graus de severidade (forma aguda e
subaguda). As infecções neonatais podem ocorrer durante o parto pela
contaminação no trajeto vaginal ou por meio do aleitamento materno.

4.7 SÍNDROME DE BLUEBERRY MUFFIN BABY

Você sabe o que é a síndrome de blueberry muffin baby?


Síndrome de blueberry muffin baby é o nome utilizado para descrever os
recém-nascidos que apresentam, ao nascimento, exantema papular de coloração
purpúrica, atingindo tipicamente a cabeça, pescoço e tronco. A erupção é
geralmente generalizada, mas favorece o tronco, cabeça e pescoço.
Observe na FIGURA 23 a imagem de recém-nascidos que apresentam a
síndrome.

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66
FIGURA 23 - IMAGEM REPRESENTATIVA DE RECÉM-NASCIDOS COM A
SÍNDROME DE BLUEBERRY MUFFIN

A B

C D
FONTE: Disponíveis em:<http://dermatologys10.cdlib.org/142/case_reports/blueberry/mehta.html>; e
http://lessons4medicos.blogspot.com.br/2009/05/grey-baby-syndrome-blue-baby-syndrome.html.
Acesso em: 31 ago. 2012.

A sintomatologia ocorre em consequência de aglomerados de células


produtoras de sangue na pele, a eritropoiese extramedular; ou hemorragias na pele
na forma de púrpuras.
Muitas são as causas que precisam ser consideradas quando um bebê
apresenta a síndrome de blueberry muffin. Estas incluem desde doenças
leucêmicas, doença hemolítica do recém-nascido e, muitas vezes, infecções virais
por HCMV e vírus da rubéola ou o Toxoplasma gondii.
Em geral, os recém-nascidos acometidos pela síndrome são prematuros e
pequenos para a idade gestacional. Além das lesões da pele, clinicamente, ocorrem
surdez, coriorretinite e retardo psicomotor.

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67
Raramente surgem novas lesões após o nascimento. O exantema cutâneo
geralmente involui e desaparece completamente em poucas semanas. Quando as
lesões não desaparecem ou evoluem, a suspeita é de distúrbio neoplásico.
No exame físico e laboratorial apresentam hepatoesplenomegalia,
hiperbilirrubinemia direta, alto título de IgM específica para citomegalovírus,
urocultura positiva para citomegalovírus e trombocitopenia.
O diagnóstico pode também ser realizado pela histopatologia. A qual
demonstra a presença de eritropoiese extramedular dérmica. Isto é, reativação da
eritropoiese em locais onde ocorria no período embrionário ou fetal. Devido à
necessidade de reconstituição dos elementos sanguíneos.
Entre os exames laboratoriais, o diagnóstico TORCH é requerido. Entre os
sintomas encontrados nas infecções congênitas para o HCMV estão às lesões do
tipo blueberry baby.

FIM DO MÓDULO I

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68
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA
Portal Educação

CURSO DE
DOENÇAS VIRAIS SEXUALMENTE
TRANSMISSÍVEIS

Aluno:

EaD - Educação a Distância Portal Educação

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69
CURSO DE
DOENÇAS VIRAIS SEXUALMENTE
TRANSMISSÍVEIS

MÓDULO II

Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do
mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são
dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.

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70
MÓDULO II

5 VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA (HIV)

A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) é uma doença conhecida


em todo o mundo. Atualmente considerada como doença emergente. Permanece
como um dos maiores problemas de saúde pública, devido ao seu caráter de
pandemia e gravidade. Apesar das inúmeras pesquisas relacionadas ao agente
causador e à população infectada, a doença permanece em estado de alerta em
todo o mundo.

5.1 HISTÓRICO DA AIDS

A AIDS tem como agente causador o vírus da imunodeficiência humana,


popularmente reconhecido por human immnunodeficiency vírus (HIV). O vírus foi
descrito pela primeira vez nos Estados Unidos da América no início da década de 1980.
No ano de 1981, em moradores da cidade de São Francisco e Nova York,
nos EUA, foi identificado grande número de pessoas de idade adulta, homossexuais
pertencentes ao sexo masculino que apresentavam sarcoma de kaposi, pneumonia
e comprometimento do sistema imunológico. Os pesquisadores da época
perceberam logo que se tratava de uma doença nova, ainda não classificada.
Provavelmente transmissível e de origem infecciosa. Há pesquisas que comprovam
a existência desses casos desde a década de 60. Quando as pesquisas apontavam
para doenças pouco ofensivas em pessoas que possuíam o estado imunológico em
condições ideais.
Porém, a doença passou a apresentar grande aumento nas taxas de
mortalidade. Até que se tornou uma das maiores causas de morte de pessoas entre

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71
20 e 30 anos de idade. Ocasionando grande aumento de pesquisas em torno do
assunto.
Em 1983, o HIV 1, vírus da imunodeficiência humana, foi identificado como o
agente causador da doença. Em seguida, no ano de 1986, os cientistas identificaram
o HIV 2, um segundo agente causador da imunodeficiência.
No ano de 1987, o dia 1º de dezembro de cada ano, foi eleito pela
Organização das Nações Unidas (ONU) o “Dia Mundial de Luta contra a AIDS”. Em
1991, o laço vermelho transformou-se em símbolo da luta contra a doença. O que
veio para reforçar a necessidade de pesquisas e ações de combate à doença. Além
da solidariedade aos que convivem com o HIV/AIDS. Em 1996, foi criada a Joint
United Nations Programme on HIV/AIDS (UNAIDS), que é o Programa Conjunto das
Nações Unidas sobre HIV e AIDS, um comitê gerenciado pela ONU e pela OMS.
O vírus da imunodeficiência humana (HIV) é o agente etiológico da acquired
immunodeficiency syndrome (AIDS), ou, em português, síndrome da
imunodeficiência adquirida (SIDA).

5.2 CLASSIFICAÇÃO

O HIV pertence à família Retroviridae, devido à presença da enzima


transcriptase reversa. Subfamília Orthoretrovirinae, gênero Lentivirus.
Estudos sorológicos atuais comprovam a existência de dois tipos
antigênicos, o HIV 1 e o HIV 2. O HIV 1 é considerado o mais virulento e mais
disseminado mundialmente. Enquanto o HIV 2 parece menos patogênico e menos
disseminado, sendo praticamente exclusivo da região oeste da África. Entretanto, o
HIV 1 apresenta nove subtipos (A, B, C, D, E, F, G, H, J e K), e o HIV 2 apenas cinco
subtipos (de A a E) descritos até o momento. Observe na FIGURA 24 uma imagem
do HIV em microscopia eletrônica.

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FIGURA 24 - MICROGRAFIA ELETRÔNICA DO HIV

FONTE: Disponível em: <http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL715578-5603,00-


PRIMO+DO+DNA+PODE+ATACAR+VIRUS+DA+AIDS+COM+SUCESSO+DIZ+PESQUISA.html>.
Acesso em: 18 ago. 2012.

A partícula dos retrovírus possui um envelope bilipídico, que se forma a


partir da membrana da célula hospedeira. Do envelope partem duas espículas
glicoproteicas de importante função no processo replicativo do vírion, gp41 e gp120.
São vírus que possuem nucleocapsídeo de formato icosaédrico, formado pela
proteína p24. Apresentam uma proteína de matriz externa, p17, situada entre o
capsídeo e o envelope, com função importante na montagem da partícula viral. O
genoma é composto por duas cópias idênticas de RNA fita simples e polaridade
positiva. O capsídeo também dá espaço às enzimas transcriptase reversa, integrase
e protease. Necessárias para a síntese do DNA viral, integração ao cromossomo da
célula hospedeira e montagem da partícula viral. Observe as estruturas do vírion HIV
na FIGURA 25.

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73
FIGURA 25: ILUSTRAÇÃO REPRESENTATIVA DA ESTRUTURA DO HIV.

gp120

MEMBRANA
gp41 LIPIDICA

CAPSIDEO

MATRIZ

TRANSCRIPTASE
REVERSA

FONTE: Disponível em: <http://trialx.com/curetalk/wp-content/blogs.dir/7/files/2011/05/diseases/Hiv-1-


1.jpg>. Acesso em: 18 ago. 2012.

5.3 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

A transmissão do HIV está associada aos fatores das próprias pessoas.


Relacionados às suas características biológicas e comportamentais. Entre os fatores
biológicos estão concentração do vírus no fluido biológico, integridade e
vulnerabilidade da mucosa envolvida, duração da exposição e amostra viral
transmitida. Entre os fatores comportamentais, temos multiplicidade de parceiros
sexuais, não utilização de preservativos e compartilhamento de seringas
contaminadas.
As mais frequentes vias de transmissão do HIV são:
 sexual – considerada a principal forma de exposição ao vírus em
todo o mundo. Aqui, estão incluídas as diferentes formas de contato com
secreções corporais;
 sanguínea – especialmente importante entre usuários de drogas
injetáveis e em receptores de sangue ou seus derivados;

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74
 vertical – que ocorre da mãe para o filho na gestação, parto ou
aleitamento.
Além dessas, pode ocorrer também a transmissão ocupacional. A que
acontece como acidente de trabalho entre profissionais da área da saúde. Como nos
casos de ferimentos com instrumentos perfuro cortantes ou da exposição de
mucosas com sangue contaminado.
Após a transmissão, a infecção pelo HIV pode ser dividida em estágios
clínicos. Reconhecendo assim a infecção aguda, assintomática ou latência clínica,
sintomática inicial, sintomática intermediária, sintomática tardia e infecção avançada.
A manifestação clínica da AIDS nesses diferentes estágios da infecção pelo
HIV está descrita a seguir. Entretanto, pesquisas atuais mostram que, após o uso da
terapia antirretroviral, as fases sintomáticas não estão muito bem delineadas.

5.3.1 Infecção aguda

Também reconhecida como síndrome da infecção retroviral aguda ou


infecção primária. Os sintomas surgem em aproximadamente 70% dos pacientes.
No período de alta viremia e da resposta imunológica.
Ocorre diminuição da carga de linfócitos do tipo TCD4+. Em seguida, ocorre
aumento destas células. Mas, geralmente, os níveis normais não retornam. Nesse
mesmo período, ocorre aumento dos níveis de linfócitos do tipo TCD8+. O que acaba
determinando a inversão da relação CD4+/CD8+, que se torna menor que um.
Geralmente, essa infecção aguda não é diagnosticada devido à baixa suspeita. Na
maior parte das vezes, a comprovação desta é retrospectiva.
Os sintomas clínicos são variados. Acontece desde um quadro gripal
simples até sintomas semelhantes à mononucleose infecciosa, a chamada
mononucleose-like. Outros sintomas como febre, linfadenopatia, faringite, mialgia,
artralgia, exantema, cefaleia, hepatoesplenomegalia, perda de peso, náusea e
vômito também podem surgir. Em alguns casos ocorre candidíase oral, neuropatia
periférica, meningoencefalite e síndrome de Guillain-Barré.

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75
Após a infecção aguda, ocorre a estabilização da viremia em níveis variados,
set points. Estes são definidos pela velocidade de replicação e quantidade de vírus,
viral clearance. Muitas vezes o set point é utilizado como fator prognóstico da
doença. Da mesma forma que a queda na contagem de células TCD4. Pesquisas
mostram que o maior o número de sintomas observado durante a infecção aguda foi
associado aos casos de maior carga viral inicial.

5.3.2 Infecção assintomática

Em geral sem sintomas clínicos; em alguns casos, pode surgir linfoadenopatia


generalizada persistente em sítios não inguinais. Apesar de esse estágio receber a
denominação de assintomático, o período é de contínua replicação viral. Além de
abatimento progressivo do sistema imunológico, com transmissão do vírus.
Entretanto, o diagnóstico laboratorial de rotina é de grande valor, pois há
possibilidade de uma grande variedade de alterações. Observe o QUADRO 7.

QUADRO 7 - RELAÇÃO DE EXAMES PARA OS CASOS DE INFECÇÃO


ASSINTOMÁTICA PELO HIV
EXAME INDICADO INDICAÇÃO CLÍNICA

HEMOGRAMA COMPLETO Avalia anemia, leucopenia, linfopenia e plaquetopenia.


NÍVEIS BIOQUÍMICOS Avalia as condições clínicas iniciais dos indivíduos; em
GERAIS especial das funções hepáticas e renais.
RADIOGRAFIA DE TÓRAX Avalia alterações evolutivas no futuro.
SOROLOGIA PARA Avalia possibilidade de coinfecção; quando positivo no VDRL
SÍFILIS é recomendável confirmação pelo FTA-ABS.
SOROLOGIA PARA Alta incidência de coinfecção por HBV e HBC em
HEPATITES VIRAIS homossexuais, bissexuais e heterossexuais com múltiplos
parceiros e usuários de drogas injetáveis.
SOROLOGIA PARA A maior parte dos pacientes apresenta exposição anterior ao
TOXOPLASMOSE Toxoplasma gondii.

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PPD Recomendação anual é comum, para observar necessidade
de quimioprofilaxia para tuberculose.
PAPANICOLAU Avaliação de doença cervical, devido à alta incidência atual;
há rápida progressão da doença em pessoas HIV +.
PERFIL IMUNOLÓGICO A interpretação desse resultado auxilia na indicação de
terapia antirretroviral
FONTE: Arquivo pessoal do autor.

Essa fase é de forte interação entre as células de defesa e as constantes e


rápidas mutações do vírus. Mas, não deixa o organismo enfraquecido de modo
suficiente que permita o aparecimento de novas doenças. Os vírus que amadurecem
morrem de forma equilibrada. Por isso, é uma fase que pode persistir por muitos anos.
Por ser uma fase que não apresenta sinais característicos de AIDS, é
denominada assintomática. Devido a isso, o diagnóstico clínico é difícil. Em acordo
com a história prévia do indivíduo: tem início com a investigação básica de
hipertensão arterial sistêmica, doenças hepáticas, renais, pulmonares, intestinais,
DSTs, tuberculose e outras doenças endêmicas. Seguindo pelos hábitos de vida.
Nível de entendimento e orientação sobre a doença. Tudo é importante. Tudo deve
ser considerado.

5.3.3 Sintomática inicial

Os sintomas podem variar. Podem incluir condições como febre, suor


noturno, cefaleia, fadiga, perda de peso. Linfadenopatia persistente pode estar
presente. Podem surgir doenças dermatológicas como herpes zoster, herpes
simplex recorrente e leucoplasia pilosa oral. Infecções bacterianas como tuberculose
também podem aparecer. Além de doenças fúngicas como candidíase oral e
vaginal. Em mulheres HIV+ formas extensas ou recorrentes de candidíase vulvo-
vaginal são comuns. Muitos pacientes podem apresentar somente sangramentos
mínimos como petéquias, epistaxes e equimoses e ocasionalmente trombocitopenia.

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77
Podem surgir também as chamadas doenças oportunistas. Em geral, estas
doenças são de origem infecciosa. Mas, a causa pode ser bacteriana, viral, fúngica e
até mesmo neoplásica.

5.3.4 Sintomática intermediária e sintomática tardia

A sintomática intermediária é caracterizada pela contagem de linfócitos do


tipo TCD4+, entre 200 e 500 células/mm3 e pelos mesmos sintomas da fase anterior,
que em geral tornam-se mais graves.
A sintomática tardia é a fase em que a contagem de linfócitos do tipo TCD4+
está entre 50 e 200 células/mm3. Há alto risco de pneumonia por Pneumocistis
carinii, criptosporidíase, encefalite por Toxoplasma gondii e candidíase esofágica.

5.3.5 Infecção avançada

Os acometidos pela infecção ao chegar nessa fase da doença possuem


contagem de linfócitos do tipo TCD4+ abaixo de 50céls/mm3.
Podem ocorrer todas as manifestações clínicas anteriores.
O risco é aumentado para citomegalovirose disseminada. O sarcoma de
Kaposi pode surgir. Veja na FIGURA 26.

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FIGURA 26 - APRESENTAÇÃO DO SARCOMA DE KAPOSI

FONTE: Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Sarcoma_de_Kaposi>. Acesso em: 18 ago. 2012.

5.4 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

No Brasil, a notificação dos casos de AIDS é obrigatória. Médicos e outros


profissionais da saúde em exercício da profissão, além do pessoal responsável por
organizações e estabelecimentos públicos e particulares de saúde, devem atuar
nessa intermediação.
O Ministério da Saúde reviu alguns dos critérios adotados e fez adaptações.
A partir de 2006, o diagnóstico da AIDS foi estabelecido. Com a utilização do
protocolo recomendado pelo Centers for Disease Control (CDC), com algumas
adaptações. Os maiores detalhes podem ser vistos no site específico sobre o
assunto (disponível em: <www.aids.gov.br>). Neste curso, serão abordados apenas
alguns dos itens.
Para definição, aqui são considerados adultas todas as pessoas com idade
acima de 13 anos. Portanto, aquelas com idade inferior a 13 anos, são consideradas
crianças.
Para definição de casos de AIDS em adultos, há necessidade de dois testes
de triagem reagentes. Ou um confirmatório para detecção de anticorpos antiHIV
aliado a evidência de imunodeficiência. Como o diagnóstico de pelo menos uma
doença indicativa de AIDS e/ou contagem de linfócitos TDC4+ inferior a 350
células/mm3.

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79
Enquanto em crianças, ou menores de 13 anos, a evidência é dada pelo
diagnóstico de pelo menos duas doenças indicativas de AIDS de caráter leve e/ou
diagnóstico de pelo menos uma doença indicativa de AIDS de caráter moderado
ou grave e/ou contagem de linfócitos TCD 4+ menor do que a esperada para a
idade atual.
Em laboratório, a detecção da infecção pelo HIV possui três significados
importantes:
 identificação de indivíduos que apresentam infecção;
 identificação de indivíduos portadores do vírus;
 confirmação de diagnóstico de AIDS.
Em laboratórios de rotina clínica, o diagnóstico das infecções pelo HIV se
baseia na detecção de anticorpos contra o vírus. Pois, estas técnicas de detecção,
além de apresentar bons resultados, são de baixo custo. Sendo assim, são eleitas
como método de escolha para uma triagem inicial. Porém, detectam a resposta do
hospedeiro contra o vírus, mas, não detectam o vírus diretamente. Desta forma, são
incapazes de identificar pessoas infectadas recentemente, devido ao que se chama
de janela imunológica.
Com o objetivo de realizar a detecção de anticorpos antiHIV para o
diagnóstico laboratorial da infecção pelo HIV, é exigido em portaria do Ministério da
Saúde o cumprimento de três etapas, conforme o QUADRO 8.

QUADRO 8 - DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DO HIV, SEGUNDO O MS


ETAPA OBJETIVO METODOLOGIA UTILIZADA
I Triagem sorológica Método enzimático (EIA) capaz de detectar HIV
1 e HIV 2 (recomenda-se não utilizar os testes rápidos).
II Confirmação sorológica Outro imunoensaio + Imunofluorescência
Indireta para o HIV-1 ou o teste de Imunoblot
para HIV.
III Confirmação sorológica Western blot para o HIV 1 para as amostras
negativas, indeterminadas ou inconclusivas nas
etapas anteriores.
FONTE: Arquivo pessoal do autor.

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80
Há exigência de que todos os conjuntos de diagnóstico utilizados
apresentem o registro do Ministério da Saúde.
Além disso, nos serviços de saúde que utilizam testes rápidos para o
diagnóstico da infecção pelo HIV. É obrigatório que na etapa um sejam realizados
dois testes (teste 1 e teste 2) em paralelo. O resultado deverá ser de acordo com o
apresentado a seguir:
a) amostra negativa para HIV – amostras negativas nos dois testes rápidos;
b) amostra positiva para HIV – amostras positivas nos dois testes rápidos.
Nos casos de resultados discordantes nestes dois primeiros ensaios rápidos,
a amostra deverá ser submetida a um terceiro teste rápido (teste 3). Com a seguinte
liberação de resultados:
a) amostra positiva para HIV – quando o terceiro teste apresentar resultado
positivo;
b) amostra negativa para HIV – quando o terceiro teste apresentar resultado
negativo. Mas, com recomendações. Coleta de uma segunda amostra, 30
dias após a emissão do resultado da primeira. Com a repetição de toda a
sequência de procedimentos.
Observe na FIGURA 27, o esquema a ser seguido nos casos de utilização
de testes rápidos para o HIV, segundo o Ministério da Saúde.

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81
FIGURA 27 - ESQUEMA DE UTILIZAÇÃO DE TESTES RÁPIDOS NO
DIAGNÓSTICO DO HIV
ETAPA I

TESTE 1 + TESTE 2

RESULTADOS RESULTADOS RESULTADOS RESULTADOS


NEGATIVO / NEGATIVO NEGATIVO / POSITIVO POSITIVO / NEGATIVO POSITIVO / POSITIVO

ETAPA II
AMOSTRA AMOSTRA
NEGATIVA TESTE 3 POSITIVA
PARA PARA
HIV HIV
RESULTADO RESULTADO
NEGATIVO POSITIVO

AMOSTRA AMOSTRA
NEGATIVA POSITIVA
PARA PARA
HIV HIV

COLETA DE NOVA AMOSTRA APÓS 30 DIAS E


REPETIR O DIAGNÓSTICO
FONTE: Adaptada de SANTOS, N. O. S. et. al. Introdução à Virologia Humana. Rio de Janeiro:
Editora Guanabara-Koogan, 2008, p. 44.

5.4.1 Hemofilia

Apenas uma pausa para falar de hemofilia.


Você sabe o que é hemofilia?
Você sabe por que no início da epidemia da AIDS os hemofílicos foram
considerados uma população de risco?

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FIGURA 28 - SÍMBOLO DA HEMOFILIA

FONTE: Disponível em: <http://www.jblog.com.br/hojenahistoria.php?blogid=57&archive=2012-04>.


Acesso em: 18 ago. 2012.

Pois bem! Vamos ver isso agora.

A Hemofilia é uma anomalia genética. A doença é transmitida por um gene


recessivo ligado ao X. É caracterizada pela ausência de uma das proteínas
responsáveis pela coagulação sanguínea.
Desta forma, os indivíduos hemofílicos, mesmo com um pequeno corte, são
capazes de apresentar uma hemorragia. Pois, na ausência de um fator da
coagulação, o processo não ocorre de modo normal.
Sendo assim, os indivíduos que apresentam a doença, necessitam
constantemente de transfusão sanguínea para a reposição deste fator ausente na
cascata de coagulação.
Porém, antes do surgimento da AIDS, os profissionais da área de saúde não
estavam cientes do perigo das transfusões de sangue. E, portanto, não existia a
triagem de doadores que existe atualmente. O que acabou por incluir os hemofílicos
na categoria de população de risco para contrair AIDS. Pois, estes recebiam, nas
transfusões sanguíneas, sangue já contaminado pelo vírus.
Hoje em dia, com a triagem de doenças em bancos de sangue, muitas
doenças deixaram de ser transmitidas pelas transfusões.

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No caso dos hemofílicos, atualmente o tratamento da hemofilia é feito pela
reposição desse fator ausente. Os hemocentros distribuem gratuitamente essa
medicação que é fornecida pelo Ministério da Saúde.
Agora, voltemos a tratar sobre o HIV.

5.5 EPIDEMIOLOGIA

A AIDS é uma doença emergente. Atualmente, é um dos maiores problemas


de saúde pública. Considerada uma doença pandêmica e de alta gravidade. Desde
o seu aparecimento em 1983, mais de 205 mil mortes e 506 mil casos foram
registrados no Brasil. Os primeiros casos foram identificados no início dos anos 80.
Época em que havia predominância entre homossexuais, usuários de drogas
injetáveis e hemofílicos.
Nos dias atuais, três décadas após a descoberta da doença, o Brasil se
apresenta em situação estável. A epidemia está concentrada em alguns pequenos
grupos da população considerados mais vulneráveis.
A doença seguiu novos rumos. A contaminação por transfusão sanguínea,
grande polêmica da era inicial da doença, está praticamente eliminada. A
transmissão vertical, que ocorre da mãe para o filho ainda no útero, no momento do
parto ou pelo aleitamento materno, foi significativamente reduzida. O número de
usuários de drogas infectados também diminuiu. Porém, houve grande aumento do
número de idosos, mulheres e jovens iniciando a vida sexual que contraíram o vírus.
O perfil com maior alteração da população acometida pela infecção é
observado quando analisamos sobre os sexos. Em 1985, para cada 26 casos da
doença entre os homens, havia um caso entre as mulheres. Uma diferença que vem
diminuindo ao longo dos anos. Em 2010, a relação foi de 1,7 caso entre os homens
para cada caso em mulheres. O que pode ser explicado, pelo fato de as mulheres não
se enquadrarem nos denominados “grupos de risco” divulgados no início da epidemia.
Quanto à idade dos indivíduos acometidos pela infecção, a taxa de
prevalência na população de 15 a 49 anos se mantém estável em 0,6% desde 2004.
Sem observar a diferença entre os sexos. Em relação aos grupos da população com

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idade acima de 18 anos, nos estudos realizados em dez municípios brasileiros, entre
2008 e 2009, as maiores taxas de prevalência foram encontradas em homens que
fazem sexo com homens (10,5%). Entre usuários de drogas injetáveis (5,9%). Entre
As mulheres profissionais do sexo (4,9%).
Porém, se observa tendência de aumento na prevalência da infecção pelo HIV
nos jovens. Uma pesquisa realizada em jovens de 17 a 20 anos de idade, do Exército,
mostrou que a prevalência passou de 0,09%, em 2002, para 0,12%, em 2007.
A questão da transmissão vertical é um fator que passa por análises
frequentes. Pesquisas mostram que, até o ano de 1999, era uma das principais
vias de transmissão em menores de 13 anos de idade. Uma questão de grande
valor na análise da epidemia entre as mulheres. A qual pode estar envolvida na
alteração de outro fator: o aumento do número de casos associados à exposição
heterossexual. Um fato observado principalmente a partir de 1991. O qual foi
acompanhado de uma proporção cada vez maior de mulheres. Um fenômeno,
denominado "feminização" da epidemia.
O início da utilização de terapia antirretroviral de alta potência associada às
ações de prevenção e controle da infecção, além de outras doenças sexualmente
transmissíveis, tem impulsionado modificações no padrão da epidemia de AIDS.
O Brasil apresenta uma das políticas de luta contra a AIDS mais modernas
do mundo. Merecendo destaque a organização social para a formulação destas
políticas, o acesso às drogas utilizadas na terapia, a mobilização da comunidade
internacional e o movimento de reforma sanitária.
Tem sido observado que, apesar da luta em busca da cura da AIDS – além
do esforço em direção à vacinação aliado ao emprego de antivirais potentes com
capacidade para combater a replicação do vírus e diminuir os efeitos por ele
causados, de modo a prolongar a vida dos milhares de portadores –, não devemos
deixar a prevenção de lado.
Enfim, há de se concluir que a AIDS está diretamente relacionada ao
comportamento sexual de risco, uma união entre muitos parceiros e nenhuma
proteção. O que é diferente da relação com a orientação sexual, que se acreditava
no início da epidemia, na década de 1980.

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A AIDS é uma epidemia mundial. E, portanto, uma pandemia. Deve ser
encarada com muita cautela na vida e na saúde de uma pessoa portadora do vírus.
Sendo assim, sua prevenção é de grande valor social e moral.

6 VÍRUS T-LINFOTRÓPICO HUMANO (HTLV)

O vírus linfotrópico das células T humanas tipo 1 (HTLV-1) foi pela primeira
vez descrito no ano de 1980. Em células T de paciente que apresentava linfoma
cutâneo. É um vírus que está relacionado a doenças neurológicas e leucemia.
Nos dias atuais, sabe-se que mundialmente existem mais de 10 milhões de
pessoas infectadas por esse vírus. No Brasil, a infecção é considerada endêmica.
Apesar do baixo índice de prevalência na população geral.

6.1 HISTÓRICO DO HTLV

Pesquisas atuais descrevem que o HTLV-1 surgiu na África, a partir de


primatas não humanos. Uma transmissão interespécies. Sendo levado para o Novo
Mundo no século XVI, durante o tráfico negreiro. Nessa época, o tráfico de escravos
teria feito escala de suas embarcações nas Ilhas do Caribe. Uma região endêmica
para o HTLV-1.
No Japão, a introdução do HTLV-1 parece ter ocorrido por intermédio de
portugueses que tiveram contato com populações africanas, antes de
desembarcarem em áreas litorâneas situadas ao sul do Japão, hoje também
reconhecidas como endêmicas para o vírus.
Outras pesquisas relatam a existência da infecção pelo HTLV-1 há milhares
de anos em regiões asiáticas. Com posterior migração dos povos primitivos asiáticos
para as Américas.
Em 1985, ocorreram os primeiros relatos da correlação entre o HTLV-1 e a
paraparesia espástica tropical (PET). Através da demonstração da alta prevalência

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de anticorpos anti-HTLV-1 em soro e líquido cefalorraquidiano (LCR) de pacientes
acometidos pela infecção na Martinica, Jamaica e Colômbia. Em 1986, outros
pesquisadores descreveram casos de PET relacionados a altas taxas de anticorpos
específicos para o HTLV-1.
Finalmente, em 1989, a Organização Mundial de Saúde (OMS) reconheceu
de modo oficial que a paraparesia espástica tropical e a mielopatia associada ao
HTLV representavam a mesma doença.

6.2 CLASSIFICAÇÃO

Os HTLVs possuem duas moléculas de ácido nucleico do tipo RNA de fita


simples, iguais. O vírus contém ainda as enzimas transcriptase reversa, integrase e
protease. O genoma se encontra envolvido pela proteína associada ao
nucleocapsídeo (p15), proteína do capsídeo (p24) e proteína matriz (p19). Além
disso, a partícula viral apresenta um envelope lipoproteico originário da célula
hospedeira. Espículas glicoproteicas encontram-se inseridas no envelope. Observe
na FIGURA 29 a estrutura do HTLV.

FIGURA 29 - ESQUEMA ILUSTRATIVO DA PARTÍCULA DO HTLV


gp46, glicoproteina de superficie
gp21, glicoproteina transmembrana

Envelope

Transcriptase reversa
RNA viral
integrase
Capsideo (p24) protease

Matriz (p19)

FONTE: Disponível em: <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/retrovirus/retrovirus.php>.


Acesso em: 18 ago. 2012.

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Os HTLVs estão classificados na família Retroviridae, subfamília
Orthoretrovirinae, gênero Deltaretrovirus. Atualmente, são quatro os tipos virais
reconhecidos. O HTLV-1, associado à paraparesia espástica tropical (PET) e o
HTLV-2, associado à leucemia de células T pilosas. Enquanto o HTLV-3 é
semelhante ao vírus linfotrópico de células T de símios tipo 3, STLV-3. E o HTLV-4
que não possui um correspondente entre os símios.
O HTLV-1 apresenta três subtipos geograficamente distribuídos.
Cosmopolita, Melanésia e Zaire.

6.3 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

A transmissão do HTLV-1 pode ocorrer de várias maneiras. De modo


horizontal, em que a via sexual é a de maior importância. Sendo a infecção do
homem para a mulher a de maior frequência. De maneira vertical, caracterizada por
transmissão transplacentária, durante o parto e pela amamentação. Bem como pelo
modo parenteral, por meio de transfusão de sangue contaminado e seus produtos,
além do uso de seringas contaminadas.
Geralmente, os indivíduos que estão infectados persistem no estado
assintomático. E, entre aqueles que manifestam a doença há um longo período
exposto à infecção antes do aparecimento de algum sinal ou sintoma.
Porém, existem casos em que ocorre o aparecimento de doença. Quando a
infecção ocorre pelo HTLV-1, o indivíduo pode desenvolver a leucemia de célula T
do adulto (LTA), paraparesia espástica tropical/mielopatia associada ao HTLV-1,
PET/MAH. Além de outras doenças inflamatórias como alveolite, artrite, uveíte,
ceratoconjuntivite e ceratite intersticial. Enquanto o HTLV-2 pode levar ao
desenvolvimento de leucemia atípica de células T pilosas e também é detectado em
pacientes com síndrome neurológica semelhante à PET/MAH. Vejamos a seguir o
quadro clínico das doenças mais importantes.

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6.3.1 Leucemia de célula t do adulto (LTA)

Forma grave de leucemia, que surge, em geral, na vida adulta de cerca de


5% dos infectados. É mais frequente em indivíduos do sexo masculino. Em geral,
não responde a quimioterapia e na maior parte das vezes é fatal. Estudos indicam
que se desenvolve principalmente em indivíduos infectados verticalmente. O que
sugere que a idade em que o indivíduo entra em contato com o vírus pode ser
importante para o desenvolvimento da doença.
Os sintomas da doença são, geralmente, mal-estar, febre, icterícia,
linfoadenopatia, hipercalcemia, perda de peso, hepatoesplenomegalia, envolvimento
cutâneo e da medula e infiltrado pulmonar.
Além disso, de acordo com as manifestações apresentadas, a doença pode
se desenvolver de quatro formas distintas: aguda, crônica, linfomatosa e indolente
(smoldering). Cada qual com suas características específicas.
Na forma indolente, há presença de 5% ou mais de linfócitos T anormais no
sangue periférico, desidrogenase lática (LDH) aumentada, envolvimento de fígado,
baço, SNC, ossos e trato gastrointestinal. Pode haver comprometimento da pele
e/ou dos pulmões.
A forma linfomatosa exibe linfadenomegalia. Os acometidos apresentam 1%
ou menos de linfócitos anormais no sangue periférico. Há necessidade de
comprovação histológica de infiltração neoplásica nos linfonodos, associada ou não
a envolvimento extranodal.
A forma aguda é a que se apresenta mais agressiva. Ocorre
linfadenomegalia, lesões ósseas, cutâneas, gastrointestinais e do SNC e
hepatosplenomegalia. O quadro é de leucemia aguda, numerosos linfócitos atípicos
no sangue, hipercalcemia, lesões cutâneas e hepatosplenomegalia. A evolução para
o óbito é rápida.
A forma crônica apresenta números aumentados de células leucêmicas,
circulantes e infiltradas na pele, fígado, baço e pulmões. Sobrevida média de

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aproximadamente 24 meses. Em qualquer momento da doença pode ocorrer à
transição para a forma aguda.
Na FIGURA 30 estão representadas algumas das manifestações clínicas da
LTA na pele.

FIGURA 30 - MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA LTA NA PELE

B
Em A, eritrodermia. Em B, pápulas.
FONTE: BITTENCOURT, A. L.; FARRE, L. Leucemia/linfoma de células T do adulto – Artigo de
revisão, 2008, p.83-84.

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6.3.2 Paraparesia espástica tropical mielopatia associada ao HTLV-1 (PET/MAH)

Doença desmilelinizante, progressiva, crônica que causa danos


principalmente no cordão torácico espinhal. Afeta entre 0,2% e 5% das pessoas
infectadas. É mais frequente nas mulheres do que nos homens.
A doença leva ao comprometimento dos grupamentos musculares da cintura
pélvica e dos membros inferiores. O que torna a marcha espástica, com diminuição
da velocidade, do equilíbrio dinâmico e aumento do gasto energético determinando
fadiga. O caminhar torna-se arrastado e lento. O que leva ao comprometimento das
fases da marcha. Os movimentos perdem a seletividade de maneira que ocasiona
deficiência no sinergismo funcional entre a cintura escapular e pélvica. Ocorre
acentuada imobilidade da articulação sacroilíaca.
Estudos indicam que a progressão da doença é variável. Pessoas que após
três anos do aparecimento dos primeiros sintomas desenvolvem um quadro de
paralisia unilateral apresentam progressão mais rápida dos sintomas.

6.3.3 Leucemia atípica de células T pilosas

Ocorre em consequência de infecção pelo HTLV-2. Pesquisas atuais


demonstram haver associação do HTLV-2 com a leucemia atípica de células T
pilosas; tipo de leucemia em que o DNA proviral é encontrado de modo
predominante em linfócitos T do tipo CD8+. Enquanto na leucemia pelo HTLV-1 é
encontrado em linfócitos T do tipo CD4+CD8-.
Existem casos em que o HTLV-2 é também detectado em pacientes com
síndrome neurológica semelhante à PET/MAH. Também já foram publicados casos
de eritrodermatite e infecções bacterianas de pele em pessoas coinfectadas com
HTLV-II e HIV-1.

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6.3.4 Outras doenças associadas ao HTLV-1

Existem casos em que a infecção pelo HTLV-1 leva a manifestações


oculares. Estas infecções podem levar ao desenvolvimento de um quadro crônico
em crianças. São casos em que há possibilidade de ocorrer degeneração da retina.

6.4 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

Em geral, o diagnóstico laboratorial dos HTLVs 1 e 2 é realizado pela


pesquisa de anticorpos no soro dos pacientes suspeitos de infecção. Os quais se
baseiam na detecção sorológica de anticorpos específicos para antígenos das
diferentes estruturas do vírus, o core e o envelope. Normalmente, são utilizados
ensaios imunoenzimáticos do tipo ELISA. Entretanto, outro ensaio, como o de
aglutinação de partículas de látex ou gelatina, também pode ser usado.
Observa-se, porém, que com frequência os métodos sorológicos apresentam
reações falso-positivas. Sendo assim, há necessidade da confirmação do
diagnóstico pela realização de métodos como western blot ou imunofluorescência
indireta. Outros ensaios que fazem uso da biologia molecular como a PCR podem
também confirmar a presença do vírus.

6.4.1 Ensaios sorológicos

Inicialmente, a pesquisa de anticorpos é realizada pelo teste de ELISA. Um


ensaio de uso comum em triagem sorológica.
No teste de ELISA é geralmente utilizado um lisado viral para a pesquisa de
anticorpos. O lisado viral é feito de proteínas obtidas de partículas virais rompidas

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92
por detergentes. Porém, em muitos casos possuem também proteínas da célula
hospedeira, o que pode levar a reações falso-positivas.
O lisado viral pode também ser obtido com peptídeos sintetizados em
laboratório. Além de proteínas recombinantes, sintetizadas em organismos
geneticamente modificados pela adição de um fragmento de DNA do HTLV-1/2.
Nos casos em que o teste de ELISA apresentar positividade para o HTLV, a
confirmação deve ser realizada pela utilização do teste de western blot. O qual é
empregado também para diferenciar a infecção entre HTLV-1 e HTLV-2. A
confirmação de positividade por esses testes é dada pela presença de anticorpos
para p24, proteína de cápside. Além da presença de um dos produtos do gene env,
gp46 ou gp61.
Em alguns países, o teste de triagem é a aglutinação em partículas de látex
e a confirmação é por imunofluorescência indireta.
O teste de aglutinação em partículas de látex ou gelatina é um procedimento
fácil e de rápida execução. Não necessita de equipamentos. E, portanto, pode ser
amplamente utilizado em estudos epidemiológicos. Nestes, o importante é observar
a ocorrência de resultados falso-positivos e falso-negativos. Os quais ocorrem por
limitação da própria técnica ou pelo fenômeno prozona.
Fenômeno prozona é uma reação indeterminada. Neste caso, o fenômeno
acontece devido à presença excessiva de anticorpos. O que leva a um bloqueio de
todos os sítios antigênicos. Em consequência disso, o processo de formação da
rede de partículas é inibido e a reação é dita indeterminada. Para melhor resultado
neste ensaio, é recomendável a diluição inicial da amostra – o que irá prevenir a
concentração de anticorpos.
O teste de imunofluorescência se baseia na visualização da interação
antígeno anticorpo, por meio de fluorescência. Um ensaio de baixo custo, alta
sensibilidade e especificidade. Sua desvantagem reside na necessidade do
microscópio apropriado para sua realização.
No ensaio de imunofluorescência, a ausência de fluorescência em todas as
células caracteriza a amostra como negativa. Enquanto a presença de fluorescência
em 25% a 30% das células indica positividade. Porém, um resultado diferente dos
descritos anteriormente – muitas vezes com fluorescência em todas as células –

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93
indica amostra indeterminada. Há necessidade de repetição do teste ou confirmação
por western blot.

6.4.2 Detecção dos antígenos virais

A antigenemia pelo HTLV é muito baixa. Portanto, a utilização desses testes


nas infecções pelo HTLV é de pouca aceitação, pois exige um cocultivo prévio de
células infectadas de pacientes com células não infectadas.

6.4.3 Ensaios de Biologia Molecular

Os testes de Biologia Molecular são geralmente utilizados nos casos em que


os resultados são indeterminados. O que torna necessário a realização da
confirmação do diagnóstico com a utilização do método de PCR.
Os casos de resultados indeterminados que apresentam PCR negativa
podem sugerir exposição ao HTLV e merecem acompanhamento.

6.5 EPIDEMIOLOGIA

Pouco se sabe quanto aos aspectos epidemiológicos relacionados ao


HTLV-1. Entretanto, estimativas atuais apontam para 15 milhões a 20 milhões de
indivíduos infectados pelo HTLV-1 em todo o mundo. Distribuídos em focos de
caráter endêmico, de acordo com determinadas áreas geográficas ou grupos
étnicos a que pertencem. Calcula-se que entre estes cerca de 3% a 8% virão a
desenvolver alguma doença relacionada ao HTLV. As maiores prevalências são
relatadas em regiões do Caribe, América do Sul, oeste africano e Japão.
Pesquisas apontam o sul do Japão como a região mais endêmica do mundo. A

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soroprevalência pode atingir até 20% desta população. Observe na FIGURA 31 o
panorama da endemia pelo HTLV no mundo.

FIGURA 31 - ÁREAS DO MUNDO CONSIDERADAS ENDÊMICAS PELO HTLV

FONTE: Disponível em: <http://claudiopozzatti.zip.net/noticias>. Acesso em: 31 ago. 2012.

Na América do Sul, estudos realizados em doadores de sangue


comprovaram uma prevalência de 2% de soropositividade. Estudos semelhantes
realizados nas 27 capitais no Brasil demonstraram distribuição heterogênea, com
uma variação de 0,4/1000, em Florianópolis (SC), a 10/1000, em São Luís (MA).
Nas regiões não endêmicas, certos grupos devem ser considerados por
apresentar comportamento de risco. Como os imigrantes de áreas endêmicas,
parceiros sexuais e descendentes de indivíduos sabidamente infectados. Bem com
profissionais do sexo e usuários de drogas.
Estudos apontam que a prevalência da infecção aumenta com a idade.
Sendo maior a soropositividade no sexo feminino. Ressaltam ainda que o vírus se
apresenta de modo endêmico nos diferentes grupos raciais. O que parece refletir
uma predisposição não genética para adquirir o vírus. Entretanto, no que se
refere ao desenvolvimento de patologias nos infectados, o fator genético parece
ser importante.

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95
Outros estudos mostram que a prevalência da infecção é maior nos locais
em que há maior concentração de homossexuais e bissexuais, prostitutas, pacientes
com AIDS e homens com hemofilia.
Estudos mais atuais mostram que o vírus tem uma tendência a
agrupamento, em diferentes áreas geográficas do mundo. Há variação da
prevalência de acordo com a região geográfica.
Desse modo, observa-se que, no Oriente Médio, a soroprevalência dessas
infecções é de cerca de 3% no nordeste do Irã. No Novo Mundo, a maioria dos
casos positivos ocorre em descendentes africanos, imigrantes japoneses e índios
nativos. No Caribe, a alta incidência ocorre entre a população negra de
descendência africana. Os casos de HTLV-1 relatados nos Estados Unidos ocorrem
em áreas endêmicas isoladas ou foram encontrados entre os usuários de drogas.
Por outro lado, em diversos países das Américas Central e do Sul, o vírus é
considerado endêmico. O Brasil também é um país endêmico para a infecção por
HTLV-1, sendo Salvador, na Bahia, a cidade com maior prevalência.

6.6 DIFERENÇA ENTRE PETÉQUIA, EQUIMOSE, PÚRPURA E HEMATOMA

Vamos fazer uma pequena pausa para ver alguns conceitos?


Qual a diferença existente entre petéquia, equimose, púrpura e hematoma?
Observe atentamente as figuras a seguir e formule você mesmo um conceito para
cada um dos termos.
Veja se consegue ver isso sem o auxílio de outras pessoas. Boa sorte! A
explicação está logo abaixo. Mas, acredito que você mesmo será capaz de
observá-las.

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96
FIGURA 32 - REPRESENTAÇÃO DE PETÉQUIA, EQUIMOSE,
PÚRPURA E HEMATOMA

A B

C D

FONTE: Disponíveis em: <http://portfolio.med.up.pt/ialopes/patologia/clinicas.htm> (A, B e C); e


<http://cadernounip.blogspot.com.br/2011/05/aula-24052011-parte-1.html> (D).
Acesso em: 18 ago. 2012.

Isso mesmo! Acredito que você já reparou.


A diferença entre esses termos consiste na extensão de cada uma.
Todas se referem a processos hemorrágicos que acontecem na pele ou em
membranas mucosas.
Agora, veja a definição para cada um desses processos hemorrágicos:
 petéquias – hemorragias puntiformes menores que 1mm (FIGURA A);
 púrpuras – hemorragias que medem entre 1mm e 1cm de diâmetro
(FIGURA B);
 equimose – hemorragia maior que 1cm (FIGURA C);

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97
 hematoma – hemorragia em tecido, macroscopicamente visível
(FIGURA D).

FIM DO MÓDULO II

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98
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA
Portal Educação

CURSO DE
DOENÇAS VIRAIS SEXUALMENTE
TRANSMISSÍVEIS

Aluno:

EaD - Educação a Distância Portal Educação

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99
CURSO DE
DOENÇAS VIRAIS SEXUALMENTE
TRANSMISSÍVEIS

MÓDULO III

Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do
mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são
dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.

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100
MÓDULO III

7 VÍRUS DAS HEPATITES

7.1 INTRODUÇÃO

Hepatite é o nome dado à doença que ocorre por inflamação do fígado.


Considerada um grave problema de saúde pública em todo o mundo. A doença pode
ocorrer por diversas causas. Entre as mais comuns, podemos citar infecção por
determinados vírus, uso abusivo de álcool, medicamentos e outras drogas. Além
disso, doenças genéticas, autoimunes e metabólicas podem também estar envolvidas.
Pesquisas atuais apontam para a existência de outras doenças que
contribuem com o processo de inflamação hepática de forma silenciosa. Pois, nem
sempre acarretam algum tipo de sintomatologia. Entretanto, as hepatites mais
comuns são as que possuem etiologia viral.
As hepatites virais são de distribuição universal. Mas, apresentam-se de
modo variável entre as diversas regiões. De tal forma, que os diferentes agentes
etiológicos aparecem mundialmente de modo distinto. No Brasil, também há relatos
desta variação. As hepatites virais são de grande importância em Saúde Pública e
para a população. Pois, existe um grande número de indivíduos acometidos. Além
de haver grande possibilidade de complicações agudas e/ou crônicas.

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101
7.2 HISTÓRICO E CLASSIFICAÇÃO

Na espécie humana, os principais agentes virais causadores de hepatite são


os vírus das hepatites A, B, C, D e E. Os quais além de possuírem forma e
estruturas distintas apresentam famílias e gêneros diferentes.
O QUADRO 9 apresenta de maneira didática os vírus causadores de
hepatites e suas respectivas famílias e gêneros. Observe que as hepatites virais
podem ser divididas de acordo com o modo de transmissão. De tal maneira que dois
grupos de vírus causadores de hepatites podem ser vistos. No primeiro grupo, estão
os vírus das hepatites que são transmitidos por via fecal-oral. No qual estão
incluídos os vírus das hepatites A e E, respectivamente reconhecidos como HAV e
HEV. Enquanto no outro grupo encontram-se aqueles que ocorrem por transmissão
sanguínea, fluidos corporais ou contato sexual. O qual inclui os vírus das hepatites
B, C e D, denominados HBV, HCV e HDV, respectivamente.

QUADRO 9 - APRESENTAÇÃO DOS VÍRUS CAUSADORES DE HEPATITES

VÍRUS FAMÍLIA GÊNERO TRANSMISSÃO

HAV Picornaviridae Hepatovírus Fecal-oral

HBV Hepadnaviridae Orthohepadnavírus Parenteral / perinatal / sexual

HCV Flaviviridae Hepacivírus Parenteral / perinatal / sexual

HDV - Deltavírus Parenteral / perinatal / sexual

HEV - Hepevírus Fecal-oral


FONTE: Arquivo pessoal do autor.

Sabe-se ainda que pesquisadores do assunto buscam de modo incansável


o agente etiológico para determinados casos de hepatites. Pois, há um enorme

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102
número de casos de hepatites pós-transfusão sem diagnóstico. Atualmente, estes
casos recebem a denominação genérica de hepatite não A-E. Contudo, por meio
destas pesquisas, novos vírus já foram identificados. Em alguns casos, com alta
prevalência, como o vírus da hepatite G (HGV) e o torque teno vírus (TTV). Os
quais alcançam 90% dos casos. Mas, até o momento, não se comprova a relação
destes com doenças do fígado. De qualquer forma, em nosso curso abordaremos
apenas as hepatites B, C e D. Pois, são estas que comprovadamente apresentam
relação com DSTs.

8 VÍRUS DA HEPATITE B (HBV)

A hepatite B é uma doença provocada pelo vírus da hepatite B, reconhecido


simplesmente como hepatitis B virus (HBV). É a mais perigosa das hepatites virais.
Uma das doenças mais frequentes do mundo. Acredita-se que existam 350 milhões
de portadores crônicos do vírus espalhados em todo o mundo. Pessoas que podem
desenvolver doenças hepáticas graves. Porém, apesar de ser considerada uma DST
de grande importância, atualmente a vacina do vírus da hepatite B está disponível.
Ela possui eficácia de 95%.
O HBV é causa importante de hepatite crônica, cirrose e carcinoma
hepatocelular. Veja na FIGURA 33 a imagem do HBV em microscopia eletrônica.

FIGURA 33 - IMAGEM MICROSCÓPICA DO HBV

FONTE: Disponível em: <http://8adst.wordpress.com/hepatite-b/>. Acesso em: 18 ago. 2012.

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103
8.1 HISTÓRICO DAS HEPATITES

As hepatites virais existem há milênios. Nos relatos de Hipócrates, a origem


infecciosa da icterícia já é descrita como um problema que teria o fígado como órgão
de origem. O qual poderia estar relacionado com o acúmulo de líquido no abdômen.
Surtos de icterícia são descritos na Alemanha desde o ano de 752. Inclusive
com recomendações de quarentena como forma de evitar a doença.
No Brasil, os relatos anteriores ao século XIX são raros. Porém, havia uma
urna funerária em Porto Velho (RO), de mais de 500 anos, na qual um nativo
revelava sinais de cirrose hepática.
O nome hepatite foi utilizado pela primeira vez em 1725, por Bianchi J. B. A
primeira descrição de hepatite parenteral ocorreu em 1895, em uma campanha de
vacinação contra a varíola, que ocorreu na Alemanha. Quando trabalhadores que
receberam a vacina contra a varíola, desenvolveram quadro de icterícia, dois a oito
meses após aplicação. No Brasil, por volta de 1940, também foi observado um surto
pós-vacinal.
Nos Estados Unidos, em 1943, foi revelado um surto de icterícia ocorrido em
um período entre um e quatro meses pós-transfusão de sangue ou plasma. Em
1965, Baruch Blumberg (FIGURA 34) revelou a presença do antígeno Austrália
(AgAu) em soros de pacientes leucêmicos. O AgAu foi depois relacionado ao
antígeno de superfície do HBV, o HBsAg.

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104
FIGURA 34 - FOTOGRAFIA DE BARUCH BLUMBERG, PRIMEIRO CIENTISTA A
DEMONSTRAR A RELAÇÃO ENTRE O ANTÍGENO AUSTRÁLIA E O HBV

FONTE: REVISTA DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE MEDICINA TROPICAL. 43 ed. p. 322-330, mai-


jun, 2010.

A partir daí, outros vírus responsáveis por quadros de hepatite foram


observados. Atualmente existem hepatites virais dos tipos A, B, C, D e E.

8.2 CLASSIFICAÇÃO

O vírus da hepatite B pertence à família Hepadnaviridae, gênero


Orthohepadnavirus. É o único membro da família que infecta os seres humanos. Seu
vírion é pequeno, tem aproximadamente 42nm de diâmetro. Possui ácido nucleico
do tipo DNA circular, parcialmente dupla fita. Apresenta nucleocapsídeo de formato
icosaédrico. Recoberto por um envelope lipoproteico, composto pelas proteínas
virais S (small), M (middle) e L (large).

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105
A FIGURA 35 apresenta uma ilustração do vírus da hepatite B, destacando
suas principais proteínas. São essas proteínas virais que marcam o estágio da
infecção no hospedeiro. Portanto, devem ser vistas com bastante atenção.

FIGURA 35 - ESQUEMA ILUSTRATIVO DA PARTÍCULA DO HBV


Antígeno solúvel
(HBeAg)

DNA polimerase

Antígeno do
core (HBcAg) Antígeno de
superfície (HBsAg)

DNA parcialmente dupla fita

FONTE: Disponível em: <http://medlibes.com/entry/hepatitis-b>. Acesso em: 18 ago. 2012.

As proteínas do HBV oferecem grande valor no diagnóstico da infecção.


Pois, são expressas em momentos diferentes do processo de replicação do vírus na
célula hospedeira. Devido a isso, podem ser utilizadas como marcadores sorológicos
da infecção, que é de importância no exame do processo infeccioso. A comprovação
da presença dessas proteínas no hospedeiro, ou a comprovação da presença de
anticorpos formados contra essas proteínas, poderá determinar se o indivíduo já
entrou em contato com o vírus. Além de dizer se o indivíduo já está imune.
Recordar os conceitos da imunologia oferecerá melhor entendimento
acerca da hepatite B e da presença de seus marcadores no soro dos indivíduos.
Pois, já foi observado que os diferentes anticorpos se formam em diferentes
momentos das infecções.

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106
8.3 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

O HBV é um vírus altamente infeccioso. Facilmente transmissível pela via


sexual. Mas, pode ser transmitido também por meio de transfusão de sangue,
procedimentos médicos e odontológicos e hemodiálises. Quando são realizados
sem a utilização das normas de biossegurança adequadas. Além disso, as pessoas
devem ficar atentas para possibilidade de outras formas de contaminação, como a
via vertical de transmissão, o contato íntimo entre familiares, além dos acidentes
com perfurocortantes, compartilhamento de seringas e de material para a realização
de tatuagens e colocação de piercings são muito comuns.
O período de incubação da doença, após a infecção, é longo. Pode variar
entre 45 e 120 dias. Porém, mesmo sem apresentar sintomas de doença, uma
pessoa infectada pode transmitir a doença para as outras. Devido à presença do
vírus em seu organismo. Esse período de transmissão varia de duas a três semanas
antes dos primeiros sintomas. Mas se mantém durante as diferentes fases clínicas
da doença. O portador crônico pode transmitir o vírus por vários anos.
Além da possibilidade de a infecção pelo HBV se tornar crônica, pode evoluir
para cirrose hepática. Ou progredir para outras complicações, como ascite,
hemorragias digestivas, peritonite bacteriana espontânea, encefalopatia hepática e
carcinoma hepatocelular.

8.3.1 Hepatite aguda pelo HBV

Na fase aguda da infecção, o soro do indivíduo é marcado pela presença do


antígeno HBs, o HBsAg. Em seguida, ocorre o aparecimento de anticorpos do tipo
IgM anti HBc e anti HBc total. O antígeno HBe, HBeAg, é indicativo de replicação
viral e infecciosidade. Portanto, irá surgir no final do período de incubação, e
desaparecer um pouco antes do HBsAg, ainda durante a fase sintomática. Serve

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107
como um marcador da presença do genoma viral. A fase de convalescença ocorre
no período entre 2 e 12 semanas após a infecção. Fase em que haverá redução dos
níveis de anticorpos do tipo IgM anti HBc, permanência de anticorpos do tipo IgG
antiHBc e desaparecimento do HBs Ag. A cura da doença aguda se dá pela
soroconversão do HBsAg para anti HBs. O que confere imunidade ao indivíduo.
Além de normalizar as enzimas hepáticas.
Observe na FIGURA 36, o gráfico demonstrativo das alterações sorológicas
que ocorrem quando o indivíduo se encontra na fase aguda da infecção. Na figura,
estão representados os momentos de aparecimento de cada um dos antígenos,
marcadores da infecção pelo HBV. Preste atenção nos detalhes. Veja que a figura
mostra o momento de maior concentração de cada um destes antígenos.

FIGURA 36 - DEMONSTRATIVO DAS ALTERAÇÕES QUE OCORREM NO SORO


DURANTE UMA INFECÇÃO AGUDA PELO HBV

FONTE: Disponível em: <http://www.csvlab.com.br/main.asp?link=amateria&id=14>.


Acesso em: 17 ago. 2012.

Na infecção aguda após a infecção pelo HBV, depois do período de


incubação, há um período pré-ictérico. Essa fase pode persistir por vários dias ou
chegar a uma semana. Durante esse período, os sintomas são inespecíficos. Ocorre
febre leve, mal-estar, anorexia, mialgia e náuseas. Em seguida, há o período

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108
ictérico, que pode ser de 1 a 21 meses de duração. É nessa fase que a urina fica
escura. O fígado geralmente torna-se aumentado e mais sensível.
A doença aguda pode evoluir para hepatite fulminante em 1% a 2% dos
casos sintomáticos. Quando ocorre na presença de febre alta, dor abdominal, e em
alguns casos convulsão, coma e alteração renal. Condição fatal em cerca de 8% dos
casos. Um processo já observado, mas que ainda merece atenção por parte dos
pesquisadores do assunto.
Indivíduos adultos infectados, em cerca de 90% dos casos, não desenvolvem
sintomas. Porém, os 10% restantes podem desenvolver hepatite crônica com
evolução para cirrose e hepatocarcinoma. Um pequeno número poderá desenvolver
hepatite fulminante e seguir para o óbito. Entre as crianças, entretanto, devido ao
sistema imune imaturo, em cerca de 90% dos casos, há evolução para a condição de
portadores crônicos da doença. A evolução para a cura em adultos ocorre em cerca
de 90% dos casos. Em cerca de 70% dos casos, a infecção é subclínica.
Veja nos quadros a seguir um resumo dos marcadores sorológicos de
infecção pelo HBV.

QUADRO 10 - MARCADORES DE INFECÇÃO AGUDA PELO HBV


MARCADORES DE INFECÇÃO AGUDA PELO HBV
HBsAg REAGENTE
Anti HBc total* REAGENTE
Anti HBc IgM REAGENTE
*anti HBc total detecta anticorpos dos tipos IgG e IgM. Quando positivo, há
necessidade de definir: presença de altos títulos de IgG, indica imunidade
por infecção passada; presença de altos títulos de IgM indica fase aguda de
doença.
FONTE: Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/ABCDE_diagnostico_hepatites_virais.pdf 2009>.
Acesso em: 18 ago. 2012.

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109
QUADRO 11 - MARCADORES DE FASE FINAL DA HEPATITE AGUDA PELO HBV
MARCADORES DA FASE FINAL DA HEPATITE AGUDA PELO HBV
HBsAg* REAGENTE ou NÃO REAGENTE
Anti HBc IgM** REAGENTE ou NÃO REAGENTE
Anti HBc total REAGENTE
Anti HBs REAGENTE ou NÃO REAGENTE
HBeAg NÃO REAGENTE
Anti HBe REAGENTE
*HBsAg – primeiro marcador que surge na infecção aguda pelo HBV - surge em torno de quatro
semanas pós exposição; declina e se torna não detectável até a 24ª semana;
**anti HBc IgM – marcador de infecção recente pelo HBV - encontrado até 32 semanas pós-
infecção; porém, pode se apresentar na fase crônica nos casos de nova infecção aguda.
FONTE: Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/ABCDE_diagnostico_hepatites_virais.pdf 2009>.
Acesso em: 18 ago. 2012.

QUADRO 12 - MARCADORES DE INFECÇAO PASSADA PELO HBV


INFECÇAO PASSADA
HBsAg* NÃO REAGENTE
Anti HBs REAGENTE
Anti HBc IgM NÃO REAGENTE
Anti HBc total REAGENTE
HBeAg NÃO REAGENTE
Anti HBe REAGENTE
*HBsAg – desaparece totalmente após a infecção aguda.
FONTE: Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/ABCDE_diagnostico_hepatites_virais.pdf 2009>.
Acesso em: 18 ago. 2012.

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110
8.3.2 Hepatite crônica pelo HBV

A infecção pelo HBV tem a possibilidade de se tornar crônica.

FIGURA 37 - EVOLUÇÃO DE LESÃO HEPÁTICA EM INDIVÍDUOS COM


INFECÇÃO PELO HBV

A B

C D
Em A, avanço de septos fibrosos, com infiltrado inflamatório para os pseudolóbulos. Em B, processo
inflamatório intenso em septos fibrosos. Em C, necrose de hepatócito. Em D, hepatócitos em vidro
fosco, característico (não patognomônico) de hepatite B crônica.
FONTE: Disponível em: <http://anatpat.unicamp.br/lamfig4.html>. Acesso em: 17 ago. 2012.

Nestes casos, os indivíduos apresentam sinais histológicos de lesão


hepática; um processo inflamatório, com ou sem deposição de fibrose. Além de
marcadores sorológicos de replicação viral. Os sintomas que surgem irão depender
do grau da lesão. Em raros casos, o diagnóstico é realizado quando aparecem os
sinais e sintomas devido a complicações da doença, como cirrose e/ou
hepatocarcinoma.
Veja, na FIGURA 37, parte das alterações inflamatórias que acontecem no
fígado de um indivíduo que apresenta sintomas de hepatite B em fase de cronificação.

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111
Nos casos em que a pessoa tem a infecção de forma crônica, mas não
apresenta manifestações clínicas, a replicação viral é baixa ou ausente. Não
apresenta evidência de alterações graves à histologia hepática. Essa pessoa é
considerada um portador assintomático. Nessas situações, em geral, a evolução
tende a ser benigna. Porém, essas pessoas são capazes de transmitir o HBV.
Possuem importância epidemiológica na perpetuação da infecção.
Em acordo com o surgimento das proteínas virais o desenvolvimento da
infecção crônica pelo HBV pode-se distinguir em três fases. Visualize essas
alterações com a ajuda da FIGURA 38 para melhor entendimento. Observe que, em
cada fase, essas proteínas surgem como marcadores da doença.

FIGURA 38 - DEMONSTRATIVO DAS ALTERAÇÕES QUE OCORREM NO SORO


DE INDIVÍDUOS QUE APRESENTAM INFECÇÃO CRÔNICA PELO HBV

FONTE: Disponível em: <http://www.csvlab.com.br/main.asp?link=amateria&id=14>.


Acesso em: 17 ago. 2012.

Agora, faça a associação do surgimento de cada uma destas proteínas e a


respectiva fase.
 Replicação viral ativa – fase em que as taxas de replicação são
relativamente altas; ocorre no início da infecção; associada à presença de
HBeAg; níveis elevados de DNA viral; lesões hepáticas discretas ou
ausentes.

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112
 Diminuição da replicação viral – desaparecimento do HBeAg;
aparecimento de anti HBe (por intensificação de resposta imunológica);
lesões hepáticas graves e alto risco de cirrose.
 Inativação de replicação viral – síntese contínua de anti HBsAg; alto
risco de desenvolvimento de hepatocarcinoma e possível reativação da
infecção e restabelecimento da infecciosidade.
A infecção crônica do HBV pode ainda se manifestar na população de três
maneiras diferentes: infecção crônica persistente, infecção crônica ativa ou na forma
de cirrose hepática. Veja a diferença entre estas três a seguir.
 hepatite crônica persistente – o paciente em geral é assintomático, o
exame clínico é normal ou com hepatomegalia discreta. Elevação de
transaminases em até quatro vezes os valores referência. Os outros testes
hepáticos são normais. A histologia mostra a presença de infiltrado
inflamatório de grau moderado (veja FIGURA 37A). Em geral, possuem bom
prognóstico, mas pode evoluir para a forma crônica ativa com persistência
de replicação viral.
 hepatite crônica ativa – caracterizada por enfraquecimento e icterícia,
hepatomegalia moderada, fosfatase alcalina e gamaglutamiltranspeptidase
(GGT) normais ou pouco elevadas, esplenomegalia, infiltrado inflamatório
intenso com predominância de células mononucleadas.
 cirrose – é doença progressiva. Há formação excessiva de tecido
conjuntivo e alto risco de evolução para hepatocarcinoma.
Agora, observe no quadro a seguir, um pequeno resumo do comportamento
dos marcadores do HBV em casos de hepatite crônica.

QUADRO 13 - MARCADORES DE INFECÇAO CRÔNICA PELO HBV


INFECÇÃO CRÔNICA
HBsAg REAGENTE
Anti HBc total REAGENTE
Anti HBc IgM REAGENTE ou NÃO
REAGENTE

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HBeAg* REAGENTE
Anti HBe REAGENTE ou NÃO
REAGENTE
HBeAg* - em pacientes infectados por cepas com mutação pré
core - não produtoras do HBeAg - esse marcador se encontra
não reagente. Há recomendação de testes de biologia
molecular para avaliação de carga viral.
FONTE: Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/ABCDE_diagnostico_hepatites_virais.pdf 2009>.
Acesso em: 18 ago. 2012.

Porém, é interessante saber que os estudos atuais sugerem que o HBV


exerce apenas efeito indireto na transformação maligna dos hepatócitos. Devido à
persistência da inflamação hepática e progressão da hepatite para cirrose. Um fator
de risco para desenvolvimento de hepatocarcinoma.

8.3.3 Hepatite fulminante

É a insuficiência hepática aguda, devido ao aparecimento de icterícia,


coagulopatia e encefalopatia hepática em um intervalo de até oito semanas. Uma
condição rara e fatal, de mortalidade elevada, entre 40% e 80% dos casos. Está
relacionada à degeneração e necrose dos hepatócitos. Os primeiros sinais e
sintomas são leves e inespecíficos. No entanto, a observação de um quadro de
icterícia ao lado de indisposição progressiva, urina escurecida e coagulação anormal
podem ser sinais indicativos de desenvolvimento de insuficiência hepática. Após a
apresentação inicial destes sintomas a deterioração neurológica progride para o
coma rapidamente em poucos dias.

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114
8.4 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

A realização do diagnóstico laboratorial da infecção pelo HBV ocorre pelo


conjunto de exames clínicos e laboratoriais. Todos servirão de base para um
diagnóstico mais preciso. Com a utilização de testes que representam apenas os
aspectos clínicos não é possível identificar o agente etiológico. É necessário que
haja a realização de exames sorológicos.

8.4.1Exames laboratoriais inespecíficos

São testes que detectam diversas alterações no fígado, mas que não
apresentam a etiologia da doença. Em resumo, são testes que mostram uma
modificação de funcionamento ou morfologia, sem apresentar a causa. Após a
observação e análise do resultado destes, o indivíduo é encaminhado para a
comprovação de quadros de hepatite viral. Neste momento é que serão solicitados
os testes específicos das hepatites virais, denominados testes sorológicos.
Os exames laboratoriais inespecíficos incluem as dosagens dos diversos
marcadores bioquímicos. É por meio destes testes que o fígado será avaliado. São
exames que permitem a avaliação do funcionamento do fígado. São eles que
denunciam a presença de lesão no fígado, comprovam a existência de complicações
associadas ao processo de cirrose, bem como são capazes de identificar o estágio
desse processo.
Enfim, estes exames são de grande auxílio na investigação da etiologia da
doença hepática. Sendo assim, vários são os testes utilizados para este fim. No
QUADRO 14 estão alguns destes marcadores bioquímicos, e sua utilidade no
diagnóstico de hepatite.

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115
QUADRO 14 - MARCADORES BIOQUÍMICOS E UTILIZAÇÃO NO DIAGNÓSTICO
ENZIMA FINALIDADE
AMINOTRANSFERASES AST* Avaliar lesão hepática
(Transaminases) ALT* *
BILIRRUBINAS
GAMAGLUTAMILTRANSFERASE
PROTROMBINA Avaliar função de síntese do fígado
PROTEÍNAS SÉRICAS
ALFA-FETOPROTEÍNA Avalia complicações e estágio de cirrose
AST* - Aspartato aminotransferase; ALT* *- Alanina aminotransferase;
FONTE: Arquivo pessoal do autor.

8.4.2 Exames laboratoriais específicos

Após a avaliação dos marcadores bioquímicos é necessário avaliar as


alterações sorológicas. Ferramenta de apoio na pesquisa de marcadores que se
apresentam no soro de indivíduos que possuem infecção. Serve para detecção das
proteínas virais bem como dos anticorpos a elas direcionados no soro. O que servirá
para indicar a fase da infecção, além de indicar o estado de portador em pacientes
assintomáticos. São esses testes que comprovam a presença de infecção viral.
Os principais métodos utilizados para detecção desses marcadores são os
testes imunoenzimáticos. Atualmente, o diagnóstico do HBV é realizado pela
comprovação da presença dos seguintes marcadores:
 HBsAg – antígeno de superfície;
 Anti HBs – anticorpo para o HBs;
 Anti HBc – anticorpo para o HBc;
 HBeAg – antígeno “e”;
 Anti HBe – anticorpo para o HBe.

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116
Entretanto, é necessário cautela na hora de compreender o significado
desses exames sorológicos. A tarefa não é fácil e é motivo de confusão entre os
portadores, e, também, entre os profissionais da saúde que não estão acostumados
a lidar com a hepatite B. Em seguida, estão relacionados os marcadores do HBV,
bem como suas funções. Observe:
 HBsAg – antígeno de superfície do HBV
Primeiro marcador que surge após a infecção. Por volta do 30º a 45º dias.
Na hepatite aguda pode permanecer detectável por até 120 dias. Entretanto, alcança
níveis indetectáveis em até 24 semanas. Sua persistência além de seis meses
caracteriza infecção crônica. É utilizado na triagem da hepatite B.
Há mutações que podem alterar a conformação do HBsAg e, em
consequência, inibir a sua detecção pelos testes imunoenzimáticos usuais. Sendo
assim, nos casos em que a sorologia para o HBsAg se apresentar negativa, um
indicativo de infecção oculta, é recomendável avaliar a carga viral do HBV, com o
auxílio da biologia molecular.
 Anti-HBc IgG – anticorpos do tipo IgG contra o antígeno do núcleo do HBV
Marcador que indica contato prévio com o vírus. Vai permanecer detectável
por toda a vida nos indivíduos que tiveram a infecção.
 Anti-HBc total – marcador de triagem para a hepatite B
Detecta e comprova a presença de anticorpo do tipo IgG bem como do
anticorpo do tipo IgM. É utilizado na triagem da hepatite B.
Por isso quando o resultado de anti-HBc total é reagente é importante a
definição do resultado. Para verificar se é devido aos altos títulos de IgG que garante
imunidade por infecção passada ou imunidade por resposta vacinal. Ou pelos altos
títulos de IgM, que indica fase aguda de doença.
 Anti-HBc IgM – anticorpos do tipo IgM contra o antígeno do núcleo do HBV
Marcador de infecção recente encontrado no soro até 32 semanas após a
infecção; portanto, confirma o diagnóstico de hepatite B aguda. Pode, em alguns
casos, estar presente na fase crônica.
 Anti-HBs – anticorpos contra o antígeno de superfície do HBV
É o único marcador que dá indicação de imunidade ao vírus. É indicativo de
cura. Sua presença no soro ocorre logo após o desaparecimento do HBsAg. Surge
de modo isolado em indivíduos que foram vacinados.

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 HBeAg – antígeno “e” do HBV
É indicativo de replicação viral; de alta infectividade. Na fase aguda surge
após o aparecimento do HBsAg e pode permanecer por até dez semanas; em
doença crônica, o HBeAg presente indica replicação viral e, portanto, atividade da
doença.
 Anti-HBe – anticorpo contra o antígeno “e” do HBV
Surge após o desaparecimento do HBeAg. Indica o fim da fase de replicação
viral. Seu surgimento é marcador de bom prognóstico na hepatite aguda pelo HBV.
A soroconversão de HBeAg para anti-HBe indica alta probabilidade de
resolução da infecção nos casos agudos. Na hepatite crônica, a presença do anti-HBe
indica ausência de replicação viral, e, portanto, menor atividade da doença.
O QUADRO 15 apresenta a interpretação dos testes sorológicos para
hepatite B, com a utilização dos marcadores encontrados no soro de indivíduos
infectados. Observe que, após a leitura, fica simples de chegar a um diagnóstico
satisfatório. Compare com o que está descrito no texto.

QUADRO 15 - DIAGNÓSTICO DO HBV DE ACORDO COM OS MARCADORES

FONTE: Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/hepatites_virais_gve.pdf>.


Acesso em: 18 ago. 2012.

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118
8.4.3 Exames adicionais

Em alguns casos, o diagnóstico pode não ser satisfatório após a realização


dos testes já apresentados. Quando permanecem duvidosos mesmo com a união
dos exames inespecíficos e específicos. Nestes casos particulares, é necessário que
haja uma pesquisa adicional com o auxílio da Biologia Molecular.
Os testes de Biologia Molecular se baseiam na detecção do ácido nucleico
viral. O método denominado reação da polimerase em cadeia (PCR) pode ser
utilizado com a finalidade de realizar uma pesquisa qualitativa e/ou quantitativa.
Porém, devido a sua alta sensibilidade, e detecção do DNA viral mesmo na ausência
de replicação, o seu uso para esta finalidade torna-se de pouca importância. Mas, é
de grande valor na determinação da carga viral. E, portanto, deve ser utilizado com a
finalidade de monitoramento da presença de replicação viral e controle da cura nos
casos de mutações pré-core, quando não se detecta o HBeAg.
Esses testes garantem mais rapidez no diagnóstico e possibilitam agilidade
no tratamento da doença. O que aumenta a possibilidade de cura e diminui as
sequelas. Além de proporcionar ao médico a possibilidade de monitorar o tratamento
do indivíduo de modo mais eficiente e verificar se o medicamento está atingindo o
efeito desejado.

8.5 EPIDEMIOLOGIA

Pesquisas atuais apontam que acima de 50% da população mundial já foi


contaminada pelo HBV. Aproximadamente 2 bilhões de pessoas já entraram em
contato com o vírus. Apontam também a existência de 350 milhões de portadores
crônicos. A cada ano, surgem 50 milhões de novos casos. No Brasil, 1% da
população é portadora crônica e 15% já foram contaminados.

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119
Sabe-se que o HBV provoca hepatite aguda em um terço da população
atingida, e 1/1000 infectados pode contrair a doença na forma fulminante. Enquanto
em 10% dos casos a doença torna-se crônica, especialmente nos homens.
Pesquisadores associam a persistência e sobrevivência do HBV na
população a fatores como: estabilidade do vírus, variadas formas de transmissão e,
principalmente, a existência de portadores crônicos.
Em países industrializados, as duas principais vias de transmissão do HBV
são o contato com sangue infectado e as relações sexuais desprotegidas. Enquanto,
nos países em desenvolvimento, a transmissão vertical também é uma forma
importante de contaminação. O que se comprova pelo fato de que as infecções
materno-infantil, vertical e horizontal, nos primeiros anos de vida, ocorrem em
regiões de alta endemicidade como África, China e sudeste asiático. Já em regiões
de baixa endemicidade, como Europa, EUA e Austrália, a contaminação ocorre na
vida adulta.
Quanto ao Brasil, é interessante saber que, estudos realizados no final da
década de 80 e início dos anos 90 sugeriram uma tendência crescente da infecção
pelo HBV em direção à região Sul/Norte, e, descreveram três padrões de
distribuição:
 alta endemicidade – região Amazônica, alguns locais do Espírito Santo e
oeste de Santa Catarina;
 endemicidade intermediária – regiões Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste;
 baixa endemicidade – região Sul.
Entretanto, após a introdução da política de vacinação contra o HBV – iniciada
em 1989, no estado do Amazonas –, houve grande alteração desse padrão. Há
regiões do estado do Amazonas em que o percentual de portadores do HBV passou
de 15,3 %, em 1988, para 3,7%, em 1998. O que fez essa região passar a ocupar a
classificação de baixa ou moderada endemicidade, permanecendo na categoria de
alta endemicidade apenas a região sudeste do Pará.
O surpreendente ocorre na região Sul, onde o estado de Santa Catarina
passou para a classificação de prevalência moderada. Enquanto o oeste do Paraná
permanece como região de alta endemicidade. Porém, esses padrões distintos, de
classificação em uma mesma região, também ocorreram nas regiões Sudeste e

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120
Centro-Oeste. Sendo válido salientar que a região Nordeste, como um todo, está em
situação de baixa endemicidade.
É válido ressaltar que essas modificações da infecção pelo HBV em
números foram observadas mundialmente. Pesquisas mostram que, de 1990 a
2005, a prevalência de infecção crônica por HBV diminuiu na maioria das regiões.
O que foi evidenciado em regiões da África, América Central, Sudeste da Ásia e
da Europa Central.
O fato mais importante a se observar é que, apesar desta diminuição da
prevalência, o número absoluto mundial de pessoas que apresentam positividade
para o HBsAg aumentou de 223 milhões, em 1990, para 240 milhões, em 2005.
Quanto à idade específica de prevalência, observou-se alguma variação
por região geográfica. No qual o declínio mais forte foi visto em crianças do
Sudeste Asiático.
Há um consenso entre diversos pesquisadores para a existência de grupos
na população nos quais a prevalência de infecção é maior do que no restante da
população. Referem que entre estes estão os indivíduos que apresentam hábitos
considerados de alto risco, como os profissionais da saúde, usuários de drogas
injetáveis que compartilham seringas e pessoas que se submetem à hemodiálise.
Além de homens que fazem sexo com outros homens e profissionais do sexo.
Estudiosos concluem que os declínios na prevalência de infecção pelo HBV
podem estar relacionados à imunização expandida.

9 VÍRUS DA HEPATITE C (HCV)

A hepatite C é uma doença provocada pelo Vírus da Hepatite C.


Reconhecido simplesmente como hepatitis C vírus (HCV). Devido à sua gravidade,
a doença representa um grande problema de saúde pública em todo o mundo.
Acredita-se atualmente que esta é a causa mais comum de indicação de
transplante de fígado.

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121
A hepatite C é uma doença de evolução lenta. Entretanto, possui elevado
índice de cronicidade. Além de ser potencialmente fatal. Sendo, portanto,
considerada a maior causa de óbitos entre os diferentes tipos de hepatite.
O HCV é causa importante de hepatite crônica, cirrose e carcinoma
hepatocelular. O carcinoma hepatocelular é uma das principais doenças malignas
atualmente, considerado o quinto tumor maligno mais frequente em todo o mundo. É
o responsável por aproximadamente dois terços das mortes por câncer. Estudos
atuais apontam para a existência de 170 milhões de pessoas cronicamente
infectadas pelo vírus.
Veja na FIGURA 39 a imagem do HCV em microscopia eletrônica.

FIGURA 39 - FOTOMICROSCOPIA ELETRÔNICA DEMONSTRANDO


O VÍRUS DA HEPATITE C

FONTE: Disponível em:


<http://1.bp.blogspot.com/_g31b2lFjwxc/SCY5AZqbixI/AAAAAAAAAzA/ki3kJY2g6l0/s1600-
h/VHC.jpg>. Acesso em: 29 dez. 2012.

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122
9.1 HISTÓRICO

Após a descoberta dos vírus das hepatites A e B comprovou-se a existência


de outro agente viral também responsável por casos de hepatite. Sendo este
associado a casos de transmissão parenteral, transfusão sanguínea e/ou
procedimentos médicos invasivos. O novo agente foi inicialmente denominado de
agente da hepatite não-A não-B (NANBH) de transmissão parenteral.
Mais tarde, por meio de estudos em primatas, identificou-se a presença de
um vírus com genoma do tipo RNA. O qual foi em seguida denominado de vírus da
hepatite C. A partir desta descoberta, verificou-se que o HCV era responsável por
80% a 90% dos casos de hepatites não-A, não-B pós-transfusionais.

9.2 CLASSIFICAÇÃO

O vírus da hepatite C pertence à família Flaviviridae, gênero Hepacivirus. O


vírion é pequeno, com aproximadamente 55nm de diâmetro. Possui ácido nucleico
do tipo RNA, linear de fita simples. Apresenta nucleocapsídeo de formato
icosaédrico. Recoberto por um envelope lipoproteico.
A FIGURA 40 apresenta uma ilustração do vírus da hepatite C, destacando
suas principais proteínas.

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123
FIGURA 40 - ILUSTRAÇÃO DO VÍRUS DA HEPATITE C E SUAS PROTEÍNAS

PROTEINAS DO ENVELOPE

RNA VIRAL

PROTEINAS DO

FONTE: FONTE: STRAUSS, E. Hepatite C – ARTIGO DE OPINIÃO. Revista da Sociedade Brasileira


de Medicina Tropical. n. 34, p. 69-82, jan-fev. 2001.

9.3 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

O modo mais eficiente de transmissão do HCV é a via parenteral.


Especialmente por exposição direta a sangue contaminado e/ou hemoderivados. Em
menor frequência pode ocorrer a contaminação pela via sexual, por meio do
esperma e secreção vaginal; o que torna a hepatite C uma DST. Sabe-se,
atualmente, que a transmissão vertical também é possível.
Existem ainda outros fatores de risco de contaminação que devem ser
considerados, como a utilização de drogas de modo injetável ou intranasal. Outras
pesquisas ressaltam haver contaminação pela colocação de piercings e tatuagens.
O tempo médio de incubação da infecção pela hepatite C é bastante
variável. Em geral é um período de 1 a 13 meses. Mas, a média é de oito meses.
A infecção pelo HCV pode conduzir a uma série de quadros clínicos.
Entretanto, normalmente há predomínio de doença aguda assintomática. A qual se

AN02FREV001/REV 4.0

124
apresenta com sintomas inespecíficos, característicos de infecção por outros
agentes virais. O que acaba por favorecer a sua evolução para a forma crônica.
A sintomatologia aguda da doença ocorre em menos de 20% dos infectados.
Estes, geralmente, apresentam dor, prostração, anorexia, náuseas ou vômitos. Cujo
tempo médio de duração é de 2 a 12 semanas. Precedendo os sintomas
característicos de hepatite, tais como acolia fecal e colúria. Em torno de 25% dos
casos de indivíduos sintomáticos evidenciam icterícia. Em aproximadamente 25% a
50% dos acometidos a remissão ocorre de maneira espontânea.
Apesar de rara, a forma fulminante da hepatite C pode ser vista em 1% dos
indivíduos que apresentam a infecção aguda. Entretanto, estes casos são mais
comuns em imunodeprimidos. Sendo principalmente detectados quando há
coinfecção por outros agentes virais, como o HAV e/ou o HBV.
A evolução para a forma crônica da doença pode acontecer em uma média
de 70% dos acometimentos. Mas, varia entre 60% e 85% dos casos. Em geral, após
um período de seis meses de infecção. Estes casos são caracterizados pela
elevação das enzimas hepáticas. Além da inflamação e dos sinais de lesão hepática
que se apresentam na histopatologia.
Comprova-se, então, que a infecção pelo HCV apresenta algumas
similaridades à infecção pelo HBV. Pode tornar-se crônica. Além de ser possível
evoluir para cirrose hepática, ou até mesmo progredir para outras complicações
como carcinoma hepatocelular.
Porém, o padrão da infecção crônica e a progressão de lesão hepática
podem ser influenciados por fatores diretamente ligados ao hospedeiro. Observa-se
que a maior probabilidade de evolução para a cura ocorre em indivíduos de raça
branca, mais jovens, do sexo feminino. Sendo com frequência visto também entre
pacientes que demonstraram sintomatologia na fase aguda da doença.
Normalmente entre o terceiro e quarto mês após o início do quadro sintomático.
O quadro de cirrose decorre da evolução de 20% a 30% dos casos de
doença crônica. Em torno de 5% a 10% destes apresentam hepatocarcinoma. Um
quadro que pode resultar no óbito de até 10% dos acometidos. Entretanto, a
evolução para cirrose está associada a determinados fatores. Entre estes podemos
citar o tempo de duração da infecção, uso abusivo de álcool, idade do paciente, sexo
masculino e coinfecção com HIV. Assim como a baixa contagem de CD4. Da mesma

AN02FREV001/REV 4.0

125
forma que outras alterações relacionadas ao metabolismo, como diabetes e até
mesmo obesidade também estão sendo indicadas como cofatores para modificação
da fibrinogênese hepática.

FIGURA 41 - EVOLUÇÃO DA HEPATITE C APÓS INSTALAÇÃO


DE DOENÇA AGUDA

DOENÇA AGUDA

80% DOENÇA
20% CURA CRÔNICA

40%
PROGRESSÃO 60% SEM
DA DOENÇA PROGRESSÃO
(CIRROSE) DA DOENÇA

FONTE: Arquivo pessoal do autor.

AN02FREV001/REV 4.0

126
Sendo assim, o fator mais importante da hepatite C reside nos casos de
doença crônica. Observe a evolução da doença na FIGURA 41. Veja que a forma
crônica ocorre em cerca de 70% a 80% dos indivíduos infectados. Enquanto apenas
uma pequena parte, 20% a 30%, evoluem para a cura de maneira espontânea.

9.3.1 Manifestações extra-hepáticas

Similarmente aos outros agentes causadores de hepatites virais, a infecção


pelo HCV também é uma doença sistêmica. Sendo assim, apesar de a maioria das
manifestações clínicas apresentarem relação com doença hepática, outras
alterações extra-hepáticas podem surgir. As manifestações extra-hepáticas mais
frequentemente observadas nestes pacientes são: crioglobulinemia mista
essencial, porfirina cutânea tarda, tireoidite autoimune, fenômeno de Reynaud,
síndrome de Sjögren, glomerulonefrite membranoproliferativa, linfoma de células B
e poliarterite nodosa.
Em geral, essas manifestações extra-hepáticas caracterizam-se por
mecanismos autoimunes e/ou linfoproliferativos.
A crioglobulinemia é uma doença que ocorre por deposição de
imunocomplexos circulantes em vasos sanguíneos. Estes, em baixa temperatura
podem se precipitar e acometer múltiplos órgãos. Devido à observação da
frequência elevada de associação entre patologias hepáticas e a crioglobulinemia,
acredita-se haver participação de vírus hepatotrópicos na patogenia da doença.
Porém, ainda não se conhece como o HCV pode estar envolvido na formação das
crioglobulinas.
Distúrbios relacionados à tireoide são comuns em indivíduos portadores do
HCV. Pesquisadores comprovam a existência de anticorpos antitireoide em até
12,5% dos pacientes acometidos pela hepatite C. A associação do vírus da hepatite
C com a glomerulonefrite membranoproliferativa torna-se ainda maior nos casos em
que a crioglobulinemia está presente. Pesquisas mostram que as presenças do anti
HCV e do RNA do HCV têm sido comprovadas em crioprecipitados e em complexos
imunes de pacientes acometidos pela glomerulonefrite membranoproliferativa.

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127
Enfim, cientistas observam que a infecção pelo vírus da hepatite C se apresenta
como doença sistêmica. Igualmente ao que ocorre com as outras hepatites de
etiologia viral. Entretanto, nas infecções pelo vírus da hepatite C há maior frequência
de manifestações extra-hepáticas do que nos outros casos de hepatites virais.

9.4 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

De uma forma similar ao diagnóstico laboratorial da infecção pelo HBV, a


infecção pelo HCV também envolve um conjunto de exames clínicos e laboratoriais.
Reconhecidos como exames laboratoriais inespecíficos e exames laboratoriais
específicos. Os quais irão garantir a obtenção de um diagnóstico mais preciso. A
observação apenas dos aspectos clínicos não poderá determinar o agente
etiológico. O diagnóstico inespecífico é realizado com o auxílio de exames
laboratoriais que não indicam o agente etiológico da doença. Mas, indicam a
presença de alterações. E, consequentemente, apontam para a necessidade de
outros exames. Sendo assim, como o próprio termo nos diz, o diagnóstico específico
é aquele que é específico para aquela doença. É o que irá apontar o agente
etiológico da doença. No caso do HCV, esse diagnóstico é dado pela utilização dos
testes sorológicos e moleculares. Através dos quais é possível comprovar
respectivamente a presença do anti-HCV e do RNA viral.

9.4.1Exames laboratoriais inespecíficos

Exames laboratoriais inespecíficos mostram uma alteração do


funcionamento ou da morfologia hepática. Porém, estes não apresentam a causa, a
verdadeira etiologia. Estes exames são utilizados em todos os casos em que se
observa alteração no fígado. Por isso, devem mostrar qualquer alteração hepática.
Os exames laboratoriais inespecíficos mais utilizados no diagnóstico e

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128
acompanhamento da hepatite C são aqueles que detectam os níveis de
aminotransferases, principalmente a ALT.
Pois, em indivíduos portadores de hepatite C aguda os níveis de ALT
costumam se apresentar entre 400-800U/L. Quando os níveis normais são vistos
abaixo de 100U/L. Com diferenças observadas entre os valores para o sexo
feminino e masculino. Em geral, esses valores são de até 31U/L (mulheres) e de
37U/L (homens).
Porém, em um período de 45 a 60 dias, os níveis normais retornam. Mas,
nos casos de hepatite aguda prolongada a elevação persiste por até nove meses.
Observe essa alteração na FIGURA 42.

FIGURA 42 - DEMONSTRATIVO DAS ALTERAÇÕES ESPECÍFICAS E


INESPECÍFICAS OBSERVADAS NAS INFECÇÕES PELO VÍRUS DA HEPATITE C

O gráfico compara as alterações das ALT com o início dos sintomas de hepatite, surgimento do RNA
viral e do anti HCV.

AN02FREV001/REV 4.0

129
FONTE: SARACENI, C. P. Vigilância das hepatites virais: a experiência de Vargem Grande Paulista.
1997-1999. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública). São Paulo: Faculdade de Saúde Pública,
2001.

As outras provas também utilizadas no diagnóstico de patologias hepáticas,


como fosfatase alcalina e gamaglutamil transferase possuem pouco valor no
diagnóstico da hepatite C.

9.4.2 Exames laboratoriais específicos

A comprovação da presença de infecção pelo HCV pode ser demonstrada


de duas maneiras. Seja pela utilização da sorologia ou da Biologia Molecular. Os
testes sorológicos detectam o anti HCV, anticorpo formado contra o vírus da hepatite
C. Com a realização de ensaios imunoenzimáticos ou immunoblot. Enquanto a
Biologia Molecular irá revelar a presença do ácido nucleico viral por meio da PCR.

9.4.2.1 Diagnóstico sorológico

A comprovação da presença de anticorpos contra antígenos específicos do


HCV é o modo mais frequente de identificar a infecção. Seja no caso de infecção
ainda presente no indivíduo, seja no caso de infecção passada. Veja essa alteração
na FIGURA 42 e compare com a elevação das ALT.
Atualmente, tem-se utilizado testes de rastreamento e testes complementares.
Os testes de rastreamento apresentam alta sensibilidade. Enquanto os testes
complementares ou confirmatórios possuem maior especificidade.
A presença dos anticorpos anti-HCV no soro ou no plasma pode ser
confirmada com testes comerciais imunoenzimático, os enzyme immunoassay (EIA).

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130
Hoje, os mais normalmente utilizados são os do tipo enzyme linked immunosorbent
assay (ELISA) de terceira geração. Os quais apresentam algumas vantagens, como
custo relativamente baixo, confiabilidade elevada e rapidez no processamento, além
da facilidade de automação. Entretanto, o resultado do teste não direciona se a
infecção é ativa ou se já foi resolvida. Sendo assim, apenas confirma exposição
anterior ao vírus.
Outro fator de especial atenção nos testes de ELISA é a possibilidade de
resultados falso-positivos. Pois, o teste de ELISA apresenta alta sensibilidade.
Devido a isto, é necessário que sejam utilizados os chamados testes
complementares ou confirmatórios. Entre estes, destaca-se o uso do ensaio
denominado recombinant immunoblot assay (RIBA). Com apenas um resultado
positivo apresentado pelo RIBA, confirma-se reatividade específica do anti-HCV.
De modo contrário ao que ocorre com as outras hepatites virais, a
comprovação de anticorpos do tipo IgM não diferencia as formas aguda e crônica.
Pois, estes podem surgir tardiamente, persistir na infecção crônica ou até mesmo
nem aparecer.
Estudos realizados em bancos de sangue apontam para um novo teste do
tipo enzyme immunoassay (EIA), com sensibilidade elevada que detecta o antígeno
do HCV no plasma ou no soro de pacientes. A introdução deste novo teste irá
possibilitar a detecção do antígeno do HCV logo após a infecção, ainda nas
primeiras duas semanas. De maneira similar ao que já ocorre com os testes de
Biologia Molecular. Os quais estão descritos a seguir.

9.4.1.2 Diagnóstico molecular

Os testes de Biologia Molecular são considerados o padrão ouro para o


diagnóstico de infecção pelo HCV. São testes que comprovam a presença do RNA
viral. O método mais utilizado é a PCR. Um ensaio que possibilita a ampliação de
sequências genéticas específicas. Deste modo, a presença de uma única molécula
de ácido nucleico viral pode ser detectada na presença de milhões de outras.

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131
Na hepatite C, os testes de Biologia Molecular são indicados principalmente
no diagnóstico inicial da infecção, nos casos de diagnóstico de infecção vertical, no
diagnóstico de acidente ocupacional, além do diagnóstico de imunossuprimidos,
monitoramento de terapia e caracterização do genótipo do HCV.
Na dependência de sua finalidade, os testes moleculares podem ser
utilizados de modo qualitativo ou quantitativo.
Nos casos em que os testes qualitativos são utilizados, o resultado apenas
indica a presença (ou não) do ácido nucleico do HCV (RNA). Sendo assim, o
diagnóstico será positivo para a presença do RNA viral ou negativo no caso de
ausência.
A comprovação da presença do RNA do HCV pode ser determinada duas
semanas após a infecção. Entretanto, essa possibilidade diminui após o surgimento
dos anticorpos. De tal maneira que em até 15% das infecções agudas a detecção
torna-se dificultada. A PCR do tipo qualitativa é o método de eleição para este tipo
de diagnóstico.
O modo qualitativo da PCR também pode ser empregado para avaliar a
resposta final de certos tipos de tratamento antiviral. Nestes casos, quando o paciente
apresentar um resultado negativo será considerado respondedor ao tratamento.
A utilização de testes moleculares de modo quantitativo servirá para apontar
a carga viral. Estes testes são utilizados em algumas formas de tratamento. Quando
há necessidade de realizar a avaliação de uma resposta viral precoce na 12ª
semana. Esta resposta é reconhecida como negativação, ou redução do ácido
nucleico do vírus, em relação ao nível anterior ao tratamento. Para este fim, deve-se
sempre realizar o mesmo método para o acompanhamento de cada paciente. Pois,
em alguns casos, os resultados podem variar de um ensaio para outro.
Os testes moleculares podem ainda ser utilizados na definição do genótipo
viral. Esta informação será de grande valor na determinação do esquema
terapêutico mais indicado para cada caso. Portanto, todos os indivíduos que se
apresentarem para tratamento devem ser submetidos a estes testes.
Além disso, os testes de genotipagem servem também para avaliar a rota de
transmissão. Principalmente nos casos em que as infecções nosocomiais são
possíveis.

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132
9.5 EPIDEMIOLOGIA

A infecção pelo vírus da hepatite C é um grave problema de saúde pública


atualmente. Sua ocorrência mundial tem atingido dimensões de epidemia. Há
estimativas da existência de 170 milhões de pessoas infectadas com a forma crônica
da doença.
Observe na FIGURA 43 a representação da distribuição geográfica da
infecção pelo HCV em todo o mundo. A figura aponta que de uma forma global a
infecção pelo vírus apresenta-se de modo variável nas diversas regiões geográficas.
Veja que, apesar de a infecção revelar-se uma endemia em todo o mundo, há um
elevado grau de variação geográfica em sua distribuição.

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133
FIGURA 43 - REPRESENTAÇÃO DA PREVALÊNCIA MUNDIAL
DO VÍRUS DA HEPATITE C

PREVALÊNCIA MUNDIAL DO VÍRUS DA


HEPATITE C

DESCONHEC
IDO

FONTE: Disponível em: <http://www.hepcentro.com.br/hepatitec.htm>. Acesso em: 2 fev. 2013.

Perceba na legenda que há diferença dos percentuais da infecção nas


diferentes regiões. Existem locais, como África do Sul e Austrália, onde a
prevalência de infecção é baixa. No entanto, em outros, como Ásia, África e também
no Brasil, a prevalência da infecção apresenta-se de maneira mediana. Enquanto no
Paquistão e na Mongólia a prevalência é alta.
No Brasil, há uma enorme distinção da distribuição dos casos entre as
diversas regiões. Acredita-se que essa distinção ocorre porque o país exibe grandes
variações culturais, sociais e demográficas. As quais justificam a escassez de

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134
estudos que apontem a comprovação da verdadeira prevalência da infecção pelo
HCV. Na literatura observa-se que as pesquisas relacionadas à hepatite C que se
realizam no Brasil são direcionadas a determinadas populações ou áreas
geográficas. O que nos remete à necessidade de estudos mais abrangentes em
torno do assunto.
Recentemente, pesquisas foram realizadas em doadores de sangue em
diferentes regiões do Brasil. Os resultados destas indicam a prevalência de anti-HCV
nas diversas regiões de maneira distinta, semelhante ao que ocorre em todo o
mundo. As maiores prevalências de indivíduos doadores de sangue portadores do
anti-HCV foram detectadas nas regiões Norte, Nordeste e Sul, nas quais se verificou
a existência de 0,62%, 0,55% e 0,46%, respectivamente. Enquanto na região
Centro-Oeste foi observado o índice mais baixo de prevalência, 0,28%.
Sendo assim, diante dos resultados apontados, comprova-se apenas que o
número de indivíduos infectados é impreciso. Dados reais que informem a
verdadeira prevalência no Brasil não existem. No entanto, presume-se que a
prevalência do HCV no Brasil está acima das estimativas atuais. A Organização
Mundial da Saúde (OMS) apresenta uma estimativa de 2,5% a 4,9% para a
população brasileira.
Outras pesquisas apontam ainda que indivíduos que apresentam infecção
pelo vírus da hepatite C possuem risco elevado de infecção pelo vírus da
imunodeficiência humana. Devido à similaridade de transmissão entre as duas
infecções. Entretanto, acredita-se que haja maior facilidade de transmissão
sanguínea pelo HCV entre os usuários de drogas injetáveis do que pelo HIV. Há
estimativas de que em torno de 0,3% da população que se expõe a agulhas
contaminadas pelo HIV também apresentarão a infecção. Enquanto entre os
indivíduos que se expõem a agulha contaminada pelo HCV, 2% a 8% irão se
apresentar infectados.
Enfim, observa-se que o fato de a infecção pelo HCV apresentar evolução
lenta – além do fato de ser uma doença potencialmente fatal – torna a infecção pelo
HCV a hepatite que apresenta maior causa de óbitos entre todos os tipos.

AN02FREV001/REV 4.0

135
9.6 SÍNDROME DE SJÖGREN

Síndrome de Sjögren (SS) é uma patologia mundialmente distribuída. É uma


doença que ocorre de modo sistêmico e que apresenta natureza inflamatória
crônica. Cientistas acreditam que possui etiologia provavelmente autoimune.
A doença é caracterizada pela infiltração progressiva de linfócitos em
diversos órgãos. Sendo as glândulas salivares e lacrimais os órgãos mais afetados.
É uma doença que acontece em qualquer raça, sexo e idade. Porém, seu
surgimento encontra-se predominante na faixa etária de 40 a 50 anos de idade. E,
torna-se ainda mais comum com o avanço da idade. Sendo sua maior prevalência
observada entre indivíduos do sexo feminino.
A SS é uma patologia que surge devido a alterações das glândulas
exócrinas. Sabe-se da existência de duas formas da doença. A forma primária é
reconhecida como aquela que ocorre apenas devido à alteração destas glândulas.
Enquanto a SS em sua forma secundária é a que existe associada a outra doença.
Sendo a artrite reumatoide, lúpus eritematoso sistêmico, esclerose sistêmica
progressiva e doença de Graves as mais comumente observadas. Entretanto,
algumas infecções virais (citomegalovírus, hepatite C, vírus herpes, etc.) ou
bacterianas (Helicobacter pylori) também já foram associadas.
Estima-se a existência de mais de um milhão de pessoas com a doença nos
Estados Unidos.
No Brasil, apesar de muito comum, a doença ainda é pouco conhecida.
Estudos realizados apontam para a existência de áreas em que a prevalência pode
chegar a 1%. Mas, especialistas do assunto ressaltam que a doença é pouco
diagnosticada. Pois, há grande semelhança com outras patologias reumáticas e até
mesmo infecciosas, como o HIV e HCV.
As manifestações clínicas da doença são diversas. Em geral, podem ser
vistas alterações oculares, cutâneas, vasculares, geniturinárias, respiratórias,
psiquiátricas, musculoesqueléticas e orais.

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136
Entretanto, os sintomas orais e oculares são os de maior relevância no
diagnóstico. Pois, são estes que sempre se apresentam.
Na maioria dos casos, observa-se xeroftalmia, ou ceratoconjuntivite seca ou
perda de lubrificação ocular. Uma patologia geralmente reconhecida nos portadores
por uma sensação de areia nos olhos. Em casos de maior severidade pode levar ao
surgimento de crosta ao redor do olho.
Além disso, evidencia-se também xerostomia. Representada por secura em
lábios, faringe e língua. As quais ocasionam dificuldade de mastigação e da fala.
Veja na figura algumas das alterações clínicas observadas em pacientes
acometidos pela síndrome.

FIGURA 44 - APRESENTAÇÃO DAS MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS


DA SÍNDROME DE SJÖGREN

C D

A) Fissura de superfície labial. B) Aumento de glândulas parótidas. C) Ressecamento de ocular. D)


Foco de infiltrado linfocítico de glândula salivar.
FONTE: A, B e D: MAVRAGANI, C. O tratamento da síndrome de Sjögren. Nat Clin Pract Rheumatol,
2006. C: FREITAS, TMC et al. Síndrome de Sjögren: revisão de literatura e acompanhamento de um
caso clínico. Revista Bras Otorrinolaringologia, mar/abr:2004.

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137
9.6.1 Diagnóstico da Síndrome de Sjögren

Há uma imensa variedade de critérios propostos por diferentes grupos e


instituições para definição do diagnóstico da SS. Sendo, portanto, esta a principal
causa da dificuldade ou até mesmo impossibilidade de comparações entre os
pesquisadores para chegarem a um ponto de acordo.
Até os dias de hoje, ainda não existe um achado clínico. E, nem mesmo um
marcador imunológico factível de ser apontado como ideal para um desfecho do
diagnóstico.
Em acordo, se aceita a importância de uma equipe de profissionais das
diversas áreas para que a avaliação diagnóstica ocorra de maneira satisfatória.
Contudo, a comprovação da presença de infiltração de plasmócitos em fragmento de
biópsia de glândula salivar representa enorme contribuição no resultado.

10 VÍRUS DA HEPATITE D (HDV)

O vírus da hepatite D é o agente causador da hepatite D, também


denominada hepatite Delta. O vírus é reconhecido apenas como hepatitis D vírus
(HDV). A hepatite D é uma doença considerada endêmica no mundo inteiro.
A infecção pelo HDV se apresenta mundialmente distribuída. Entretanto, na
região Amazônica existem áreas de alta endemicidade. Calcula-se atualmente que
entre os portadores crônicos do HBV em todo o mundo, 18 milhões de indivíduos
apresentem a infecção pelo vírus Delta.
O HDV causa infecção, nos casos em que há coinfecção com o HBV (vírus
da hepatite B) em indivíduos normais. E também nos casos em que há
superinfecção em portadores crônicos do HBV.
Observe na FIGURA 45 a imagem do vírus da hepatite D em microscopia
eletrônica.

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138
FIGURA 45 - IMAGEM DO VÍRUS DA HEPATITE D
EM MICROSCOPIA ELETRÔNICA

FONTE: FONSECA, JCF. Hepatite D Artigo de revisão. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina
Tropical. n. 35(2). p. 181-190, 2002.

10.1 HISTÓRICO

O vírus da hepatite D foi descrito pela primeira vez por Mário Rizzeto e
colaboradores no ano de 1977 (observe a foto de Mario Rizzeto na FIGURA 46). Na
ocasião, o vírus foi observado nas células hepáticas de um paciente que apresentava
infecção crônica pelo vírus da hepatite B. Sendo assim, o HDV foi detectado nos
hepatócitos como um antígeno nuclear. Da mesma forma que se percebe a existência
do HBcAg. De tal maneira que foi inicialmente associado ao HBV. Apenas depois de
algum tempo passou a ser reconhecido como antígeno Delta.

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139
FIGURA 46 - FOTO DE MARIO RIZZETO, PRIMEIRO PESQUISADOR A RELATAR
A EXISTÊNCIA DO HDV

FONTE: Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. n. 43(3). p. 322-330, mai-jun,


2010.

Posteriormente, no ano de 1980, o HDV teve o seu reconhecimento como


uma nova entidade viral. Porém, pesquisadores do assunto indicavam que este novo
agente era expresso apenas em pessoas acometidas pelo vírus da hepatite B.
Reconhecendo assim, que havia necessidade da presença do HBV para propagação
do antígeno Delta.
A nomenclatura atual, vírus da hepatite Delta, só veio a ser proposta em
1983. Atualmente, o vírus é reconhecido também em sua forma abreviada, HDV.
Recentemente, o HDV passou a ser considerado o agente etiológico de
quadros graves de hepatite. Além de acelerar a progressão para cirrose hepática e
provocar hepatite fulminante.

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140
10.2 CLASSIFICAÇÃO

Nos dias atuais, o HDV é visto como um vírus defectivo, correspondente aos
viroides. A partícula do HDV não possui envelope próprio. É um vírus que para
sobrevivência e propagação tira proveito do DNA e do envelope do vírus da hepatite
B. O AgHD (antígeno da hepatite Delta), proteína específica do HDV, está presente
na porção interna do envelope do HBV. Não se observa a existência de capsídeo,
apenas do AgHD. Sabe-se, porém, que o vírus possui ácido nucleico do tipo RNA,
circular de fita simples.
O HDV é considerado um dos menores vírus já conhecidos. Sua partícula
possui em torno de 36nm. É um vírus que ainda não apresenta uma família definida.
Entretanto, está classificado no gênero Deltavirus. Veja na FIGURA 47 a ilustração
do vírus da hepatite Delta e suas proteínas, observe que conforme foi mencionado
anteriormente, não existe capsídeo.

FIGURA 47 - ILUSTRAÇÃO DO VÍRUS DA HEPATITE DELTA


E SUAS PROTEÍNAS

FONTE: FONSECA, J. C. F. Hepatite D Artigo de revisão. Revista da Sociedade Brasileira de


Medicina Tropical. n. 35(2). p. 181-190, 2002.

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141
10.3 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

Similarmente ao que ocorre com a hepatite B, a infecção pelo HDV é de


transmissão parenteral, ou seja, por meio do sangue contaminado ou pela via
sexual. Em geral, a doença ocorre em conjunto com a hepatite B. Mas, é comum
que o vírus Delta cause a inibição do processo replicativo do vírus da hepatite B,
levando-o a tornar-se latente.
Pesquisadores reconhecem a existência de dois padrões de infecção pelo
vírus da hepatite D, superinfecção e coinfecção. A superinfecção é aquela que
ocorre quando o indivíduo já é portador crônico da infecção pelo vírus da hepatite B,
positivo para o HBsAg e adquire a infecção pelo vírus da hepatite Delta.
Enquanto a coinfecção é aquela que ocorre quando o vírus da hepatite Delta
e o vírus da hepatite B são introduzidos simultaneamente no mesmo indivíduo.
Observa-se haver diferença entre os aspectos evolutivos e os aspectos
clínicos da infecção pelo HDV e os outros vírus que causam alterações hepáticas.
Na ocorrência de coinfecção, geralmente a doença se manifesta na forma
de hepatite aguda benigna. Em 95% dos indivíduos ocorre a recuperação
completa. Porém, em casos excepcionais, podem ocorrer formas fulminantes e
crônicas de hepatite.
Os casos de superinfecção apresentam pior prognóstico. Nestes, logo após
infecção, o HDV já encontra condições perfeitas para propagação. De maneira que
pode produzir grave dano ao fígado e progredir para cirrose hepática. Em geral, a
doença segue de maneira crônica. A qual se apresenta com períodos de epistaxe,
artralgia, astenia, icterícia, febre e principalmente esplenomegalia.
A forma aguda da hepatite Delta surge após um período de três a sete
semanas de incubação. Em seguida, surgem sintomas como falta de apetite, letargia,
fadiga e náuseas. É a denominada fase pré-ictérica, a qual pode ter duração de três a
sete dias. Logo após, começam os sintomas de fadiga, letargia, falta de apetite e
náuseas. Depois o indivíduo passa a exibir na pele uma tonalidade amarelada. É o
surgimento da icterícia. Ocorre o desaparecimento dos outros sintomas. Apenas,

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142
fadiga e náuseas permanecem. Enquanto isso, as fezes tornam-se claras. A urina
torna-se escura e os níveis de bilirrubina no sangue sobem.
Nos indivíduos que evoluem para doença crônica, a sintomatologia ocorre
com menos intensidade do que na forma aguda da doença. Os casos de cirrose
podem surgir em 60% a 70% dos indivíduos. O que pode ocorrer em um período
entre cinco e dez anos. Porém, existem casos em que pode surgir em 24 meses
após a infecção.
A forma fulminante da hepatite D é pouco comum. Entretanto, é mais normal
do que acontece com os outros tipos de hepatite viral. Tornando-se evidente por
meio da dificuldade de concentração, sonolência, mudanças de personalidade,
encefalopatia hepática, distúrbios do sono, confusão e comportamentos anormais
que, por fim, levam o paciente ao estado de coma.
Contrariamente ao que ocorre com o vírus da hepatite B, o HDV não
apresenta manifestações extra-hepáticas.

10.4 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

A comprovação de infecção pelo HDV torna-se complexa. Pois, além dos


diferentes tipos de infecção pelo vírus, faz-se necessário que sejam identificados os
marcadores para o vírus da hepatite B e para o vírus da hepatite D. Seja por meio da
pesquisa de antígenos virais ou pela identificação de anticorpos específicos.
Observe no QUADRO 16 a finalidade da pesquisa dos antígenos e anticorpos do
vírus da hepatite D.

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143
QUADRO 16 - MARCADORES DE INFECÇÃO PELO HDV

MARCADOR SIGNIFICADO NA INFECÇÃO PELO HDV

HDAg Indicativo de infecção aguda precoce


Presente em tecido hepático nas fases aguda, fulminante e crônica

Anti-HD IgM Indicativo de infecção aguda


Altos títulos em infecção ativa persistente
Reativo por longo tempo nas formas crônicas
Indica resposta ao tratamento antiviral
Ausente quando a doença é resolvida

Anti-HD IgG Presente tardiamente na doença aguda


Títulos altos (>103) em doença crônica
Títulos altos (>103) quando há replicação viral
Quando associado ao anti-HBs e/ou anti-HBc indica infecção passada
Presente em casos de imunidade

Anti-HD total Ótimo para triagem da hepatite D - detecta tanto o anti–HD IgM quanto o
anti–HD IgG

Anti-HD RNA Expressão intra-hepática do HDAg


Indica replicação na fase aguda
Indica replicação na fase crônica
Utilizado no controle do tratamento

FONTE: Adaptado de: FONSECA, J. C; F. Hepatite D Artigo de revisão. Revista da Sociedade


Brasileira de Medicina Tropical. n. 35(2). p. 181-190, 2002.

O diagnóstico da infecção pelo vírus da hepatite Delta há de ser proposto em


indivíduos que apresentem positividade para o HBsAg. Além dos indivíduos que
apresentarem história recente de infecção pelo HBV. Especialmente, nos casos em
que estes se encontram em áreas consideradas de alto risco para a infecção pelo
vírus da hepatite Delta.
Os profissionais da área da saúde devem sempre estar atentos à
possibilidade da presença do HDV. Dados importantes podem ser obtidos por meio

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144
da sorologia. A FIGURA 48 apresenta o perfil sorológico de indivíduos acometidos
pelo HDV nas duas situações, coinfecção e superinfecção. Compare-os.

FIGURA 48 - COMPARAÇÃO DO PERFIL SOROLÓGICO OBSERVADO NOS


CASOS DE SUPERINFECÇÃO E COINFECÇÃO PELOS
VÍRUS DAS HEPATITES B E DELTA

COINFECÇÃO SUPERINFECÇÃO
ICTERÍCIA
sintomas SINTOMAS

ALT elevada

HDV RNA
HDV RNA
HBsAg

HBsAg

Exposição
ao HDV
8 10 12 semanas Exposição 1 3 6 semanas
ao HDV

Anti-HBs
Anti-HDV IgM
Anti-HDV IgM
Anti-HDV total
Anti HDV total

Anti HBcIgM ALT

FONTE: Adaptado de: OLIVEIRA, K. R. V. et al. Coinfeção HBV/HDV. Gaz. méd. Bahia. v. 76, 2006.

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145
A identificação do HDAg (antígeno da hepatite Delta) em tecido por meio de
ensaios, como imunoperoxidase ou imunofluorescência, representa o melhor método
de diagnóstico das diferentes formas da infecção pelo vírus da hepatite Delta.
Entretanto, o HDAg pode também ser identificado com o auxílio da sorologia.
Quando poderá ser identificado em um período ainda precoce da infecção primária.
Além de ser de utilidade na confirmação de casos de coinfecção ou superinfecção.
Por meio da detecção de anticorpos do tipo IgM anti-HD ou IgG anti-HD.
É sempre bom estar atento também para o fato de que o vírus da hepatite
Delta necessita do vírus da hepatite B para propagação.
Sendo assim, vamos voltar só um pouco para ver o significado de alguns
marcadores de infecção pelo vírus da hepatite B. Aqueles que podem auxiliar na
busca da infecção pelo HDV.
Veja adiante os marcadores do HBV também utilizados na pesquisa do HDV.
Reflita sobre eles. Observe, no QUADRO 17, os marcadores do HBV que se
mostram importantes na triagem e acompanhamento da infecção pelo HDV.
Nos casos em que há suspeita de infecção pelo HDV, deve-se realizar a
triagem do agente da hepatite D. Este é sempre o passo inicial. De tal maneira, que
o primeiro procedimento a ser feito é a pesquisa dos marcadores HBsAg, anti-HBc
total e anti-HDV total. Lembre-se de que o HBsAg e o anti-HBc total são os
marcadores a ser solicitados sempre que há suspeita de infecção pelo HBV.
Observe a importância de cada um na infecção.

QUADRO 17 - MARCADORES DE HEPATITE B, UTILIZADOS


NA TRIAGEM DA HEPATITE D
MARCADOR SIGNIFICADO NA INFECÇÃO PELO HBV
HBsAg Primeiro marcador sorológico que surge na infecção aguda.
Surge aproximadamente quatro semanas pós-exposição ao vírus.
Declina a níveis não detectáveis em até 24 semanas.
Anti-HBc Total Marcador utilizado na triagem da hepatite B.
Detecta anticorpos do tipo IgG e anticorpos do tipo IgM.
FONTE: Arquivo pessoal do autor.

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146
Em caso de infecção pelos vírus da hepatite B e da hepatite D, os marcadores
do HBV em associação com o anti-HDV IgM, o anti-HDV IgG e o anti-HDV total irão se
mostrar presentes ou ausentes. O que irá apontar se o caso representa superinfecção
ou coinfecção.
Observe a seguir como estes resultados irão se apresentar em cada tipo de
infecção. Inicialmente, serão apresentados os resultados para os casos de
coinfecção pelos vírus da hepatite B e hepatite Delta. Em seguida, observe a
diferença dos resultados para o caso da superinfecção. Veja também que infecções
recentes e passadas apresentam resultados diferentes.

LEMBRETE
COINFECÇÃO Ocorrência de infecção simultânea pelo HBV e HDV.
SUPERINFECÇÃO Ocorrência de infecção pelo HDV em indivíduo portador do
HBV.

Agora, veja nos quadros a diferença dos resultados para cada uma das
infecções. Inicialmente, estão representados os resultados da sorologia para os
casos de coinfecção pelos vírus da hepatite B e hepatite Delta. Logo a seguir, você
poderá fazer a comparação.

QUADRO 18 - RESULTADO DA SOROLOGIA EM CASOS DE


COINFECÇÃO POR HBV E HDV
MARCADOR RESULTADO ESPERADO
HBsAg POSITIVO
Anti-HBc total POSITIVO
Anti HBc IgM POSITIVO
Anti HDV total POSITIVO
Anti HDV IgM POSITIVO
FONTE: Arquivo pessoal do autor.

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147
QUADRO 19 - RESULTADO DA SOROLOGIA
APÓS COINFECÇÃO POR HBV E HDV
MARCADOR RESULTADO ESPERADO
HBsAg NEGATIVO
Anti HBs POSITIVO
Anti HBc total POSITIVO
Anti HBc IgM NEGATIVO
Anti HDV total POSITIVO
Anti HDV IgM NEGATIVO
FONTE: Arquivo pessoal do autor.

Agora, serão apresentados os resultados para os casos de superinfecção


para os vírus da hepatite B e hepatite Delta. Observe a diferença. Compare.

QUADRO 20 - RESULTADO DA SOROLOGIA EM CASOS DE SUPERINFECÇÃO


RECENTE POR HBV E HDV
MARCADOR RESULTADO ESPERADO
HBsAg POSITIVO
Anti-HBc total POSITIVO
Anti-HBc IgM NEGATIVO
Anti-HDV total POSITIVO
Anti-HDV IgM POSITIVO
FONTE: Arquivo pessoal do autor.

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148
QUADRO 21 - RESULTADO DA SOROLOGIA APÓS
SUPERINFECÇÃO POR HBV E HDV
MARCADOR RESULTADO ESPERADO
HBsAg POSITIVO
Anti- HBc total POSITIVO
Anti-HBc IgM NEGATIVO
Anti-HDV total POSITIVO
Anit-HDV IgM NEGATIVO
FONTE: Arquivo pessoal do autor.

Sendo assim, observa-se que o melhor método de diagnóstico das infecções


pelo HDV é realizado por meio da sorologia. Entretanto, sabe-se que a PCR, método
de Biologia Molecular, também comprova de forma segura a presença de replicação
em todos os pacientes infectados com vírus D.

10.5 EPIDEMIOLOGIA

Pesquisas atuais aceitam que o vírus da hepatite B e o vírus da hepatite D


apresentam os mesmos mecanismos de transmissão. De tal maneira que a via
parenteral representa a principal forma de contaminação. E, portanto, ambos os
agentes devem possuir os mesmos grupos de risco.
Entretanto, as pesquisas que buscam comprovar a prevalência de anticorpos
anti-HDV em indivíduos que apresentam positividade para o HBsAg direcionam para
a baixa uniformidade mundial da presença do HDV nessas populações.
Observa-se que há locais, como Ásia Central, bacia do Mediterrâneo e
Oriente Médio, além da bacia amazônica, que são considerados como de alta
prevalência para a hepatite Delta.

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149
Enquanto isso, observa-se também a existência de outros locais, como o
leste asiático, onde a hepatite Delta é pouco comum. Apesar de se demonstrar a
presença do HDV em até 20% dos indivíduos que apresentam hepatite aguda em
alguns casos de positividade para o HBsAg, na Índia e na China.
O Brasil exibe áreas que apresentam baixa endemicidade, como as
regiões Sudeste e Sul. Mas, também exibe outros locais, como a região
Amazônica e oeste de Santa Catarina, nos quais a infecção pelo vírus da hepatite
Delta apresenta alta endemicidade.
Veja na FIGURA 49 a demonstração das áreas em que o HDV está presente
em todo o mundo em diferentes proporções. Observe que, no Brasil, as diferentes
regiões apresentam prevalências distintas.

FIGURA 49 - MAPA DEMONSTRATIVO DA PREVALÊNCIA


DO HDV MUNDIALMENTE

FONTE: DONATELLI, L. J. P. Blog da Biossegurança – Cristófoli. Disponível em:


<http://www.cristofoli.com/biosseguranca/wp-content/uploads/2011/07/Slide1.jpg>.
Acesso em: 20 fev. 2013.

Pesquisas recentes relatam que entre os indivíduos heterossexuais


promíscuos e os homossexuais a infecção pelo vírus da hepatite Delta apresenta-
se em menor frequência do que o vírus da hepatite B e o vírus da
imunodeficiência adquirida.

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150
Outras pesquisas apontam que a infecção pelo vírus Delta apresenta-se de
modo menos frequente que o vírus da hepatite B entre profissionais do sexo e
homens que fazem sexo com homens.
Observa-se também que a hepatite D é uma doença comum em todas as
faixas etárias. Entretanto, sabe-se da existência de locais, como a Amazônia, onde
há maior prevalência de crianças e jovens. Enquanto em outros locais, como a Itália,
o maior número de casos acontece em indivíduos entre 30 e 50 anos de idade.
Enfim, observa-se em consenso que o vírus da hepatite Delta representa
importância em saúde pública nos locais em que o vírus da hepatite B se apresenta
de modo endêmico.

FIM DO MÓDULO III

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151
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA
Portal Educação

CURSO DE
DOENÇAS VIRAIS SEXUALMENTE
TRANSMISSÍVEIS

Aluno:

EaD - Educação a Distância Portal Educação

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152
CURSO DE
DOENÇAS VIRAIS SEXUALMENTE
TRANSMISSÍVEIS

MÓDULO IV

Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do
mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são
dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.

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153
MÓDULO IV

11 VÍRUS DO PAPILOMA HUMANO (HPV)

O vírus do papiloma humano é atualmente a doença sexualmente


transmissível mais frequente no mundo. Em mulheres, a infecção por esse vírus
varia de 1,4% a 25%, dependendo da região estudada. O vírus é conhecido
simplesmente pelas letras iniciais do seu nome em inglês, human papillomavirus
(HPV). Família viral com mais de 200 tipos conhecidos.

11.1HISTÓRICO E APRESENTAÇÃO

O HPV é o agente causador de hiperproliferações da pele e das mucosas,


popularmente reconhecidas como verrugas. No trato genital, a infecção por esses
vírus é de grande importância devido a sua forte associação com o câncer de colo
uterino, doença maligna responsável pela segunda causa de morte por câncer entre
as mulheres.
Apesar da grande popularidade atual, esses vírus são conhecidos desde a
Antiguidade. Inicialmente, foram descritos por Hipócrates, médico e pesquisador da
Grécia Antiga. Observe na FIGURA 50 a imagem de Hipócrates.

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154
FIGURA 50 - HIPÓCRATES E SEU JURAMENTO

O juramento de Hipócrates é importante documento na ética médica.


FONTE: Disponível em: <http://rizomaa.blogspot.com.br/2010/04/juramento-de-hipocrates.html>.
Acesso em: 18 ago. 2012.

Esses vírus são os responsáveis pelos diferentes tipos de lesões benignas


da pele, as verrugas humanas. Na maior parte dos casos, essas lesões têm
crescimento limitado e regridem espontaneamente.
No século XVIII, a infecção pelo HPV chegou a ser confundida com a sífilis
e, depois, com a gonorreia. Depois, no século XIX, acreditava-se que eram lesões
causadas por irritação do epitélio devido a descargas genitais, sujeira e outros
agentes. Em seguida, pesquisadores passaram a observar que as verrugas genitais
poderiam ter alguma associação com as não genitais. Pois, havia grande
semelhança entre as duas. Além disso, pessoas com verrugas genitais, por vezes,
apresentavam verrugas não genitais.
A comprovação da transmissão sexual ocorreu de modo interessante. Em
1954, estudiosos observavam o frequente aparecimento de verrugas penianas em
soldados que voltavam da Guerra da Coreia e Japão, onde tiveram relações sexuais
com mulheres nativas. Após um período de cerca de quatro a seis semanas do
retorno dos soldados, suas mulheres desenvolveram verrugas genitais.

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155
Entretanto, o reconhecimento da origem viral para as verrugas não genitais
ocorreu em 1949, após estudos com microscopia eletrônica. Evidências que foram
confirmadas apenas na segunda metade do século XX.

11.2 CLASSIFICAÇÃO

Os papilomavírus são um grande grupo viral. Infectam uma enorme


quantidade de espécies animais incluindo mamíferos, anfíbios, répteis e humanos.
Porém, são espécie-específicos e os que infectam humanos só infectam humanos.
Sendo assim, recebem o nome de acordo com a espécie animal que infectam. Os
HPVs só infectam humanos.
Desde o ano 2000, os HPVs passaram a pertencer à família
Papillomaviridae, gênero papillomavirus. Atualmente, sabe-se da existência de
mais de 200 tipos de HPVs, os quais infectam as mucosas genital e não genital,
além da genitália externa. São vírus pequenos não envelopados, que medem
aproximadamente 55nm de diâmetro. Possuem ácido nucleico do tipo DNA,
circular de fita dupla envolvido por um capsídeo proteico formado por 72
capsômeros em simetria icosaédrica. Observe na FIGURA 51 a imagem do HPV
em microscopia eletrônica.

FIGURA 51 - IMAGEM DO HPV EM MICROSCOPIA ELETRÔNICA

FONTE: Disponível em: <http://rhdoinferno.blogspot.com.br/2008/06/hpv-srie-dsts.html>.


Acesso em: 18 ago. 2012.

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156
À medida que novos tipos de HPV foram descobertos, passaram a receber
números sequenciais. O que nos leva ao conhecimento atual de tipos, como HPV-6,
HPV-16 e HPV-52. Veja no QUADRO 22, a seguir, alguns dos tipos mais frequentes
em infecções da região genital, ou seja, aqueles que podem surgir nas DSTs.

QUADRO 22 - TIPOS MAIS COMUNS DE HPV EM LESÕES DA PELE


E MUCOSA ANOGENITAL

TIPOS DE LESÕES TIPOS MAIS COMUNS DE HPV

BENIGNAS DA PELE 1, 2, 3, 4, 10

BENIGNAS DA MUCOSA ANOGENITAL 6, 11, 40, 42, 43, 44, 53, 56, 66, 68

MALIGNAS DA MUCOSA ANOGENITAL 16, 18, 31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 58

FONTE: Adaptado de: Universitas Ciências da Saúde. v. 1. n. 1. p. 149-158.

11.3 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

Em geral, a contaminação pelos papilomavírus acontece por meio de


pequenos traumatismos durante a relação sexual com parceiro infectado. Entretanto,
pode também acontecer por meio de verrugas comuns da pele e de verrugas
genitais durante o parto.
O período de incubação, reconhecido pelo momento da infecção até o
surgimento de lesões, pode ser de 3 a 18 meses. Em muitos indivíduos, a infecção
permanece subclínica por muito tempo. Porém, em outros, pode surgir rapidamente.
O que leva pesquisadores a fazer uma associação entre o estado imunológico do
indivíduo e o desenvolvimento da doença.
Pesquisas mostram que, pelo menos 50% dos indivíduos sexualmente ativos
serão contaminados por algum tipo de HPV durante a vida. Sendo a faixa etária em
que há maior acometimento da infecção a de adultos jovens que possuem até 25
anos de idade. Pois, estes indivíduos se encontram ainda na fase de

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157
amadurecimento sexual. Consequentemente, é nesse grupo em que há maior troca
de parceiros sexuais. Um fator que proporciona aumento no contato com o vírus e
amplia as chances de disseminação da infecção.
Observe no QUADRO 23, a prevalência de infecção pelo HPV no estado de
Santa Catarina. Veja a faixa etária de maior acometimento.

QUADRO 23 - DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL POR FAIXA ETÁRIA DOS CASOS


POSITIVOS PARA O HPV EM UMA POPULAÇÃO BRASILEIRA

FONTE: DST – Jornal Brasileiro de Doenças Sexualmente Transmissíveis n. 20(2). p. 73-79, 2008.

A maneira como essas infecções surgirão também é muito variada. Pode


ocorrer desde graus mínimos até os mais elevados. Sendo as infecções que
permanecem subclínicas que merecem maior atenção por parte do infectado e do
médico examinador. Pois são essas infecções que garantem ao indivíduo o estado
de portador. Em muitos casos, esse indivíduo portador é assintomático. Entretanto,
apesar de assintomáticos, são esses indivíduos que irão garantir a disseminação do
vírus por intermédio do contato sexual. Pois, são pessoas que não sabem que
possuem o vírus.
Em geral, as verrugas da região anogenital não apresentam sintomas, nem
dor. Mas algumas verrugas maiores podem sangrar e ser facilmente irritadas pela
aderência a roupas ou por traumatismos durante o ato sexual.
As lesões visíveis são denominadas condilomas, verrugas genitais ou de
modo mais popular, cristas de galo. A palavra condiloma originou-se do idioma

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158
grego e significa tumor redondo e acuminado. Portanto, condiloma acuminado é um
tumor arredondado e pontudo.
As lesões invisíveis afetam principalmente o colo do útero, vagina, vulva,
ânus e pênis. São estas lesões que podem levar ao desenvolvimento de cânceres
na área genital. Merecendo destacar aqui, o câncer de colo uterino; a terceira causa
de mortes por câncer em mulheres sexualmente ativas.
No Brasil, a infecção pelo HPV é a segunda maior causa de mortes por
câncer em mulheres.
Observe na FIGURA 52 que o câncer de colo uterino ocorre devagar até
alcançar um estágio mais avançado. Estudos mostram que a passagem de uma fase
para a outra é de aproximadamente dez anos. É por isso que ele pode ser prevenido
com o exame de papanicolau. Daí ocorre a importância de o exame preventivo ou
exame ginecológico com a coleta de material para o exame de papanicolau
anualmente.

FIGURA 52 - ESQUEMA DA EVOLUÇÃO DO CÂNCER DE COLO UTERINO


EVOLUÇÃO PARA O CANCER DE COLO UTERINO

FASE INTERMEDIÁRIA FASE TARDIA


FASE INICIAL Acometimento da vagina
Limitada a cérvice

FONTE: Disponível em: <http://www.medicinageriatrica.com.br/tag/hpv-human-papillomavirus>.


Acesso em: 18 ago. 2012.

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159
Na área genital, o HPV pode também surgir na forma de tumores grandes.
Os chamados tumores de Buschke–Lowenstein ou condiloma gigante, também
considerados uma doença sexualmente transmissível. Inicialmente, esses tumores
foram descritos por Buschke, em 1896, e, mais tarde, por Lowenstein, em 1925.
São tumores principalmente associados aos HPVs dos tipos 6 e 11. Observe
na FIGURA 53 a representação de imagens de condilomas gigantes do tipo
Buschke–Lowenstein em diferentes regiões anatômicas.

FIGURA 53 - VERRUGAS GENITAIS DO TIPO BUSCHKE-LOWENSTEIN


REGIAO ANAL
REGIAO INGUINAL

REGIAO PERINEAL

FONTE: Disponível em: <http://dermaamin.com/site/atlas-of- dermatology/2-b/216-buschke-


lowenstein-tumor-of-penis-.html>; <http://www.ispub.com/journal/the-internet-journal-of-
surgery/volume-9-number-2/buschke-lowenstein-tumor-case-report-and-review-with-focus-on-
therapeutic-and-psychological-aspects.article-g01.ns.jpg>; e
<http://www.virushpv.com.br/novo/hpv_fotos.php>. Acesso em: 18 ago. 2012.

Observe que, nestes tumores, a lesão atinge grandes proporções. São


tumores que apresentam características locais de agressividade. Além de invadir e
causar deformidade nos tecidos adjacentes. Geralmente, se mostram como uma
grande lesão vegetante, verrucosa, de aspecto exofítico.
São tumores de crescimento lento. Apresentam-se histopatologicamente de
modo benigno, mas localmente possuem comportamento agressivo. Sendo assim,
podem ser considerados de alto risco para transformação maligna e
desenvolvimento de carcinoma escamo-celular. Entretanto, possuem baixo risco de
causar metástase.

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160
Os tumores de Buschke–Lowenstein representam uma forma rara do
condiloma acuminado anogenital. São mais frequentes em homens e mais raros nas
mulheres. Porém, são mais comuns durante a gravidez.
Observe nas FIGURAS 54 e 55 alguns exemplos de verrugas na área genital
masculina e feminina, respectivamente.

FIGURA 54 - VERRUGAS DE TRATO GENITAL MASCULINO


GLANDE E ESCROTO MEATO URETRAL GLANDE E CORPO DO PÊNIS

FONTE: Disponível em: <http://rhdoinferno.blogspot.com.br/2008/06/hpv-srie-dsts.html>;


<http://2gotinhasderivotril.blogspot.com.br/2011_10_01_archive.html>; e
<http://rhdoinferno.blogspot.com.br/2008/06/hpvsrie-dsts.html>. Acesso em: 18 ago. 2012.

FIGURA 55 - VERRUGAS DE TRATO GENITAL FEMININO

CONDILOMA VULVAR VAGINA


NEOPLASIA INTRAEPITELIAL VULVAR

http://www.oocities.org/br/maycon.silveira/paginas/

FONTE: Disponíveis em: <http://www.artigonal.com/medicina-artigos/pricinpais-duvidas-obre-hpv>;


<http://www.brevesdesaude.com.br/ed05/HPV.htm>; e
<http://www.oocities.org/br/maycon.silveira/paginas/>. Acesso em: 18 ago. 2012.

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161
Veja que as lesões visíveis surgem principalmente na glande, prepúcio e
meato uretral no homem. Enquanto na mulher são mais comuns na vulva, períneo,
vagina e colo do útero. Porém, em ambos os sexos pode ocorrer no ânus e reto, não
necessariamente relacionado com o coito anal.
Os tumores de Buschke–Lowenstein aparecem em diversas localizações
anatômicas, sendo mais frequentes no pênis e na região perianal. Porém, já foram
descritos na região anorretal do homem e nas regiões vulvar e anogenital de
mulheres. Em locais mais raros, como a bexiga, também já foram mencionados.
Esses tumores surgem da união de múltiplos condilomas acuminados. Além
de também serem induzidos pela infecção por papilomavírus humanos.
Fatores como higiene precária e promiscuidade contribuem para sua
apresentação. Possuem índices de recorrência em torno de 60%. Apesar da baixa
frequência dos HPVs tipos 16 e 18, pode haver evolução para carcinogênese.

11.4 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

O diagnóstico das infecções causadas pelo HPV é realizado tanto pela


história do paciente quanto pelo seu exame físico. Também são recomendados
exames complementares que objetivem a pesquisa do HPV. Nestes, a pesquisa do
HPV pode ocorrer de forma direta ou indireta.
Observe no QUADRO 24 os métodos diretos e indiretos mais comumente
utilizados no diagnóstico do HPV.

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162
QUADRO 24 - MÉTODOS UTILIZADOS NO DIAGNÓSTICO DO HPV
MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO DO HPV
Citopatologia
INDIRETOS Colposcopia
Histopatologia
Microscopia eletrônica
Imunoistoquimica
DIRETOS Biologia molecular Captura hibrida
Reação da polimerase em cadeia
Microarranjo
FONTE: Arquivo pessoal do autor.

A forma direta ocorre nos casos em que há demonstração da partícula viral


e/ou antígenos virais no material do paciente. Devendo-se considerar como
diagnóstico indireto aqueles que demonstram no hospedeiro as alterações causadas
pelo vírus. Sendo assim, a maneira mais simples de detecção do HPV é a
observação das verrugas genitais a olho nu. Porém, estima-se que apenas 1% dos
pacientes com infecções pelo HPV apresenta verrugas visíveis (condilomas). Em
geral, os casos são subclínicos, sem sintomas. O que muitas vezes torna o
diagnóstico mais difícil.
Os testes indiretos também são de grande importância. Especialmente na
triagem e no acompanhamento de pacientes com infecção já diagnosticada.
Citopatologia, colposcopia e histopatologia são os testes indiretos mais utilizados no
diagnóstico do HPV.
Entre os métodos diretos temos a microscopia eletrônica, que pode apontar
as alterações causadas pelo vírus no material do paciente. Além de, em muitos
casos, também capacitar a visualização direta da partícula do HPV no material
infectado.
A imunoistoquímica é outro método que pode comprovar o envolvimento do
HPV nas lesões pela presença de antígenos virais. Enquanto que pela Biologia

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163
Molecular o diagnóstico é dado pela captura híbrida ou pela PCR, métodos que
demonstram a presença do HPV pela detecção do ácido nucleico viral.
É válido ressaltar a utilização dos métodos de Biologia Molecular. Pois
nestes, geralmente, o HPV pode ser tipificado. A tipificação do HPV é um
diagnóstico que pode, em muitos casos, direcionar o médico quanto a melhor
medida terapêutica a ser adotada. Pois, sabe-se que a evolução carcinogênica
dessas infecções tem relação direta com o tipo viral presente na lesão.

11.4.1 Citopatologia

O método foi inicialmente descrito por George Nicholas Papanikolaou, no fim


da década de 50. Observe na FIGURA 56 a foto do médico criador do exame. A
citopatologia ginecológica, ou cervicovaginal, é considerada o método padrão ouro
no diagnóstico de lesões precursoras de câncer, causadas pelo HPV no colo uterino.
É o exame preventivo do câncer cervical. Porém, não detecta o vírus, apenas as
alterações por ele causadas. O teste pode ser utilizado no diagnóstico e na
prevenção de doenças genitais. Identifica tanto alterações celulares do tipo benignas
como as de maior gravidade.
A citopatologia se baseia na observação de esfregaços celulares com o
auxílio da microscopia. A coleta do material é feita com a mulher em posição
ginecológica, com o auxílio de um espéculo. O material retirado é repousado em
lâminas de microscopia. Em seguida, corado pelo método de Papanicolau e
observado em microscopia óptica.

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FIGURA 57 - FOTO DE PAPANICOLAU E ESFREGAÇO CELULAR COM
ALTERAÇÕES CARACTERÍSTICAS

A B
Em A, Papanicolau, médico descobridor do teste. Em B, esfregaço de células coradas pelo método,
com alterações características da infecção pelo HPV.
FONTE: Disponível em: <http://medbiography.blogspot.com.br/2006/07/george-n-papanicolau-ouor-
papanicolaou.html>; e <http://anatpat.unicamp.br/lamgin2.html>. Acesso em: 18 ago. 2012.

São observadas alterações que comprovam a infecção viral, como


disceratose, paraqueratose e anormalidades nucleares.
Disceratose é a ceratinização de células profundas do epitélio, um achado
frequente em processos irritativos crônicos. Paraqueratose é a ceratinização
anormal do epitélio escamoso com persistência dos núcleos celulares nas células
superficiais. Enquanto a anormalidade nuclear, característica de infecção pelo HPV,
é a coilocitose.
Coilocitose, ou formação de coilócitos, é o aumento do núcleo e da relação
núcleo-citoplasma, binucleação, irregularidade do contorno nuclear, hipercromasia
nuclear e halo claro perinuclear. Observe a micrografia na FIGURA 57B.
Em todo o mundo, o teste de Papanicolau é considerado o método de
triagem do câncer de colo uterino. Tipo de câncer que pode ser prevenido por meio
do diagnóstico precoce e do tratamento das suas lesões precursoras. Para este
fim, a citopatologia é o instrumento ideal, pela sua alta sensibilidade, simplicidade
e baixo custo. Porém, devido à existência de resultados falsos negativos,
atualmente os testes que utilizam Biologia Molecular são também indicados para
um diagnóstico confirmatório.

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11.4.2 Microscopia eletrônica

A microscopia eletrônica é o único método que possibilita o diagnóstico do


vírus diretamente. Entretanto, é inviável a sua utilização no dia a dia devido ao alto
custo, e sua precisão fica comprometida nas lesões genitais com baixa quantidade
de vírus.

11.4.3 Histopatologia

A histopatologia é o exame que realiza a análise microscópica dos tecidos


removidos de pacientes quando é feita uma biópsia.
O resultado é liberado de acordo com um sistema de classificação que
denomina os esfregaços em normais, quando ausentes de lesão e/ou infecção
característica do HPV. Além de classificar as lesões intraepiteliais nos diferentes
graus de evolução para o câncer cervical: baixo grau para as alterações celulares
devidas ao papilomavírus como a displasia leve (NIC I); lesões intraepiteliais de alto
grau, a displasia moderada (NIC II); displasia acentuada e carcinoma in situ (NIC III).
Em acordo com o demonstrado na FIGURA 58.

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FIGURA 58 - ESQUEMA DA EVOLUÇÃO DO CÂNCER DE COLO UTERINO

As células
malignas podem

NIC I NIC II NIC III CÂNCER

FONTE: Disponível e adaptado de: http://silvanaoliveiracampossilva.blogspot.com.br/2010/10/hoje-


vou-falar-sobre-algo-muito.html Acesso em: 18 ago. 2012.

11.4.4 Colposcopia

A colposcopia é um exame bem semelhante à citopatologia. Porém, na sua


realização utiliza-se um aparelho denominado colposcópio. O que permite o
aumento da imagem normal em 10 a 40 vezes. A colposcopia é o exame indicado
nos casos em que o exame de papanicolau apresentou diagnóstico de alterações
celulares. Portanto, a colposcopia é o exame aceito para comprovar a existência de
lesões precursoras do câncer de colo uterino.
Na colposcopia, são empregadas substâncias que possibilitam a visualização
das lesões. O ácido acético leva ao aparecimento de lesões acetobrancas que

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167
caracterizam a presença de proteínas virais. Enquanto o uso do azul de toluidina,
seguido pelo ácido acético, leva ao aparecimento de áreas azuladas.
Nos casos da existência de lesões em qualquer grau, o próprio médico pode
realizar uma biópsia. O material é então enviado para o exame histopatológico e/ou
teste de Biologia Molecular.
A colposcopia é um método de diagnóstico indispensável em infecções pelo
HPV no colo uterino, vulva (vulvoscopia), vagina (vaginoscopia) e pênis (peniscopia).
É considerado de grande utilidade para avaliar localização, extensão e mapeamento
das regiões suspeitas de infecção. Entretanto, não serve como rastreamento, mas
sim, como um método auxiliar em mulheres que apresentam exame citopatológico
com anormalidades. Além de também ser indicado para realização e
acompanhamento do tratamento.

11.4.5 Genitoscopia

A genitoscopia é, como o próprio nome nos diz, um exame também


realizado com o auxílio do colposcópio. O aparelho servirá para aumentar a
visibilidade dos tecidos previamente coloridos com os reagentes específicos, ácido
acético, solução de lugol e azul de toluidina. O exame pode ser utilizado para
observação da vagina, vulva, pênis, cavidade oral, ânus ou reto. Respectivamente
reconhecido como vaginoscopia, vulvoscopia, peniscopia, oroscopia, anuscopia e
retoscopia.
O exame da cavidade oral é de grande importância nos casos em que o
paciente refere a prática de sexo oral. As lesões são semelhantes às encontradas
na mucosa vaginal. Geralmente podem ser vistas nas laterais da língua e
gengivas. Pesquisas mostram que a infecção do HPV na cavidade oral ocorre por
contato íntimo.
A região anorretal também deve ser avaliada, pois há enorme incidência da
infecção pelo HPV em pessoas que praticam o sexo anal. Atualmente, o aumento
das infecções por papilomavírus na região anogenital tem sido observado. Há
evidências do acometimento de 20% da população sexualmente ativa em todo o

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mundo. É sabido haver grande relação entre as infecções pelo HPV e os cânceres
anogenitais.

11.4.6 Imuno-histoquímica

É um método que comprova a presença de antígenos do HPV em material


de biópsia. Para tal, são utilizados anticorpos direcionados para as proteínas do
vírus, conjugados com substância fluorescente ou peroxidase. O teste apresenta
boa sensibilidade, mas varia de acordo com o tipo de lesão.

11.4.7 Biologia molecular

O emprego de metodologias baseadas na tecnologia do DNA recombinante


para a identificação de agentes infecciosos se apresenta em constante evolução nos
últimos anos. Em grande parte, isto ocorre devido ao desenvolvimento de novas
técnicas de análise dos ácidos nucleicos. A utilização destes ensaios na detecção de
doenças infecciosas tem como base a detecção do DNA ou RNA. O que possibilita
também a quantificação desses agentes. Em poucas horas o resultado é obtido e o
teste garante sensibilidade e especificidade elevadas.
Em laboratórios de análise clínica o teste de captura híbrida para o HPV
tornou-se ferramenta fundamental. O teste seleciona o material positivo pela
captura de híbridos RNA-DNA, com a utilização da quimioluminescência. Seu uso
no fim da década de 90 foi rapidamente difundido. Devido à possibilidade de
comprovar infecção por tipos de baixo ou de alto risco para a evolução de câncer
de colo uterino.
Outros métodos de Biologia Molecular para o diagnóstico do HPV estão
começando a surgir. Esses envolvem métodos como PCR. Até mesmo o
microarranjo. Estes nos ofertarão com a possibilidade de tipificar o HPV. O que será
de grande valor no diagnóstico das lesões precursoras de câncer.

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11.5 EPIDEMIOLOGIA

As verrugas cutâneas causadas pelo HPV são comuns nas diversas


populações. A transmissão acontece por contato direto da lesão ou por
microabrasão da pele.
Acredita-se que a prevalência de infecções genitais pelo HPV está
diretamente relacionada ao número de parceiros sexuais e à idade. O maior número
de infecções é observado entre as mulheres de 15 a 30 anos. Período da
maturidade sexual.
Entre a população masculina, os estudos são pouco frequentes.
Provavelmente devido à dificuldade da coleta de material adequado. Além da maior
gravidade destas ocorrer no sexo feminino.
Pesquisas atuais mostram que a infecção genital pelo HPV é a doença viral
sexualmente transmissível mais frequente na população. Atualmente, existem mais
de 200 tipos diferentes de HPV e 45 infectam o trato genital; podem ser divididos em
tipos de baixo e alto risco oncogênico, de acordo com a associação com câncer
anogenital. Considerados causa necessária, mas não suficiente, para causar câncer
cervical.
Entretanto, o condiloma acuminado, lesão frequente da infecção pelo HPV,
possui poucos dados na população em geral. Os dados mais comuns são vistos em
indivíduos que apresentam associação de infecção por HIV e HPV. O que comprova
que o uso de preservativos poderia diminuir a frequência destas infecções na
população.
O tumor de Buschke-Löwenstein, apesar de ser uma variedade pouco
frequente da infecção pelo HPV, possui comportamento invasivo, embora seja
histologicamente benigno. Pode estar associado a condições de imunossupressão e
a recorrência após o tratamento é frequente. É uma variante do condiloma

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acuminado e surge principalmente na população masculina. Porém, sua incidência
na população é de 0,1%.
O câncer de colo do útero é o segundo mais frequente na população
feminina no Brasil e o terceiro em todo o mundo. Nos países desenvolvidos, a
implantação de programas de rastreamento precoce ocasionou uma redução acima
de 50% no número desses cânceres. Porém, este ainda persiste como um
importante problema de saúde pública no mundo, com 80% dos casos identificados
nos países em desenvolvimento.
No Brasil, há positividade para o HPV em 53,8% das pacientes no estado de
Santa Catarina. Na região Norte do país, um estudo em 444 pacientes demonstrou a
prevalência do HPV em 16,4%.
Em adolescentes, um estudo apontou a incidência do papilomavírus em 27%
das participantes.
Dados mundiais indicam que 20% dos indivíduos sadios estão infectados
pelo HPV. Mas, quando a infecção está situada no colo uterino, a grande maioria
das pacientes é assintomática.
Diversos fatores estão associados a essas doenças, especialmente as
baixas condições socioeconômicas e culturais e a prática sexual desprotegida. Além
do início precoce da atividade sexual. São todos elementos que favorecem a
contaminação por estas doenças.
Estudos mostram que, entre 30% e 37% das adolescentes, são expostas ao
HPV ainda no primeiro ano após a iniciação sexual. O que comprova que a
população adolescente é o principal alvo das doenças transmitidas pelo sexo.

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GLOSSÁRIO

Acolia: Ausência de secreção biliar.

Acuminado: Pontudo.

Afecção: Aspecto atual de uma doença, sem diagnóstico.

Anemia aplásica: Estado de pancitopenia associado a uma biópsia de medula óssea


acelular ou hipocelular. Menos de 25% de espaço medular ocupado por células
hematopoiéticas. O restante da medula contém apenas células adiposas (medula
óssea amarela).

Anorexia: Perda do apetite.

Anticorpos heterófilos: Anticorpos que aglutinam hemácias de animais de espécies


diferentes do soro testado.

Antigenemia: Detecção de antígenos precoces no sangue de pacientes.

Artralgia: Dor nas articulações.

Ascite: Acúmulo de fluidos na cavidade peritoneal.

Avidez: Unidade referente à força de ligação entre um anticorpo e "seu" antígeno.

Capsídeo: Capa proteica que envolve diretamente o ácido nucleico viral.

Caráter pandêmico: Epidemia que ocorre ao mesmo tempo em muitas pessoas de


um mesmo continente ou até mesmo em mais de um continente.

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Carga viral: É o indicativo da quantidade de vírus no plasma; um preditor da taxa de
progressão da infecção.

Ceratite: Inflamação na córnea.

Ceratose (ou queratose): Espessamento da camada epidérmica.

Cirrose: É uma doença hepática crônica; um processo de cicatrização ou mau


funcionamento do fígado.

Citomegalia: Células de tamanho aumentado.


Coalescer: Aglutinação, união de partes que se encontravam separadas.

Colúria: Urina de coloração escura, apresentando espuma amarelada.

Comissura: Linha ou superfície de união entre duas partes correspondentes.

Congênito: Que está presente ao nascer.

Conversão sorológica: Diferença de pelo menos quatro vezes no título de anticorpos


específicos entre as fases aguda e convalescente de uma infecção.

Crioglobulinas: Proteínas que se precipitam quando resfriadas e se dissolvem


quando são aquecidas.

Crioglobulinemia: Presença de grandes quantidades de crioglobulinas no sangue.

Crosta: Casca; placa formada na pele por um ferimento ou dessecação de um


líquido segregado à superfície.

Cut off: Índice que determina o limite para dizer se um exame é positivo ou negativo.

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Defectivo: Que falta alguma coisa.

Degeneração balonizante: Alteração de células epidérmicas que assumem forma em


balão por edema e perdem as conexões intercelulares o que possibilita a formação
de bolhas ou vesículas. É característica das infecções virais.

Discrasia: Alteração sanguínea (semelhante a leucopenia).

Disestesia: Enfraquecimento ou alteração na sensibilidade dos sentidos,


especialmente do tato.

Disúria: Dificuldade para urinar.

Doença emergente: Doença cuja incidência em humanos foi aumentada durante as


últimas duas décadas ou que poderão ameaçar a humanidade em futuro próximo.

Doença linfoproliferativa: Doença que ocorre devido a alteração durante a


diferenciação de linfócitos B e/ou T.

Doença oportunista: Doença que se desenvolve em consequência de alteração da


imunidade do hospedeiro.

Enantema: Erupção cutânea que se manifesta na superfície das mucosas que


revestem as cavidades naturais, especialmente boca e faringe.

Endemia: Doença que existe constantemente em determinado lugar e acomete as


pessoas que ali vivem.

Endêmico: Que tem característica de endemia.

Epistaxe (epistaxis ou hemorragia nasal): Perda de sangue pelo nariz.

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Eritema: Cor avermelhada da pele que ocorre em consequência de vasodilatação
capilar.

Eritrodermia: Eritema generalizado, crônico e persistente frequentemente


acompanhado por descamação.

Espástica: Rigidez ou tensão muscular; movimentos rígidos, lentos e desajeitados.

Esplenomegalia (ou megalosplenia): Aumento de volume do baço.

Esteatose: Acúmulo intracitoplasmático de gordura neutra (sob forma de


triglicerídeos), de modo reversível em quantidade maior que o normal ou em células
que normalmente não a contêm.

Esteatose macrovesicular: Célula hepática demonstra a presença de grandes


vacúolos intracitoplasmáticos e deslocamento do núcleo para a periferia.

Esteatose microvesicular: Célula hepática apresenta pequenos vacúolos


intracitoplasmáticos e núcleo com deslocamento discreto.

Etiologia: Estudo sobre a causa ou a origem de uma determinada doença.

Exantema: Erupção cutânea difusa e mais ou menos extensa ao longo da superfície


do corpo.

Exógeno: De origem externa ao organismo.

Fibrose: Processo de substituição de células danificadas por um tecido cicatricial


leve a moderado, o tecido fibroso.

Flanquear: Marchar ao lado de.

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Guthrie Card: Cartão para diagnóstico de infecção congênita em manchas de
sangue do recém-nascido em papel filtro.

Hematoma: Acúmulo visível de sangue em tecido ou órgão que geralmente ocorre


em consequência de uma pancada.

Hemiparesia: Fraqueza de um lado ou outro do corpo.

Hemocromatose: Deposição excessiva do ferro em órgãos como fígado, coração e


pâncreas.

Hepatomegalia: Aumento do tamanho do fígado.

Hepatopatia: Doença do fígado.

Hibridização: Ligação de duas fitas complementares de ácido nucleico; método de


detecção de pequenos segmentos de DNA ou RNA a partir de "sondas" específicas.

Iatrogênico: Efeito colateral ou secundário de um tratamento médico.

Infecção: Colonização de parasitas em organismo hospedeiro.

Infecção ativa: Infecção primária ou não, com ou sem sintomas, caracterizada por
replicação viral.

Infecção latente: Persistência do vírus em hospedeiro saudável, com sorologia


positiva, sem replicação viral.

Infecção perinatal: Infecção adquirida no período de um mês antes do parto e até


três semanas após o nascimento.

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Infecção primária: Infecção de indivíduos não previamente infectados, que
apresentam sorologia (IgG) negativa para o vírus em questão, que desenvolve
soroconversão ou sintomatologia.

Infecção secundária: Infecção de indivíduos previamente infectados, que


apresentam sorologia positiva (IgG), em consequência de reativação de vírus latente
ou reinfecção de um novo vírus exógeno.

Infecção subclínica: Infecção do vírus em hospedeiro saudável (IgM), com sorologia


positiva e replicação viral.

Interespécies: Entre espécies diferentes.

Janela imunológica: Período observado entre a infecção e o início da formação de


anticorpos específicos contra o agente causador.

Lesões vesiculosas: Saliências da pele, de tamanho reduzido, com uma cavidade


central contendo liquido claro.

Linfadenomegalia (linfadenopatia ou adenomegalia, ou ainda, adenopatia): Aumento


dos linfonodos – de modo restrito ou generalizado.

Letargia: Sonolência, apatia.

Linfonodos (ou gânglios linfáticos): Órgãos encapsulados, encontrados


disseminadamente por todo o corpo, sempre no percurso dos vasos sanguíneos.

Lobo: Parte mais ou menos bem definida de um órgão.

Lóbulo: Pequeno lobo.

Mialgia: Dor muscular, de modo localizado ou não.

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Mielite transversa: Síndrome caracterizada por processo inflamatório que pode
afetar diversos segmentos da medula espinhal.

Mielopatia: Disfunção da medula espinhal.

Morbidade: Relativo à doença.

Mortalidade: Relativo à morte.

Nosocomial: Infecção adquirida no hospital.

Pancitopenia: Redução global de células sanguíneas (hemácias, leucócitos e


plaquetas).
Pandemia: Epidemia que se difunde de modo desordenado se espalhando pelo
mundo ou através dos continentes.
Pápulas: Elevação circunscrita da pele, sensíveis ao tato que apresentam
consistência sólida e possuem menos de 1cm de diâmetro.

Parenteral: qualquer via não oral; diferente da via digestiva.

Parestesia: Sensação anormal (de formigamento, pressão, frio ou queimação nas


mãos, braços, pés ou em outras partes do corpo), em decorrência de distúrbio
funcional do sistema nervoso.

Patógeno: Aquele que provoca doenças.

Patognomônico: Sinal ou sintoma específico de determinada doença.

Perdigoto: Salpicos de saliva.

Período perinatal: Período que se inicia na idade gestacional na qual o feto atinge o
peso de 1000g (em aproximadamente 28 semanas de gestação), até o final
completo do sétimo dia de vida.

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Portador: Indivíduo que apresenta o agente causador de uma doença infecciosa em
seu organismo e pode ser o transmissor desta, mesmo sem estar doente.

Primoinfecção: Primeira infecção provocada por um microrganismo, que por


condições imunológicas pode não ser traduzida por manifestação clínica da doença.

Pródromo: Sinal ou grupo de sintomas que pode indicar o início de uma doença
antes do aparecimento dos sintomas específicos.

Prognóstico: Suposição sobre processo ou resultados futuros.

Provírus: Forma precursora ou latente de um vírus que é capaz de se integrar ao


material genético de uma célula hospedeira e ser replicado junto com ele.

Prurido: Coceira; comichão.

Pseudo: Falso.

Quimiluminescência: Processo de emissão de luz como produto ou um dos produtos


de uma reação química.

Recidiva: Reaparecimento do processo de uma doença após sua cura aparente.

Sazonal: Evento que ocorre sempre em uma determinada época do ano.

Septo: Separação de duas cavidades ou espaços que contêm um material menos


denso.

Sequela: Doença que ocorre em consequência de outra anterior.

Sintomas 0bjetivos: Observados pela pessoa que examina.

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Sintomas subjetivos: Percebidos apenas pelo paciente.

Sonda: Sequências de nucleotídeos complementares desenvolvidas a partir de


segmentos conhecidos do DNA ou RNA que se deseja identificar.

Soroconversão: Aparecimento de anticorpos no soro de uma pessoa em


consequência do contato com um antígeno.

Teratogênico: Tudo o que é capaz de produzir dano ao embrião ou feto durante a


gravidez.

Transmissão horizontal: Transferência de um patógeno de uma pessoa infectada


para uma pessoa sadia, independente de haver relação de parentesco entre as
duas.

Transmissão vertical: Transferência de um patógeno de um dos pais, geralmente a


mãe, para os filhos através da reprodução.

Tropismo: Direcionamento em relação à fonte de um estímulo.

Tumor exofítico: Que tende a crescer para fora.

Tumor séssil: Preso à porção principal do corpo de um ser vivo ou haste de suporte.

Tumor vegetante: Que se projeta para a luz formando uma massa.

Úlcera: Ferida que pode ocorrer em diversas partes do organismo.

Uveíte: Doença nos olhos, em consequência processo inflamatório da úvea.

Viremia: Presença de vírus vivos no sangue circulante em um ser vivo.

Vírion: Partícula viral completa.

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Vírion defectivo: Vírus incompleto; aquele que o genoma não possui um ou mais
genes específicos, devido a mutação ou deleção. São vírus incapazes de completar
o ciclo replicativo na célula.

Viroide: Ácido nucleico de baixo peso molecular, com grande resistência ao calor,
radiação ultravioleta e radiação ionizante. Composto exclusivamente de um
fragmento de RNA circular de cadeia simples, com algumas regiões de cadeia dupla.

Virúria: Presença de vírus na urina.

Virusoide (ou RNA satélite): Semelhantes aos viroides; segmentos de ácido nucleico
de baixo peso molecular que apresentam grande resistência ao calor e a radiações
ultravioletas e ionizantes; depende de um vírus auxiliar para a sua replicação.
Virusoides replicam na célula hospedeira, através de uma polimerase de RNA
dependente de RNA.

Vírus satélite: Unidade subviral que parasita outros vírus; para propagação necessita
do auxílio de outro vírus.

Xeroftalmia: Olhos secos.

Xerostomia: Boca seca.

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