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UFCD 6573

Qualidade na Saúde

Formadora: Vera Lopes

1
Conteúdos programáticos
1. Introdução à qualidade

2. A implementação da qualidade – Sistemas de qualidade

3. A qualidade na saúde

4. O papel do profissional de saúde na avaliação da qualidade


e melhoria contínua

5. Tarefas que em relação a esta temática se encontram no


âmbito de intervenção do/a Técnico/a Auxiliar de Saúde

2
Objectivos
• Explicar os princípios que orientam a implementação de uma
cultura da qualidade na saúde.
• Reflectir sobre algumas práticas de qualidade já implementadas ou
em processo de implementação no setor da saúde.
• Definir um plano de ação de corretiva/melhoria relativamente a uma
tarefa/ processo no qual intervenha enquanto profissional de saúde.
• Explicar a importância de assumir uma atitude pró-ativa na melhoria
contínua da qualidade, no âmbito da sua ação profissional

3
Qualidade na saúde

3. A qualidade na saúde
3.1. Transição para uma cultura de qualidade na saúde
3.1.1 Motivação para a qualidade

3.1.2. Melhoria contínua

3.1.3. Formação e informação

4
Qualidade na saúde
Relembrando...

A qualidade em saúde é definida

«como a prestação de cuidados acessíveis e equitativos, com


um nível profissional ótimo, que tem em conta os recursos
disponíveis e consegue a adesão e satisfação do cidadão,
pressupõe a adequação dos cuidados às necessidades e
expectativas do cidadão. »

5
Qualidade na saúde
A qualidade da prestação de cuidados nos serviços de saúde é
hoje entendida como uma necessidade intrínseca aos próprios
serviços, uma vez que estes existem para servir os utentes.

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Transição para uma cultura de
qualidade na saúde
“O século vinte é o século da Produtividade. O século vinte e
um será o século da Qualidade.” (Juran, 1993)

Em 2003 o Ministro da Saúde, Luís Filipe Pereira afirmou que


‘‘a qualidade é a ferramenta fundamental da nova estratégia
para a saúde’’.

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Transição para uma cultura de
qualidade na saúde
‘‘Existe hoje a legítima expectativa por parte dos cidadãos e da
comunidade em geral, de que os cuidados de saúde sejam de
qualidade: acessíveis, adequados e efectivos, com baixo risco
e a custos socialmente suportáveis’’ (Pisco et al 2001).

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Transição para uma cultura de
qualidade na saúde
Os serviços de saúde têm sido fundamentais na sensibilização
para as práticas de implementação da melhoria dos cuidados
prestados.

Para isso é necessário:


•Motivação para a qualidade

•Melhoria contínua

•Formação e informação

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Motivação
http://www.saudinha.com/parcerias/revista_imprensa/jornal_mad
eira/2004/jm_2004_09_05_03.htm

https://nobox.pt/artigos/a-forca-e-os-riscos-escondidos-da-motiv
acao

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Motivação

A motivação surge das forças internas e externas de uma


pessoa, as quais incitam o entusiasmo e persistência para
seguir um certo curso de ação.

Daft (1999)

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Motivação
A motivação funciona como consequência de interação entre o
indivíduo e a situação que o rodeia, tendo todas as pessoas um
estímulo motivacional primário e diferentes níveis de motivação
que se transformam ao longo do tempo.

Chiavenato (1999)

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Motivação
Em simultâneo com a motivação, a satisfação no trabalho é
uma das variáveis mais investigadas na psicologia
organizacional (Grandey et al, 2005).

“É hoje reconhecido que a satisfação profissional é (...) um


elemento determinante da avaliação da qualidade das
empresas...” (Graça, 1999)

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Satisfação
A satisfação com o trabalho é uma atitude positiva ou negativa
que um trabalhador tem sobre: o trabalho em si, o supervisor, o
trabalho de grupo, a organização e a vida.

Melnyk (2006)

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Motivação e satisfação
Tendo em conta que a motivação e a satisfação dos
colaboradores está intimamente ligada à produtividade e
consequentemente à satisfação do próprio
cliente/doente/família, são consideradas fundamentais para
avaliação da qualidade e do sucesso da organização.

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Motivação e satisfação
A satisfação profissional, no âmbito do sistema de gestão do
Serviço Nacional de Saúde (SNS), tem enquadramento legal
em Portugal.

Segundo a Lei de Bases da Saúde (Lei n. 48/90, de 24 de


Agosto), a satisfação profissional é referida como um dos
quatro critérios de avaliação periódica do SNS, a par da
satisfação dos utentes, da qualidade dos cuidados e da
eficiente utilização dos recursos.

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Motivação e satisfação
Se os profissionais de saúde estiverem satisfeitos
profissionalmente, se se sentirem bem com as condições de
trabalho, se forem valorizados profissionalmente, estarão
motivados para o seu trabalho... Prestando assim cuidados de
qualidade.

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Melhoria contínua
“Nós somos o que repetidamente fazemos. A excelência não é
um acto, mas sim um hábito”

Aristóteles

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Melhoria contínua
A implementação de sistemas de melhoria contínua da
qualidade reflete-se na melhoria dos cuidados prestados e por
isso revela-se uma ação prioritária.

A melhoria contínua é um esforço contínuo para melhorar


produtos, processos ou serviços, reduzindo o desperdício e
aumentando a qualidade. Esse esforço contínuo gera uma
vantagem competitiva para as organizações.

19
Melhoria contínua

A melhoria contínua envolve um processo dinâmico, de


mudança e de inovação... Com o envolvimento de todos os
membros da organização.

20
Melhoria contínua
Mudança refere-se a “modificação, a dispor de outra forma,
algo a que se dá outra direção”.

Inovação define-se como “algo que se torna novo, que se


renova, em que se introduz novidade”.

Sob este prisma, entendemos que o conceito de inovação,


enquanto modo de se fazer algo como não era feito antes, está
mais próximo da filosofia da promoção contínua da qualidade
que almejamos neste projeto de desenvolvimento.

21
Melhoria contínua
A inovação inerente a um processo de melhoria contínua da
qualidade exige que se promova a transformação de
conhecimentos em competências, e que esta acrescente valor
aos indivíduos mas também à organização.

Os contextos onde decorre a ação são tão importantes quanto


os indivíduos que implementam a ação.

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Melhoria contínua
O conhecimento está a perder o seu poder absoluto.

Quanto mais voltarmos atrás no tempo menos a qualificação


das pessoas era importante... As sociedades eram pouco
desenvolvidas e por isso pouco exigentes.

Actualmente a sociedade é mais exigente, há mais profissões,


mais necessidade de ‘marcar pela diferença’.

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Melhoria contínua
Agora o conhecimento divide o seu lugar com a competência.
O conhecimento não basta se não o soubermos aplicar e neste
caso estamos a falar de competência.

Apesar dos mestrados ou doutoramentos, se não houver


aplicação dos conhecimentos e se não houver benefício
profissional com esse conhecimento não poderá ser
considerado competente.

24
Melhoria contínua
Numa perspetiva de desenvolvimento de competências estão
envolvidos três fatores:

•Saber agir que supõe saber combinar e mobilizar recursos


pertinentes (conhecimento formal, redes de conhecimentos);

•Querer agir que se refere à motivação pessoal do indivíduo e


ao contexto mais ou menos estimulante para a ação;

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Melhoria contínua
(cont) Numa perspetiva de desenvolvimento de competências
estão envolvidos três fatores:

•Poder agir que remete para a existência de um contexto, de


uma organização de trabalho que torne possível que o
indivíduo assuma responsabilidades e corra riscos.

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Melhoria contínua
Para além da mudança e da inovação, a reflexão está
intimamente ligada à melhoria contínua.

A reflexão possibilita a compreensão do processo de


implementação e do efeito que as mudanças provocam no
contexto da ação.

Deste modo, a melhoria contínua da qualidade implica e exige


uma reflexão dinâmica, ou seja, a reflexão na, sobre e para
ação

27
Melhoria contínua
Através da reflexão é possível a identificação de erros do
sistema, da sua correção, a redução da variabilidade das
práticas (optando pela uniformização) e melhorar a eficiência.

A par da reflexão está a responsabilidade partilhada de efectuar


processos de monitorização, de os implementar e rever
frequentemente, para que ocorra mudança e se atinjam níveis
de qualidade sucessivamente superiores.

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Melhoria contínua
Para tal é necessário estabelecer quais os padrões de
qualidade que vão definir o sistema de gestão de qualidade.

A Ordem dos enfermeiros, por exemplo elaborou um


documento com os ‘Padrões de Qualidade dos Cuidados de
Enfermagem’

https://www.ordemenfermeiros.pt/media/8903/divulgar-padroes-
de-qualidade-dos-cuidados.pdf

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Melhoria contínua
Apesar da implementação da melhoria contínua depender dos
profissionais de saúde, é da responsabilidade do Departamento
de Qualidade na Saúde promover e disseminar, nas instituições
prestadoras de cuidados de saúde, uma cultura de melhoria
contínua da qualidade, traçando linhas orientadoras sobre as
áreas consideradas mais relevantes para a qualidade na
saúde.

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Melhoria contínua
Destaques:

Segurança do doente, onde se inscrevem programas relativos:


às infeções associadas aos cuidados de saúde; às resistências
aos antibióticos; à higiene das mãos; às cirurgias seguras; à
segurança dos medicamentos; à prevenção e gestão de
quedas e lesões por quedas; e à prevenção das úlceras de
pressão.

31
Formação e informação
Formação é “conjunto de experiências de aprendizagem
planeadas por uma organização, com o objetivo de introduzir
uma mudança nas capacidades, conhecimentos, atitudes e
comportamentos dos empregados no trabalho”.

Gomes et al (2008)

32
Formação e informação
A formação em serviço constitui uma pedra basilar nas
organizações de saúde, traduzindo-se num desenvolvimento de
conhecimento e aprendizagem individual ao longo de toda a
vida ativa.

Atualmente é um conceito dinâmico, interativo, que envolve não


só os utilizadores, mas também os prestadores de cuidados, no
âmbito da produção de conhecimento e consequentemente na
sua implementação.

33
Formação e informação
“Os novos conhecimentos, capacidades e atitudes devem ser
aprendidos e aplicados no trabalho para melhorar o
desempenho da empresa”.

Cabrera (2006)

34
Formação e informação
A formação assume uma importância inquestionável, no sentido
de procurar dar respostas às necessidades da saúde das
sociedades atuais e possibilitar a tomada de decisões eficazes,
que visem a mudança de atitudes, práticas e comportamentos
necessários para alcançar a excelência dos cuidados
prestados.

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Formação e informação
Fala-se na importância da formação nos vários contextos. No
sentido de sensibilizar os profissionais para:

•«A adesão à formação» (mesmo que pareça confuso);

•Melhoria contínua/qualidade;

•Sensibilização para o trabalho em equipa multidisciplinar;

•Aumentar a frequência das formações;

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Formação e informação
Formação interna/serviço e externa:

•Aquisição de novos conhecimentos e competências


técnicas/não técnicas, permitindo ter diferentes e melhores
abordagens em determinadas situações, permitindo também
uma correta identificação das patologias;

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Formação e informação
Formação interna/serviço e externa:

•Melhoria de procedimentos técnicos/não técnicos, com


desenvolvimento do desempenho pessoal e profissional,
traduzindo maior autoestima e segurança na prestação dos
cuidados, com uma melhoria na utilização dos equipamentos e
uma melhoria no trabalho em equipa;

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Formação e informação
Formação interna/serviço e externa:

•Melhoria de procedimentos técnicos/não técnicos, com


desenvolvimento do desempenho pessoal e profissional,
traduzindo maior autoestima e segurança na prestação dos
cuidados, com uma melhoria na utilização dos equipamentos e
uma melhoria no trabalho em equipa;

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Formação e informação
Conjunto de qualificações/ habilitações para o sucesso da
prática de cuidados de saúde:
•Uso adequado de recursos para oferecer serviços que
mantenham ou melhorem a qualidade e baixos custos
•Melhorar o acesso aos cuidados

•Produzir menos cuidados intensivos às pessoas idosas mas


satisfazer os seus desejos.
•Dominar a tecnologia de informação

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Formação e informação
(cont) Conjunto de qualificações/ habilitações para o sucesso da
prática de cuidados de saúde:
•Desenvolver protocolos para novas tecnologias com análise
custo - benefício
•Acolher na disciplina a melhoria contínua da qualidade.

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Formação e informação
(cont) Conjunto de qualificações/ habilitações para o sucesso da
prática de cuidados de saúde:
•Compreender o empowerment do consumidor de cuidados de
saúde e desenvolver habilidades para a mudança de atitudes
individuais.
•Incorporar a perspetiva holística na deliberação dos cuidados.

42
Formação e informação
Em relação à informação devem ser desenvolvidas normas,
clínicas ou administrativas com o intuito de informar os
colaboradores sobre qualquer aspeto fundamental para a
melhoria da qualidade na instituição.

As clínicas devem ser baseadas na melhor evidência científica


disponível.

43
Formação e informação
Em relação à informação devem ser desenvolvidas normas,
clínicas ou administrativas com o intuito de informar os
colaboradores sobre qualquer aspeto fundamental para a
melhoria da qualidade na instituição.

As clínicas devem ser baseadas na melhor evidência científica


disponível.

44
Formação e informação
A informação também nos poderá remeter para a importâcia dos
registos clínicos dos doentes...

45
Qualidade na saúde

3. A qualidade na saúde
3.2. Práticas de qualidade na saúde
3.2.1. Organização e gestão dos serviços de saúde

3.2.2. Direitos dos cidadãos

3.2.3. Promoção da saúde

3.2.4. Prestação de cuidados de saúde

3.2.5. Educação contínua e desenvolvimento da qualidade

3.2.6. Instalações e equipamentos

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«Um futuro para a Saúde – todos
temos um papel a desempenhar»
- Um novo pacto para a saúde
- Participação dos cidadãos
- Participação de todos os sectores da sociedade
- Um sistema de saúde centrado nas pessoas e baseado nas
equipas
- Novas funções e uma liderança reformada a todos os níveis
- Sustentabilidade financeira

(Fundação Calouste Gulbenkian)

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Práticas de qualidade na saúde

Com base nestes princípios e nas orientações da OMS foi criada a


Estratégia Nacional para a Qualidade na Saúde 2015-2020
(Despacho 5613/2015 de 22 Maio).

48
Práticas de qualidade na saúde
Segundo a OCDE «Portugal tem uma arquitectura da qualidade
robusta, que, ao contrário de muitos países da OCDE, cobre todo
sistema de saúde»

(ENQS 2015-2020)

No entanto mantém-se a importância de responsabilizar as instituições


de saúde, os cidadãos e os profissionais de saúde no sentido da
melhoria contínua da qualidade.

49
Práticas de qualidade na saúde
Prioridades da Estratégia Nacional para a Qualidade na Saúde
2015-2020:
-Melhoria da qualidade clínica e organizacional

-Aumento da adesão a normas de orientação clínica

-Reforço da segurança do doente

-Monitorização permanente da qualidade e segurança

-Reconhecimento da qualidade das instituições de saúde

-Informação transparente ao cidadão e aumento da sua capacitação

50
Práticas de qualidade na saúde
Decorrente da ENQS 2015-2020 surgiu o Plano Nacional para a
Segurança do doente 2015-2020 que vis identificar, avaliar e
hierarquizar os riscos existentes durante a prestação de cuidados,
assim como a definição e implementação de estratégias para a
redução da sua ocorrência.

51
Práticas de qualidade na saúde
A segurança do doente é definida como “a redução, a um mínimo
aceitável, do risco de um dano desnecessário associado ao cuidado
de saúde” (Runciman et al. 2009)

52
Práticas de qualidade na saúde
Objectivos estratégicos da PNSD 2015-2020:
-Aumentar a cultura de segurança do ambiente interno

-Aumentar a segurança da comunicação

-Aumentar a segurança cirúrgica

-Aumentar a segurança na utilização de medicação

-Assegurar a identificação inequívoca de doentes

-Prevenir a ocorrência de quedas

53
Práticas de qualidade na saúde
Objectivos estratégicos PNSD 2015-2020:
-Prevenir a ocorrência de úlceras de pressão

-Assegurar a prática sistemática de notificação, análise e prevenção


de incidentes
-Prevenir e controlar as infecções e as resistências aos
antimicrobianos

54
Práticas de qualidade na saúde
Aumentar a cultura de segurança do ambiente interno
-Pretende-se compreender a percepção dos profissionais de saúde
sobre a cultura de segurança, apostando em formação no sentido de
sensibilizar para a importância desta mudança.

55
Práticas de qualidade na saúde
Aumentar a segurança da comunicação
-Comunicação durante transferência, transporte, mudança de turno,
alta.
-Serviços Partilhados do Ministério da Saúde

-App SNS24

-Promover ações de informação para os cidadãos

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Práticas de qualidade na saúde
Aumentar a segurança cirúrgica
-Segundo a OMS pelo menos metade dos incidentes decorrentes da
prestação de cuidados ocorre durante as cirurgias.
-Lista de verificação da Segurança Cirúrgica

-Apgar Crúrgico

57
Práticas de qualidade na saúde
Aumentar a segurança na utilização de medicação
-5 certos: doente, medicamento, hora, dose e via

-Reações adversas notificadas através do portal RAM – Notificação de


Reações Adversas a Medicamentos
-Notificação de incidentes com medicamentos: portal notific@

-Medicamentos LASA

https://www.dgs.pt/servicos-on-line1/notific-sistema-nacional-de-notific
acoes-de-incidentes-e-de-eventos-adversos.aspx

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Práticas de qualidade na saúde
Assegurar a identificação inequívoca de doentes
-Confirmar nome, data de nascimento e nr processo (pelo menos 2)

-Sistemas com pulseiras

-Procedimentos que exigem confirmação do procedimento, doente por


dois profissionais (ex transfusão de sangue)

59
Práticas de qualidade na saúde
Prevenir a ocorrência de quedas
-Estão na origem de grande morbilidade e mortalidade: internamentos,
dependência
-Não há uma política consensual neste tema

-Escala de Morse?!

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Práticas de qualidade na saúde
Prevenir a ocorrência de úlceras de pressão
-Impacto das feridas crónicas na qualidade de vida

-Gastos económicos associados

-Escala de Braden e Escala de Norton

61
Práticas de qualidade na saúde
Assegurar a prática sistemática de notificação, análise e
prevenção de incidentes
-A OMS aconselha o desenvolvimento de sistemas de notificação de
incidentes com objectivo da aprendizagem com os erros e não punitivo
- portal notific@

-Feedback sobre o que foi notificado

62
Práticas de qualidade na saúde
Prevenir e controlar as infecções e as resistências aos
antimicrobianos
-Resistência a antibióticos decorrente do seu uso indiscriminado

-Desde 2013: Programa de Prevenção e Controlo de Infeção e


Resistência aos Antimicrobianos que pretende:
- Redução da taxa de infeção associada aos cuidados de saúde

- Promoção do uso correto de antimicrobianos

- Diminuição da taxa de microorganismos resistentes a antimicrobianos

63
Práticas de qualidade na saúde
Cabe à DGS a aplicação de estratégias e definição de metas (em
valores percentuais) para cada um destes objectivos estratégicos,
assim como a elaboração de Normas de Orientação Clínica e de
outras informações utéis não só para os profissionais de saúde como
também para os doentes/família.

64
Práticas de qualidade na saúde
Estatísticas da aplicação das estratégias destes planos 2019 (o de
2020 não foi realizado devido à pandemia)

(Monitorização da qualidade)

65
Práticas de qualidade na saúde
A acreditação de instituições de saúde em Portugal é baseada no
Modelo de Acreditação da Agencia de Calidade Sanitaria de Andalucia
(ACSA) que foi aprovado em Conselho de Ministros através do
despaco 69/2009 de 31 de Agosto, agora denominado de Modelo
ACSA

66
Práticas de qualidade na saúde
Modelo ACSA valoriza:
-Os direitos dos cidadãos

-A segurança

-As competências profissionais

-A transparência na actuação

-Os requisitos de rigor técnico e científico na prestação de cuidados de


saúde
-Os resultados do processo de saúde

-O parecer do doente sobre os cuidados que lhe são prestados

67
Práticas de qualidade na saúde
Modelo ACSA valoriza:
-Os direitos dos cidadãos

-A segurança

-As competências profissionais

-A transparência na actuação

-Os requisitos de rigor técnico e científico na prestação de cuidados de


saúde
-Os resultados do processo de saúde

-O parecer do doente sobre os cuidados que lhe são prestados

68
Práticas de qualidade na saúde
Unidades de saúde acreditadas

https://transparencia.sns.gov.pt/explore/dataset/acreditacao-de-unidades-de-saude/
table/?
flg=pt&sort=tempo&dataChart=eyJxdWVyaWVzIjpbeyJjaGFydHMiOlt7InR5cGUiOiJjb2x1
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69
Práticas de qualidade na saúde
Direitos dos doentes
•O doente tem direito a ser tratado no respeito pela dignidade humana

•O doente tem direito ao respeito pelas suas convicções culturais,


filosóficas e religiosas
•O doente tem direito a receber os cuidados apropriados ao seu
estado de saúde, no âmbito dos cuidados preventivos, curativos, de
reabilitação e terminais

70
Práticas de qualidade na saúde
Direitos dos doentes
•O doente tem direito à prestação de cuidados continuados

•O doente tem direito a ser informado acerca dos serviços de saúde


existentes, suas competências e níveis de cuidados
•O doente tem direito a ser informado sobre a sua situação de saúde

•O doente tem o direito de obter uma segunda opinião sobre a sua


situação de saúde

71
Práticas de qualidade na saúde
Direitos dos doentes
•O doente tem direito a dar ou recusar o seu consentimento, antes de
qualquer acto médico ou participação em investigação ou ensino
clínico
•O doente tem direito à confidencialidade de toda a informação clínica
e elementos identificativos que lhe respeitam
•O doente tem direito de acesso aos dados registados no seu
processo clínico

72
Práticas de qualidade na saúde
Direitos dos doentes
•O doente tem direito à privacidade na prestação de todo e qualquer
acto médico
•O doente tem direito, por si ou por quem o represente, a apresentar
sugestões e reclamações

73
Práticas de qualidade na saúde
Direitos dos doentes

Na área da qualidade em saúde salienta-se a importância do doente


estar devidamente informado, para que possa ser um agente ativo na
tomada de decisão acerca do seu processo de saúde.

Deve também conhecer as normas e as boas práticas de segurança


aplicadas nas instituições de saúde e os mecanismos de reclamação e
sugestões que estarão intimamente relacionados com a melhoria
contínua da qualidade (tendo em conta o ponto de vista do utilizador).

74
Práticas de qualidade na saúde
Promoção da saúde

Desde que a saúde é um direito que se fala na promoção da saúde


que pode ser definida como «o processo de capacitação da
comunidade para actuar na melhoria da qualidade de vida e saúde,
incluindo uma maior participação no controlo deste processo» (Carta
de Otawa)

75
Práticas de qualidade na saúde
Promoção da saúde

«É uma intervenção conjunta e integrada sobre o individuo e o meio


envolvente em que se nasce, vive, respira, trabalha, consome e se
relaciona»

Graça, 2000

76
Práticas de qualidade na saúde
Promoção da saúde

Segundo a Carta de Ottawa, contempla 5 amplos campos de ação:


•Implementação de políticas públicas saudáveis

•Criação de ambientes saudáveis

•Capacitação da comunidade

•Desenvolvimento de habilidades individuais e coletivas

•Reorientação de serviços de saúde.

77
Práticas de qualidade na saúde
Promoção da saúde

A promoção da saúde visa uma abordagem positiva sobre as


determinantes em saúde para além da perspectiva financeira.

Os custos decorrentes de estratégias implementadas com o intuito de


promover a saúde ajudam na sustentabilidade do Sistema de Saúde,
por serem mais reduzidos que os custos provocados por doenças
crónicas... Internamentos... Permanência em UCC...

Necessidade de reforçar os cuidados de saúde primários!!!


http://www.cgtp.pt/images/stories/imagens/2009/06/sustentabilidade_do_sns-2.pdf

78
Práticas de qualidade na saúde
Prestação de cuidados de saúde
-Tríade dos cuidados de saúde:
- Estrutura: condições da prestação de cuidados. Exemplo:
equipamentos de trabalho, condições físicas da instituição.
- Processo: relacionado com os cuidados em si, diagnóstico, tratamento,
reabilitação e ensinos ao doente. Ou seja as atividades realizadas pelo
profissional de saúde que vão contribuir para a saúde do doente.

79
Práticas de qualidade na saúde
(cont) Prestação de cuidados de saúde
-Tríade dos cuidados de saúde:
- Resultado: referem-se às mudanças (desejáveis ou indesejáveis) que
aconteceram no estado de saúde da pessoa. Podem ser relacionados
com atenção que o profissional dispensou no cuidado, a satisfação do
doente/família

80
Práticas de qualidade na saúde
Prestação de cuidados de saúde
-Os resultados podem ainda ser
- Desejáveis: melhoria do estado do doente, aumento da sobrevida

- Indesejáveis: quando há lesão, incapacidade, morte

81
Práticas de qualidade na saúde
Prestação de cuidados de saúde
-Este modelo de tríade da prestação de cuidados estabelece que há
uma relação causal entre estrutura, processo e resultado, na medida
em que a existência de boas condições de trabalho, contribui para o
bem-estar dos profissionais, que devidamente formados fazem um
adequado diagnóstico e tratamento, que culmina num estado de saúde
favorável.

82
Práticas de qualidade na saúde
Prestação de cuidados de saúde
-Factores que influenciam os resultados favoráveis:

- Centralização da prestação de cuidados no doente/família

- Profissionais habilitados e competentes, dedicados e que


cumprem os padrões de qualidade propostos
- Espírito de equipa e liderança

- Respeito pelo doente e pelos seus direitos

- Partilha de resultados estatísticos da aplicação dos padrões de


qualidade, e a adequação e melhoria contínua dos mesmos

83
Práticas de qualidade na saúde
Educação contínua e desenvolvimento da qualidade
-A educação contínua é considerada pela OMS como uma estratégia
fundamental para a qualidade e para a actualização dos cuidados de
saúde, sendo um processo muito dinâmico.

84
Práticas de qualidade na saúde
Instalações e equipamentos
-O Serviço de Instalações e Equipamentos (SIE) tem como missão
promover e garantir o funcionamento e a qualidade das instalações e
dos equipamentos.
-Tem como objectivos:
- Prevenir riscos

- Minimizar consequências nefastas das avarias (através da rápida


reparação/substituição do equipamento)
- Garantir o normal abastecimento da instituição

85
Práticas de qualidade na saúde
Instalações e equipamentos
-O SIE deve ser composto por elementos com as capacidades
técnicas mais adequadas, utilizando de forma racional e eficaz os
recursos humanos e tecnológicos disponíveis.
-Estes serviço assegura a fiscalização dos equipamentos electrónicos.

-É fundamental que este serviço esteja actualizado face aos


equipamentos/máquinas mais modernas e que melhor respondam às
necessidades dos profissionais e doentes.

86
Práticas de qualidade na saúde
Instalações e equipamentos
-É necessária a colaboração de todos os profissionais de saúde na
detecção de problemas/avarias nos aparelhos electrónicos, assim
como a sua utilização mais correta e na identificação de melhorias que
podem ser aplicadas aos equipamentos em questão.

87
Qualidade na saúde

3. A qualidade na saúde
3.3. Participação activa dos colaboradores: claficar o papel
dos colaboradores sobre:

3.3.1. Procedimentos

3.3.2. Reclamações/sugestões

3.3.3. Satisfação do utente

88
Participação ativa dos
colaboradores
Na obtenção da qualidade em saúde torna-se fundamental falar no
papel dos profissionais de saúde na uniformização de procedimentos,
no incentivo do cidadão para a utilização de mecanismos de
reclamações/sugestões e como contribuir para a satisfação do utente.

89
Participação ativa dos
colaboradores
Procedimentos

A aplicação de protocolos visa a uniformização dos cuidados de


saúde, apoiando o profisisonal de saúde na tomada de decisão e
garantido maior qualidade e segurança nos cuidados prestados.

Estas diretrizes são elaboradas com base na melhor evidência


científica.

90
Participação ativa dos
colaboradores
Procedimentos

(opiniões dos profissionais de saúde)

«falta de protocolos para trabalharmos todos no mesmo sentido»

«constituir protocolos para uniformizar cuidados»

(Rodrigues 2013)

91
Participação ativa dos
colaboradores
Procedimentos

As normas de orientação clínica servem para auxiliar o profissional de


saúde na tomada de decisão e para uniformizar os cuidados.

Idealmente deveriam valorizar a opinião dos doentes relativamente às


possíveis opções terapêuticas, no entanto, segundo a Ordem dos
Médicos, a maioria delas não apresentam qualquer proposta
relacionada com a incorporação das ideias dos doentes, não havendo
partilha de decisão terapêutica.

92
Participação ativa dos
colaboradores
Procedimentos

Em 2011 a Administração Central do Sistema de Saúde, em


colaboração com uma equipa de profissionais de saúde, elaborou o
«Manual de Normas de Enfermagem: procedimentos técnicos».

93
Participação ativa dos
colaboradores
Procedimentos

Este manual tem como objectivos:


-Estabelecer linhas orientadoras para a prestação de cuidados de
enfermagem;
-Normalizar procedimentos que garantam boas práticas;

-Orientar a execução de procedimentos por princípios científicos e de


optimização de recursos;
-Desenvolver a arte de saber fazer, considerando o conforto do cliente
e a estética dos actos.

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Participação ativa dos
colaboradores
Procedimentos

Protocolo da Triagem de Manchester, utilizada nos serviços de


urgência da maioria dos hospitais portugueses, aprovada pelo decreto-
lei 19124/05 de 17 de Agosto.

95
Participação ativa dos
colaboradores
Procedimentos

96
Participação ativa dos
colaboradores
Procedimentos

Os registos clínicos informatizados também contribuem para a


uniformização, melhor qualidade e melhor segurança.

O SAPE é um software aplicacional que usa, como referencial de


linguagem, a International Classification for Nursing Practice do
International Council of Nurses – CIPE (versão BETA 2), que permite
efectuar o planeamento e o registo da actividade decorrente da
prestação de cuidados de enfermagem nas instituições de saúde.

97
Participação ativa dos
colaboradores
Procedimentos

O SAPE é orientado para a actividade diária do enfermeiro e visa a


organização e o tratamento de informação, processada na
documentação de enfermagem, sobre a situação clinica do doente.
Tem como objectivos específicos:

- Suportar a actividade diária de enfermagem;

- Normalizar o sistema de registos de enfermagem.

98
Participação ativa dos
colaboradores
Procedimentos
-Plano de cuidados

-Folha da terapêutica

-Sistemas informáticos: SPMS e App SNS24

99
Participação ativa dos
colaboradores
Procedimentos

Em relação a este tema é fundamental que o profissional de saúde


integra na sua prática clínica estes procedimentos e que participe
ativamente na melhoria destes sistemas de uniformização de
procedimentos.

100
Participação ativa dos
colaboradores
Reclamações/sugestões

O Sistema SIM Cidadão – Sistema de Informação e Monitorização das


Exposições do Cidadão era um Sistema de Gestão de Sugestões e
Reclamações dos Utentes do Serviço Nacional de Saúde, que envolvia
todas as instituições prestadoras de cuidados de saúde do sector
público do SNS e que foi extinto em 2015, passando as suas funções
para a Entidade Reguladora da Saúde (ERS).

Decreto-Lei n.º 126/2014, de 22 de agosto

101
Participação ativa dos
colaboradores
Reclamações/sugestões

As reclamações, sugestões e elogios podem ser apresentadas através


do preenchimento do livro de reclamações em formato físico,
em formato eletrónico quanto a prestadores do setor privado, social e
cooperativo, e diretamente à ERS, por carta ou através do formulário
disponível na página https://www.ers.pt/pt/utentes/reclamacoes/

Panfleto

102
Participação ativa dos
colaboradores
Reclamações/sugestões

Cabe à ERS apreciar as queixas e reclamações apresentadas pelos


utentes, assegurar o cumprimento das obrigações dos
estabelecimentos prestadores de cuidados de saúde relativas ao
tratamento das mesmas, bem como sancionar as respetivas infrações.

103
Participação ativa dos
colaboradores
Reclamações/sugestões

Os estabelecimentos prestadores de cuidados de saúde estão


obrigados a remeter à ERS, no prazo de 10 dias úteis, cópia das
reclamações e queixas dos utentes, designadamente as constantes
dos respetivos livros de reclamações, bem como do seguimento que
tenham dado às mesmas.

104
Participação ativa dos
colaboradores
Reclamações/sugestões: mediação de conflitos:

A mediação é o meio alternativo de resolução de conflitos (não judicial,


porque não decorre nos tribunais), em que as partes (por exemplo, um
utente e um estabelecimento prestador de cuidados de saúde), são
auxiliadas por um terceiro imparcial, um mediador, e procuram
voluntariamente chegar a um acordo que resolva o conflito que as
opõe, podendo o mediador propor soluções para esse conflito
(conciliação).

105
Participação ativa dos
colaboradores
Reclamações/sugestões

Os mesmos recursos podem ser utilizados para elogios ou sugestões


e não apenas para reclamações.

106
Práticas de qualidade na saúde
Reclamações/sugestões

É, por isso, um recurso fundamental na monitorização das perceções


dos utentes utilizadores de cuidados face aos contatos que têm com
as diversas entidades prestadoras.

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