APRESENTAÇÃO
Material de construção é todo corpo, objeto ou substância utilizada em obras de construção civil.
O estudo desses materiais nos permite conhecer desde o seu processo de fabricação, o
funcionamento de sua estrutura (bem como suas propriedades), até seu desempenho e em qual
aplicação poderá ser utilizado.
Os tipos de materiais de construção podem ser classificados quanto a sua origem, função,
composição e estruturas internas, e essa análise se desenvolverá de acordo com as famílias
desses materiais: metais, polímeros (plásticos), cerâmicas e compósitos (associação de
materiais). O estudo ocorrerá por meio de critérios e propriedade físicas e químicas dos
materiais, buscando auxiliar na correta especificação.
Bons estudos.
INFOGRÁFICO
Qualquer material sólido tende a sofrer deformação quando submetido a alguma solicitação
mecânica ou esforço. A resistência dos materiais é uma ciência que tem como objetivo estudar o
comportamento dos materiais de construção sujeitos a esforços, de forma que estes possam ser
dimensionados corretamente atendendo às condições previstas de utilização.
Neste Infográfico, você vai conhecer os diferentes tipos de esforços que podem atuar em um
material. Esses tipos de solicitações estão ligadas às propriedades mecânicas dos materiais:
módulo de elasticidade, resistência à deformação, dureza, tenacidade, fadiga; resistência à
deformação a quente, etc.
CONTEÚDO DO LIVRO
Assim, é necessário conhecer quais são os tipos de materiais de construção, assim como a sua
classificação, origem, função dentro da construção civil, composição e estrutura.
Esse conhecimento é de grande valia para a correta especificação de um material para uma
determinada aplicação ou situação que possa ocorrer durante a sua utilização, principalmente
durante a ocupação de uma edificação, visando a segurança e o bem-estar dos ocupantes.
Boa leitura.
TECNOLOGIA
DO AMBIENTE
CONSTRUÍDO:
MATERIAIS DE
CONSTRUÇÃO
Introdução
Material de construção é todo o corpo, objeto ou substância utilizada
em obras de construção civil. Os tipos de materiais de construção
podem ser classificados quanto à sua origem, função, composição e
estrutura interna.
Neste capítulo, você estudará os diferentes tipos de materiais, identifi-
cará seus comportamentos frente às solicitações de uso e compreenderá
como suas propriedades impactam em seu desempenho (comporta-
mento) em determinadas aplicações.
Reconhecendo os materiais
O estudo dos materiais (Figura 1) nos permite conhecer desde o seu processo de
fabricação, o funcionamento de sua estrutura (bem como suas propriedades),
até seu desempenho e em qual aplicação poderá ser utilizado.
2 Introdução aos materiais de construção
PROPRIEDADES
PROCESSO PRODUTIVO
Conhecer as propriedades dos
Aços do tipo doce (baixo teor de
materiais (composição química,
carbono) aceitam solda, enquanto
peso, condutividade térmica,
que aços do tipo duro não aceitam
isolamento acústico) é fundamental
ser soldados.
para realizar a especificação técnica.
MATERIAL
APLICAÇÃO ESTRUTURA
O Chassis de um automóvel O carvão e o diamante possuem
deve ser leve para possibilitar os mesmos elementos atômicos
economia de combustível e possuir (átomo de carbono), mas o que os
resistência ao impacto para proteger diferencia é a força de ligação dos
o motor do veículo. mesmos.
Metais
Um metal é um elemento composto por um conjunto de átomos (de caráter
metálico), no qual os elétrons da camada de valência (camada mais afastada
do núcleo, cujos elétrons são atraídos pelo núcleo com uma força menor que as
demais camadas) fluem livremente. O resultado dessa baixa força de atração
é o fato de os elétrons fugirem e transitarem pelo reticulado, formando a
ligação metálica que é responsável por uma série de propriedade dos materiais
metálicos. Confira, a seguir, algumas dessas propriedades.
Polímeros
Também conhecidos como plásticos, são geralmente compostos por longas
cadeias de átomos de carbono (orgânicas) não cristalinas. A resistência
mecânica e a ductilidade desses materiais é muito variável e, devido a sua
estrutura, eles não são bons condutores de calor e energia, se comportando
como isolantes. São leves e se decompõe a uma baixa temperatura. Para
compreender melhor o comportamento dos polímeros, podemos subdividi-
-los em dois grupos:
Linear Ramificado
Figura 2. Tipos de ligações poliméricas.
Fonte: Callister Junior (1997).
Polietileno
Polipropileno
Policloreto de polivinila
Poliestireno expandido
Poliacrilonitrila
Polimetil-metacrilato
Politetrafluoretileno
Borracha sintética
Cerâmicas
São materiais inorgânicos, constituídos predominantemente por elementos
metálicos e não metálicos conectados por meio de ligações químicas iônicas
e/ou covalentes. Sua estrutura pode ser cristalina ou não. Esses materiais são
utilizados na construção civil e podem ser divididos em cerâmicas tradicionais
e cerâmica de engenharia.
As cerâmicas tradicionais são obtidas a partir da argila, sílica e feldispato,
ao passo que as cerâmicas de engenharia são obtidas a partir de compostos
puros, como o óxido de alumínio, carbeto de silício e nitreto de silício. As
telhas, tijolos e vidros usados em obras de construção civil são exemplos de
cerâmica tradicional. Já uma turbina automotiva em carbeto de silício é um
exemplo de cerâmica aplicada à engenharia, desenvolvida para uma função
que requer um material com elevada dureza e resistência mecânica, mesmo
quando submetidos a alta temperatura.
A classe de materiais cerâmicos engloba desde materiais a base de argila,
que não passaram por nenhum processo de queima, até cerâmicas avançadas,
cuja produção visa atender à indústria aeronáutica. Essa classe engloba também
os vidros (material cerâmico sem estrutura cristalina).
No que se refere a estrutura química, as cerâmicas simples possuem liga-
ção atômica, que pode ser do tipo covalente ou iônica, conforme você pode
observar no Quadro 1.
Introdução aos materiais de construção 9
Carbeto Carbeto
de Háfnio hfC 4.150 de Boro B4O33 * 2.450
Carbeto Óxido
de Titânio TiC 3.120 de Alumínio Al4O2 2.050
Carbeto de Dióxido
tungstênio WC 2.850 de Silício ** SiO2 * 1.715
Óxido Nitreto
de magnésio MgO 2.798 de Silício Si3N4 * 1.700
Dióxido Dióxido
de zircônio ZrO2 2.750 de Titânio TiO2 * 1.605
Compósitos
Surgiram em meados do século XX e são constituídos por meio da combinação
de dois ou mais materiais diferentes, em busca de uma combinação de proprie-
dades para uma aplicação específica. Possuem características diferentes dos
materiais que os originaram, podendo ser mais resistentes e rígidos. Resistem
à alta temperatura, não sofrem corrosão, etc. Geralmente, seus componentes
não se dissolvem no processo, possuindo uma interface clara e nítida entre os
materiais que o compõe. O desempenho do material compósito é alcançado
por meio da associação das suas propriedades.
As fases dos compósitos são chamadas de matriz — que pode ser cerâmica,
polimérica e metálica — e dispersa — geralmente fibras ou partículas que
servem como carga.
A matriz geralmente é um material contínuo que envolve a fase dispersa. As
propriedades do compósito envolvem fatores como a geometria da fase dispersa,
distribuição, orientação e compatibilidade interfacial entre os constituintes
da mistura. Portanto, para que se forme um compósito, é necessário que haja
afinidade entre os materiais que serão unidos. Por isso, é muito importante
conhecer as propriedades químicas e físicas dos diferentes materiais envol-
vidos, mais especificamente as propriedades das interfaces dos constituintes
dos compósitos.
Muitas das tecnologias modernas requerem materiais com combinações
bem peculiares de propriedades que não podem ser atendidas por materiais
tradicionais (ligas metálicas, cerâmicas e materiais poliméricos), como as
aplicações aeroespaciais, subaquáticas e de transporte.
A busca por materiais ecologicamente corretos tem promovido o desenvol-
vido tecnológico de materiais de matrizes poliméricas com fibras naturais. A
princípio, as fibras naturais apresentaram poucas vantagens, pois não sofriam
melhora de suas propriedades com essas combinações. Contudo, tendo em
vista o baixo custo dessas fibras (cujas fontes são renováveis e inesgotáveis),
a baixa densidade e o fato de provocarem um menor desgaste por abrasão
nas máquinas de processamento e terem uma boa adesão à matriz, seu uso
em compósitos estruturais tem crescido no setor industrial. A melhoria das
propriedades da madeira utilizando fibras de celulose em uma matriz de
12 Introdução aos materiais de construção
Tipo de
material Características Cadeia atômica
Propriedades
O motivo para se estudar as propriedades dos materiais é o fato de, por meio
desse conhecimento, ser possível compreender se o material que se pretende
utilizar será capaz de resistir aos esforços aplicados a ele, sem que sofra defor-
mações excessivas, desgaste prematuro ou venha se a romper durante o uso.
Para compreender melhor as propriedades dos materiais, iremos subdividi-
-las em dois grupos:
Introdução aos materiais de construção 13
propriedades físicas;
propriedades mecânicas.
Propriedades físicas
São aquelas que podem ser medidas sem que a composição química do material
se altere, conforme você verá a seguir.
Todo corpo possui uma extensão, que é medida em unidade de compri-
mento, pela extensão de espaço ocupado (Figura 4).
m
µ=d=
V
Introdução aos materiais de construção 15
Propriedades mecânicas
Todo material sólido, quando submetido a esforços externos responde a isso
em forma de deformação. As propriedades mecânicas dos materiais definem
o seu comportamento (resposta) quando sujeito a cargas externas, ou seja,
demonstram sua capacidade de resistir a esses esforços sem se fraturar ou
deformar demasiadamente.
Dureza é a propriedade de um material que o permite resistir à deformação
plástica, usualmente medida pela penetração ou risco. Um material é considerado
mais duro que o outro quando o primeiro consegue riscar o segundo deixando
16 Introdução aos materiais de construção
σ
T
σmáx
σr k
Limite de ƒs
fluência
σe ƒi
p
σp Zona de
fluência
0 Zona ε
elástica Zona plástica
Zona elástico-plástica
Figura 6. Diagrama típico de tensão versus deformação para um metal dúctil submetido
a tensão uniaxial.
Fonte: Adaptado de Fuente (2017, documento on-line).
Especificação de materiais
Inúmeros são os problemas causados pela falta de especificação e ou espe-
cificação incorreta de materiais na execução de obras. Essas falhas causam
atrasos nos processos de compra, no andamento da obra, aumentos de custo,
retrabalho, mão de obra ociosa, etc.
18 Introdução aos materiais de construção
Imagine que você é o responsável técnico por uma obra na qual foi construída uma
varanda não coberta. O piso dessa varanda é a laje da sala de estar dessa edificação.
O projeto prevê que a laje (do tipo maciça de concreto armado) da varanda cuja
área é de 6 m2 seja impermeabilizada. Como no projeto não especifica qual tipo de
impermeabilização aplicar, você terá que avaliar o local e definir o melhor material
a ser adotado.
Resolução
1º passo — definir esforços aos quais o material estará submetido
A laje de concreto maciço é um elemento poroso. Nela, não terá cobertura, portanto
estará sujeita a intempéries e consequentes expansões térmicas. O projeto prevê a
instalação de um piso cerâmico tipo porcelanato sobre a laje, ou seja, qualquer que
seja a impermeabilização aplicada sobre a laje, deverá receber uma proteção mecânica,
que permitirá as pessoas andarem sobre ela sem que a impermeabilização sofra danos
com o tempo. Não haverá tráfego de veículos sobre a varanda, o que nos diz que o
material não precisa ter alta resistência mecânica.
2º passo — avaliar as propriedades necessárias ao material
O material deverá promover a impermeabilização da laje, impedindo a água de
penetrar pelos poros do concreto que compõe a laje. Ser flexível (elevada elasticidade),
pois irá ficar exposto às intemperes e, consequentemente, sofrerá dilatação e contrações
(expansão térmica).
3º passo — especificar o material a ser utilizado
Pesquisar em catálogos de fabricantes de materiais poliméricos a procura de materiais
impermeabilizantes. Os impermeabilizantes flexíveis são materiais que permitem um
maior alongamento (elásticos), por isso são indicados para locais expostos a variação de
temperatura. Dentro desse grupo, existem as mantas asfálticas, membranas asfálticas
moldadas a quente ou a frio, membranas acrílicas, membranas de poliuretano e
membranas de poliuretano com asfalto. Como não haverá tráfego de veículos sobre
a laje, descartaremos os materiais a base de asfalto. Em virtude dessa laje ser o teto
da sala de estar da residência, é necessário escolher um material de base branca, de
modo a promover a estabilização da temperatura interna da sala de estar. A escolha
final foi um polímero artificial, do tipo membrana acrílica, cuja aplicação é feita com
rolo, não requerendo mão de obra especializada e tem um bom custo-benefício.
20 Introdução aos materiais de construção
4º passo — ET
Material: 2 baldes de 18 litros de membrana acrílica impermeabilizante branca.
Mão de obra: um pedreiro e um ajudante.
Orientações para aplicação: primeiramente deve ser realizado um preparo da su-
perfície sobre a laje. Essa etapa prevê a sua regularização com uso de argamassa de
cimento e areia (traço 1:3), dando caimento mínimo de 2% em direção aos ralos de
água pluvial. Para a aplicação do produto, deve ser utilizado uma trincha, rolo de
pintura ou vassoura de pelo. Ao abrir a embalagem do produto, deve-se realizar a sua
homogeneização antes de usar. O produto deve ser diluído com 30 a 40% de água na
1ª demão. As demãos subsequentes deverão ser aplicadas sem diluição do produto. O
intervalo médio entre as demãos varia de 6 a 12 horas, mas, antes de iniciar a próxima
demão, deve-se verificar se a camada aplicada se encontra totalmente seca, pois o
tempo necessário pode variar com a temperatura e a umidade relativa do ambiente.
Intercale uma tela de poliéster (do tipo Mantex com malha de 2x2 mm) entre a 2ª
e a 3ª demão, de modo a aumentar a resistência da impermeabilização à dilatação
térmica. Aguarde o período de cura do produto de no mínimo três dias antes do teste
de estanqueidade de 72 horas submerso.
Conclusão: se você compreender o objetivo para o qual o material será utilizado,
quais as solicitações que o material estará sujeito e com uma pesquisa de mercado,
você conseguirá descobrir qual material se adequa à sua necessidade. A partir disso, a
ficha técnica do material, geralmente encontrada no site do fabricante ou em catálogos
técnicos de produtos, fornecerá as demais informações e auxiliará na especificação
técnica do produto.
Introdução aos materiais de construção 21
Leituras recomendadas
MUNIZ-GÄAL, L. P. et al. Eficiência térmica de materiais de cobertura. Ambiente Cons-
truído, Porto Alegre, v. 18, n. 1, p. 503-518, mar. 2018. Disponível em: <https://seer.ufrgs.
br/ambienteconstruido/article/view/68280>. Acesso em: 13 out. 2018.
SOUZA, A. A. A.; MORENO JÚNIOR, A. L. Efeito de altas temperaturas na resistência à
compressão, resistência à tração e módulo de deformação do concreto. Revista IBRACON
de Estruturas e Materiais, v. 3, n. 4, p. 432-448, dez. 2010. Disponível em: <http://www.
scielo.br/scielo.php?pid=S1983-41952010000400005&script=sci_abstract&tlng=pt>.
Acesso em: 13 out. 2018.
Conteúdo:
DICA DO PROFESSOR
Em posse dessas informações, você está apto a ir ao mercado e efetuar uma análise
técnica/financeira, além de escolher a opção mais apropriada para atender à sua necessidade.
Nesta Dica do Professor, você vai ver como executar essas análises.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
EXERCÍCIOS
A) 0,23 kg/cm3.
B) 23,39 g/cm3.
C) 2,34 g/cm3.
D) 0,4275 g/cm3.
E) 0,00042 kg/m3.
A) 5301,28g e 29,0
cm3.
B) 675g e 250cm3.
C) 5301,45g e 1963,5cm3.
D) 92,59g e 250cm3.
B) É a quantidade de energia que permanece em um corpo após a sua incidência sobre ele.
C) É a capacidade que um material tem de retornar sua forma e suas dimensões originais
quando removidos os esforços externos que atuavam sobre ele.
D) É uma forma que representa o espaço tridimensional ocupado por um determinado corpo
ou material.
E) É quando o material já não consegue mais recuperar sua forma e suas dimensões originais
ao se remover a carga a qual ele está sendo submetido.
4) As propriedades físicas do material são aquelas que podem ser medidas sem que a
composição química do material se altere.
B) Absorção.
C) Ductilidade.
D) Dureza.
E) Resiliência.
NA PRÁTICA
Em se tratando da vida profissional, o arquiteto e o engenheiro sempre precisam fazer
escolhas em relação aos materiais. Para isso, precisam conhecer como estes se comportam às
tensões externas, de quais maneiras eles são vendidos e como são aplicados.
Quando se trabalha com áreas abertas, é necessário considerar que deve-se impermeabilizar a
área para que a água (da chuva ou de limpeza) não infiltre nos níveis inferiores. Assim, como
responsável técnico, você é chamado para realizar a impermeabilização de uma laje em concreto
armado com 36m², localizada sobre uma varanda e uma sala de estar. Como proceder?
Veja a seguir.
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:
Aqui você vai poder observar uma Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos
(FISPQ) de cimento Portland. A FISPQ contém informações importantes para a correta
utilização de um produto. Veja a seguir.
Este vídeo mostra como é possível criar uma parede drywall com isolamento acústico, tipo de
construção seca, rápida e eficiente.
Materiais de construção