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COMPLEXO ESCOLAR

POLITÉCNICO GIRASSOL
2º CICLO DO ENSINO SECUNDÁRIO, ENSINO MÉDIO
TÉCNICO PROFISSIONAL E CURSOS DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL
COORDENAÇÃO DE MECÁNICA, ÁREA DE MÁQUINAS E MOTORES

MANUAL DE TECNOLOGIA E PROCESSO

CIÊNCIA DOS MATERIAIS


(Part. 1)

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Ciências dos Materiais
1. Introdução ao estudo dos Materiais

1.1. Evolução histórica


Desde o início das civilizações, os materiais e a energia são utilizados para melhorar a vida dos
seres humanos. Por essa razão, eles estão intimamente ligados à existência e à evolução da
humanidade e acompanharam essas civilizações no decorrer de todo o seu desenvolvimento
desde a pré-história, na Idade da Pedra, quando nossos ancestrais lascavam pedras para produzir
armas de caça; passando pela Idade do Bronze, na qual foi desenvolvida a base da metalurgia
com as ligas de cobre e estanho na produção de armas superiores; até os dias atuais
Para que você possa perceber a importância dos materiais para a humanidade, imagine a sua
vida sem alguns deles, por exemplo, o plástico, o cimento, o vidro, o alumínio e o papel. É
impossível imaginar tal situação. Isso deixa claro que os materiais estão presentes em todos os
setores de nossas vidas, seja na habitação, transporte, comunicação, indústria ou, ainda, no
lazer.
A produção e a transformação desses materiais em bens acabados representam uma das
atividades mais importantes da economia moderna. Todo o conhecimento adquirido ao longo
da nossa evolução acerca dos materiais tornou possível o desenvolvimento de uma variedade
enorme de materiais e moldagem das propriedades desses materiais de acordo com o interesse
e a necessidade da sociedade (SMITH; ROSA, 1998; CALLISTER JR.; RETHWISCH, 2013).

2. Materiais
A ciência e engenharia de materiais é um campo de conhecimento interdisciplinar, que trata do
estudo e manipulação da composição e estrutura dos materiais, com o intuito de controlar as
propriedades destes por meio da síntese e do processamento para a produção de bens de uso e
consumo. A ciência dos materiais tem como objectivo o estudo da estrutura interna, das
propriedades e do processamento dos materiais, enquanto a engenharia dos materiais dedica-se
à aplicação destes conhecimentos de modo a transformar os materiais em produtos úteis e/ou
necessários à sociedade; entretanto, não existe uma linha estritamente definida separando esses
dois ramos. Neste livro, serão abordados tanto aspectos da ciência quanto da engenharia dos
materiais.
O estudo da estrutura de um material pode ser realizado em quatro níveis diferentes. O primeiro
é o nível subatômico que estuda o átomo individualmente e o comportamento de seu núcleo e
elétrons. O segundo nível é o nível atômico, que estuda a interação entre vários átomos e a
formação de ligações e moléculas. O terceiro nível é o microscópico, que corresponde aos
arranjos atômicos e moleculares e a formação de estruturas cristalinas, moleculares e amorfas.
Por fim, o nível macroscópico relacionado ao comportamento do material em serviço. Fonte:
Callister Jr. e Rethwisch (2013)
Na ciência e engenharia dos materiais, o termo composição refere-se à constituição química do
material, ou seja, aos átomos, moléculas ou íons que constituem esse material. Já o termo

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estrutura refere-se à forma como esses átomos, moléculas ou íons se organizam (arranjam) para
a formação do material. Outros termos utilizados nesse âmbito são: o termo síntese, que se
refere ao modo e às substâncias químicas necessárias para a produção de um material
específico, e o termo processamento, que remete ao modo como os materiais sintetizados são
transformados em bens de uso e consumo com propriedades adequadas a cada finalidade
(ASKELAND; WRIGHT, 2015)
É importante saber que, quando falamos de materiais, devemos ter em mente que toda matéria
é um material em potencial, dependendo apenas que suas propriedades (ópticas, mecânicas,
elétricas etc.) confiram-lhe alguma função especifica (ZARBIN, 2007). Além disso, o
desempenho do material em uma aplicação é um fator determinante em projetos. Portanto,
pode-se notar que a ciência dos materiais está embasada em quatro pilares: a síntese e
processamento; a composição e estrutura; as propriedades; e o desempenho (CALLISTER JR.;
RETHWISCH, 2013). Em resumo, a partir da ciência e engenharia dos materiais, é possível
compreender a natureza dos materiais e aplicar conceitos fundamentais e empíricos que
possibilitam relacionar a estrutura dos materiais, suas diversas propriedades e o seu
comportamento para a transformação desses materiais em produtos.
Conceitos fundamentais
Dureza: a facilidade que um material tem de riscar ou penetrar em outro.
Rigidez: é a resistência a deformação que corpo por uma força aplicada.
Ductibilidade: capacidade que um corpo tem de se deformar sem se quebrar.
2.1. Classificação dos materiais
Os materiais, são classificados com base na sua constituição, estrutura atômica e suas
propriedades. Os materiais estão classificados como:
• Metais ou materiais metálicos.
• Cerâmicas ou materiais cerâmicos.
• Polímeros ou materiais poliméricos.
• Compósitos ou materiais compósitos
• Materiais Avançados

2.1.1. Metais
Os materiais pertencentes à classe dos metais são substâncias inorgânicas, constituídos por um
ou mais elementos químicos metálicos, podendo conter elementos não metálicos em sua
composição. Dentre os materiais metálicos mais usados estão o aço, o ferro, o magnésio, o
Cobre, o alumínio, a prata, o bronze, o titânio, o ouro etc. Além disso, dentro da classe dos
materiais metálicos, também existem as ligas metálicas, que são formadas pela mistura de um
metal com um ou mais metais ou não metais, alguns exemplos de materiais não metálicos que
podem estar presentes em ligas metálicas são o carbono, nitrogênio e oxigênio (ASKELAND;
WRIGHT, 2015).

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Figure 1. Algumas aplicações comuns dos metais

Características dos metais


Os metais possuem alto nível de organização espacial no arranjo de seus átomos, definido pelo
termo “estrutura cristalina”.
Em função dessa estrutura atômica organizada possuem: Boa resistência mecânica, Ductilidade,
alta rigidez, alta resistência a choques, possuem brilho próprio, são bons condutores de
eletricidade e de calor,
2.1.2. Cerâmicos
A palavra cerâmica, na linguagem do dia a dia, tem um significado diferente do que tem nas
Ciências dos Materiais. Na linguagem popular, cerâmicas são os objetos feitos de porcelana
ou louça; no âmbito das Ciências dos Materiais, a palavra “cerâmicas” tem uma abrangência
muito maior.
As cerâmicas são constituídas por elementos químicos metálicos e não metálicos que se ligam
por meio de ligações covalentes e iônicas. O óxido de alumínio, ou alumina, é um exemplo de
material cerâmico composto por alumínio, que é um metal, juntamente com o oxigênio, um
não metal, cuja fórmula química é Al2O3.
Outros exemplos de materiais cerâmicos comuns são o dióxido de silício (ou sílica, SiO2),
dióxido de zircônio (ou zircônia, ZrO2), carbeto de silício (SiC) e nitreto de silício (Si3N4).

Figure 2. Algumas aplicações comuns de materiais cerâmicos

Os materiais cerâmicos são duros, possuem rigidez e resistência comparadas às dos metais,
entretanto, são frágeis, ou seja, apresentam baixa resistência a esforços de tração, torção,
flexão etc. Contudo, as cerâmicas são mais resistentes a altas temperaturas e ambientes
severos do que os polímeros e os metais, e são materiais tipicamente isolantes térmicos e
elétricos.

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Os usos mais comuns das cerâmicas são na produção de tijolos, vasos sanitários, refratários,
entre outros. Já as cerâmicas avançadas são aplicadas na produção das estruturas de chips de
computadores, capacitores, velas de ignição de automóveis, indutores elétricos que são
utilizados na construção de ônibus espaciais e aeronaves. Estas aplicações incluem sistemas
térmicos de proteção em cones de exaustão do foguete,telhas de isolamento do ônibus espacial,
componentes de motor e revestimentos
2.1.3. Polímeros
Os materiais poliméricos também conhecidos popularmente como plásticos, são compostos
orgânicos de elevada massa molecular formados por unidades que se repetem, denominadas
meros, formando cadeias de longas extensões (CANEVAROLO, 2006).
A classe dos polímeros é um ramo de produtos da química orgânica, formados, principalmente,
por carbono e hidrogênio, podendo conter outros elementos não metálicos. O processo de
produção dos polímeros é conhecido como polimerização.
Os polímeros são formados pela união de várias unidades menores. O polietileno (C2H4)n é um
exemplo de polímero formado apenas por carbono e hidrogênio, pela união de 100 até 1000
moléculas de etileno (C2H4). Entretanto, além do carbono e hidrogênio, os polímeros podem
conter oxigênio, como o acrílico, nitrogênio, poliamidas ou náilons, flúor, fluoro carbonos,
silício e silicones.

Figure 3 Algumas aplicações comuns dos polímeros

Em geral, os materiais poliméricos possuem grande ductilidade e tem baixa densidade, são
isolantes elétricos, não magnéticos e, alguns polímeros, são altamente resistentes a produtos
químicos corrosivos. Suas desvantagens estão no fato de serem menos resistentes a
deformações que os metais, e de amolecer e/ou se decompor em temperaturas moderadas;
contudo, mesmo com essas limitações, eles ainda são uma opção altamente versátil e útil.
Hoje em dia através do desenvolvimento de compostos poliméricos, tem permitido a produção
de polímeros com resistência e rigidez altas o suficiente para substituir alguns metais em
aplicações estruturais comuns em projetos de engenharia. (SHACKELFORD, 2013).

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2.1.4. Compósitos
Os compósitos são formados pela combinação entre os materiais das classes apresentadas
anteriormente (metais, cerâmicas e polímeros). Essa união conduz a um material com
propriedades superiores aos dos componentes separadamente.
Existem vários tipos de compósitos, formados por diferentes combinações entre metais,
cerâmicas e polímeros, a maior parte deles e feita pelo homem;
Um dos compósitos mais famosos é a fibra de vidro, constituída de pequenas fibras de vidro
embutidas no interior de uma resina polimérica, esse tipo de material é conhecido como
compósito reforçado com fibras. O concreto e os pneus também fazem parte desse tipo de
materiais
A partir dos compósitos, é possível obtermos materiais leves, robustos, dúcteis e resistentes a
altas temperaturas ou mesmo produzirmos ferramentas de corte, duras e resistentes a choques,
que fraturariam se fossem feitas com outros materiais (ASKELAND; WRIGHT, 2015).
2.1.5. Materiais Avançados
A busca por novos materiais é incessante dentro da Ciência dos Materiais, tanto que materiais
que são utilizados em aplicações de alta tecnologia são denominados materiais avançados.
Normalmente esses materiais nascem da melhoria de algumas propriedades de materiais já
existentes e de novos materiais que apresentam alto desempenho.
São materiais que podem pertencer à classe dos metais, cerâmica, polímeros ou compósitos e
são utilizados em aplicações de alta tecnologia. Os materiais avançados são: Semicondutores,
biomateriais, semicondutores, magnéticos, nanotecnológicos. Possuem princípios de
funcionamento sofisticados aplicados na produção de componentes ou dispositivos de alta
tecnologia. Está relacionado na aplicação de equipamentos eletrônicos, computadores,
aeronaves, sistemas de fibras ópticas, equipamentos médicos etc.
Semicondutores
Os materiais semicondutores exibem propriedades intermediárias entre os materiais condutores
elétricos e isolantes, como a condutividade elétrica. Esses materiais são utilizados na
fabricação de vários tipos de dispositivos eletrônicos utilizados em circuitos integrados,
dispositivos de potência e sensores ópticos (ASKELAND; WRIGHT, 2014). Os materiais
semicondutores foram essenciais para a revolução da indústria de produtos eletrônicos e que
impactaram diretamente nossas vidas.

Figure 4.circuito integrado eletrônico, constituído por semicondutores

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Biomateriais
Os chamados biomateriais são materiais geralmente feitos a partir de muitos componentes
e que podem ser de ocorrência natural ou sintética. Os biomateriais frequentemente são
utilizados em aplicações médicas para aumentar, melhorar ou substituir uma função natural.
Duas importantes características desses materiais são a toxicidade e compatibilidade com os
tecidos do corpo, uma vez que muitos deles são implantados como substitutos a órgãos e tecidos
danificados do corpo humano.
Magnéticos

Os materiais magnéticos são materiais com a capacidade de exercer uma força de atração ou repulsão
sobre outros materiais. Os materiais magnéticos possuem aplicações variadas, desde pequenos imãs
para fechar portas de armários, até componentes sofisticados utilizados na indústria de eletrônicos
(RODRIGUEZ, 1998). Um exemplo de material ferromagnético é o imã.

Figure 5

Nanotecnológicos
Os materiais nanotecnológicos ou nanomateriais são materiais que podem ser materiais
metálicos, cerâmicos, poliméricos ou compósitos que possuem estruturas na ordem do nanômetro
(10-9nm) e atualmente são estudados em aplicações na área da saúde, eletrônicos, cosméticos,
têxteis e tecnologia da informação.

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Tabela 1 - Aplicações e propriedades dos materiais

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3. ESTRUTURAS CRÍSTALINAS DOS MATERIAIS
É fundamental saber que os átomos são formados por um núcleo, com prótons e nêutrons,
cercado por elétrons que circulam ao redor desse núcleo.
É também fundamental conhecer o arranjo estrutural dos átomos na formação dos materiais,
esses arranjos determinam muitas das propriedades desses materiais. Ao descrever os arranjos
nos sólidos, é adoptado um sistema no qual os átomos que compõem um material serão
considerados esferas rígidas, como bolas de pingue-pongue.
Um material cristalino é aquele no qual os átomos estão organizados ou arranjados de uma
forma periódica ou seja que se repete ao longo de grandes distancias atómicas
Rede cristalina: é um arranjo tridimensional de pontos cuja vizinhança é idêntica. Portanto,
essas redes são os esqueletos sobre os quais as estruturas cristalinas dos materiais são formadas.
Estrutura cristalina: é a estrutura formada pelo arranjo dos átomos, íons ou moléculas quando
se organizam na formação de um material. Os cristais formados nesse processo podem ter as
mais variadas formas, desde estruturas mais simples – para os metais – até estruturas complexas
– para algumas cerâmicas e polímeros.

Figure 6

Nos sólidos cristalinos, pequenos grupos de átomos se organizam de maneira periódica na


formação da estrutura cristalina de um material; por essa razão, é conveniente e prático dividir
a estrutura cristalina nessas unidades menores e repetitivas, que são denominadas células
unitárias.
A célula unitária é o bloco estrutural básico, ou bloco construtivo da estrutura cristalina, que
ainda mantém as características gerais da rede, portanto é possível descrever a estrutura
cristalina de um sólido cristalino conhecendo sua célula unitária. As células unitárias são, na
maioria das vezes, paralelepípedos ou prismas.

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Figure 7. Células unitária na forma de esferas reduzidas para alguns materiais comuns

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