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CURSO DE CIÊNCIA DOS

MATERIAIS

Ciência dos Materiais

Professor: Maurício Pegoraro

• Aula 01: Introdução à Ciência e Engenharia dos Materiais


Ciência dos Materiais – Aula 01 – Prof. Maurício Pegoraro

1. Introdução à Ciência e Engenharia dos Materiais

• A Aula 01 engloba os seguintes tópicos:


1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
1.2 PERSPECTIVA HISTÓRICA;
1.3 CIÊNCIA E ENGENHARIA DOS MATERIAIS;
1.4. POR QUE ESTUDAR A CIÊNCIA E A ENGENHARIA DOS MATERIAIS?
1.5 CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS;
1.6 MATERIAIS AVANÇADOS;
1.7 NECESSIDADE DOS MATERIAIS MODERNOS;
1.8 ATIVIDADE PRÁTICA.
Ciência dos Materiais – Aula 01

1. Introdução à Ciência e Engenharia dos Materiais

1.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A disciplina “Ciência dos Materiais” possuí 5 objetivos:


1. Apresentar os fundamentos básicos em um nível apropriado para estudantes
universitários que tenham concluído seus cursos de primeiro ano nas disciplinas
de cálculo, química e física;
2. Apresentar a matéria de acordo com uma ordem lógica, partindo dos conceitos
mais simples e avançando até os mais complexos;
3. Utilizar exemplos práticos na abordagem dos assuntos mais relevantes;
4. Incluir características que aceleram o processo de aprendizagem;
5. Aprimorar o processo de ensino e aprendizagem, utilizando as tecnologias mais
recentes disponíveis para boa parte dos professores e estudantes de engenharia.
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1.2. PERSPECTIVA HISTÓRICA

• As civilizações antigas foram designadas de acordo com seu nível de


desenvolvimento em relação aos materiais:
– Idade da Pedra – 2,5 milhões A.C.;
– Idade do Bronze – 3.500 A.C.;
– Idade do Ferro – 1.000 A.C;
• Os primeiros seres humanos tiveram acesso a apenas um número limitado de
materiais, aqueles que ocorrem naturalmente: pedra, madeira, argila, peles etc.;
• Com o tempo, descobriu-se técnicas para a produção de materiais com
propriedades superiores, incluindo as cerâmicas e vários metais;
• Além disso, foi descoberto que as propriedades dos materiais poderiam ser
alteradas através de tratamentos térmicos e com a adição de outras substâncias;
• Em tempos relativamente recentes que os cientistas compreenderam as relações
entre os elementos estruturais dos materiais e suas propriedades;
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1.2. PERSPECTIVA HISTÓRICA

• Ao longo dos últimos 100 anos, o conhecimento permitiu “moldar”, de modo


significativo, as características dos materiais;
• Atualmente, existem dezenas, senão centenas, de milhares de materiais
diferentes, com características relativamente específicas, atendendo às
necessidades da nossa moderna e complexa sociedade. Estes materiais incluem os
metais, plásticos, vidros, compósitos, fibras etc.;
• Um avanço na compreensão de um tipo de material é o precursor de um
progresso gradativo de alguma tecnologia;
• Por exemplo, os automóveis não teriam sido possíveis sem a disponibilidade a
baixo custo de aço e de algum outro material substituto comparável;
• Outro exemplo, os dispositivos eletrônicos sofisticados dependem de
componentes fabricados a partir dos chamados materiais semicondutores.
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1. Introdução à Ciência e Engenharia dos Materiais

1.3. CIÊNCIA E ENGENHARIA DOS MATERIAIS

• Ciência dos Materiais: envolve a investigação das relações existentes entre as


estruturas e as propriedades dos materiais. Na prática, desenvolve ou sintetiza
novos materiais;
• Engenharia dos Materiais: consiste no projeto ou na engenharia da estrutura de
um material para obter um conjunto predeterminado de propriedades, baseando-
se nas correlações estruturas-propriedades. Na prática, cria novos produtos ou
sistemas usando materiais existentes e/ou desenvolve técnicas para o
processamento de materiais.

Fig. 1.1 Os quatro componentes da disciplina de ciência e engenharia de


materiais e o seu inter-relacionamento
FONTE: CALLISTER, W. D. Ciência e engenharia dos materiais: uma introdução. Rio de Janeiro: LTE,
2012.
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1.3. CIÊNCIA E ENGENHARIA DOS MATERIAIS

• Estrutura: arranjo dos seus componentes internos. A estrutura subatômica envolve


os elétrons nos átomos individuais e as interações com os seus núcleos. Ao nível
atômico, a estrutura engloba a organização dos átomos ou das moléculas, uns em
relação aos outros;

• Propriedade: característica de um dado material, em termos do tipo e da


magnitude da sua resposta a um estímulo específico que lhe é imposto.
Geralmente, as definições das propriedades dos materiais são feitas de modo que
elas sejam independentes da forma e do tamanho do material;
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1.3. CIÊNCIA E ENGENHARIA DOS MATERIAIS

1.3.1 Categorias das propriedades dos materiais


• Propriedades mecânicas: relacionam a deformação a uma carga ou força que é
aplicada; exemplos: módulo de elasticidade (rigidez), resistência, tenacidade, etc.;
• Propriedades elétricas: o estímulo é um campo elétrico; exemplos: condutividade
elétrica, constante dielétrica, etc.;
• Propriedades térmicas: capacidade calorífica e condutividade térmica;
• Propriedades magnéticas: demostram uma resposta de um material a um campo
magnético;
• Propriedades ópticas: o estímulo é a radiação eletromagnética ou a radiação
luminosa; exemplos: índice de refração e a refletividade;
• Propriedades de deterioração: relacionadas à reatividade química dos materiais.
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1.3. CIÊNCIA E ENGENHARIA DOS MATERIAIS

1.3.2 Exemplo Processamento-estrutura-propriedades-desempenho:

FONTE: CALLISTER, W. D. Ciência e engenharia dos materiais: uma introdução. Rio de Janeiro: LTE, 2012.
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1.4. POR QUE ESTUDAR A CIÊNCIA E A ENGENHARIA DOS MATERIAIS?


• Durante a vida profissional de qualquer engenheiro, em algum momento será
deparado com um problema ou projeto que envolve materiais. Seja uma
engrenagem de transmissão, a superestrutura de um edifício, um componente de
uma refinaria de petróleo ou um chip de circuito integrado;
• Na maioria dos casos, um problema de materiais consiste na seleção do material
correto dentre os muitos milhares que estão disponíveis;
• A decisão final baseia-se em diversos critérios: em raras ocasiões um material
possuirá a combinação máxima ou ideal de propriedades, dessa forma, poderá se
abrir mão de uma característica por outra. Por exemplo: Resistência e ductilidade:
normalmente, a resistência aumenta combinado com uma diminuição da
ductilidade;
• Alguns critérios básicos na escolha tratam-se das condições de serviços, da
deterioração das propriedades dos materiais e, principalmente, o aspecto
econômico;
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1. Introdução à Ciência e Engenharia dos Materiais

1.4. POR QUE ESTUDAR A CIÊNCIA E A ENGENHARIA DOS MATERIAIS?

• Portanto, quanto mais familiarizado um engenheiro com as várias características e


relações estrutura-propriedade, assim como com as técnicas de processamento
dos materiais, mais capacitado e confiante ele ou ela estará para fazer escolhas
ponderadas de materiais com bases nesses critérios.
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1. Introdução à Ciência e Engenharia dos Materiais

1.5. CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS

• A classificação dos materiais está baseada principalmente na composição química


e na estrutura atômica. Os materiais sólidos foram agrupados em três categorias
básicas:

1. Metais;
2. Cerâmicas;
3. Polímeros.

• A maioria dos materiais se enquadra em um ou outro grupo. Adicionalmente,


existem os compósitos, que são combinações de dois ou mais materiais diferentes;
• Outra categoria é dos materiais avançados – aqueles que são usados em
aplicações de alta tecnologia, como por exemplo os semicondutores, os
biomateriais, os materiais inteligentes e os materiais “nano-engenheirados”.
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1.5. CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS


1.5.1. Metais

Fig. 1.3 Objetos familiares feitos de metais e ligas metálicas: talheres, tesoura, moedas, uma engrenagem, anel de
casamento, uma porca e um parafuso.
FONTE: CALLISTER, W. D. Ciência e engenharia dos materiais: uma introdução. Rio de Janeiro: LTE, 2012.
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1.5. CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS


1.5.1. Metais
• Os materiais desse grupo são compostos por um ou mais elementos metálicos
(tais como ferro, alumínio, cobre, titânio, ouro, níquel etc), e com frequência
também por elementos não metálicos (tais como carbono, nitrogênio, oxigênio etc)
em quantidades relativamente pequenas;
• O termo liga metálica refere-se a uma substância metálica que é composta por
dois ou mais elementos;
• Os átomos nos metais e nas suas ligas estão arranjados em uma maneira muito
ordenada, em comparação às cerâmicas e aos polímeros, são relativamente
densos;
• Em relação às características mecânicas, esses materiais são relativamente rígidos
e resistentes, e ainda assim são dúcteis (isto é, são capazes de grandes
deformações sem sofrer fratura), e são resistentes à fratura, o que explica o seu
amplo uso em aplicações estruturais.
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1.5. CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS


1.5.1. Metais
• Os materiais metálicos possuem grande número de elétrons não localizados (isto
é, esses elétrons não estão ligados a nenhum átomo em particular);
• Muitas das propriedades dos metais podem ser atribuídas diretamente a esses
elétrons;
• Por exemplo, os metais são condutores de eletricidade e de calor extremamente
bons e não são transparentes à luz visível (uma superfície metálica polida possui
aparência brilhosa);
• Além disso, alguns metais (por exemplo, Fe, Co e Ni) têm propriedades magnéticas
desejáveis.
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1.5. CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS


1.5.2. Cerâmicas

Fig. 1.4 Objetos comuns feitos a partir de materiais cerâmicos: xícara de porcelana, tesoura, tijolo, azulejo de piso,
vaso de vidro.
FONTE: CALLISTER, W. D. Ciência e engenharia dos materiais: uma introdução. Rio de Janeiro: LTE, 2012.
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1.5. CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS


1.5.2. Cerâmicas
• As cerâmicas são compostos formados entre elementos metálicos e não-
metálicos;
• Na maioria das vezes, são óxidos, nitretos e carbetos;
• Por exemplo: alguns materiais cerâmicos comuns incluem o óxido de alumínio (ou
alumina, Al2O3), o dióxido de silício (ou sílica, SiO2), o carbeto de silício (SiC), o
nitreto de silício (Si3N4) e, ainda, o que alguns referem-se como as cerâmicas
tradicionais – aqueles materiais compostos por materiais argilosos (porcelana),
assim como o cimento e o vidro;
• Em relação ao comportamento mecânico, os materiais cerâmicos são
relativamente rígidos e resistentes, porém, são tipicamente duros e frágeis
(ausência de ductilidade) e, por isso, altamente suscetíveis à fratura;
• Além disso, são tipicamente isolantes térmicos e elétricos, e são resistentes a
temperaturas elevadas e a ambientes severos;
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1.5. CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS


1.5.2. Cerâmicas

• Apesar das cerâmicas serem extremamente duras e frágeis, novas cerâmicas estão
sendo “engenheiradas” para apresentar uma melhor resistência à fratura;
• Esses materiais são usados como utensílios de cozinha, cutelaria e até mesmo
como peças de motores de automóveis;
• Em relação às características ópticas, as cerâmicas podem ser transparentes,
translúcidas ou opacas, e alguns óxidos cerâmicos (por exemplo, Fe3O4) exibem
comportamento magnético.
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1.5. CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS


1.5.3. Polímeros

Fig. 1.5 Objetos comuns feitos a partir de materiais poliméricos: talheres plásticos, bolas de bilhar, capacete de
bicicleta, dados, roda de cortador de grama, vasilhame plástico.
FONTE: CALLISTER, W. D. Ciência e engenharia dos materiais: uma introdução. Rio de Janeiro: LTE, 2012.
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1.5. CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS


1.5.3. Polímeros
• Os polímeros incluem os materiais plásticos e de borracha;
• Muitos deles são compostos orgânicos que têm sua química baseada no carbono,
no hidrogênio e em outros elementos não metálicos (por exemplo, O, N, e Si);
• Possuem estruturas moleculares muito grandes, com frequência na forma de
cadeias, que frequentemente possuem uma estrutura composta por átomos de
carbono;
• Alguns dos polímeros comuns e familiares são o polietileno (PE), náilon, cloreto de
polivilina (PVC), policarbonato (PC), poliestireno (PS) e a borracha silicone;
• Tipicamente, esses materiais possuem baixas massas específicas, enquanto suas
características mecânicas são, em geral, diferentes das caraterísticas exibidas dos
metais e das cerâmicas – eles não são rígidos nem tão resistentes;
• Entretanto, em função das suas densidades reduzidas, a relação rigidez e
resistência com sua massa são comparáveis às dos metais e das cerâmicas.
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1.5. CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS


1.5.3. Polímeros

• Muitos polímeros são extremamente dúcteis e flexíveis (são facilmente


conformados em formas complexas);
• Quimicamente, são relativamente inertes, não reagindo a um grande número de
ambientes;
• Uma das maiores desvantagens dos polímeros é a sua tendência em amolecer
e/ou decompor em temperaturas modestamente elevadas, limitando o seu uso;
• Possuem baixa condutividade elétrica e não são magnéticos.
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1.5. CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS


1.5.4. Compósitos

• Um compósito é composto por dois ou mais materiais individuais, os quais se


enquadram nas categorias discutidas anteriormente;
• O objetivo do projeto de um compósito é atingir uma combinação de
propriedades que não é exibida por qualquer material isolado e, também,
incorporar as melhores características de cada um dos materiais que o compõe;
• Alguns materiais de origem natural também são compósitos, como a madeira e o
osso;
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1.5. CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS

Fig. 1.6 Gráfico de barras dos valores da massa específica à temperatura ambiente para vários materiais metálicos,
cerâmicos, polímeros e compósitos.
FONTE: CALLISTER, W. D. Ciência e engenharia dos materiais: uma introdução. Rio de Janeiro: LTE, 2012.
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1.5. CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS

Fig. 1.7 Gráfico de barras dos valores da rigidez (módulo de elasticidade) à temperatura ambiente para vários
materiais metálicos, cerâmicos, polímeros e compósitos.
FONTE: CALLISTER, W. D. Ciência e engenharia dos materiais: uma introdução. Rio de Janeiro: LTE, 2012.
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1.5. CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS

Fig. 1.8 Gráfico de barras dos valores da resistência (limite de resistência à tração) à temperatura ambiente para
vários materiais metálicos, cerâmicos, polímeros e compósitos.
FONTE: CALLISTER, W. D. Ciência e engenharia dos materiais: uma introdução. Rio de Janeiro: LTE, 2012.
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1.5. CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS

Fig. 1.9 Gráfico de barras da resistência à fratura (tenacidade à tração) à temperatura ambiente para vários materiais
metálicos, cerâmicos, polímeros e compósitos.
FONTE: CALLISTER, W. D. Ciência e engenharia dos materiais: uma introdução. Rio de Janeiro: LTE, 2012.
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1.5. CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS

Fig. 1.10 Gráfico de barras das faixas de condutividade elétrica à temperatura ambiente para vários materiais
metálicos, cerâmicos, polímeros e compósitos.
FONTE: CALLISTER, W. D. Ciência e engenharia dos materiais: uma introdução. Rio de Janeiro: LTE, 2012.
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1. Introdução à Ciência e Engenharia dos Materiais

1.6. MATERIAIS AVANÇADOS

• Materiais avançados são os materiais utilizados em aplicações de alta tecnologia


(high-tech). Por alta tecnologia, subentende-se um dispositivo ou produto que
opera ou que funciona usando princípios relativamente intrincados e sofisticados;
• Tecnicamente, esses materiais avançados são materiais tradicionais cujas
propriedades foram aprimoradas e também materiais de alto desempenho que
foram desenvolvidos recentemente;
• Podem pertencer a qualquer um dos grupos e em geral apresentam alto custo;
• Incluem os semicondutores, os biomateriais e os nanomateriais (que chama-se de
materiais do futuro - materiais inteligentes).
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1.6. MATERIAIS AVANÇADOS


1.6.1. Semicondutores

• Os semicondutores possuem propriedades elétricas que são intermediárias entre


aquelas exibidas pelos condutores elétricos (metais e as ligas metálicas) e os
isolantes (cerâmicas e polímeros);
• Essas características elétricas são extremamente sensíveis à presença de mínimas
concentrações de átomos de impurezas, cujas concentrações podem ser
controladas em regiões muito pequenas do material;
• Esses materiais tornaram possível o advento dos circuitos integrados, os quais
revolucionaram totalmente as indústrias de produtos eletrônicos e de
computadores ao longo das últimas três décadas.
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1.6. MATERIAIS AVANÇADOS


1.6.2. Biomateriais

• São empregados em componentes implantados no corpo humano para


substituição de partes do corpo doentes ou danificadas;
• Estes materiais não produzem substâncias tóxicas e devem ser compatíveis com os
tecidos do corpo (não devem causar reações biológicas adversas);
• Todos os materiais citados anteriormente podem ser usados como biomateriais,
tomados os devidos cuidados.
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1.6. MATERIAIS AVANÇADOS


1.6.3. Materiais Inteligentes

• São um grupo de novos materiais de última geração, que estão sendo atualmente
desenvolvidos e que terão uma influência significativa sobre muitas das nossas
tecnologias;
• O adjetivo inteligente significa dizer que esses materiais são capazes de sentir
mudanças nos seus ambientes e assim responder a essas mudanças segundo
maneiras predeterminadas;
• Os componentes de um material (ou sistema) inteligente incluem algum tipo de
sensor (que detecta um sinal de entrada) e um atuador (que executa uma função
de resposta e adaptação);
• Os atuadores podem provocar mudanças de forma, de posição, da frequência
natural ou das características mecânicas em resposta a mudança na temperatura,
nos campos elétricos e/ou campos magnéticos;
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1.6. MATERIAIS AVANÇADOS


1.6.3. Materiais Inteligentes

• Quatro tipos de materiais são comumente utilizados como atuadores:


– as ligas com memória da forma: metais que, após terem sido deformados, retornam às
suas formas originais quando a temperatura é modificada;
– as cerâmicas piezelétricas: expandem-se e contraem-se em resposta à aplicação de um
campo elétrico ou tensão; de maneira inversa, elas também geram um campo elétrico
quando suas dimensões são alteradas;
– os materiais magneto-constritivos: o comportamento desses materiais é análogo ao
exibido pelos materiais piezelétricos, porém, respondem à presença de campos
magnéticos;
– os fluidos eletrorreológicos/magneto-reológicos: são líquidos que apresentam
mudanças drásticas na sua viscosidade quando há a aplicação, respectivamente, de
campos elétricos e campos magnéticos.
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1.6. MATERIAIS AVANÇADOS


1.6.4. Nanomateriais

• São uma nova classe de materiais com propriedades fascinantes e uma tremenda
promessa tecnológica;
• Podem ser de qualquer um dos quatro tipos básicos de materiais (metais,
cerâmicas, polímeros e compósitos);
• Porém, os nanomateriais não são diferenciados com base em sua química, mas em
função do seu tamanho;
• Nano significa que as dimensões das entidades estruturais são da ordem do
nanômetro ( 𝟗 );
• Algumas características físicas e químicas exibidas pela matéria podem sofrer
mudanças drásticas na medida em que o tamanho da partícula se aproxima das
dimensões atômicas;
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1.7. NECESSIDADE DOS MATERIAIS MODERNOS

• Cada vez mais, o desenvolvimento de materiais mais sofisticados e especializados


se tornam desafios necessários para a sociedade moderna;
• Além disso, esse desenvolvimento deve levar em consideração o impacto
ambiental causado pela produção de novos materiais;
• A energia nuclear é promissora, mas as soluções para os muitos problemas que
ainda permanecem irão necessariamente envolver materiais, tais como
combustíveis, estruturas de contenção e instalações para o descarte de rejeitos
radioativos;
• Quantidades significativas de energia são gastas na área de transportes, portanto, a
redução no peso dos veículos de transportes (automóveis, trens, aeronaves, navios,
etc.), assim como o aumento das temperaturas de operação dos motores, irá
melhorar a eficiência dos combustíveis;
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1.7. NECESSIDADE DOS MATERIAIS MODERNOS

• Novos materiais estruturais de alta resistência e baixa massa específica ainda


precisam ser desenvolvidos, assim como materiais com capacidade de trabalhar
sob temperaturas mais elevadas;
• Existe uma reconhecida necessidade de se encontrar fontes de energias novas e
econômicas, além de se usar os recursos naturais mais eficientemente. Os
materiais desempenharão um papel significativo nesses desenvolvimentos;
• A qualidade do meio ambiente depende da habilidade de controlar a poluição do
ar e da água. As técnicas de controle da poluição empregam vários materiais. Os
métodos de processamento e de refino de materiais precisam ser melhorados, de
modo que produzam menos poluição e menor destruição do ambiente;
• Substâncias tóxicas são produzidas em alguns processos de fabricação de materiais
e o impacto ecológico do seu descarte deve ser considerado;
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1.7. NECESSIDADE DOS MATERIAIS MODERNOS

• Muitos dos materiais que são utilizados são derivados de recursos naturais não
renováveis. Esses materiais incluem a maioria dos polímeros, cuja matéria-prima
principal é o petróleo, e alguns metais;
• Todas essas questões estão exigindo:
1. Descobertas de novas reservas;
2. Desenvolvimento de novos materiais que possuam propriedades comparáveis
e que apresentem um impacto ambiental menos adverso;
3. Maiores esforços na reciclagem e o desenvolvimento de novas tecnologias de
reciclagem
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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

CALLISTER, W. D. Ciência e engenharia dos materiais: uma introdução. Rio de Janeiro:


LTE, 2012.

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