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SUMÁRIO
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NOSSA HISTÓRIA
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1. PERSPECTIVA HISTÓRICA
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dependem de componentes fabricados a partir dos chamados
materiais semicondutores.
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2. CIÊNCIA E ENGENHARIA DE MATERIAIS
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de causar diferentes respostas. As propriedades mecânicas relacionam a deformação
à aplicação de uma carga ou força; são exemplos o módulo de elasticidade (rigidez),
a resistência e a tenacidade. Para as propriedades elétricas, tais como a condutividade
elétrica e a constante dielétrica, o estímulo é um campo elétrico. O comportamento
térmico dos sólidos pode ser representado em termos da capacidade calorífica e da
condutividade térmica. As propriedades magnéticas demonstram a resposta de um
material à aplicação de um campo magnético. Para as propriedades ópticas, o
estímulo é a radiação eletromagnética ou luminosa; o índice de refração e a
refletividade são propriedades ópticas representativas. Finalmente, as características
deteriorativas estão relacionadas com a reatividade química dos materiais. Os
capítulos seguintes discutem propriedades que se enquadram em cada uma dessas
seis classificações.
Além da estrutura e das propriedades, dois outros componentes importantes
estão envolvidos na ciência e na engenharia de materiais – quais sejam, o
processamento e o desempenho. Com respeito às relações entre esses quatro
componentes, a estrutura de um material depende de como ele é processado. Além
disso, o desempenho de um material é uma função de suas propriedades. Assim, a
inter-relação entre processamento, estrutura, propriedades e desempenho ocorre
como representado na ilustração esquemática mostrada na Figura 1. Ao longo deste
livro, chamamos a atenção para as relações entre esses quatro componentes em
termos de projeto, produção e utilização dos materiais.
Apresentamos agora um exemplo desses princípios de
processamentoestrutura-propriedades-desempenho na Figura 2; uma fotografia que
exibe três amostras com o formato de discos finos colocadas sobre algum material
impresso. Fica óbvio que as propriedades ópticas (isto é, a transmitância da luz) de
cada um dos três materiais são diferentes; o material à esquerda é transparente (isto
é, virtualmente toda a luz refletida passa através dele), enquanto os discos no centro
e à direita são, respectivamente, translúcido e opaco. Todas essas amostras são do
mesmo material, óxido de alumínio, mas aquela mais à esquerda é o que chamamos
de um monocristal – isto é, possui um alto grau de perfeição – que dá origem à sua
transparência. A amostra do centro é composta por um grande número de
monocristais muito pequenos, todos conectados entre si; as fronteiras entre esses
pequenos cristais espalham uma fração da luz refletida da página impressa, o que
torna esse material opticamente translúcido. Finalmente, a amostra à direita é
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composta não apenas por muitos pequenos cristais interligados, mas também por um
grande número de poros ou espaços vazios muito pequenos. Esses poros também
espalham de maneira efetiva a luz refletida, o que torna esse material opaco.
Figura 2: Três amostras de discos finos de óxido de alumínio colocadas sobre uma página impressa,
com o objetivo de demonstrar suas diferenças em termos das características de transmitância da luz.
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2.1 O Que é Ciência e Engenharia de Materiais?
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pudermos compreender o que mudou microscopicamente, começaremos a descobrir
meios de controlar as propriedades dos materiais.
Analisemos um exemplo utilizando o tetraedro da ciência e engenharia de
materiais. Vamos considerar “chapas de aço” usadas na fabricação de chassis de
automóveis. Como você provavelmente sabe, o aço tem sido empregado na
manufatura de componentes há mais de cem anos, mas é provável que na Idade do
Ferro, há milhares de anos, já existisse alguma forma rudimentar de aço. Na
fabricação de chassis de automóveis é preciso empregar um material com resistência
mecânica bastante elevada, mas que ainda possibilite a conformação de superfícies
com boas propriedades aerodinâmicas. Outro aspecto a considerar é a economia de
combustível, portanto, o aço em chapas deve ser também fino e leve. Além disso, tais
tipos de aço precisam, em caso de colisão, absorver quantidades significativas de
energia, elevando assim a segurança do veículo. Em suma, são requisitos
contraditórios.
Portanto, nesse caso, os cientistas preocupam-se com as seguintes
características do aço na forma de chapas:
Composição química;
Resistência mecânica;
Peso;
Propriedades de absorção de energia; Maleabilidade (conformabilidade).
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Figura 3: Aplicação do tetraedro da ciência e engenharia de materiais a chapas de aço para chassis
de automóveis.
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3. CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS
Há várias formas de classificação dos materiais. Uma delas considera cinco
categorias (Tabela 1):
1. Metais e ligas.
2. Cerâmicas, vidros e vitrocerâmicas.
3. Polímeros (como os plásticos).
4. Semicondutores.
5. Materiais compósitos.
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3.1 Metais
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sob altos níveis de tensão. Por volta de 1980, técnicas de fundição aprimoradas
permitiram produzir grãos colunares solidificados direccionalmente e ligas fundidas à
base de níquel de cristal único. No início dos anos 1990, ligas fundidas de cristal único
solidificadas direcionalmente tornaram-se padrão em muitas aplicações de turbinas a
gás em aeronaves. O desempenho superior de superligas a temperaturas de operação
elevadas levou a uma melhora significativa no rendimento de turbinas de aeronaves.
Muitas ligas metálicas, como ligas de titânio, aço inoxidável e ligas à base de
cobalto, são também usadas em aplicações biomédicas, como em implantes
ortopédicos, em válvulas para o coração, ou em dispositivos de fixação e parafusos.
Esses materiais possuem maior resistência, rigidez e biocompatibilidade; esta última
é uma consideração importante, porque o ambiente no interior do corpo humano é
extremamente corrosivo e, portanto, os materiais usados nessas aplicações devem
ser insensíveis a esse ambiente.
Além do aprimoramento químico e do controle da composição, pesquisadores
e engenheiros também se concentram no melhoramento de novas técnicas de
processamento desses materiais. Processos como compactação isostática a quente
e forjamento isotérmico permitiram um aumento da resistência à fadiga de muitas
ligas. Mais ainda, as técnicas da metalurgia do pó continuarão sendo importantes,
porque permitem a melhoria das propriedades de algumas ligas com um custo
reduzido do produto final.
3.2 Cerâmicas
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para automóveis. Quanto às cerâmicas tradicionais, são utilizadas em tijolos, louças
de cozinha, pias e vasos sanitários, refratários (materiais resistentes ao calor) e
abrasivos. Em geral, devido à presença de porosidade (pequenos espaços vazios no
material), as cerâmicas não são boas condutoras de calor. Além disso, devem ser
aquecidas a temperaturas altíssimas antes de fundir, resultado das fortes ligações
químicas que ligam seus átomos ou íons constituintes. As cerâmicas são também
resistentes e rígidas, mas ao mesmo tempo, bastante frágeis. Normalmente são
preparados pós finos de cerâmica, que serão então moldados em diferentes formatos.
Novas técnicas de processamento tornaram-nas suficientemente resistentes à fratura,
a ponto de serem usadas em aplicações estruturais, tais como rotores de turbinas. As
cerâmicas apresentam ainda excepcional resistência à compressão.
3.3 Polímeros
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Figura 4: Objetos comuns feitos de materiais cerâmicos: tesoura, uma xícara de chá de porcelana,
um tijolo de construção, um azulejo de piso e um vaso de vidro.
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Figura 5: Vários objetos comuns feitos de materiais poliméricos: talheres plásticos (colher, garfo e
faca), bolas de bilhar, um capacete para ciclistas, dois dados, uma roda de cortador de grama (cubo
de plástico e pneu de borracha), e um vasilhame plástico para leite.
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e veículos aeroespaciais avançados dependem bastante dos compósitos. Por
exemplo, o Boeing 787 utiliza polímero reforçado com fibras de carbono em muitos
componentes estruturais, em vez de alumínio, aumentando a eficiência do
combustível. Equipamentos esportivos, como bicicletas, tacos de golfe, raquetes de
tênis e outros, também utilizam diferentes tipos de materiais compósitos leves e
rígidos.
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4. MATERIAIS AVANÇADOS
4.1 Semicondutores
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4.2 Materiais Inteligentes
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controlado por computador, que gera um antirruído que cancela o ruído produzido
pelas lâminas.
4.3 Nanomateriais
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Consideremos a manufatura de implantes dentários e ortopédicos a partir de na-
nomateriais com melhores características de biocompatibilidade, melhor resistência
mecânica e maior resistência ao desgaste quando comparados aos metais. Um
exemplo é a zircônia nanocristalina (óxido de zircônio), um material cerâmico duro e
resistente ao desgaste, quimicamente estável e biocompatível, que pode ser
produzido em forma porosa e que, quando usado como material de implante, permite
que o osso cresça entre seus poros, resultando em uma fixação mais estável. As ligas
metálicas atualmente usadas para esta aplicação não permitem esta interação e
frequentemente se tornam frouxas com o tempo, exigindo assim cirurgias adicionais.
Os nanomateriais também podem ser usados na produção de tintas ou materiais de
revestimento muito mais resistentes às intempéries e a ranhuras. Mais ainda,
dispositivos eletrônicos como transistores, diodos e mesmo lasers podem ser
produzidos em um nanofio. Esses avanços da ciência dos materiais terão impacto
tecnológico e econômico em todos os ramos da indústria e em todas as áreas da
engenharia.
Figura 6: Ligas com formato de memória usadas em malhas expansíveis (stents) para o
alargamento de artérias obstruídas ou enfraquecidas: (a) malha expansível montada em uma sonda e
(b) malha introduzida em uma artéria danificada para reforçá-la.
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5. EFEITOS AMBIENTAIS E OUTROS EFEITOS
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Figura 7: Em geral, o
aumento de temperatura
reduz a resistência dos
materiais.
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