Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 4
2. CONCEITOS DE MATERIAIS .............................................................................. 6
2.1 Das Ligações Químicas ................................................................................. 6
2.2 Do Arranjo Atômico: Cristalinos e Amorfos .................................................... 7
2.3 Nanotecnologia .............................................................................................. 8
2.4 Compósitos e Nanocompósitos ...................................................................... 9
2.5 Semicondutores ........................................................................................... 10
2.6 Biomateriais.................................................................................................. 10
3. APRESENTAÇÃO DOS TIPOS DE MATERIAIS PARA PEÇAS TÉCNICAS ... 12
3.1 Panorama geral do uso de materiais - referência: indústria automotiva....... 13
4. PROPRIEDADES ............................................................................................... 15
4.1 Densidade .................................................................................................... 15
4.2 Propriedades Mecânicas .............................................................................. 15
4.2.1 Resistência à tração .............................................................................. 17
5. DEFORMAÇÃO DOS MATERIAIS .................................................................... 19
5.1 Deformação Elástica .................................................................................... 19
5.2 Deformação Plástica .................................................................................... 20
Referências .............................................................................................................. 23
2
NOSSA HISTÓRIA
3
INTRODUÇÃO
Se você já olhou no fundo dos olhos de alguém e sentiu seus pelos do corpo
arrepiarem, sabe como me sinto quando penso no papel dos materiais na nossa vida
cotidiana. O que seria da vida da gente se não tivéssemos descoberto as técnicas de
obtenção e moldagem do vidro, como trabalhar, melhorar e moldar metais, criar a
partir de substâncias simples, complexas cadeias de carbono? E falando em cadeias
de carbono, simplificando muito o termo, nós mesmos somos “plásticos” muito
complexos, altamente biodegradáveis, com consciência e prazo de validade.
Sem os materiais, como teríamos erguido monumentos como as pirâmides? A
torre Eiffel? O Burj Khalifa Bin Zayid? Os aviões, os carros, os trens, os ônibus, as
motocicletas, as bicicletas, sofás, mesas, camas, cadeiras, escovas de dentes,
canetas... hoje seria inconcebível viver sem o advento da tecnologia, que é possível
pelo estudo dos materiais como um todo. A mescla das três grandes categorias de
materiais proporciona avanço tecnológico rápido e possibilita atingir e vencer limites
outrora desconhecidos pelo homem.
Os materiais representam um papel crucial na história e que serve, desde as
necessidades mais básicas até as mais complexas; as básicas são aquelas que se
apresentaram ao homem descortinando a necessidade de sobrevivência e conforto.
A evolução humana passa pela habilidade adquirida de, inicialmente, se proteger!
Através da Industria 4.0 e da evolução na pesquisa e desenvolvimento de
materiais, sejam eles cerâmicos, metálicos ou poliméricos, começamos a resolver
problemas cotidianos como a premente necessidade de eficiência energética,
disponibilidade de água potável para todos os seres vivos, facilidade de
processamento, maior velocidade na produção de peças e utensílios. Está entre as
tecnologias que mais crescem neste cenário a impressão 3D, através da qual é
possível realizar protótipos rápidos de teorias matemáticas muito complexas (algumas
que datam até de 1800), que até então não eram possíveis de se materializar, e que
vem tornando-se disponível comercialmente (uma marca famosa de impressoras
domiciliares já lançou há poucos meses uma impressora pequena e que produz peças
coloridas de aproximadamente 40 cm em 3 horas). Já existem também impressoras
3D residenciais a preços populares a venda no comércio no Brasil. Outra tecnologia
que cresce rapidamente é a obtenção do grafeno, um nanomaterial que reúne
características excelentes e que buscamos na maioria dos materiais como alta
4
resistência mecânica, condutividade elétrica em espaços reduzidos, leveza e
transparência. Não é um material do futuro; já é presente e sua disponibilidade
comercial tende a crescer nos próximos anos.
Se pudéssemos resumir as eras dos materiais em um quadro, ele seria desta
forma:
5
CONCEITOS DE MATERIAIS
Com exceção dos gases nobres (He, Ne, Ar, Kr, Xe e Rn), os átomos
apresentam forte tendência de se ligarem uns aos outros. Por quê? Porque esta é a
forma que encontram de entrar em equilíbrio, de baixar a energia do sistema. Se
pudéssemos fazer um comparativo a algo visível, é como a água em um curso de rio,
que busca sempre os caminhos mais fáceis para fluir – aqueles que não possuem
obstáculos. Assim como a eletricidade, que busca os locais com menos resistência
para atravessar. Importante reforçar que para se ligarem entre si, os átomos não
precisam necessariamente ser do mesmo elemento químico. Quando um grupo de
átomos ligados entre si encontra o equilíbrio, do ponto de vista químico, pode-se dizer
que se formou uma molécula. Um exemplo prático e simples: uma molécula de água
é H2O, certo? Se pudéssemos arrancar um átomo hidrogênio, esta molécula sairia de
seu equilíbrio e se tornaria um íon livre OH- até que encontrasse um outro hidrogênio
6
livre para satisfazer a necessidade de se equilibrar novamente. Uma molécula é uma
unidade com características físico-químicas próprias e após formada, não tem
necessidade de se ligarem a nada mais. Outras moléculas bastante conhecidas além
da água: O2 e CH4. As moléculas são formadas a partir de um tipo de ligação química
chamada covalente. Como poderemos ver ao longo deste livreto, existem outros tipos
de ligações químicas que não formam moléculas. O que determinará as
características finais de cada tipo de material está diretamente relacionado ao tipo de
ligação química entre os átomos que os compõem.
São dois os tipos de ligações químicas: as primarias, que envolvem os elétrons
mais externos dos átomos, e as secundárias, que envolvem os dipolos elétricos.
Entre as ligações primárias pode-se destacar: a ligação iônica, presente em
larga escala nos materiais cerâmicos, a ligação covalente, presente em larga escala
nos materiais poliméricos e a ligação metálica, presente em larga escala nos materiais
metálicos. Já as ligações secundárias podem ser divididas em dois casos: o dos
dipolos elétricos permanentes e dos dipolos elétricos flutuantes. Em relação às
secundárias, as ligações primárias são consideradas fortes. Entre as primárias, a
escala de força varia da iônica (mais forte) até a metálica (mais fraca). Existem
diversas intensidades de forças entre as ligações intermoleculares secundárias e que
não serão abordadas em detalhes neste livro. Mas a saber, são: as pontes de
hidrogênio, as ligações dipolo-dipolo, as forças de indução e as forças de dispersão.
7
opacos. Embora isso não seja assim tão trivial, é bom recordar para não se equivocar.
Os materiais metálicos são excelentes exemplos de materiais cristalinos, dado que o
arranjo de seus átomos é rigorosamente ordenado, mantendo-se periodicamente
ordenados no espaço tridimensional.
Ao contrário disso, os materiais amorfos apresentam constituição desordenada,
aleatória e caótica das moléculas. Como exemplo de materiais amorfos podemos citar
o vidro comum (que é transparente, mas não tem estrutura molecular de cristal) e
muitos polímeros... por que não todos? Porque como veremos mais adiante, embora
improvável dado o tamanho de suas moléculas, alguns polímeros apresentam certa
cristalinidade em seu arranjo molecular.
A classificação dos materiais em classes distintas ocorre para facilitar a
identificação dos materiais mais apropriados para cada tipo de aplicação. Há poucos
anos as classificações eram basicamente entre Cerâmicos, Metálicos e Poliméricos.
Com a evolução da tecnologia e da Ciência dos Materiais, novas classificações
surgiram como por exemplo os Compósitos (e Nanocompósitos), os Semicondutores
e os Biomateriais.
1.3 Nanotecnologia
8
por uma interface facilmente distinta. A unidade estrutural da fase dispersa está na
escala micrométrica (10-6m).
São compostos por mais de um tipo de material. Visa obter a combinação das
melhores características de cada material componente. Por exemplo, a alta
resistência mecânica da fibra de vidro envolto por um material polimérico flexível
(fiberglass).
O significado do substantivo compósito em material compósito, indica que este
apresenta ou é formado por dois ou mais componentes, o que poderia levar à
conclusão de que todo material tendo dois ou mais materiais distintos ou fases poderia
ser considerado um material compósito. Na verdade, para ser representativo da
definição atual de compósito ou material compósito, envolvendo aplicações
aeroespaciais, náuticas, automotivas entre outras, admite-se que as fases
constituintes apresentam nítidas diferenças nas propriedades físicas e químicas,
mostrando uma fase descontinua e uma fase continua.
Por definição, os materiais compósitos são formados por dois ou mais materiais
em fases distintas e identificáveis. Os compósitos poliméricos especificamente são o
produto da composição entre dois ou mais componentes sendo um em fase contínua
e o outro em fase descontínua, onde a matriz principal (fase contínua) é constituída
de um polímero. Nem sempre o intuito principal da inserção de um segundo material
à composição de um primeiro seja a mudança nas características mecânicas,
químicas ou físicas. Em alguns casos, as variações são inevitáveis – como a perda
de resistência mecânica, por exemplo – porém, não controladas. Nestes casos, existe
a prerrogativa da adição de um segundo componente à fórmula original apenas no
intuito da redução significativa da quantidade de material nobre (ou o mais caro), neste
caso, a matriz polimérica. Um exemplo clássico desta prática que pode ser citado é o
polipropileno carregado com talco. É usual encontrar na indústria peças que possuam
em sua composição 10%, 20%, 30% e em alguns casos, até 40% de talco.
Com o avanço da tecnologia, até esta relação talco/polipropileno tem sido
objeto de estudos do ponto de vista de se tornar um reforço ao invés de uma mera
carga para a redução do custo do material. As indústrias fabricantes de talco destinado
a este fim tem se aperfeiçoado na moagem do material e entregue produtos cada vez
9
mais refinados, fazendo com que as peças produzidas a partir destes materiais sejam
mais resistentes mecanicamente e possam ser fabricadas em espessuras cada vez
menores, em alguns casos com menor quantidade de carga que as usualmente
utilizadas em compósitos poliméricos.
Esta tendência na miniaturização da carga de talco e do aumento da
funcionalidade do material com quantidades cada vez menores de carga remete a
uma discussão específica: a nanotecnologia.
O prefixo nano é derivado da palavra grega nános que significa anão. Na
acepção moderna desta palavra, nano é um termo técnico usado em qualquer unidade
de medida, significando um bilionésimo dessa unidade, por exemplo, um nanômetro
equivale a um bilionésimo de um metro (1nm = 1/1.000.000.000m) ou
aproximadamente a distância ocupada por cerca de 5 a 10 átomos, empilhados de
maneira a formar uma linha. A palavra tecnologia tem um significado comum, também
derivada do grego (téchne = arte, ofício, prática + logos = conhecimento, estudo,
ciência) que pode ser geralmente descrita como a aplicação do método científico com
objetivos práticos e comerciais. Desta forma, nanotecnologia significa, de maneira
geral, a habilidade de manipulação átomo por átomo na escala compreendida entre
0,1 e 100nm para criar estruturas maiores fundamentalmente com nova organização
estrutural e, normalmente, para fins comerciais.
1.5 Semicondutores
1.6 Biomateriais
10
é o UHMWPE, usado como revestimento da cabeça de fêmur de aço cirúrgico ou liga
de titânio. A função do polímero, que possui baixíssimo coeficiente de atrito, é diminuir
o desgaste do quadril, aonde a peça irá apoiar-se no implante.
11
APRESENTAÇÃO DOS TIPOS DE MATERIAIS PARA
PEÇAS TÉCNICAS
12
Para mostrar como a Ciência dos Materiais interage com outros campos
de estudo, é conveniente elaborar uma régua relativa ao campo observado, como
abaixo:
A relação entre a
Ciência dos Materiais e a
Engenharia dos Materiais
envolve vários níveis de
sofisticação científica e técnica. É necessário discutir esta relação em dois
domínios importantes para a engenharia industrial:
1) Uso inteligente de materiais: Significa saber as limitações dos
materiais, baseado no conhecimento dos fenômenos que podem ocorrer sob
certas condições. Ex. a) Alteração das propriedades mecânicas de materiais
dependentes da temperatura. b) Alteração das propriedades dos polímeros, quando
expostos a radiações nucleares.
2) Relações entre Projeto e Desenvolvimento de Materiais: Em
muitos sistemas de engenharia, a performance global do sistema é diretamente
limitada pelas capacidades dos materiais dos componentes. Nestes casos, o
objetivo da engenharia é balançar a vida útil exigida do equipamento, com a
capacidade dos componentes suportarem toda a ação sobre eles. O projeto e
a aplicação de materiais não podem ser otimizados separadamente, quando se
está trabalhando perto do limite de capacidade do material. Ex.: Utilização de
chapas de Fe-Si 3% para a fabricação de transformadores, levando em conta o
aspecto de anisotropia da propriedade magnética (permeabilidade).
13
De fato, o veículo multi-material não está limitado apenas nestes três tipos de
materiais; está entrando em cena, para aplicações de interior e sob o capô, o
magnésio. A quantidade média dos três grandes tipos de materiais utilizados em um
veículo modelo 1996 foi:
112 kg de alumínio (segundo a Aluminium Association);
14
PROPRIEDADES
1.8 Densidade
15
transversal A0 submetida a um esforço de tração F, a tensão (σ) é medida por:
16
Onde E é uma constante do material denominada módulo de elasticidade.
A tabela 2.2 mostra módulos de elasticidade para vários metais e ligas. Esta relação
é válida para os materiais metálicos, dentro de uma região de um gráfico σ x ε,
denominada região elástica.
Figura 2 - Gráfico tensão x deformação da barra metálica.
17
superada a fase elástica, conhecer até que carga o material pode suportar, em
condições excepcionais.
Além disto, o exame da fratura do corpo de prova, depois de realizado o ensaio,
permite verificar o comportamento dúctil ou frágil do material e a presença de
eventuais falhas originadas durante a sua fabricação (ex. porosidades de fundição).
De um ensaio de tração convencional, são obtidos os seguintes dados do
material:
1. Limite de resistência à tração: valor da máxima tensão suportada pelo
material (MPa);
2. Limite de escoamento: tensão que caracteriza o início da fase plástica (MPa);
3. Alongamento após a ruptura: valor do alongamento permanente, medido no
corpo de prova, após o rompimento;
4. Coeficiente de estricção: redução percentual da área, medido no corpo
de prova após o rompimento.
18
DEFORMAÇÃO DOS MATERIAIS
19
1.11 Deformação Plástica
Figura 4 - processos de conformação mecânica usuais: (a) laminação; (b) forjamento; (c)
extrusão; (d) trefilação.(VanVlack, Ed. Campus, pág.211).
20
A capacidade dos metais de serem deformados de modo permanente é
chamada de plasticidade. O processo de conformação pode ser realizado em
diferentes temperaturas, de modo que surge dois termos clássicos: trabalho mecânico
a frio e trabalho mecânico a quente. A separação entre os dois se dá pela temperatura
de recristalização, definida como "a menor temperatura na qual uma estrutura
deformada de um metal trabalhado a frio é restaurada ou é substituída por uma
estrutura nova, livre de tensões, após a permanência nessa temperatura por um
tempo determinado". A deformação de um material em um processo é medida pela
redução na área da seção transversal, isto é:
Figura 5 – Efeito nos grãos obtido com processos de conformação a frio: (a) laminação; (b)
trefilação.
21
aumento da dureza através da deformação a frio. A tabela 5.1. mostra o efeito do
encruamento sobre as características mecânicas de alguns metais e ligas metálicas.
Observe no gráfico a seguir a alteração do alongamento e do limite de resistência com
a % de deformação a frio.
22
REFERÊNCIAS
Callister Jr., W.D., Ciência e Engenharia de Materiais - Uma Introdução, Ed. LTC,
2002.
Van Vlack, L., Princípios de Ciência dos Materiais, Ed. Edgard Blücher, 1970.
Van Vlack, L.H., Princípios de Ciência e Tecnologia dos Materiais, 11ª edição,
Ed. Campus, 1984.
Callister, W., Materials Science and Engineering – An Introduction, John Wiley & Sons,
2000.
Smith, W., Materials Science and Engineering, Ed. McGraw-Hill Inc., second
edition, USA, 1990.
Mano, E., Polímeros como Materiais de Engenharia, Ed. Edgard Blücher, 1991, SP.
Dieter, G., Metalurgia Mecânica, Ed. Guanabara Dois, 1981, Rio de Janeiro. Van
Vlack, L. , Materiais Cerâmicos, Ed. Edgard Blücher, SP.
ASM, Heat Treater’s Guide – Practices and Procedures for Nonferrous Alloys,
Materials Park: ASM International, 1996.
23
Askeland, D.R., Phulé, P.P. The Science and Engineering of Materials, fourth
edition, Pacific Grove: Thomson Brooks/Cole, 2003.
24