Você está na página 1de 24

CIÊNCIA DOS MATERIAIS

1
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 4
2. CONCEITOS DE MATERIAIS .............................................................................. 6
2.1 Das Ligações Químicas ................................................................................. 6
2.2 Do Arranjo Atômico: Cristalinos e Amorfos .................................................... 7
2.3 Nanotecnologia .............................................................................................. 8
2.4 Compósitos e Nanocompósitos ...................................................................... 9
2.5 Semicondutores ........................................................................................... 10
2.6 Biomateriais.................................................................................................. 10
3. APRESENTAÇÃO DOS TIPOS DE MATERIAIS PARA PEÇAS TÉCNICAS ... 12
3.1 Panorama geral do uso de materiais - referência: indústria automotiva....... 13
4. PROPRIEDADES ............................................................................................... 15
4.1 Densidade .................................................................................................... 15
4.2 Propriedades Mecânicas .............................................................................. 15
4.2.1 Resistência à tração .............................................................................. 17
5. DEFORMAÇÃO DOS MATERIAIS .................................................................... 19
5.1 Deformação Elástica .................................................................................... 19
5.2 Deformação Plástica .................................................................................... 20
Referências .............................................................................................................. 23

2
NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários,


em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-
Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo
serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua.
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de
publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

3
INTRODUÇÃO

Se você já olhou no fundo dos olhos de alguém e sentiu seus pelos do corpo
arrepiarem, sabe como me sinto quando penso no papel dos materiais na nossa vida
cotidiana. O que seria da vida da gente se não tivéssemos descoberto as técnicas de
obtenção e moldagem do vidro, como trabalhar, melhorar e moldar metais, criar a
partir de substâncias simples, complexas cadeias de carbono? E falando em cadeias
de carbono, simplificando muito o termo, nós mesmos somos “plásticos” muito
complexos, altamente biodegradáveis, com consciência e prazo de validade.
Sem os materiais, como teríamos erguido monumentos como as pirâmides? A
torre Eiffel? O Burj Khalifa Bin Zayid? Os aviões, os carros, os trens, os ônibus, as
motocicletas, as bicicletas, sofás, mesas, camas, cadeiras, escovas de dentes,
canetas... hoje seria inconcebível viver sem o advento da tecnologia, que é possível
pelo estudo dos materiais como um todo. A mescla das três grandes categorias de
materiais proporciona avanço tecnológico rápido e possibilita atingir e vencer limites
outrora desconhecidos pelo homem.
Os materiais representam um papel crucial na história e que serve, desde as
necessidades mais básicas até as mais complexas; as básicas são aquelas que se
apresentaram ao homem descortinando a necessidade de sobrevivência e conforto.
A evolução humana passa pela habilidade adquirida de, inicialmente, se proteger!
Através da Industria 4.0 e da evolução na pesquisa e desenvolvimento de
materiais, sejam eles cerâmicos, metálicos ou poliméricos, começamos a resolver
problemas cotidianos como a premente necessidade de eficiência energética,
disponibilidade de água potável para todos os seres vivos, facilidade de
processamento, maior velocidade na produção de peças e utensílios. Está entre as
tecnologias que mais crescem neste cenário a impressão 3D, através da qual é
possível realizar protótipos rápidos de teorias matemáticas muito complexas (algumas
que datam até de 1800), que até então não eram possíveis de se materializar, e que
vem tornando-se disponível comercialmente (uma marca famosa de impressoras
domiciliares já lançou há poucos meses uma impressora pequena e que produz peças
coloridas de aproximadamente 40 cm em 3 horas). Já existem também impressoras
3D residenciais a preços populares a venda no comércio no Brasil. Outra tecnologia
que cresce rapidamente é a obtenção do grafeno, um nanomaterial que reúne
características excelentes e que buscamos na maioria dos materiais como alta

4
resistência mecânica, condutividade elétrica em espaços reduzidos, leveza e
transparência. Não é um material do futuro; já é presente e sua disponibilidade
comercial tende a crescer nos próximos anos.
Se pudéssemos resumir as eras dos materiais em um quadro, ele seria desta
forma:

Tabela 1: As eras da humanidade divididas em clara referência aos materiais mais


importantes no contexto histórico.
Era da Pedra ~ 300.000 a. C.
Era do Cobre ~ 5.000 a. C.
Era do Bronze ~ 3.000 a. C.
Era do Ferro ~ 1.450 a. C.
Era do Aço ~ 1.930 d. C.
Era dos Polímeros ~ 1.930 d. C.
Era dos Supermateriais ~ 2007 d. C. em diante

Fonte: (RAMOS, 2020).

E para entender como chegamos até este ponto, é necessário começar


entendendo os conceitos de cada tipo das três grandes classes de materiais.

5
CONCEITOS DE MATERIAIS

Em Acredita-se que o pensamento moderno a respeito dos átomos remete à


Grécia e, que seria derivado do pensamento profundo a respeito da natureza das
coisas. Apoiados no pensamento de grandes filósofos contemporâneos a eles, de que
tudo na Terra era constituído de água, ar, terra e fogo, Demócrito de Abdera (470-380
a. C.) e Leucipo de Mileto (460-370 a. C.) propuseram a primeira ideia do átomo:
pequeno, indivisível e com o qual tudo era constituído. Ambos acreditavam que existia
apenas um tipo de átomo e que as diferenças entre as coisas se davam pela forma
como os átomos se combinavam. Datam, portanto, deste período as primeiras
associações entre geometria e matéria.
Atualmente, conhecemos mais de 100 tipos de átomos diferentes que são
chamados de elementos químicos. Sabemos também que os átomos não são
indivisíveis como acreditavam nossos colegas gregos. Se conseguíssemos nos tornar
tão pequenos a ponto de enxergar um átomo em tamanho natural (aos nossos olhos,
é claro), verificaríamos que são estruturas formadas por diversas estruturas
subatômicas, das quais as mais famosas são o elétron, o próton e o nêutron. A
diferença entre as estruturas das coisas constituídas dos átomos, de fato está na
forma como se ligam e interagem entre si.

1.1 Das Ligações Químicas

Com exceção dos gases nobres (He, Ne, Ar, Kr, Xe e Rn), os átomos
apresentam forte tendência de se ligarem uns aos outros. Por quê? Porque esta é a
forma que encontram de entrar em equilíbrio, de baixar a energia do sistema. Se
pudéssemos fazer um comparativo a algo visível, é como a água em um curso de rio,
que busca sempre os caminhos mais fáceis para fluir – aqueles que não possuem
obstáculos. Assim como a eletricidade, que busca os locais com menos resistência
para atravessar. Importante reforçar que para se ligarem entre si, os átomos não
precisam necessariamente ser do mesmo elemento químico. Quando um grupo de
átomos ligados entre si encontra o equilíbrio, do ponto de vista químico, pode-se dizer
que se formou uma molécula. Um exemplo prático e simples: uma molécula de água
é H2O, certo? Se pudéssemos arrancar um átomo hidrogênio, esta molécula sairia de
seu equilíbrio e se tornaria um íon livre OH- até que encontrasse um outro hidrogênio

6
livre para satisfazer a necessidade de se equilibrar novamente. Uma molécula é uma
unidade com características físico-químicas próprias e após formada, não tem
necessidade de se ligarem a nada mais. Outras moléculas bastante conhecidas além
da água: O2 e CH4. As moléculas são formadas a partir de um tipo de ligação química
chamada covalente. Como poderemos ver ao longo deste livreto, existem outros tipos
de ligações químicas que não formam moléculas. O que determinará as
características finais de cada tipo de material está diretamente relacionado ao tipo de
ligação química entre os átomos que os compõem.
São dois os tipos de ligações químicas: as primarias, que envolvem os elétrons
mais externos dos átomos, e as secundárias, que envolvem os dipolos elétricos.
Entre as ligações primárias pode-se destacar: a ligação iônica, presente em
larga escala nos materiais cerâmicos, a ligação covalente, presente em larga escala
nos materiais poliméricos e a ligação metálica, presente em larga escala nos materiais
metálicos. Já as ligações secundárias podem ser divididas em dois casos: o dos
dipolos elétricos permanentes e dos dipolos elétricos flutuantes. Em relação às
secundárias, as ligações primárias são consideradas fortes. Entre as primárias, a
escala de força varia da iônica (mais forte) até a metálica (mais fraca). Existem
diversas intensidades de forças entre as ligações intermoleculares secundárias e que
não serão abordadas em detalhes neste livro. Mas a saber, são: as pontes de
hidrogênio, as ligações dipolo-dipolo, as forças de indução e as forças de dispersão.

1.2 Do Arranjo Atômico: Cristalinos e Amorfos

Além do tipo de ligação química, outro fator preponderante na constituição final


de um material e determinação de suas características é o seu arranjo atômico.
Imaginem que os átomos após se ligarem uns aos outros formam moléculas enormes.
Estas moléculas ou os seus átomos em si, são como pessoas amontoadas em um
vagão de trem lotado. Se houver ordem no arranjo tridimensional, se cada átomo ou
molécula estiverem dispostos de forma periódica, cada qual com sua posição bem
definida e de forma ordenada, a este tipo de arranjo se dá o nome de cristalino.
Quando nos referimos a materiais cristalinos, nossa mente imediatamente nos remete
a vidro, ou a qualquer material que transmita grande quantidade de luz. Não se pode
confundir o conceito de material cristalino – que deriva da palavra cristal - com o de
material transparente. Na maioria dos casos os materiais cristalinos são inclusive

7
opacos. Embora isso não seja assim tão trivial, é bom recordar para não se equivocar.
Os materiais metálicos são excelentes exemplos de materiais cristalinos, dado que o
arranjo de seus átomos é rigorosamente ordenado, mantendo-se periodicamente
ordenados no espaço tridimensional.
Ao contrário disso, os materiais amorfos apresentam constituição desordenada,
aleatória e caótica das moléculas. Como exemplo de materiais amorfos podemos citar
o vidro comum (que é transparente, mas não tem estrutura molecular de cristal) e
muitos polímeros... por que não todos? Porque como veremos mais adiante, embora
improvável dado o tamanho de suas moléculas, alguns polímeros apresentam certa
cristalinidade em seu arranjo molecular.
A classificação dos materiais em classes distintas ocorre para facilitar a
identificação dos materiais mais apropriados para cada tipo de aplicação. Há poucos
anos as classificações eram basicamente entre Cerâmicos, Metálicos e Poliméricos.
Com a evolução da tecnologia e da Ciência dos Materiais, novas classificações
surgiram como por exemplo os Compósitos (e Nanocompósitos), os Semicondutores
e os Biomateriais.

1.3 Nanotecnologia

Uma revolução vem acontecendo na ciência e tecnologia desde o entendimento


que os materiais em escala nanométrica podem apresentar novos comportamentos
e/ou propriedades diferentes daquelas que geralmente apresentam em escala
macroscópica. Ao ramo da ciência que estuda esses novos materiais /
comportamentos foi atribuído o nome de nanociência, ou, mais comumente,
nanotecnologia. O domínio da nanotecnologia encontra-se compreendido entre 0,1 e
100nm (desde dimensões atômicas até aproximadamente o comprimento de onda da
luz visível), região onde as propriedades dos materiais são determinadas e podem ser
controladas. Embora a nanomanipulação não fosse factível devido às limitações de
conhecimento e de equipamentos apropriados, a tecnologia em escala nanométrica
vem sendo praticada há séculos, indiretamente. Seja através das mãos dos antigos
artífices que utilizavam argila na confecção de utensílios domésticos ou incorporando
a vidros partículas finamente divididas para criação dos mais variados tipos de cores
nos utensílios. Pode-se dizer que materiais compósitos são materiais multifásicos
artificiais em que os seus constituintes são quimicamente dissimilares e separados

8
por uma interface facilmente distinta. A unidade estrutural da fase dispersa está na
escala micrométrica (10-6m).

1.4 Compósitos e Nanocompósitos

São compostos por mais de um tipo de material. Visa obter a combinação das
melhores características de cada material componente. Por exemplo, a alta
resistência mecânica da fibra de vidro envolto por um material polimérico flexível
(fiberglass).
O significado do substantivo compósito em material compósito, indica que este
apresenta ou é formado por dois ou mais componentes, o que poderia levar à
conclusão de que todo material tendo dois ou mais materiais distintos ou fases poderia
ser considerado um material compósito. Na verdade, para ser representativo da
definição atual de compósito ou material compósito, envolvendo aplicações
aeroespaciais, náuticas, automotivas entre outras, admite-se que as fases
constituintes apresentam nítidas diferenças nas propriedades físicas e químicas,
mostrando uma fase descontinua e uma fase continua.
Por definição, os materiais compósitos são formados por dois ou mais materiais
em fases distintas e identificáveis. Os compósitos poliméricos especificamente são o
produto da composição entre dois ou mais componentes sendo um em fase contínua
e o outro em fase descontínua, onde a matriz principal (fase contínua) é constituída
de um polímero. Nem sempre o intuito principal da inserção de um segundo material
à composição de um primeiro seja a mudança nas características mecânicas,
químicas ou físicas. Em alguns casos, as variações são inevitáveis – como a perda
de resistência mecânica, por exemplo – porém, não controladas. Nestes casos, existe
a prerrogativa da adição de um segundo componente à fórmula original apenas no
intuito da redução significativa da quantidade de material nobre (ou o mais caro), neste
caso, a matriz polimérica. Um exemplo clássico desta prática que pode ser citado é o
polipropileno carregado com talco. É usual encontrar na indústria peças que possuam
em sua composição 10%, 20%, 30% e em alguns casos, até 40% de talco.
Com o avanço da tecnologia, até esta relação talco/polipropileno tem sido
objeto de estudos do ponto de vista de se tornar um reforço ao invés de uma mera
carga para a redução do custo do material. As indústrias fabricantes de talco destinado
a este fim tem se aperfeiçoado na moagem do material e entregue produtos cada vez

9
mais refinados, fazendo com que as peças produzidas a partir destes materiais sejam
mais resistentes mecanicamente e possam ser fabricadas em espessuras cada vez
menores, em alguns casos com menor quantidade de carga que as usualmente
utilizadas em compósitos poliméricos.
Esta tendência na miniaturização da carga de talco e do aumento da
funcionalidade do material com quantidades cada vez menores de carga remete a
uma discussão específica: a nanotecnologia.
O prefixo nano é derivado da palavra grega nános que significa anão. Na
acepção moderna desta palavra, nano é um termo técnico usado em qualquer unidade
de medida, significando um bilionésimo dessa unidade, por exemplo, um nanômetro
equivale a um bilionésimo de um metro (1nm = 1/1.000.000.000m) ou
aproximadamente a distância ocupada por cerca de 5 a 10 átomos, empilhados de
maneira a formar uma linha. A palavra tecnologia tem um significado comum, também
derivada do grego (téchne = arte, ofício, prática + logos = conhecimento, estudo,
ciência) que pode ser geralmente descrita como a aplicação do método científico com
objetivos práticos e comerciais. Desta forma, nanotecnologia significa, de maneira
geral, a habilidade de manipulação átomo por átomo na escala compreendida entre
0,1 e 100nm para criar estruturas maiores fundamentalmente com nova organização
estrutural e, normalmente, para fins comerciais.

1.5 Semicondutores

Tem propriedades elétricas intermediárias entre condutores e isolantes. Os


semicondutores possibilitaram a fabricação do circuito integrado que revolucionou as
indústrias eletrônica e de computação nas últimas décadas.

1.6 Biomateriais

Os biomateriais jamais podem ser confundidos com materiais biodegradáveis,


embora alguns deles o sejam. Biomateriais são usados em componentes implantados
no corpo humano. Este tipo de material não deve produzir substância tóxica e deve
ser compatível com o tecido humano. Todos os tipos de materiais podem ser usados
como Biomateriais – com suas exceções dentro de cada classe, sempre respeitando
a regra de não produção de substância toxica. Um excelente exemplo de Biomaterial

10
é o UHMWPE, usado como revestimento da cabeça de fêmur de aço cirúrgico ou liga
de titânio. A função do polímero, que possui baixíssimo coeficiente de atrito, é diminuir
o desgaste do quadril, aonde a peça irá apoiar-se no implante.

11
APRESENTAÇÃO DOS TIPOS DE MATERIAIS PARA
PEÇAS TÉCNICAS

Durante as últimas gerações, nós presenciamos e nos beneficiamos


com o desenvolvimento de numerosos novos sistemas tecnológicos. Uma
grande fração da energia elétrica gerada vêem de plantas geradoras de força
nuclear. Aviões a jato de alta velocidade carregam centenas de passageiros e
carregarão muito mais em alguns anos em velocidades extraordinárias. Naves
espaciais tripuladas já visitaram a lua e se preparam para levar a vida humana
a outros planetas. Perto de todos nós, computadores de alta velocidade afetam a vida
de todos nós, com velocidades de processamento cada vez maiores. Avanços na
indústria eletrônica tem permitido o desenvolvimento de satélites de comunicação,
televisão de alta resolução, laser em operações médicas sofisticadas e usuais.
Cada uma destas tecnologias avançaram pelo desenvolvimento de novos
materiais.
Estes desenvolvimentos enfatizam a importância dos materiais como
blocos de construção primária para desenvolvimentos de engenharia. Por outro
lado, as propriedades dos materiais ditaram cada projeto e aplicação útil que
o engenheiro pode desenvolver. Mas com a presente sofisticação da ciência
dos materiais, não é raro requerer novos materiais, com novas propriedades
para serem incorporados em projetos.
Materiais são substâncias feitas ou compostas de alguma coisa (matéria).
Alguns dos materiais encontrados comumente na vida diária são madeira,
concreto, tijolo, aço, plástico, vidro, borracha, alumínio, cobre e papel. Há muitos
tipos de materiais, bastando olhar ao nosso redor. A utilidade dos materiais para
as necessidades atuais e futuras incentiva a pesquisa e o desenvolvimento de
novos materiais.
A Ciência dos Materiais é primariamente concebida com o intuito de
desenvolver conhecimentos sobre a estrutura interna, propriedades e
processamento de materiais. A Engenharia dos Materiais tem o objetivo
principal de aplicar os conhecimentos sobre os materiais para que os mesmos
possam ser convertidos em produtos desejáveis para a sociedade.

12
Para mostrar como a Ciência dos Materiais interage com outros campos
de estudo, é conveniente elaborar uma régua relativa ao campo observado, como
abaixo:

A relação entre a
Ciência dos Materiais e a
Engenharia dos Materiais
envolve vários níveis de
sofisticação científica e técnica. É necessário discutir esta relação em dois
domínios importantes para a engenharia industrial:
1) Uso inteligente de materiais: Significa saber as limitações dos
materiais, baseado no conhecimento dos fenômenos que podem ocorrer sob
certas condições. Ex. a) Alteração das propriedades mecânicas de materiais
dependentes da temperatura. b) Alteração das propriedades dos polímeros, quando
expostos a radiações nucleares.
2) Relações entre Projeto e Desenvolvimento de Materiais: Em
muitos sistemas de engenharia, a performance global do sistema é diretamente
limitada pelas capacidades dos materiais dos componentes. Nestes casos, o
objetivo da engenharia é balançar a vida útil exigida do equipamento, com a
capacidade dos componentes suportarem toda a ação sobre eles. O projeto e
a aplicação de materiais não podem ser otimizados separadamente, quando se
está trabalhando perto do limite de capacidade do material. Ex.: Utilização de
chapas de Fe-Si 3% para a fabricação de transformadores, levando em conta o
aspecto de anisotropia da propriedade magnética (permeabilidade).

1.7 Panorama geral do uso de materiais - referência: indústria automotiva

A dissecação de um automóvel novo revela um conjunto de componentes


envoltos por três grandes tipos de materiais: plástico, alumínio e aço. Enquanto
os plásticos dominam o interior do veículo e o aço permanece como a escolha
para os painéis exteriores, o alumínio continua a espalhar seus tentáculos sob o
capô.

13
De fato, o veículo multi-material não está limitado apenas nestes três tipos de
materiais; está entrando em cena, para aplicações de interior e sob o capô, o
magnésio. A quantidade média dos três grandes tipos de materiais utilizados em um
veículo modelo 1996 foi:
 112 kg de alumínio (segundo a Aluminium Association);

 120 kg de plásticos (segundo a American Plastics Council);

 807 kg de aço (segundo a American Iron and Steel Institute).

Dentro do guarda-chuva dos plásticos, os compósitos moldados em chapa ou


SMC (Sheet Molding Composite) é o preferido para painéis exteriores. Embora
90% das novas aplicações sejam em painéis exteriores, componentes estruturais
como tampas, grades, suportes de painéis e barras transversais estão sendo feitos
por SMC.
O primeiro carro elétrico da General Motors, o EV1, usa SMC na maioria dos
painéis do veículo: capô, portas, teto, tampas, canais de drenagem. Os painéis
são de SMC de baixa densidade, o qual incorpora microesferas de vidro, tendo
uma densidade específica de 1,3. O SMC convencional tem densidade específica
de 1,9 e o aço tem 7,85.
O alumínio cresceu em 80% nas aplicações veiculares nos últimos 5-10
anos e 58% do total consumido pela indústria automotiva é alumínio reciclado.
Os motores se constituem na aplicação mais usual para o alumínio, seguida
pela transmissão. A expectativa, segundo a ALCOA, que no ano 2015, cada veículo
utilize de 250 a 340kg de alumínio.
Há mais de 10 anos, o aço tem mantido seus 55% de peso do veículo (carros
de passeio, veículos esportivos, caminhões leves e minivans) devido ao seu
baixo custo (US$ 0,77 por kg nos USA). Para garantir o aço como a primeira
escolha para o exterior do veículo, a indústria do aço está fazendo consideráveis
estudos como o ULSAB (UltraLight Steel Auto Body), de modo a obter redução de
peso da estrutura, baixo custo e melhor rigidez torcional, mantendo a facilidade de
processamento.

14
PROPRIEDADES
1.8 Densidade

A definição clássica é "peso por unidade de volume". O valor inverso é


chamado "volume específico". A tabela 2.1 mostra a densidade, de alguns
metais mais conhecidos. Nas ligas metálicas, a densidade muda devido à
incorporação de outros átomos com massa diferente, bem como às alterações na
microestrutura.

Tabela 2 - Densidade e temperatura de fusão de alguns elementos.

Fonte: (RAMOS, 2020).

1.9 Propriedades Mecânicas

A resistência mecânica de um material é caracterizada pelo parâmetro


chamado tensão, que é a resistência interna de um corpo a uma força externa
aplicada sobre ele, por unidade de área. Considerando uma barra de área

15
transversal A0 submetida a um esforço de tração F, a tensão (σ) é medida por:

Figura 1 - Barra submetida a esforço de tração.

Fonte: (RAMOS, 2020).

Com a aplicação da tensão σ, a barra sofre uma deformação ε. A carga


F produz umaumento da distância L0, de um valor ∆L. A deformação é dada, então
por:

Deve-se observar que a tensão tem a dimensão de força por unidade


de área e a deformação é uma grandeza adimensional. A tensão pode ser
relacionada com a deformação através da equação correspondente a lei de Hooke:

16
Onde E é uma constante do material denominada módulo de elasticidade.
A tabela 2.2 mostra módulos de elasticidade para vários metais e ligas. Esta relação
é válida para os materiais metálicos, dentro de uma região de um gráfico σ x ε,
denominada região elástica.
Figura 2 - Gráfico tensão x deformação da barra metálica.

Fonte: (RAMOS, 2020).

A região elástica é a parte linear do diagrama mostrado na figura 2.2 (trecho


OA). Se, emqualquer ponto deste trecho, a carga for aliviada, o descarregamento volta
sobre a reta AO, sem apresentar qualquer deformação residual ou permanente.
Terminada a zona elástica, atinge-se a zona plástica, onde a tensão e a
deformação não são mais relacionados por uma simples constante de
proporcionalidade, ocorrendo deformação permanente.

4.2.1 Resistência à tração

A resistência à tração é uma das propriedades mais importantes dos


materiais, pois por intermédio de sua determinação, podem ser obtidas
características significativas do material, tanto a nível de projeto, quanto de controle
de qualidade.
A resistência à tração, como também as outras propriedades mecânicas
depende do tipo de material, do teor de elementos de liga, das condições de
fabricação e tratamento, da estrutura, da temperatura, etc.
Os valores obtidos nos ensaios de tração permitem ao projetista: 1. conhecer
as condições de resistência do material sem que sofra deformação permanente; 2.

17
superada a fase elástica, conhecer até que carga o material pode suportar, em
condições excepcionais.
Além disto, o exame da fratura do corpo de prova, depois de realizado o ensaio,
permite verificar o comportamento dúctil ou frágil do material e a presença de
eventuais falhas originadas durante a sua fabricação (ex. porosidades de fundição).
De um ensaio de tração convencional, são obtidos os seguintes dados do
material:
1. Limite de resistência à tração: valor da máxima tensão suportada pelo
material (MPa);
2. Limite de escoamento: tensão que caracteriza o início da fase plástica (MPa);
3. Alongamento após a ruptura: valor do alongamento permanente, medido no
corpo de prova, após o rompimento;
4. Coeficiente de estricção: redução percentual da área, medido no corpo
de prova após o rompimento.

Figura 3 – Gráfico tensão x deformação para um material dúctil.

Fonte: (RAMOS, 2020).

Tabela 3 - Módulo de Elasticidade na temperatura ambiente.

Fonte: (RAMOS, 2020).

18
DEFORMAÇÃO DOS MATERIAIS

Os materiais, quando submetidos a um esforço de natureza mecânica, tendem


a deformar-se. Conforme a sua natureza, o comportamento varia durante a
deformação. Podem apresentar apenas deformação elástica até a ruptura, como
no caso de elastômeros, ou sofrer apreciável deformação plástica antes da ruptura,
como nos metais e termoplásticos.

1.10 Deformação Elástica

A deformação elástica é resultado de uma pequena elongação ou


contração do retículo cristalino na direção da tensão (tração ou compressão)
aplicada.

Figura 3 - Deformação elástica no nível atômico.

Fonte: (RAMOS, 2020).

Lembre-se que a deformação é proporcional a tensão na zona elástica,


conforme a lei de Hooke. Quanto mais intensas as forças de atração entre os
átomos, maior é o módulo de elasticidade E. Qualquer elongação ou contração
de uma estrutura cristalina em uma direção, causada por uma tensão, produz
uma modificação na dimensão perpendicular (lateral). A relação entre a deformação
lateral εx e a deformação longitudinal εy é chamada de coeficiente de Poisson:

19
1.11 Deformação Plástica

Na prática, qual a importância da região elástica do material? Bem, a maioria


das peças, estruturas e equipamentos que fabricamos não devem sofrer
modificações na sua forma com o tempo. Por exemplo, não queremos montar
um telhado sobre uma estrutura metálica, e o peso deste telhado deformar
algumas tesouras, podendo ocasionar um efeito catastrófico. Por isto, projetamos
esta estrutura para suportar apenas deformação elástica. Muito bem, então, na
Engenharia, apenas devemos nos preocupar com a região elástica? Não, pois muitas
das peças fabricadas, para terem a forma desejada devem sofrer uma
deformação plástica, através de processos específicos. A deformabilidade
permanente é muito importante na prática, pois permite a realização de
conformação mecânica, ou seja de operações mecânico-metalúgicas muito
empregadas na fabricação de peças metálicas. Veja a figura 5.3.

Figura 4 - processos de conformação mecânica usuais: (a) laminação; (b) forjamento; (c)
extrusão; (d) trefilação.(VanVlack, Ed. Campus, pág.211).

Fonte: (RAMOS, 2020).

20
A capacidade dos metais de serem deformados de modo permanente é
chamada de plasticidade. O processo de conformação pode ser realizado em
diferentes temperaturas, de modo que surge dois termos clássicos: trabalho mecânico
a frio e trabalho mecânico a quente. A separação entre os dois se dá pela temperatura
de recristalização, definida como "a menor temperatura na qual uma estrutura
deformada de um metal trabalhado a frio é restaurada ou é substituída por uma
estrutura nova, livre de tensões, após a permanência nessa temperatura por um
tempo determinado". A deformação de um material em um processo é medida pela
redução na área da seção transversal, isto é:

Onde A0 e Af são, respectivamente, a área inicial e a área final.

Figura 5 – Efeito nos grãos obtido com processos de conformação a frio: (a) laminação; (b)
trefilação.

Fonte: (RAMOS, 2020).

A deformação plástica resultante do trabalho mecânico a frio (abaixo da


temperatura de recristalização) provoca o chamado fenômeno de encruamento, isto é

21
aumento da dureza através da deformação a frio. A tabela 5.1. mostra o efeito do
encruamento sobre as características mecânicas de alguns metais e ligas metálicas.
Observe no gráfico a seguir a alteração do alongamento e do limite de resistência com
a % de deformação a frio.

Tabela 4 - Efeito do encruamento sobre características mecânicas.

Fonte: (RAMOS, 2020).

Com a deformação mecânica, os grão são alongados na direção do esforço


mecânico aplicado. Com o encruamento, podem haver perdas nas propriedades do
material, como diminuição da condutibilidade elétrica, aumento das perdas
magnéticas e diminuição da resistência à corrosão. Existem materiais que possuem
um comportamento conforme o seguinte
gráfico tensão x deformação. Este material
poderia ser conformado através de
processos de deformação a frio, como
dobramento? Por que?

22
REFERÊNCIAS
Callister Jr., W.D., Ciência e Engenharia de Materiais - Uma Introdução, Ed. LTC,
2002.

Chiaverini, V., Tecnologia Mecânica, volume III - Processos de Fabricação


e Tratamento, 2a. edição, Ed. McGraw-Hill, 1986.

Van Vlack, L., Princípios de Ciência dos Materiais, Ed. Edgard Blücher, 1970.

Van Vlack, L.H., Princípios de Ciência e Tecnologia dos Materiais, 11ª edição,
Ed. Campus, 1984.

Callister, W., Materials Science and Engineering – An Introduction, John Wiley & Sons,
2000.

Gulháev, A.P., Metais e Suas Ligas, tomo 1 (Estrutura, Propriedades e


Aplicação Industrial), Editora MIR, Moscou, 1981.

Smith, W., Materials Science and Engineering, Ed. McGraw-Hill Inc., second
edition, USA, 1990.

Strong, A. B., Plastics: Materials and Processing, Prentice-Hall, USA, 1996.

Ohring, M., Engineering Materials Science, Academic Press, 1995.

Mano, E., Polímeros como Materiais de Engenharia, Ed. Edgard Blücher, 1991, SP.

Barrett, C, Nix, W.D., Tetelman, A., The Principles of Engineering Materials,


Prentice-Hall Inc., USA, 1973.

Bresciani Filho, E., Seleção de Materiais Metálicos, Campinas: Editora da Unicamp,


1991.

Dieter, G., Metalurgia Mecânica, Ed. Guanabara Dois, 1981, Rio de Janeiro. Van
Vlack, L. , Materiais Cerâmicos, Ed. Edgard Blücher, SP.

Padilha, A.F., Guedes, L.C., Aços Inoxidáveis Austeníticos – Microestrutura


e Propriedades, Ed. Hemus, 1994.

Fundação Roberto Marinho, Telecurso 2000 – Tratamento térmico, Vol.1 – fita de


vídeo (FV 373.6:531 F981t 1996).

ASM, Heat Treater’s Guide – Practices and Procedures for Nonferrous Alloys,
Materials Park: ASM International, 1996.

Kalpakjian, S., Schmid, S.R., Manufacturing Engineering and Technology, Upper


Saddle River: Prentice Hall (EUA), 2001.

23
Askeland, D.R., Phulé, P.P. The Science and Engineering of Materials, fourth
edition, Pacific Grove: Thomson Brooks/Cole, 2003.

Padilha, A.F. Materiais de Engenharia: microestrutura e propriedades, São Paulo:


Hemus, 1997. 21.LIMA, J.A., ALVES Jr, C., SANTOS, C.A. Estudo do Gradiente
Térmico no Processo de Nitretação a Plasma, Revista Matéria, v. 10, junho de 2005,
p. 273-283.

24

Você também pode gostar