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Raios miolo.

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Ciano Magenta Amarelo Preto


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Ciano Magenta Amarelo Preto


Editora
Evangraf
Porto Alegre | 2011

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Ciano Magenta Amarelo Preto


© dos autores
1a edição

Direitos reservados desta edição:


Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Silvana Da Dalt
Licenciada em Física pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2005),
mestre em Engenharia de Materiais pela mesma Universidade (2008) na área de
Ciência e Tecnologia dos Materiais, atualmente é integrante do Laboratório de
Materiais Cerâmicos da Escola de Engenharia da UFRGS onde desenvolve seu
doutorado em Síntese, Caracterização e Aplicação de Nanotubos de Carbono.

Adriano Pieres
Licenciado em Física pela UFRGS (2005), onde trabalhou no Laboratório Itinerante
Tecnologia com Ciência (LITcC) de 2006 a 2008, desenvolvendo projetos ligados
à divulgação científica de processos físicos utilizados no cotidiano e onde participou
de vários eventos de divulgação científica pelo Estado. Atualmente é professor de
Ensino Médio e bacharelando em Astrofísica pela mesma Universidade.

DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)

P618r Pieres, Adriano


Raios catódicos / Adriano Pieres, Silvana Da Dalt. - Porto Alegre:
Evangraf, 2011.
96 p. : il.

ISBN: 978-85-7727-323-2

1. Física. 2. Raios catódicos.I.Pieres, Adriano. II. Da Dalt, Silvana. III.


Título.
CDU – 53

Elaborada pela Biblioteca Central da


Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

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Preto
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ...................................................................................................7
CONCEITOS BÁSICOS ...........................................................................................9
AS TECNOLOGIAS PRECURSORAS ......................................................................11
A HISTÓRIA DOS RAIOS CATÓDICOS ..................................................................33
O EFEITO FOTOELÉTRICO ...................................................................................37
A DESCOBERTA DO ELÉTRON .............................................................................41
AS VÁLVULAS ELETRÔNICAS ..............................................................................45
OS TUBOS FOSFORESCENTES ............................................................................51
OS RAIOS X ........................................................................................................55
A ERA DO RÁDIO ...............................................................................................59
A ERA DA TV ......................................................................................................63
A TV NO BRASIL .................................................................................................65
UMA INTRODUÇÃO À MICROELETRÔNICA ........................................................67
O PRÊMIO NOBEL E SUA INFLUÊNCIA NA PESQUISA DOS TRCS ....................... 71
BIOGRAFIAS ...................................................................................................... 77
William Crookes ...................................................................................................................................... 78
Heinrich Geissler ..................................................................................................................................... 79
Wilhelm Conrad Röentgen ...................................................................................................................... 80
Phillip von Lenard .................................................................................................................................... 83
Max Theodor Felix von Laue .................................................................................................................. 84
William Henry Bragg ............................................................................................................................... 85
William Lawrence Bragg .......................................................................................................................... 87

REDE CONCEITUAL ............................................................................................89


CRÉDITOS DAS ILUSTRAÇÕES .............................................................................91

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APRESENTAÇÃO
O objetivo principal deste trabalho é oferecer aos jovens estudantes e
interessados no assunto uma visão pormenorizada do caminho que tomou a
Física no século passado e as suas consequentes aplicações no nosso dia a
dia, como a televisão, o rádio, os aparelhos eletrônicos entre outros que,
embora não façam parte do cotidiano, são marcas do estágio no qual se
encontra nossa civilização, como os raios X e a pesquisa científica com
partículas, os quais tiveram origem no estudo dos raios catódicos.
Embora altamente frutífero e interessante, infelizmente, esse campo
da Física Moderna ficou fora do currículo de nossas escolas de ensino médio,
talvez por ser de origem relativamente recente. Mesmo no ensino acadêmico,
é muitas vezes discriminado, embora muitas teorias, como, por exemplo, a
quantização da energia do átomo de Bohr, tenham obtido comprovação
experimental num dispositivo semelhante a um tubo de raios catódicos.
No escopo de nosso trabalho, utilizamos o assunto raios catódicos como
uma introdução, na verdade, às explicações dos dispositivos tecnológicos e
toda sua gama de aplicações, história e teorias, sem deixar de dar importância
à pesquisa em si.
Tentamos proporcionar, em nível de divulgação científica para o grande
público, uma leitura agradável e que trouxesse à tona informações a todo o
leitor que se dispusesse a abrir este pequeno manual. Para isso, trouxemos
um pouco de tudo: a Filosofia da Ciência, a História em que os aconte-
cimentos tiveram lugar, o papel dos cientistas, a Física embarcada nos
experimentos.
Oferecemos como uma ferramenta para discussões e geradora de
conexões, ao final deste livro, uma rede conceitual sobre todo o material do
trabalho. Além disso, pode servir como resumo do tema e/ou uma forma de
apresentação sintética, bastante útil, para realçar conceitos e fomentar
discussões.

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CONCEITOS BÁSICOS
Entre os pioneiros dos trabalhos com raios catódicos, podemos citar
três nomes: o dos cientistas europeus Julius Plücker e Johanes Hittorf e o de
Thomas Alva Edison.
Julius Plücker notou, em 1858, que havia uma luminescência num
recipiente de vidro contendo gás a baixa pressão, dotado de duas
extremidades metálicas ligadas a uma diferença de potencial, no caso, uma
pilha elétrica. Podemos deduzir que o que Plücker conseguiu ver foram as
interações elétricas com os átomos das impurezas do vidro. Observou,
também, que esse feixe podia ser desviado se o campo magnético de um imã
se tornasse sensível (acima de de um determinado limite inferior) próximo
do raio.
Johanes Hittorf, físico alemão, conseguiu produzir vácuo suficiente, em
1869, para que se pudessem ser vistos os raios catódicos, não apenas num
ponto do vidro, mas em todo o seu interior.
Thomas Edison, inventor norte-americano, o famoso descobridor da
lâmpada, ao observar um de seus inventos, em 1883, notou que havia uma
fraca corrente que fluía do filamento quando uma placa condutora era
acoplada à lâmpada, estando essa placa com uma diferença de potencial
pouco acima da do filamento (alguns volts). Notou, ainda, que essa fraca
corrente somente fluía quando o filamento da lâmpada estava aquecido.
Essa experiência se tornou curiosa, também, porque as válvulas, grandes
inventos, são dispositivos muito semelhantes às lâmpadas e praticamente
iguais à utilizada por Edison nessa experiência.
Lembramos que, por essa época, pululavam as declarações de que a
Física estava morta e de que o trabalho dos físicos seria apenas o de levar a
precisão das constantes físicas às menores casas.
Com essas três experiências que marcaram a história da Física, podemos
fazer uma asserção a respeito da produção dos raios catódicos: é necessário
apenas um tubo transparente que suporte uma pressão interna muito baixa,
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conectores elétricos dentro destes tubos (que foram previamente evacuados)

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Raios Catódicos

e uma diferença de potencial que será responsável pela parte ativa do


experimento.
Veremos que essas experiências básicas com os raios catódicos se
traduzem na restrição imposta pela tecnologia daqueles dias. Estas restrições
serão abordadas no próximo capítulo.

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AS TECNOLOGIAS PRECURSORAS

Introdução
Um aspecto importante é que a descoberta dos raios catódicos somente
foi possível graças ao desenvolvimento tecnológico e industrial do século
XIX, numa gama de três fatores que se entrelaçam, ajudando-se mutuamente.
O primeiro fator a ser abordado será o vidro e sua produção. A seguir,
veremos um pouco da história do vácuo e, posteriormente, a produção de
elevadas tensões e de correntes contínuas ou variáveis de forma constante.
Além dessas inovações, o próprio fato de existir uma comunidade
científica sólida (ou pelo menos em seu primeiro estágio de solidificação)
deu suporte a esses experimentos e possibilitou a continuação deles, assim
como possibilitou descobertas que culminaram nas inovações tecnológicas
dos dias atuais. Além disso, a comunicação foi imprescindível como suporte
a essa comunidade e à Física Moderna como um todo.

O Vidro
Etimologia

A palavra vidro deriva do latim vitro, que por sua vez deriva do radical
grego hidro, o qual significa “relativo ou que possui características semelhantes
às da água”, certamente fazendo alusão à transparência do vidro e talvez
também à sua liquidez quando acima do ponto de fusão.

Histórico

Embora não haja evidências precisas sobre a origem do vidro, foram 11


descobertos objetos de vidro nas necrópoles egípcias, ao redor das pirâmides.

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Raios Catódicos

Por esse motivo, imagina-se que o vidro já era conhecido há pelo menos
4.000 anos antes da Era Cristã.
Alguns autores apontam os navegadores fenícios como os precursores
da indústria do vidro. A origem teria sido casual: ao preparar uma fogueira
numa praia nas costas da Síria para aquecer suas refeições, improvisaram
fogões usando blocos de salitre e soda. Passado algum tempo, notaram que
do fogo escorria uma substância brilhante que se solidificava imediatamente
ao contato com a areia fria. Estaria, então, descoberto o vidro que, por sua
beleza, funcionalidade e múltiplas aplicações, passaria por inúmeras
transformações e se adaptaria a outras incontáveis aplicações. Coube aos
fenícios, mercadores, disseminar a descoberta do vidro que, embora fosse
conhecido no Oriente há bem mais tempo, não passou pela divulgação que
teve no Ocidente.
Além desse fato, também é digno de nota uma característica do povo
oriental: enquanto descobertas espalham-se pelo mundo através da
comunicação e do comércio, no Oriente não há a preocupação com a
divulgação, como no caso do vidro e da pólvora, além de certas teorias físicas.
Durante o Império Romano, houve um grande desenvolvimento dessa
atividade devido ao apogeu do século XIII, em Veneza, Itália. Após incêndios
provocados pelos fornos de vidro da época, a indústria foi transferida para
Murano, ilha próxima de Veneza. As vidrarias de Murano produziam vidros
em diversas cores, um marco na história desse material, e a fama de seus
cristais e espelhos perdura até hoje.
A indústria moderna do vidro surgiu recentemente, se comparada com
a sua origem, com a revolução industrial e a mecanização dos processos.
Embora antiga, a produção de vidros homogêneos só foi conseguida há
algumas décadas. Um bom exemplo disso são os antigos vitrais das Igrejas:
como não se podiam fabricar vidros laminados, se dispunham cacos destes,
em formas artísticas, que eram unidos com uma liga de chumbo. O vidro de
qualidade só pode ser produzido com o refinamento químico das matérias-
primas, graças ao desenvolvimento da indústria química e das técnicas de
fabricação (sopro, prensagem). A possibilidade de produção de vidros de
alta qualidade e a sua combinação com peças de metais permitiu o
desenvolvimento das lâmpadas e tubos de raios catódicos na segunda metade
do século XIX.
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As Tecnologias Precursoras

Composição Química

Quimicamente, o vidro é uma substância inorgânica, homogênea e


amorfa (não-cristalina), obtida através do resfriamento de uma massa à base
de sílica em fusão.
A ilustração 1 mostra a composição química da massa básica de vidro
que é levada ao forno em alta temperatura. Estes componentes têm função
diversa e podem variar conforme a utilidade que se pretende dar ao produto
final.

Ilustração 1 - Proporção dos componentes do vidro


Fonte: Elaborada pelos autores.

A sílica (SiO2), formada basicamente por areia que passou por um


processo de purificação, tem função vitrificante. A alumina (Al2O3) e o óxido
de magnésio (MgO) aumentam a resistência a choques mecânicos como
batidas, quedas, etc. O óxido de magnésio possui ainda a propriedade de
proteger o material quanto a choques térmicos, enquanto o óxido de cálcio
estabiliza o vidro quanto à degradação pela atmosfera.

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Raios Catódicos

Ilustração 2 - As diferentes cores podem variar com a utilidade que se pretende dar ao
utensílio de vidro
Fonte: Foto de Adriano Pieres.

Quando em alta temperatura, grande parte do oxigênio presente nos


componentes é liberado, permitindo que os ingredientes trabalhem entre
si, sem o oxigênio. Desta forma, embora o óxido de cálcio seja um
componente da massa do vidro, o componente do produto final é o cálcio,
que é fixado como constituinte do vidro, enquanto o oxigênio se combina
com outros elementos e é liberado para a atmosfera.
Os vidros coloridos são produzidos acrescentando-se à composição
corantes como selênio (Se), óxido de ferro (Fe2O3) e óxido de cobalto
(Co3O4) para atingir as diferentes cores.
As garrafas, assim como os tubos de raios catódicos com formato
arredondado, são obtidos por sopro. Já os vidros de janelas são obtidos por
prensagem.

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As Tecnologias Precursoras

A Tecnologia do Vácuo
Etimologia

A palavra “vácuo” é de origem latina e possui o caráter de definir a


ausência de matéria, trazendo como sinônimo “[aquilo] que nada contém,
vazio; livre, desobstruído; disponível; desprotegido, exposto etc.” (Houaiss,
2001). Particularmente em Física, vácuo significa determinada região do
espaço onde foi retirada toda e qualquer matéria, ou então um lugar do
espaço onde foi retirada grande parte da matéria. Essa ideia de uma região
vazia (ou quase) serve de inspiração tanto para a Física tanto quanto a
Filosofia.

Histórico

Historicamente, no entanto, a ideia de vazio foi motivo de discussão


primordialmente para os filósofos. O primeiro filósofo de que temos notícia
a discutir a ideia de vácuo foi Parmênides, nascido no sul da região conhecida
hoje como Itália, contemporâneo de Sócrates (séc. V a. C.). Para ele, a ideia
de vácuo é a não-matéria: é aquilo que não “é”, o lugar onde não “há” matéria.
Enquanto a matéria seria o existente, o vácuo seria a não-matéria, o próprio
“não-ser”. Como o Universo existe e portanto “é”, logo o vácuo seria irreal, o
“não é” impossível de existir:

Algumas conseqüências surgem de imediato. O “é” significa que o


mundo está cheio de matéria por toda a parte. O espaço vazio
simplesmente não existe, nem dentro, nem fora. Além disso, deve haver
igual quantidade de matéria em todos os lugares, caso contrário
precisaríamos mencionar um lugar de menor densidade, que de certo
modo não era, e isto é impossível. O “isto” deve existir igualmente em
todas as direções e não pode alcançar o infinito, pois significaria que
era incompleto. É incriado e eterno: não pode surgir do nada nem se
dissolver no nada, nem pode surgir de algo, pois não existe nenhuma
outra coisa além dele. E assim chegamos a uma representação do mundo
como uma esfera material, uniforme, sólida e finita, sem tempo,
movimento nem mudança. Na verdade, trata-se de um monstruoso 15

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Raios Catódicos

golpe no senso comum, mas também é a conclusão lógica de um radical


monismo material cabal e completo. Se isto ofende os nossos sentidos,
pior para eles: precisamos descartar a experiência sensorial como
ilusória, e é precisamente isto que Parmênides faz. Ao levar a teoria
monista às últimas conseqüências, ele força os pensadores posteriores
a recomeçarem. (Russell, 2003)

É interessante como mais tarde a ideia do vácuo veio a ser melhor


definida quando houve uma redefinição do que é o seu inverso, ou seja, a
matéria. Isso ocorreu com o atomismo de Leucipo. Este tomou a ideia da
esfera de Parmênides e miniaturizou-a: o mundo seria composto de várias
esferas ideais, de densidades iguais, não físseis, enquanto além destas esferas
existiria o nada, o vácuo. Essas esferas foram chamadas de átomos (a=não,
tomo=divisível). Demócrito (420 a. C.) tentou aplicar essa teoria às mudanças
do mundo, visto que o Universo não se comportava como a esfera perfeita
de Parmênides. Dessa forma, as variações que notamos com nossos sentidos
são explicadas com os arranjos e rearranjos dos átomos. Isso explicaria, a
princípio, a matéria e, por extensão, suas características como componentes
secundários (cor, sons, etc.).
Embora frutíferas e, aparentemente, bem pensadas, essas concepções
não foram as seguidas pela Ciência dos séculos posteriores até o século XVII.
As ideias de Aristóteles (384-322 a. C.) é que foram tomadas como verdades
absolutas. A priori, seu pensamento é de que a experiência deve ser a origem
de tudo (inclusive das ideias), ao contrário de seu mestre, Platão, que colocava
as ideias em primeiro plano. Dessa forma, a filosofia de Aristóteles foi acolhida
com empatia pelos chamados “homens de ciência”, que buscavam explicações
para os fenômenos naturais.
Aristóteles pregava que tudo no Universo é composto pelos conhecidos
quatro elementos e que cada um possui um lugar de origem: o fogo tende a
elevar-se acima de todos os outros elementos, enquanto o ar acima da água
e da terra e a água a elevar-se acima da terra. Os outros componentes seriam
uma combinação simples destes quatro. Aplicando esses princípios à
Cinemática, a velocidade dos corpos seria uma função das suas densidades:
uma flecha possui uma velocidade maior no ar do que na água. E tende a
cair porque possui mais terra do que ar em sua composição. No vácuo, uma
16 flecha teria uma velocidade infinita. A outra premissa famosa para sustentar

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As Tecnologias Precursoras

a inexistência do vazio é que os corpos mais pesados tendem a cair com


velocidade maior que os mais leves. Se aplicarmos essa ideia à nossa flecha e
a substituirmos por uma de peso maior, ela terá uma velocidade maior que a
anterior, ou seja, uma velocidade maior que o infinito. Aristóteles viu nessas
duas afirmações (que em realidade são falsas) uma deixa para provar a
impossibilidade de existência do vácuo – a Natureza teria horror ao vácuo.
Embora partindo de premissas erradas, Aristóteles chegou a uma
conclusão que foi respeitada por dois mil anos, até Galileu Galilei (1564-
1642) realizar (experimental ou mentalmente) os experimentos de Pizza. É
um bom exemplo de como certas ideias criam autoridade pelo tempo de
existência e de como é importante criticá-las. É também um bom exemplo
de como, ocasionalmente, o último lugar onde uma questão pode ser
respondida é nos centros acadêmicos: assim como o saber, o respeito aos
antigos era tido em grande instância, e discutir a veracidade das conclusões
de Aristóteles era tão desrespeitoso como discutir a própria verdade. Dessa
forma, as novidades somente puderam vir dos iletrados, dos mecânicos
encanadores que, próximo ao ano de 1640, tentaram, na região de Toscana,
Itália, bombear água a mais de 10 metros de altura. A surpresa foi que, quando
a altura da coluna de água superava em pouco os 10 metros, a bomba era
incapaz de puxar a água para cima, devido a uma região que ficava vazia
acima daquela coluna. A novidade chegou aos ouvidos de Galileu que fez
alguns experimentos sobre o peso do ar, não tendo demonstrado maior
interesse sobre o fenômeno. Esse campo foi mais fértil para Evangelista
Torricelli (1608-1647):

Essas pesquisas foram continuadas de modo brilhante por um aluno


de Galileu, Evangelista Torricelli que interpretou o fenômeno como
relacionado com o “peso do ar” ou mais especificamente com a pressão
atmosférica capaz de equilibrar uma coluna de 10,3 m de água. Os
trabalhos de Torricelli levaram-no a estabelecer uma técnica metrológica
para a medição da pressão atmosférica, construindo o primeiro
barômetro (medidor de pressão). Mais tarde verificou que utilizando
mercúrio no lugar da água a coluna era de cerca de 76 cm. Observou
que a razão entre as alturas da coluna de água e de mercúrio era
justamente a razão entre as densidades desses dois materiais.
(Stempniak, 2002, p. 5) 17

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Raios Catódicos

Assim como Galileu, Torricelli minou as bases da Física Aristotélica em


função de uma nova Física: agora a própria Natureza, antes considerada
como possuindo horror ao vácuo, produzia o vácuo.
Mais tarde, o francês Blaise Pascal (1623-1662) demonstrou as variações
que um barômetro de Torricelli apresentava nas medidas da coluna de
mercúrio ao pé de uma montanha e no seu cume. Apresentava também
variações nas medidas quando o tempo estava muito quente ou para chover.
Nesta porção vazia acima da coluna que beirava os 760 mm de mercúrio, era
produzido um vácuo de muito boa qualidade (principalmente se analisarmos
que era um dos primeiros vácuos produzidos).
Conquanto em nossos dias as descobertas científicas são voltadas para a
aplicação tecnológica, no século XVII, essas novidades também tinham o
caráter de divertir e surpreender, aliando a ciência incipiente à arte e à
diversão, aliança também recorrida hoje em dia. Conforme esse aspecto, o
prefeito de Magdeburgo (Alemanha), Otto Von Guericke (1608-1686), eva-
cuou dois hemisférios de cobre, utilizando um pistão para extrair o ar do
seu interior. Após, colocou oito cavalos de cada lado para puxar cada hemis-
fério, onde, ao separá-los, ocorria
enorme estrondo devido ao movi-
mento do ar para preencher o vácuo.
Além de servir de divertimento, o ex-
perimento de Magdeburgo trouxe à
tona o papel da divulgação científica
entre a população comum.

Ilustração 3 - Peças compondo a


máquina de produzir vácuo de
Robert Boyle (séc XVII)
Fonte: Robert Boyle <http://
18
www.geocities.ws/saladefisica9/
biografias/boyle.html>.

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As Tecnologias Precursoras

Um dos pesquisadores que desenvolveu avanços tanto na tecnologia


das bombas pneumáticas (para drenar o ar) como na parte teórica foi o
inglês Robert Boyle (1627-1691), como podemos ver na figura anterior.
As pesquisas de Boyle com gases levaram à descoberta da lei da
invariância do produto da pressão pelo volume de um gás à temperatura
constante, conhecida como lei de Boyle. Um dos tubos de Boyle conhecido
como “tubo oval de Newton” (Newton’s Egg) é na realidade um tubo
conectado a uma bomba de vácuo para o estudo do comportamento dos
gases a baixa pressão, um antecessor dos tubos de raios catódicos.
Vários nomes estão ligados à produção do vácuo, distribuídos em vários
países. É interessante notar também que assim como o desenvolvimento dos
Tubos de Raios Catódicos foi beneficiado com as tecnologias do vácuo, muito
do desenvolvimento do vácuo teve seu ponto de partida no desenvolvimento
dos TRCs. Um exemplo são os físicos interessados principalmente no estudos
da resistência dos gases a baixas pressões que projetaram bombas de vácuo e
introduziram novas técnicas para a produção de vácuo. No ano de 1854,
Julius Plücker (1801-1868), na Universidade de Bonn (Alemanha), faz
encomendas ao seu vidreiro, Heinrich Geissler (1814-1879) de uma nova
bomba de mercúrio, de forma a produzir as baixas pressões necessárias aos
experimentos em descargas elétricas que estava realizando. Geissler construiu,
em 1855, uma bomba que gerava uma pressão de 0,1Torr (1,3 x 10-4 atm).
Em 1870, William Crookes (1832-1919) com o seu assistente Charles
Gimingham, através de aperfeiçoamentos, conseguiu pressões da ordem de
10-5 Torr (1,3 x 10-8 atm). A barreira de vácuo hoje atingida é de 10-12 Torr
(1,3 x 10-15 atm) nos melhores sistemas.

Medidas de Pressão

Conforme ocorreu o avanço na produção de pressões cada vez mais


próximas do vazio absoluto, foi necessária a introdução de medidas para
fazer a comparação dessas baixas pressões produzidas. Como primeira
medida, surgiu o milímetro de mercúrio (Hg de hidrargirum=água prateada),
referente à medida da coluna máxima erguida por este metal na atmosfera
terrestre. Mais tarde, para evitar definições ambíguas de pressão com
distância, convencionou-se que a pressão de um milímetro de mercúrio
equivaleria a pressão de um Torricelli (1mm Hg = 1 Torr). Como unidade 19

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Raios Catódicos

derivada do sistema internacional, temos o Pascal (Pa) que tem como


definição um Newton (kg.m/s 2) por metro quadrado (1N/m 2). Para
comparações com a pressão atmosférica, temos a atmosfera (atm) que possuiu
como unidade a pressão de 760 Torr. Outras unidades são listadas abaixo:

1 atmosfera (atm) = 760 Torricelli (Torr)


= 1,013 x 105 Pascal (Pa)
= 760 mm Hg
= 1 bar = 1000 mbar
= 14,70 libras/polegada ou psi (do inglês pound square inch)

Grandezas Associadas

Uma relação útil quando se fala em vácuo é a de livre caminho médio


entre as moléculas, se imaginarmos o gás como representado por inúmeras
esferas. Quanto menor a pressão deste gás, maior a distância entre as esferas
constituintes da matéria, ou moléculas. Da mesma forma, um átomo em
movimento deverá ter um caminho livre maior estando num gás à baixa
pressão.

Ilustração 4 – Representação dos átomos num gás (esferas) e suas velocidades (vetores) a
determinada pressão (esquerda) e a uma pressão bem mais baixa (direita), sendo em ambos
os casos na mesma temperatura.
Fonte: Elaborada por Adriano Pieres.

A relação entre o caminho livre médio entre as moléculas, a pressão de


um gás e o número de colisões por segundo pode ser melhor visualizada na
20
tabela abaixo, para os diferentes tipos de vácuo gerados:

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As Tecnologias Precursoras

Tabela 1 - Parâmetros para diferentes pressões


Fonte: Elaborado pelos autores.

Atualmente, o vácuo se tornou um aliado ainda maior da tecnologia.


Sua utilização é crucial na produção de medicamentos (devido à esterilidade),
alimentos embalados a vácuo (café em pó, requeijão, massa de tomate, etc.),
de lâmpadas fluorescentes e incandescentes, filmes finos (depósito de vapor),
garrafas térmicas, lasers, sem esquecer os TRCs presentes na alta tecnologia
do cotidiano.

A Eletricidade
Etimologia

A palavra eletricidade deriva do grego elektron, mais conhecido como


âmbar, uma resina translúcida, com uma tonalidade entre o amarelo e o
laranja. No Brasil também é conhecido como breu.

Histórico

Próximo do ano 600 a.C., os gregos descobriram uma peculiar


propriedade desse material: quando friccionado com um pedaço de pele
animal, o âmbar desenvolve a habilidade para atrair pequenos pedaços de
plumas e folhas secas. Por séculos essa estranha e inexplicável propriedade
foi associada unicamente ao âmbar.

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Raios Catódicos

Embora conhecida de muitos povos à margem do Mediterrâneo, uma


explicação mais plausível foi proposta apenas dois mil anos depois, no século
XVI. O médico da rainha Elisabeth I da Inglaterra, William Gilbert (1544-
1603), resumiu no livro “De Magnéte” (1600) dezessete anos de experiências
sobre os incipientes magnetismo e eletricidade estática.
Foi também quem cunhou o termo “elétrico” e demonstrou que as
substâncias com essa denominação podem apresentar dois tipos de efeitos.
Quando friccionado com peles, o âmbar adquire uma “eletricidade de
resina”, enquanto o vidro friccionado com a seda adquire o que eles
chamaram de “eletricidade vítrea”. Eletricidade repele a do mesmo tipo e
atrai a do tipo oposto. Os cientistas da época pensavam que a fricção
realmente criava a eletricidade, porém não notaram que uma igual
quantidade de eletricidade oposta ficava na pele ou na seda.

Ilustração 5 - Apresentação de Gilbert à rainha da Inglaterra sobre as propriedades


magnéticas dos imãs.
Fonte: <http://www.geocities.ws/saladefisica9/biografias/gilbert.html>

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As Tecnologias Precursoras

É interessante notar, nesse caso, o papel da experimentação no


desenvolvimento da ciência. Gilbert era médico, acostumado ao trabalho
manual. Numa época em que a Medicina era um campo fértil de mitos e
crendices (por exemplo, sangrias eram muito recomendadas), Gilbert
contribuiu para uma desmistificação de magnetismo. Provou, por exemplo,
que o alho não desmagnetizava o ferro magnetizado, mas a alta temperatura
sim. Foi, sem dúvida, devido ao seu espírito inquiridor e experimental que o
eletromagnetismo teve o seu primeiro esboço.
Em 1747, outros experimentadores, entre eles Benjamin Franklin (1706-
1790) nos Estados Unidos e William Watson (1715-1787) na Inglaterra, de
forma independente, chegaram a mesma conclusão: todos os materiais
possuem um tipo único de “fluido elétrico”, que pode penetrar no material
livremente, mas que não pode ser criado e nem destruído. A ação da fricção
simplesmente transfere o fluido de um corpo para o outro, eletrificando
ambos. Franklin e Watson introduziram, assim, o princípio da conservação
de carga: a quantidade total de carga elétrica em um sistema isolado é
constante.
Franklin convencionou que o fluido correspondente à eletricidade vítrea
era positivo e que a sua falta corresponde ao negativo. Portanto, de acordo
com Franklin, a direção do fluxo (corrente) era do positivo para o negativo.
No entanto, atualmente, sabe-se que o oposto é que vem a ser verdade. Uma
teoria complementar com base no fluido foi desenvolvida, posteriormente,
na qual amostras do mesmo tipo se atraem, enquanto aquelas de tipos opostos
se repelem.
Franklin ficou conhecido também com a Garrafa de Leyden. Esse
dispositivo consiste numa garrafa de vidro (que pode ser substituído por
outro material isolante) recoberta interna e externamente por folhas
metálicas. Ao aproximarmos corpos eletrizados do terminal interno
(referente às lâminas internas) ocorre a chamada eletrização por contato:
uma redistribuição do excesso de portadores de carga. Depois de repetir
esse processo várias vezes, provoca-se o contato entre as duas superfícies
eletrizadas, através de fios metálicos. Isso gera uma corrente elétrica
proveniente do desequilíbrio entre a quantidade de cargas positivas e
negativas nas superfícies. A garrafa de Leyden foi o primeiro dispositivo
utilizado para armazenar carga elétrica, mais tarde conhecido como capacitor.
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Raios Catódicos

Ilustração 6 - A garrafa de Leyden é composta de duas finas lâminas metálicas, uma interna à
garrafa e outra externa a esta. Quando a tensão atinge picos elevados, há uma descarga na
parte superior, entre os dois contatos.
Fonte: Elaborado pelos autores.

O descarregamento da Garrafa de Leyden gera uma corrente,


ocasionando um choque elétrico se alguém estiver em contato com um dos
terminais. Se um condutor de metal fosse usado, uma faísca poderia ser
vista e até ouvida. Franklin tinha dúvidas de que o raio e o trovão eram
resultado de uma descarga elétrica. Durante uma tempestade em 1752,
Franklin empinou uma pipa com uma extremidade de metal. No fim da
chuva, na linha condutora de cânhamo da pipa empinada, ele acoplou uma
chave de metal, na qual amarrou um barbante de seda não condutor que
colocou em sua mão. O experimento foi extremamente arriscado, mas o
resultado foi inconfundível: quando os nós de seus dedos ficaram perto da
chave, ele pode atrair faíscas para si. Outras duas pessoas que tentaram esse
experimento extremamente perigoso acabaram morrendo.

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As Tecnologias Precursoras

Ilustração 7 - Busto em homenagem a Charles Coulomb.


Fonte: Charles Coulumb. Londres, 2005.

À época da publicação do “De Magnéte” já era conhecido o fato de que


a força elétrica repulsiva ou atrativa diminuía quando as cargas eram
separadas. A relação quantitativa dessa força teve como seu pioneiro Joseph
Priestley (1733-1804), um amigo de Benjamin Franklin. Em 1767, Priestley
indiretamente deduziu que, quando a distância entre dois pequenos corpos
carregados é aumentada por um determinado fator, as forças entre os corpos
são reduzidas pelo quadrado deste fator. Apenas dezoito anos depois é que
se fizeram experimentos que comprovaram essa lei, quando John Robinson,
na Escócia, fez mais medidas diretas da força elétrica envolvida.
Seguindo o caminho trilhado por Newton para a determinação
conceitual das forças e da determinação quantitativa da gravitação, o
engenheiro francês Charles A . de Coulomb (1736-1806) realizou uma série
de experimentos com balanças de torção e corpos eletrizados, visando obter
uma lei empírica mais precisa que relacionasse a eletrização dos corpos com
a distância entre eles, adicionando importantes detalhes à prova de Priestley
(hoje conhecida como lei de Coulomb). Ele também desenvolveu a teoria
de dois fluidos para cargas elétricas, rejeitando tanto a ideia da criação de 25
eletricidade pela fricção, como o modelo de um único fluido de Franklin.

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Raios Catódicos

As fontes de Tensão
A Pilha de Volta

Por causa de um acidente no século XVIII, o médico anatomista italiano


Luigi Galvani (1737-1798) começou uma cadeia de eventos que culminaram
no desenvolvimento do conceito de tensão elétrica e na invenção da bateria.
Em 1780, um dos assistentes de Galvani noticiou que uma perna de rã
dissecada se contraía quando ele tocava seu nervo com um bisturi. Outro
assistente achou que tinha visto uma faísca saindo de um gerador elétrico
carregado ao mesmo tempo. Galvani concluiu que a eletricidade era a causa
da contração muscular da rã. Ele erroneamente pensou, entretanto, que o
efeito era devido à transferência de um fluido, ou “eletricidade animal”, em
vez da eletricidade convencional. Aqui um parêntesis se faz necessário:
embora a eletricidade tenha inúmeras aplicações no mundo inanimado, foi
o fenômeno do choque elétrico no corpo humano que promoveu interesse
pela eletricidade. Vem-nos à mente a máxima de Protágoras, de que o
Homem é a medida de todas as coisas. Hoje temos uma inversão disso: a
maior parte das aplicações da eletricidade não envolvem o corpo humano
como elemento de seus circuitos. Não surpreende, então, que, naquela época,
os primeiros a conjeturarem sobre a eletricidade foram os médicos, tratando
dos efeitos desse fenômeno sobre o corpo. No entanto, a perspicácia e a
intuição de William Gilbert faltaram a Galvani, o qual insistia na influência
de fatores que, posteriormente, comprovaram não haver relação legítima
com a eletricidade, como a origem animal e a influência das condições
meteorológicas na “produção” da eletricidade pelos animais.
Vizinha à Bolonha, na Universidade de Pávia, esses experimentos
entusiasmaram o físico autodidata Alessandro Volta (1745-1827). Repetindo
os experimentos de Galvani, Volta começou a discordar da teoria da
“eletricidade animal” de Galvani em 1793.
Em uma carta a um de seus amigos, escrita no ano de 1796, Volta
expressou claramente suas ideias a respeito dos condutores e da eletricidade:
“O contato de condutores diferentes, sobretudo metálicos, que denominarei
condutores secos ou de primeira classe, com condutores úmidos, ou de
segunda classe, desperta o fluido elétrico e imprime-lhe certa impulsão ou
26 incitação.” No mesmo ano, Fabbroni, um químico de Florença, observou
que, quando duas lâminas de metais diferentes são postas em contato com

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As Tecnologias Precursoras

um líquido, uma delas fica oxidada. Intuiu então que deve existir certa relação
entre os dois fenômenos – o elétrico e o químico.
O experimento que deu origem à pilha elétrica foi feito por Volta, ao
intercalar duas placas, uma de bronze e outra de aço, com um feltro embebido
numa solução ácida. Ao empilhar várias destas placas, produziu o que foi
batizado como “pilha de Volta”.

Ilustração 8 - Esquema para o estudo da eletricidade animal, por Galvani, extraído de suas
memórias no De Viribus Electricitatis in Motu Musculari.
Fonte: Luigi Galvani. São Paulo, 2004.

O princípio de funcionamento da pilha elétrica de Volta é a conversão


de energia química em elétrica. Quando dois metais estão em contato, há
uma diferença de potencial entre eles. Esse é o conhecido efeito do potencial
de contato. Se colocarmos uma solução reativa entre esses dois metais, haverá
um deslocamento dos íons positivos da solução para o terminal com um
potencial mais baixo e dos íons negativos da solução para o terminal com
maior potencial. Gera-se, dessa forma, um acúmulo de cargas opostas nos
terminais metálicos, devido à diferença de potencial dos metais. Uma conexão
entre eles fará com que os portadores de carga se desloquem, na tentativa de
acabar com o desequilíbrio de cargas. Essa tentativa de acabar com o
desequilíbrio é que gera uma corrente de deslocamento das cargas no fio, 27
consistindo na chamada energia elétrica. Com o tempo, a solução perde seu

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Raios Catódicos

potencial reativo devido à perda dos íons e à sua reação com o metal,
ocasionando o enfraquecimento da corrente. É o que acontece com as
baterias com muito tempo de uso.
Para quantificar essa diferença de tensão entre os metais, foi introduzida
a unidade de potencial elétrico, ou diferença de potencial: o Volt, em
homenagem ao inventor da pilha. Assim, tensão é uma medida da capacidade
de um sistema para realizar trabalho por meio de uma quantidade de carga
elétrica unitária. Para exemplificar a tensão tem-se: a voltagem medida em
eletrocardiogramas, que fica em torno de 5 milésimos de volt (5 mV), a
tensão disponível nas tomadas das casas de 110 ou 220 V e, além disso, tem-
se o enorme potencial próximo de 1 bilhão de Volts (1GV) existente entre
uma nuvem carregada e o solo, necessário para a produção de um raio.
O conceito de corrente elétrica deve-se a Ampère (1775-1836), embora
desde o final do século XVIII fossem já conhecidas as pilhas que convertem
energia química em elétrica e as máquinas que acumulavam eletricidade na
forma estática, as Baterias de Volta e as Pilhas de Leclanché.

A Pilha de Leclanché

A pilha de Leclanché, também conhecida como pilha seca ou pilha


comum, foi inventada, em 1866, pelo engenheiro francês George Leclanché
(1839-1882). É a precursora das modernas pilhas secas de uso tão
diversificado: com voltagem de 1,5V, são extensivamente usadas em lanternas,
rádios portáteis, gravadores, brinquedos, flashes, etc.

Ilustração 9 - A pilha comum e seus


28
componentes
Fonte: Elaborada por Adriano Pieres.

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As Tecnologias Precursoras

A pilha de Leclanché é formada por um cilindro de zinco metálico, que


funciona como terminal positivo ou anodo, separado dos demais elementos
químicos presentes na pilha por um papel poroso. O terminal negativo ou
catodo é o eletrodo central. É um bastão de grafite coberto por uma camada
de dióxido de manganês, carvão em pó e uma pasta úmida contendo cloreto
de amônio e cloreto de zinco. O cloreto de amônio dá caráter ácido à pilha de
Leclanché. A expressão pilha seca é uma designação comercial que foi criada,
há muitos anos, para diferenciar esse tipo de pilha (inovador na época) das
pilhas até então conhecidas, que utilizavam recipientes com soluções aquosas.
Uma das características desse tipo de pilha é que ela não pode ser
recarregada. Com o tempo, todo o dióxido de manganês é consumido e a
pilha cessa seu funcionamento.
No entanto, para a produção dos raios catódicos eram necessárias tensões
muito mais altas que as geradas por fontes de tensão como as das pilhas de
Leclanché. Essas altas tensões só puderam ser obtidas a partir da segunda
metade do século XIX com a compreensão do fenômeno da indução
eletromagnética e o consequente aperfeiçoamento das bobinas de indução,
antecessora dos modernos transformadores.

As Fontes de Alta Tensão

Em 1820, o físico dinamarquês Hans Cristian Oersted relaciona


fenômenos elétricos aos magnéticos ao observar que um condutor, por onde
passa uma corrente elétrica, altera o movimento da agulha de uma bússola.
Na Inglaterra, Michel Faraday inverte a experiência de Oersted e verifica
que os imãs exercem ação mecânica sobre os condutores que são percorridos
por uma corrente elétrica e descobre a indução eletromagnética.
Michael Faraday (1791-1867) é um caso raro entre os grandes nomes
da ciência. Nascido em Newington, Inglaterra, larga os estudos cedo, por
necessidade, e começa a trabalhar aos 14 anos como aprendiz de
encadernador, a serviço do livreiro Riebau. Entre um intervalo e outro e
após o expediente, vai lendo as obras que chegam até suas mãos e transforma-
se num autodidata. Com sua participação em palestras, é convidado a exercer
o cargo de assistente de laboratório na Royal Institution. Logo depois, torna-
se assistente do químico Humphy Davy. Apesar de poucos conhecimentos
teóricos, o espírito de experimentação de Faraday o leva a importantes 29
descobertas para a Química e a Física. Consegue liquefazer praticamente

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Raios Catódicos

todos os gases conhecidos. Isola o benzeno. Elabora a teoria da eletrólise, a


indução eletromagnética e esclarece a noção de energia eletrostática.
A indução eletromagnética é um fenômeno que acontece quando
variamos o campo magnético próximo a um condutor sob certas condições
geométricas especiais. Essa variação do campo magnético irá gerar uma
corrente no condutor . Da mesma forma, uma corrente contínua gera um
campo magnético constante ao redor do condutor. Esse princípio pode ser
utilizado em cata-ventos ou turbinas eólicas para conversão de energia
cinética em energia elétrica.

As Bobinas de Indução

Para melhor entendermos o que acontece numa bobina de indução,


devemos compreender melhor como acontece o fenômeno da indução.
O maior aperfeiçoamento das bobinas de indução foi devido ao alemão
Heinrich D. Ruhmkorff (1803-1877), pesquisador em eletricidade e mecânica
que construiu inúmeras versões aperfeiçoadas das bobinas de indução,
incluindo uma versão patenteada em 1851 que lhe valeu um prêmio de 50
mil francos, concedido pelo Imperador Napoleão III como a mais importante
descoberta em aplicações da eletricidade.
A bobina de indução ou bobina de Ruhmkorff é um aparelho destinado
a produzir altas tensões com uma baixa intensidade de corrente utilizando,
como fonte primária de tensão, uma simples bateria de duas a quatro pilhas
conectadas em série. Esse aparelho, embora construído pela primeira vez
por Ruhmkorff em 1851, antes da invenção do transformador, é um
verdadeiro transformador de circuito magnético aberto.

O Funcionamento da Bobina de Rumhkorff

A bobina de indução compõe-se de um núcleo de ferro (onde estão


enrolados os fios) e das bobinas de circuito primário e secundário.
O primário é constituído de pequeno número de espirais, compostos
por um fio grosso. Já o secundário é constituído de numerosos espirais de
um fio bem mais fino que o do primário, podendo chegar até 200 mil espiras.
O coeficiente de transformação (razão entre a tensão no secundário e no
30
primário) é, desta forma, muito elevado, exigindo cuidados especiais no
isolamento das diversas camadas de espirais do secundário.

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As Tecnologias Precursoras

Para que se produza uma diferença de potencial (ddp) nos extremos


do secundário, é necessário que a corrente no primário (alimentado com
fonte alternada) seja constantemente interrompida. Só assim é possível obter-
se um fluxo magnético variável no núcleo de ferro, causando o fenômeno
da indução eletromagnética. A corrente contínua fornecida pela bateria passa
por um interruptor mecânico, acionado pelo núcleo da própria bobina, que
atrai o “martelo”, na figura.

Ilustração 10 - Circuito esquemático de uma bobina de Ruhmkorff


Fonte: NETTO, R. F.. São Paulo, 2001.

O interruptor mecânico funciona sendo atraído pelo núcleo de ferro


quando o circuito primário está fechado (os contatos de platina estão
encostados um no outro), e volta ao seu lugar de origem quando em repouso.
Dessa forma, há uma vibração com uma frequência determinada pela massa
do martelo, pelo coeficiente elástico da lâmina de aço-mola e pela distância
entre os contatos de platina.
Os pontos de contato do interruptor são confeccionados em metal com
alto ponto de fusão (platina ou tungstênio) para não se deteriorarem pela
faísca de ruptura. A ruptura do circuito primário deve ser brusca, a fim de se
obter uma grande variação de tensão no secundário. A faísca que se produz,
no instante em que os pontos em contato se separam, prolonga a passagem 31
da corrente no primário, aumentando com isso o tempo de interrupção (o

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Raios Catódicos

que baixa drasticamente a tensão induzida), sendo necessário, portanto,


que essa faísca seja eliminada.
O capacitor em paralelo com o interruptor tem a função de absorver a
energia de autoindução no primário, que é a causa do faiscamento,
reduzindo-a ao mínimo.

Referências
REDHEAD, P. A. History of vacuum devices. Canadá. Disponível em: <http://
www.cientificosaficionados.com/libros/CERN/vacio23-CERN.pdf>. Acesso em: 02 set. 2005.
McALIISTER TECNICAL DEVICES. A short history of vacuum terminology and technology.
Vacuum Technology. Disponível em: <http://www.mcallister.com/vacuum.html>. Acesso
em: 02 set. 2005.
STEMPNIAK, R. A. A ciência e a tecnologia do vácuo. São Paulo: Sociedade Brasileira do
Vácuo, 2002. Disponível em: <www.ifi.unicamp.br/sbv/artigoRobertoStempniak.pdf>.
Acesso em: 05 set. 2005.
HOYKAAS, R. A religião e o desenvolvimento da ciência moderna. Brasília: Polis, 1988.
RUSSEL, B. História do pensamento ocidental. 3. ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 2004.
História da energia elétrica. Disponível em: < http://www.ene.unb.br/ene/grad/
grad_hist.html>. Acesso: 09 set. 2005.
NETTO, R. F. Feira de ciências: bobina de Ruhmkorff. São Paulo, 2001. Disponível em:
<http://www.feiradeciencias.com.br/sala03/03_01.asp>. Acesso em: 09 set. 2005.
CEBRACE. História do vidro. Santa Luzia: 2000. Disponível em: <http://
www.cebrace.com.br/telas/vidro/default.asp>. Acesso em: 09 set. 2005.
ESPAÇO ciência. Química: tipos de pilha. Olinda: 2005. Disponível em: <http://
www.espacociencia.pe.gov.br/areas/quimica/tipos.php>. Acesso em: 09 set. 2005.

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A HISTÓRIA DOS RAIOS
CATÓDICOS
O estudo das descargas elétricas através dos gases rarefeitos, isto é, a
baixas pressões, apaixonou os cientistas do século XIX. Não obstante, apenas
no fim do século realizaram-se as experiências que revolucionaram a história
da Física e que conduziram a uma explicação verdadeira dos processos
gerados por esses fenômenos.
Em 1838, Michael Faraday já utilizava descargas elétricas em gases
submetidos a baixas pressões. Vinte anos depois, Heinrich Geissler
desenvolveu um tubo de vidro fechado contendo vácuo no seu interior e
dois eletrodos nas extremidades desse tubo, que ficou conhecido como tubo
de Geissler, em homenagem ao seu inventor.

Ilustração 12 - Esquema dos tubos feitos por Geissler.


Fonte: Elaborada por Adriano Pieres. 33

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Raios Catódicos

O tubo tinha uma saída que podia ser acoplada a uma bomba de vácuo,
de forma a se poder diminuir a pressão do gás no tubo. Com a montagem
referida, podemos estudar a passagem da corrente elétrica através de um
vácuo adequado, aplicando-se alta tensão aos eletrodos.
Em 1858, Julius Plücker passou a realizar experiências sobre descargas
elétricas em gases rarefeitos, com o uso do tubo de Geissler. Logo observou
que os raios originários do catodo podiam ser desviados quando em presença
de um campo magnético. Eugen Goldstein, em 1876, introduziu o nome
“raios catódicos” à luminescência observada anteriormente por Plücker.
Observou também a existência de estranha radiação denominada raios canais,
que seguia caminho contrário ao percorrido pelos raios catódicos.
Apesar do empenho de muitos cientistas da época em relação aos raios
catódicos, existia ainda a dúvida cruel sobre a natureza desses raios, pois
não sabiam se eram ondas ou partículas, nem mesmo suas propriedades. O
físico inglês William Crookes, em 1879, aperfeiçoou o tubo de Geissler,
produzindo, por intermédio de uma bomba de vácuo, pressões muito
menores do que aquelas obtidas no interior do tubo de Geissler, e ficaram
conhecidas como “ampolas de Crookes”. Suas experiências o levaram a
acreditar que esses raios eram partículas, os quais, inclusive, chamou de
matéria radiante.
Em 1892, o físico alemão Heinrich Hertz afirmou ter a prova
experimental de que tais raios não eram partículas e sim ondas. Essa polêmica
começou a pender fortemente para o lado corpuscular quando, em 1895,
Perrin confirmou que os raios catódicos eram partículas carregadas
negativamente e demonstrou que os raios canais (observados por Goldstein
e opostos aos raios catódicos) eram partículas carregadas positivamente. Por
fim, essa polêmica encerrou-se em 1897, com a célebre experiência de J.J.
Thomson, a qual demonstrou que os raios catódicos eram elétrons.
Podemos entender melhor o que acontece num Tubo de Raios
Catódicos (Cathode Ray Tube, ou CRT em inglês) se supusermos a existência
de uma partícula muito pequena que carrega uma carga negativa (visto que
emergem do polo negativo), que está presente em todos os metais. Nos metais
essa partícula está pouco ligada ou quase livre e nos materiais isolantes está
fortemente presa aos núcleos atômicos. Ao aplicarmos uma tensão entre o
catodo e o anodo, essas partículas são atraídas para o anodo, saindo do catodo
34 (esse é o motivo pelo qual foram denominados de raios catódicos).

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A História dos Raios Catódicos

Referências
SANTOS, C. A. et al. Da revolução científíca à revolução tecnológica. Porto Alegre: Instituto
de Física – UFRGS, 1998.
NETTO, R. F. Feira de ciências: bobina de Ruhmkorff. São Paulo, 2001. Disponível em:
<http://www.feiradeciencias.com.br/sala23/23_MA01.asp>. Acesso em: 09 set. 2005.
Seara da ciência. Os raios X: a ampola de Crookes e os misteriosos raios catódicos. Fortaleza,
2005. Disponível em: <http://www.seara.ufc.br/especiais/fisica/raiosx/raiosx-1.htm>.
Acesso em: 09 set. 2005.
WIKIPÉDIA. Raio catódico. 2001. Disponível em: <pt.wikipedia.org/wiki/Raio_catódico>.
Acesso em: 09 set. 2005.

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O EFEITO FOTOELÉTRICO
Uma das experiências que começou a solapar os alicerces até então
inabaláveis da Física Clássica foi o efeito fotoelétrico. Hoje, comumente
falamos em células fotoelétricas para ligar e desligar a luz de postes e outros
dispositivos. Não sabemos, no entanto, que esse fenômeno, hoje corriqueiro,
surpreendeu os físicos da época e demorou décadas até ser explicado,
empregando um bom número de cérebros para sua solução.

Ilustração 13 - O efeito fotoelétrico ocorre quando um metal eletrizado é


atingido por luz ultravioleta
Fonte: Elaborada por Adriano Pieres.

O efeito fotoelétrico é um fenômeno que pode ser facilmente visualizado


com o seguinte experimento: em primeiro lugar, eletrizamos uma placa
metálica isolada do solo. Em seguida, aplicamos um feixe de raios ultravioletas
(pode ser conseguido com algumas lâmpadas especiais). Notamos que a
exposição aos raios ultravioletas fez com que o material, inicialmente
eletrizado, deixasse de sê-lo após a exposição. Analisando o fato, concluímos
que os raios ultravioletas conferem energia suficiente para os elétrons 37

deixarem o material.

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Raios Catódicos

O primeiro físico a observar esse fenômeno foi Hertz. Ele observou, em


1887, que uma faísca é produzida entre dois eletrodos de metal com baixa
voltagem quando os eletrodos são irradiados com luz ultravioleta. No ano
seguinte, Wilhem Hallwachs mostrou que corpos metálicos irradiados com
luz ultravioleta adquiriam carga elétrica positiva, ou seja, perdiam cargas
negativas. Isso mais de uma década antes da descoberta do elétron, que
ocorreu em 1897. Lenard, em 1903, investigou experimentalmente o efeito
fotoelétrico, utilizando como fonte luminosa um arco voltaico. Foi
precisamente esse experimento que abalou os pilares da Física Clássica.
Variando a intensidade da luz, Lenard provou que a energia dos elétrons
emitidos não apresentava dependência com a intensidade da luz. Parece
lógico supor que quanto maior a intensidade da luz que incide sobre a placa,
maior será a quantidade de carga perdida pelo metal. No entanto, isso não
ocorre, contrariando não só o senso comum, mas também o que prega a
Física de então.
Então, em 1905, Albert Einstein propôs uma explicação satisfatória, a
de que cada elétron do metal recebe uma energia proporcional à frequência
da luz incidente. O elétron utiliza uma parte dessa energia para romper as
ligações com o metal, e o resto transforma-se em energia de movimento
(cinética). Cada elétron absorve uma certa quantidade de energia; se qui-
sermos que o elétron absorva mais ou menos energia, temos que aumentar
ou diminuir, respectivamente, a
frequência da luz incidente. Se a luz não
fornecer energia suficiente para arran-
car o elétron do metal, não adianta au-
mentar a intensidade da luz: se a
frequência é do azul, por exemplo, de
nada adiantará incidir no metal luz ver-
melha (de frequência mais baixa), que
não ocorrerá o efeito fotoelétrico.

Ilustração 14 - Einstein em data próxima


à de 1905
38
Fonte: Site Nobel Prize

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O Efeito Fotoelétrico

De acordo com Einstein, as leis do efeito fotoelétrico ficaram expressas


assim:
• A velocidade de um fotoelétron (elétron emitido por efeito
fotoelétrico) é diretamente proporcional à frequência do fóton que
o arranca;
• O número de fotoelétrons arrancados em cada unidade de tempo,
ou seja, a intensidade da corrente elétrica, é diretamente
proporcional ao número de fótons (intensidade da iluminação) para
as frequências maiores que uma frequência mínima, necessária para
que esses elétrons sejam arrancados. Essa frequência mínima é
chamada de corte.

Ilustração 15 - A nova Física, que mais tarde seria batizada de quântica, prega que a luz é
composta de inúmeros pontos de luz, ao contrário da Física Clássica, que a trata como
contínua. Esse fato explica mais facilmente o efeito fotoelétrico.
Fonte: Elaborada por Adriano Pieres.

Pela descoberta das leis que regem o efeito fotoelétrico, Albert Einstein
ganhou o prêmio Nobel, mas isso ocorreu apenas em 1921.

Referências
SANTOS, C. A. dos. O genial cientista Albert Einstein. Porto Alegre, 2000. Disponível em:
<http://www.if.ufrgs.br/einstein/genio.html>. Acesso em: 13 out. 2005.
39
SANTOS, C. A. dos. A descoberta do efeito fotoelétrico. Porto Alegre: 2000. Disponível em:
<http://www.if.ufrgs.br/einstein/efeitofotoeletricodescoberta.html>. Acesso em: 13 out. 2005.

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A DESCOBERTA DO ELÉTRON
Demócrito e Epicuro, filósofos gregos pré-socráticos, foram os
precursores da ideia de que toda a matéria é formada por componentes
fundamentais e indissolúveis. Embora amparados apenas por uma ideia, suas
concepções duraram até bem pouco tempo atrás, quando o Homem
finalmente teve provas de que os componentes desses átomos podiam se
dissociar.

Ilustração 16 – J. J. Thomson em seu laboratório


Fonte: J. J. Thomson. Berlim, 2004.

No entanto, provar que os átomos podiam ser divididos em partículas


menores não foi tarefa fácil. Até meados do século XVIII, todos os fenômenos
naturais elétricos observados eram explicados sem a ideia de que o componente
da carga elétrica era também um componente do próprio átomo. Com o avanço
do interesse de muitos cientistas pela busca de respostas e a criação de
instrumentos e aparelhos capazes de auxiliar os cientistas a explicar tais
fenômenos, aos poucos, por décadas seguidas, estabeleceram-se explicações para 41
os fenômenos que hoje compõem a física atômica.

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Raios Catódicos

Uma das primeiras provas aconteceu por volta de 1895, quando Joseph
John Thomson estudava, há alguns anos, a passagem de eletricidade através
de tubos de gás (embora a existência dos raios catódicos já houvesse sido
comprovada, sua natureza ainda não estava claramente estabelecida).
Intrigado, J. J. Thomson idealizou um experimento no intuito de esclarecer
a natureza dos raios catódicos e, nessa tentativa, o elétron foi descoberto.

Ilustração 17 - No experimento de J. J. Thomson, os elétrons provenientes do catodo


C vão em direção ao anodo A e são colimados por B. Ao passarem pelas placas
carregadas eletricamente (D e E) sofrem um desvio (pois são cargas elétricas)
e atingem a tela à direita.
Fonte: http://www.home.att.net/~lfretzin/Image18.gif.

O experimento de Thomson consistiu basicamente no seguinte: em


um tubo de raios catódicos, o gás à baixa pressão foi submetido a uma tensão
elétrica muito elevada. Os elétrons que saíam do catodo C em direção ao
anodo A (na figura) formavam um feixe que era estreitado pelo colimador
B. Aplicando-se um campo elétrico nas placas D e E, o feixe desviará, podendo
ser medida a sua deflexão através do desvio em relação ao centro na tela,
onde o elétron finalmente colide. Medindo a diferença de tensão entre as
placas D e E, o potencial acelerador entre o catodo C e o anodo A e mais
algumas medidas geométricas, pode-se advir da razão entre a carga e a massa
dessas pequenas partículas batizadas de elétrons, a conhecida razão e/m
(leia-se e sobre m). Thomson fez essas medidas e apresentou seus resultados
num artigo científico publicado em 1897.
Na mesma época, H. Lorentz e P. Zeemann obtêm os mesmos resultados
que J. J. Thomson para a carga específica, utilizando um processo que leva
em conta a influência de um campo magnético sobre a emissão espectral de
átomos, fenômeno que ficou conhecido como efeito Zeeman. Zeeman e
42 Lorentz receberam, por essa descoberta, o Prêmio Nobel de Física, em 1902.
Para surpresa desses pesquisadores, o resultado medido por Zeeman para a

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A Descoberta do Elétron

maioria das emissões atômicas analisadas experimentalmente não estava de


acordo com a previsão feita por Lorentz, baseada na Teoria Eletromagnética
Clássica. Essa contradição apontava para alguma informação adicional que
ainda estava por ser descoberta. A solução desse enigma só ocorreu em 1925
quando G. E. Uhlenbeck e S. Goudsmit propuseram a existência de uma
nova propriedade para o elétron: o spin eletrônico. A existência do spin foi
comprovada por um experimento que havia sido realizado em 1922, por O.
Stern e W. Gerlach.
Os resultados desses cientistas comprovaram que o elétron pode ser
entendido como uma partícula com carga elétrica negativa e que está presente
em todos os átomos de todas as substâncias. A determinação da carga do
elétron só foi conseguida por Robert Millikam, em 1913, após um trabalho
meticuloso de cinco anos. Esse trabalho lhe rendeu, juntamente com a
determinação da constante de Planck em medidas de efeito fotoelétrico, o
Prêmio Nobel de Física em 1923.
A dualidade onda-partícula teve seus primórdios na teoria de Louis de
Broglie, um físico francês que definira propriedades ondulatórias da matéria.
A comprovação do caráter ondulatório dos elétrons foi obtida por G. P.
Thomson através do estudo do espalhamento de elétrons por cristais. Esse
trabalho deu a ele o Prêmio Nobel de Física em 1937, juntamente com C. J.
Davisson, que obteve os mesmos resultados utilizando uma técnica diferente,
através do espalhamento de elétrons por cristais.
Frutos dessas descobertas são os avanços tecnológicos com que nos
deparamos no cotidiano, a evolução da eletrônica e da microeletrônica. A
cada dia nos surpreendemos com aparelhos modernos, cada vez mais
compactos e com características superiores a seus antecessores. A questão da
comunicação de um ponto a outro do globo de forma instantânea e os avanços
na medicina permitem ao homem de hoje em dia conhecer cada vez mais e
melhor seu próprio corpo e a natureza do Universo.
J. J. Thomson mostrou que essas partículas estão presentes em todas as
substâncias, sendo uma das partículas fundamentais constituintes do átomo.
Thomson propôs no seu artigo de 1897 o primeiro modelo atômico, conhecido
como o modelo do pudim de passas, onde o átomo era de constituição análoga
à de um pudim de passas, onde as passas eram os elétrons, que eram
circundados por uma matéria de carga positiva (a massa do pudim).
Hoje encontramos os tubos de raios catódicos em várias aplicações: os 43
tubos de televisão, monitores de computador, radar, ecografia, lâmpadas

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Raios Catódicos

fluorescentes, válvulas em amplificadores valvulados, aparelhos de raios X.


Vale lembrar que os atuais aceleradores de partículas e microscópios
eletrônicos também são um aperfeiçoamento tecnológico dos TRCs.

Referências
GRUPO DE APOIO AO ENSINO DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA. A Partícula que mudou
a história do átomo. São Paulo, 1997. Disponível em: <http://www.dfi.ccet.ufms.br/gaecim/
encarte.htm>. Acesso em: 19 jan. 2006.
CENTRO BRASILEIRO DE PESQUISAS FÍSICAS. Novas idéias sobre o átomo: as partículas
subatômicas. Disponível em: <http://mesonpi.cat.cbpf.br/verao98/marisa/novas.html>.
Acesso em: 19 jan. 2006.
INSTITUTO DE FÍSICA - UFRGS. O campo magnético. Porto Alegre, 2004. Disponível
em: <http://www.if.ufrgs.br/tex/fis142/mod08/ms02.html>. Acesso em: 19 jan. 2006.

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AS VÁLVULAS ELETRÔNICAS
A invenção da válvula termiônica ou válvula a vácuo remonta a invenção
das lâmpadas incandescentes por Thomas Alva Edison. Em 1880, ele construiu
a primeira lâmpada incandescente utilizando uma haste de carvão muito
fina que, aquecida até próximo ao ponto de fusão, passa a emitir luz. A maior
dificuldade encontrada por Edison, para fazer lâmpadas desse tipo, era
encontrar um material apropriado para o filamento, que não derretesse ou
queimasse quando aquecido (atualmente, os filamentos geralmente são feitos
de tungstênio, metal que só derrete quando submetido a temperaturas acima
de 3.000oC). A haste de carvão era inserida numa ampola de vidro onde
havia sido formado alto vácuo. Com o passar do tempo Thomas Edison
começou a utilizar ligas metálicas, pois a durabilidade do carvão não passava
de apenas algumas horas de uso.
Em continuação às suas pesquisas com as lâmpadas de filamento, Edson
descobriu, em 1883, que podia detectar uma pequena corrente elétrica flu-
indo, através do vácuo, do filamento quente para
uma placa condutora, também no interior do
bulbo. Ele observou que a corrente fluía apenas
quando a placa estava com uma tensão positiva
relativa ao filamento. Thomas Edison havia des-
coberto o que na época foi chamado de Efeito
Edson e mais tarde ficou conhecido como efeito
Termiônico. Na verdade, ele havia inventado a
primeira válvula eletrônica, ou diodo a vácuo, sem
haver se dado conta do significado dessa desco-
berta.

Ilustração 18 - A primeira lâmpada


confeccionada por Edison, ainda
com filamento de carvão
Fonte: IEEE VIRTUAL MUSEUM. 45
New York, 2003.

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Raios Catódicos

O efeito termiônico consiste no fato de que, quando um metal é


aquecido a ponto de tornar-se incandescente, os seus elétrons de condução,
responsáveis pela condutividade elétrica e térmica, tornam-se quase livres
sobre a superfície do condutor. Normalmente, para iniciar uma descarga
elétrica entre dois condutores, mesmo no vácuo, é necessário aplicar entre
eles tensões muito altas, da ordem de vários milhares de volts. Isso se deve à
chamada função trabalho do condutor, isto é, à energia mínima necessária
para arrancar um elétron da superfície deste condutor. Quando o condutor
é aquecido, a sua função trabalho decresce até ficar com valor próximo de
zero, tornando-se então incandescente. Neste caso, a aplicação de uma
pequena diferença de potencial, positiva em relação ao filamento quente,
atrairá esses elétrons para uma placa condutora próxima. O filamento quente
funciona como catodo, que libera elétrons, enquanto a placa será o anodo
que coleta os elétrons, estabelecendo entre esses dois elementos uma corrente
elétrica.

Ilustração 19 - Uma das primeiras válvulas construídas pelo Homem.


Fonte: http://www.piano.dsi.uminho.pt.

No entanto, se invertermos a polaridade da tensão aplicada, tornando


a placa negativa em relação ao filamento, não haverá corrente elétrica, pois
para arrancar elétrons da placa fria em direção ao filamento será necessária
uma tensão muito maior. Esse é o princípio do funcionamento da válvula
eletrônica ou diodo a vácuo.

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Válvulas Eletrônicas

Ilustração 20 - A válvula diodo e seus elementos


Fonte:Elaborado pelos autores.

Se colocarmos o diodo a vácuo em um circuito elétrico, ele deixará


passar corrente elétrica em um sentido, mas não no outro, sendo por isso
chamada de válvula. Essa válvula é chamada diodo, por possuir apenas dois
elementos. Ela foi aperfeiçoada pelo engenheiro inglês J. A. Fleming que,
em 1904, a patenteou, mostrando como poderia ser utilizada para retificar
uma corrente oscilatória e para montar um detector de ondas de rádio.

Ilustração 21 - A válvula de três elementos


Fonte: Elaborado pelos autores.

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Raios Catódicos

Um dispositivo um pouco mais complexo foi desenvolvido, em 1906,


pelo engenheiro americano Lee Forest. É a chamada válvula de três
elementos (tríodo), que veio a ser substituída mais tarde pelo transistor, nos
aparelhos modernos. Repare na figura anterior. Ela representa dois cilindros
concêntricos e um fio finíssimo no seu eixo comum. O cilindro exterior,
chamado placa, é feito de uma sólida lâmina de metal, enquanto o outro,
chamado grade, é feito de uma tela de metal fina, ou uma bobina helicoidal
bem fechada (um tipo de mola). O fio central (filamento) é aquecido por
uma corrente elétrica até ficar incandescente e, por efeito termiônico, libera
elétrons. Se aplicarmos uma tensão positiva ao cilindro exterior (a placa)
relativa ao filamento aquecido, os elétrons fluirão do filamento para a placa,
tal como numa válvula de dois elementos. Suponhamos que agora carregamos
a grade com um potencial negativo, em relação ao filamento. Desta forma,
os elétrons que vierem do filamento serão repelidos pela grade e não atingirão
a placa. Assim, a grade funciona como uma “torneira” reguladora, permitindo
controlar a corrente entre o filamento e a placa.
O físico suíço-alemão Walter Schottky, em 1919, inventa o tetrodo ao
inserir uma nova grade – a grade de blindagem – entre a grade e o anodo no
triodo de De Forest. Esse novo elemento tinha a finalidade de diminuir o
ruído, e assim poderia amplificar sinais de alta frequência. Em 1926, G. Jobst
e B. Tellegen inventaram o pentodo ao inserirem uma nova grade – a grade
suspensora – entre a grade de blindagem e o anodo. Essa grade geralmente é
ligada internamente no catodo ou externamente ao fio terra e tem a função
de mandar de volta para a placa alguns elétrons que escapam devido à
aceleração imposta pela grade de blindagem. Esse efeito é chamado de emissão
secundária e limitava o uso dos tetrodos como amplificadores de sinais.
O surgimento das válvulas eletrônicas proporcionou para a eletrônica
o aperfeiçoamento de equipamentos eletrônicos, tais como o rádio e a
televisão, e deu origem à primeira era de computadores. Mas a
comercialização dos tubos eletrônicos demorou a acontecer. Durante a
Primeira Guerra Mundial, a descoberta teve sua participação na
radiocomunicação, porém a indústria eletrônica somente se estabeleceu,
em 1922, com as aplicações radiofônicas.
As válvulas eletrônicas do primeiro diodo feito por Fleming, que o utilizou
para construir um detector de ondas de rádio, a invenção do triodo por Lee
48 de Forest e os sucessivos aperfeiçoamentos que se seguiram nos anos seguintes,
levaram ao surgimento de toda a eletrônica que conhecemos hoje. O impacto

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Válvulas Eletrônicas

dessas tecnologias passa pela era do rádio, da televisão, pelos amplificadores


de som; por equipamentos eletrônicos de uso doméstico, na medicina, na
indústria, na tecnologia aeroespacial, etc. O primeiro computador, o ENIAC
I, foi construído em 1946 com 17.468 válvulas eletrônicas. A história da
tecnologia moderna se cruza de algum modo com a história dos tubos de raios
catódicos e, em especial, com a das válvulas eletrônicas.
Essas válvulas multieletródicas, contudo, foram gradativamente
substituídas pelos dispositivos semicondutores, mas esse assunto será
abordado no capítulo Microeletrônica. A partir da década de 50, as válvulas
foram rapidamente substituídas pelos transistores e mais tarde pelos circuitos
integrados e microchips, embora alguns aparelhos ainda utilizem válvulas
que se encontram à venda no mercado, principalmente quando está envolvida
uma corrente elétrica muito grande (válvulas de alta potência).

Referências
BALLIS, M. Vacuum tubes. New York, 2006. Disponível em: <http://inventors.about.com/
library/inventors/blvacuumtubes.html>. Acesso em: 20 jan. 2006.
BURGOS, L. C. Válvulas pentodo. São Paulo, 2004. Disponível em: <http://paginas.terra.com.br/
informatica/burgoseletronica/valvulapentodo.htm>. Acesso em: 22 jan. 2006.
BURGOS, L. C. Válvulas termiônicas I: alguns fundamentos. São Paulo, 2004. Disponível
em: <http://myspace.eng.br/eletrn/vterm/vterm01.asp>. Acesso em: 22 jan. 2006.
CALVERT, J. B. Vacuum tubes. University of Denver. Colorado, 2001. Disponível em: <http:/
/www.du.edu/~etuttle/electron/elect27.htm#Theory>. Acesso em: 20 jan. 2006.
GAMOW, G. Átomo e natureza. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1964.
LÂMPADA INCANDESCENTE Disponível em: <http://geocities.yahoo.com.br/
saladefisica7/funciona/lampada.htm>. Acesso em: 20 jan. 2006.
MORIMOTO, C. E. Válvula. São Paulo, 1999. Disponível em: <http:/www.guiadohardware.net/
termos/valvula>. Acesso em: 20 jan. 2006.
WIKIPÉDIA. Vacuum tube. 2001. Disponível em: < http://en.wikipedia.org/wiki/
Vacuum_tube>. Acesso em: 19 jan. 2006.
SANTOS, C. A. et al. Da revolução científíca à revolução tecnológica. Porto Alegre: Instituto
de Física –UFRGS, 1998.
WIKIPÉDIA. Vacuum tube. 2001. Disponível em: <pt.wikipedia.org/wiki/
Lâmpada_incandescente>. Acesso em: 19 jan. 2006.
WIKIPÉDIA. Vacuum tube. 2001. Disponível em: < es.wikipedia.org/wiki/ 49

Válvula_termoiónica>. Acesso em: 19 jan. 2006.

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Preto
OS TUBOS FOSFORESCENTES
Os tubos que formam imagens surgiram primeiramente quando J. J.
Thomson, em suas experiências que levaram à descoberta do elétron, revestiu
o local de incidência dos raios catódicos com uma fina camada de sulfeto de
zinco, material que emite luz na incidência de elétrons, de modo a visualizar
melhor o ponto de impacto dos elétrons. O instrumento que foi revestido
com a camada de sulfeto de zinco foi o antecessor dos tubos de TV.

Ilustração 22 - Um tubo de TV em perspectiva em corte e as bobinas que guiam o feixe de


elétrons (também ilustrado).
Fonte: Elaborada por Adriano Pieres.

No mesmo ano, Karl Ferdinand Braun, na Alemanha, desenvolveu um


tubo de raios catódicos muito semelhante ao modelo desenvolvido por
Thomson, mas o utilizou para representar na tela fosforescente a amplitude
de um sinal elétrico, através da deflexão do feixe de raios catódicos. Braun
havia inventado, em 1897, o primeiro osciloscópio baseado em raios catódicos. 51
Ferdinand Braun recebeu em 1909, juntamente com Guglielmo Marconi, o

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Raios Catódicos

prêmio Nobel em Física, pelos estudos sobre oscilações elétricas e telegrafia


sem fio.

Ilustração 23 - Um tubo de TV isolado de seus componentes


Fonte: Elaborado pelos autores.

No esquema acima, vemos o mesmo tubo, onde aparece um emissor ou


canhão de elétrons. Ao passar próximo às bobinas (os fios ao lado do tubo)
que recebem uma corrente elétrica, o feixe sofre uma deflexão, devido ao
campo magnético gerado pelas bobinas. No mesmo tubo, podemos ver como
as bobinas que estão com seus eixos na vertical e na horizontal podem mover
o feixe para a esquerda ou direita e para cima ou para baixo, respectivamente,
devido à interação entre o campo magnético e as cargas elétricas.
Num tubo de televisão atual, através de variações muito rápidas nas
correntes elétricas que passam pelas bobinas que guiam o feixe de elétrons
e por variação na intensidade deste feixe, se faz uma varredura em todo o
tubo, através de linhas e colunas. Primeiramente, a varredura começa na
linha superior, da esquerda para a direita, da mesma forma que lemos um
texto. Depois da primeira linha o feixe volta para a esquerda, no começo da
segunda linha. Varre a segunda linha e vai assim, sucessivamente, até a última
52 linha, quando então volta para a primeira linha. Haverá variação na
intensidade do feixe, conforme a intensidade desejada para o sinal.

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Tubos Fosforescentes

Ilustração 24 - O processo da TV colorida


Fonte: Physics 2000. Boulder, 2000.

É desta forma que as imagens em um tubo de TV se formam: um único


feixe de intensidade variável, emitido pelo canhão de elétrons (que nada
mais é do que um tubo de raios catódicos), varre a tela. Essa tela é revestida
por um material que apresenta luminescência quando atingido pelo feixe.

Ilustração 25 - O sistema de cores RGB (Red - vermelho, Green - verde, Blue - azul) ou sistema
aditivo é a base para formação das cores na TV colorida. Na figura, a ampliação de um dos
vários quadrados das TVs coloridas.
Fonte: Elaborado pelos autores.

Num tubo de TV colorida, existem três feixes de elétrons que atingem


milhares de pequenos pontos. Cada feixe (de intensidade variável) atinge
pontos que possuem luminescências diferentes: uns são vermelhos, outros
verdes e outros, ainda, azuis (repare no desenho acima). A cor resultante
será o produto da intensidade do feixe pela respectiva cor. Duas ou três
dessas cores se fundem até chegar ao olho, formando qualquer cor visível. 53

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Raios Catódicos

Aproximando-se de um tubo de TV, pode-se verificar os pixéis das cores


vermelho, verde e azul. Ao se afastar, nota-se como as cores fundem-se em
nossa visão, proporcionando uma nova cor a partir de uma combinação de
intensidade das três principais. Este fenômeno é a base da formação de
imagens coloridas na TV.
Embora tenhamos atualmente as TVs de Plasma e os LCDs (abreviatura
de Liquid Crystal Display - Visor de Cristal Líquido), os televisores e monitores
do tipo CRT (Cathode Ray Tube) ainda são os de maior número, devido à
tecnologia e ao baixo custo.
Uma das maiores inovações na transmissão e recepção do sinal de
televisão é a Tv de Alta Definição ou HDTV (High Definition Television).
Além de possuir som estéreo (em comparação com o som de apenas um
canal da TV atual), a varredura do feixe de elétrons se dá em mais linhas
que as atuais 525, podendo chegar a mais de 1000 nos modelos de ponta.
Além disso, o formato da tela é diferente, assemelhando-se ao formato
adotado pelo cinema.
Essa inovação fará com que a atual televisão entre num novo formato,
com muito mais qualidade em áudio e vídeo.

Referências
BALLIS, M. Vacuum tubes. New York, 2006. Disponível em: <http://inventors.about.com/
library/inventors/blcathoderaytube.htm>. Acesso em: 20 jan. 2006.
BALLIS, M. Vacuum tubes. New York, 2006. Disponível em: <http://inventors.about.com/
library/inventors/blvacuumtubes.htm>. Acesso em: 20 jan. 2006.
BALLIS, M. Vacuum tubes. New York, 2006. Disponível em: <http://inventors.about.com/
library/inventors/blcolortelevision.htm>. Acesso em: 20 jan. 2006.
HOW TELEVISION WORKS. Disponível em: <http://electronics.howstuffworks.com/
tv.htm>. Acesso em: 25 jan. 2006.

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OS RAIOS X
Os raios X possuem a mesma natureza que a luz visível: são radiações
eletromagnéticas que possuem apenas outra frequência, com maior energia.

Ilustração 26 - O mapa do espectro eletromagnético


Fonte: Elaborada por Adriano Pieres.

Raios X podem ser produzidos quando elétrons são acelerados em


direção a um alvo metálico. O choque do feixe de elétrons (que são acelerados
devido a uma diferença de potencial acima de 30 mil Volts,) com o anodo
(alvo) produz dois tipos de raios X. Um deles constitui um espectro contínuo,
que resulta da desaceleração do elétron durante a penetração no anodo. O
outro tipo são os raios X característicos do material do anodo e resultam do
deslocamento dos elétrons que ocupam as órbitas desse material. Assim, cada
espectro de raios X é a superposição de um espectro contínuo e de uma
série de linhas espectrais características do material do anodo.
Como toda energia eletromagnética de natureza ondulatória, os raios
X sofrem interferência, polarização, refração, difração, reflexão, entre outros
efeitos. Embora de comprimento de onda muito menor e, portanto, com
mais energia, sua natureza eletromagnética é idêntica à da luz.

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Raios Catódicos

Ilustração 27 - Esquema para a produção de raios X. Ao colidir com o anodo, os elétrons


emitem fótons com alta energia: os raios X.
Fonte: Elaborada por Adriano Pieres.

Nos primeiros aparelhos de radiografia, a dose de raios X era muito


maior do que a utilizada atualmente. Desta forma, fazer uma radiografia há,
digamos, cinquenta anos atrás, expunha o corpo do paciente a uma dose de
radiação muito maior do que numa máquina de raios X moderna. Assim,
graças ao avanço tecnológico desses aparelhos e ao aumento da sensibilidade
dos filmes utilizados, hoje podemos fazer uma quantidade muito maior desses
exames sem que haja um prejuízo sensível para o paciente.

Ilustração 28 - A radiografia da mão de uma pessoa que sofreu acidente com arma de fogo. As
56 bolinhas pretas são fragmentos de chumbo do projétil.
Fonte: W. C. Röntgen. Lennep, 2000.

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OS Raios X

Num aparelho de raios X, apenas elétrons são acelerados devido a um


alto potencial. Não é necessário possuir um material radioativo, embora
materiais radioativos também emitam essa radiação, além de outras.
No entanto, os raios X fazem parte das radiações ionizantes: são capazes
de arrancar elétrons dos materiais em que incidem, como vimos acima. Essa
ionização pode fazer com que átomos de moléculas que compõem o DNA
de um ser vivo se modifiquem, mudando suas ligações e gerando um novo
código genético. Nisso reside a sua periculosidade.
Uma das marcas na descoberta dos raios X foi a rapidez na aplicação.
Descobertos em novembro de 1895, no dia 20 de janeiro do ano seguinte já
eram utilizados para diagnosticar uma fratura no braço de uma senhora.
Isso aconteceu graças à grande quantidade de laboratórios que possuíam
tubos de raios catódicos espalhados no mundo.

Ilustração 29 - Através da varredura de várias seções de um órgão como o cérebro humano,


podemos formar uma imagem tridimensional do órgão assistido, pela tomografia
computadorizada.
Fonte: UNIVERSITY OF IOWA. Iowa, 2005.

Embora tenham aparecido várias outras técnicas de análise em medicina


(como a ultrassonografia), a dos raios X continua sendo empregada em larga
escala, seguida de aperfeiçoamentos. Um desses aperfeiçoamentos é a
ressonância nuclear magnética e a tomografia computadorizada.
Através de várias imagens bidimensionais formadas por varredura e com
o auxílio da informática, a tomografia computadorizada permite que se
obtenha uma imagem tridimensional do órgão analisado, revelando-se uma
das mais completas análises disponíveis hoje em dia. 57

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Raios Catódicos

Referências
DEUTSCHEN RÖNTGEN-MUSEUM. W. C. Röntgen. Lennep, 2000. Disponível em: <http:/
/www.roentgen-museum.de/>. Acesso em: 20 nov. 2005.
NOBEL FOUNDATION. The Nobel prize. Oslo, 2006. Disponível em: <http://
www.nobelprize.org>. Acesso em: 12 nov. 2005.
PENNSYLVANIA UNIVERSITY. A century of radiology. Philadelphia, 1993. Disponível em:
<http://www.xray.hmc.psu.edu/rci/centennial.html>. Acesso em: 10 nov. 2005.
PV SCIENTIFIC INSTRUMENTS. About Crookes and Geissler vacuum discharge tubes.
Disponível em: <http://www.arcsandsparks.com/aboutvacuumtubes.html>. Acesso em: 20
nov. 2005.
SANTOS, C. A. et al. Da revolução científica à revolução tecnológica. Porto Alegre: IF-
UFRGS, 1998.

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A ERA DO RÁDIO
Uma das maiores inovações no campo das comunicações à distância no
século XX foi o rádio.
Para os adolescentes de hoje em dia pode parecer algo supérfluo, visto
que podemos receber informações de outras pessoas de várias outras formas.
No entanto, apenas algumas décadas atrás (antes da década de 70), o rádio
era a única fonte de informação para mais de 70% da população mundial.

Ilustração 30 - Padre Landell de Moura, cientista gaúcho inovador no campo da transmissão


da voz humana em ondas de rádio.
Fonte: WIKIPÉDIA. Raio catódico. 2001.

Nas décadas de 1890 e 1900, a transmissão e a recepção de ondas de


rádio foram feitas em inúmeros experimentos nos quatro cantos do mundo,
inclusive aqui no Rio Grande do Sul pelo padre Landell de Moura, embora
pouco conhecidos e divulgados.
Nas décadas seguintes, o rádio passou por inúmeras modificações
tecnológicas que lhe possibilitaram, mais tarde, ser produzido em série e, de 59
certa forma, portátil. As válvulas tiveram importante papel na disseminação
desses aparelhos.

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Raios Catódicos

Ilustração 31 - Rádio do ano de 1931.


Fonte: Elaborado pelos autores.

A Era de Ouro do Rádio começou mundialmente em 1930. O


desenvolvimento tecnológico de transmissão e recepção radiofônica
coincidiu com a ideia de publicidade comercial, que incrementou as
programações e a profissionalização do meio. Os grandes líderes da época
passaram a utilizar espaços nas programações das rádios locais para expor
suas ideias. Na Alemanha, o setor foi estatizado em 1933, e não se pode
imaginar a figura de Hitler sem o seu hipnótico vociferar diante dos
microfones. Stálin e Roosevelt também usaram o rádio com enorme talento
para animar seus povos. Getúlio Vargas não apenas sabia falar com a
população, mas tratou de instrumentalizar o novo meio dentro de seus
objetivos políticos.
Em 1938, surgiria o mais famoso serviço radiofônico do planeta, a BBC
(British Broadcasting Corporation), cujo papel na II Guerra Mundial foi
inigualável. No Brasil, as primeiras emissoras preocuparam-se em ampliar o
alcance e melhorar a qualidade de som e, em seguida, cativar o público. Os
programas de variedades obtiveram repercussão imediata e neles a música
popular ocupava papel predominante (pouquíssimas famílias possuíam
gramofones ou as “modernas” vitrolas). As emissoras de maior audiência
(Record, Tupi, Mayrink Veiga, Nacional) começaram a contratar, com
60
exclusividade, orquestras e cantores. À caça de artistas, surgiram programas
de calouros cujo prêmio principal era a assinatura de um bom contrato.

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Ciano Magenta Amarelo Preto


A Era do Rádio

Nomes inesquecíveis da cultura popular já tinham aparecido nos anos


30: compositores como Lamartine Babo, Ari Barroso; cantores como Orlando
Silva, Chico Alves, Silvio Caldas, Araci de Almeida, Dalva de Oliveira e outros.
Nas décadas seguintes aconteceria um “boom” de audiência: com o
desenvolvimento tecnológico, as emissoras podiam ser ouvidas de mais longe
e os aparelhos de recepção ficaram bem mais acessíveis. As emissoras
começaram então a contratar e diversificar sua programação: telenovelas,
programas musicais, anúncios comerciais, noticiários, etc. Mundialmente,
as notícias importantes eram ouvidas num silêncio quase total, principalmente
nas salas das residências.
As décadas posteriores foram marcadas pelo avanço tecnológico na
construção do rádio: o advento do transistor (por John Bardeen, Walter
Brattain e William Shockley, Nobel em 1956) levou a uma miniaturização
dos aparelhos de rádio, bem como uma diminuição no consumo destes,
fazendo com que pudessem funcionar com apenas algumas pilhas pequenas;
os microprocessadores na década de 70 e a tecnologia digital da década de
80 contribuíram também para qualidade do sinal de rádio que nos chega
hoje.

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Ciano Magenta Amarelo Preto


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A ERA DA TV

Cronologia
Uma pequena cronologia dos inventos relativos à televisão:
1884 - P. Nipkow envia imagens sobre fios utilizando uma tecnologia de disco
metálicos girantes, chamada de “telescópio elétrico”, com 18 linhas de
resolução;
1894 - K. F. Braun inventa o osciloscópio de raios catódicos, um TRC com
uma tela fluorescente;
1900 - C. Perskyi utiliza, pela primeira vez, a palavra “televisão” durante o
Primeiro Congresso Internacional de Eletricidade;
1906 - L. de Forest inventa o “Audion”, a primeira válvula a vácuo adequada
para o uso na amplificação de sinais elétricos. Nascia a “Eletrônica”;
1907 - A. A. Campbel-Swinton, na Inglaterra e B. Rosing, na Rússia,
demonstram simultaneamente e de forma independente a primeira televisão
eletrônica baseada em tubos de raios catódicos;
1920 - A RCA começa a comercializar válvulas eletrônicas;
1923 - V. K. Zworykin patenteia o iconoscópio, uma câmera de TV baseada
nos Tubos de Raios Catódicos. Mais tarde, Zworykin inventa o cinescópio, o
primeiro tubo de televisão;
1926 - J. Baird opera um sistema de televisão eletrônica com 30 linhas de
resolução e 5 quadros por segundo.
1927 - A Bell Telephone e o Departamento Americano de Comércio operam
a 9 de abril a primeira transmissão de TV de longa distância entre Washington
D.C. e a cidade de New York;
1930 - C. Jenkins conduz a primeira transmissão de TV comercial nos Estados
Unidos;
1931- A. Du Mont desenvolve o primeiro tubo de raios catódicos comercial,
durável e prático para televisão; 63

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Ciano Magenta Amarelo Preto


Raios Catódicos

1936 - A BBC começa as transmissões regulares de TV.


1940 - P. Goldmark inventa uma televisão a cores com 343 linhas de resolução.

Ilustração 32 – TV fabricada no ano de 1939


Fonte: Elaborado pelos autores.

A invenção da TV reuniu descobertas nos campos da biologia


(persistência retiniana), ótica (câmeras) eletrônica (circuitos) e
radiotransmissão. O pioneirismo na transmissão de imagens à distância, um
rudimento de televisão, data de 1923 e deve-se a Vladimir Kosma Zworykin,
engenheiro eletrônico russo nacionalizado americano, em Nova Iorque. Na
Inglaterra, lsaac Schoenberg, também russo e amigo de infância de Zworykin,
desenvolveu na companhia EMI um tubo de câmera semelhante à futura
TV, um aperfeiçoamento dos tubos de raios catódicos. Tiveram, ainda, papel
de destaque no aperfeiçoamento dessa tecnologia, o escocês John Logie
Baird, e o norte-americano Philo Taylor Farnsworth.
Historicamente, a primeira transmissão começou com a CBS dia 31 de
julho de 1931, sendo mais tarde transferido o equipamento de transmissão
para o Empire State Building, em Nova York, em 1932. Em 1935 é realizada
oficialmente a primeira transmissão na Alemanha, no mês de março, e na
França, no mês de novembro.

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Ciano Magenta Amarelo Preto


A TV NO BRASIL
Era dia 18 de setembro de 1950. Estava sendo inaugurada a PRF-3 TV
TUPI de São Paulo, primeira emissora de televisão do Brasil e da América
Latina. A iniciativa foi do jornalista paraibano Francisco de Assis
Chateaubriand. Proprietário de jornais, revistas e emissoras de rádio,
Chateaubriand comprou os equipamentos nos Estados Unidos e trouxe a
televisão para o Brasil. A inauguração oficial da TV se deu com a transmissão
do “Show na Taba”, na TV Tupi. Esse era um programa de variedades, com
humor, orquestra, musicais, esportes, etc.

Ilustração 33 - Assis Chateaubriand, o empresário que trouxe a TV para o Brasil, em 1950.


Fonte: MEMÓRIA VIVA. Cinema e Teatro. Natal, 2000.

Obviamente, no princípio, tudo era muito rústico, precário, ao vivo e


em preto e branco. Os equipamentos eram enormes, a TV tinha uma
linguagem diferente e os profissionais do rádio que foram trabalhar na TV
tinham, inicialmente, muita dificuldade para lidar com esse novo meio, pois
tudo aquilo era novo e pouquíssimas pessoas tinham um aparelho de TV, 65
que era caríssimo na época. A programação só ficava 3 horas por dia no ar,

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Raios Catódicos

sempre a partir das 20 horas, começando com “Imagens do dia”, o primeiro


telejornal brasileiro, que foi ao ar dia 19 de setembro de 1950.
Dessa maneira, a programação da TV era curta e se resumia em pequenos
shows musicais, humor, teleteatro, telejornais e filmes de curta-metragem.
O teleteatro foi muito importante, pois ajudou a TV a descobrir a sua própria
linguagem. Mas devido a diferenças de linguagem, os profissionais do rádio
e do teatro, que foram para a TV, passaram por sérias dificuldades: as
expressões eram exageradas, os atores falavam muito alto (como se não
existisse microfone) e não respeitavam as marcações das câmeras, deixando
os cinegrafistas completamente perdidos. O primeiro teleteatro de
importância estreou em 1951 e se chamava “Grande Teatro Tupi”. Aos
poucos, outras emissoras foram surgindo: TV Paulista (14/03/1952), TV
Record (27/09/1953) e a TV Tupi do Rio de Janeiro (20/01/1951).
São dessa época os campeões de audiência e permanência no ar: Alô
Doçura, Sítio do Picapau Amarelo, O Céu é o Limite, Clube dos Artistas
(que existiu de 1952 a 1980) e o famoso telejornal “Repórter Esso” (que
ficou 18 anos no ar).
A telenovela foi invenção da Tupi, que as exibia em capítulos semanais
e era capaz de ousadias como mostrar o primeiro beijo na boca. Foi em
1951, na novela Tua Vida Me Pertence, que Vida Alves deixou-se beijar pelo
galã Walter Forster.
Se durante a primeira década de sua existência, a Tupi foi líder absoluta,
nos anos 60 as emissoras concorrentes aprimoraram sua programação para
lutar pela audiência. É nessa época que surgem as atuais emissoras de TV,
como a Globo, o SBT, a Band (antiga Bandeirantes).

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Ciano Magenta Amarelo Preto


UMA INTRODUÇÃO
À MICROELETRÔNICA
A válvula eletrônica deu início a uma revolução na área das
comunicações, aproximando pessoas que antes não tinham meios para se
comunicar, e criou mais duas formas de comunicação de massa: o rádio e a
TV.
Uma nova revolução se seguiria: a da miniaturização dos aparelhos,
tornando-os portáteis, mais leves, potentes e com melhor recepção. No
entanto, para que essa revolução tivesse início, foi necessário refazer ou criar
teorias sobre como ocorria a transmissão da corrente elétrica pelos materiais.
O passo decisivo para a microeletrônica foi o desenvolvimento da teoria
dos metais. As primeiras tentativas de explicar as propriedades térmicas e
elétricas dos metais foram realizadas pelo físico alemão Drude em 1900, que
conseguiu calcular a condutividade elétrica e térmica dos metais através dos
parâmetros de carga, massa, densidade, livre caminho médio e velocidade
média dos íons que compunham os metais. Drude criou um modelo em que
assumia que somente os elétrons eram móveis. Até 1907, existia um problema
ainda a ser resolvido oriundo dos trabalhos de Drude e outros físicos. Havia
um conflito entre o calor específico e a temperatura (até então se achava
que essas grandezas eram independentes). Nesse mesmo ano, Einstein obteve
a dependência na temperatura do calor específico dos sólidos ao admitir
que a vibração térmica dos átomos era quantizada. No entanto, para
temperaturas muito baixas, não apresentava dependência, e isso foi resolvido
por Debye. Mas, até então, os modelos existentes para explicar os metais
ainda eram bastante deficientes. O modelo de Drude-Lorentz-Bohr, que
considerava o metal como um gás de elétrons livres, negligenciando a
presença de íons, não conseguia explicar o calor específico, o efeito Hall e as
propriedades magnéticas. Outro modelo importante, de Einstein-Debye-
Born-Von Kármán, que se baseava no fato de os metais serem constituídos
de íons, mas desprezando o movimento dos elétrons, explicava o calor
específico, mas falhava ao explicar a razão de serem altos os livres caminhos 67
médios dos elétrons na interação com os íons.

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Ciano Magenta Amarelo Preto


Raios Catódicos

Somente na metade da década de 20 é que essas inconsistências


começaram a ser compreendidas. O modelo de Fermi-Dirac apresentava
uma expressão para o calor específico independente da temperatura, porém
quando esse calor específico tendia a zero, a temperatura também tendia a
zero. Em 1927, Wolfgang Pauli apoiado sobre o modelo de Fermi-Dirac,
explicou a razão de ser fraco o paramagnetismo nos metais, considerando
que somente elétrons pertencentes a uma fina camada da superfície
poderiam ser alinhados.
A teoria de bandas surgiu para descrever como o elétron se comportava
no metal com relação à energia. Na verdade, podemos imaginar que a questão
era saber como o elétron se comportava em uma banda (ou nível) de energia.
Um elétron só podia saltar de uma banda para outra ganhando ou perdendo
energia, e esse movimento devia ser quantizado, ou seja, só existe em
determinados valores. Para valores intermediários, a banda seria proibida.
Em 1931, Allan H. Wilson apresentou uma importante contribuição para
teoria das bandas, fez uma clara distinção entre os principais tipos de
materiais, classificando-os em:

• Condutores: são sólidos que apresentam uma banda de energia


parcialmente cheia de elétrons.
• Isolantes: são sólidos que apresentam a banda de energia
completamente cheia de elétrons.
• Semicondutores: são sólidos que apresentam a banda quase cheia
ou quase vazia.

Estava, então, lançada a ideia da existência dos semicondutores. H.J.


Seemann, em 1927, demonstrou que silício metálico, coberto por uma
camada de óxido, resultava em um aumento de condutividade neste metal.
F. Boch, quatro anos mais tarde, apresentou o resultado de que impurezas
num semicondutor induziam ao surgimento de níveis de energia em regiões
proibidas. Esses estudos levaram aos conceitos de materiais doadores e
materiais aceitadores, e isso teve grande relevância para o desenvolvimento
da microeletrônica. O salto ocorreu em meados da década de 30, quando
surgiram as técnicas de dopagem, ou seja, a dissolução de traços de materiais
quimicamente diferentes nos mais conhecidos semicondutores. Logo se
68 descobriu que o silício ou germânio assumiam propriedades condutoras
quando dopados com elemento de valência superior.

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Uma Introdução à Microeletrônica

Ilustração 34 - O primeiro transistor construído na década de 40


Fonte: Transistor. Campinas, 2002.

A grande importância dessas descobertas para a microeletrônica iniciou


quando o físico inglês William Schockley, trabalhando nos laboratórios Bell
em 1945, descobriu que germânio dopado funcionava como um retificador,
e assim era possível controlar os elétrons móveis naquele semicondutor
aplicando-se um campo elétrico externo. Na continuidade desses estudos,
Schockley e seu colega Brattain, em 1947, descobriram o efeito transistor e,
em 1948, Schockley fez a descoberta do transistor de junção.
O transistor foi inventado na Bell Telephone Laboratories e,
inicialmente, demonstrado em 23 de dezembro de 1947 por John Bardeen,
Walter Houser Brattain e William Bradford Shockley, que foram laureados
com o prêmio Nobel da Física em 1956. Eles pretendiam fabricar um
transistor de efeito de campo (FET) idealizado por Julius Edgar Lilienfeld
antes de 1925, mas acabaram por descobrir uma amplificação da corrente
no ponto de contato do transistor, isso evoluiu posteriormente para converter-
se no transistor de junção bipolar (BJT). O objetivo do projeto era criar um
dispositivo compacto e barato para substituir as válvulas termiônicas usadas 69

nos sistemas telefônicos da época.

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Ciano Magenta Amarelo Preto


Raios Catódicos

Esse dispositivo revolucionou profundamente a eletrônica. Capaz de


amplificar uma corrente elétrica ou ainda ligá-la e desligá-la, como um
interruptor. O transistor torna possível a fabricação de equipamentos cada
vez menores e com menor consumo de energia.

Ilustração 35 - Um transistor de efeito de campo.


Fonte: SCHVETS, G. CPU World.

A indústria da computação foi a que mais se valeu da invenção do


transistor. Substituindo as antigas válvulas e exercendo a mesma função por
um custo menor, o transistor dá início à segunda geração de computadores
(1959 a 1964). Em 1964, iniciou-se a terceira geração com o System/360 ou
IBM 360, quando o transistor foi substituído pelos circuitos integrados –
conjunto de transistores, resistores e capacitores – construídos sobre um
chip feito à base de silício. Os computadores de quarta geração aparecem
no final da década de 60, quando foram projetados os microprocessadores.
Com eles foi possível reunir, em um mesmo circuito integrado, as funções
do processador central.

Referências
SANTOS, C. A. et al. Da revolução científíca à revolução tecnológica. Porto Alegre: Instituto
de Física - UFRGS, 1998.
SOTERO, A. P. Dos transistores aos computadores. Campinas, 1998. Disponível em: <http:/
70 /www.comciencia.br/reportagens/fisica/fisica11.htm>. Acesso em: 25 nov. 2005.
WIKIPÉDIA. Transistor. 2001. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Transistor>.
Acesso em: 19 jan. 2006.

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O Prêmio Nobel e sua influência na pesquisa dos TRCs

O PRÊMIO NOBEL
E SUA INFLUÊNCIA
NA PESQUISA DOS TRCS

Alfred Nobel (1833-1896)

Ilustração 11 – A medalha entregue anualmente, com a efígie de Alfred Nobel.


Fonte: Nobel Premium. Houston, 2004.

Os laureados, a cada ano, com o Prêmio Nobel devem sua glória e sucesso
ao inventor e filantropo Alfred Nobel. Nascido em 1833, em Estocolmo, na
Suécia, é filho de um casal de engenheiros que descendiam de Olof Rudbeck,
o mais conhecido gênio da tecnologia na Suécia, no século XVII. Aos nove
anos, sua família emigrou para a Rússia, onde Alfred e seus irmãos receberam
excelente educação, ministrada por tutores particulares, tanto no campo de 71
ciências humanas quanto no das naturais.

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Raios Catódicos

Nobel tornou-se dono de grande fortuna devido às suas numerosas


descobertas na área de explosivos, em especial a dinamite (em 1866), que
passou a ser comercializada em grande escala no final do século XIX.
Detentor de mais de 350 patentes, fundou companhias e laboratórios em
cerca de 20 países. Além disso, escreveu poesia e drama e chegou a pensar
em se tornar escritor. Idealista e consciente dos perigos que envolviam o uso
indevido de sua invenção, sempre apoiou os movimentos em prol da paz.
Nobel deixou, ao falecer em 1896, um enorme patrimônio destinado à
criação de uma fundação que deveria financiar, anualmente, cinco grandes
prêmios internacionais. Dentre esses prêmios, quatro deveriam destinar-se
àqueles que se destacassem em suas descobertas em Física, Química, Medicina
e Literatura. Seu testamento especificava também um prêmio para quem
mais se empenhasse na paz e na amizade entre as nações. Em 1969, foi
acrescentado mais um prêmio, para as Ciências Econômicas.

A Cerimônia de Entrega do Prêmio Nobel


A cerimônia de premiação é realizada anualmente em Oslo, Noruega,
e em Estocolmo, Suécia, em 10 de dezembro, dia do aniversário da morte
de Nobel, ocorrida em 1896. Várias instituições participam da escolha dos
premiados. Os escolhidos recebem uma medalha de ouro com a efígie de
Alfred Nobel, gravada com o seu nome, um diploma e uma quantia em
dinheiro.

A Influência do Prêmio Nobel no avanço da Pesquisa


em Física Moderna
A lista de ganhadores do Prêmio Nobel de 1901 (ano em que foi dado
o primeiro prêmio) até 1928 ilustra bem a influência que exerceu este prêmio
na Física como um todo e, no começo do século, nas pesquisas sobre os raios
catódicos. Vários nomes estão diretamente ligados a essa tecnologia, como
Lenard, Thomson, von Laue e muitos outros vinculados ao desenvolvimento
de tecnologias oriundas dos raios catódicos, como a radioatividade
(Becquerel, os Curie), os raios X (14 prêmios dados até hoje, entre eles o de
72
Röntgen, descobridor desta radiação).

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Ciano Magenta Amarelo Preto


O Prêmio Nobel e Sua Influência na Pesquisa de TRCs

1901 - Wilhelm Conrad Röntgen – Descoberta dos Raios X.


1902 - Hendrik A. Lorentz, Pieter Zeeman – Desenvolvimento de estudos
sobre a influência dos campos magnéticos no fenômeno de radiação:
descoberta do efeito Zeeman.
1903 - Henri Becquerel, Pierre Curie, Marie Curie – Descoberta da
radioatividade espontânea e os estudos dos fenômenos dessa radiação.
1904 - Lord Rayleigh – Descoberta dos gases argônio, criptônio, neônio e
xenônio.
1905 - Philipp Lenard – Pesquisas sobre os raios catódicos.
1906 - J.J. Thomson – Desenvolvimento de estudos sobre condutividade
elétrica em gases.
1907 - Albert A. Michelson – Determinação da velocidade da luz usando
instrumentos ópticos de precisão e espectroscopia.
1908 - Gabriel Lippmann – Desenvolvimento da fotografia a cores (em
espectrografia).
1909 - Guglielmo Marconi, Ferdinand Braun – Invenção da telegrafia sem
fios.
1910 - Johannes Diderik van der Waals – Descobertas sobre as forças
intermoleculares nos líquidos e nos gases.
1911 - Wilhelm Wien – Descoberta das leis sobre a radiação do calor.
1912 - Gustaf Dalén – Invenção de reguladores automáticos para controle
dos faróis costeiros e boias luminosas.
1913 - Heike Kamerlingh Onnes – Desenvolvimento de estudos sobre a
liquefação dos gases em baixas temperaturas.
1914 - Max von Laue – Descoberta da difração dos raios X por cristais.
1915 - William Bragg, Lawrence Bragg – Desenvolvimento de estudos sobre
a estrutura dos cristais por meio dos raios X.
1916 - Prêmio atribuído a uma organização.
1917 - Charles Glover Barkla – Desenvolvimento de estudos sobre
comprimento de onda dos raios X e de outras emissões de ondas curtas.
1918 - Max Planck – Formulação da revolucionária Teoria dos Quantas
Elementares de energia.
1919 - Johannes Stark – Desenvolvimento de estudos sobre espectros em
campos elétricos: a descoberta do efeito de Doppler dos raios canais.
1920 - Charles Edouard Guillaume – Desenvolvimento de ligas de aço-níquel
de baixa expansão e descoberta de suas anomalias. 73

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Raios Catódicos

1921 - Albert Einstein – Descoberta da lei do efeito fotoelétrico e demais


contribuições para a física teórica.
1922 - Niels Bohr – Desenvolvimento de teorias sobre a estrutura atômica e
da radiação.
1923 - Robert A. Millikan – Demonstração do efeito fotoelétrico e
determinação da carga elétrica elementar.
1924 - Manne Siegbahn – Pesquisas e descobertas na espectroscopia dos
raios X.
1925 - James Franck, Gustav Hertz – Descoberta das leis de impacto entre
um elétron e um átomo.
1926 - Jean Baptiste Perrin – Desenvolvimento de estudos sobre a estrutura
descontínua da matéria, especialmente a descoberta do equilíbrio de
sedimentação.
1927 - Arthur H. Compton, C.T.R. Wilson – Descoberta da variação do
comprimento de onda nos raios X difusos, o efeito Compton, e
desenvolvimento da câmara de Wilson.
1928 - Owen Willans Richardson – Demonstração da teoria termiônica e
formulação da lei de Richardson.

Certamente os pioneiros na pesquisa em Física Moderna tiveram muito


mais influência do Prêmio Nobel do que os que foram agraciados nos dias
de hoje, devido a fatores que, se no início da instituição de uma comunidade
científica serviram para reafirmá-la ainda mais, no tempo em que nos
encontramos, servem para popularizá-la mais como um evento social do que
uma conquista da humanidade.
Um bom exemplo é dado pelo Nobel de 1988, o bioquímico Hartmut
Michel. Abaixo, citamos parte de sua entrevista em 2003:

Há muitos contras em receber o prêmio, especialmente quando se é


muito jovem. O cientista torna-se alvo de um interesse público tão
grande que não tem mais tempo para pensar, é sempre questionado.
As pessoas acham que, de um dia para o outro, ele passa a saber tudo,
em todas as áreas. Mas ele não sabe nada além do que sabia no dia
anterior. A primeira coisa que você percebe quando ganha o Nobel é
que se torna famoso e tudo o que diz (e o que não diz) os jornalistas
74 escrevem. Por exemplo, uma reportagem em um jornal alemão (da

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O Prêmio Nobel e Sua Influência na Pesquisa de TRCs

imprensa marrom) afirmava que eu tinha um desempenho muito ruim


na escola e na universidade e que tive de esperar dois anos até ter
permissão para estudar. E, no caso da pesquisa que rendeu o Nobel, eu
era o estudante estúpido que fez o trabalho sob orientação de um
professor. Até histórias envolvendo meus filhos foram criadas. (Unifesp,
2003)

Referências
NOBEL FOUNDATION, Alfred Nobel. Oslo, 2006. Disponível em: <http://nobelprize.org>.
Acesso em: 25 nov. 2005.
PEREIRA, A.; MUTO, E. Cientista Alemão preferia não ter vencido o Prêmio Nobel. Jornal
da Paulista, São Paulo, v. 16, n. 177. São Paulo, UNIFESP, 2003.

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BIOGRAFIAS

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Raios Catódicos

William Crookes
William Crookes nasceu em Londres, na
Inglaterra, em 17 de junho de 1832, filho
mais velho de um marinheiro, Joseph
Crookes. Sua carreira científica iniciou aos
quinze anos com seus estudos de química
no Royal College Chemistry, onde fez seu
curso de graduação. Em 1850, tornou-se pro-
fessor assistente neste mesmo instituto e, em
1855, assumiu a cadeira de química na Uni-
versidade de Manchester. Como
consequência de seus estudos descobriu os
raios catódicos em 1861 e isolou o elemento
químico tálio determinando suas proprieda-
des físicas. É também atribuída a ele a in-
venção do radiômetro (instrumento utilizado para medir a intensidade da
radiação de vários elementos), em 1874.
Os primeiros estudos com os raios catódicos datam de 1705, a partir de
experiências com descargas elétricas em gases rarefeitos. Para Crookes, os
raios catódicos eram partículas carregadas, as quais constituíam o quarto estado
da matéria (que hoje em dia chamamos de plasma).
A vida de Crookes esteve sempre baseada na atividade científica, seus
interesses variavam desde a ciência pura e aplicada a problemas econômicos
e humanos, em virtude disso recebeu muitas honrarias públicas e acadêmicas.
Crookes também apresentava um interesse relevante pelos fenômenos
mediúnicos, mas seu intuito era o de contestar todos aqueles que acreditavam
piamente em mediunidades, apresentando algumas pesquisas científicas no
campo.
William Crookes faleceu em 04 de abril de 1919, na sua cidade natal.

Referências
HINSHELWOOD, C. N. William Crookes: a victorian man of science. 1927. Disponível em:
<www.chem.ox.ac.uk/icl/heyes/LanthAct/Biogs/Crookes.html>. Acesso em: 22 nov. 2005.
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Biografias

Heinrich Geissler
Heinrich Geissler nasceu em 1814, em
um vilarejo de Igelshieb, no estado de
Turínguia, na Alemanha. É uma figura bem
conhecida na história dos instrumentos
científicos, pois os descendentes de seus
experimentos, o tubo de Geissler e a bomba
de mercúrio, ainda podem ser vistos em uso.
O pai de Heinrich foi um fabricante de
vidros inovador que produzia instrumentos
como barômetros e termômetros. Essa
habilidade com instrumentos experimentais
foi herdada por Heinrich.
Geissler, no entanto, passou uma década
de sua vida como um “caixeiro-viajante”, fabricando instrumentos e,
posteriormente, fazendo mostras em cidades como Bonn, uma nova cidade
universitária com grande demanda de instrumentos laboratoriais. Lá, Geissler
trabalhou junto a químicos, físicos, médicos, fisiologistas e mineralogistas e
criou uma lista de clientes internacionais. A partir de 1855, participou
regularmente de mostras envolvendo vários países, ganhando medalhas e
outros prêmios pelos seus aparatos científicos.

Os tubos de Geissler tinham caráter ornamental, como lâmpadas coloridas.

Geissler fez alguns tubos que ficaram conhecidos, mais tarde, como
“tubos de Geissler”, lâmpadas ornamentais, em 1857. A produção em larga
escala desses instrumentos começou em 1880, após a morte de Heinrich. Foi 79
enterrado em 1879, na cidade onde trabalhava, em Bonn, Alemanha.

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Raios Catódicos

Referências
JENKINS, J. D. Vintage radios and scientific apparatus. 2003. Disponível em:
<www.sparkmuseum.com/RADIOS.html>. Acesso em: 25 nov. 2005.
HEINRICH GEISSLER. 2003. Disponível em: <chem.ch.huji.ac.il/~eugeniik/history/
geissler.html>. Acesso em: 25 nov. 2005.

Wilhelm Conrad Röentgen


Wilhelm Röentgen nasceu dia 27 de
março de 1845, em Lennep, um vilarejo da
Alemanha. Era o único filho de um
fabricante de confecções. Sua mãe foi
Charlotte Constanze Frowein, filha de uma
tradicional família de Amsterdam.
Quando tinha três anos de idade, sua
família mudou-se para Apeldoorn na
Holanda, onde ingressou no Instituto
Martinista Herman van Doorn, uma escola
corporativista. Não demonstrou nenhuma
aptidão especial, inicialmente. Mais tarde,
mostrou-se voltado a fabricar pequenos aparatos mecânicos e a contemplar
a Natureza, características que conservou por toda a sua vida.
Em 1862, foi admitido na Escola Técnica em Utrecht, de onde foi
expulso, acusado injustamente como autor da caricatura de um professor.
Tentou estudar física na Universidade em 1865, mas como não preenchia
os requisitos necessários para ser estudante regular, entrou na Escola
Politécnica de Zurique, como estudante de engenharia mecânica. Foram
seus professores Klausius e Kundt que exerceram grande influência sobre
ele. Em 1869, cola o grau de Ph.D. na Universidade de Zurique. Segue para
Würzburg no mesmo ano e, mais tarde, para Estrasburgo.
Röntgen casou-se com Anna Bertha Ludwig, filha do poeta Otto Ludwig,
em 1872. Não teve filhos, mas em 1887 adotou Josephine Bertha Ludwig, de
seis anos de idade, filha do único irmão de sua esposa.
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Biografias

Seguiu trabalhando como professor nas


universidades de Estrasburgo, Giessen,
Hohenheim e Würzburg, onde foi colega de
Helmholtz e Lorenz. Na virada do século, aceita
o cargo de professor na Universidade de
Munique, permanecendo até o fim de sua vida,
em 1923. Foi-lhe oferecido o cargo de Presidente
das Pesquisas Físicas e Técnicas da Universidade
de Berlim e a Cadeira de Física da Universidade
de Berlim, mas acabou recusando-os.
O primeiro trabalho de Röentgen foi
publicado em 1870, sobre o calor específico dos
Anna Bertha Ludwig, esposa de
gases. Seguiram muitos outros trabalhos originais Röentgen
sobre vários assuntos relacionados: a
condutividade térmica dos cristais, alguns artigos
sobre propriedades elétricas do quartzo, a influência da pressão no índice
de refração, a modificação dos planos de polarização da luz por influências
eletromagnéticas, a variação da temperatura em função da compressibilidade
da água e em outros fluidos e a dissipação das gotas de óleo na água.
No entanto, o nome de Röentgen está profundamente associado com a
descoberta dos raios X. Em 1895, ele estava estudando em um tubo de
Crookes, em pressão muito baixa e a tensões elevadas. Trabalhos anteriores
já haviam sido publicados por Plucker, Hittorf, Varley, Goldstein, Crookes,
Hertz e Lenard, sendo um campo de pesquisas popular entre os físicos da
época. O trabalho de Röntgen no campo de raios catódicos levou-o,
entretanto, à descoberta de um novo tipo de radiação.
Na noite de 8 de novembro de 1895, ele trabalhava com um tubo
encerrado num recipiente fechado com cartão preto. Excluindo qualquer
raio de luz, e ainda trabalhando numa sala às escuras, um anteparo recoberto
com um sal de bário, que se encontrava a dois metros do tubo de Crookes,
tornava-se fluorescente quando o tubo era operado. Em experimentos
anteriores, Röntgen mostrou que os novos raios são produzidos pelo impacto
dos raios catódicos na superfície do anodo. Por sua natureza desconhecida,
batizou-o de raios X. Mais tarde, Max von Laue e seus pupilos mostraram
que esses raios possuíam a mesma natureza que a luz, porém com maior
frequência. Além da inegável importância na medicina, na tecnologia e na 81
pesquisa científica atual, a descoberta dos raios-X tem uma história repleta

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Raios Catódicos

de fatos curiosos e interessantes. É intrigante o fato de que Lenard “tropeçou”


nos raios-X antes de Röentgen, mas não os percebeu. Assim, parece que não
foi o acaso que favoreceu Röentgen; a descoberta da radiação X estava “caindo
de madura”, bastava alguém perspicaz o suficiente para observa-lá.
No dia 22 de dezembro, ainda de 1895, fez a radiação atravessar por 15
minutos a mão da mulher Bertha, atingindo de um lado a outro uma chapa
fotográfica. Revelada a chapa, viam-se nela as sombras dos ossos de Bertha.
A primeira radiografia da história.
A descoberta dos raios X valeu-lhe fama e várias medalhas, inclusive o
primeiro prêmio Nobel da Física, em 1901. No entanto, não o impediu de
continuar a passar as férias no seu sítio aos pés dos Montes Bávaros, tendo
como hobby o montanhismo.
Röentgen faleceu aos setenta e oito anos de idade.

Referências
NOBEL FOUNDATION, The Nobel prize. Oslo: 2006. Disponível em: <http://
www.nobelprize.org>. Acesso em: 12 nov. 2005.
PENNSYLVANIA UNIVERSITY. A century of radiology. Philadelphia, 1993. Disponível em:
<http://www.xray.hmc.psu.edu/rci/centennial.html>. Acesso em: 10 nov. 2005.
PV SCIENTIFIC INSTRUMENTS. About Crookes and Geissler vacuum discharge tubes.
Disponível em: <http://www.arcsandsparks.com/aboutvacuumtubes.html>. Acesso em: 20
nov. 2005.
SANTOS, C. A. et al. Da revolução científíca à revolução tecnológica. Porto Alegre: Instituto
de Física - UFRGS, 1998.
DEUTSCHEN RÖNTGEN-MUSEUN. W. C. Röntgen. Lennep, 2000. Disponível em: <http:/
/www.roentgen-museum.de/>. Acesso em: 20 nov. 2005.
ENCICLOPEDIA Britânica. Wilhelm Röentgen. Disponível em: <http://
www.britannica.com/ebi/article-9276765>. Acesso em: 20 nov. 2005.

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Biografias

Phillip von Lenard


Phillip Eduard Anton von Lenard
nasceu em 7 de junho de 1862, na Bratislava,
Eslováquia.
Estudou física em Budapeste, Viena,
Berlim, Heidelberg com Bunsen (criador do
bico de Bunsen) e Helmholtz e, em 1886,
concluiu seu doutorado em Heidelberg. A
partir de 1892, trabalhou como assistente de
Heinrich Hertz (descobridor das ondas de
rádio ou hertzianas), então Professor na
Universidade de Bonn. Em 1894, foi
apontado como Professor extraordinário da
Universidade de Breslau.
Lenard se interessou, inicialmente,
pelos fenômenos da mecânica e somente mais tarde passou a interessar-se
pelos fenômenos fosforescentes e luminescentes. Dando continuidade aos
trabalhos de Hertz, Lenard realizou experiências para verificar se os raios
catódicos, produzidos no interior do tubo de Crookes, poderiam ser
observados no exterior do tubo (por esse motivo, Lenard é tido na história
da ciência, como o pesquisador que mais se aproximou da descoberta de
Röentgen). Mais tarde, esses raios ficaram conhecidos como raios de Lenard,
e hoje se sabe que eram constituídos de raios catódicos e raios-X, mas Lenard
acreditava que eram apenas catódicos. Ele ficou profundamente desapontado
por ter deixado essa descoberta escapar, e jamais usou o nome de Röentgen
quando se referia aos raios-X.
Lenard é lembrado, geralmente, como um “gênio experimentalista” cuja
maior contribuição foi no estudo dos raios catódicos, embora ele também
seja conhecido por seu trabalho sobre a estrutura atômica e pela descoberta,
em 1902, que a velocidade do elétron é independente da intensidade da luz
emitida. Por essa descoberta, acabou ganhando o prêmio Nobel de Física
em 1905.
Na década de 1930, filiou-se ao Partido Nacional Socialista, partido que
mais tarde apoiaria Hitler e sua subida ao poder, sendo eleito “chefe da
Física ariana ou alemã”. Foi expulso em 1945, com o fim da Segunda Guerra 83

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Raios Catódicos

Mundial, devido ao programa aliado contra o nazismo. Lenard faleceu logo


após esses fatos, em 1947.

Referências
TIMELINE of Nobel prize winners. Philipp Lenard. Disponível em: <http://
www.nobelwinners.com/Physics/philipp_lenard.html>. Acesso em: 25 nov. 2005.
WIKIPÉDIA. Phillipp Lenard. 2001. Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/
Philipp_Lenard>. Acesso em: 25 nov. 2005.

Max Theodor Felix von Laue


Von Laue nasceu em 9 de outubro de
1879, em Pfaffendord, perto da cidade de
Koblenz, Alemanha. Em 1898, iniciou seus
estudos em matemática, física e química.
Quatro anos depois, passou a trabalhar com
o físico alemão Max Planck na Universidade
de Berlim, com espectroscopia e radiação.
Em 1912, assumiu a condição de professor
na Universidade de Zurique e, em 1914, foi
agraciado com o Prêmio Nobel em física pela
descoberta da difração dos raios-X em
estruturas cristalinas. Neste mesmo ano ainda
desenvolveu trabalhos direcionados à
Primeira Guerra Mundial sobre tubos de alto
vácuo utilizados em telefonia e comunicação
sem fio. Quanto à descoberta que lhe rendeu o Prêmio Nobel, ele próprio
afirmou que a ideia surgiu quando, discutindo sobre a passagem da luz através
de um retículo cristalino, supôs que os raios-X de comprimento de onda
muito mais curtos poderiam causar em tal meio (cristal) o fenômeno de
difração ou interferência. Somente após a confirmação da sua idéia é que
ficou estabelecido que os raios-X são de origem eletromagnética.
Quando a Alemanha invadiu a Dinamarca, na Segunda Guerra Mundial,
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o químico húngaro George de Hevesy dissolveu os prêmios de ouro de Von

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Biografias

Laue e James Franck para impedir que os nazistas os roubassem. Colocou a


solução onde o ouro foi dissolvido em uma prateleira do seu laboratório, no
Instituto Niels Bohr e, mais tarde, quando terminou a guerra, von Laue os
recuperou.
Max se especializou em Física Teórica e se tornou um defensor da Teoria
da Relatividade de Einstein. Também voltou sua atenção para a Mecânica
Quântica, para o efeito Compton (mudança da frequência dos raios X), para
a equação de Einstein-Bohr e a desintegração dos átomos.
Em 8 de abril de 1960, num acidente de trânsito, um motociclista colidiu
com seu carro. Embora ainda salvo com vida, Max von Laue veio a falecer
em 24 de abril de 1960, devido a complicações do acidente.

Referências
WIKIPÉDIA. Max von Laue. 2001. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/
Max_von_Laue>. Acesso em: 25 nov. 2005.
Search.com. Max von Laue. Disponível em: <www.search.com/reference/Max_von_Laue>.
Acesso em: 25 nov. 2005.

William Henry Bragg


W. H. Bragg nasceu em 2 de julho de 1862
em Westward, Inglaterra. Aos vinte e quatro anos
de idade tornou-se professor de Matemática e
Física em Adelaide, Austrália, onde iniciou suas
primeiras pesquisas sobre radioatividade. Em
1906, foi eleito membro da Royal Society, e em
1909, foi convidado como professor Cavendish
(um cargo docente oferecido aos que se
destacavam nas pesquisas) em Leeds. Em 1915,
tornou-se professor Quain (outro cargo-mérito)
na Universidade de Londres e, nesse mesmo
ano, recebeu o Prêmio Nobel e a medalha
Barnard (da Universidade de Columbia), ambas
distinções que dividiu com seu filho, William Lawrence Bragg. 85

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Raios Catódicos

Juntamente com seu filho W.L. Bragg, deu início a um novo ramo da
ciência: o da análise da estrutura de cristais por meio dos raios-X.
Faleceu dia 12 de março de 1942. Entre seus artigos mais citados, afora
os sobre espectroscopia de raios X, estão alguns escritos como “O mundo
dos sons” (1920), “Sobre a natureza das coisas” (1925) e “O Universo da luz”
(1933), todos publicados na Revista Filosófica e nas leituras da Royal Society.

Imagem da difração de átomos numa rede cristalina – principal contribuição da família


Bragg à física

Referências
NOBEL FOUNDATION. William Henry Bragg. Oslo, 2006. Disponível em: <http://
nobelprize.org/physics/laureates/1905/william_henry_bragg.html>. Acesso em: 25 nov.
2005.
ENCICLOPÉDIA Britânica.

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Biografias

William Lawrence Bragg


O filho de W.H. Bragg nasceu em Adelaide,
na Austrália, em 31 de março de 1890. Iniciou
seus estudos na própria Universidade de
Adelaide, onde seu pai era professor, quando
se mudou com a família para Inglaterra em 1909.
Aos 22 anos, começou a investigar as pesquisas
de von Laue, e publicou seu primeiro artigo re-
lacionado ao assunto de cristalografia de raios-
X. Ingressou no Trinity College, em Cambridge,
Inglaterra, em 1914.
Descobriu a lei que leva seu nome em 1912,
enquanto era estudante em Cambridge, e após
receber seu grau, juntou-se ao pai nos estudos
da difração de raios X. Como resultados de seus trabalhos, muitos tipos de
cristais foram descobertos, com a ajuda do espectômetro de raios X. Foi por
esses trabalhos, na análise das estruturas cristalinas através dos raios X, que
os Braggs receberam o Prêmio Nobel de Física em 1915. Três anos mais
tarde, publicou juntamente com seu pai o artigo Raios X e estrutura cristalina,
que rendeu aos dois o Prêmio Nobel de física em 1915.
W. L. Bragg foi membro da Royal Society em 1921 e recebeu título de
Sir em 1941. Foi o mais jovem cientista a receber o Prêmio Nobel. Quando
isso ocorreu, ele tinha apenas 25 anos.
Faleceu em 1971, aos oitenta e um anos de idade.

Referências
NOBEL FOUNDATION. William Lawrence Bragg. Oslo, 2006. Disponível em: <http://
nobelprize.org/physics/laureates/1905/william_lawrence_bragg.html>. Acesso em: 25 nov.
2005.
ENCICLOPÉDIA Britânica.

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REDE CONCEITUAL

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Rede Conceitual envolvendo os personagens principais, as tecnologias, descobertas científicas
e os aparatos tecnológicos advindos da pesquisa com Raios Catódicos

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CRÉDITOS DAS ILUSTRAÇÕES
Ilustração 3 e 5:
Robert Boyle. São Paulo, 2004. Disponível em: <http://paginas.terra.com.br/
educacao/fisicavirtual/grandes/boyle>. Acessado em: 15 nov. 2005.

Ilustração 7:
Charles Coulumb. Londres, 2005. Disponível em: <http://www-groups.dcs.st-
and.ac.uk/~history/PictDisplay/Coulomb.html>. Acessado em: 12 set. 2005.

Ilustração 8:
Luigi Galvani. São Paulo, 2004. Disponível em: <http://paginas.terra.com.br/
educacao/fisicavirtual/grandes/galvani>. Acessado em: 17 nov. 2005.

Ilustração 10:
NETTO, R. F. Feira de ciências: bobina de Ruhmkorff. São Paulo, 2001.
Disponível em: <http://www.feiradeciencias.com.br/sala03/03_01.asp>.
Acessado em: 09 set. 2005.

Ilustração 11:
THE HOUSTON MUSEUM OF NATURAL SCIENCE. Nobel Premium.
Houston, 2004. Disponível em: <http://gold.hmns.org/images/Nobel.jpg>.
Acessado em: 23 nov. 2005.

Ilustração 14:
NATIONAL AERONAUTIC AND SPACE ADMINISTRATION. Albert
Einstein. Disponível em:: <http://www.antwrp.gsfc.nasa.gov>. Acessado em:
23 nov. 2005.

Ilustração 16:
FAKULTAT INGENIEURWISSENSCHAFTEN UND INFORMATIK. J. J.
Thomson. Berlim, 2004. Disponível em: <http://www.ecs.fh-osnabrueck.de>. 91
Acessado em: 20 nov. 2005.

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Raios Catódicos

Ilustração 17:
http://www.home.att.net/~lfretzin/Image18.gif

Ilustração 18:
IEEE VIRTUAL MUSEUM. Eletric Lamp. New York, 2003. Disponível em:
<http://www.ieee-virtual-museum.org>. Acessado em: 02 nov. 2005.

Ilustração 19:
Lisboa, 2003. Disponível em: <http://www.piano.dsi.uminho.pt>. Acessado
em 15 set. 2005.

Ilustração 24:
UNIVERSITY OF COLORADO. Physics 2000. Boulder, 2000. Disponível em:
<http://www.colorado.edu>. Acessado em: 12 set. 2005.

Ilustração 28:
DEUTSCHEN RÖNTGEN-MUSEUM. W. C. Röntgen. Lennep, 2000.
Disponível em: <http://www.roentgen-museum.de/>. Acesso em: 20 nov.
2005.

Ilustração 29:
UNIVERSITY OF IOWA. Iowa, 2005. Disponível em: <http://
www.uihealthcare.com>. Acessado em: 13 out. 2005.

Ilustração 30:
WIKIPÉDIA. Raio catódico. 2001. Disponível em: <pt.wikipedia.org/wiki/
Raio_catódico>. Acesso em: 09 set. 2005.

Ilustração 33:
MEMÓRIA VIVA. Cinema e Teatro. Natal, 2000. Disponível em: <http://
www.memoriaviva.digi.com.br>. Acessado em: 12 dez. 2005.
Ilustração 34:
IF - UNIVERSIDADE DE CAMPINAS. Transistor. Campinas, 2002. Disponível
em: <www.ifi.unicamp.br>. Acessado em: 10 out. 2005.

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Créditos das Ilustrações

Ilustração 35:
SCHVETS, G. CPU World. Disponível em: <http://www.cpu-world.com>.
Acessado em: 22 nov. 2005.

Ilustração das biografias extraídas do site www.nobelprize.org.

As demais imagens foram criadas pelos autores no período de Agosto de


2005 a Janeiro de 2006.

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