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Síntese

Poesia
Trovadoresca
Síntese da sequência 2

Contextualização histórica e literária

As cantigas de amigo, de amor e de escárnio e maldizer

O português: génese, variação e mudança

Processos fonológicos de inserção, supressão e alteração


Síntese da sequência 2
Poesia trovadoresca: contextualização histórica e literária

Portugal: o Estado feudal


O Portugal dos séculos XIII a XIV reunia características próprias resultantes
do encontro e fusão de diferentes culturas:

elementos
elementos moçárabes, elementos
elementos feudais
tipicamente resultado da islâmicos típicos,
deturpados,
feudais, comuns adoção, por parte comuns a todo o
consequência da
a toda a Europa de muitos cristãos, mundo
Reconquista
Ocidental de aspetos da muçulmano
cultura árabe
Síntese da sequência 2
Poesia trovadoresca: contextualização histórica e literária

Portugal: o Estado feudal

O sistema social estabelecido na época era a vassalidade ou feudalismo, no


qual homens livres (os vassalos), em troca de proteção e de terras (os feudos),
prometiam apoiar o seu senhor (o suserano), um homem poderoso, que podia
ser um conde, um duque ou até mesmo o rei, sempre que ele necessitasse.
Síntese da sequência 2
Poesia trovadoresca: contextualização histórica e literária

A cultura trovadoresca no Portugal medieval


Trazida pelos trovadores e jograis da Provença, a poesia trovadoresca
começou a difundir-se na Península Ibérica a partir de 1140, em especial nas
cortes régias de Castela, Aragão e Leão.

Embora nos primeiros anos o número de autores seja ainda muito


reduzido, no segundo quartel do século XIII a poesia trovadoresca encontra-se
já generalizada da região ocidental da Península Ibérica.
Síntese da sequência 2
Poesia trovadoresca: contextualização histórica e literária

Os agentes de divulgação
da poesia trovadoresca

Trovadores Jograis

poetas de condição poetas de origem


real ou nobre plebeia
Síntese da sequência 2
Poesia trovadoresca: contextualização histórica e literária

O nascimento da literatura portuguesa


Os mais antigos textos de caráter literário escritos em língua galaico-
portuguesa são composições em verso e chegaram até nós através de
compilações manuscritas de fins do século XIII e do século XIV, dos quais se
conhecem o Cancioneiro da Ajuda, o Cancioneiro da Biblioteca Nacional e o
Cancioneiro da Vaticana.

Estas coletâneas surgiram da necessidade de preservar as


cantigas trovadorescas que, por serem transmitidas oralmente,
corriam o risco de desaparecer.

Assim, embora alguns desses textos se encontrem datados do


século XII, crê-se que o culto da poesia seja bastante anterior a
essa época.
Síntese da sequência 2
Poesia trovadoresca: contextualização histórica e literária

Os autores

Apesar de alguns autores permanecerem anónimos, os textos dos


cancioneiros são atribuídos a 153 trovadores e jograis, não só galegos ou
portugueses, mas também castelhanos, leoneses e até extrapeninsulares, de
todas as classes sociais.
Síntese da sequência 2
Poesia trovadoresca: as cantigas

A poesia trovadoresca galaico-portuguesa divide-se em três géneros


principais:

Cantigas de
Cantigas de amigo Cantigas de amor
escárnio e maldizer

Poesia lírica Poesia satírica


Síntese da sequência 2
Poesia trovadoresca: as cantigas

O paralelismo
Escritas para serem cantadas, as cantigas trovadorescas aliam
poesia e música.

É frequente, por isso, a presença do paralelismo, um fenómeno


típico destas composições, em especial das cantigas de amigo: são
construídas com base em repetições, uma das quais, a mais visível, é
o refrão, que ocorre no final de cada estrofe ou cobla. Nos outros
versos de cada estrofe ocorrem ainda repetição de expressões ou
conceitos (expressões idênticas pelo sentido).

São as repetições, sob a forma de paralelismo ou outras, que


estão na origem da poesia.
Síntese da sequência 2
Poesia trovadoresca: as cantigas

Cantigas de amigo

O sujeito lírico é
O sujeito poético A donzela tem
feminino: uma A protagonista
lamenta a como
donzela simples, move-se num
ausência ou confidentes a
ingénua, ambiente
indiferença do mãe, as amigas
apaixonada, campestre ou
amigo ou ou até a própria
alegre ou marítimo.
namorado. Natureza.
sofredora.
Síntese da sequência 2
Poesia trovadoresca: as cantigas

Cantigas de amor

O trovador expressa A indiferença da


O sujeito lírico é os seus sentimentos amada conduz à
masculino e dirige- pela mulher amada, O amor é idealizado coita de amor, ou
se a uma dama ou a quem reconhece e impossível. seja, ao sofrimento
senhor. perfeição e do poeta pelo amor
superioridade. não correspondido.
Síntese da sequência 2
Poesia trovadoresca: as cantigas

Cantigas de escárnio e maldizer


Neste tipo de cantigas, o trovador recorre ao humor e à ironia para
fazer:

paródia do amor cortês

sátira política

crítica de costumes
Síntese da sequência 2
Poesia trovadoresca: as cantigas

Cantigas de escárnio e maldizer


As cantigas de escárnio e as cantigas de maldizer distinguem-se entre
si através do estilo utilizado pelo trovador:

Cantigas de Cantigas de
escárnio maldizer

O trovador faz a
O trovador usa um
crítica de forma
estilo ambíguo,
bastante direta,
para criticar
mencionando o
indiretamente.
alvo do ataque.
Síntese da sequência 2
O português: génese, variação e mudança

Etapas da formação e da evolução do português:

Do latim ao galego-português

Do português antigo
ao português contemporâneo
Síntese da sequência 2
O português: génese, variação e mudança

Do latim ao galego-português

O latim vulgar e a romanização


A origem do português remonta ao latim (mais
concretamente ao chamado latim vulgar – latim falado),
instalado na Península Ibérica com a romanização, isto é, com
o processo de aculturação iniciado com a invasão da Península
Ibérica, em 218 a.C.

Da ação romanizadora resultou um período de bilinguismo em que o


latim vulgar conviveu com as línguas nativas, delas recebendo algumas
influências que condicionaram a sua evolução futura.
Síntese da sequência 2
O português: génese, variação e mudança

Do latim ao galego-português

Substratos e superstratos
Os contributos linguísticos deixados pelos variados povos que
habitaram a Península Ibérica antes da romanização (tais como os
iberos, os celtas e os fenícios) denominam-se substratos.

Ao conjunto dos vestígios linguísticos deixados num território


por uma língua de invasores que desaparece no contacto com a
língua já existente dá-se o nome de superstratos.
Síntese da sequência 2
O português: génese, variação e mudança

Do latim ao galego-português

Superstrato germânico
Síntese da sequência 2
O português: génese, variação e mudança

Do latim ao galego-português

Superstrato árabe
Síntese da sequência 2
O português: génese, variação e mudança

Do latim ao galego-português

As principais línguas românicas


O latim vulgar sobrepôs-se às
línguas dos povos subjugados (línguas
de substrato), recebendo, mais tarde,
as influências das línguas de
superstrato.

É da evolução desse latim que


provêm as atuais línguas românicas,
das quais o português, o castelhano
(espanhol), o francês, o italiano e o
romeno são línguas nacionais.
Síntese da sequência 2
O português: génese, variação e mudança

Do latim ao galego-português
As principais línguas românicas
As diferenças existentes entre as línguas românicas devem-se a vários
fatores:

•diversidade das línguas de substrato e de superstrato;

•aspetos cronológicos, relativos ao momento em que ocorreu a


romanização;

•aspetos geográficos, relacionados com o maior ou menor


isolamento ou a maior ou menor distância em relação ao centro do
império;

•fatores socioculturais, referentes à origem social dos colonos.


Síntese da sequência 2
O português: génese, variação e mudança

Do português antigo ao
português contemporâneo

O português antigo (séculos XII-XV)


Durante os primeiros séculos da reconquista cristã, a língua
falada não se traduzia, ainda, na escrita.

A língua de prestígio continuava a ser o latim e, por isso, era em


latim (embora simplificado) que eram produzidos os documentos
notariais do Condado Portucalense de D. Teresa e D. Henrique e do
reino independente de Afonso Henriques.

O português é adotado como língua escrita apenas no século


XIII, no início do reinado de D. Dinis.
Síntese da sequência 2
O português: génese, variação e mudança

Do português antigo ao
português contemporâneo
O português antigo (séculos XII-XV)
Os mais antigos textos escritos em
português de que se tem conhecimento
são:
•o Testamento de D. Afonso II, de
1214;
•a Notícia de Torto, sensivelmente
da mesma data;
•uma Notícia de Fiadores, de 1175;
•um Pacto de Gomes Pais e Ramiro
Fac-símile do Testamento de D. Afonso II,
1214.
Pais, datável entre 1173 e 1175.
Síntese da sequência 2
O português: génese, variação e mudança

Do português antigo ao
português contemporâneo

O português antigo (séculos XII-XV)


A fase do português antigo (até ao Renascimento)
corresponde, na história da ortografia portuguesa, ao período
fonético, visto que quem escrevia adaptava velhas grafias a novos
sons e inventava novas grafias para sons sem representação
gráfica conhecida.

Esse período caracteriza-se, assim, pela liberdade gráfica, ou


seja, as opções ortográficas variam de escriba para escriba e os
documentos não apresentam uma grafia uniforme, podendo um
único documento, redigido por um só escriba, apresentar
múltiplas formas de escrever uma mesma palavra.
Síntese da sequência 2
Processos fonológicos de inserção, supressão e alteração

Processos fonológicos
de inserção, supressão e alteração

Estes processos ocorrem não só ao longo do tempo –


encontramos, nesse caso, variação histórica – mas também
na língua atual (em sincronia), dando, muitas vezes, lugar a
variação regional, social ou situacional.
Síntese da sequência 2
Processos fonológicos de inserção, supressão e alteração

Processos fonológicos de inserção ()


Exemplos

Designação Em que consiste Processos


Variação histórica fonológicos em
sincronia
Adição de uma
sentar > assentar
Prótese unidade fónica no SPIRITU- > espírito
(variação social)
início da palavra
espelho >
Adição de uma
cheo (português espeilho
Epêntese unidade fónica no
antigo) > cheio (variação
interior da palavra
regional)
Adição de uma ainda > inda
Paragoge unidade fónica no ANTE > antes (variação social /
final da palavra situacional)
Síntese da sequência 2
Processos fonológicos de inserção, supressão e alteração

Processos fonológicos de supressão (-)


Exemplos

Designação Em que consiste Processos


Variação histórica fonológicos em
sincronia
Supressão de uma ainda > inda
Aférese unidade fónica no ACUME- > gume (variação social /
início da palavra situacional)
vizinho >
Supressão de uma
v[ ]zinho
Síncope unidade fónica no OPERA- > obra
(variação
interior da palavra
situacional)
Supressão de uma muro > mur[ ]
Apócope unidade fónica no AMARE > amar (variação
final da palavra regional)
Síntese da sequência 2
Processos fonológicos de inserção, supressão e alteração

Processos fonológicos de alteração

Exemplos

Designação Em que consiste Processos


Variação histórica fonológicos em
sincronia

Consoantes surdas
FOCU- > fogo secundário >
(normalmente em posição
Sonorização TOTU- > todo segundário
intervocálica) tornam-se
RIPA- > riba (variação social)
sonoras

Passagem de sequências menina > meninha


FILIU- > filho
latinas como li, ni, cl, pl, fl a (variação regional –
SENIORE- > senhor
Palatalização consoantes palatais variante própria da
CLAMARE > chamar
(/ʎ/ (<lh>), /ɲ/(<nh>) e /ʃ/ Região Autónoma
PLUMBU- > chumbo
(<ch>) ou /tʃ/) da Madeira)
Síntese da sequência 2
Processos fonológicos de inserção, supressão e alteração

Processos fonológicos de alteração


Exemplos

Designação Em que consiste Processos


Variação histórica fonológicos em
sincronia
Enfraquecimento de
Redução bolo – bolinho
uma unidade vocálica
vocálica casa – casinha
em posição átona
contração de
preposição a
com
Duas vogais contraem-se LE(G)ERE > leer > ler
Crase determinante
numa só PE(D)E- > pee > pé
artigo [a+a] = à
[a+aquele] =
àquele
Síntese da sequência 2
Processos fonológicos de inserção, supressão e alteração

Processos fonológicos de alteração


Exemplos

Designação Em que consiste Processos


Variação histórica fonológicos em
sincronia
Duas vogais contíguas, em
hiato, dão lugar a um
rio [riw]
Sinérese ditongo, por LE(G)E- > lee > lei
(variação regional)
semivocalização de uma
delas
Passagem de uma
consoante a vogal caldo > caudo
Vocalização ACTU- > auto
(normalmente realizada (variação regional)
como semivogal)
Síntese da sequência 2
Processos fonológicos de inserção, supressão e alteração

Processos fonológicos de alteração


Exemplos

Designação Em que consiste Processos


Variação
fonológicos em
histórica
sincronia
Transposição de
prateleira /
segmentos ou sílabas
Metátese SEMPER > sempre parteleira
no interior de uma
(variação social)
palavra
Uma unidade fónica
torna igual ou mais beber > buber
Assimilação semelhante a si um IPSE > esse (variação
outro segmento regional / social)
contíguo ou não
feminino
Duas unidades fónicas
CALAMELLU- > >femenino
Dissimilação iguais tornam-se
caramelo (variação
diferentes
situacional)

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